Este documento descreve a história da TV Subaé, localizada em Feira de Santana, Bahia. Foi fundada em 1988 como a primeira afiliada da Rede Globo no interior da Bahia. O documento analisa como o regional é apresentado no jornalismo da TV Subaé, verificando se projetos sociais e culturais desenvolvidos pela emissora contribuem para fortalecer a identidade e cultura regionais.
A crítica orwelliana aos regimes totalitaristas hélio pereira barreto
O regional no jornalismo da TV Subaé
1. UNIVERSIDADE do ESTADO da BAHIA
Lorenna Katharine Nascimento Oliveira
TV REGIONAL: O JORNALISMO DA TV
SUBAÉ
Conceição do Coité
2010
2. Lorenna Katharine Nascimento Oliveira
TV REGIONAL: O JORNALISMO DA TV SUBAÉ
Trabalho de conclusão apresentado ao curso de
Comunicação Social com habilitação em
Rádio e TV, da Universidade do Estado da
Bahia, como requisito parcial de obtenção do
grau de bacharel em Comunicação, sob a
orientação da Professora Especialista Carolina
Ruiz de Macêdo.
Conceição do Coité
2010
3. Lorenna Katharine Nascimento Oliveira
TV REGIONAL: O JORNALISMO DA TV SUBAÉ
Trabalho de conclusão apresentado ao curso de
Comunicação Social com habilitação em
Rádio e TV, da Universidade do Estado da
Bahia, sob a orientação da Professora Carolina
Ruiz de Macedo.
Data: ____________________________
Resultado: ________________________
BANCA EXAMINADORA
Profª. (Orientadora) Carolina Ruiz de Macêdo (Esp)
Assinatura: _______________________
Profª. Patrícia Rocha de Araújo (Esp)
Assinatura________________________
Prof. Tiago Santos Sampaio (Esp)
Assinatura________________________
4. A Deus pela sua graça e fidelidade. A minha
família que sempre me incentiva me
mostrando que nada é impossível quando se
tem um ideal.
5. AGRADECIMENTOS
A Deus, pois sem Ele eu não teria completado mais essa etapa da minha vida .
Aos meus pais que valorizam meus acertos e por depositarem em mim um sonho.
Ao meu esposo Tito pelo amor e compreensão, e por estar presente desde o início da minha
trajetória acadêmica.
A minha querida orientadora Carolina Ruiz pelo incentivo e apoio a cada produção entregue,
na busca de cobrar sempre o mais completo e por acreditar em meu potencial. Sou muita grata
a você Carol;
À equipe da TV Subaé, que sempre me forneceu informações imprescindíveis para a
elaboração da minha pesquisa. Em especial Romilson Santos, Marcílio Costa e Cristiane
Macário.
E a todos aqueles que contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho.
6. “A vocação final de uma emissora de TV
efetivamente integrada à comunidade é fazer
jornalismo e programação local, alavancar a
economia local por meio da publicidade,
apoiar os eventos e iniciativas da região e,
acima de tudo, colocar as pessoas da região na
tela da TV”.
Mercado Global, Rede Globo, 3º trimestre de
2003, ed. nº. 113, p. 96 apud Rocha, 2003,
p12.
7. RESUMO
TV REGIONAL: O JORNALISMO DA TV SUBAÉ
No ano 1988 é instituída a TV Subaé, a primeira afiliada da Rede Globo no interior da Bahia,
localizada em Feira de Santana, região que pertence ao semi-árido baiano. Entendendo que os
meios de comunicação estão diretamente ligados aos fatores sociais e desenvolvimento de
uma determinada região, é necessário refletir sobre a relação estabelecida entre a TV Subaé e
a região. Este trabalho tem como objetivo principal compreender como o regional é
apresentado no jornalismo da TV Subaé e se esta pode ser considerada uma emissora regional.
Sendo assim, os objetivos específicos propostos pela pesquisa são delinear o histórico da TV
Subaé em seus 21 anos de existência, identificar os projetos sociais e culturais desenvolvidos
pela emissora e verificar como a microrregião de Feira de Santana, principal região abrangida
pela TV Subaé, aparece no seu telejornalismo. Esta pesquisa utilizou o método da análise de
conteúdo para categorizar e analisar as matérias veiculadas no telejornal para que após a
análise desses dados, pudesse ser identificado como o regional é apresentado no jornalismo da
TV Subaé. Verificou-se que a TV busca valorizar o regional, mostrando a figura do
nordestino através de suas manifestações culturais e fortalecendo a identidade regional através
das matérias exibidas no seu telejornalismo.
Palavras-chave: Telejornalismo, cultura regional, identidade regional, região.
8. LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 01 – Dados da audiência e perfil do público do Jornal da Manhã................................43
Figura 02 – Dados da audiência e perfil do público do Jornal Bahia Meio Dia.......................44
Figura 03 – Dados da audiência e perfil do público do Jornal BA TV.....................................44
Figura 04 – Ilustração do tráfego do sinal da geradora à emissora local..................................47
Figura 05 – Mapa do portal do sertão.......................................................................................57
Figura 06 – Mapa da Bahia.......................................................................................................57
9. SUMÁRIO
Introdução ....................................................................................................................10
1. História da televisão no Brasil................................................................................14
1.1 Desenvolvimento da TV ................................................................................................. 14
1.2 Desenvolvimento da TV Regional.................................................................................. 20
1.3 TVs Regionais: uma trajetória de sucesso ...................................................................... 25
1.4 TV Bahia......................................................................................................................... 29
2. TV Subaé ..................................................................................................................36
2.1 História............................................................................................................................ 36
2.2 Área de Cobertura ........................................................................................................... 37
2.3 Programação ................................................................................................................... 40
2.4 Audiência ........................................................................................................................ 42
2.5 Produção de Notícias: o jornalismo ................................................................................ 45
2.6 Relação com a Rede Bahia ............................................................................................. 47
3. O regional na TV Subaé..........................................................................................49
3.1 Metodologia da Análise .................................................................................................. 49
3.2 Cultura e Identidade Regionais ....................................................................................... 53
3.3 A Região na TV – análise das matérias .......................................................................... 61
3.4 A TV Subaé no Contexto de uma TV Regional ............................................................. 77
Considerações Finais ...................................................................................................84
Referências .............................................................................................................................. 86
10. 10
Introdução
O homem, como ser social, sente necessidade de estar situado no mundo, conectado à
informação, de ter conhecimento dos acontecimentos mundiais – aqueles aos quais ele não
teria acesso sem os meios de comunicação – mas também dos que acontecem perto, na sua
região, cidade e vizinhança.
A televisão é o meio de comunicação mais utilizado no Brasil. É considerado o
principal veículo de comunicação, pois suas informações são divulgadas com muita agilidade
e segurança, aproximando pessoas que se encontram geograficamente distantes. Ela está
presente na vida da maior parte das pessoas no mundo contemporâneo, com a presença de
protagonistas que entram diariamente nos lares para proporcionar diversão, informação, bem
como estimular o consumo de determinados bens simbólicos e materiais. Pesquisas apontam
que no Brasil a maioria dos lares possui pelo menos um aparelho televisor e que nas classes
média e alta existe mais de um aparelho por domicílio (FRANÇA, 2006).
A televisão cresceu no país e hoje representa um elemento importante na cultura
brasileira. Ela também cumpre uma função de identificação com o seu público, que é muito
vasto e diversificado. O público consegue se identificar com o apresentador do telejornal ao
serem retratadas notícias de sua região, ou mesmo com um personagem de novela, e por isso
sua linguagem deve ser clara. Apesar de existirem diferenças econômicas, sociais e culturais,
a TV permite que haja uma integração entre as regiões do Brasil, com assuntos que permeiam
o país.
A TV na Bahia começou a se expandir na década de 70 com o investimento cada vez
maior nos meios de comunicação regionais. Em 1º de junho 1988 é implantada a TV Subaé,
primeira afiliada da Rede Globo no interior da Bahia, situada na cidade de Feira de Santana,
segunda maior cidade do Estado e principal centro comercial do interior do Nordeste. A partir
de então surgiram novas emissoras de TV que fazem parte da Rede Bahia de Comunicação: a
11. 11
TV Santa Cruz, em Itabuna; a TV Sudoeste, em Vitória da Conquista, a TV Oeste, em
Barreiras e a TV São Francisco, em Juazeiro. Iremos nos deter a TV Subaé, que é o objeto de
estudo do presente trabalho.
Uma TV regional tem um compromisso com o público de traduzir sua cultura e
representar o comportamento de seus grupos sociais, além de contribuir na construção da
cidadania através de ações que integram a comunidade, mostrando suas carências,
potencialidades e denunciando as reais necessidades da população. Diante disso, a
programação local, exibida pelas TVs Regionais, tem tido muita importância, já que as
grandes redes não conseguem atender a uma demanda tão grande de regiões, apresentando
simultaneamente notícias globais e informações ligadas ao cotidiano das regiões.
A identidade regional é outro aspecto relacionado à TV regional, onde o telejornal é
fundamental na construção, manutenção ou reinvenção dessa identidade, podendo gerar no
telespectador uma identificação com a TV ao ver os acontecimentos do seu cotidiano mais
próximo sendo apresentados. Busca-se com esta pesquisa compreender como o regional é
apresentado no jornalismo da TV Subaé.
A hipótese levantada é que a existência da TV Subaé, com a possibilidade de
disseminação de conteúdos locais, contribui para o fortalecimento do vínculo entre
comunicação e cultura regional.
A relevância deste trabalho se justifica pela contribuição às pesquisas no campo da
comunicação regional, facilitando a compreensão deste assunto para a área de comunicação
social. Mesmo com o enfoque em uma emissora e região específicas, esse trabalho pretende
discutir conceitos que são úteis e aplicáveis a outras realidades.
Portanto, esta pesquisa é válida no que diz respeito ao desenvolvimento da TV
regional na Bahia, tema pouco explorado ainda nesse sentido, identificando a contribuição e o
12. 12
papel que a TV Subaé tem na região ao propagar a comunicação regional e ao fortalecer a
identidade.
Os procedimentos metodológicos e suportes utilizados para a realização da pesquisa
foram o levantamento bibliográfico e, para a coleta de dados, as entrevistas semi-estruturadas
com alguns funcionários da emissora a fim de esclarecer as indagações e atender os objetivos
especificados na investigação, servindo também como subsídios para análise. A Análise de
Conteúdo foi efetivada no III capítulo a fim de facilitar a interpretação das matérias exibidas
no telejornal.
É válido ressaltar que a TV Subaé não possui documentos ou registros institucionais
escritos sobre a sua história, por isso foram úteis as entrevistas com funcionários que estão
presentes na emissora desde a sua implantação. A pesquisa pode, assim, identificar como a
TV Subaé apresenta e se relaciona com esta região na qual está inserida.
No primeiro capítulo traça-se uma contextualização histórica, desde o
desenvolvimento da TV no Brasil até a chegada das grandes redes de televisão regionais,
principalmente a chegada da TV na Bahia, mostrando ainda como se deu esse
desenvolvimento das TVs regionais em alguns estados brasileiros, onde muitas redes
regionais são exemplos de sucesso.
No segundo capítulo será apresentado o objeto de estudo deste trabalho - a TV Subaé
no contexto de uma TV regional - delineando seu histórico desde a sua implantação até a sua
expansão, a área de cobertura, a produção da programação local do jornalismo e a relação
com a Rede Bahia e o “padrão Globo de qualidade” a fim de compreender como estes fatores
contribuem para o desenvolvimento “dos aspectos regionais nessa emissora”.
O objetivo no terceiro capítulo é analisar o telejornal Bahia Meio Dia durante o mês
de setembro de 2009. As matérias exibidas diariamente foram gravadas em meio digital a fim
de apontar as principais categorias abordadas pelo telejornal, identificar quais são as regiões
13. 13
representadas e entender como o regional é apresentado no telejornal. Identificar se a TV
Subaé pode ser considerada uma emissora regional, levando em conta os projetos sociais e
culturais desenvolvidos pela emissora e sua contribuição para a região também é outro
propósito explorado no capítulo.
14. 14
1. HISTÓRIA DA TELEVISÃO NO BRASIL
1.1 - DESENVOLVIMENTO DA TV
No dia 18 de setembro de 1950, o empresário e jornalista Assis Chateaubriand
inaugurou oficialmente a chegada da televisão no Brasil, data que marcou a década de 50 e
influenciou o país a um avanço tecnológico e econômico. Neste momento, o país passava a
experimentar a sensação de acompanhar uma programação pela TV, quando muitos países já
vivenciavam esta experiência. Seus primeiros anos foram marcados pela falta de recursos e de
profissionais habilitados, e principalmente pelas improvisações. A TV precisou apoiar-se no
rádio, aproveitando seus profissionais e técnicas, pois naquele período este era o meio de
comunicação de maior influência no país. (Mattos, 2002)
A televisão contribuiu para a formação do mercado brasileiro que migrava do campo
para a cidade, vivendo um processo de modernização. Em pouco tempo ela se tornou a grande
catalisadora das emoções e do sentimento de pertencimento de uma nação, como afirma Costa
(2004). As primeiras imagens da televisão brasileira foram transmitidas pela TV tupi, Canal 3,
que nasceu com caráter de emissora local para depois tomar caráter de rede de dimensão
nacional, que se constitui na primeira estação de televisão da América do Sul. De acordo com
Costa,
como não havia o vídeo-tape toda a programação televisiva era produzida nas
regiões. Apesar de já passar por uma padronização na sua forma e conteúdo, ela era
caracterizada por elementos da cultura local, porém a partir da integração que
ocorrerá com o surgimento das grandes redes de televisão na década de 60, isso
deixará de acontecer. (2004, p. 1)
Mattos (2002) descreve diversas fases da TV brasileira. Segundo o autor, os anos de
1950-1964 são caracterizados como a fase elitista da TV, quando só esta classe econômica
brasileira tinha acesso a este novo e atraente instrumento de comunicação. Durante esta fase
15. 15
uma campanha publicitária começou a ser veiculada com o intuito de estimular as vendas dos
televisores, disseminando a ideia que todo o cidadão deveria ter um. Através desta campanha
houve um crescimento de telespectadores que queriam possuir o aparelho a qualquer custo,
investindo suas economias neste novo objeto de desejo. O texto da campanha dizia o seguinte:
Você quer ou não quer ver televisão? Para tornar a televisão uma realidade no
Brasil, um consórcio radiojornalístico investiu milhões de cruzeiros! Agora é a sua
vez - qual será a sua contribuição para sustentar tão grandioso empreendimento? Do
seu apoio dependerá o progresso, em nossa terra, dessa maravilha da ciência
eletrônica. Bater palmas e aclamar admiravelmente é louvável, mas não basta - seu
apoio só será efetivo quando você adquirir um televisor! (MATTOS, 2002, p.82)
A fase descrita como populista (1964-1975) foi quando a televisão ficou considerada
como um exemplo de modernidade e os programas de auditório tomaram grande parte da
programação. A década de 60 foi o período onde a TV brasileira sofreu influencia do governo
militar.
O período da ditadura militar no Brasil foi marcado também pelo projeto de integração
nacional, aonde os militares investiram no setor das telecomunicações e infraestrutura para
que o país se tornasse integrado. O projeto foi bem sucedido, pois a televisão forneceu ao
brasileiro, elementos que contribuíram para reafirmar sua identidade nacional através do amor
à pátria.
Como afirma Bucci (1996, p.19), “a ditadura precisou da TV para sua sustentação
política, e a TV passou a precisar da ditadura para o seu sucesso junto ao público, pois a sua
glória dependia da apologia da pátria, da unidade apoteótica, dependia do êxtase da integração
nacional”.
O Estado forneceu concessões, estimulou a produção nacional de aparelhos de TVs e
tornou disponíveis empréstimos a juros mais baixos para que o público pudesse comprar
aparelhos de TV. Essa foi uma das formas encontrada pelo governo para disseminar suas
ideias sobre segurança nacional e modernização das estruturas econômicas do país.
16. 16
Apesar de o governo militar ter criado condições para a compra e expansão dos
serviços de transmissão, ele criou também agências que controlavam os conteúdos dos
programas exibidos para a população. Os militares começaram a se preocupar com os
programas que vinham do exterior e eram transmitidos no Brasil, e passaram a cobrar das
emissoras que substituíssem os programas enlatados estrangeiros por uma programação
nacional que valorizasse a cultura do povo brasileiro. Segundo Mattos, durante o seu governo
o presidente Geisel dirigiu inúmeras recomendações às emissoras e concessionárias durante
uma palestra falando sobre o material que era reproduzido no Brasil.
57% da programação da televisão é importada e 43% é produzida por técnicos
brasileiros. Destes 43%, 34% é de matéria estrangeira, editada pelas emissoras
brasileiras. Isto significa que, para 109 horas de uma semana de programação,
apenas 31 são genuinamente brasileiras; as outras 78 são importadas. [...] A
televisão comercial impõe sobre as crianças e jovens uma espécie de cultura que não
tem nada a ver com a cultura brasileira... Em vez de atuar como um fator de criação
e difusão da cultura brasileira, a TV está realizando o papel de privilegiado veiculo
de importação cultural e está desnaturalizando a criatividade brasileira.
(CAMARGO e PINTO, 1975 apud MATTOS, 2002, p.104).
No dia 26 de abril de 1965 nasce a atual e maior emissora do país, a Rede Globo de
Televisão, inaugurada no Rio de Janeiro. Neste mesmo ano vai ao ar pela TV Globo o Jornal
Nacional, exibido pela primeira vez no dia 1º de setembro, informativo transmitido para todo
o Brasil e que até hoje figura como o jornal de maior audiência e mais tradicional da história
da televisão brasileira. Hoje a rede reúne mais de 115 emissoras1 regionais afiliadas
espalhadas por todo o território nacional.
Com o desenvolvimento da televisão, que já chegava a alcançar todo o território
brasileiro, surgem então, na década de 60, as grandes redes de televisão, chamadas de
“cabeças de rede”, cujo exemplo mais notório é a Rede Globo.
Esta fase também foi marcada pela transição da TV preto e branco para a colorida.
Conforme Cruz (2008, p.36), “a TV em cores chegou ao Brasil em 1º de fevereiro de 1972,
1
Fonte: Atlas Rede Globo 2000.
17. 17
com a transmissão da festa da uva em Caxias do Sul (RS)”. Cruz (2008) afirma ainda que para
acompanhar a copa de 1974, a indústria vendeu mais que o esperado, e as emissoras que
achavam um absurdo algumas horas de programação em cores, resolveram migrar
rapidamente toda programação.
A partir da década de 70, a Globo vê nas emissoras regionais uma oportunidade de
consolidar-se como líder através das suas afiliadas e a partir de então começa a investir muito
em equipamentos, em profissionais e em técnica, imprimindo nas suas diversas emissoras de
televisão o que chamou de “padrão Globo de qualidade”. Como afirma Lima (2006, p.16), “a
Globo tem um sistema especial de tratar suas afiliadas, procurando sempre otimizar e dar
qualidade às produções que são veiculadas na sua programação, seguindo ‘o padrão Globo de
qualidade”.
Houve também a fase do desenvolvimento tecnológico (1975-1985), na qual as redes
de TV começaram a se aperfeiçoar e a produzir com maior intensidade e profissionalismo os
seus próprios programas com estímulo de órgãos oficiais, visando inclusive à exportação.
Segundo Mattos (2002,), na década de 80 constatou-se que a influência americana diminuiu
bastante, pois o Brasil já conseguia desenvolver a capacidade de produzir seus próprios
programas e passou a empregar seu próprio formato e tecnologia. Esta fase também foi
marcada pelo fim da censura, aonde os meios de comunicação tiveram uma liberdade maior
para exibir seus conteúdos. Foi constatado em 1980 que 55% de um total de 26,4 milhões de
residências já possuíam um aparelho televisor, como afirma Mattos (2002). Uma análise feita
por Straubhaar, sobre a nacionalização da programação brasileira constatou que,
o número de programas importados diminuiu consideravelmente, apesar de ainda
terem participação significativa na programação total. E que os programas
“enlatados”, que são considerados de baixo custo para as emissoras, passaram a ser
utilizados para o preenchimento da grade de programação nos horários da
madrugada, quando a audiência é bem menor e o faturamento publicitário não
justifica investimentos na produção de programas locais de alto custo.
(STRAUBHAAR, 1981 apud MATTOS, 2002, p.108).
18. 18
Outra fase caracterizada por Mattos (2002) é a da transição e da expansão
internacional (1985-1990). Esta fase é marcada pela transição do regime militar para o regime
civil, onde as primeiras mudanças no setor das comunicações começam a ocorrer em virtude
da nova constituição de 1988, que apresenta texto específico sobre a comunicação social
(capítulo V). De acordo com Mattos (2002), o artigo 221 fixou normas para a produção e a
programação das emissoras de rádio e televisão, segundo o qual as emissoras deveriam
promover programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas,
procurando estimular a produção independente visando a promoção da cultura nacional e
regional.
Nesta fase de desenvolvimento da televisão, o que se observa é a maior
competitividade entre as grandes redes, um contínuo avanço em direção ao mercado
internacional, com a Rede Globo implementando desde 1985 sua expansão
sistemática no exterior. (MATTOS, 2002, p.120).
Neste mesmo ano, a TV Bahia foi implantada em Salvador, como afiliada da Rede
Manchete, e dois anos mais tarde foi escolhida pela Rede Globo como sua afiliada na Bahia.
Desde então segue o padrão de programação da mesma, fazendo parte da Rede Bahia de
Comunicação, considerado o maior grupo de comunicação do Norte e Nordeste. É também
nessa fase da transição e da expansão internacional que surge, em 1988, a TV Subaé em Feira
de Santana, primeira emissora afiliada da Rede Globo no interior do estado e integrante da
Rede Bahia de Televisão. Neste período de expansão da televisão, o presidente do Brasil, José
Sarney, se utilizou politicamente das concessões para emissoras de rádio e televisão. Ele
manteve as práticas clientelistas do governo de Figueiredo para a distribuição dos canais de
TVs e as concessões passaram então a servir como moeda política, ou seja, uma troca de
favores. O ministro das comunicações na época era Antonio Carlos Magalhães, e graças ao
seu cargo dentro do governo teve facilitada a compra da TV Bahia e de outros meios de
comunicação.
19. 19
A penúltima fase definida por Mattos (2002, p.125) é a fase da globalização e da TV
paga, na qual “com o desenvolvimento global na década de 90 começou-se a estabelecer as
bases para o surgimento estruturado da televisão por assinatura, via cabo ou via satélite,
estruturadas nos moldes americanos, e a se debater a televisão de alta definição”.
Esta década registrou também os investimentos das redes nacionais no que diz respeito
às suas respectivas infraestruturas, visando aumentar cada vez mais a exportação e produção
de programas. Segundo Mattos (2002), foi também nessa fase que se estabeleceram várias
emissoras regionais, aumentando as possibilidades de uma maior regionalização e utilização
de canais alternativos. Bazi (2000, p.24) reforça esta ideia:
para atingir toda a extensão territorial do Brasil, as grandes redes de televisão são
formadas por emissoras filiais e emissoras afiliadas, empresas associadas a uma
emissora com penetração nacional de sinal, que retransmitem a programação da
rede, embora também produzam programas, telejornais e comerciais locais.
Por fim, a última fase é chamada da convergência e da qualidade digital (2000- 2009).
No dia 29 de junho de 2006, o presidente Luís Inácio Lula da Silva, assinou o decreto nº.
5.820, que estabeleceu as normas para a digitalização da TV no Brasil. O padrão japonês
ISDB-T serviu como base para o sistema adotado no Brasil. O SBTVD-T, que significa
Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre, foi definido para o Brasil. A TV digital
aberta estreou no Brasil em 2 de dezembro de 2007, com transmissões na cidade de São
Paulo. Segundo Cruz (2008, p.15) “a digitalização traz a TV para o mundo da convergência,
em que toda a informação é transportada por qualquer tipo de rede”.
Para Cruz A TV digital irá proporcionar ao Brasil um grande avanço tecnológico
maior do que foi a transição do preto e branco para a TV em cores,
contará com serviços interativos parecidos com o da Internet, alta definição com
imagem melhor do que a do DVD, multiprogramação, a transmissão de até quatro
programas simultâneos no mesmo canal, mobilidade, portabilidade, com recepção
do sinal em veículos em movimentos e também no celular. (CRUZ, 2008, p.17)
20. 20
A TV digital vai tornar os televisores mais próximos aos computadores, com
capacidade para armazenar dados, realizar compras pela TV, banco eletrônico, acesso a
Internet, informações do governo como Receita Federal e Previdência, serviços de postagem
como no correio, entre muitas outras novidades. Segundo Cruz (2008, p.18) “o período de
transição deve ir pelo menos até 2016, durante esse período a transmissão analógica vai
conviver com a digital, com isso cada emissora ocupara dois canais”. Ele afirma que “é a
maior transformação já enfrentada pelo meio de comunicação mais popular do país”. (CRUZ,
2008, p.15).
1.2-DESENVOLVIMENTO DA TV REGIONAL
Desde a década de 70 as grandes redes de televisão passaram a investir em emissoras
regionais, porém somente na década de 90 elas se estabeleceram e desenvolveram. As redes
regionais estão ligadas às grandes redes nacionais e retransmitem a sua programação tanto
numa esfera global quanto para uma determinada região.
É válido verificar o que diz a Constituição Federal de 1988 sobre a regionalização da
programação nos veículos de comunicação TV e rádio:
A Constituição Federal, de 1988, em seu artigo 221, prevê a regionalização da
programação cultural, artística e jornalística das emissoras de Rádio e TV;
A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos
seguintes princípios:
1. preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
2. promoção da cultura nacional e regional e estimulo à produção independente que
objetive sua divulgação;
3. regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais
estabelecidos em lei;
4. respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.2
2
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, 1988, Capítulo V, Da Comunicação Social, Artigo
221.
21. 21
Mattos (1990 apud Bazi, 2000, p.12) afirmou que “a TV regional já era prevista por muitos
estudiosos da comunicação como um fator primordial na década de 90”. Bazi (2001 apud
Campos, 2005, p.4) acrescenta que “a regionalização da programação da televisão é o
principal fator de sobrevivência das grandes emissoras do país”.
No Brasil existem seis grandes redes comerciais operando em sistema de canal aberto:
Globo, Record, SBT, Bandeirantes, Rede TV e CNT/Gazeta. Segundo Bazi (2000, p.22) é a
Rede Globo de Televisão que usufrui de 70% da verba publicitária investida na mídia
televisiva. Algumas redes regionais pertencem a grupos políticos, empresariais, familiares e
religiosos, estes últimos, por sua vez, têm encontrado neste veículo um espaço para a
divulgação da mensagem religiosa.
Para Fernandes (1996),
Existem três tipos de estações regionais: as TVs geradoras, ou seja, aquelas que
geram programação do próprio local em que estão instaladas; as retransmissoras,
isto é, aquelas que apenas possuem os equipamentos necessários para captar sinais
de sons e imagens recebidos de uma estação geradora, em geral da cabeça- de- rede
(no caso da Globo, por exemplo, a emissora líder é a Globo Rio de Janeiro) e
transmiti-los para a recepção dos aparelhos domésticos de TV, sem produzir
programa próprio; e as estações repetidoras, também chamadas de Estações de
Recepção Terrena (ERT), ou retransmissoras passivas, que apenas são capazes de
receber sinais e retransmiti-los. (FERNANDES, 1996 apud BAZI, 2001, p.24)
Para seguir discutindo sobre a TV regional, é preciso entender a ideia de região.
Vários autores procuram definir o que seria local e regional e o que pode se observar é que os
dois termos não se restringem às fronteiras ou limites territoriais; é um espaço onde os
indivíduos se identificam e onde estes atores estão inseridos. Segundo Ortiz (1999 apud
VOLPATO; OLIVEIRA, 2007, p.2), “o local se confunde com o que nos cerca, está
realmente presente em nossas vidas. Ele nos conforta com sua proximidade, nos acolhe com
sua familiaridade.” Ao mesmo tempo em que o regional se liga ao território, observamos que
este não se refere somente ao aspecto geográfico. Cecília Peruzzo também traz a sua
22. 22
contribuição ao confirmar que “região não se delimita apenas por limites territoriais, os elos
de proximidade e familiaridade ocorrem muito mais pelos laços de identidades de interesses
simbólicos, do que por razões territoriais” (PERUZZO, 2003 apud VOLPATO; OLIVEIRA,
2007, p.3).
O espaço analisado neste trabalho é o Centro Norte Baiano, que é uma das sete
mesorregiões do estado da Bahia. É formado pela união de oitenta municípios agrupados em
cinco microrregiões. Os principais municípios são: Feira de Santana, Irecê, Itaberaba,
Jacobina e Senhor do Bonfim.
A microrregião de Feira de Santana está divida em 24 cidades, sendo que quatro delas
não possuem a cobertura da TV Subaé. Iremos nos deter a microrregião de Feira de Santana,
onde a TV abrange a maior parte dos municípios circunvizinhos. A economia é um dos laços
que mantém a integração entre as cidades da região. A maioria dessas cidades sobrevive da
agropecuária, com o cultivo de plantas e criação de animais, tendo destaque a criação de gado.
A agropecuária é uma atividade realizada por pequenos produtores que utilizam práticas e
técnicas tradicionais que foram repassadas através de gerações, o que vem a reforçar a
tradição como uma forma de identificação.
E como definir o que seria uma TV regional? Bazi chegou à conclusão que uma
televisão regional é aquela que retransmite seu sinal a uma determinada região e que tenha sua
programação voltada para ela mesma (BAZI, 2001, p.16). Retratar os assuntos locais é muito
importante, pois os telespectadores podem ver os acontecimentos da sua cidade e região sendo
transmitidos diariamente e também têm a opção de ver os assuntos que se referem aos
acontecimentos que ocorrem no Brasil e no mundo através da rede nacional. Conforme
Campos (2005, p.4), “a programação local apresentada pelas TVs regionais ganham cada vez
mais importância, se contrapondo à enxurrada de informação global apresentada pelas
grandes redes de televisão”.
23. 23
Não há melhor laboratório para a observação do fenômeno comunicacional do que a
região. Uma região é o palco em que, por excelência, se definem os diferentes
sistemas de comunicação cultural, isto é, do processo humano de intercâmbio de
idéias, informações e sentimentos, mediante a utilização de linguagens verbais e não
verbais e de canais naturais e artificiais empregados para a obtenção daquela soma
de conhecimentos e experiências necessária à promoção da convivência ordenada e
do bem-estar coletivo (BELTRÃO, 1976 apud RETT, 2004, p.3)
Cada vez mais se discute a importância da regionalização da TV. O que tem se
observado é que cada dia o número de emissoras regionais tem crescido muito, e há também
uma preocupação com a identidade regional de cada lugar do país. Segundo Rett (2004), a TV
hoje é muito mais do que um eletrodoméstico, ela assume papel de educadora, de
companheira, de formadora de opinião e é por isso mesmo que cada vez mais ela deve
assumir a “cara” da comunidade que representa. Para reforçar este conceito, Debona e
Fontella (1996, apud BAZI, 2001, p.18) trazem a importância que jornalismo regional tem
para a comunidade, “a TV regional pode servir para desenvolver as características culturais de
cada comunidade, combatendo uma homogeneização que poderia ser causada pelas grandes
redes de comunicação”.
Um meio de comunicação regional possui a característica de difundir informações que
privilegiem a região na qual está inserida, fazendo com que a comunidade se mantenha
informada sobre diversos acontecimentos da sua região. No caso de uma televisão ainda mais,
já que, configurado como um meio de comunicação de massa, esse veículo abrange um
grande número de espectadores, cumprindo bem o seu papel de integrar e levar a informação
a um grande público. Para Campos (2005, p.5) “as notícias veiculadas no telejornal possuem
características capazes de conquistar a atenção do telespectador, ou seja, elas agregam fatores
que estão de certa forma, ligados aos interesses da comunidade”.
Portanto, é importante para uma região ter uma TV que contemple as notícias que se
referem à sua comunidade, uma vez que a abordagem de assuntos que fazem parte do
24. 24
contexto social dos cidadãos, além de proporcionar uma maior integração entre as pessoas, é
capaz de gerar um laço de pertencimento ao lugar, como destacam Coutinho e Martins (2008).
Com a grande quantidade de informação que chega aos meios de comunicação,
algumas delas precisam ser selecionadas e por isso as produções dos telejornais utilizam os
critérios de noticiabilidade para classificar as notícias. Estes critérios formam o conjunto de
valores notícias que determinarão se aquele acontecimento é apenas um fato ou se poderá ser
uma notícia. Um desses critérios mais relevantes é a proximidade da notícia em relação ao
público, o que valoriza o trabalho desempenhado pelas emissoras que produzem jornalismo
regional. Existem vários critérios de noticiabilidade, Silva (2005) sintetiza estes critérios em
três instâncias:
na origem do fato (seleção primária dos fatos / valores-notícia), com abordagem
sobre atributos como conflito, curiosidade, tragédia, proximidade, etc; 2) critérios de
noticiabilidade no tratamento dos fatos, centrados na seleção hierárquica dos fatos e
na produção da notícia, desde condições organizacionais e materiais até cultura
profissional e relação jornalista-fonte e jornalista-receptor; e 3) critérios de
noticiabilidade na visão dos fatos, sobre fundamentos ético-epistemológicos:
objetividade,verdade, interesse público etc.
Apesar de todo esse investimento nas emissoras regionais, as grandes redes de
televisão se preocupam acerca dos sinais que chegam as casas dos receptores e quanto à
qualidade técnica da imagem. Esta preocupação é muito válida no que se refere fazer TV
regional, pois não adianta ter todos os equipamentos, ser denominada de TV regional e ter
uma imagem de péssima qualidade, com chuviscos ou mal iluminada. Bazi (2001, p.23)
afirma isso ao citar, que as preocupações vão da qualidade do sinal que chega à casa dos
telespectadores até o investimento realizado pelas emissoras regionais.
Não basta obter concessão e instalar a emissora. É preciso que ela percorra um vasto
caminho até se tornar, de fato, inserida no contexto político, econômico e cultural da
comunidade. É necessário seguir padrões de qualidade, funcionamento,
desenvolvimento de recursos humanos e investir pesado em equipamentos e
instalações para proporcionar ao mercado local programação, jornalismo,
comercialização, envolvimento com eventos e festas locais e excelência na
transmissão do sinal da emissora por toda a sua área de cobertura, que deve ser
25. 25
definida a partir de características culturais, demográficas e econômicas
homogêneas. 3
Existem vários obstáculos para se fazer um jornalismo regional de qualidade, como a
dificuldade na locomoção de equipe, muitas vezes pelas más condições das estradas da região.
O tempo é outro fator que não contribui, pois é preciso viajar até outras cidades da região para
fazer a cobertura de uma matéria e muitas dessas viagens são longas; outro fator relevante é o
alto custo em equipamentos e padronização da programação.
1.3 - TVs REGIONAIS: UMA TRAJETÓRIA DE SUCESSO
No Brasil existem grandes redes regionais, que com muito esforço e colaboração da
comunidade conseguiram se desenvolver e hoje são sinônimo de sucesso no país. No interior
de São Paulo, as filiais e afiliadas da emissora da Rede Globo, investiram na qualidade do
sinal e na reformulação de sua programação. Um dos exemplos é o caso da EPTV (Emissoras
Pioneiras de Televisão), fundada em 1979, e que hoje conta com quatro emissoras - TV
Campinas, em Campinas; TV Riberão, em Riberão Preto; TV Central, em São Carlos e TV
Sul de Minas, em Varginha, Minas Gerais. Atualmente com as quatro emissoras, a EPTV
alcança 292 municípios entre o interior paulista e o sul de Minas, num total de 9 milhões de
habitantes . (BAZI, 2001)
“As ações da Rede EPTV, incluindo as suas quatro emissoras, estão divididas ao meio
com a Globo, 50% pertencem a família Marinho, os outros 50% são de propriedades dos
Coutinho Nogueira”, grupo regional (BAZI, 2001, p.36). No seu início, a TV Campinas
precisava ganhar a confiança do anunciante local, da elite local e, é claro, do público. Em
3
MERCADO GLOBAL, Rede Globo, 3º trimestre de 2003, Edição número 113, página 01.
26. 26
alguns anos a TV Riberão ampliou sua produção passando a produzir um bloco local do
“Globo Esporte”, o “ Globinho”, programa dirigido ao público infantil e a realizar reportagens
de âmbito regional para serem exibidas pelos telejornais da Rede Globo. A TV Sul de Minas
tinha uma área de abrangência de 75 cidades e saltou para 140 cidades, onde vivem
aproximadamente 2,2 milhões de pessoas, sendo o seu maior desafio as enormes distâncias
entre as cidades mineiras e o seu difícil acesso. A TV Central no início tinha uma cobertura de
30 municípios, e com o tempo o raio de atuação da emissora se expandiu, chegando a alcançar
37 municípios. Em 1991 a emissora estreou seu telejornal regional desvinculando-se da TV
Ribeirão (BAZI, 2001). O autor afirma ainda que as emissoras afiliadas da Rede Globo foram
estrategicamente instaladas em regiões de grande concentração populacional e com mercados
comerciais ativamente promissores.
A EPTV, por exemplo, como em qualquer outra emissora afiliada a Rede Globo,
possui horários predeterminados para mostrar sua programação regional. No entanto, por 10
vezes, a EPTV já ocupou outro espaço na programação da Globo, utilizando-se do horário do
programa “Globo Repórter”, para apresentar suas produções regionais (BAZI, 2001). Isto
demonstra como a rede EPTV tem parceria e credibilidade junto à cabeça de rede, mostrando
que é possível as TVs regionais ter acesso a este espaço tão delimitado, ao exibir as suas
produções regionais em horário voltado para a exibição de matérias nacionais. Com
competência e profissionalismo pode se alcançar o privilégio de ver as matérias que fazem
parte do contexto de sua cidade sendo apresentadas nacionalmente.
Temer (1998) pesquisou sobre a história da TV Triângulo de Uberlândia, Minas
Gerais, para documentar sobre o pioneirismo das emissoras de televisão no interior do Brasil,
mostrando as dificuldades que são encontradas no início para uma TV regional se estabelecer.
É nesse aspecto de estabelecimento e reconhecimento de uma emissora regional que as
afiliadas assumem um papel importante no que se refere a investimentos e recursos, pois seria
27. 27
economicamente inviável uma emissora regional se estabelecer e até mesmo sobreviver de
forma independente, sem o auxílio das afiliadas.
Acompanhando a TV Triângulo percebe-se que ela surgiu a partir da “aposta do
povo”, sem nenhum tipo de pesquisa ou planejamento, e sem o conhecimento das
pontecialidades dos mercados local e regional para sustentar este veículo. Num
primeiro momento imperam o entusiasmo e o amadorismo, a emissora se instala
com recursos mínimos em um apartamento no centro de Uberlândia e entra no ar
sem nenhuma formação especifica de recursos humanos. (TEMER, 1998 apud
ROCHA, 2003, p.6)
Outro exemplo de Redes regionais que tem dado certo é a TV Tem, com emissoras
sediadas em Bauru, Sorocaba, São José do Rio Preto e Itapetinga, onde as quatro são afiliadas
a Rede Globo. A tendência do surgimento das redes de televisão pode não ser novidade, mas
vem se consolidando no interior de São Paulo. Um dos motivos seria o grande potencial do
interior paulista, que é considerado pelo setor publicitário o segundo maior mercado do país,
só perdendo para a capital. Outra razão defendida pelas emissoras, é a maior proximidade
com o telespectador que “quer se ver” na televisão.
Segundo Volpato e Oliveira (2007), durante a programação um informe de 20 a 30
segundos é exibido sobre as cidades cobertas pela TV Tem. O nome da cidade se destaca
junto com o slogan “TV tem, a TV que tem você”, uma estratégia midiática para aumentar sua
credibilidade e a relação de identificação com o público.
O editor regional de jornalismo da TV Tem, Osmar Fábio Chor, afirma que o mais
importante é ver as notícias da sua rua, do seu bairro, da sua cidade e saber que a emissora é a
porta-voz dos seus problemas junto ao poder público4.
Outra experiência pioneira, com custo acessível, e com o objetivo de regionalização da
programação de TV, vem sendo realizada em Adamantina, pela FAI - Faculdades
Adamantinenses Integradas, por meio do departamento de Comunicação Social e a emissora
de televisão TVR, sediada em Tupi Paulista, com transmissões de sinais para Tupi, Dracena,
4
JORNAL O IMPARCIAL, Presidente Prudente/SP, 20/06/2003.
28. 28
Adamantina, Lucélia e Osvaldo Cruz. A TVR está no ar há mais de 5 anos com amplo espaço
para a programação regional (ROCHA, 2003, p.11).
A iniciativa tem forte identidade com a comunidade regional, fato este que tornou o
“Programa Feira Livre” carro-chefe da emissora, e em poucas semanas em uma das maiores
audiências da televisão. Rocha (2003) aponta que a faculdade oferece toda infra-estrutura em
recursos técnicos e humanos para que artistas anônimos de Adamantina e região apresentem
seus números musicais e culturais. Passam pelo Feira Livre cantores sertanejos, de hip-hop,
grupos de danças, contadores de piadas e outros.
É muito interessante ver a educação interligada ao desenvolvimento da TV regional no
país. Essa experiência da TVR em parceria com a faculdade é importante, pois valoriza e
propaga a cultura e dá apoio aos artistas da região. Muitas vezes estes artistas não encontram
espaço nos grandes veículos de comunicação de massa passando despercebidos diante da
sociedade e são nas emissoras regionais que podem encontrar esse espaço.
Projetos como estes podem trazer audiência para uma emissora regional, dando a esta
uma maior visibilidade e tornando-a mais forte e conhecida.
Por fim temos o exemplo da RBS, pertencente a Rede Sul de Comunicação, que
também faz parte deste contexto de televisão regional, ao longo de sua história de mais de 47
anos. Segundo Hinerasky (2004, p.4), “O grupo RBS detém 85 % do mercado do Rio Grande
do Sul, e vem investindo recursos em ações sociais e comunitárias”. O que diferencia a rede é
o modelo de televisão regional: atuação comercial e cultural junto às comunidades regionais.
Ela é afiliada a Rede Globo desde 1971, e a principal emissora do estado: possui 17 emissoras
de televisão, 18 emissoras de rádio, atua em vários segmentos da mídia e caracteriza-se por
destinar cerca de 10% do que exibe para a produção regional. Hinerasky (2004, p.5) afirma
ainda que “apesar deste número não ser tão expressivo, a emissora é uma instituição que tem
considerável inserção no contexto cultural gaúcho, pois dá ‘cor local’ na grade de uma Rede
29. 29
nacional”. A emissora detém mais de 50% da audiência em todos os programas no estado com
a proposta da Rede de destacar a cultura regional e suas características em toda sua
programação.
Através do conhecimento de sua programação, evidencia-se a preocupação em falar
para a comunidade, mostrar seus problemas e eventos e em valorizar a cultura e
história do povo gaúcho. A emissora também tem buscado alternativas para abranger
um amplo espectro da audiência, organizando sua programação em categorias
principais ou segmentações, especialmente a partir de 1999 (HINERASKY, 2004,
p.6)
Conforme Barbero, “as televisões regionais se convertem em uma reivindicação
fundamental das comunidades regionais e locais, em sua luta pelo direito à construção de sua
própria imagem, que se confunde com o direito à sua memória” (BARBERO; REY, 2001,
apud HINERASKY, 2004, p.4), o que equivale a dizer que a importância da TV regional vai
muito mais além do que expor notícias locais; é através dela que a história da comunidade se
faz e se conta, podendo contribuir para a formação da identidade local.
1.4 - TV BAHIA
O jornalista Assis Chateaubriand, no de ano de 1956, decidiu implantar uma antena
transmissora em cada grande cidade do Brasil. Foram adquiridas nove estações, que se
destinavam a Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Campina Grande, Fortaleza, São Luiz,
Belém e Goiânia. Em 1960, chega à Bahia a primeira emissora de televisão, a TV Itapoan.
Segundo Lima (2006), achava-se que a Bahia não tinha mercado para sustentar um canal de
TV, porém aconteceu uma surpresa: 70% dos anunciantes eram locais e somente 30% eram de
outros estados.
Hoje a Rede Bahia de Comunicação é composta por diversas empresas. Ela atua
dentro e fora da Bahia, está presente na mídia impressa, TV por assinatura, jornais, rádios,
produtora de cinema e vídeo, gráfica, provedora de Internet e atua também no setor de
30. 30
construção civil (LIMA, 2006). Foi inaugurada no dia 2 de julho de 1978, uma data
importante para o estado, pois nela é comemorada a independência da Bahia. A Rede pertence
à família Magalhães, uma família muito conhecida na Bahia e no Brasil, por atuarem na área
política. Lima (2006) afirma que uma mídia regional ou um grupo regional está diretamente
ligado as tendências políticas e também culturais de uma região. No segmento de mídia
eletrônica ela possui seis emissoras de TV aberta, uma de TV fechada, duas emissoras e uma
rede de rádio, porém o seu carro chefe é a TV Bahia, que abrange um público de mais de 12
milhões de pessoas.
Todas são líderes absolutas de audiência e garantem, assim, a grande maioria das
verbas publicitárias dos anunciantes locais e nacionais. Entre as empresas de rádio,
destaque para a Rede Tropicalsat, que distribui seu conteúdo via satélite para
emissoras em todo o estado. Para conseguir esses resultados, a Rede investe
pesadamente em tecnologia para a instalação do seu sinal via satélite, que chega hoje
a todos os municípios da Bahia, para a digitalização de seus equipamentos visando
melhorar a qualidade do sinal de suas retransmissoras, e, principalmente, em
informação regionalizada, um produto importante para conquistar e ampliar
audiência. (REDE BAHIA DE COMUNICAÇAO, 2003).
A TV Bahia foi inaugurada em Salvador no dia 10 de março de 1985, como emissora
afiliada à Rede Manchete, mas em 1987 passou a ser afiliada à Rede Globo de Televisão. A
emissora transmite seu sinal para a Região Metropolitana de Salvador e mais 221 municípios,
leva seu sinal a de 1,4 milhões de domicílios, com quase 7 milhões de telespectadores e foi o
primeiro investimento da Rede Bahia no que se refere a TV aberta. (REDE BAHIA DE
COMUNICAÇAO, 2003 apud LIMA, 2006).
A TV Bahia exibe uma programação diversificada durante toda a semana, que vai
desde o jornalismo até programas esportivos, educativos e culturais e transmite também a
programação da Rede Globo. São exibidos diariamente os telejornais Jornal da Manhã, Bahia
Meio Dia, Bahia Esporte e à noite o BA TV, que traz informação com as principais notícias
do dia, flashes ao vivo e inserção de reportagens das outras emissoras regionais. Aos sábados
são exibidos o programa Aprovado, classificado como educativo, que traz jovens que estudam
31. 31
nas escolas da região para debater sobre assuntos ligados ao universo estudantil. Há ainda o
Mosaico Baiano, um programa de entretenimento, com entrevistas e agenda com principais
eventos da região. O Rede Bahia Revista vai ao ar aos domingos e traz notícias e reportagens
de temas variados que abordam as tradições culturais do povo baiano, além de música, dança
e arte, e o Bahia Rural, exibido domingo pela manhã, retrata o universo do homem do campo.
Lima (2006) cita que são feitas quatro reuniões diariamente entre os coordenadores do
Jornal Nacional, o coordenador de núcleo na emissora e o produtor, onde todo o trabalho é
discutido e analisado, desde o texto até a condução da matéria. Ela afirma que o repórter só
realiza a matéria depois que há uma combinação entre a central de jornalismo da Rede Globo
no Rio e o núcleo da Bahia, e que se a notícia não é importante para a rede ela passa a ser só
local e não é produzida.
Através dessa noção de como é realizado a produção das notícias pela TV Bahia,
percebemos a forte dependência que a rede regional tem com a rede nacional, pois tudo o que
é captado de informação precisa antes ser passado para a Central Globo de Jornalismo, para
que eles avaliem se aquela notícia vale a pena ser divulgada ou não. Portanto, não há uma
autonomia para uma emissora regional transmitir a matéria sem a decisão da cabeça de rede,
“além disso os repórteres devem evitar uma linguagem regional, e tentar tornar sua imagem a
mais neutra possível” (LIMA, 2006, p.19).
Na pesquisa de Montes (1997 apud LIMA, 2006, p.19) sobre produção de notícias, ele
cita:
acostumado a acompanhar a edição das próprias matérias, o repórter José Raimundo
afirma que o trabalho não se encerra quando a equipe de reportagem retorna da
rua:‘quando volta para a TV começa uma outra etapa do trabalho. É a hora de editar,
discutir o que foi feito na externa e se os indícios apontados antes da saída foram
confirmados’, acrescenta o repórter. ‘O trabalho é todo discutido e estudado, desde o
texto até a condução da matéria. Tudo é discutido com a coordenação do núcleo’.
32. 32
Lima também expõe como as grandes redes têm colocado alguns repórteres para serem
exclusivos ao dar notícias sobre uma determinada região com o intuito de acostumar o
telespectador com as notícias divulgadas por aquele repórter da região, a exemplo do Jornal
Nacional. As exclusividades, nestes casos, funcionam mais como uma forma de ancorar as
notícias de determinadas regiões em um único profissional. Conforme Lima (2006), o
telespectador de qualquer região do país se identifica com a notícia de acordo com o que o
repórter está apresentando.
Na TV Bahia, por exemplo, apesar de existirem dois repórteres de rede, o único
repórter autorizado para fazer esses tipos de matérias para o Jornal Nacional é o repórter José
Raimundo. Segundo Montes (1997 apud LIMA, 2006, p.20), nas afiliadas da Rede Globo o
público deve ter certa identificação com o repórter que entra no horário nobre da Globo.
Sendo assim o telespectador ao ver na sua casa a imagem ou a voz do repórter José
Raimundo, que já exclusivo daquela região, saberá que aquela notícia é do nordeste, gerando
assim uma identificação do emissor com o receptor.
Segundo Lima (2006, p.24) “os grupos de mídia regionais estão, de fato,
desenvolvendo e consolidando a idéia de empresa genuinamente regional, comprometida com
produções e notícias tanto na esfera do tradicional (local), quanto na esfera do pós-moderno
(global)”. Os grupos regionais começaram a perceber a importância de estar investindo tanto
em equipamentos quanto em profissionais qualificados, e muito mais em mídia local. Pois os
meios de comunicação têm uma grande influência na sociedade e cada vez mais estes veículos
estão procurando se aperfeiçoar.
Desde 1985 outras afiliadas começaram a surgir e a se expandirem pelo interior do
estado. A TV Santa Cruz em Itabuna, a Sudoeste em Vitória da Conquista, a Oeste Barreiras,
a TV São Francisco em Juazeiro e a TV Subaé de Feira de Santana, que em março de 1998
incorporou 50% de seu capital à Rede Bahia. Segundo Lima (2006), para que um grupo de
33. 33
mídia seja considerado regionalizado, é necessário antes entender o sentido de regionalismo
que está presente em produção, investimentos e estratégias. Para entendermos um pouco sobre
essas emissoras regionais de TV aberta, que fazem parte do contexto de mídia regional no
estado da Bahia, será feita uma apresentação sobre estas outras TVs que compõe a Rede
Bahia de Comunicação.
TV Santa Cruz
“Com sede em Itabuna, a TV Santa Cruz, desde novembro de 1988, leva seu sinal à região sul
do estado, onde estão algumas das mais antigas e importantes cidades da Bahia,
representantes da cultura cacaueira e da nossa história, como Ilhéus, Itabuna e Porto Seguro.
Além dessas cidades, destaca-se o desenvolvimento de novos pólos econômicos, em
Eunápolis, Teixeira de Freitas e Itamaraju, e turísticos em Canavieiras, Prado, Santa Cruz de
Cabrália e Itacaré. Cobrindo 53 municípios, a TV Santa Cruz leva informação e
entretenimento, consolidando o forte compromisso com o desenvolvimento econômico e
sócio-cultural da região” (REDE BAHIA DE COMUNICAÇÃO, 2003).
TV Sudoeste
“São 67 municípios cobertos pelo sinal da TV Sudoeste. É mais uma emissora da Rede Bahia,
que se une à força industrial de Jequié e Itapetinga, ao potencial do turismo histórico e
ecológico de Rio de Contas e a rica agricultura de Brumado, Guanambí e Caetité. Sediada em
Vitória da Conquista, uma das maiores cidades da Bahia, a TV Sudoeste foi inaugurada em
março de 1990 e é hoje mais um exemplo de desenvolvimento do Estado, assim como a
cultura do café na região” (REDE BAHIA DE COMUNICAÇÃO, 2003).
TV São Francisco
“Instalada na cidade de Juazeiro, na divisa com o estado de Pernambuco, A TV São Francisco
foi inaugurada em dezembro de1990 e leva seu sinal a 28 municípios. A região é banhada por
34. 34
um dos mais importantes rios navegáveis do país, o São Francisco, e um dos maiores lagos
artificiais do mundo, o do Sobradinho. Juntos esses recursos naturais representam
sustentáculos da economia regional. Importante pólo produtor de frutas para exportação, o
norte baiano engloba também forças como Campo Formoso, um dos maiores centros
produtores de diamantes do país, as riquezas e os mistérios da Chapada Diamantina e todo o
progresso de Senhor do Bonfim. A TV São Francisco atua como um agente ativo do
desenvolvimento social e econômico, levando informação, educação e cultura aos
telespectadores da região” (REDE BAHIA DE COMUNICAÇÃO, 2003).
TV Oeste
“A Região Oeste está localizada em um ponto estratégico para o escoamento da produção
agropecuária e industrial do Estado. O potencial turístico, a cultura de grãos (lavoura e
indústrias de beneficiamento) em Barreiras e Luís Eduardo Magalhães e o potencial comercial
de Bom Jesus da Lapa dão a certeza de que a região representa uma importante fronteira para
o crescimento econômico do Estado. Inaugurada em fevereiro de 1991 e sediada em Barreiras,
a TV Oeste leva seu sinal a 21 municípios, marcando presença na vida da população e
participando ativamente do crescimento econômico da região” (REDE BAHIA DE
COMUNICAÇÃO, 2003).
TV Subaé
“Inaugurada em junho de 1988, a TV Subaé foi a primeira afiliada à Rede Globo no interior
da Bahia. Sediada em Feira de Santana. Segunda maior cidade do estado e principal centro
comercial do interior do Nordeste, a TV Subaé transmite sua programação para 48
municípios, levando informação e entretenimento, além de incentivar a cultura e as
manifestações populares da região” (REDE BAHIA DE COMUNICAÇÃO, 2003).
A autora Lima (2006) traz sua consideração sobre a Rede Bahia de Comunicação,
mostrando como esta, através da sua produção regionalizada e do seu investimento em
35. 35
tecnologias, bem como em suas emissoras regionais, tem conquistado exponencialmente não
só o mercado da mídia eletrônica como também os seus demais segmentos.
A Rede Bahia de Comunicação representa, de certo modo, a realidade dos grupos
regionais pelo Brasil, enquanto proposta de mudança. A “maior do Norte/Nordeste”
serve de exemplos para outros grupos. Assim como no Sul, a RBS já havia
percebido esse filão, de regionalização, agora temos as outras empresas de mídia
acompanhando essa tendência, que está voltada para a modernização, a tecnologia e
o investimento. Somente assim, para enfrentar o mercado cada vez mais
competitivo. (LIMA, 2006, p.26)
A autora afirma que a Rede Bahia, assim como a RBS, percebeu na regionalização da
programação um caminho para o sucesso da mídia regional.
36. 36
2. TV SUBAÉ
2.1 - HISTÓRIA
A TV Subaé é uma emissora de televisão, situada em Feira de Santana na Bahia.
Como já citado, foi inaugurada no dia 1º de junho de 1988, configurando-se como a primeira
emissora afiliada à Rede Globo no interior da Bahia.
Quando a emissora surgiu fazia parte do Grupo Modesto Cerqueira, que levava o
nome do seu presidente. Após a morte de Modesto Cerqueira, o grupo passou a ser
comandado pelo seu filho, Modezil Cerqueira. Em 1999, o Grupo Modesto Cerqueira se
desfez de outros veículos de comunicação em Feira de Santana, como as Rádios Subaé AM,
Subaé FM e o Jornal Feira Hoje, todos vendidos para o Sistema Nordeste de Comunicação.
No mesmo ano, o empresário Modezil Cerqueira vendeu partes de suas ações para a Rede
Bahia. Hoje a TV Subaé faz parte da Rede Bahia de Comunicação.
Através do Núcleo de Jornalismo da Rede Globo, vieram alguns profissionais de
Minas Gerais e São Paulo implantar a TV Subaé, entre eles Sílvio Palma, que foi o primeiro
diretor de jornalismo, Marcos Pizano, editor de texto da TV Leste/Globo Minas, João Aldemir
Venceslau, editor de texto da TV Leste/Globo Minas que também fez parte da equipe de
implantação da TV Santa Cruz de Itabuna-BA, o repórter Ciro Porto da EPTV São Paulo,
Aline Hungria, repórter da TV Globo São Paulo, Ferreira, gerente de operações da TV Globo
São Paulo, entre outros profissionais nas áreas de operações, operações comerciais,
programação e engenharia. O mercado de TV de Salvador, o único da época na Bahia,
também contribuiu com muitos profissionais na fase inicial de transmissão da TV Subaé.
Como afirma Marcílio Costa, Chefe de jornalismo da TV Subaé, em entrevista
concedida no dia 22 de outubro de 2009,
37. 37
A TV começou com a maioria da mão de obra vinda de fora. A cidade não tinha
televisão, não tinha mão de obra disponível. Vieram grupos da Globo implantar a
televisão em seus diversos setores: pessoas vieram fazer levantamentos na parte do
jornalismo, avaliação, e escolher as pessoas que iam trabalhar. Nesse momento
vieram pessoas de fora que já conheciam e trabalhavam com televisão, mesclou com
o pessoal daqui e foi formada a mão-de-obra a partir daí.
Para Costa (2009) a implantação da TV Subaé teve um impacto muito grande na
cidade. Segundo ele, “a TV Subaé é um marco não só na história do meio de comunicação,
como também na história de Feira de Santana, tendo uma grande importância para a
comunidade”. Ele afirma que TV Subaé busca, todos os dias, ficar mais próxima do
telespectador.
TV Regional é aquela que mostra a cara das pessoas que estão ali, esse é o principio
da TV Regional, quando as pessoas vêem suas demandas sendo mostradas e
atendidas. É conseguir chegar mais próximo das necessidades da comunidade, e
quando se consegue atender uma boa parte dessa demanda. É isso que a TV Subaé
busca todos os dias: ficar mais próximo do telespectador, é mexer no nosso formato,
é um aprendizado diário, sempre buscando colocar o telespectador em evidência.
Bazi (2001) confirma a importância que uma TV tem para a comunidade na qual está
inserida, ao afirmar que as empresas de televisão que atuam num âmbito regional adquirem
um papel fundamental, pois são elas que produzem e transmitem informações aos
telespectadores, podendo dessa maneira, criar uma identidade com as comunidades.
2.2 - ÁREA DE COBERTURA
A TV Subaé transmite sua programação para 48 municípios5 situados próximos à
cidade de Feira de Santana, levando seu sinal também a outras cidades importantes, tendo um
5
Água Fria, Alagoinhas, Amargosa, Amélia Rodrigues, Anguera, Antônio Cardoso, Araçás, Araci, Aramari,
Barrocas, Biritinga, Cairú, Candeal, Castro Alves, Conceição da Feira, Conceição do Coité, Conceição do
Jacuípe, Coração de Maria, Cruz das Almas, Feira de Santana, Iaçu, Ichú, Ipecaetá, Ipirá, Irará, Itaberaba, Itatim,
Jiquiriça, Lage, Lamarão, Mutuípe, Ouricangas, Pedrão, Rafael Jambeiro, Retirolândia, Riachão do Jacuípe,
38. 38
maior destaque as cidades de Santo Antonio de Jesus e Alagoinhas. Ela atinge cerca de 1
milhão e 500 mil telespectadores, com 372.099 domicílios com TV. Segundo Cristiane
Macário, coodernadora de Marketing, em entrevista concedida no dia 22 de outubro de 2009.
Além de Feira de Santana, a TV fez uma divisão por regiões, sendo a cidade de Santo
Antônio de Jesus a cabeça do Recôncavo Sul e do lado oposto, geograficamente, está
Alagoinhas, localizada no leste da Bahia. Estas duas cidades foram estabelecidas como
principais, porque geram mais notícias e a distância em relação à Feira de Santana não é
grande se comparada a outras cidades, o que facilita ir nas duas cidades em um turno e
retornar à TV com a matéria, como afirmou Costa (2009). Em Santo Antonio de Jesus existia
um escritório regional com equipe locada lá, mas atualmente está desativado.
Estas demais cidades de cobertura da TV Subaé não comportam ter uma equipe
permanente instalada. Nós temos consciência que são 48 municípios, mas como em
toda emissora regional, não só aqui, não se consegue cobrir todos os 48 municípios,
então fazemos rondas. Tem produtores encarregados por região: através das rondas
vemos o que vai gerar notícia. A Globo não vai cobrir todos os estados como cobre
Rio de Janeiro e São Paulo, então são as TVs Regionais que chegam mais próximo
do telespectador. (COSTA, 2009)
Ainda Segundo Costa (2009), no mês de setembro de 2009, a TV Subaé exibiu 292
matérias inéditas, onde 17 matérias foram regionais e 275 foram locais. Diante destes dados
podemos perceber que a emissora, apesar de se denominar regional, privilegia algumas
cidades mais importantes. Esse aspecto, presente em muitas emissoras, tem gerado muitos
debates sobre o papel de uma emissora regional. Porém sempre é levantado o aspecto da
viabilidade, lembrando que apesar de ser regional é difícil para uma emissora cobrir todos os
municípios da região a qual seu sinal atinge.
Sobre este dilema local x regional em relação à TV Subaé, Costa (2009) diz que
é inegável que Feira de Santana tem um maior espaço pela sua economia e pela
força da notícia, e que por a emissora estar instalada na cidade é natural que esta
ganhe uma maior relevância. Portanto, é uma emissora local/regional com
Santa Bárbara, Santanópolis, Santo Antonio de Jesus, Santo Estevão, São Gonçalo dos Campos, São Miguel das
Matas, Serra Preta, Serrinha, Tanquinho, Teofilândia, Valença, Valente.
39. 39
expectativa de se tornar cada vez mais regional..
Além de Alagoinhas e Santo Antonio de Jesus, a TV Subaé busca notícias factuais e
curiosas, a exemplo de matéria produzida na cidade de Serrinha, onde um morador coleciona
400 aparelhos rádios.
Ainda segundo Costa (2009), outros fatos inusitados e de interesse público da região
estão sempre sendo buscados pela equipe de jornalismo da TV Subaé, como o caso de uma
mulher que caiu numa cisterna na cidade de Santo Estevão. Costa conta que a TV recebeu a
notícia pelo telefone, mas não sabiam se era verídica. A TV entrou então em contato com o
corpo de bombeiros, que confirmou a notícia. A TV enviou sua equipe até a cidade para fazer
a matéria e ao chegar ao local, a mulher já havia sido resgatada, mas como alguns moradores
filmaram o episódio pelo celular, a equipe teve acesso à gravação. Conforme Costa (2009),
“foi uma história muito impactante e por isso foi transmitida pela TV Bahia. Essa matéria teve
força suficiente para que nos deslocássemos para Santo Estevão. Quando um fato é forte pode
ser no distrito mais distante, não medimos esforços e vamos à cidade”. Esse episódio mostra
ainda como o jornalismo regional pode ser feito a partir da interação e participação da
população.
Bastos Silva, após um levantamento de dados sobre duas emissoras da Baixada
Santista chegou à conclusão que,
as tevês regionais por uma série de questões procuram dar cobertura maior para a
cidade mais importante da sua região. Este fato tem gerado muitas criticas e
discussões sobre o papel que as emissoras deveriam prestar para a região. As
empresas se defendem afirmando que não tem equipes suficientes para realizar uma
cobertura cabal ou ás vezes não se justifica enviar uma equipe para um município
muito distante sem haver razão maior. (SILVA, 1997 apud BAZI, 2001, p.16).
A TV Subaé não foge a esta realidade, porém de acordo com o diretor de jornalismo
da TV, há a consciência do papel de uma emissora regional e o objetivo de cada vez mais ir
expandindo a produção, equipe e equipamentos para contemplar as demais cidades da região.
40. 40
2.3 - PROGRAMAÇÃO
A grade de programação é composta pela retransmissão dos programas nacionais da
Rede Globo de Televisão e por três programas regionais, exclusivamente jornalísticos.
Diariamente são exibidos os telejornais Jornal da Manhã, Bahia Meio Dia e o BA TV,
este último transmitido à noite, nos mesmos moldes que combinam produção local com
produção exibida para todo Estado comandada pela TV Bahia, principal emissora da Rede
Bahia de Comunicação, com sede na capital do Estado.
O jornal da Manhã é exibido de segunda a sexta-feira, às 06h 30 min. Antes exibido
apenas duas vezes por semana, atualmente ganhou mais espaço na programação sendo
transmitido diariamente. É apresentado por Lete Simões, que traz as principais notícias de
Feira de Santana e região logo cedo. O telejornal apresenta notícias e informações de utilidade
pública, oferta de empregos, previsão do tempo e sempre um assunto de interesse geral
discutido em entrevista, ao vivo no estúdio. Através das câmeras espalhadas pelos principais
pontos da cidade, o telespectador é orientado sobre as condições do tráfego e sobre os fatos
que aconteceram durante a noite e a madrugada, (sendo mostrados no Jornal da Manhã).
O jornal Bahia Meio Dia é exibido de segunda a sábado às 12 h e 20 min, apresentado
por Madalena Braga. O programa tem como uma das suas principais características levar a
informação ao vivo, onde quer que o fato aconteça. É o programa que mais divulga os
problemas da comunidade: o Bahia Meio Dia apresenta quadros de cunho social, como o
“Desaparecidos”, exibido todas as quartas-feiras na praça da Catedral, que ajuda as famílias a
encontrarem seus parentes e o quadro de “Empregos”, que dá a oportunidade de
desempregados buscarem uma nova oportunidade no mercado de trabalho. As ofertas de
trabalho são exibidas todos os dias: a empresa entra em contato com a TV, e não tem custo
para anunciar sua vaga, como afirmou Macário (2009).
41. 41
No Bahia Meio Dia sempre há presença de um artista da terra mostrando seu talento e
a agenda cultural é exibida toda a sexta-feiras. É o telejornal que tem a maior duração, e nesse
espaço maior a TV aproveita para divulgar os eventos da cidade, levar um artista no estúdio e
exibir o quadro de desaparecidos, que é sucesso da TV Subaé, como afirma Costa (2009).
Como exemplo, ele conta uma história que aconteceu no início do mês de outubro
deste mesmo ano em que o Bahia Meio Dia exibiu o caso de um paciente que estava internado
há um ano no Hospital Colônia Lopes Rodrigues. Após sofrer um acidente o indivíduo perdeu
a memória e o contato com a família. A matéria foi exibida no Bahia Meio Dia às 12h e às 13h
do mesmo dia, a família entrou em contato com a TV Subaé e o reencontro foi marcado.
Costa afirma através desse caso a importância da prestação de serviço à comunidade
como característica marcante da TV regional, “só a televisão com a força que ela tem, com a
imagem, é capaz de fazer reencontros. Isso é TV Regional” (COSTA, 2009).
Os meios de comunicação de uma cidade permitem que o cidadão tenha conhecimento
sobre informações que se referem ao seu cotidiano, o que é reforçado por Coutinho e Martins
(2008). O telejornal local é um mediador entre o receptor e a cidade; através do telejornal o
telespectador se conecta a ela, partilha e assiste pela televisão histórias de cidadãos que vivem
problemas semelhantes aos seus. As autoras ainda afirmam que o telejornalismo regional se
torna ainda mais importante na construção da identidade local,
podemos concluir que se a programação veiculada pela televisão em rede nacional é
concebida como uma narrativa e/ou agente unificador, o telejornalismo regional se
torna ainda mais importante na construção da identidade local, na medida em que
pode ressaltar – e em alguns casos mesmo resgatar – a cultura das comunidades às
quais se destina, fazendo com que as pessoas se sintam retratadas e lembradas,
através da TV. (COUTINHO e MARTINS, (2008, p. 15).
Por fim, o jornal BA TV é transmitido à noite, às 19h e 05min, sendo exibido de
segunda a sábado. Ele também é apresentado por Lete Simões e, durante a sua exibição, conta
42. 42
com reportagens e flashes ao vivo sobre os principais fatos que ocorrem no fim do dia,
orientação do trânsito na hora do rush e cobertura especial das notícias do futebol.
O jornalismo de TV que tenha um caráter realmente local pode influenciar o
sentimento de pertencimento do cidadão, de reconhecimento por ele do que seria o
seu espaço público; o telespectador que assiste ao telejornal local se identifica com o
que está vendo porque a notícia da cidade apresentada na tela efetivamente faz parte
da sua vida cotidiana. (COUTINHO e MARTINS, 2008, p.4)
Ele é considerado o telejornal mais assistido da televisão baiana, como afirma Costa
(2009) “100% da programação da TV Subaé é líder de audiência, e os telejornais são
campeões de audiência. A maior audiência da TV Subaé é o BA TV, que muitas vezes fica na
frente do Jornal Nacional, o que é normal, pois as pessoas se identificam com o jornal local”.
2.4 - AUDIÊNCIA
A pesquisa de audiência da TV Subaé é realizada pelo Instituto IBOPE, que é
responsável por fazer medição em veículos de comunicação. Uma vez por ano, funcionários
do Ibope vêm à Praça de Feira de Santana, selecionam alguns domicílios e distribuem um
manual com orientação para o telespectador. Cada vez que o telespectador assistir a
determinado programa ou canal, marca no caderno. Eles retornam até a casa desses
moradores, recolhem o caderno e enviam os dados para o Instituto Ibope.
Após uma análise, o IBOPE tira as conclusões necessárias para medir a audiência e
perfil da emissora. Nesta tabela são classificadas a audiência e participação durante a exibição
de cada telejornal, o perfil do público, como classe social, sexo e a faixa etária dos
telespectadores. A última pesquisa desta natureza foi realizada em maio de 2009.
Nas emissoras que possuem um mercado publicitário forte essa pesquisa pode ser
realizada diariamente, ponto a ponto, como no caso da TV Bahia. Apesar de Feira de Santana
ter um bom mercado publicitário “este tipo de audiência ponto a ponto, tem um custo muito
43. 43
alto para uma cidade do porte de Feira de Santana e por isso é realizada a pesquisa ano a ano”
afirma Costa (2009). Outra forma citada de medir a audiência é através de outros veículos de
comunicação: “a audiência é medida pelo retorno da comunidade ao telefone ou e-mail”.
Televisão, e quem não enxergar isso mude de ramo, é negócio alimentado pela
audiência. Ou seja, o público é que define. Se nós temos a capacidade de fazermos
um projeto que agregue audiência, nós devemos fazer. Se o nosso projeto não agrega
audiência, nós temos que examinar. E se com certeza ele diminui a audiência, nós
temos que eliminá-lo. (CRUZ, 1996 apud BAZI, 2001, p.64)
Segundo Macário (2009), o perfil do público da TV Subaé é variado, uma vez que a
TV Subaé procura atender a toda população, criança, jovem e idoso. “A TV Subaé tenta
trabalhar com esse público tanto para projetos comerciais como sociais, baseada na pesquisa
que o Ibope realiza.” Este tipo de pesquisa é realizado também na Rede EPTV (Emissoras
Pioneiras de Televisão), nas praças de Campinas, Riberão Preto e São Carlos, onde algumas
pessoas são selecionadas e ouvidas em estúdio. Como afirma o diretor Coutinho Nogueira,
“nós ouvimos grupos de audiência da classe A, B, C e D naquele vidro escondido na sala,
onde tudo é gravado. Ao mesmo tempo em que as pessoas têm amor, cumplicidade com a
emissora, elas também ‘descem o pau’ querendo mais” (NOGUEIRA, 1999 apud BAZI,
2001, p.64).
Figura 1: Jornal da Manhã
DADOS DE AUDIÊNCIA E PERFIL DE PÚBLICO
JORNAL DA MANHÃ 64 PERFIL DO PÚBLICO 11%
16%
5%
17%
8%
24% 35%
11%
57%
13 68% 48%
04 a 11 1 a1
2 7 1 a 24
8
04 A 11 FEM ININO M A SCULINO
Audiência Participação (%) AB C DE 25 a 49 50+
Fonte: IBOPE Media Quiz, maio/09. Praça: Feira de Santana.
44. 44
Figura 2: Bahia Meio Dia
DADOS DE AUDIÊNCIA E PERFIL DE PÚBLICO
BAHIA MEIO DIA 61 PERFIL DO PÚBLICO
11%
18%
12%
12% 23%
30%
28%
15%
17
44%
47%
60%
04 a 11 1 a1
2 7 1 a 24
8
Audiência Participação (%) 04 A 11 FEM ININO M A SCULINO
AB C DE 25 a 49 50+
Fonte: IBOPE Media Quiz, maio/09. Praça: Feira de Santana.
Figura 3: BA TV
DADOS DE AUDIÊNCIA E PERFIL DE PÚBLICO
PERFIL DO PÚBLICO 9%
BATV 80 17%
12%
52 12% 21%
26% 25%
15%
47%
62% 54%
04 a 11 1 a1
2 7 1 a 24
8
Audiência Participação (%) 04 A 11 FEM ININO M A SCULINO 25 a 49 50+
AB C DE
Fonte: IBOPE Media Quiz, maio/09. Praça: Feira de Santana.
45. 45
Através dos gráficos explicitados acima sobre a audiência da TV Subaé em seus
telejornais, pode-se concluir que em todos os telejornais a classe C é a que mais assiste os
telejornais e que a maioria dos telespectadores é do sexo feminino e possui faixa etária de 25 a
49 anos. Por isso as emissoras de TVs devem mesmo ter preocupação com a audiência e,
principalmente, com a opinião da comunidade, afinal a programação é feita para ela e voltada
para a mesma. A audiência determina ainda a intensidade da influência que o jornal pode
causar e também indica o grau de identificação entre telespectador regional e conteúdos
veiculados. A conquista da audiência depende da qualidade da programação e da credibilidade
da emissora junto ao seu público. Como afirma Nogueira,
(...) ter audiência é ter respeitabilidade. Nós não podemos nunca induzir, sugerir,
criar algum mecanismo numa região que influencie a população e, sim, retratar com
fidelidade os fatos. Certamente o nosso poder de audiência hoje é muito grande, mas
o é, porque o trabalho tem credibilidade. Se a gente começar a fazer besteira,
começar a tentar manipular a opinião pública, não conseguiremos, pois não existe
mais o telespectador “bobo”. (NOGUEIRA, 1999 apud BAZI, 2001, p. 63)
A audiência de uma emissora regional é determinada pela satisfação da comunidade
com determinada matéria ou projeto social realizado pela emissora. O público é quem avalia
se tal matéria vai ter sucesso ou não; tudo depende da comunidade e para uma TV regional a
audiência é um fator determinante de aceitação e sustentação.
2.5 - PRODUÇÃO DE NOTÍCIAS: O JORNALISMO
O número de funcionários da Instituição é de 77 pessoas, entre funcionários da própria
Instituição e prestadores de serviços. A estrutura de coordenação do jornalismo da TV Subaé
funciona na redação, com um chefe de jornalismo, um chefe de reportagem, cinco equipes de
externas, quatro pessoas internamente na produção dos telejornais e três editores.
A equipe conta com o apoio também do supervisor de operações, cinegrafistas,
editores de imagem e auxiliares, que não pertencem diretamente ao jornalismo, mas prestam
46. 46
serviço ao jornalismo. Segundo Costa (2009), “na TV não há equipes fixas para o jornal, todo
mundo faz tudo e atende também aos pedidos para todos os jornais da TV Bahia e Rede
Globo”.
A produção de notícias é feita de diversas maneiras, sendo uma delas através de um
programa chamado I News, que é um gerenciador de jornalismo, utilizado também pela Rede
Globo e suas demais afiliadas. Costa (2009) conta que dentro deste programa tem uma pasta
que à medida que a notícia chega vai sendo alimentada dentro de uma data prevista. Outra
forma utilizada é tipo agência escuta. Toda a informação que chega é avaliada para saber o
que precisa ser feito para a realização da matéria
Como toda TV, e principalmente em uma regional, as fontes bases são sempre as
mesmas e as rondas diárias são realizadas. A TV Subaé faz contato com órgãos competentes
da cidade como polícia, prefeitura, hospitais, polícia rodoviária federal, bombeiros, setores
que sempre tem alguma informação. Costa (2009) afirma que “são estabelecidas relações com
determinados órgãos, fontes praticamente permanentes, e então decidimos a notícia que
interessa e fazemos a matéria”.
A TV Subaé também é muito procurada pelos telespectadores que sempre têm alguma
informação; essas informações são verificadas e se forem verídicas a TV produz a matéria.
Conforme Costa (2009), a TV Subaé tem um fluxo representativo de informações que chegam
pelo telespectador, através de e-mail ou telefone. É preciso então fazer uma triagem e ver o
que é notícia e a partir daí avaliar se aquela informação vira matéria ou não.
Muitas vezes uma notícia nacional pode ter um viés de local, como economia que é
um assunto comum a todos. Vamos falar sobre isso e trazer o telespectador para
dentro da notícia; não é repetir a mesma matéria que o jornal nacional, mas trazer a
notícia para o contexto local. (COSTA, 2009)
Ainda segundo Costa, a maior dificuldade para a produção de programas regionais é a
falta de recursos e de mão de obra local. A TV encontra essa maior dificuldade por ser a única
47. 47
TV de Feira de Santana. Ele diz que apesar de ter estudantes na cidade e região se formando
na área de Comunicação Social, falta a experiência e o profissionalismo.
O problema não é falta de notícia porque Feira é uma cidade muito grande onde tudo
acontece. A maior necessidade mesmo é mão- de- obra, o que precisa é ampliar o
quadro de pessoas que trabalham com TV, principalmente daquelas que trabalham
com vídeo, por que precisam de um treinamento específico. Nesse aspecto
encontramos muita dificuldade. (COSTA, 2009).
Ele afirma que através dos estágios estes estudantes têm a oportunidade de ingressar
na empresa e tornarem-se profissionais preparados, porém em virtude da legislação e do
regimento da própria empresa, há um limite de estagiários.
2.6 - RELAÇÃO COM A REDE BAHIA
PRODUÇÃO E RECEPÇÃO – COMO SE DÁ O PROCESSO
A distribuição do sinal para as emissoras
regionais é feita via satélite e segue
basicamente o mesmo processo em todas as
emissoras afiliadas. Em alguns casos são
utilizados links de microondas que auxiliam,
por terra, essa distribuição padrão via satélite.
A distribuição nacional é feita pela Geradora,
também denominada Cabeça de Rede. Ela é
responsável pela maior parte da programação
da rede, ou seja, gera nacionalmente
praticamente todos os programas da
emissora, além dos telejornais e comerciais
nacionais. Esse sinal é transmitido via satélite
para as Geradoras Estaduais, localizadas nas
capitais de cada estado, que se tornam a
Cabeça de Rede Regional. São inseridos então os telejornais e comerciais estaduais
e, novamente via satélite, esse sinal é distribuído para as Geradoras Locais que
inserem a sua programação e comercialização regional. Finalmente esse sinal é
transmitido via UHF para os domicílios da área de cobertura de cada uma das
emissoras locais. (RETT, 2004, p.7)
Figura 4: Tráfego do sinal da geradora á emissora local. Ilustração: Mauricio Rett