1) O documento descreve a Idade Média, dividida em Alta e Baixa Idade Média, e o Império Bizantino.
2) Apresenta os reinos bárbaros que surgiram com a queda do Império Romano, como o Reino Franco.
3) Discorre sobre as origens do Islã e sua expansão na Península Arábica e em territórios vizinhos.
1. A Idade Média
Nomenclatura e divisões
-Idade Média: período compreendido entre a queda do Império Romano do Ocidente,
em 476, e a queda do Império Romano do Oriente e o fim da Guerra dos Cem Anos, em
1453
-A caracterização desses dez século de diferença é o fruto de uma visão criada pelo
Renascimento Cultural, o qual considerava a Idade Média a “Idade das trevas”, já que,
segundo os mesmos, o clássico escureceu diante do barbarismo e o obscurantismo.
Porém essa expressão é errada, já que a Idade Média é importante, já que é nela em que
se formam as bases do mundo europeu, os países (delimitação territorial), as línguas, a
nação (característica de um povo) e o próprio domínio do Cristianismo
-Dividido em :
*Alta Idade Média- século V a XI. Na qual uma nova sociedade surgia sobre a queda
do Império Romano, caracterizada pelos reinos bárbaros, pela invasão dos árabes, pelo
avanço e consolidação do poder da Igreja Católica e pela formação do Feudalismo
*Baixa Idade Média- século XI a XV. Na qual o Feudalismo entra em crise e começa a
cair, dando início a um processo que viria a resultar no Capitalismo
O Império Bizantino / Império Romano do Oriente
-Capital: Constantinopla
-Origens: século IC, quando o imperador Constantino, apósreunificar o Império,
transferiu sua capital para Constantinopla. A nova subdivisão do Império Romano, no
governo de Teodósio, foi em Império Romano do Ocidente, com capital em Roma e
depois em Milão, e o Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla
-O processo de invasões germânicas acabou com o Império, o qual durou ainda dez
séculos, até sua conquista pelos turcos, em 1453
*Economia e sociedade
-Mesmo com a ruralização e a feudalização se intensificando nesse período, o Império
Bizantino manteve características comerciais e urbanas, ao lado da vida rural. Além
disso, manteve seu poder centralizado e um forte controle sobre a economia em meio da
fragmentação política do resto da Europa
-Parte das terras era do Estado, as demais ficavam nas mãos da aristocracia. A pequena
propriedade era inexistente e a mão de obra era composta por camponeses livres e um
pouco de escravos. A produtividade rural era muito limitada e gerava pouco excedente,
não sendo a agricultura a base econômica, já que tal riqueza se concentrava no
comércio, o qual se localizava em Constantinopla, a qual era estratégica, além de ser
protegida por uma marinha bizantina
2. -Sociedade:
*Organização política e religiosa
-Centralização política
-Nesse período, durante seu apogeu, no reinado de Justiniano, havia um Estado forte,
com amplo controle sobre a vida econômica inclusive monopolizando alguns setores, e
um expansionismo militar
-Houve a Reconquista: Justiniano retoma algumas regiões que haviam sido ocupadas
por povos germânicos. Além disso, Justiniano fez uma obra administrativa, criando um
Corpo Jurídico Civil, ou seja, um código civil
-A questão da religião ocupou um lugar fundamental no Estado, já que seu surgimento
já havia incorporado a estrutura cristã. Através do Edito de Milão, Constantino
legalizava o culto. Teodósio, através do Edito de Tessalônica, tornou o Cristianismo a
religião oficial do Império
-Assim, a religião se tornou uma justificação e sustentação do poder imperial. O
imperador era visto como uma manifestação humana de Deus, e realizava o
cesaropapismo (poder executivo, jurídico e religioso)
O Islão
As origens
-A Arábia, berço do islamismo, constituiu-se em um deserto. Assim, as poucas cidades
erguiam-se em oásis isolados (impossibilitando uma unidade política). O restante do
território era formado por beduínos (árabes do deserto), vivendo em tribos e eram
seminômades , sobrevivendo da criação de cabras e da extração de tâmaras,
necessitando do comércio
-Porém, mesmo com a aproximação devido ao comércio, o isolamento tornava
impossível uma unidade política. Assim como suas diferenças religiosas, antes do Islão,
os árabes eram politeístas
3. -Origem do Islamismo acontece com as pregações de Maomé, influenciado pelo
Judaísmo e pelo Cristianismo, começava a pensar na ideia de crer em um só Deus,
porém essas ideias foram mal recebidas pelos Coraixitas, já que eram politeístas. A
oposição foi violenta, levando Maomé e seus seguidores a fugir para a cidade de
Medina
A conversão da Arábia
-Ao fixar-se em Medina, Maomé contava com o apoio da elite local, já que a mesma
queria a queda de Meca, assim, começou a realizar ataques a caravanas que se dirigiam
a Meca, reprimindo o comércio dessa cidade
-Com isso, houve uma expansão de sua crença, já que a doutrina de Maomé estava
diretamente ligada às condições de vida do árabe e suas necessidades, além disso, o
islamismo representava uma justificativa religiosa à vida material do árabe
A expansão islâmica
-A decadência dos Impérios Romano e Persa, assim como a descentralização política e
militar, que caracterização os povos bárbaros do norte da África e da Península Ibérica
favoreceram a expansão islâmica. Os árabes conquistaram vastas regiões do Oriente,
incorporando os atuais Irã, Iraque e norte da Índia e o território africano
-São derrotados no território franco, na Batalha de Pointiers, em 732. Porém, mesmo
detidos em sua expansão, a consolidação estava feita, pois mantiveram os domínios
anteriores
Efeitos da expansão islâmica
-A penetração árabe na Europa deixou feitos importantes para a organização europeia.
O processo de ruralização e o declínio do comércio passaram a ser definitivos, visto que
as invasões germânicas ficaram mais frequentes
-Com o domínio árabe sobre o Mediterrâneo, o comércio europeu declinou, além disso,
estava com sua produção agrícola sem perspectivas de mercados
-A presença árabe na Península Ibérica motivou a luta dos povos cristãos para expulsá-
los na Guerra da Reconquista, originando os reinos de Portugal e Espanha
-Os árabes influenciaram na Matemática, Astronomia e Filosofia
4. Os reinos bárbaros
-O Império Romano declinou devido às invasões germânicas, os quais deram origem
aos reinos bárbaros
-Os novos dominantes eram povos bárbaros, de origem germânica. Suas estruturas,
baseadas em tribos, para uma nova realidade que possuía vastos domínios, acabou
misturando as realidades, na qual elementos do poder local se fundem à necessidade de
garantir posse da terra e à defesa contra inimigos, com a criação de uma estrutura militar
e com a existência de reinos
-As sociedades germânicas passaram de tribos para agrupamentos guerreiros, centrado
na figura de um chefe (que era reconhecido, ou seja, legitimado pelo povo),
comandando guerreiros, os quais se submetem por vontade própria e possuíam
vínculos somente militares, mas de caráter pessoal, com juramentos de fidelidade e
obediência, em troca de proteção pelo chefe. Essa organização se chamava “grupo de
guerra” e teve importante influência na formação do Feudalismo
-A necessidade militar levou a um processo de organização desses agrupamentos
guerreiros, formando uma autoridade central militar, caracterizando um poder
monárquico
-Os chefes guerreiros faziam juramentos ao rei, assim como os guerreiros aos chefes,
porém os guerreiros não faziam esse juramento diretamente ao rei
-Assim, sem comércio e com a agricultura a atividade principal do império, a questão
militar assumiu um papel de sobrevivência ligada à defesa da terra, a qual
proporcionava o alimento, ou seja, a vida
-O rei era a autoridade militar que detinha todas as terras, então, para a defesa das
mesmas, o mesmo concedia o comando de parte das terras e proteção aos chefes
guerreiros, em troca de fidelidade, obediência e serviço militar. Essa organização é
chamada de suserania e vassalagem
-Suserano é aquele que concede a terra em troca de obediência e fidelidade do vassalo
5. -A base que os povos germânicos tinham na agricultura acelerou a ruralização europeia
e estabeleceu as bases de produção feudal. As cidades romanas já decadentes perderam
sua função economia, transformando-se em centros administrativos, centros de defesa,
em função das muralhas, ou em centros religiosos
*Reino Franco
-Francos: são os povos germânicos que invadiram as terras de Gália dos romanos,
ocupando as terras da atual França
-Diferenciação dos outros povos bárbaros: precoce centralização política e a aliança que
estabeleceram com a Igreja Católica
-Ocupação da Gália: fez-se a partir de um intenso processo de lutas contra habitantes e
entre os principais chefes guerreiros francos, destacou-se o chefe Meroveu, o qual
derrotou uma série de adversários e estendeu seu domínio. A conclusão desse
expansionismo deu-se por Clóvis, neto de Meroveu, o qual foi o primeiro a
compreender a necessidade do apoio das populações nativas para consolidar seu poder e
a vitória, assim, voltou-se à Igreja Católica, a qual era adorada pela população
-A conversão de Clóvis e a consequente aliança com a Igreja foram decisivas para seu
processo de conquista, conseguindo derrotar os demais guerreiros francos, impondo-se
como rei, formando a origem Merovíngia
-Clóvis dividiu o reino em condados, nomeando os nobres guerreiros, condes, para
administrá-las (suserania e vassalagem), iniciando o processo de descentralização
política. Os últimos reis merovíngios ficaram conhecidos pela designação de reis
indolentes
-Seu poder era formal, não tendo nenhuma autoridade, já que a administração dos
domínios reais ficou para os majordomus (nobres)
-Século VII: major domus se fortalece. Em 679, Pepino de Heristal transformou o
cargo de major domus em vitalício e hereditário, independente da nomeação do rei
-Notou-se esse novo poder quando os árabes invadiram a França, na qual coube ao
major domusCarlos Martel, filho de Pepino de Heristal, e não ao rei, o comando dos
exércitos francos que derrotaram os árabes na Batalha de Pointiers
-A vitória consolidou a aliança entre os francos e a Igreja Católica e fortaleceu a
autoridade central
-Pepino, o Breve, filho de Carlos Martel, finalizou esse processo. Alegando ter sangue
real e contando com o apoio dos nobre e da Igreja, ele depôs o último rei morovíngio e
fez-se coroar rei da França no ano de 751. Surgiu a dinastia Carolíngia
6. -Pepino refez a aliança com a Igreja, o que lhe permitiu distribuir as vastas propriedades
da Igreja entre seus seguidores que, em troca, oferecia serviço militar. A propriedade
recebida chamava-se benefício. Sua posse era condicionada à prestação do serviço
militar na forma de cavaleiro. A Igreja, por conceder as propriedades, passou a cobrar o
dízimo
-Pepino também interveio na Itália contra os Iombardos que ameaçavam o papa, em
756, conseguindo territórios que foram doados ao papa Estevão II, originando o
Patrimônio de São Pedro
-Essa ação foi decisiva para a ampliação dos domínios francos. A aliança com a Igreja
foi fator decisivo para que os fiéis aceitassem a dominação franca
Império Carolíngio
-768- Carlos Magno, filho de Pepino, o Breve, empenhou-se em expandir o território,
anexando o norte da Itália, derrotando os ávaros e obtendo a submissão de boêmios,
morávios e croatas. Fazendo do Reino Franco o mais extenso
-Todas essas conquistas foram com a ajuda da Igreja. Essa condição consolidou-se na
missa de natal de 800, o papa Leão III coroou Carlos o Imperador dos Romanos (não
de Roma, e sim dos cristãos, ou seja, conotação religiosa)
-A administração do império seguiu o modelo franco de divisão em condados, passando
os bispos também a exercerem poderes condais. Nas fronteiras, criaram-se as Marcas,
que ficavam sob controle do marquês. Essas medidas favoreceram os poderes jurídico-
militares
-Carlos tentou ter um controle central criando os missidominici, funcionários que
percorriam o Império fiscalizando a administração de condes e bispos. Mas a guerra foi
o fator determinante para a centralização
-Renascimento Carolíngio: escolas foram fundadas, sendo os aristocratas estimulados
a alfabetizarem-se, homens sábios serviam à Corte. Esse renascimento foi apoiado pela
Igreja, a qual fiscalizava os livros distribuídos
-Luís, o Piedoso, filho de Carlos Magno, assume em 813. Fortemente apoiado pela
Igreja, Luís foi um monarca fraco. Abadias e aristocratas conseguiam se livrar do
controle do poder central, tornando-se autônomos
-Nova onda de invasões, principalmente dos vikings, com seus navios de quilha rasa,
subiam os rios rapidamente, matando e destruindo
7. -A morte de Luís levou à divisão de seu Império por seus filhos, no Tratado de
Verdun. Carlos, o Calvo ficou com a França Ocidental. Luís, o Germânico, com a
França Oriental. E Lotário, com a França Central, repartida após sua morte por Carlos e
Luís
-A autoridade real esfacelou-se rapidamente. Condes, duques e marqueses passaram a
exercer seu poder em nível local (autônomos). Em 877, os domínios chamados de
feudos, tornaram-se hereditários. Em 911, o rei Carlos, o Simples, incapaz de deter os
vikings, concedeu-lhes o ducado da Normandia. Nesse mesmo ano ocorreu a morte do
último rei do Império Carolíngio, levando ao seu fim, dando início ao Sacro Império
Romano-Germânico
Feudalismo
-Características:
*Ruralização econômica e demográfica (êxodo urbano), já que a agricultura era de
subsistência
*Declínio do comércio, devido à agricultura
-Bloqueio do Mediterrâneo
*Descentralização política
*Dependência dos camponeses em relação ao senhor da terra (chefes guerreiros)
*Vínculos militares entre a nobreza
*Ascenção da Igreja Católica
-Resultou em uma fusão entre elementos romanos e germânicos
*Elementos romanos:
->Vila: unidade com produção voltada à subsistência
->Regime de Colonato: produziu camponeses presos à terra
->Declínio da vida urbana: ruralização, já que terra = vida
->Declínio do comércio e enfraquecimento do Estado
*Elementos germânicos:
->Subsistência
->Suserania e Vassalagem
->Insegurança gerada pelas invasões, o que acentuou as relações de suserania e
vassalagem e ampliou a dependência dos trabalhadores em relação aos guerreiros que
proporcionava proteção
-Além disso, houve a dominação árabe sobre o Mediterrâneo, a qual declinou ainda
mais o comércio e a dependência europeia de uma economia autossuficiente
-Feudos: grandes propriedades rurais voltada para a economia de subsistência
-Sociedade feudal eraestamental: nobreza (hereditária) era superior, sendo o inferior os
camponeses, os quais eram dependentes da terra do senhor, sendo chamados de servos
8. -Essa terra era divida em 3 mansos:
* Manso senhorial: compreendia metade de terra agricultável e a casa do senhor
*Manso servil: compreendia outra metade de terra agricultável e uma outra
propriedade, utilizada pelo senhor e o servo
*Manso comunal: compreendia terras coletivas, como pastos e bosques
-Servos deviam ao senhor 3 obrigações:
*Corveia: trabalho no manso senhorial, sendo toda produção do senhor
*Talha: parcelas da produção do manso servil
*Banalidades: taxas pela utilização do moinho, do forno, entre outros
Além disso, ainda havia, para os filhos dos servos sobreviverem do mesmo trabalho dos
pais, a mão morta, taxa paga por herdeiros para trabalharem. E o dízimo para a Igreja,
correspondendo a 10% da produção
-Servo não tinha estímulo para uma maior produção, resultando em um baixo nível
técnico e consequente produtividade insignificante, caracterizando o Feudalismo
Igreja e as monarquias feudais
-Igreja Católica consolidou seu poder durante a Idade Média
-Causas dessa consolidação: final do Império Romano, quando a oficialização do
Cristianismo transferiu para a Igreja parte da autoridade do Estado, já que o declínio
completado do Império fez com que a Igreja fosse a única instituição organizada,
detendo a fé dos cristãos, fazendo com que os mesmo fossem manipulados pela
instituição. Exemplo: Reino Franco
-A aliança com o Império Carolíngio e com a formação do Estado Pontifício,
solidificando o fortalecimento da autoridade do papa. Criava-se uma monarquia
pontificial (da Igreja, já que o papa controla tudo)
-As terras da Igreja, fruto de doações de nobres, faziam com que a mesma se tornasse a
instituição com maior número de terras até hoje
-Esse poder teve sua origem no ideário cristão, que oferece um consolo aos miseráveis e
necessitados, os quais deveriam ir para o céu. Assim, além do poder das terras, a Igreja
passou a ter um poder ideológico sobre a população. A sociedade começa a formar sob
uma ordem divina, obtendo o nome de sociedade de ordens, na qual havia aqueles que
guerreiam, os que oram (padres) e os que trabalham (servos – povo miserável),
constituindo um todo indivisível, ao mesmo tempo trino e uno, como Pai, Filho e
Espírito Santo (representação do céu), com todos os fenômenos atribuídos a Deus, em
um sistema chamado Teocentrismo
9. -O Teocentrismo ampliou o poder ideológico da Igreja, que passava a ser a ligação do
homem com Deus. Assim, adotou uma postura de dirigir a fé através de dogmas,
verdades absolutas que não admitem contestações perseguindo violentamente quem se
opunha aos mesmos
-Organização da Igreja:
*Clero secular: formado pelo papa, bispos e padres, todos aqueles que conviviam com
os fiéis
*Clero regular: monges, ou seja, aqueles que se isolavam no mundo em mosterios para
não haver influência em sua crença
Sacro Império Romano-Germânico
-Fundação do Reino Germânico a partir do fim da dinastia Carolíngia. Porém, a partir
desse fim, a tendência era o enfraquecimento da autoridade central, como era o objetivo
da nobreza, já que a mesma queria sua autonomia, mas houve a intervenção da Igreja
desejando associar-se a um Estado forte, que pudesse universalizar o Cristianismo,
proteger suas diversas terras e impedir ataques
-A Igreja apostou em um poder centralizado, assim como a estrutura do Império
Carolíngio
-Assim, pressionados pela instituição, os quatro duques das regiões hoje Alemanha,
Francônia, Saxônia, Suábia e Baviera elegeram o duque Henrique da Saxônia
-Henrique apoiou-se na Igreja para neutralizas o poder dos demais duqeus, concedendo
a abade e bispos poderes condais
-Seu filho, Oto I, prosseguiu a política paterna. Proclamou-se o legítimo herdeiro e
sucessor de Carlos Magno e assumiu o título de Imperador dos Romanos, mas em um
Império que tinha por base a Germânia e que já nascia em aliança à Igreja. Formava-se
o Sacro Império Romano-Germânico