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UNIVERSIDADE do ESTADO da BAHIA
    Lorenna Katharine Nascimento Oliveira




TV REGIONAL: O JORNALISMO DA TV
             SUBAÉ




               Conceição do Coité
                     2010
Lorenna Katharine Nascimento Oliveira




TV REGIONAL: O JORNALISMO DA TV SUBAÉ



                        Trabalho de conclusão apresentado ao curso de
                        Comunicação Social com habilitação em
                        Rádio e TV, da Universidade do Estado da
                        Bahia, como requisito parcial de obtenção do
                        grau de bacharel em Comunicação, sob a
                        orientação da Professora Especialista Carolina
                        Ruiz de Macêdo.




               Conceição do Coité
                     2010
Lorenna Katharine Nascimento Oliveira




TV REGIONAL: O JORNALISMO DA TV SUBAÉ



                         Trabalho de conclusão apresentado ao curso de
                         Comunicação Social com habilitação em
                         Rádio e TV, da Universidade do Estado da
                         Bahia, sob a orientação da Professora Carolina
                         Ruiz de Macedo.



              Data: ____________________________
              Resultado: ________________________


              BANCA EXAMINADORA
              Profª. (Orientadora) Carolina Ruiz de Macêdo (Esp)
              Assinatura: _______________________


              Profª. Patrícia Rocha de Araújo (Esp)

              Assinatura________________________


              Prof. Tiago Santos Sampaio (Esp)
              Assinatura________________________
A Deus pela sua graça e fidelidade. A minha
família que sempre me incentiva me
mostrando que nada é impossível quando se
tem um ideal.
AGRADECIMENTOS




A Deus, pois sem Ele eu não teria completado mais essa etapa da minha vida .

Aos meus pais que valorizam meus acertos e por depositarem em mim um sonho.


Ao meu esposo Tito pelo amor e compreensão, e por estar presente desde o início da minha
trajetória acadêmica.

A minha querida orientadora Carolina Ruiz pelo incentivo e apoio a cada produção entregue,
na busca de cobrar sempre o mais completo e por acreditar em meu potencial. Sou muita grata
a você Carol;

À equipe da TV Subaé, que sempre me forneceu informações imprescindíveis para a
elaboração da minha pesquisa. Em especial Romilson Santos, Marcílio Costa e Cristiane
Macário.

E a todos aqueles que contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho.
“A vocação final de uma emissora de TV
efetivamente integrada à comunidade é fazer
jornalismo e programação local, alavancar a
economia local por meio da publicidade,
apoiar os eventos e iniciativas da região e,
acima de tudo, colocar as pessoas da região na
tela da TV”.

Mercado Global, Rede Globo, 3º trimestre de
2003, ed. nº. 113, p. 96 apud Rocha, 2003,
p12.
RESUMO



              TV REGIONAL: O JORNALISMO DA TV SUBAÉ

No ano 1988 é instituída a TV Subaé, a primeira afiliada da Rede Globo no interior da Bahia,
localizada em Feira de Santana, região que pertence ao semi-árido baiano. Entendendo que os
meios de comunicação estão diretamente ligados aos fatores sociais e desenvolvimento de
uma determinada região, é necessário refletir sobre a relação estabelecida entre a TV Subaé e
a região. Este trabalho tem como objetivo principal compreender como o regional é
apresentado no jornalismo da TV Subaé e se esta pode ser considerada uma emissora regional.
Sendo assim, os objetivos específicos propostos pela pesquisa são delinear o histórico da TV
Subaé em seus 21 anos de existência, identificar os projetos sociais e culturais desenvolvidos
pela emissora e verificar como a microrregião de Feira de Santana, principal região abrangida
pela TV Subaé, aparece no seu telejornalismo. Esta pesquisa utilizou o método da análise de
conteúdo para categorizar e analisar as matérias veiculadas no telejornal para que após a
análise desses dados, pudesse ser identificado como o regional é apresentado no jornalismo da
TV Subaé. Verificou-se que a TV busca valorizar o regional, mostrando a figura do
nordestino através de suas manifestações culturais e fortalecendo a identidade regional através
das matérias exibidas no seu telejornalismo.




Palavras-chave: Telejornalismo, cultura regional, identidade regional, região.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES


Figura 01 – Dados da audiência e perfil do público do Jornal da Manhã................................43

Figura 02 – Dados da audiência e perfil do público do Jornal Bahia Meio Dia.......................44

Figura 03 – Dados da audiência e perfil do público do Jornal BA TV.....................................44

Figura 04 – Ilustração do tráfego do sinal da geradora à emissora local..................................47

Figura 05 – Mapa do portal do sertão.......................................................................................57

Figura 06 – Mapa da Bahia.......................................................................................................57
SUMÁRIO



Introdução ....................................................................................................................10

1. História da televisão no Brasil................................................................................14
   1.1 Desenvolvimento da TV ................................................................................................. 14
   1.2 Desenvolvimento da TV Regional.................................................................................. 20
   1.3 TVs Regionais: uma trajetória de sucesso ...................................................................... 25
   1.4 TV Bahia......................................................................................................................... 29

2. TV Subaé ..................................................................................................................36
   2.1 História............................................................................................................................ 36
   2.2 Área de Cobertura ........................................................................................................... 37
   2.3 Programação ................................................................................................................... 40
   2.4 Audiência ........................................................................................................................ 42
   2.5 Produção de Notícias: o jornalismo ................................................................................ 45
   2.6 Relação com a Rede Bahia ............................................................................................. 47


3. O regional na TV Subaé..........................................................................................49
   3.1 Metodologia da Análise .................................................................................................. 49
   3.2 Cultura e Identidade Regionais ....................................................................................... 53
   3.3 A Região na TV – análise das matérias .......................................................................... 61
   3.4 A TV Subaé no Contexto de uma TV Regional ............................................................. 77


Considerações Finais ...................................................................................................84
Referências .............................................................................................................................. 86
10



Introdução

          O homem, como ser social, sente necessidade de estar situado no mundo, conectado à

informação, de ter conhecimento dos acontecimentos mundiais – aqueles aos quais ele não

teria acesso sem os meios de comunicação – mas também dos que acontecem perto, na sua

região, cidade e vizinhança.

          A televisão é o meio de comunicação mais utilizado no Brasil. É considerado o

principal veículo de comunicação, pois suas informações são divulgadas com muita agilidade

e segurança, aproximando pessoas que se encontram geograficamente distantes. Ela está

presente na vida da maior parte das pessoas no mundo contemporâneo, com a presença de

protagonistas que entram diariamente nos lares para proporcionar diversão, informação, bem

como estimular o consumo de determinados bens simbólicos e materiais. Pesquisas apontam

que no Brasil a maioria dos lares possui pelo menos um aparelho televisor e que nas classes

média e alta existe mais de um aparelho por domicílio (FRANÇA, 2006).

          A televisão cresceu no país e hoje representa um elemento importante na cultura

brasileira. Ela também cumpre uma função de identificação com o seu público, que é muito

vasto e diversificado. O público consegue se identificar com o apresentador do telejornal ao

serem retratadas notícias de sua região, ou mesmo com um personagem de novela, e por isso

sua linguagem deve ser clara. Apesar de existirem diferenças econômicas, sociais e culturais,

a TV permite que haja uma integração entre as regiões do Brasil, com assuntos que permeiam

o país.

          A TV na Bahia começou a se expandir na década de 70 com o investimento cada vez

maior nos meios de comunicação regionais. Em 1º de junho 1988 é implantada a TV Subaé,

primeira afiliada da Rede Globo no interior da Bahia, situada na cidade de Feira de Santana,

segunda maior cidade do Estado e principal centro comercial do interior do Nordeste. A partir

de então surgiram novas emissoras de TV que fazem parte da Rede Bahia de Comunicação: a
11



TV Santa Cruz, em Itabuna; a TV Sudoeste, em Vitória da Conquista, a TV Oeste, em

Barreiras e a TV São Francisco, em Juazeiro. Iremos nos deter a TV Subaé, que é o objeto de

estudo do presente trabalho.

       Uma TV regional tem um compromisso com o público de traduzir sua cultura e

representar o comportamento de seus grupos sociais, além de contribuir na construção da

cidadania através de ações que integram a comunidade, mostrando suas carências,

potencialidades e denunciando as reais necessidades da população. Diante disso, a

programação local, exibida pelas TVs Regionais, tem tido muita importância, já que as

grandes redes não conseguem atender a uma demanda tão grande de regiões, apresentando

simultaneamente notícias globais e informações ligadas ao cotidiano das regiões.

       A identidade regional é outro aspecto relacionado à TV regional, onde o telejornal é

fundamental na construção, manutenção ou reinvenção dessa identidade, podendo gerar no

telespectador uma identificação com a TV ao ver os acontecimentos do seu cotidiano mais

próximo sendo apresentados. Busca-se com esta pesquisa compreender como o regional é

apresentado no jornalismo da TV Subaé.

        A hipótese levantada é que a existência da TV Subaé, com a possibilidade de

disseminação de conteúdos locais, contribui para o fortalecimento do vínculo entre

comunicação e cultura regional.

       A relevância deste trabalho se justifica pela contribuição às pesquisas no campo da

comunicação regional, facilitando a compreensão deste assunto para a área de comunicação

social. Mesmo com o enfoque em uma emissora e região específicas, esse trabalho pretende

discutir conceitos que são úteis e aplicáveis a outras realidades.

       Portanto, esta pesquisa é válida no que diz respeito ao desenvolvimento da TV

regional na Bahia, tema pouco explorado ainda nesse sentido, identificando a contribuição e o
12



papel que a TV Subaé tem na região ao propagar a comunicação regional e ao fortalecer a

identidade.

       Os procedimentos metodológicos e suportes utilizados para a realização da pesquisa

foram o levantamento bibliográfico e, para a coleta de dados, as entrevistas semi-estruturadas

com alguns funcionários da emissora a fim de esclarecer as indagações e atender os objetivos

especificados na investigação, servindo também como subsídios para análise. A Análise de

Conteúdo foi efetivada no III capítulo a fim de facilitar a interpretação das matérias exibidas

no telejornal.

       É válido ressaltar que a TV Subaé não possui documentos ou registros institucionais

escritos sobre a sua história, por isso foram úteis as entrevistas com funcionários que estão

presentes na emissora desde a sua implantação. A pesquisa pode, assim, identificar como a

TV Subaé apresenta e se relaciona com esta região na qual está inserida.

       No        primeiro   capítulo   traça-se   uma   contextualização   histórica,   desde    o

desenvolvimento da TV no Brasil até a chegada das grandes redes de televisão regionais,

principalmente a chegada da TV na Bahia, mostrando ainda como se deu esse

desenvolvimento das TVs regionais em alguns estados brasileiros, onde muitas redes

regionais são exemplos de sucesso.

       No segundo capítulo será apresentado o objeto de estudo deste trabalho - a TV Subaé

no contexto de uma TV regional - delineando seu histórico desde a sua implantação até a sua

expansão, a área de cobertura, a produção da programação local do jornalismo e a relação

com a Rede Bahia e o “padrão Globo de qualidade” a fim de compreender como estes fatores

contribuem para o desenvolvimento “dos aspectos regionais nessa emissora”.

       O objetivo no terceiro capítulo é analisar o telejornal Bahia Meio Dia durante o mês

de setembro de 2009. As matérias exibidas diariamente foram gravadas em meio digital a fim

de apontar as principais categorias abordadas pelo telejornal, identificar quais são as regiões
13



representadas e entender como o regional é apresentado no telejornal. Identificar se a TV

Subaé pode ser considerada uma emissora regional, levando em conta os projetos sociais e

culturais desenvolvidos pela emissora e sua contribuição para a região também é outro

propósito explorado no capítulo.
14



         1. HISTÓRIA DA TELEVISÃO NO BRASIL



         1.1 - DESENVOLVIMENTO DA TV



         No dia 18 de setembro de 1950, o empresário e jornalista Assis Chateaubriand

inaugurou oficialmente a chegada da televisão no Brasil, data que marcou a década de 50 e

influenciou o país a um avanço tecnológico e econômico. Neste momento, o país passava a

experimentar a sensação de acompanhar uma programação pela TV, quando muitos países já

vivenciavam esta experiência. Seus primeiros anos foram marcados pela falta de recursos e de

profissionais habilitados, e principalmente pelas improvisações. A TV precisou apoiar-se no

rádio, aproveitando seus profissionais e técnicas, pois naquele período este era o meio de

comunicação de maior influência no país. (Mattos, 2002)

         A televisão contribuiu para a formação do mercado brasileiro que migrava do campo

para a cidade, vivendo um processo de modernização. Em pouco tempo ela se tornou a grande

catalisadora das emoções e do sentimento de pertencimento de uma nação, como afirma Costa

(2004). As primeiras imagens da televisão brasileira foram transmitidas pela TV tupi, Canal 3,

que nasceu com caráter de emissora local para depois tomar caráter de rede de dimensão

nacional, que se constitui na primeira estação de televisão da América do Sul. De acordo com

Costa,


                        como não havia o vídeo-tape toda a programação televisiva era produzida nas
                        regiões. Apesar de já passar por uma padronização na sua forma e conteúdo, ela era
                        caracterizada por elementos da cultura local, porém a partir da integração que
                        ocorrerá com o surgimento das grandes redes de televisão na década de 60, isso
                        deixará de acontecer. (2004, p. 1)


         Mattos (2002) descreve diversas fases da TV brasileira. Segundo o autor, os anos de

1950-1964 são caracterizados como a fase elitista da TV, quando só esta classe econômica

brasileira tinha acesso a este novo e atraente instrumento de comunicação. Durante esta fase
15



uma campanha publicitária começou a ser veiculada com o intuito de estimular as vendas dos

televisores, disseminando a ideia que todo o cidadão deveria ter um. Através desta campanha

houve um crescimento de telespectadores que queriam possuir o aparelho a qualquer custo,

investindo suas economias neste novo objeto de desejo. O texto da campanha dizia o seguinte:


                          Você quer ou não quer ver televisão? Para tornar a televisão uma realidade no
                          Brasil, um consórcio radiojornalístico investiu milhões de cruzeiros! Agora é a sua
                          vez - qual será a sua contribuição para sustentar tão grandioso empreendimento? Do
                          seu apoio dependerá o progresso, em nossa terra, dessa maravilha da ciência
                          eletrônica. Bater palmas e aclamar admiravelmente é louvável, mas não basta - seu
                          apoio só será efetivo quando você adquirir um televisor! (MATTOS, 2002, p.82)


           A fase descrita como populista (1964-1975) foi quando a televisão ficou considerada

como um exemplo de modernidade e os programas de auditório tomaram grande parte da

programação. A década de 60 foi o período onde a TV brasileira sofreu influencia do governo

militar.

           O período da ditadura militar no Brasil foi marcado também pelo projeto de integração

nacional, aonde os militares investiram no setor das telecomunicações e infraestrutura para

que o país se tornasse integrado. O projeto foi bem sucedido, pois a televisão forneceu ao

brasileiro, elementos que contribuíram para reafirmar sua identidade nacional através do amor

à pátria.

           Como afirma Bucci (1996, p.19), “a ditadura precisou da TV para sua sustentação

política, e a TV passou a precisar da ditadura para o seu sucesso junto ao público, pois a sua

glória dependia da apologia da pátria, da unidade apoteótica, dependia do êxtase da integração

nacional”.

           O Estado forneceu concessões, estimulou a produção nacional de aparelhos de TVs e

tornou disponíveis empréstimos a juros mais baixos para que o público pudesse comprar

aparelhos de TV. Essa foi uma das formas encontrada pelo governo para disseminar suas

ideias sobre segurança nacional e modernização das estruturas econômicas do país.
16



          Apesar de o governo militar ter criado condições para a compra e expansão dos

serviços de transmissão, ele criou também agências que controlavam os conteúdos dos

programas exibidos para a população. Os militares começaram a se preocupar com os

programas que vinham do exterior e eram transmitidos no Brasil, e passaram a cobrar das

emissoras que substituíssem os programas enlatados estrangeiros por uma programação

nacional que valorizasse a cultura do povo brasileiro. Segundo Mattos, durante o seu governo

o presidente Geisel dirigiu inúmeras recomendações às emissoras e concessionárias durante

uma palestra falando sobre o material que era reproduzido no Brasil.


                             57% da programação da televisão é importada e 43% é produzida por técnicos
                             brasileiros. Destes 43%, 34% é de matéria estrangeira, editada pelas emissoras
                             brasileiras. Isto significa que, para 109 horas de uma semana de programação,
                             apenas 31 são genuinamente brasileiras; as outras 78 são importadas. [...] A
                             televisão comercial impõe sobre as crianças e jovens uma espécie de cultura que não
                             tem nada a ver com a cultura brasileira... Em vez de atuar como um fator de criação
                             e difusão da cultura brasileira, a TV está realizando o papel de privilegiado veiculo
                             de importação cultural e está desnaturalizando a criatividade brasileira.
                             (CAMARGO e PINTO, 1975 apud MATTOS, 2002, p.104).



          No dia 26 de abril de 1965 nasce a atual e maior emissora do país, a Rede Globo de

Televisão, inaugurada no Rio de Janeiro. Neste mesmo ano vai ao ar pela TV Globo o Jornal

Nacional, exibido pela primeira vez no dia 1º de setembro, informativo transmitido para todo

o Brasil e que até hoje figura como o jornal de maior audiência e mais tradicional da história

da televisão brasileira. Hoje a rede reúne mais de 115 emissoras1 regionais afiliadas

espalhadas por todo o território nacional.

          Com o desenvolvimento da televisão, que já chegava a alcançar todo o território

brasileiro, surgem então, na década de 60, as grandes redes de televisão, chamadas de

“cabeças de rede”, cujo exemplo mais notório é a Rede Globo.

          Esta fase também foi marcada pela transição da TV preto e branco para a colorida.

Conforme Cruz (2008, p.36), “a TV em cores chegou ao Brasil em 1º de fevereiro de 1972,


1
    Fonte: Atlas Rede Globo 2000.
17



com a transmissão da festa da uva em Caxias do Sul (RS)”. Cruz (2008) afirma ainda que para

acompanhar a copa de 1974, a indústria vendeu mais que o esperado, e as emissoras que

achavam um absurdo algumas horas de programação em cores, resolveram migrar

rapidamente toda programação.

       A partir da década de 70, a Globo vê nas emissoras regionais uma oportunidade de

consolidar-se como líder através das suas afiliadas e a partir de então começa a investir muito

em equipamentos, em profissionais e em técnica, imprimindo nas suas diversas emissoras de

televisão o que chamou de “padrão Globo de qualidade”. Como afirma Lima (2006, p.16), “a

Globo tem um sistema especial de tratar suas afiliadas, procurando sempre otimizar e dar

qualidade às produções que são veiculadas na sua programação, seguindo ‘o padrão Globo de

qualidade”.

        Houve também a fase do desenvolvimento tecnológico (1975-1985), na qual as redes

de TV começaram a se aperfeiçoar e a produzir com maior intensidade e profissionalismo os

seus próprios programas com estímulo de órgãos oficiais, visando inclusive à exportação.

Segundo Mattos (2002,), na década de 80 constatou-se que a influência americana diminuiu

bastante, pois o Brasil já conseguia desenvolver a capacidade de produzir seus próprios

programas e passou a empregar seu próprio formato e tecnologia. Esta fase também foi

marcada pelo fim da censura, aonde os meios de comunicação tiveram uma liberdade maior

para exibir seus conteúdos. Foi constatado em 1980 que 55% de um total de 26,4 milhões de

residências já possuíam um aparelho televisor, como afirma Mattos (2002). Uma análise feita

por Straubhaar, sobre a nacionalização da programação brasileira constatou que,


                       o número de programas importados diminuiu consideravelmente, apesar de ainda
                       terem participação significativa na programação total. E que os programas
                       “enlatados”, que são considerados de baixo custo para as emissoras, passaram a ser
                       utilizados para o preenchimento da grade de programação nos horários da
                       madrugada, quando a audiência é bem menor e o faturamento publicitário não
                       justifica investimentos na produção de programas locais de alto custo.
                       (STRAUBHAAR, 1981 apud MATTOS, 2002, p.108).
18



       Outra fase caracterizada por Mattos (2002) é a da transição e da expansão

internacional (1985-1990). Esta fase é marcada pela transição do regime militar para o regime

civil, onde as primeiras mudanças no setor das comunicações começam a ocorrer em virtude

da nova constituição de 1988, que apresenta texto específico sobre a comunicação social

(capítulo V). De acordo com Mattos (2002), o artigo 221 fixou normas para a produção e a

programação das emissoras de rádio e televisão, segundo o qual as emissoras deveriam

promover programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas,

procurando estimular a produção independente visando a promoção da cultura nacional e

regional.


                       Nesta fase de desenvolvimento da televisão, o que se observa é a maior
                       competitividade entre as grandes redes, um contínuo avanço em direção ao mercado
                       internacional, com a Rede Globo implementando desde 1985 sua expansão
                       sistemática no exterior. (MATTOS, 2002, p.120).



       Neste mesmo ano, a TV Bahia foi implantada em Salvador, como afiliada da Rede

Manchete, e dois anos mais tarde foi escolhida pela Rede Globo como sua afiliada na Bahia.

Desde então segue o padrão de programação da mesma, fazendo parte da Rede Bahia de

Comunicação, considerado o maior grupo de comunicação do Norte e Nordeste. É também

nessa fase da transição e da expansão internacional que surge, em 1988, a TV Subaé em Feira

de Santana, primeira emissora afiliada da Rede Globo no interior do estado e integrante da

Rede Bahia de Televisão. Neste período de expansão da televisão, o presidente do Brasil, José

Sarney, se utilizou politicamente das concessões para emissoras de rádio e televisão. Ele

manteve as práticas clientelistas do governo de Figueiredo para a distribuição dos canais de

TVs e as concessões passaram então a servir como moeda política, ou seja, uma troca de

favores. O ministro das comunicações na época era Antonio Carlos Magalhães, e graças ao

seu cargo dentro do governo teve facilitada a compra da TV Bahia e de outros meios de

comunicação.
19



        A penúltima fase definida por Mattos (2002, p.125) é a fase da globalização e da TV

paga, na qual “com o desenvolvimento global na década de 90 começou-se a estabelecer as

bases para o surgimento estruturado da televisão por assinatura, via cabo ou via satélite,

estruturadas nos moldes americanos, e a se debater a televisão de alta definição”.

       Esta década registrou também os investimentos das redes nacionais no que diz respeito

às suas respectivas infraestruturas, visando aumentar cada vez mais a exportação e produção

de programas. Segundo Mattos (2002), foi também nessa fase que se estabeleceram várias

emissoras regionais, aumentando as possibilidades de uma maior regionalização e utilização

de canais alternativos. Bazi (2000, p.24) reforça esta ideia:



                        para atingir toda a extensão territorial do Brasil, as grandes redes de televisão são
                        formadas por emissoras filiais e emissoras afiliadas, empresas associadas a uma
                        emissora com penetração nacional de sinal, que retransmitem a programação da
                        rede, embora também produzam programas, telejornais e comerciais locais.



       Por fim, a última fase é chamada da convergência e da qualidade digital (2000- 2009).

No dia 29 de junho de 2006, o presidente Luís Inácio Lula da Silva, assinou o decreto nº.

5.820, que estabeleceu as normas para a digitalização da TV no Brasil. O padrão japonês

ISDB-T serviu como base para o sistema adotado no Brasil. O SBTVD-T, que significa

Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre, foi definido para o Brasil. A TV digital

aberta estreou no Brasil em 2 de dezembro de 2007, com transmissões na cidade de São

Paulo. Segundo Cruz (2008, p.15) “a digitalização traz a TV para o mundo da convergência,

em que toda a informação é transportada por qualquer tipo de rede”.

       Para Cruz A TV digital irá proporcionar ao Brasil um grande avanço tecnológico

maior do que foi a transição do preto e branco para a TV em cores,


                        contará com serviços interativos parecidos com o da Internet, alta definição com
                        imagem melhor do que a do DVD, multiprogramação, a transmissão de até quatro
                        programas simultâneos no mesmo canal, mobilidade, portabilidade, com recepção
                        do sinal em veículos em movimentos e também no celular. (CRUZ, 2008, p.17)
20



        A TV digital vai tornar os televisores mais próximos aos computadores, com

capacidade para armazenar dados, realizar compras pela TV, banco eletrônico, acesso a

Internet, informações do governo como Receita Federal e Previdência, serviços de postagem

como no correio, entre muitas outras novidades. Segundo Cruz (2008, p.18) “o período de

transição deve ir pelo menos até 2016, durante esse período a transmissão analógica vai

conviver com a digital, com isso cada emissora ocupara dois canais”. Ele afirma que “é a

maior transformação já enfrentada pelo meio de comunicação mais popular do país”. (CRUZ,

2008, p.15).



        1.2-DESENVOLVIMENTO DA TV REGIONAL



        Desde a década de 70 as grandes redes de televisão passaram a investir em emissoras

regionais, porém somente na década de 90 elas se estabeleceram e desenvolveram. As redes

regionais estão ligadas às grandes redes nacionais e retransmitem a sua programação tanto

numa esfera global quanto para uma determinada região.

        É válido verificar o que diz a Constituição Federal de 1988 sobre a regionalização da

programação nos veículos de comunicação TV e rádio:



                           A Constituição Federal, de 1988, em seu artigo 221, prevê a regionalização da
                           programação cultural, artística e jornalística das emissoras de Rádio e TV;

                           A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos
                           seguintes princípios:

                      1.   preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
                      2.   promoção da cultura nacional e regional e estimulo à produção independente que
                           objetive sua divulgação;
                      3.   regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais
                           estabelecidos em lei;
                      4.   respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.2




2
 BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, 1988, Capítulo V, Da Comunicação Social, Artigo
221.
21




Mattos (1990 apud Bazi, 2000, p.12) afirmou que “a TV regional já era prevista por muitos

estudiosos da comunicação como um fator primordial na década de 90”. Bazi (2001 apud

Campos, 2005, p.4) acrescenta que “a regionalização da programação da televisão é o

principal fator de sobrevivência das grandes emissoras do país”.

       No Brasil existem seis grandes redes comerciais operando em sistema de canal aberto:

Globo, Record, SBT, Bandeirantes, Rede TV e CNT/Gazeta. Segundo Bazi (2000, p.22) é a

Rede Globo de Televisão que usufrui de 70% da verba publicitária investida na mídia

televisiva. Algumas redes regionais pertencem a grupos políticos, empresariais, familiares e

religiosos, estes últimos, por sua vez, têm encontrado neste veículo um espaço para a

divulgação da mensagem religiosa.

       Para Fernandes (1996),


                       Existem três tipos de estações regionais: as TVs geradoras, ou seja, aquelas que
                       geram programação do próprio local em que estão instaladas; as retransmissoras,
                       isto é, aquelas que apenas possuem os equipamentos necessários para captar sinais
                       de sons e imagens recebidos de uma estação geradora, em geral da cabeça- de- rede
                       (no caso da Globo, por exemplo, a emissora líder é a Globo Rio de Janeiro) e
                       transmiti-los para a recepção dos aparelhos domésticos de TV, sem produzir
                       programa próprio; e as estações repetidoras, também chamadas de Estações de
                       Recepção Terrena (ERT), ou retransmissoras passivas, que apenas são capazes de
                       receber sinais e retransmiti-los. (FERNANDES, 1996 apud BAZI, 2001, p.24)



       Para seguir discutindo sobre a TV regional, é preciso entender a ideia de região.

Vários autores procuram definir o que seria local e regional e o que pode se observar é que os

dois termos não se restringem às fronteiras ou limites territoriais; é um espaço onde os

indivíduos se identificam e onde estes atores estão inseridos. Segundo Ortiz (1999 apud

VOLPATO; OLIVEIRA, 2007, p.2), “o local se confunde com o que nos cerca, está

realmente presente em nossas vidas. Ele nos conforta com sua proximidade, nos acolhe com

sua familiaridade.” Ao mesmo tempo em que o regional se liga ao território, observamos que

este não se refere somente ao aspecto geográfico. Cecília Peruzzo também traz a sua
22



contribuição ao confirmar que “região não se delimita apenas por limites territoriais, os elos

de proximidade e familiaridade ocorrem muito mais pelos laços de identidades de interesses

simbólicos, do que por razões territoriais” (PERUZZO, 2003 apud VOLPATO; OLIVEIRA,

2007, p.3).

       O espaço analisado neste trabalho é o Centro Norte Baiano, que é uma das sete

mesorregiões do estado da Bahia. É formado pela união de oitenta municípios agrupados em

cinco microrregiões. Os principais municípios são: Feira de Santana, Irecê, Itaberaba,

Jacobina e Senhor do Bonfim.

       A microrregião de Feira de Santana está divida em 24 cidades, sendo que quatro delas

não possuem a cobertura da TV Subaé. Iremos nos deter a microrregião de Feira de Santana,

onde a TV abrange a maior parte dos municípios circunvizinhos. A economia é um dos laços

que mantém a integração entre as cidades da região. A maioria dessas cidades sobrevive da

agropecuária, com o cultivo de plantas e criação de animais, tendo destaque a criação de gado.

A agropecuária é uma atividade realizada por pequenos produtores que utilizam práticas e

técnicas tradicionais que foram repassadas através de gerações, o que vem a reforçar a

tradição como uma forma de identificação.

       E como definir o que seria uma TV regional? Bazi chegou à conclusão que uma

televisão regional é aquela que retransmite seu sinal a uma determinada região e que tenha sua

programação voltada para ela mesma (BAZI, 2001, p.16). Retratar os assuntos locais é muito

importante, pois os telespectadores podem ver os acontecimentos da sua cidade e região sendo

transmitidos diariamente e também têm a opção de ver os assuntos que se referem aos

acontecimentos que ocorrem no Brasil e no mundo através da rede nacional. Conforme

Campos (2005, p.4), “a programação local apresentada pelas TVs regionais ganham cada vez

mais importância, se contrapondo à enxurrada de informação global apresentada pelas

grandes redes de televisão”.
23




                       Não há melhor laboratório para a observação do fenômeno comunicacional do que a
                       região. Uma região é o palco em que, por excelência, se definem os diferentes
                       sistemas de comunicação cultural, isto é, do processo humano de intercâmbio de
                       idéias, informações e sentimentos, mediante a utilização de linguagens verbais e não
                       verbais e de canais naturais e artificiais empregados para a obtenção daquela soma
                       de conhecimentos e experiências necessária à promoção da convivência ordenada e
                       do bem-estar coletivo (BELTRÃO, 1976 apud RETT, 2004, p.3)



       Cada vez mais se discute a importância da regionalização da TV. O que tem se

observado é que cada dia o número de emissoras regionais tem crescido muito, e há também

uma preocupação com a identidade regional de cada lugar do país. Segundo Rett (2004), a TV

hoje é muito mais do que um eletrodoméstico, ela assume papel de educadora, de

companheira, de formadora de opinião e é por isso mesmo que cada vez mais ela deve

assumir a “cara” da comunidade que representa. Para reforçar este conceito, Debona e

Fontella (1996, apud BAZI, 2001, p.18) trazem a importância que jornalismo regional tem

para a comunidade, “a TV regional pode servir para desenvolver as características culturais de

cada comunidade, combatendo uma homogeneização que poderia ser causada pelas grandes

redes de comunicação”.

       Um meio de comunicação regional possui a característica de difundir informações que

privilegiem a região na qual está inserida, fazendo com que a comunidade se mantenha

informada sobre diversos acontecimentos da sua região. No caso de uma televisão ainda mais,

já que, configurado como um meio de comunicação de massa, esse veículo abrange um

grande número de espectadores, cumprindo bem o seu papel de integrar e levar a informação

a um grande público. Para Campos (2005, p.5) “as notícias veiculadas no telejornal possuem

características capazes de conquistar a atenção do telespectador, ou seja, elas agregam fatores

que estão de certa forma, ligados aos interesses da comunidade”.

       Portanto, é importante para uma região ter uma TV que contemple as notícias que se

referem à sua comunidade, uma vez que a abordagem de assuntos que fazem parte do
24



contexto social dos cidadãos, além de proporcionar uma maior integração entre as pessoas, é

capaz de gerar um laço de pertencimento ao lugar, como destacam Coutinho e Martins (2008).

       Com a grande quantidade de informação que chega aos meios de comunicação,

algumas delas precisam ser selecionadas e por isso as produções dos telejornais utilizam os

critérios de noticiabilidade para classificar as notícias. Estes critérios formam o conjunto de

valores notícias que determinarão se aquele acontecimento é apenas um fato ou se poderá ser

uma notícia. Um desses critérios mais relevantes é a proximidade da notícia em relação ao

público, o que valoriza o trabalho desempenhado pelas emissoras que produzem jornalismo

regional. Existem vários critérios de noticiabilidade, Silva (2005) sintetiza estes critérios em

três instâncias:


                        na origem do fato (seleção primária dos fatos / valores-notícia), com abordagem
                        sobre atributos como conflito, curiosidade, tragédia, proximidade, etc; 2) critérios de
                        noticiabilidade no tratamento dos fatos, centrados na seleção hierárquica dos fatos e
                        na produção da notícia, desde condições organizacionais e materiais até cultura
                        profissional e relação jornalista-fonte e jornalista-receptor; e 3) critérios de
                        noticiabilidade na visão dos fatos, sobre fundamentos ético-epistemológicos:
                        objetividade,verdade, interesse público etc.



       Apesar de todo esse investimento nas emissoras regionais, as grandes redes de

televisão se preocupam acerca dos sinais que chegam as casas dos receptores e quanto à

qualidade técnica da imagem. Esta preocupação é muito válida no que se refere fazer TV

regional, pois não adianta ter todos os equipamentos, ser denominada de TV regional e ter

uma imagem de péssima qualidade, com chuviscos ou mal iluminada. Bazi (2001, p.23)

afirma isso ao citar, que as preocupações vão da qualidade do sinal que chega à casa dos

telespectadores até o investimento realizado pelas emissoras regionais.


                        Não basta obter concessão e instalar a emissora. É preciso que ela percorra um vasto
                        caminho até se tornar, de fato, inserida no contexto político, econômico e cultural da
                        comunidade. É necessário seguir padrões de qualidade, funcionamento,
                        desenvolvimento de recursos humanos e investir pesado em equipamentos e
                        instalações para proporcionar ao mercado local programação, jornalismo,
                        comercialização, envolvimento com eventos e festas locais e excelência na
                        transmissão do sinal da emissora por toda a sua área de cobertura, que deve ser
25


                           definida a partir de características culturais, demográficas e econômicas
                           homogêneas. 3


          Existem vários obstáculos para se fazer um jornalismo regional de qualidade, como a

dificuldade na locomoção de equipe, muitas vezes pelas más condições das estradas da região.

O tempo é outro fator que não contribui, pois é preciso viajar até outras cidades da região para

fazer a cobertura de uma matéria e muitas dessas viagens são longas; outro fator relevante é o

alto custo em equipamentos e padronização da programação.




1.3 - TVs REGIONAIS: UMA TRAJETÓRIA DE SUCESSO



             No Brasil existem grandes redes regionais, que com muito esforço e colaboração da

comunidade conseguiram se desenvolver e hoje são sinônimo de sucesso no país. No interior

de São Paulo, as filiais e afiliadas da emissora da Rede Globo, investiram na qualidade do

sinal e na reformulação de sua programação. Um dos exemplos é o caso da EPTV (Emissoras

Pioneiras de Televisão), fundada em 1979, e que hoje conta com quatro emissoras - TV

Campinas, em Campinas; TV Riberão, em Riberão Preto; TV Central, em São Carlos e TV

Sul de Minas, em Varginha, Minas Gerais. Atualmente com as quatro emissoras, a EPTV

alcança 292 municípios entre o interior paulista e o sul de Minas, num total de 9 milhões de

habitantes . (BAZI, 2001)

          “As ações da Rede EPTV, incluindo as suas quatro emissoras, estão divididas ao meio

com a Globo, 50% pertencem a família Marinho, os outros 50% são de propriedades dos

Coutinho Nogueira”, grupo regional (BAZI, 2001, p.36). No seu início, a TV Campinas

precisava ganhar a confiança do anunciante local, da elite local e, é claro, do público. Em

3
    MERCADO GLOBAL, Rede Globo, 3º trimestre de 2003, Edição número 113, página 01.
26



alguns anos a TV Riberão ampliou sua produção passando a produzir um bloco local do

“Globo Esporte”, o “ Globinho”, programa dirigido ao público infantil e a realizar reportagens

de âmbito regional para serem exibidas pelos telejornais da Rede Globo. A TV Sul de Minas

tinha uma área de abrangência de 75 cidades e saltou para 140 cidades, onde vivem

aproximadamente 2,2 milhões de pessoas, sendo o seu maior desafio as enormes distâncias

entre as cidades mineiras e o seu difícil acesso. A TV Central no início tinha uma cobertura de

30 municípios, e com o tempo o raio de atuação da emissora se expandiu, chegando a alcançar

37 municípios. Em 1991 a emissora estreou seu telejornal regional desvinculando-se da TV

Ribeirão (BAZI, 2001). O autor afirma ainda que as emissoras afiliadas da Rede Globo foram

estrategicamente instaladas em regiões de grande concentração populacional e com mercados

comerciais ativamente promissores.

       A EPTV, por exemplo, como em qualquer outra emissora afiliada a Rede Globo,

possui horários predeterminados para mostrar sua programação regional. No entanto, por 10

vezes, a EPTV já ocupou outro espaço na programação da Globo, utilizando-se do horário do

programa “Globo Repórter”, para apresentar suas produções regionais (BAZI, 2001). Isto

demonstra como a rede EPTV tem parceria e credibilidade junto à cabeça de rede, mostrando

que é possível as TVs regionais ter acesso a este espaço tão delimitado, ao exibir as suas

produções regionais em horário voltado para a exibição de matérias nacionais. Com

competência e profissionalismo pode se alcançar o privilégio de ver as matérias que fazem

parte do contexto de sua cidade sendo apresentadas nacionalmente.

       Temer (1998) pesquisou sobre a história da TV Triângulo de Uberlândia, Minas

Gerais, para documentar sobre o pioneirismo das emissoras de televisão no interior do Brasil,

mostrando as dificuldades que são encontradas no início para uma TV regional se estabelecer.

É nesse aspecto de estabelecimento e reconhecimento de uma emissora regional que as

afiliadas assumem um papel importante no que se refere a investimentos e recursos, pois seria
27



economicamente inviável uma emissora regional se estabelecer e até mesmo sobreviver de

forma independente, sem o auxílio das afiliadas.


                           Acompanhando a TV Triângulo percebe-se que ela surgiu a partir da “aposta do
                           povo”, sem nenhum tipo de pesquisa ou planejamento, e sem o conhecimento das
                           pontecialidades dos mercados local e regional para sustentar este veículo. Num
                           primeiro momento imperam o entusiasmo e o amadorismo, a emissora se instala
                           com recursos mínimos em um apartamento no centro de Uberlândia e entra no ar
                           sem nenhuma formação especifica de recursos humanos. (TEMER, 1998 apud
                           ROCHA, 2003, p.6)


          Outro exemplo de Redes regionais que tem dado certo é a TV Tem, com emissoras

sediadas em Bauru, Sorocaba, São José do Rio Preto e Itapetinga, onde as quatro são afiliadas

a Rede Globo. A tendência do surgimento das redes de televisão pode não ser novidade, mas

vem se consolidando no interior de São Paulo. Um dos motivos seria o grande potencial do

interior paulista, que é considerado pelo setor publicitário o segundo maior mercado do país,

só perdendo para a capital. Outra razão defendida pelas emissoras, é a maior proximidade

com o telespectador que “quer se ver” na televisão.

          Segundo Volpato e Oliveira (2007), durante a programação um informe de 20 a 30

segundos é exibido sobre as cidades cobertas pela TV Tem. O nome da cidade se destaca

junto com o slogan “TV tem, a TV que tem você”, uma estratégia midiática para aumentar sua

credibilidade e a relação de identificação com o público.

          O editor regional de jornalismo da TV Tem, Osmar Fábio Chor, afirma que o mais

importante é ver as notícias da sua rua, do seu bairro, da sua cidade e saber que a emissora é a

porta-voz dos seus problemas junto ao poder público4.

          Outra experiência pioneira, com custo acessível, e com o objetivo de regionalização da

programação de TV, vem sendo realizada em Adamantina, pela FAI - Faculdades

Adamantinenses Integradas, por meio do departamento de Comunicação Social e a emissora

de televisão TVR, sediada em Tupi Paulista, com transmissões de sinais para Tupi, Dracena,


4
    JORNAL O IMPARCIAL, Presidente Prudente/SP, 20/06/2003.
28



Adamantina, Lucélia e Osvaldo Cruz. A TVR está no ar há mais de 5 anos com amplo espaço

para a programação regional (ROCHA, 2003, p.11).

       A iniciativa tem forte identidade com a comunidade regional, fato este que tornou o

“Programa Feira Livre” carro-chefe da emissora, e em poucas semanas em uma das maiores

audiências da televisão. Rocha (2003) aponta que a faculdade oferece toda infra-estrutura em

recursos técnicos e humanos para que artistas anônimos de Adamantina e região apresentem

seus números musicais e culturais. Passam pelo Feira Livre cantores sertanejos, de hip-hop,

grupos de danças, contadores de piadas e outros.

       É muito interessante ver a educação interligada ao desenvolvimento da TV regional no

país. Essa experiência da TVR em parceria com a faculdade é importante, pois valoriza e

propaga a cultura e dá apoio aos artistas da região. Muitas vezes estes artistas não encontram

espaço nos grandes veículos de comunicação de massa passando despercebidos diante da

sociedade e são nas emissoras regionais que podem encontrar esse espaço.

       Projetos como estes podem trazer audiência para uma emissora regional, dando a esta

uma maior visibilidade e tornando-a mais forte e conhecida.

       Por fim temos o exemplo da RBS, pertencente a Rede Sul de Comunicação, que

também faz parte deste contexto de televisão regional, ao longo de sua história de mais de 47

anos. Segundo Hinerasky (2004, p.4), “O grupo RBS detém 85 % do mercado do Rio Grande

do Sul, e vem investindo recursos em ações sociais e comunitárias”. O que diferencia a rede é

o modelo de televisão regional: atuação comercial e cultural junto às comunidades regionais.

Ela é afiliada a Rede Globo desde 1971, e a principal emissora do estado: possui 17 emissoras

de televisão, 18 emissoras de rádio, atua em vários segmentos da mídia e caracteriza-se por

destinar cerca de 10% do que exibe para a produção regional. Hinerasky (2004, p.5) afirma

ainda que “apesar deste número não ser tão expressivo, a emissora é uma instituição que tem

considerável inserção no contexto cultural gaúcho, pois dá ‘cor local’ na grade de uma Rede
29



nacional”. A emissora detém mais de 50% da audiência em todos os programas no estado com

a proposta da Rede de destacar a cultura regional e suas características em toda sua

programação.


                       Através do conhecimento de sua programação, evidencia-se a preocupação em falar
                       para a comunidade, mostrar seus problemas e eventos e em valorizar a cultura e
                       história do povo gaúcho. A emissora também tem buscado alternativas para abranger
                       um amplo espectro da audiência, organizando sua programação em categorias
                       principais ou segmentações, especialmente a partir de 1999 (HINERASKY, 2004,
                       p.6)


       Conforme Barbero, “as televisões regionais se convertem em uma reivindicação

fundamental das comunidades regionais e locais, em sua luta pelo direito à construção de sua

própria imagem, que se confunde com o direito à sua memória” (BARBERO; REY, 2001,

apud HINERASKY, 2004, p.4), o que equivale a dizer que a importância da TV regional vai

muito mais além do que expor notícias locais; é através dela que a história da comunidade se

faz e se conta, podendo contribuir para a formação da identidade local.



1.4 - TV BAHIA



       O jornalista Assis Chateaubriand, no de ano de 1956, decidiu implantar uma antena

transmissora em cada grande cidade do Brasil. Foram adquiridas nove estações, que se

destinavam a Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Campina Grande, Fortaleza, São Luiz,

Belém e Goiânia. Em 1960, chega à Bahia a primeira emissora de televisão, a TV Itapoan.

Segundo Lima (2006), achava-se que a Bahia não tinha mercado para sustentar um canal de

TV, porém aconteceu uma surpresa: 70% dos anunciantes eram locais e somente 30% eram de

outros estados.

       Hoje a Rede Bahia de Comunicação é composta por diversas empresas. Ela atua

dentro e fora da Bahia, está presente na mídia impressa, TV por assinatura, jornais, rádios,

produtora de cinema e vídeo, gráfica, provedora de Internet e atua também no setor de
30



construção civil (LIMA, 2006). Foi inaugurada no dia 2 de julho de 1978, uma data

importante para o estado, pois nela é comemorada a independência da Bahia. A Rede pertence

à família Magalhães, uma família muito conhecida na Bahia e no Brasil, por atuarem na área

política. Lima (2006) afirma que uma mídia regional ou um grupo regional está diretamente

ligado as tendências políticas e também culturais de uma região. No segmento de mídia

eletrônica ela possui seis emissoras de TV aberta, uma de TV fechada, duas emissoras e uma

rede de rádio, porém o seu carro chefe é a TV Bahia, que abrange um público de mais de 12

milhões de pessoas.


                       Todas são líderes absolutas de audiência e garantem, assim, a grande maioria das
                       verbas publicitárias dos anunciantes locais e nacionais. Entre as empresas de rádio,
                       destaque para a Rede Tropicalsat, que distribui seu conteúdo via satélite para
                       emissoras em todo o estado. Para conseguir esses resultados, a Rede investe
                       pesadamente em tecnologia para a instalação do seu sinal via satélite, que chega hoje
                       a todos os municípios da Bahia, para a digitalização de seus equipamentos visando
                       melhorar a qualidade do sinal de suas retransmissoras, e, principalmente, em
                       informação regionalizada, um produto importante para conquistar e ampliar
                       audiência. (REDE BAHIA DE COMUNICAÇAO, 2003).



       A TV Bahia foi inaugurada em Salvador no dia 10 de março de 1985, como emissora

afiliada à Rede Manchete, mas em 1987 passou a ser afiliada à Rede Globo de Televisão. A

emissora transmite seu sinal para a Região Metropolitana de Salvador e mais 221 municípios,

leva seu sinal a de 1,4 milhões de domicílios, com quase 7 milhões de telespectadores e foi o

primeiro investimento da Rede Bahia no que se refere a TV aberta. (REDE BAHIA DE

COMUNICAÇAO, 2003 apud LIMA, 2006).

       A TV Bahia exibe uma programação diversificada durante toda a semana, que vai

desde o jornalismo até programas esportivos, educativos e culturais e transmite também a

programação da Rede Globo. São exibidos diariamente os telejornais Jornal da Manhã, Bahia

Meio Dia, Bahia Esporte e à noite o BA TV, que traz informação com as principais notícias

do dia, flashes ao vivo e inserção de reportagens das outras emissoras regionais. Aos sábados

são exibidos o programa Aprovado, classificado como educativo, que traz jovens que estudam
31



nas escolas da região para debater sobre assuntos ligados ao universo estudantil. Há ainda o

Mosaico Baiano, um programa de entretenimento, com entrevistas e agenda com principais

eventos da região. O Rede Bahia Revista vai ao ar aos domingos e traz notícias e reportagens

de temas variados que abordam as tradições culturais do povo baiano, além de música, dança

e arte, e o Bahia Rural, exibido domingo pela manhã, retrata o universo do homem do campo.

        Lima (2006) cita que são feitas quatro reuniões diariamente entre os coordenadores do

Jornal Nacional, o coordenador de núcleo na emissora e o produtor, onde todo o trabalho é

discutido e analisado, desde o texto até a condução da matéria. Ela afirma que o repórter só

realiza a matéria depois que há uma combinação entre a central de jornalismo da Rede Globo

no Rio e o núcleo da Bahia, e que se a notícia não é importante para a rede ela passa a ser só

local e não é produzida.

        Através dessa noção de como é realizado a produção das notícias pela TV Bahia,

percebemos a forte dependência que a rede regional tem com a rede nacional, pois tudo o que

é captado de informação precisa antes ser passado para a Central Globo de Jornalismo, para

que eles avaliem se aquela notícia vale a pena ser divulgada ou não. Portanto, não há uma

autonomia para uma emissora regional transmitir a matéria sem a decisão da cabeça de rede,

“além disso os repórteres devem evitar uma linguagem regional, e tentar tornar sua imagem a

mais neutra possível” (LIMA, 2006, p.19).

        Na pesquisa de Montes (1997 apud LIMA, 2006, p.19) sobre produção de notícias, ele

cita:


                       acostumado a acompanhar a edição das próprias matérias, o repórter José Raimundo
                       afirma que o trabalho não se encerra quando a equipe de reportagem retorna da
                       rua:‘quando volta para a TV começa uma outra etapa do trabalho. É a hora de editar,
                       discutir o que foi feito na externa e se os indícios apontados antes da saída foram
                       confirmados’, acrescenta o repórter. ‘O trabalho é todo discutido e estudado, desde o
                       texto até a condução da matéria. Tudo é discutido com a coordenação do núcleo’.
32



       Lima também expõe como as grandes redes têm colocado alguns repórteres para serem

exclusivos ao dar notícias sobre uma determinada região com o intuito de acostumar o

telespectador com as notícias divulgadas por aquele repórter da região, a exemplo do Jornal

Nacional. As exclusividades, nestes casos, funcionam mais como uma forma de ancorar as

notícias de determinadas regiões em um único profissional. Conforme Lima (2006), o

telespectador de qualquer região do país se identifica com a notícia de acordo com o que o

repórter está apresentando.

       Na TV Bahia, por exemplo, apesar de existirem dois repórteres de rede, o único

repórter autorizado para fazer esses tipos de matérias para o Jornal Nacional é o repórter José

Raimundo. Segundo Montes (1997 apud LIMA, 2006, p.20), nas afiliadas da Rede Globo o

público deve ter certa identificação com o repórter que entra no horário nobre da Globo.

Sendo assim o telespectador ao ver na sua casa a imagem ou a voz do repórter José

Raimundo, que já exclusivo daquela região, saberá que aquela notícia é do nordeste, gerando

assim uma identificação do emissor com o receptor.

        Segundo Lima (2006, p.24) “os grupos de mídia regionais estão, de fato,

desenvolvendo e consolidando a idéia de empresa genuinamente regional, comprometida com

produções e notícias tanto na esfera do tradicional (local), quanto na esfera do pós-moderno

(global)”. Os grupos regionais começaram a perceber a importância de estar investindo tanto

em equipamentos quanto em profissionais qualificados, e muito mais em mídia local. Pois os

meios de comunicação têm uma grande influência na sociedade e cada vez mais estes veículos

estão procurando se aperfeiçoar.

       Desde 1985 outras afiliadas começaram a surgir e a se expandirem pelo interior do

estado. A TV Santa Cruz em Itabuna, a Sudoeste em Vitória da Conquista, a Oeste Barreiras,

a TV São Francisco em Juazeiro e a TV Subaé de Feira de Santana, que em março de 1998

incorporou 50% de seu capital à Rede Bahia. Segundo Lima (2006), para que um grupo de
33



mídia seja considerado regionalizado, é necessário antes entender o sentido de regionalismo

que está presente em produção, investimentos e estratégias. Para entendermos um pouco sobre

essas emissoras regionais de TV aberta, que fazem parte do contexto de mídia regional no

estado da Bahia, será feita uma apresentação sobre estas outras TVs que compõe a Rede

Bahia de Comunicação.



TV Santa Cruz


“Com sede em Itabuna, a TV Santa Cruz, desde novembro de 1988, leva seu sinal à região sul
do estado, onde estão algumas das mais antigas e importantes cidades da Bahia,
representantes da cultura cacaueira e da nossa história, como Ilhéus, Itabuna e Porto Seguro.
Além dessas cidades, destaca-se o desenvolvimento de novos pólos econômicos, em
Eunápolis, Teixeira de Freitas e Itamaraju, e turísticos em Canavieiras, Prado, Santa Cruz de
Cabrália e Itacaré. Cobrindo 53 municípios, a TV Santa Cruz leva informação e
entretenimento, consolidando o forte compromisso com o desenvolvimento econômico e
sócio-cultural da região” (REDE BAHIA DE COMUNICAÇÃO, 2003).



TV Sudoeste


“São 67 municípios cobertos pelo sinal da TV Sudoeste. É mais uma emissora da Rede Bahia,
que se une à força industrial de Jequié e Itapetinga, ao potencial do turismo histórico e
ecológico de Rio de Contas e a rica agricultura de Brumado, Guanambí e Caetité. Sediada em
Vitória da Conquista, uma das maiores cidades da Bahia, a TV Sudoeste foi inaugurada em
março de 1990 e é hoje mais um exemplo de desenvolvimento do Estado, assim como a
cultura do café na região” (REDE BAHIA DE COMUNICAÇÃO, 2003).




TV São Francisco


“Instalada na cidade de Juazeiro, na divisa com o estado de Pernambuco, A TV São Francisco
foi inaugurada em dezembro de1990 e leva seu sinal a 28 municípios. A região é banhada por
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um dos mais importantes rios navegáveis do país, o São Francisco, e um dos maiores lagos
artificiais do mundo, o do Sobradinho. Juntos esses recursos naturais representam
sustentáculos da economia regional. Importante pólo produtor de frutas para exportação, o
norte baiano engloba também forças como Campo Formoso, um dos maiores centros
produtores de diamantes do país, as riquezas e os mistérios da Chapada Diamantina e todo o
progresso de Senhor do Bonfim. A TV São Francisco atua como um agente ativo do
desenvolvimento social e econômico, levando informação, educação e cultura aos
telespectadores da região” (REDE BAHIA DE COMUNICAÇÃO, 2003).



TV Oeste


“A Região Oeste está localizada em um ponto estratégico para o escoamento da produção
agropecuária e industrial do Estado. O potencial turístico, a cultura de grãos (lavoura e
indústrias de beneficiamento) em Barreiras e Luís Eduardo Magalhães e o potencial comercial
de Bom Jesus da Lapa dão a certeza de que a região representa uma importante fronteira para
o crescimento econômico do Estado. Inaugurada em fevereiro de 1991 e sediada em Barreiras,
a TV Oeste leva seu sinal a 21 municípios, marcando presença na vida da população e
participando ativamente do crescimento econômico da região” (REDE BAHIA DE
COMUNICAÇÃO, 2003).




TV Subaé


“Inaugurada em junho de 1988, a TV Subaé foi a primeira afiliada à Rede Globo no interior
da Bahia. Sediada em Feira de Santana. Segunda maior cidade do estado e principal centro
comercial do interior do Nordeste, a TV Subaé transmite sua programação para 48
municípios, levando informação e entretenimento, além de incentivar a cultura e as
manifestações populares da região” (REDE BAHIA DE COMUNICAÇÃO, 2003).



       A autora Lima (2006) traz sua consideração sobre a Rede Bahia de Comunicação,

mostrando como esta, através da sua produção regionalizada e do seu investimento em
35



tecnologias, bem como em suas emissoras regionais, tem conquistado exponencialmente não

só o mercado da mídia eletrônica como também os seus demais segmentos.


                      A Rede Bahia de Comunicação representa, de certo modo, a realidade dos grupos
                      regionais pelo Brasil, enquanto proposta de mudança. A “maior do Norte/Nordeste”
                      serve de exemplos para outros grupos. Assim como no Sul, a RBS já havia
                      percebido esse filão, de regionalização, agora temos as outras empresas de mídia
                      acompanhando essa tendência, que está voltada para a modernização, a tecnologia e
                      o investimento. Somente assim, para enfrentar o mercado cada vez mais
                      competitivo. (LIMA, 2006, p.26)



      A autora afirma que a Rede Bahia, assim como a RBS, percebeu na regionalização da

programação um caminho para o sucesso da mídia regional.
36



2. TV SUBAÉ



2.1 - HISTÓRIA



       A TV Subaé é uma emissora de televisão, situada em Feira de Santana na Bahia.

Como já citado, foi inaugurada no dia 1º de junho de 1988, configurando-se como a primeira

emissora afiliada à Rede Globo no interior da Bahia.

       Quando a emissora surgiu fazia parte do Grupo Modesto Cerqueira, que levava o

nome do seu presidente. Após a morte de Modesto Cerqueira, o grupo passou a ser

comandado pelo seu filho, Modezil Cerqueira. Em 1999, o Grupo Modesto Cerqueira se

desfez de outros veículos de comunicação em Feira de Santana, como as Rádios Subaé AM,

Subaé FM e o Jornal Feira Hoje, todos vendidos para o Sistema Nordeste de Comunicação.

No mesmo ano, o empresário Modezil Cerqueira vendeu partes de suas ações para a Rede

Bahia. Hoje a TV Subaé faz parte da Rede Bahia de Comunicação.

       Através do Núcleo de Jornalismo da Rede Globo, vieram alguns profissionais de

Minas Gerais e São Paulo implantar a TV Subaé, entre eles Sílvio Palma, que foi o primeiro

diretor de jornalismo, Marcos Pizano, editor de texto da TV Leste/Globo Minas, João Aldemir

Venceslau, editor de texto da TV Leste/Globo Minas que também fez parte da equipe de

implantação da TV Santa Cruz de Itabuna-BA, o repórter Ciro Porto da EPTV São Paulo,

Aline Hungria, repórter da TV Globo São Paulo, Ferreira, gerente de operações da TV Globo

São Paulo, entre outros profissionais nas áreas de operações, operações comerciais,

programação e engenharia. O mercado de TV de Salvador, o único da época na Bahia,

também contribuiu com muitos profissionais na fase inicial de transmissão da TV Subaé.

       Como afirma Marcílio Costa, Chefe de jornalismo da TV Subaé, em entrevista

concedida no dia 22 de outubro de 2009,
37


                            A TV começou com a maioria da mão de obra vinda de fora. A cidade não tinha
                            televisão, não tinha mão de obra disponível. Vieram grupos da Globo implantar a
                            televisão em seus diversos setores: pessoas vieram fazer levantamentos na parte do
                            jornalismo, avaliação, e escolher as pessoas que iam trabalhar. Nesse momento
                            vieram pessoas de fora que já conheciam e trabalhavam com televisão, mesclou com
                            o pessoal daqui e foi formada a mão-de-obra a partir daí.



        Para Costa (2009) a implantação da TV Subaé teve um impacto muito grande na

cidade. Segundo ele, “a TV Subaé é um marco não só na história do meio de comunicação,

como também na história de Feira de Santana, tendo uma grande importância para a

comunidade”. Ele afirma que TV Subaé busca, todos os dias, ficar mais próxima do

telespectador.


                            TV Regional é aquela que mostra a cara das pessoas que estão ali, esse é o principio
                            da TV Regional, quando as pessoas vêem suas demandas sendo mostradas e
                            atendidas. É conseguir chegar mais próximo das necessidades da comunidade, e
                            quando se consegue atender uma boa parte dessa demanda. É isso que a TV Subaé
                            busca todos os dias: ficar mais próximo do telespectador, é mexer no nosso formato,
                            é um aprendizado diário, sempre buscando colocar o telespectador em evidência.


        Bazi (2001) confirma a importância que uma TV tem para a comunidade na qual está

inserida, ao afirmar que as empresas de televisão que atuam num âmbito regional adquirem

um papel fundamental, pois são elas que produzem e transmitem informações aos

telespectadores, podendo dessa maneira, criar uma identidade com as comunidades.




        2.2 - ÁREA DE COBERTURA




        A TV Subaé transmite sua programação para 48 municípios5 situados próximos à

cidade de Feira de Santana, levando seu sinal também a outras cidades importantes, tendo um




5
   Água Fria, Alagoinhas, Amargosa, Amélia Rodrigues, Anguera, Antônio Cardoso, Araçás, Araci, Aramari,
Barrocas, Biritinga, Cairú, Candeal, Castro Alves, Conceição da Feira, Conceição do Coité, Conceição do
Jacuípe, Coração de Maria, Cruz das Almas, Feira de Santana, Iaçu, Ichú, Ipecaetá, Ipirá, Irará, Itaberaba, Itatim,
Jiquiriça, Lage, Lamarão, Mutuípe, Ouricangas, Pedrão, Rafael Jambeiro, Retirolândia, Riachão do Jacuípe,
38



maior destaque as cidades de Santo Antonio de Jesus e Alagoinhas. Ela atinge cerca de 1

milhão e 500 mil telespectadores, com 372.099 domicílios com TV. Segundo Cristiane

Macário, coodernadora de Marketing, em entrevista concedida no dia 22 de outubro de 2009.

        Além de Feira de Santana, a TV fez uma divisão por regiões, sendo a cidade de Santo

Antônio de Jesus a cabeça do Recôncavo Sul e do lado oposto, geograficamente, está

Alagoinhas, localizada no leste da Bahia. Estas duas cidades foram estabelecidas como

principais, porque geram mais notícias e a distância em relação à Feira de Santana não é

grande se comparada a outras cidades, o que facilita ir nas duas cidades em um turno e

retornar à TV com a matéria, como afirmou Costa (2009). Em Santo Antonio de Jesus existia

um escritório regional com equipe locada lá, mas atualmente está desativado.


                          Estas demais cidades de cobertura da TV Subaé não comportam ter uma equipe
                          permanente instalada. Nós temos consciência que são 48 municípios, mas como em
                          toda emissora regional, não só aqui, não se consegue cobrir todos os 48 municípios,
                          então fazemos rondas. Tem produtores encarregados por região: através das rondas
                          vemos o que vai gerar notícia. A Globo não vai cobrir todos os estados como cobre
                          Rio de Janeiro e São Paulo, então são as TVs Regionais que chegam mais próximo
                          do telespectador. (COSTA, 2009)



        Ainda Segundo Costa (2009), no mês de setembro de 2009, a TV Subaé exibiu 292

matérias inéditas, onde 17 matérias foram regionais e 275 foram locais. Diante destes dados

podemos perceber que a emissora, apesar de se denominar regional, privilegia algumas

cidades mais importantes. Esse aspecto, presente em muitas emissoras, tem gerado muitos

debates sobre o papel de uma emissora regional. Porém sempre é levantado o aspecto da

viabilidade, lembrando que apesar de ser regional é difícil para uma emissora cobrir todos os

municípios da região a qual seu sinal atinge.

        Sobre este dilema local x regional em relação à TV Subaé, Costa (2009) diz que


                          é inegável que Feira de Santana tem um maior espaço pela sua economia e pela
                          força da notícia, e que por a emissora estar instalada na cidade é natural que esta
                          ganhe uma maior relevância. Portanto, é uma emissora local/regional com

Santa Bárbara, Santanópolis, Santo Antonio de Jesus, Santo Estevão, São Gonçalo dos Campos, São Miguel das
Matas, Serra Preta, Serrinha, Tanquinho, Teofilândia, Valença, Valente.
39


                        expectativa de se tornar cada vez mais regional..



       Além de Alagoinhas e Santo Antonio de Jesus, a TV Subaé busca notícias factuais e

curiosas, a exemplo de matéria produzida na cidade de Serrinha, onde um morador coleciona

400 aparelhos rádios.

       Ainda segundo Costa (2009), outros fatos inusitados e de interesse público da região

estão sempre sendo buscados pela equipe de jornalismo da TV Subaé, como o caso de uma

mulher que caiu numa cisterna na cidade de Santo Estevão. Costa conta que a TV recebeu a

notícia pelo telefone, mas não sabiam se era verídica. A TV entrou então em contato com o

corpo de bombeiros, que confirmou a notícia. A TV enviou sua equipe até a cidade para fazer

a matéria e ao chegar ao local, a mulher já havia sido resgatada, mas como alguns moradores

filmaram o episódio pelo celular, a equipe teve acesso à gravação. Conforme Costa (2009),

“foi uma história muito impactante e por isso foi transmitida pela TV Bahia. Essa matéria teve

força suficiente para que nos deslocássemos para Santo Estevão. Quando um fato é forte pode

ser no distrito mais distante, não medimos esforços e vamos à cidade”. Esse episódio mostra

ainda como o jornalismo regional pode ser feito a partir da interação e participação da

população.

       Bastos Silva, após um levantamento de dados sobre duas emissoras da Baixada

Santista chegou à conclusão que,


                        as tevês regionais por uma série de questões procuram dar cobertura maior para a
                        cidade mais importante da sua região. Este fato tem gerado muitas criticas e
                        discussões sobre o papel que as emissoras deveriam prestar para a região. As
                        empresas se defendem afirmando que não tem equipes suficientes para realizar uma
                        cobertura cabal ou ás vezes não se justifica enviar uma equipe para um município
                        muito distante sem haver razão maior. (SILVA, 1997 apud BAZI, 2001, p.16).



       A TV Subaé não foge a esta realidade, porém de acordo com o diretor de jornalismo

da TV, há a consciência do papel de uma emissora regional e o objetivo de cada vez mais ir

expandindo a produção, equipe e equipamentos para contemplar as demais cidades da região.
40




       2.3 - PROGRAMAÇÃO



       A grade de programação é composta pela retransmissão dos programas nacionais da

Rede Globo de Televisão e por três programas regionais, exclusivamente jornalísticos.

       Diariamente são exibidos os telejornais Jornal da Manhã, Bahia Meio Dia e o BA TV,

este último transmitido à noite, nos mesmos moldes que combinam produção local com

produção exibida para todo Estado comandada pela TV Bahia, principal emissora da Rede

Bahia de Comunicação, com sede na capital do Estado.

       O jornal da Manhã é exibido de segunda a sexta-feira, às 06h 30 min. Antes exibido

apenas duas vezes por semana, atualmente ganhou mais espaço na programação sendo

transmitido diariamente. É apresentado por Lete Simões, que traz as principais notícias de

Feira de Santana e região logo cedo. O telejornal apresenta notícias e informações de utilidade

pública, oferta de empregos, previsão do tempo e sempre um assunto de interesse geral

discutido em entrevista, ao vivo no estúdio. Através das câmeras espalhadas pelos principais

pontos da cidade, o telespectador é orientado sobre as condições do tráfego e sobre os fatos

que aconteceram durante a noite e a madrugada, (sendo mostrados no Jornal da Manhã).

       O jornal Bahia Meio Dia é exibido de segunda a sábado às 12 h e 20 min, apresentado

por Madalena Braga. O programa tem como uma das suas principais características levar a

informação ao vivo, onde quer que o fato aconteça. É o programa que mais divulga os

problemas da comunidade: o Bahia Meio Dia apresenta quadros de cunho social, como o

“Desaparecidos”, exibido todas as quartas-feiras na praça da Catedral, que ajuda as famílias a

encontrarem seus parentes e o quadro de “Empregos”, que dá a oportunidade de

desempregados buscarem uma nova oportunidade no mercado de trabalho. As ofertas de

trabalho são exibidas todos os dias: a empresa entra em contato com a TV, e não tem custo

para anunciar sua vaga, como afirmou Macário (2009).
41



       No Bahia Meio Dia sempre há presença de um artista da terra mostrando seu talento e

a agenda cultural é exibida toda a sexta-feiras. É o telejornal que tem a maior duração, e nesse

espaço maior a TV aproveita para divulgar os eventos da cidade, levar um artista no estúdio e

exibir o quadro de desaparecidos, que é sucesso da TV Subaé, como afirma Costa (2009).

       Como exemplo, ele conta uma história que aconteceu no início do mês de outubro

deste mesmo ano em que o Bahia Meio Dia exibiu o caso de um paciente que estava internado

há um ano no Hospital Colônia Lopes Rodrigues. Após sofrer um acidente o indivíduo perdeu

a memória e o contato com a família. A matéria foi exibida no Bahia Meio Dia às 12h e às 13h

do mesmo dia, a família entrou em contato com a TV Subaé e o reencontro foi marcado.

       Costa afirma através desse caso a importância da prestação de serviço à comunidade

como característica marcante da TV regional, “só a televisão com a força que ela tem, com a

imagem, é capaz de fazer reencontros. Isso é TV Regional” (COSTA, 2009).

       Os meios de comunicação de uma cidade permitem que o cidadão tenha conhecimento

sobre informações que se referem ao seu cotidiano, o que é reforçado por Coutinho e Martins

(2008). O telejornal local é um mediador entre o receptor e a cidade; através do telejornal o

telespectador se conecta a ela, partilha e assiste pela televisão histórias de cidadãos que vivem

problemas semelhantes aos seus. As autoras ainda afirmam que o telejornalismo regional se

torna ainda mais importante na construção da identidade local,


                        podemos concluir que se a programação veiculada pela televisão em rede nacional é
                        concebida como uma narrativa e/ou agente unificador, o telejornalismo regional se
                        torna ainda mais importante na construção da identidade local, na medida em que
                        pode ressaltar – e em alguns casos mesmo resgatar – a cultura das comunidades às
                        quais se destina, fazendo com que as pessoas se sintam retratadas e lembradas,
                        através da TV. (COUTINHO e MARTINS, (2008, p. 15).



       Por fim, o jornal BA TV é transmitido à noite, às 19h e 05min, sendo exibido de

segunda a sábado. Ele também é apresentado por Lete Simões e, durante a sua exibição, conta
42



com reportagens e flashes ao vivo sobre os principais fatos que ocorrem no fim do dia,

orientação do trânsito na hora do rush e cobertura especial das notícias do futebol.


                        O jornalismo de TV que tenha um caráter realmente local pode influenciar o
                        sentimento de pertencimento do cidadão, de reconhecimento por ele do que seria o
                        seu espaço público; o telespectador que assiste ao telejornal local se identifica com o
                        que está vendo porque a notícia da cidade apresentada na tela efetivamente faz parte
                        da sua vida cotidiana. (COUTINHO e MARTINS, 2008, p.4)



        Ele é considerado o telejornal mais assistido da televisão baiana, como afirma Costa

(2009) “100% da programação da TV Subaé é líder de audiência, e os telejornais são

campeões de audiência. A maior audiência da TV Subaé é o BA TV, que muitas vezes fica na

frente do Jornal Nacional, o que é normal, pois as pessoas se identificam com o jornal local”.



       2.4 - AUDIÊNCIA



       A pesquisa de audiência da TV Subaé é realizada pelo Instituto IBOPE, que é

responsável por fazer medição em veículos de comunicação. Uma vez por ano, funcionários

do Ibope vêm à Praça de Feira de Santana, selecionam alguns domicílios e distribuem um

manual com orientação para o telespectador. Cada vez que o telespectador assistir a

determinado programa ou canal, marca no caderno. Eles retornam até a casa desses

moradores, recolhem o caderno e enviam os dados para o Instituto Ibope.

       Após uma análise, o IBOPE tira as conclusões necessárias para medir a audiência e

perfil da emissora. Nesta tabela são classificadas a audiência e participação durante a exibição

de cada telejornal, o perfil do público, como classe social, sexo e a faixa etária dos

telespectadores. A última pesquisa desta natureza foi realizada em maio de 2009.

       Nas emissoras que possuem um mercado publicitário forte essa pesquisa pode ser

realizada diariamente, ponto a ponto, como no caso da TV Bahia. Apesar de Feira de Santana

ter um bom mercado publicitário “este tipo de audiência ponto a ponto, tem um custo muito
43



     alto para uma cidade do porte de Feira de Santana e por isso é realizada a pesquisa ano a ano”

     afirma Costa (2009). Outra forma citada de medir a audiência é através de outros veículos de

     comunicação: “a audiência é medida pelo retorno da comunidade ao telefone ou e-mail”.


                                        Televisão, e quem não enxergar isso mude de ramo, é negócio alimentado pela
                                        audiência. Ou seja, o público é que define. Se nós temos a capacidade de fazermos
                                        um projeto que agregue audiência, nós devemos fazer. Se o nosso projeto não agrega
                                        audiência, nós temos que examinar. E se com certeza ele diminui a audiência, nós
                                        temos que eliminá-lo. (CRUZ, 1996 apud BAZI, 2001, p.64)



                Segundo Macário (2009), o perfil do público da TV Subaé é variado, uma vez que a

     TV Subaé procura atender a toda população, criança, jovem e idoso. “A TV Subaé tenta

     trabalhar com esse público tanto para projetos comerciais como sociais, baseada na pesquisa

     que o Ibope realiza.” Este tipo de pesquisa é realizado também na Rede EPTV (Emissoras

     Pioneiras de Televisão), nas praças de Campinas, Riberão Preto e São Carlos, onde algumas

     pessoas são selecionadas e ouvidas em estúdio. Como afirma o diretor Coutinho Nogueira,

     “nós ouvimos grupos de audiência da classe A, B, C e D naquele vidro escondido na sala,

     onde tudo é gravado. Ao mesmo tempo em que as pessoas têm amor, cumplicidade com a

     emissora, elas também ‘descem o pau’ querendo mais” (NOGUEIRA, 1999 apud BAZI,

     2001, p.64).

     Figura 1: Jornal da Manhã



DADOS DE AUDIÊNCIA E PERFIL DE PÚBLICO
        JORNAL DA MANHÃ 64                                                         PERFIL DO PÚBLICO                           11%
                                                                                                                     16%
                                                                                                                                   5%
                                                                                           17%
                                                        8%
                                                 24%                           35%
                                                                                                                                       11%


                                                                                                                         57%
       13                                                68%                              48%

                                                                                                               04 a 11      1 a1
                                                                                                                             2 7        1 a 24
                                                                                                                                         8
                                                                         04 A 11   FEM ININO   M A SCULINO
    Audiência        Participação (%)              AB   C    DE                                                25 a 49      50+


                                                               Fonte: IBOPE Media Quiz, maio/09. Praça: Feira de Santana.
44


          Figura 2: Bahia Meio Dia



DADOS DE AUDIÊNCIA E PERFIL DE PÚBLICO

           BAHIA MEIO DIA 61                                                          PERFIL DO PÚBLICO
                                                                                                                                    11%
                                                                                                                        18%
                                                                                                                                          12%
                                                         12%                                       23%
                                                                                      30%
                                           28%
                                                                                                                                          15%
      17
                                                                                                                        44%
                                                                                             47%
                                                          60%
                                                                                                                  04 a 11     1 a1
                                                                                                                               2 7         1 a 24
                                                                                                                                            8
   Audiência           Participação (%)                                     04 A 11    FEM ININO    M A SCULINO
                                                AB   C     DE                                                     25 a 49     50+




                                                                Fonte: IBOPE Media Quiz, maio/09. Praça: Feira de Santana.




          Figura 3: BA TV



DADOS DE AUDIÊNCIA E PERFIL DE PÚBLICO

                                                                                 PERFIL DO PÚBLICO                              9%
               BATV         80                                                                                         17%
                                                                                                                                      12%

     52                                                  12%                                      21%
                                          26%                                         25%
                                                                                                                                      15%

                                                                                                                        47%

                                                     62%                                    54%
                                                                                                                  04 a 11     1 a1
                                                                                                                               2 7         1 a 24
                                                                                                                                            8

  Audiência           Participação (%)                                     04 A 11    FEM ININO     M A SCULINO   25 a 49     50+
                                            AB       C    DE




                                                           Fonte: IBOPE Media Quiz, maio/09. Praça: Feira de Santana.
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       Através dos gráficos explicitados acima sobre a audiência da TV Subaé em seus

telejornais, pode-se concluir que em todos os telejornais a classe C é a que mais assiste os

telejornais e que a maioria dos telespectadores é do sexo feminino e possui faixa etária de 25 a

49 anos. Por isso as emissoras de TVs devem mesmo ter preocupação com a audiência e,

principalmente, com a opinião da comunidade, afinal a programação é feita para ela e voltada

para a mesma. A audiência determina ainda a intensidade da influência que o jornal pode

causar e também indica o grau de identificação entre telespectador regional e conteúdos

veiculados. A conquista da audiência depende da qualidade da programação e da credibilidade

da emissora junto ao seu público. Como afirma Nogueira,


                       (...) ter audiência é ter respeitabilidade. Nós não podemos nunca induzir, sugerir,
                       criar algum mecanismo numa região que influencie a população e, sim, retratar com
                       fidelidade os fatos. Certamente o nosso poder de audiência hoje é muito grande, mas
                       o é, porque o trabalho tem credibilidade. Se a gente começar a fazer besteira,
                       começar a tentar manipular a opinião pública, não conseguiremos, pois não existe
                       mais o telespectador “bobo”. (NOGUEIRA, 1999 apud BAZI, 2001, p. 63)

       A audiência de uma emissora regional é determinada pela satisfação da comunidade

com determinada matéria ou projeto social realizado pela emissora. O público é quem avalia

se tal matéria vai ter sucesso ou não; tudo depende da comunidade e para uma TV regional a

audiência é um fator determinante de aceitação e sustentação.



        2.5 - PRODUÇÃO DE NOTÍCIAS: O JORNALISMO




       O número de funcionários da Instituição é de 77 pessoas, entre funcionários da própria

Instituição e prestadores de serviços. A estrutura de coordenação do jornalismo da TV Subaé

funciona na redação, com um chefe de jornalismo, um chefe de reportagem, cinco equipes de

externas, quatro pessoas internamente na produção dos telejornais e três editores.

       A equipe conta com o apoio também do supervisor de operações, cinegrafistas,

editores de imagem e auxiliares, que não pertencem diretamente ao jornalismo, mas prestam
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serviço ao jornalismo. Segundo Costa (2009), “na TV não há equipes fixas para o jornal, todo

mundo faz tudo e atende também aos pedidos para todos os jornais da TV Bahia e Rede

Globo”.

       A produção de notícias é feita de diversas maneiras, sendo uma delas através de um

programa chamado I News, que é um gerenciador de jornalismo, utilizado também pela Rede

Globo e suas demais afiliadas. Costa (2009) conta que dentro deste programa tem uma pasta

que à medida que a notícia chega vai sendo alimentada dentro de uma data prevista. Outra

forma utilizada é tipo agência escuta. Toda a informação que chega é avaliada para saber o

que precisa ser feito para a realização da matéria

       Como toda TV, e principalmente em uma regional, as fontes bases são sempre as

mesmas e as rondas diárias são realizadas. A TV Subaé faz contato com órgãos competentes

da cidade como polícia, prefeitura, hospitais, polícia rodoviária federal, bombeiros, setores

que sempre tem alguma informação. Costa (2009) afirma que “são estabelecidas relações com

determinados órgãos, fontes praticamente permanentes, e então decidimos a notícia que

interessa e fazemos a matéria”.

       A TV Subaé também é muito procurada pelos telespectadores que sempre têm alguma

informação; essas informações são verificadas e se forem verídicas a TV produz a matéria.

Conforme Costa (2009), a TV Subaé tem um fluxo representativo de informações que chegam

pelo telespectador, através de e-mail ou telefone. É preciso então fazer uma triagem e ver o

que é notícia e a partir daí avaliar se aquela informação vira matéria ou não.


                        Muitas vezes uma notícia nacional pode ter um viés de local, como economia que é
                        um assunto comum a todos. Vamos falar sobre isso e trazer o telespectador para
                        dentro da notícia; não é repetir a mesma matéria que o jornal nacional, mas trazer a
                        notícia para o contexto local. (COSTA, 2009)



       Ainda segundo Costa, a maior dificuldade para a produção de programas regionais é a

falta de recursos e de mão de obra local. A TV encontra essa maior dificuldade por ser a única
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TV de Feira de Santana. Ele diz que apesar de ter estudantes na cidade e região se formando

na área de Comunicação Social, falta a experiência e o profissionalismo.


                          O problema não é falta de notícia porque Feira é uma cidade muito grande onde tudo
                          acontece. A maior necessidade mesmo é mão- de- obra, o que precisa é ampliar o
                          quadro de pessoas que trabalham com TV, principalmente daquelas que trabalham
                          com vídeo, por que precisam de um treinamento específico. Nesse aspecto
                          encontramos muita dificuldade. (COSTA, 2009).



        Ele afirma que através dos estágios estes estudantes têm a oportunidade de ingressar

na empresa e tornarem-se profissionais preparados, porém em virtude da legislação e do

regimento da própria empresa, há um limite de estagiários.




        2.6 - RELAÇÃO COM A REDE BAHIA



PRODUÇÃO E RECEPÇÃO – COMO SE DÁ O PROCESSO




                                                                A distribuição do sinal para as emissoras
                                                                regionais é feita via satélite e segue
                                                                basicamente o mesmo processo em todas as
                                                                emissoras afiliadas. Em alguns casos são
                                                                utilizados links de microondas que auxiliam,
                                                                por terra, essa distribuição padrão via satélite.
                                                                A distribuição nacional é feita pela Geradora,
                                                                também denominada Cabeça de Rede. Ela é
                                                                responsável pela maior parte da programação
                                                                da rede, ou seja, gera nacionalmente
                                                                praticamente todos os programas da
                                                                emissora, além dos telejornais e comerciais
                                                                nacionais. Esse sinal é transmitido via satélite
                                                                para as Geradoras Estaduais, localizadas nas
                                                                capitais de cada estado, que se tornam a
                          Cabeça de Rede Regional. São inseridos então os telejornais e comerciais estaduais
                          e, novamente via satélite, esse sinal é distribuído para as Geradoras Locais que
                          inserem a sua programação e comercialização regional. Finalmente esse sinal é
                          transmitido via UHF para os domicílios da área de cobertura de cada uma das
                          emissoras locais. (RETT, 2004, p.7)


Figura 4: Tráfego do sinal da geradora á emissora local. Ilustração: Mauricio Rett
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  • 1. UNIVERSIDADE do ESTADO da BAHIA Lorenna Katharine Nascimento Oliveira TV REGIONAL: O JORNALISMO DA TV SUBAÉ Conceição do Coité 2010
  • 2. Lorenna Katharine Nascimento Oliveira TV REGIONAL: O JORNALISMO DA TV SUBAÉ Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Comunicação Social com habilitação em Rádio e TV, da Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial de obtenção do grau de bacharel em Comunicação, sob a orientação da Professora Especialista Carolina Ruiz de Macêdo. Conceição do Coité 2010
  • 3. Lorenna Katharine Nascimento Oliveira TV REGIONAL: O JORNALISMO DA TV SUBAÉ Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Comunicação Social com habilitação em Rádio e TV, da Universidade do Estado da Bahia, sob a orientação da Professora Carolina Ruiz de Macedo. Data: ____________________________ Resultado: ________________________ BANCA EXAMINADORA Profª. (Orientadora) Carolina Ruiz de Macêdo (Esp) Assinatura: _______________________ Profª. Patrícia Rocha de Araújo (Esp) Assinatura________________________ Prof. Tiago Santos Sampaio (Esp) Assinatura________________________
  • 4. A Deus pela sua graça e fidelidade. A minha família que sempre me incentiva me mostrando que nada é impossível quando se tem um ideal.
  • 5. AGRADECIMENTOS A Deus, pois sem Ele eu não teria completado mais essa etapa da minha vida . Aos meus pais que valorizam meus acertos e por depositarem em mim um sonho. Ao meu esposo Tito pelo amor e compreensão, e por estar presente desde o início da minha trajetória acadêmica. A minha querida orientadora Carolina Ruiz pelo incentivo e apoio a cada produção entregue, na busca de cobrar sempre o mais completo e por acreditar em meu potencial. Sou muita grata a você Carol; À equipe da TV Subaé, que sempre me forneceu informações imprescindíveis para a elaboração da minha pesquisa. Em especial Romilson Santos, Marcílio Costa e Cristiane Macário. E a todos aqueles que contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho.
  • 6. “A vocação final de uma emissora de TV efetivamente integrada à comunidade é fazer jornalismo e programação local, alavancar a economia local por meio da publicidade, apoiar os eventos e iniciativas da região e, acima de tudo, colocar as pessoas da região na tela da TV”. Mercado Global, Rede Globo, 3º trimestre de 2003, ed. nº. 113, p. 96 apud Rocha, 2003, p12.
  • 7. RESUMO TV REGIONAL: O JORNALISMO DA TV SUBAÉ No ano 1988 é instituída a TV Subaé, a primeira afiliada da Rede Globo no interior da Bahia, localizada em Feira de Santana, região que pertence ao semi-árido baiano. Entendendo que os meios de comunicação estão diretamente ligados aos fatores sociais e desenvolvimento de uma determinada região, é necessário refletir sobre a relação estabelecida entre a TV Subaé e a região. Este trabalho tem como objetivo principal compreender como o regional é apresentado no jornalismo da TV Subaé e se esta pode ser considerada uma emissora regional. Sendo assim, os objetivos específicos propostos pela pesquisa são delinear o histórico da TV Subaé em seus 21 anos de existência, identificar os projetos sociais e culturais desenvolvidos pela emissora e verificar como a microrregião de Feira de Santana, principal região abrangida pela TV Subaé, aparece no seu telejornalismo. Esta pesquisa utilizou o método da análise de conteúdo para categorizar e analisar as matérias veiculadas no telejornal para que após a análise desses dados, pudesse ser identificado como o regional é apresentado no jornalismo da TV Subaé. Verificou-se que a TV busca valorizar o regional, mostrando a figura do nordestino através de suas manifestações culturais e fortalecendo a identidade regional através das matérias exibidas no seu telejornalismo. Palavras-chave: Telejornalismo, cultura regional, identidade regional, região.
  • 8. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01 – Dados da audiência e perfil do público do Jornal da Manhã................................43 Figura 02 – Dados da audiência e perfil do público do Jornal Bahia Meio Dia.......................44 Figura 03 – Dados da audiência e perfil do público do Jornal BA TV.....................................44 Figura 04 – Ilustração do tráfego do sinal da geradora à emissora local..................................47 Figura 05 – Mapa do portal do sertão.......................................................................................57 Figura 06 – Mapa da Bahia.......................................................................................................57
  • 9. SUMÁRIO Introdução ....................................................................................................................10 1. História da televisão no Brasil................................................................................14 1.1 Desenvolvimento da TV ................................................................................................. 14 1.2 Desenvolvimento da TV Regional.................................................................................. 20 1.3 TVs Regionais: uma trajetória de sucesso ...................................................................... 25 1.4 TV Bahia......................................................................................................................... 29 2. TV Subaé ..................................................................................................................36 2.1 História............................................................................................................................ 36 2.2 Área de Cobertura ........................................................................................................... 37 2.3 Programação ................................................................................................................... 40 2.4 Audiência ........................................................................................................................ 42 2.5 Produção de Notícias: o jornalismo ................................................................................ 45 2.6 Relação com a Rede Bahia ............................................................................................. 47 3. O regional na TV Subaé..........................................................................................49 3.1 Metodologia da Análise .................................................................................................. 49 3.2 Cultura e Identidade Regionais ....................................................................................... 53 3.3 A Região na TV – análise das matérias .......................................................................... 61 3.4 A TV Subaé no Contexto de uma TV Regional ............................................................. 77 Considerações Finais ...................................................................................................84 Referências .............................................................................................................................. 86
  • 10. 10 Introdução O homem, como ser social, sente necessidade de estar situado no mundo, conectado à informação, de ter conhecimento dos acontecimentos mundiais – aqueles aos quais ele não teria acesso sem os meios de comunicação – mas também dos que acontecem perto, na sua região, cidade e vizinhança. A televisão é o meio de comunicação mais utilizado no Brasil. É considerado o principal veículo de comunicação, pois suas informações são divulgadas com muita agilidade e segurança, aproximando pessoas que se encontram geograficamente distantes. Ela está presente na vida da maior parte das pessoas no mundo contemporâneo, com a presença de protagonistas que entram diariamente nos lares para proporcionar diversão, informação, bem como estimular o consumo de determinados bens simbólicos e materiais. Pesquisas apontam que no Brasil a maioria dos lares possui pelo menos um aparelho televisor e que nas classes média e alta existe mais de um aparelho por domicílio (FRANÇA, 2006). A televisão cresceu no país e hoje representa um elemento importante na cultura brasileira. Ela também cumpre uma função de identificação com o seu público, que é muito vasto e diversificado. O público consegue se identificar com o apresentador do telejornal ao serem retratadas notícias de sua região, ou mesmo com um personagem de novela, e por isso sua linguagem deve ser clara. Apesar de existirem diferenças econômicas, sociais e culturais, a TV permite que haja uma integração entre as regiões do Brasil, com assuntos que permeiam o país. A TV na Bahia começou a se expandir na década de 70 com o investimento cada vez maior nos meios de comunicação regionais. Em 1º de junho 1988 é implantada a TV Subaé, primeira afiliada da Rede Globo no interior da Bahia, situada na cidade de Feira de Santana, segunda maior cidade do Estado e principal centro comercial do interior do Nordeste. A partir de então surgiram novas emissoras de TV que fazem parte da Rede Bahia de Comunicação: a
  • 11. 11 TV Santa Cruz, em Itabuna; a TV Sudoeste, em Vitória da Conquista, a TV Oeste, em Barreiras e a TV São Francisco, em Juazeiro. Iremos nos deter a TV Subaé, que é o objeto de estudo do presente trabalho. Uma TV regional tem um compromisso com o público de traduzir sua cultura e representar o comportamento de seus grupos sociais, além de contribuir na construção da cidadania através de ações que integram a comunidade, mostrando suas carências, potencialidades e denunciando as reais necessidades da população. Diante disso, a programação local, exibida pelas TVs Regionais, tem tido muita importância, já que as grandes redes não conseguem atender a uma demanda tão grande de regiões, apresentando simultaneamente notícias globais e informações ligadas ao cotidiano das regiões. A identidade regional é outro aspecto relacionado à TV regional, onde o telejornal é fundamental na construção, manutenção ou reinvenção dessa identidade, podendo gerar no telespectador uma identificação com a TV ao ver os acontecimentos do seu cotidiano mais próximo sendo apresentados. Busca-se com esta pesquisa compreender como o regional é apresentado no jornalismo da TV Subaé. A hipótese levantada é que a existência da TV Subaé, com a possibilidade de disseminação de conteúdos locais, contribui para o fortalecimento do vínculo entre comunicação e cultura regional. A relevância deste trabalho se justifica pela contribuição às pesquisas no campo da comunicação regional, facilitando a compreensão deste assunto para a área de comunicação social. Mesmo com o enfoque em uma emissora e região específicas, esse trabalho pretende discutir conceitos que são úteis e aplicáveis a outras realidades. Portanto, esta pesquisa é válida no que diz respeito ao desenvolvimento da TV regional na Bahia, tema pouco explorado ainda nesse sentido, identificando a contribuição e o
  • 12. 12 papel que a TV Subaé tem na região ao propagar a comunicação regional e ao fortalecer a identidade. Os procedimentos metodológicos e suportes utilizados para a realização da pesquisa foram o levantamento bibliográfico e, para a coleta de dados, as entrevistas semi-estruturadas com alguns funcionários da emissora a fim de esclarecer as indagações e atender os objetivos especificados na investigação, servindo também como subsídios para análise. A Análise de Conteúdo foi efetivada no III capítulo a fim de facilitar a interpretação das matérias exibidas no telejornal. É válido ressaltar que a TV Subaé não possui documentos ou registros institucionais escritos sobre a sua história, por isso foram úteis as entrevistas com funcionários que estão presentes na emissora desde a sua implantação. A pesquisa pode, assim, identificar como a TV Subaé apresenta e se relaciona com esta região na qual está inserida. No primeiro capítulo traça-se uma contextualização histórica, desde o desenvolvimento da TV no Brasil até a chegada das grandes redes de televisão regionais, principalmente a chegada da TV na Bahia, mostrando ainda como se deu esse desenvolvimento das TVs regionais em alguns estados brasileiros, onde muitas redes regionais são exemplos de sucesso. No segundo capítulo será apresentado o objeto de estudo deste trabalho - a TV Subaé no contexto de uma TV regional - delineando seu histórico desde a sua implantação até a sua expansão, a área de cobertura, a produção da programação local do jornalismo e a relação com a Rede Bahia e o “padrão Globo de qualidade” a fim de compreender como estes fatores contribuem para o desenvolvimento “dos aspectos regionais nessa emissora”. O objetivo no terceiro capítulo é analisar o telejornal Bahia Meio Dia durante o mês de setembro de 2009. As matérias exibidas diariamente foram gravadas em meio digital a fim de apontar as principais categorias abordadas pelo telejornal, identificar quais são as regiões
  • 13. 13 representadas e entender como o regional é apresentado no telejornal. Identificar se a TV Subaé pode ser considerada uma emissora regional, levando em conta os projetos sociais e culturais desenvolvidos pela emissora e sua contribuição para a região também é outro propósito explorado no capítulo.
  • 14. 14 1. HISTÓRIA DA TELEVISÃO NO BRASIL 1.1 - DESENVOLVIMENTO DA TV No dia 18 de setembro de 1950, o empresário e jornalista Assis Chateaubriand inaugurou oficialmente a chegada da televisão no Brasil, data que marcou a década de 50 e influenciou o país a um avanço tecnológico e econômico. Neste momento, o país passava a experimentar a sensação de acompanhar uma programação pela TV, quando muitos países já vivenciavam esta experiência. Seus primeiros anos foram marcados pela falta de recursos e de profissionais habilitados, e principalmente pelas improvisações. A TV precisou apoiar-se no rádio, aproveitando seus profissionais e técnicas, pois naquele período este era o meio de comunicação de maior influência no país. (Mattos, 2002) A televisão contribuiu para a formação do mercado brasileiro que migrava do campo para a cidade, vivendo um processo de modernização. Em pouco tempo ela se tornou a grande catalisadora das emoções e do sentimento de pertencimento de uma nação, como afirma Costa (2004). As primeiras imagens da televisão brasileira foram transmitidas pela TV tupi, Canal 3, que nasceu com caráter de emissora local para depois tomar caráter de rede de dimensão nacional, que se constitui na primeira estação de televisão da América do Sul. De acordo com Costa, como não havia o vídeo-tape toda a programação televisiva era produzida nas regiões. Apesar de já passar por uma padronização na sua forma e conteúdo, ela era caracterizada por elementos da cultura local, porém a partir da integração que ocorrerá com o surgimento das grandes redes de televisão na década de 60, isso deixará de acontecer. (2004, p. 1) Mattos (2002) descreve diversas fases da TV brasileira. Segundo o autor, os anos de 1950-1964 são caracterizados como a fase elitista da TV, quando só esta classe econômica brasileira tinha acesso a este novo e atraente instrumento de comunicação. Durante esta fase
  • 15. 15 uma campanha publicitária começou a ser veiculada com o intuito de estimular as vendas dos televisores, disseminando a ideia que todo o cidadão deveria ter um. Através desta campanha houve um crescimento de telespectadores que queriam possuir o aparelho a qualquer custo, investindo suas economias neste novo objeto de desejo. O texto da campanha dizia o seguinte: Você quer ou não quer ver televisão? Para tornar a televisão uma realidade no Brasil, um consórcio radiojornalístico investiu milhões de cruzeiros! Agora é a sua vez - qual será a sua contribuição para sustentar tão grandioso empreendimento? Do seu apoio dependerá o progresso, em nossa terra, dessa maravilha da ciência eletrônica. Bater palmas e aclamar admiravelmente é louvável, mas não basta - seu apoio só será efetivo quando você adquirir um televisor! (MATTOS, 2002, p.82) A fase descrita como populista (1964-1975) foi quando a televisão ficou considerada como um exemplo de modernidade e os programas de auditório tomaram grande parte da programação. A década de 60 foi o período onde a TV brasileira sofreu influencia do governo militar. O período da ditadura militar no Brasil foi marcado também pelo projeto de integração nacional, aonde os militares investiram no setor das telecomunicações e infraestrutura para que o país se tornasse integrado. O projeto foi bem sucedido, pois a televisão forneceu ao brasileiro, elementos que contribuíram para reafirmar sua identidade nacional através do amor à pátria. Como afirma Bucci (1996, p.19), “a ditadura precisou da TV para sua sustentação política, e a TV passou a precisar da ditadura para o seu sucesso junto ao público, pois a sua glória dependia da apologia da pátria, da unidade apoteótica, dependia do êxtase da integração nacional”. O Estado forneceu concessões, estimulou a produção nacional de aparelhos de TVs e tornou disponíveis empréstimos a juros mais baixos para que o público pudesse comprar aparelhos de TV. Essa foi uma das formas encontrada pelo governo para disseminar suas ideias sobre segurança nacional e modernização das estruturas econômicas do país.
  • 16. 16 Apesar de o governo militar ter criado condições para a compra e expansão dos serviços de transmissão, ele criou também agências que controlavam os conteúdos dos programas exibidos para a população. Os militares começaram a se preocupar com os programas que vinham do exterior e eram transmitidos no Brasil, e passaram a cobrar das emissoras que substituíssem os programas enlatados estrangeiros por uma programação nacional que valorizasse a cultura do povo brasileiro. Segundo Mattos, durante o seu governo o presidente Geisel dirigiu inúmeras recomendações às emissoras e concessionárias durante uma palestra falando sobre o material que era reproduzido no Brasil. 57% da programação da televisão é importada e 43% é produzida por técnicos brasileiros. Destes 43%, 34% é de matéria estrangeira, editada pelas emissoras brasileiras. Isto significa que, para 109 horas de uma semana de programação, apenas 31 são genuinamente brasileiras; as outras 78 são importadas. [...] A televisão comercial impõe sobre as crianças e jovens uma espécie de cultura que não tem nada a ver com a cultura brasileira... Em vez de atuar como um fator de criação e difusão da cultura brasileira, a TV está realizando o papel de privilegiado veiculo de importação cultural e está desnaturalizando a criatividade brasileira. (CAMARGO e PINTO, 1975 apud MATTOS, 2002, p.104). No dia 26 de abril de 1965 nasce a atual e maior emissora do país, a Rede Globo de Televisão, inaugurada no Rio de Janeiro. Neste mesmo ano vai ao ar pela TV Globo o Jornal Nacional, exibido pela primeira vez no dia 1º de setembro, informativo transmitido para todo o Brasil e que até hoje figura como o jornal de maior audiência e mais tradicional da história da televisão brasileira. Hoje a rede reúne mais de 115 emissoras1 regionais afiliadas espalhadas por todo o território nacional. Com o desenvolvimento da televisão, que já chegava a alcançar todo o território brasileiro, surgem então, na década de 60, as grandes redes de televisão, chamadas de “cabeças de rede”, cujo exemplo mais notório é a Rede Globo. Esta fase também foi marcada pela transição da TV preto e branco para a colorida. Conforme Cruz (2008, p.36), “a TV em cores chegou ao Brasil em 1º de fevereiro de 1972, 1 Fonte: Atlas Rede Globo 2000.
  • 17. 17 com a transmissão da festa da uva em Caxias do Sul (RS)”. Cruz (2008) afirma ainda que para acompanhar a copa de 1974, a indústria vendeu mais que o esperado, e as emissoras que achavam um absurdo algumas horas de programação em cores, resolveram migrar rapidamente toda programação. A partir da década de 70, a Globo vê nas emissoras regionais uma oportunidade de consolidar-se como líder através das suas afiliadas e a partir de então começa a investir muito em equipamentos, em profissionais e em técnica, imprimindo nas suas diversas emissoras de televisão o que chamou de “padrão Globo de qualidade”. Como afirma Lima (2006, p.16), “a Globo tem um sistema especial de tratar suas afiliadas, procurando sempre otimizar e dar qualidade às produções que são veiculadas na sua programação, seguindo ‘o padrão Globo de qualidade”. Houve também a fase do desenvolvimento tecnológico (1975-1985), na qual as redes de TV começaram a se aperfeiçoar e a produzir com maior intensidade e profissionalismo os seus próprios programas com estímulo de órgãos oficiais, visando inclusive à exportação. Segundo Mattos (2002,), na década de 80 constatou-se que a influência americana diminuiu bastante, pois o Brasil já conseguia desenvolver a capacidade de produzir seus próprios programas e passou a empregar seu próprio formato e tecnologia. Esta fase também foi marcada pelo fim da censura, aonde os meios de comunicação tiveram uma liberdade maior para exibir seus conteúdos. Foi constatado em 1980 que 55% de um total de 26,4 milhões de residências já possuíam um aparelho televisor, como afirma Mattos (2002). Uma análise feita por Straubhaar, sobre a nacionalização da programação brasileira constatou que, o número de programas importados diminuiu consideravelmente, apesar de ainda terem participação significativa na programação total. E que os programas “enlatados”, que são considerados de baixo custo para as emissoras, passaram a ser utilizados para o preenchimento da grade de programação nos horários da madrugada, quando a audiência é bem menor e o faturamento publicitário não justifica investimentos na produção de programas locais de alto custo. (STRAUBHAAR, 1981 apud MATTOS, 2002, p.108).
  • 18. 18 Outra fase caracterizada por Mattos (2002) é a da transição e da expansão internacional (1985-1990). Esta fase é marcada pela transição do regime militar para o regime civil, onde as primeiras mudanças no setor das comunicações começam a ocorrer em virtude da nova constituição de 1988, que apresenta texto específico sobre a comunicação social (capítulo V). De acordo com Mattos (2002), o artigo 221 fixou normas para a produção e a programação das emissoras de rádio e televisão, segundo o qual as emissoras deveriam promover programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas, procurando estimular a produção independente visando a promoção da cultura nacional e regional. Nesta fase de desenvolvimento da televisão, o que se observa é a maior competitividade entre as grandes redes, um contínuo avanço em direção ao mercado internacional, com a Rede Globo implementando desde 1985 sua expansão sistemática no exterior. (MATTOS, 2002, p.120). Neste mesmo ano, a TV Bahia foi implantada em Salvador, como afiliada da Rede Manchete, e dois anos mais tarde foi escolhida pela Rede Globo como sua afiliada na Bahia. Desde então segue o padrão de programação da mesma, fazendo parte da Rede Bahia de Comunicação, considerado o maior grupo de comunicação do Norte e Nordeste. É também nessa fase da transição e da expansão internacional que surge, em 1988, a TV Subaé em Feira de Santana, primeira emissora afiliada da Rede Globo no interior do estado e integrante da Rede Bahia de Televisão. Neste período de expansão da televisão, o presidente do Brasil, José Sarney, se utilizou politicamente das concessões para emissoras de rádio e televisão. Ele manteve as práticas clientelistas do governo de Figueiredo para a distribuição dos canais de TVs e as concessões passaram então a servir como moeda política, ou seja, uma troca de favores. O ministro das comunicações na época era Antonio Carlos Magalhães, e graças ao seu cargo dentro do governo teve facilitada a compra da TV Bahia e de outros meios de comunicação.
  • 19. 19 A penúltima fase definida por Mattos (2002, p.125) é a fase da globalização e da TV paga, na qual “com o desenvolvimento global na década de 90 começou-se a estabelecer as bases para o surgimento estruturado da televisão por assinatura, via cabo ou via satélite, estruturadas nos moldes americanos, e a se debater a televisão de alta definição”. Esta década registrou também os investimentos das redes nacionais no que diz respeito às suas respectivas infraestruturas, visando aumentar cada vez mais a exportação e produção de programas. Segundo Mattos (2002), foi também nessa fase que se estabeleceram várias emissoras regionais, aumentando as possibilidades de uma maior regionalização e utilização de canais alternativos. Bazi (2000, p.24) reforça esta ideia: para atingir toda a extensão territorial do Brasil, as grandes redes de televisão são formadas por emissoras filiais e emissoras afiliadas, empresas associadas a uma emissora com penetração nacional de sinal, que retransmitem a programação da rede, embora também produzam programas, telejornais e comerciais locais. Por fim, a última fase é chamada da convergência e da qualidade digital (2000- 2009). No dia 29 de junho de 2006, o presidente Luís Inácio Lula da Silva, assinou o decreto nº. 5.820, que estabeleceu as normas para a digitalização da TV no Brasil. O padrão japonês ISDB-T serviu como base para o sistema adotado no Brasil. O SBTVD-T, que significa Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre, foi definido para o Brasil. A TV digital aberta estreou no Brasil em 2 de dezembro de 2007, com transmissões na cidade de São Paulo. Segundo Cruz (2008, p.15) “a digitalização traz a TV para o mundo da convergência, em que toda a informação é transportada por qualquer tipo de rede”. Para Cruz A TV digital irá proporcionar ao Brasil um grande avanço tecnológico maior do que foi a transição do preto e branco para a TV em cores, contará com serviços interativos parecidos com o da Internet, alta definição com imagem melhor do que a do DVD, multiprogramação, a transmissão de até quatro programas simultâneos no mesmo canal, mobilidade, portabilidade, com recepção do sinal em veículos em movimentos e também no celular. (CRUZ, 2008, p.17)
  • 20. 20 A TV digital vai tornar os televisores mais próximos aos computadores, com capacidade para armazenar dados, realizar compras pela TV, banco eletrônico, acesso a Internet, informações do governo como Receita Federal e Previdência, serviços de postagem como no correio, entre muitas outras novidades. Segundo Cruz (2008, p.18) “o período de transição deve ir pelo menos até 2016, durante esse período a transmissão analógica vai conviver com a digital, com isso cada emissora ocupara dois canais”. Ele afirma que “é a maior transformação já enfrentada pelo meio de comunicação mais popular do país”. (CRUZ, 2008, p.15). 1.2-DESENVOLVIMENTO DA TV REGIONAL Desde a década de 70 as grandes redes de televisão passaram a investir em emissoras regionais, porém somente na década de 90 elas se estabeleceram e desenvolveram. As redes regionais estão ligadas às grandes redes nacionais e retransmitem a sua programação tanto numa esfera global quanto para uma determinada região. É válido verificar o que diz a Constituição Federal de 1988 sobre a regionalização da programação nos veículos de comunicação TV e rádio: A Constituição Federal, de 1988, em seu artigo 221, prevê a regionalização da programação cultural, artística e jornalística das emissoras de Rádio e TV; A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: 1. preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; 2. promoção da cultura nacional e regional e estimulo à produção independente que objetive sua divulgação; 3. regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; 4. respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.2 2 BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, 1988, Capítulo V, Da Comunicação Social, Artigo 221.
  • 21. 21 Mattos (1990 apud Bazi, 2000, p.12) afirmou que “a TV regional já era prevista por muitos estudiosos da comunicação como um fator primordial na década de 90”. Bazi (2001 apud Campos, 2005, p.4) acrescenta que “a regionalização da programação da televisão é o principal fator de sobrevivência das grandes emissoras do país”. No Brasil existem seis grandes redes comerciais operando em sistema de canal aberto: Globo, Record, SBT, Bandeirantes, Rede TV e CNT/Gazeta. Segundo Bazi (2000, p.22) é a Rede Globo de Televisão que usufrui de 70% da verba publicitária investida na mídia televisiva. Algumas redes regionais pertencem a grupos políticos, empresariais, familiares e religiosos, estes últimos, por sua vez, têm encontrado neste veículo um espaço para a divulgação da mensagem religiosa. Para Fernandes (1996), Existem três tipos de estações regionais: as TVs geradoras, ou seja, aquelas que geram programação do próprio local em que estão instaladas; as retransmissoras, isto é, aquelas que apenas possuem os equipamentos necessários para captar sinais de sons e imagens recebidos de uma estação geradora, em geral da cabeça- de- rede (no caso da Globo, por exemplo, a emissora líder é a Globo Rio de Janeiro) e transmiti-los para a recepção dos aparelhos domésticos de TV, sem produzir programa próprio; e as estações repetidoras, também chamadas de Estações de Recepção Terrena (ERT), ou retransmissoras passivas, que apenas são capazes de receber sinais e retransmiti-los. (FERNANDES, 1996 apud BAZI, 2001, p.24) Para seguir discutindo sobre a TV regional, é preciso entender a ideia de região. Vários autores procuram definir o que seria local e regional e o que pode se observar é que os dois termos não se restringem às fronteiras ou limites territoriais; é um espaço onde os indivíduos se identificam e onde estes atores estão inseridos. Segundo Ortiz (1999 apud VOLPATO; OLIVEIRA, 2007, p.2), “o local se confunde com o que nos cerca, está realmente presente em nossas vidas. Ele nos conforta com sua proximidade, nos acolhe com sua familiaridade.” Ao mesmo tempo em que o regional se liga ao território, observamos que este não se refere somente ao aspecto geográfico. Cecília Peruzzo também traz a sua
  • 22. 22 contribuição ao confirmar que “região não se delimita apenas por limites territoriais, os elos de proximidade e familiaridade ocorrem muito mais pelos laços de identidades de interesses simbólicos, do que por razões territoriais” (PERUZZO, 2003 apud VOLPATO; OLIVEIRA, 2007, p.3). O espaço analisado neste trabalho é o Centro Norte Baiano, que é uma das sete mesorregiões do estado da Bahia. É formado pela união de oitenta municípios agrupados em cinco microrregiões. Os principais municípios são: Feira de Santana, Irecê, Itaberaba, Jacobina e Senhor do Bonfim. A microrregião de Feira de Santana está divida em 24 cidades, sendo que quatro delas não possuem a cobertura da TV Subaé. Iremos nos deter a microrregião de Feira de Santana, onde a TV abrange a maior parte dos municípios circunvizinhos. A economia é um dos laços que mantém a integração entre as cidades da região. A maioria dessas cidades sobrevive da agropecuária, com o cultivo de plantas e criação de animais, tendo destaque a criação de gado. A agropecuária é uma atividade realizada por pequenos produtores que utilizam práticas e técnicas tradicionais que foram repassadas através de gerações, o que vem a reforçar a tradição como uma forma de identificação. E como definir o que seria uma TV regional? Bazi chegou à conclusão que uma televisão regional é aquela que retransmite seu sinal a uma determinada região e que tenha sua programação voltada para ela mesma (BAZI, 2001, p.16). Retratar os assuntos locais é muito importante, pois os telespectadores podem ver os acontecimentos da sua cidade e região sendo transmitidos diariamente e também têm a opção de ver os assuntos que se referem aos acontecimentos que ocorrem no Brasil e no mundo através da rede nacional. Conforme Campos (2005, p.4), “a programação local apresentada pelas TVs regionais ganham cada vez mais importância, se contrapondo à enxurrada de informação global apresentada pelas grandes redes de televisão”.
  • 23. 23 Não há melhor laboratório para a observação do fenômeno comunicacional do que a região. Uma região é o palco em que, por excelência, se definem os diferentes sistemas de comunicação cultural, isto é, do processo humano de intercâmbio de idéias, informações e sentimentos, mediante a utilização de linguagens verbais e não verbais e de canais naturais e artificiais empregados para a obtenção daquela soma de conhecimentos e experiências necessária à promoção da convivência ordenada e do bem-estar coletivo (BELTRÃO, 1976 apud RETT, 2004, p.3) Cada vez mais se discute a importância da regionalização da TV. O que tem se observado é que cada dia o número de emissoras regionais tem crescido muito, e há também uma preocupação com a identidade regional de cada lugar do país. Segundo Rett (2004), a TV hoje é muito mais do que um eletrodoméstico, ela assume papel de educadora, de companheira, de formadora de opinião e é por isso mesmo que cada vez mais ela deve assumir a “cara” da comunidade que representa. Para reforçar este conceito, Debona e Fontella (1996, apud BAZI, 2001, p.18) trazem a importância que jornalismo regional tem para a comunidade, “a TV regional pode servir para desenvolver as características culturais de cada comunidade, combatendo uma homogeneização que poderia ser causada pelas grandes redes de comunicação”. Um meio de comunicação regional possui a característica de difundir informações que privilegiem a região na qual está inserida, fazendo com que a comunidade se mantenha informada sobre diversos acontecimentos da sua região. No caso de uma televisão ainda mais, já que, configurado como um meio de comunicação de massa, esse veículo abrange um grande número de espectadores, cumprindo bem o seu papel de integrar e levar a informação a um grande público. Para Campos (2005, p.5) “as notícias veiculadas no telejornal possuem características capazes de conquistar a atenção do telespectador, ou seja, elas agregam fatores que estão de certa forma, ligados aos interesses da comunidade”. Portanto, é importante para uma região ter uma TV que contemple as notícias que se referem à sua comunidade, uma vez que a abordagem de assuntos que fazem parte do
  • 24. 24 contexto social dos cidadãos, além de proporcionar uma maior integração entre as pessoas, é capaz de gerar um laço de pertencimento ao lugar, como destacam Coutinho e Martins (2008). Com a grande quantidade de informação que chega aos meios de comunicação, algumas delas precisam ser selecionadas e por isso as produções dos telejornais utilizam os critérios de noticiabilidade para classificar as notícias. Estes critérios formam o conjunto de valores notícias que determinarão se aquele acontecimento é apenas um fato ou se poderá ser uma notícia. Um desses critérios mais relevantes é a proximidade da notícia em relação ao público, o que valoriza o trabalho desempenhado pelas emissoras que produzem jornalismo regional. Existem vários critérios de noticiabilidade, Silva (2005) sintetiza estes critérios em três instâncias: na origem do fato (seleção primária dos fatos / valores-notícia), com abordagem sobre atributos como conflito, curiosidade, tragédia, proximidade, etc; 2) critérios de noticiabilidade no tratamento dos fatos, centrados na seleção hierárquica dos fatos e na produção da notícia, desde condições organizacionais e materiais até cultura profissional e relação jornalista-fonte e jornalista-receptor; e 3) critérios de noticiabilidade na visão dos fatos, sobre fundamentos ético-epistemológicos: objetividade,verdade, interesse público etc. Apesar de todo esse investimento nas emissoras regionais, as grandes redes de televisão se preocupam acerca dos sinais que chegam as casas dos receptores e quanto à qualidade técnica da imagem. Esta preocupação é muito válida no que se refere fazer TV regional, pois não adianta ter todos os equipamentos, ser denominada de TV regional e ter uma imagem de péssima qualidade, com chuviscos ou mal iluminada. Bazi (2001, p.23) afirma isso ao citar, que as preocupações vão da qualidade do sinal que chega à casa dos telespectadores até o investimento realizado pelas emissoras regionais. Não basta obter concessão e instalar a emissora. É preciso que ela percorra um vasto caminho até se tornar, de fato, inserida no contexto político, econômico e cultural da comunidade. É necessário seguir padrões de qualidade, funcionamento, desenvolvimento de recursos humanos e investir pesado em equipamentos e instalações para proporcionar ao mercado local programação, jornalismo, comercialização, envolvimento com eventos e festas locais e excelência na transmissão do sinal da emissora por toda a sua área de cobertura, que deve ser
  • 25. 25 definida a partir de características culturais, demográficas e econômicas homogêneas. 3 Existem vários obstáculos para se fazer um jornalismo regional de qualidade, como a dificuldade na locomoção de equipe, muitas vezes pelas más condições das estradas da região. O tempo é outro fator que não contribui, pois é preciso viajar até outras cidades da região para fazer a cobertura de uma matéria e muitas dessas viagens são longas; outro fator relevante é o alto custo em equipamentos e padronização da programação. 1.3 - TVs REGIONAIS: UMA TRAJETÓRIA DE SUCESSO No Brasil existem grandes redes regionais, que com muito esforço e colaboração da comunidade conseguiram se desenvolver e hoje são sinônimo de sucesso no país. No interior de São Paulo, as filiais e afiliadas da emissora da Rede Globo, investiram na qualidade do sinal e na reformulação de sua programação. Um dos exemplos é o caso da EPTV (Emissoras Pioneiras de Televisão), fundada em 1979, e que hoje conta com quatro emissoras - TV Campinas, em Campinas; TV Riberão, em Riberão Preto; TV Central, em São Carlos e TV Sul de Minas, em Varginha, Minas Gerais. Atualmente com as quatro emissoras, a EPTV alcança 292 municípios entre o interior paulista e o sul de Minas, num total de 9 milhões de habitantes . (BAZI, 2001) “As ações da Rede EPTV, incluindo as suas quatro emissoras, estão divididas ao meio com a Globo, 50% pertencem a família Marinho, os outros 50% são de propriedades dos Coutinho Nogueira”, grupo regional (BAZI, 2001, p.36). No seu início, a TV Campinas precisava ganhar a confiança do anunciante local, da elite local e, é claro, do público. Em 3 MERCADO GLOBAL, Rede Globo, 3º trimestre de 2003, Edição número 113, página 01.
  • 26. 26 alguns anos a TV Riberão ampliou sua produção passando a produzir um bloco local do “Globo Esporte”, o “ Globinho”, programa dirigido ao público infantil e a realizar reportagens de âmbito regional para serem exibidas pelos telejornais da Rede Globo. A TV Sul de Minas tinha uma área de abrangência de 75 cidades e saltou para 140 cidades, onde vivem aproximadamente 2,2 milhões de pessoas, sendo o seu maior desafio as enormes distâncias entre as cidades mineiras e o seu difícil acesso. A TV Central no início tinha uma cobertura de 30 municípios, e com o tempo o raio de atuação da emissora se expandiu, chegando a alcançar 37 municípios. Em 1991 a emissora estreou seu telejornal regional desvinculando-se da TV Ribeirão (BAZI, 2001). O autor afirma ainda que as emissoras afiliadas da Rede Globo foram estrategicamente instaladas em regiões de grande concentração populacional e com mercados comerciais ativamente promissores. A EPTV, por exemplo, como em qualquer outra emissora afiliada a Rede Globo, possui horários predeterminados para mostrar sua programação regional. No entanto, por 10 vezes, a EPTV já ocupou outro espaço na programação da Globo, utilizando-se do horário do programa “Globo Repórter”, para apresentar suas produções regionais (BAZI, 2001). Isto demonstra como a rede EPTV tem parceria e credibilidade junto à cabeça de rede, mostrando que é possível as TVs regionais ter acesso a este espaço tão delimitado, ao exibir as suas produções regionais em horário voltado para a exibição de matérias nacionais. Com competência e profissionalismo pode se alcançar o privilégio de ver as matérias que fazem parte do contexto de sua cidade sendo apresentadas nacionalmente. Temer (1998) pesquisou sobre a história da TV Triângulo de Uberlândia, Minas Gerais, para documentar sobre o pioneirismo das emissoras de televisão no interior do Brasil, mostrando as dificuldades que são encontradas no início para uma TV regional se estabelecer. É nesse aspecto de estabelecimento e reconhecimento de uma emissora regional que as afiliadas assumem um papel importante no que se refere a investimentos e recursos, pois seria
  • 27. 27 economicamente inviável uma emissora regional se estabelecer e até mesmo sobreviver de forma independente, sem o auxílio das afiliadas. Acompanhando a TV Triângulo percebe-se que ela surgiu a partir da “aposta do povo”, sem nenhum tipo de pesquisa ou planejamento, e sem o conhecimento das pontecialidades dos mercados local e regional para sustentar este veículo. Num primeiro momento imperam o entusiasmo e o amadorismo, a emissora se instala com recursos mínimos em um apartamento no centro de Uberlândia e entra no ar sem nenhuma formação especifica de recursos humanos. (TEMER, 1998 apud ROCHA, 2003, p.6) Outro exemplo de Redes regionais que tem dado certo é a TV Tem, com emissoras sediadas em Bauru, Sorocaba, São José do Rio Preto e Itapetinga, onde as quatro são afiliadas a Rede Globo. A tendência do surgimento das redes de televisão pode não ser novidade, mas vem se consolidando no interior de São Paulo. Um dos motivos seria o grande potencial do interior paulista, que é considerado pelo setor publicitário o segundo maior mercado do país, só perdendo para a capital. Outra razão defendida pelas emissoras, é a maior proximidade com o telespectador que “quer se ver” na televisão. Segundo Volpato e Oliveira (2007), durante a programação um informe de 20 a 30 segundos é exibido sobre as cidades cobertas pela TV Tem. O nome da cidade se destaca junto com o slogan “TV tem, a TV que tem você”, uma estratégia midiática para aumentar sua credibilidade e a relação de identificação com o público. O editor regional de jornalismo da TV Tem, Osmar Fábio Chor, afirma que o mais importante é ver as notícias da sua rua, do seu bairro, da sua cidade e saber que a emissora é a porta-voz dos seus problemas junto ao poder público4. Outra experiência pioneira, com custo acessível, e com o objetivo de regionalização da programação de TV, vem sendo realizada em Adamantina, pela FAI - Faculdades Adamantinenses Integradas, por meio do departamento de Comunicação Social e a emissora de televisão TVR, sediada em Tupi Paulista, com transmissões de sinais para Tupi, Dracena, 4 JORNAL O IMPARCIAL, Presidente Prudente/SP, 20/06/2003.
  • 28. 28 Adamantina, Lucélia e Osvaldo Cruz. A TVR está no ar há mais de 5 anos com amplo espaço para a programação regional (ROCHA, 2003, p.11). A iniciativa tem forte identidade com a comunidade regional, fato este que tornou o “Programa Feira Livre” carro-chefe da emissora, e em poucas semanas em uma das maiores audiências da televisão. Rocha (2003) aponta que a faculdade oferece toda infra-estrutura em recursos técnicos e humanos para que artistas anônimos de Adamantina e região apresentem seus números musicais e culturais. Passam pelo Feira Livre cantores sertanejos, de hip-hop, grupos de danças, contadores de piadas e outros. É muito interessante ver a educação interligada ao desenvolvimento da TV regional no país. Essa experiência da TVR em parceria com a faculdade é importante, pois valoriza e propaga a cultura e dá apoio aos artistas da região. Muitas vezes estes artistas não encontram espaço nos grandes veículos de comunicação de massa passando despercebidos diante da sociedade e são nas emissoras regionais que podem encontrar esse espaço. Projetos como estes podem trazer audiência para uma emissora regional, dando a esta uma maior visibilidade e tornando-a mais forte e conhecida. Por fim temos o exemplo da RBS, pertencente a Rede Sul de Comunicação, que também faz parte deste contexto de televisão regional, ao longo de sua história de mais de 47 anos. Segundo Hinerasky (2004, p.4), “O grupo RBS detém 85 % do mercado do Rio Grande do Sul, e vem investindo recursos em ações sociais e comunitárias”. O que diferencia a rede é o modelo de televisão regional: atuação comercial e cultural junto às comunidades regionais. Ela é afiliada a Rede Globo desde 1971, e a principal emissora do estado: possui 17 emissoras de televisão, 18 emissoras de rádio, atua em vários segmentos da mídia e caracteriza-se por destinar cerca de 10% do que exibe para a produção regional. Hinerasky (2004, p.5) afirma ainda que “apesar deste número não ser tão expressivo, a emissora é uma instituição que tem considerável inserção no contexto cultural gaúcho, pois dá ‘cor local’ na grade de uma Rede
  • 29. 29 nacional”. A emissora detém mais de 50% da audiência em todos os programas no estado com a proposta da Rede de destacar a cultura regional e suas características em toda sua programação. Através do conhecimento de sua programação, evidencia-se a preocupação em falar para a comunidade, mostrar seus problemas e eventos e em valorizar a cultura e história do povo gaúcho. A emissora também tem buscado alternativas para abranger um amplo espectro da audiência, organizando sua programação em categorias principais ou segmentações, especialmente a partir de 1999 (HINERASKY, 2004, p.6) Conforme Barbero, “as televisões regionais se convertem em uma reivindicação fundamental das comunidades regionais e locais, em sua luta pelo direito à construção de sua própria imagem, que se confunde com o direito à sua memória” (BARBERO; REY, 2001, apud HINERASKY, 2004, p.4), o que equivale a dizer que a importância da TV regional vai muito mais além do que expor notícias locais; é através dela que a história da comunidade se faz e se conta, podendo contribuir para a formação da identidade local. 1.4 - TV BAHIA O jornalista Assis Chateaubriand, no de ano de 1956, decidiu implantar uma antena transmissora em cada grande cidade do Brasil. Foram adquiridas nove estações, que se destinavam a Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Campina Grande, Fortaleza, São Luiz, Belém e Goiânia. Em 1960, chega à Bahia a primeira emissora de televisão, a TV Itapoan. Segundo Lima (2006), achava-se que a Bahia não tinha mercado para sustentar um canal de TV, porém aconteceu uma surpresa: 70% dos anunciantes eram locais e somente 30% eram de outros estados. Hoje a Rede Bahia de Comunicação é composta por diversas empresas. Ela atua dentro e fora da Bahia, está presente na mídia impressa, TV por assinatura, jornais, rádios, produtora de cinema e vídeo, gráfica, provedora de Internet e atua também no setor de
  • 30. 30 construção civil (LIMA, 2006). Foi inaugurada no dia 2 de julho de 1978, uma data importante para o estado, pois nela é comemorada a independência da Bahia. A Rede pertence à família Magalhães, uma família muito conhecida na Bahia e no Brasil, por atuarem na área política. Lima (2006) afirma que uma mídia regional ou um grupo regional está diretamente ligado as tendências políticas e também culturais de uma região. No segmento de mídia eletrônica ela possui seis emissoras de TV aberta, uma de TV fechada, duas emissoras e uma rede de rádio, porém o seu carro chefe é a TV Bahia, que abrange um público de mais de 12 milhões de pessoas. Todas são líderes absolutas de audiência e garantem, assim, a grande maioria das verbas publicitárias dos anunciantes locais e nacionais. Entre as empresas de rádio, destaque para a Rede Tropicalsat, que distribui seu conteúdo via satélite para emissoras em todo o estado. Para conseguir esses resultados, a Rede investe pesadamente em tecnologia para a instalação do seu sinal via satélite, que chega hoje a todos os municípios da Bahia, para a digitalização de seus equipamentos visando melhorar a qualidade do sinal de suas retransmissoras, e, principalmente, em informação regionalizada, um produto importante para conquistar e ampliar audiência. (REDE BAHIA DE COMUNICAÇAO, 2003). A TV Bahia foi inaugurada em Salvador no dia 10 de março de 1985, como emissora afiliada à Rede Manchete, mas em 1987 passou a ser afiliada à Rede Globo de Televisão. A emissora transmite seu sinal para a Região Metropolitana de Salvador e mais 221 municípios, leva seu sinal a de 1,4 milhões de domicílios, com quase 7 milhões de telespectadores e foi o primeiro investimento da Rede Bahia no que se refere a TV aberta. (REDE BAHIA DE COMUNICAÇAO, 2003 apud LIMA, 2006). A TV Bahia exibe uma programação diversificada durante toda a semana, que vai desde o jornalismo até programas esportivos, educativos e culturais e transmite também a programação da Rede Globo. São exibidos diariamente os telejornais Jornal da Manhã, Bahia Meio Dia, Bahia Esporte e à noite o BA TV, que traz informação com as principais notícias do dia, flashes ao vivo e inserção de reportagens das outras emissoras regionais. Aos sábados são exibidos o programa Aprovado, classificado como educativo, que traz jovens que estudam
  • 31. 31 nas escolas da região para debater sobre assuntos ligados ao universo estudantil. Há ainda o Mosaico Baiano, um programa de entretenimento, com entrevistas e agenda com principais eventos da região. O Rede Bahia Revista vai ao ar aos domingos e traz notícias e reportagens de temas variados que abordam as tradições culturais do povo baiano, além de música, dança e arte, e o Bahia Rural, exibido domingo pela manhã, retrata o universo do homem do campo. Lima (2006) cita que são feitas quatro reuniões diariamente entre os coordenadores do Jornal Nacional, o coordenador de núcleo na emissora e o produtor, onde todo o trabalho é discutido e analisado, desde o texto até a condução da matéria. Ela afirma que o repórter só realiza a matéria depois que há uma combinação entre a central de jornalismo da Rede Globo no Rio e o núcleo da Bahia, e que se a notícia não é importante para a rede ela passa a ser só local e não é produzida. Através dessa noção de como é realizado a produção das notícias pela TV Bahia, percebemos a forte dependência que a rede regional tem com a rede nacional, pois tudo o que é captado de informação precisa antes ser passado para a Central Globo de Jornalismo, para que eles avaliem se aquela notícia vale a pena ser divulgada ou não. Portanto, não há uma autonomia para uma emissora regional transmitir a matéria sem a decisão da cabeça de rede, “além disso os repórteres devem evitar uma linguagem regional, e tentar tornar sua imagem a mais neutra possível” (LIMA, 2006, p.19). Na pesquisa de Montes (1997 apud LIMA, 2006, p.19) sobre produção de notícias, ele cita: acostumado a acompanhar a edição das próprias matérias, o repórter José Raimundo afirma que o trabalho não se encerra quando a equipe de reportagem retorna da rua:‘quando volta para a TV começa uma outra etapa do trabalho. É a hora de editar, discutir o que foi feito na externa e se os indícios apontados antes da saída foram confirmados’, acrescenta o repórter. ‘O trabalho é todo discutido e estudado, desde o texto até a condução da matéria. Tudo é discutido com a coordenação do núcleo’.
  • 32. 32 Lima também expõe como as grandes redes têm colocado alguns repórteres para serem exclusivos ao dar notícias sobre uma determinada região com o intuito de acostumar o telespectador com as notícias divulgadas por aquele repórter da região, a exemplo do Jornal Nacional. As exclusividades, nestes casos, funcionam mais como uma forma de ancorar as notícias de determinadas regiões em um único profissional. Conforme Lima (2006), o telespectador de qualquer região do país se identifica com a notícia de acordo com o que o repórter está apresentando. Na TV Bahia, por exemplo, apesar de existirem dois repórteres de rede, o único repórter autorizado para fazer esses tipos de matérias para o Jornal Nacional é o repórter José Raimundo. Segundo Montes (1997 apud LIMA, 2006, p.20), nas afiliadas da Rede Globo o público deve ter certa identificação com o repórter que entra no horário nobre da Globo. Sendo assim o telespectador ao ver na sua casa a imagem ou a voz do repórter José Raimundo, que já exclusivo daquela região, saberá que aquela notícia é do nordeste, gerando assim uma identificação do emissor com o receptor. Segundo Lima (2006, p.24) “os grupos de mídia regionais estão, de fato, desenvolvendo e consolidando a idéia de empresa genuinamente regional, comprometida com produções e notícias tanto na esfera do tradicional (local), quanto na esfera do pós-moderno (global)”. Os grupos regionais começaram a perceber a importância de estar investindo tanto em equipamentos quanto em profissionais qualificados, e muito mais em mídia local. Pois os meios de comunicação têm uma grande influência na sociedade e cada vez mais estes veículos estão procurando se aperfeiçoar. Desde 1985 outras afiliadas começaram a surgir e a se expandirem pelo interior do estado. A TV Santa Cruz em Itabuna, a Sudoeste em Vitória da Conquista, a Oeste Barreiras, a TV São Francisco em Juazeiro e a TV Subaé de Feira de Santana, que em março de 1998 incorporou 50% de seu capital à Rede Bahia. Segundo Lima (2006), para que um grupo de
  • 33. 33 mídia seja considerado regionalizado, é necessário antes entender o sentido de regionalismo que está presente em produção, investimentos e estratégias. Para entendermos um pouco sobre essas emissoras regionais de TV aberta, que fazem parte do contexto de mídia regional no estado da Bahia, será feita uma apresentação sobre estas outras TVs que compõe a Rede Bahia de Comunicação. TV Santa Cruz “Com sede em Itabuna, a TV Santa Cruz, desde novembro de 1988, leva seu sinal à região sul do estado, onde estão algumas das mais antigas e importantes cidades da Bahia, representantes da cultura cacaueira e da nossa história, como Ilhéus, Itabuna e Porto Seguro. Além dessas cidades, destaca-se o desenvolvimento de novos pólos econômicos, em Eunápolis, Teixeira de Freitas e Itamaraju, e turísticos em Canavieiras, Prado, Santa Cruz de Cabrália e Itacaré. Cobrindo 53 municípios, a TV Santa Cruz leva informação e entretenimento, consolidando o forte compromisso com o desenvolvimento econômico e sócio-cultural da região” (REDE BAHIA DE COMUNICAÇÃO, 2003). TV Sudoeste “São 67 municípios cobertos pelo sinal da TV Sudoeste. É mais uma emissora da Rede Bahia, que se une à força industrial de Jequié e Itapetinga, ao potencial do turismo histórico e ecológico de Rio de Contas e a rica agricultura de Brumado, Guanambí e Caetité. Sediada em Vitória da Conquista, uma das maiores cidades da Bahia, a TV Sudoeste foi inaugurada em março de 1990 e é hoje mais um exemplo de desenvolvimento do Estado, assim como a cultura do café na região” (REDE BAHIA DE COMUNICAÇÃO, 2003). TV São Francisco “Instalada na cidade de Juazeiro, na divisa com o estado de Pernambuco, A TV São Francisco foi inaugurada em dezembro de1990 e leva seu sinal a 28 municípios. A região é banhada por
  • 34. 34 um dos mais importantes rios navegáveis do país, o São Francisco, e um dos maiores lagos artificiais do mundo, o do Sobradinho. Juntos esses recursos naturais representam sustentáculos da economia regional. Importante pólo produtor de frutas para exportação, o norte baiano engloba também forças como Campo Formoso, um dos maiores centros produtores de diamantes do país, as riquezas e os mistérios da Chapada Diamantina e todo o progresso de Senhor do Bonfim. A TV São Francisco atua como um agente ativo do desenvolvimento social e econômico, levando informação, educação e cultura aos telespectadores da região” (REDE BAHIA DE COMUNICAÇÃO, 2003). TV Oeste “A Região Oeste está localizada em um ponto estratégico para o escoamento da produção agropecuária e industrial do Estado. O potencial turístico, a cultura de grãos (lavoura e indústrias de beneficiamento) em Barreiras e Luís Eduardo Magalhães e o potencial comercial de Bom Jesus da Lapa dão a certeza de que a região representa uma importante fronteira para o crescimento econômico do Estado. Inaugurada em fevereiro de 1991 e sediada em Barreiras, a TV Oeste leva seu sinal a 21 municípios, marcando presença na vida da população e participando ativamente do crescimento econômico da região” (REDE BAHIA DE COMUNICAÇÃO, 2003). TV Subaé “Inaugurada em junho de 1988, a TV Subaé foi a primeira afiliada à Rede Globo no interior da Bahia. Sediada em Feira de Santana. Segunda maior cidade do estado e principal centro comercial do interior do Nordeste, a TV Subaé transmite sua programação para 48 municípios, levando informação e entretenimento, além de incentivar a cultura e as manifestações populares da região” (REDE BAHIA DE COMUNICAÇÃO, 2003). A autora Lima (2006) traz sua consideração sobre a Rede Bahia de Comunicação, mostrando como esta, através da sua produção regionalizada e do seu investimento em
  • 35. 35 tecnologias, bem como em suas emissoras regionais, tem conquistado exponencialmente não só o mercado da mídia eletrônica como também os seus demais segmentos. A Rede Bahia de Comunicação representa, de certo modo, a realidade dos grupos regionais pelo Brasil, enquanto proposta de mudança. A “maior do Norte/Nordeste” serve de exemplos para outros grupos. Assim como no Sul, a RBS já havia percebido esse filão, de regionalização, agora temos as outras empresas de mídia acompanhando essa tendência, que está voltada para a modernização, a tecnologia e o investimento. Somente assim, para enfrentar o mercado cada vez mais competitivo. (LIMA, 2006, p.26) A autora afirma que a Rede Bahia, assim como a RBS, percebeu na regionalização da programação um caminho para o sucesso da mídia regional.
  • 36. 36 2. TV SUBAÉ 2.1 - HISTÓRIA A TV Subaé é uma emissora de televisão, situada em Feira de Santana na Bahia. Como já citado, foi inaugurada no dia 1º de junho de 1988, configurando-se como a primeira emissora afiliada à Rede Globo no interior da Bahia. Quando a emissora surgiu fazia parte do Grupo Modesto Cerqueira, que levava o nome do seu presidente. Após a morte de Modesto Cerqueira, o grupo passou a ser comandado pelo seu filho, Modezil Cerqueira. Em 1999, o Grupo Modesto Cerqueira se desfez de outros veículos de comunicação em Feira de Santana, como as Rádios Subaé AM, Subaé FM e o Jornal Feira Hoje, todos vendidos para o Sistema Nordeste de Comunicação. No mesmo ano, o empresário Modezil Cerqueira vendeu partes de suas ações para a Rede Bahia. Hoje a TV Subaé faz parte da Rede Bahia de Comunicação. Através do Núcleo de Jornalismo da Rede Globo, vieram alguns profissionais de Minas Gerais e São Paulo implantar a TV Subaé, entre eles Sílvio Palma, que foi o primeiro diretor de jornalismo, Marcos Pizano, editor de texto da TV Leste/Globo Minas, João Aldemir Venceslau, editor de texto da TV Leste/Globo Minas que também fez parte da equipe de implantação da TV Santa Cruz de Itabuna-BA, o repórter Ciro Porto da EPTV São Paulo, Aline Hungria, repórter da TV Globo São Paulo, Ferreira, gerente de operações da TV Globo São Paulo, entre outros profissionais nas áreas de operações, operações comerciais, programação e engenharia. O mercado de TV de Salvador, o único da época na Bahia, também contribuiu com muitos profissionais na fase inicial de transmissão da TV Subaé. Como afirma Marcílio Costa, Chefe de jornalismo da TV Subaé, em entrevista concedida no dia 22 de outubro de 2009,
  • 37. 37 A TV começou com a maioria da mão de obra vinda de fora. A cidade não tinha televisão, não tinha mão de obra disponível. Vieram grupos da Globo implantar a televisão em seus diversos setores: pessoas vieram fazer levantamentos na parte do jornalismo, avaliação, e escolher as pessoas que iam trabalhar. Nesse momento vieram pessoas de fora que já conheciam e trabalhavam com televisão, mesclou com o pessoal daqui e foi formada a mão-de-obra a partir daí. Para Costa (2009) a implantação da TV Subaé teve um impacto muito grande na cidade. Segundo ele, “a TV Subaé é um marco não só na história do meio de comunicação, como também na história de Feira de Santana, tendo uma grande importância para a comunidade”. Ele afirma que TV Subaé busca, todos os dias, ficar mais próxima do telespectador. TV Regional é aquela que mostra a cara das pessoas que estão ali, esse é o principio da TV Regional, quando as pessoas vêem suas demandas sendo mostradas e atendidas. É conseguir chegar mais próximo das necessidades da comunidade, e quando se consegue atender uma boa parte dessa demanda. É isso que a TV Subaé busca todos os dias: ficar mais próximo do telespectador, é mexer no nosso formato, é um aprendizado diário, sempre buscando colocar o telespectador em evidência. Bazi (2001) confirma a importância que uma TV tem para a comunidade na qual está inserida, ao afirmar que as empresas de televisão que atuam num âmbito regional adquirem um papel fundamental, pois são elas que produzem e transmitem informações aos telespectadores, podendo dessa maneira, criar uma identidade com as comunidades. 2.2 - ÁREA DE COBERTURA A TV Subaé transmite sua programação para 48 municípios5 situados próximos à cidade de Feira de Santana, levando seu sinal também a outras cidades importantes, tendo um 5 Água Fria, Alagoinhas, Amargosa, Amélia Rodrigues, Anguera, Antônio Cardoso, Araçás, Araci, Aramari, Barrocas, Biritinga, Cairú, Candeal, Castro Alves, Conceição da Feira, Conceição do Coité, Conceição do Jacuípe, Coração de Maria, Cruz das Almas, Feira de Santana, Iaçu, Ichú, Ipecaetá, Ipirá, Irará, Itaberaba, Itatim, Jiquiriça, Lage, Lamarão, Mutuípe, Ouricangas, Pedrão, Rafael Jambeiro, Retirolândia, Riachão do Jacuípe,
  • 38. 38 maior destaque as cidades de Santo Antonio de Jesus e Alagoinhas. Ela atinge cerca de 1 milhão e 500 mil telespectadores, com 372.099 domicílios com TV. Segundo Cristiane Macário, coodernadora de Marketing, em entrevista concedida no dia 22 de outubro de 2009. Além de Feira de Santana, a TV fez uma divisão por regiões, sendo a cidade de Santo Antônio de Jesus a cabeça do Recôncavo Sul e do lado oposto, geograficamente, está Alagoinhas, localizada no leste da Bahia. Estas duas cidades foram estabelecidas como principais, porque geram mais notícias e a distância em relação à Feira de Santana não é grande se comparada a outras cidades, o que facilita ir nas duas cidades em um turno e retornar à TV com a matéria, como afirmou Costa (2009). Em Santo Antonio de Jesus existia um escritório regional com equipe locada lá, mas atualmente está desativado. Estas demais cidades de cobertura da TV Subaé não comportam ter uma equipe permanente instalada. Nós temos consciência que são 48 municípios, mas como em toda emissora regional, não só aqui, não se consegue cobrir todos os 48 municípios, então fazemos rondas. Tem produtores encarregados por região: através das rondas vemos o que vai gerar notícia. A Globo não vai cobrir todos os estados como cobre Rio de Janeiro e São Paulo, então são as TVs Regionais que chegam mais próximo do telespectador. (COSTA, 2009) Ainda Segundo Costa (2009), no mês de setembro de 2009, a TV Subaé exibiu 292 matérias inéditas, onde 17 matérias foram regionais e 275 foram locais. Diante destes dados podemos perceber que a emissora, apesar de se denominar regional, privilegia algumas cidades mais importantes. Esse aspecto, presente em muitas emissoras, tem gerado muitos debates sobre o papel de uma emissora regional. Porém sempre é levantado o aspecto da viabilidade, lembrando que apesar de ser regional é difícil para uma emissora cobrir todos os municípios da região a qual seu sinal atinge. Sobre este dilema local x regional em relação à TV Subaé, Costa (2009) diz que é inegável que Feira de Santana tem um maior espaço pela sua economia e pela força da notícia, e que por a emissora estar instalada na cidade é natural que esta ganhe uma maior relevância. Portanto, é uma emissora local/regional com Santa Bárbara, Santanópolis, Santo Antonio de Jesus, Santo Estevão, São Gonçalo dos Campos, São Miguel das Matas, Serra Preta, Serrinha, Tanquinho, Teofilândia, Valença, Valente.
  • 39. 39 expectativa de se tornar cada vez mais regional.. Além de Alagoinhas e Santo Antonio de Jesus, a TV Subaé busca notícias factuais e curiosas, a exemplo de matéria produzida na cidade de Serrinha, onde um morador coleciona 400 aparelhos rádios. Ainda segundo Costa (2009), outros fatos inusitados e de interesse público da região estão sempre sendo buscados pela equipe de jornalismo da TV Subaé, como o caso de uma mulher que caiu numa cisterna na cidade de Santo Estevão. Costa conta que a TV recebeu a notícia pelo telefone, mas não sabiam se era verídica. A TV entrou então em contato com o corpo de bombeiros, que confirmou a notícia. A TV enviou sua equipe até a cidade para fazer a matéria e ao chegar ao local, a mulher já havia sido resgatada, mas como alguns moradores filmaram o episódio pelo celular, a equipe teve acesso à gravação. Conforme Costa (2009), “foi uma história muito impactante e por isso foi transmitida pela TV Bahia. Essa matéria teve força suficiente para que nos deslocássemos para Santo Estevão. Quando um fato é forte pode ser no distrito mais distante, não medimos esforços e vamos à cidade”. Esse episódio mostra ainda como o jornalismo regional pode ser feito a partir da interação e participação da população. Bastos Silva, após um levantamento de dados sobre duas emissoras da Baixada Santista chegou à conclusão que, as tevês regionais por uma série de questões procuram dar cobertura maior para a cidade mais importante da sua região. Este fato tem gerado muitas criticas e discussões sobre o papel que as emissoras deveriam prestar para a região. As empresas se defendem afirmando que não tem equipes suficientes para realizar uma cobertura cabal ou ás vezes não se justifica enviar uma equipe para um município muito distante sem haver razão maior. (SILVA, 1997 apud BAZI, 2001, p.16). A TV Subaé não foge a esta realidade, porém de acordo com o diretor de jornalismo da TV, há a consciência do papel de uma emissora regional e o objetivo de cada vez mais ir expandindo a produção, equipe e equipamentos para contemplar as demais cidades da região.
  • 40. 40 2.3 - PROGRAMAÇÃO A grade de programação é composta pela retransmissão dos programas nacionais da Rede Globo de Televisão e por três programas regionais, exclusivamente jornalísticos. Diariamente são exibidos os telejornais Jornal da Manhã, Bahia Meio Dia e o BA TV, este último transmitido à noite, nos mesmos moldes que combinam produção local com produção exibida para todo Estado comandada pela TV Bahia, principal emissora da Rede Bahia de Comunicação, com sede na capital do Estado. O jornal da Manhã é exibido de segunda a sexta-feira, às 06h 30 min. Antes exibido apenas duas vezes por semana, atualmente ganhou mais espaço na programação sendo transmitido diariamente. É apresentado por Lete Simões, que traz as principais notícias de Feira de Santana e região logo cedo. O telejornal apresenta notícias e informações de utilidade pública, oferta de empregos, previsão do tempo e sempre um assunto de interesse geral discutido em entrevista, ao vivo no estúdio. Através das câmeras espalhadas pelos principais pontos da cidade, o telespectador é orientado sobre as condições do tráfego e sobre os fatos que aconteceram durante a noite e a madrugada, (sendo mostrados no Jornal da Manhã). O jornal Bahia Meio Dia é exibido de segunda a sábado às 12 h e 20 min, apresentado por Madalena Braga. O programa tem como uma das suas principais características levar a informação ao vivo, onde quer que o fato aconteça. É o programa que mais divulga os problemas da comunidade: o Bahia Meio Dia apresenta quadros de cunho social, como o “Desaparecidos”, exibido todas as quartas-feiras na praça da Catedral, que ajuda as famílias a encontrarem seus parentes e o quadro de “Empregos”, que dá a oportunidade de desempregados buscarem uma nova oportunidade no mercado de trabalho. As ofertas de trabalho são exibidas todos os dias: a empresa entra em contato com a TV, e não tem custo para anunciar sua vaga, como afirmou Macário (2009).
  • 41. 41 No Bahia Meio Dia sempre há presença de um artista da terra mostrando seu talento e a agenda cultural é exibida toda a sexta-feiras. É o telejornal que tem a maior duração, e nesse espaço maior a TV aproveita para divulgar os eventos da cidade, levar um artista no estúdio e exibir o quadro de desaparecidos, que é sucesso da TV Subaé, como afirma Costa (2009). Como exemplo, ele conta uma história que aconteceu no início do mês de outubro deste mesmo ano em que o Bahia Meio Dia exibiu o caso de um paciente que estava internado há um ano no Hospital Colônia Lopes Rodrigues. Após sofrer um acidente o indivíduo perdeu a memória e o contato com a família. A matéria foi exibida no Bahia Meio Dia às 12h e às 13h do mesmo dia, a família entrou em contato com a TV Subaé e o reencontro foi marcado. Costa afirma através desse caso a importância da prestação de serviço à comunidade como característica marcante da TV regional, “só a televisão com a força que ela tem, com a imagem, é capaz de fazer reencontros. Isso é TV Regional” (COSTA, 2009). Os meios de comunicação de uma cidade permitem que o cidadão tenha conhecimento sobre informações que se referem ao seu cotidiano, o que é reforçado por Coutinho e Martins (2008). O telejornal local é um mediador entre o receptor e a cidade; através do telejornal o telespectador se conecta a ela, partilha e assiste pela televisão histórias de cidadãos que vivem problemas semelhantes aos seus. As autoras ainda afirmam que o telejornalismo regional se torna ainda mais importante na construção da identidade local, podemos concluir que se a programação veiculada pela televisão em rede nacional é concebida como uma narrativa e/ou agente unificador, o telejornalismo regional se torna ainda mais importante na construção da identidade local, na medida em que pode ressaltar – e em alguns casos mesmo resgatar – a cultura das comunidades às quais se destina, fazendo com que as pessoas se sintam retratadas e lembradas, através da TV. (COUTINHO e MARTINS, (2008, p. 15). Por fim, o jornal BA TV é transmitido à noite, às 19h e 05min, sendo exibido de segunda a sábado. Ele também é apresentado por Lete Simões e, durante a sua exibição, conta
  • 42. 42 com reportagens e flashes ao vivo sobre os principais fatos que ocorrem no fim do dia, orientação do trânsito na hora do rush e cobertura especial das notícias do futebol. O jornalismo de TV que tenha um caráter realmente local pode influenciar o sentimento de pertencimento do cidadão, de reconhecimento por ele do que seria o seu espaço público; o telespectador que assiste ao telejornal local se identifica com o que está vendo porque a notícia da cidade apresentada na tela efetivamente faz parte da sua vida cotidiana. (COUTINHO e MARTINS, 2008, p.4) Ele é considerado o telejornal mais assistido da televisão baiana, como afirma Costa (2009) “100% da programação da TV Subaé é líder de audiência, e os telejornais são campeões de audiência. A maior audiência da TV Subaé é o BA TV, que muitas vezes fica na frente do Jornal Nacional, o que é normal, pois as pessoas se identificam com o jornal local”. 2.4 - AUDIÊNCIA A pesquisa de audiência da TV Subaé é realizada pelo Instituto IBOPE, que é responsável por fazer medição em veículos de comunicação. Uma vez por ano, funcionários do Ibope vêm à Praça de Feira de Santana, selecionam alguns domicílios e distribuem um manual com orientação para o telespectador. Cada vez que o telespectador assistir a determinado programa ou canal, marca no caderno. Eles retornam até a casa desses moradores, recolhem o caderno e enviam os dados para o Instituto Ibope. Após uma análise, o IBOPE tira as conclusões necessárias para medir a audiência e perfil da emissora. Nesta tabela são classificadas a audiência e participação durante a exibição de cada telejornal, o perfil do público, como classe social, sexo e a faixa etária dos telespectadores. A última pesquisa desta natureza foi realizada em maio de 2009. Nas emissoras que possuem um mercado publicitário forte essa pesquisa pode ser realizada diariamente, ponto a ponto, como no caso da TV Bahia. Apesar de Feira de Santana ter um bom mercado publicitário “este tipo de audiência ponto a ponto, tem um custo muito
  • 43. 43 alto para uma cidade do porte de Feira de Santana e por isso é realizada a pesquisa ano a ano” afirma Costa (2009). Outra forma citada de medir a audiência é através de outros veículos de comunicação: “a audiência é medida pelo retorno da comunidade ao telefone ou e-mail”. Televisão, e quem não enxergar isso mude de ramo, é negócio alimentado pela audiência. Ou seja, o público é que define. Se nós temos a capacidade de fazermos um projeto que agregue audiência, nós devemos fazer. Se o nosso projeto não agrega audiência, nós temos que examinar. E se com certeza ele diminui a audiência, nós temos que eliminá-lo. (CRUZ, 1996 apud BAZI, 2001, p.64) Segundo Macário (2009), o perfil do público da TV Subaé é variado, uma vez que a TV Subaé procura atender a toda população, criança, jovem e idoso. “A TV Subaé tenta trabalhar com esse público tanto para projetos comerciais como sociais, baseada na pesquisa que o Ibope realiza.” Este tipo de pesquisa é realizado também na Rede EPTV (Emissoras Pioneiras de Televisão), nas praças de Campinas, Riberão Preto e São Carlos, onde algumas pessoas são selecionadas e ouvidas em estúdio. Como afirma o diretor Coutinho Nogueira, “nós ouvimos grupos de audiência da classe A, B, C e D naquele vidro escondido na sala, onde tudo é gravado. Ao mesmo tempo em que as pessoas têm amor, cumplicidade com a emissora, elas também ‘descem o pau’ querendo mais” (NOGUEIRA, 1999 apud BAZI, 2001, p.64). Figura 1: Jornal da Manhã DADOS DE AUDIÊNCIA E PERFIL DE PÚBLICO JORNAL DA MANHÃ 64 PERFIL DO PÚBLICO 11% 16% 5% 17% 8% 24% 35% 11% 57% 13 68% 48% 04 a 11 1 a1 2 7 1 a 24 8 04 A 11 FEM ININO M A SCULINO Audiência Participação (%) AB C DE 25 a 49 50+ Fonte: IBOPE Media Quiz, maio/09. Praça: Feira de Santana.
  • 44. 44 Figura 2: Bahia Meio Dia DADOS DE AUDIÊNCIA E PERFIL DE PÚBLICO BAHIA MEIO DIA 61 PERFIL DO PÚBLICO 11% 18% 12% 12% 23% 30% 28% 15% 17 44% 47% 60% 04 a 11 1 a1 2 7 1 a 24 8 Audiência Participação (%) 04 A 11 FEM ININO M A SCULINO AB C DE 25 a 49 50+ Fonte: IBOPE Media Quiz, maio/09. Praça: Feira de Santana. Figura 3: BA TV DADOS DE AUDIÊNCIA E PERFIL DE PÚBLICO PERFIL DO PÚBLICO 9% BATV 80 17% 12% 52 12% 21% 26% 25% 15% 47% 62% 54% 04 a 11 1 a1 2 7 1 a 24 8 Audiência Participação (%) 04 A 11 FEM ININO M A SCULINO 25 a 49 50+ AB C DE Fonte: IBOPE Media Quiz, maio/09. Praça: Feira de Santana.
  • 45. 45 Através dos gráficos explicitados acima sobre a audiência da TV Subaé em seus telejornais, pode-se concluir que em todos os telejornais a classe C é a que mais assiste os telejornais e que a maioria dos telespectadores é do sexo feminino e possui faixa etária de 25 a 49 anos. Por isso as emissoras de TVs devem mesmo ter preocupação com a audiência e, principalmente, com a opinião da comunidade, afinal a programação é feita para ela e voltada para a mesma. A audiência determina ainda a intensidade da influência que o jornal pode causar e também indica o grau de identificação entre telespectador regional e conteúdos veiculados. A conquista da audiência depende da qualidade da programação e da credibilidade da emissora junto ao seu público. Como afirma Nogueira, (...) ter audiência é ter respeitabilidade. Nós não podemos nunca induzir, sugerir, criar algum mecanismo numa região que influencie a população e, sim, retratar com fidelidade os fatos. Certamente o nosso poder de audiência hoje é muito grande, mas o é, porque o trabalho tem credibilidade. Se a gente começar a fazer besteira, começar a tentar manipular a opinião pública, não conseguiremos, pois não existe mais o telespectador “bobo”. (NOGUEIRA, 1999 apud BAZI, 2001, p. 63) A audiência de uma emissora regional é determinada pela satisfação da comunidade com determinada matéria ou projeto social realizado pela emissora. O público é quem avalia se tal matéria vai ter sucesso ou não; tudo depende da comunidade e para uma TV regional a audiência é um fator determinante de aceitação e sustentação. 2.5 - PRODUÇÃO DE NOTÍCIAS: O JORNALISMO O número de funcionários da Instituição é de 77 pessoas, entre funcionários da própria Instituição e prestadores de serviços. A estrutura de coordenação do jornalismo da TV Subaé funciona na redação, com um chefe de jornalismo, um chefe de reportagem, cinco equipes de externas, quatro pessoas internamente na produção dos telejornais e três editores. A equipe conta com o apoio também do supervisor de operações, cinegrafistas, editores de imagem e auxiliares, que não pertencem diretamente ao jornalismo, mas prestam
  • 46. 46 serviço ao jornalismo. Segundo Costa (2009), “na TV não há equipes fixas para o jornal, todo mundo faz tudo e atende também aos pedidos para todos os jornais da TV Bahia e Rede Globo”. A produção de notícias é feita de diversas maneiras, sendo uma delas através de um programa chamado I News, que é um gerenciador de jornalismo, utilizado também pela Rede Globo e suas demais afiliadas. Costa (2009) conta que dentro deste programa tem uma pasta que à medida que a notícia chega vai sendo alimentada dentro de uma data prevista. Outra forma utilizada é tipo agência escuta. Toda a informação que chega é avaliada para saber o que precisa ser feito para a realização da matéria Como toda TV, e principalmente em uma regional, as fontes bases são sempre as mesmas e as rondas diárias são realizadas. A TV Subaé faz contato com órgãos competentes da cidade como polícia, prefeitura, hospitais, polícia rodoviária federal, bombeiros, setores que sempre tem alguma informação. Costa (2009) afirma que “são estabelecidas relações com determinados órgãos, fontes praticamente permanentes, e então decidimos a notícia que interessa e fazemos a matéria”. A TV Subaé também é muito procurada pelos telespectadores que sempre têm alguma informação; essas informações são verificadas e se forem verídicas a TV produz a matéria. Conforme Costa (2009), a TV Subaé tem um fluxo representativo de informações que chegam pelo telespectador, através de e-mail ou telefone. É preciso então fazer uma triagem e ver o que é notícia e a partir daí avaliar se aquela informação vira matéria ou não. Muitas vezes uma notícia nacional pode ter um viés de local, como economia que é um assunto comum a todos. Vamos falar sobre isso e trazer o telespectador para dentro da notícia; não é repetir a mesma matéria que o jornal nacional, mas trazer a notícia para o contexto local. (COSTA, 2009) Ainda segundo Costa, a maior dificuldade para a produção de programas regionais é a falta de recursos e de mão de obra local. A TV encontra essa maior dificuldade por ser a única
  • 47. 47 TV de Feira de Santana. Ele diz que apesar de ter estudantes na cidade e região se formando na área de Comunicação Social, falta a experiência e o profissionalismo. O problema não é falta de notícia porque Feira é uma cidade muito grande onde tudo acontece. A maior necessidade mesmo é mão- de- obra, o que precisa é ampliar o quadro de pessoas que trabalham com TV, principalmente daquelas que trabalham com vídeo, por que precisam de um treinamento específico. Nesse aspecto encontramos muita dificuldade. (COSTA, 2009). Ele afirma que através dos estágios estes estudantes têm a oportunidade de ingressar na empresa e tornarem-se profissionais preparados, porém em virtude da legislação e do regimento da própria empresa, há um limite de estagiários. 2.6 - RELAÇÃO COM A REDE BAHIA PRODUÇÃO E RECEPÇÃO – COMO SE DÁ O PROCESSO A distribuição do sinal para as emissoras regionais é feita via satélite e segue basicamente o mesmo processo em todas as emissoras afiliadas. Em alguns casos são utilizados links de microondas que auxiliam, por terra, essa distribuição padrão via satélite. A distribuição nacional é feita pela Geradora, também denominada Cabeça de Rede. Ela é responsável pela maior parte da programação da rede, ou seja, gera nacionalmente praticamente todos os programas da emissora, além dos telejornais e comerciais nacionais. Esse sinal é transmitido via satélite para as Geradoras Estaduais, localizadas nas capitais de cada estado, que se tornam a Cabeça de Rede Regional. São inseridos então os telejornais e comerciais estaduais e, novamente via satélite, esse sinal é distribuído para as Geradoras Locais que inserem a sua programação e comercialização regional. Finalmente esse sinal é transmitido via UHF para os domicílios da área de cobertura de cada uma das emissoras locais. (RETT, 2004, p.7) Figura 4: Tráfego do sinal da geradora á emissora local. Ilustração: Mauricio Rett