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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS XIV
BONIFÁCIO CARVALHO SANTOS
A TRADUÇÃO AUDIOVISUAL: O TEXTO E O
CONTEXTO CINEMATOGRÁFICO
CONCEIÇÃO DO COITÉ
2013
BONIFÁCIO CARVALHO SANTOS
A TRADUÇÃO AUDIOVISUAL: O TEXTO E O
CONTEXTO CINEMATOGRÁFICO
Monografia apresentada à Coordenação do
Colegiado de Letras com Inglês, como requisito
parcial para conclusão do Curso de Licenciatura em
Letras com Habilitação em Língua Inglesa, da
Universidade do Estado da Bahia.
Orientadora: Prof.ª Esp. Juliana Bastos.
CONCEIÇÃO DO COITÉ
2013
BONIFÁCIO CARVALHO SANTOS
A TRADUÇÃO AUDIOVISUAL: O TEXTO E O
CONTEXTO CINEMATOGRÁFICO
Monografia apresentada à Coordenação do Colegiado de
Letras com Inglês, como requisito parcial para conclusão do
Curso de Licenciatura em Letras com Habilitação em Língua
Inglesa, da Universidade do Estado da Bahia.
Aprovado em: 10 / 12 / 2013
Banca examinadora
_________________________________________
Juliana Figuerêdo Bastos – Professora Orientadora
Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV
_________________________________________
Neila Maria Oliveira Santana – Professora de TCC
Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV
_______________________________________________
Emanuel do Rosário Santos Nonato – Professor Convidado
Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV
CONCEIÇÃO DO COITÉ
2012
Dedico este trabalho a todos os que estiveram
comigo durante este processo de aprendizagem;
aos professores, colegas das turmas nas quais tive
participação em algum momento da minha
graduação; aos amigos universitários ou não; e em
especial a minha família que me acompanhou e me
ajudou durante todo este processo.
AGRADECIMENTOS
A Deus em primeiro lugar por ter me permitido o dom da vida e está sempre
presente guiando da melhor forma possível na minha jornada.
Aos meus familiares, principalmente meu pai Júlio e minha mãe Helena por terem
me dado todo apoio possível desde o inicio e nunca estiveram ausente nos
momentos mais difíceis da minha vida.
A minha avó Joana e meu avô João que, com certeza, estão me apoiando do outro
lado da vida. [In memoriam]
A professora Juliana Bastos que com sua competência me mostrou que para realizar
um bom trabalho é preciso acima de tudo muita dedicação e coragem.
A professora Neila Santana que me ajudou com sua experiência e simpatia durante
boa parte do trabalho.
Aos meus amigos André Nunes, Evanilson Barbosa, Hélio Pereira e Marcus Joanes
pelo apoio que sempre me deram durante o curso.
As amigas Lícia Maia, Rafaela Lima e Júlia Benevides por terem me incentivado em
determinados momentos.
Aos amigos-irmãos da residência universitária do campus XIV, que me aturaram por
quase quatro anos, meu mais sincero obrigado.
Por fim, a todos que de alguma forma estiveram me apoiando, de perto ou de longe,
durante esse período de formação: professores, funcionários, colegas de curso, e
amigos em geral.
Depois de algum tempo você aprende a diferença, a
sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma
alma.
Willian Shakespeare
RESUMO
Este trabalho faz um estudo sobre a Tradução Audiovisual no Brasil, tendo como
foco principal a tradução de filmes estrangeiros para a exibição no cinema nacional.
Tem como objetivo trazer ao público, em geral, o conhecimento sobre as formas
empregadas pelas empresas que realizam tal procedimento, bem como algumas das
técnicas e estratégias utilizadas para a realização da dublagem e da legendagem de
filmes, com o intuito de obter um texto fiel e ao mesmo tempo condizente com a
língua e a cultura-alvo. Utiliza como base para o estudo o filme “The Pursuit of
Happyness”, do diretor italiano Gabriele Muccino, conhecido no Brasil pelo nome “À
procura da felicidade”, que teve sua versão brasileira realizada pela Herbert Richers
S.A. do Brasil. No desenvolvimento do trabalho são mostrados alguns aspectos
relacionados à linguagem cinematográfica, a legendagem, a dublagem, as
estratégias da tradução, e as expectativas sobre o futuro da tradução, considerando
as mudanças que ocorreram ao longo desses anos. Apresenta também uma análise
da tradução feita no filme mencionado, onde se pode acompanhar as expressões e
trechos da fala original, dublada e legendada, além de avaliar os critérios utilizados
pelo tradutor. A análise será feita através de fragmentos retirados do próprio filme no
idioma de origem, com o intuito de compará-los com a língua do país de chegada,
no nosso caso, o português brasileiro.
Palavras-Chave: Tradução. Audiovisual. Linguagem. Legenda. Dublagem.
.
ABSTRACT
This paper makes a study on Audiovisual Translation in Brazil, focusing mainly on
the translation of foreign movies for exhibition on national cinema, with the goal of
bringing to the public, in general, knowledge about the ways employed by companies
that conduct this procedure, as well as some of the techniques and strategies used to
perform the dubbing and subtitling of films, to get a faithful text while consistent with
the language and target culture. Use as a basis for the study, the film "The Pursuit of
Happyness", by the Italian director Gabriele Muccino, known in Brazil by the name "À
procura da felicidade" which had its Brazilian version made by Herbert Richers S.A.
of Brazil. In development of this work are shown some aspects related to film
language, subtitling, dubbing, translation strategies, and expectations about the
future of translation, considering the changes that have occurred over the years; also
presents an analysis of the translation made in the aforementioned movie, where you
can track the expressions and periods of the original speech, dubbed and subtitled,
besides the evaluation of the criteria used by the translator. The analyses will be
done through fragments taken from the film itself on the original language, in order to
compare them with the language of the arrival country, in our case, the Brazilian
Portuguese.
Key-words: Translation. Audiovisual. Language. Subtitle. Dubbing.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Adaptação do texto estrangeiro ...............................................................31
Tabela 2 – Tradução com fidelidade ou não fidelidade ao texto original...................32
Tabela 3 - Adaptação e substituição do texto estrangeiro.........................................33
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................11
1. O TEXTO ESCRITO E FALADO NO CINEMA ...................................................20
1.1 A linguagem cinematográfica..............................................................................20
1.2 Legendagem: texto e imagem.............................................................................22
1.3 Dublagem: imagem e fala ...................................................................................25
2 ESTRATÉGIAS DA TRADUÇÃO AUDIOVISUAL...............................................13
2.1 Estratégias Macro e Micro textuais .....................................................................13
2.2 Possíveis rumos da tradução ..............................................................................16
3 ANÁLISE DA TRADUÇÃO NO FILME: “THE PURSUIT OF HAPPYNESS”.......20
3.1 O diretor e sua obra ............................................................................................28
3.2 A procura da fidelidade .......................................................................................30
CONCLUSÃO............................................................................................................35
REFERÊNCIAS.........................................................................................................37
11
INTRODUÇÃO
A linguagem humana permitiu uma grande evolução para as sociedades
através da comunicação entre os povos, e até hoje buscamos maneiras de ter uma
boa relação com o outro. A partir da expansão das relações entre nações, tornou-se
necessário o conhecimento de línguas e a possibilidade cada vez mais frequente de
se traduzir uma língua escrita e falada em outros idiomas, tornando possível a
interação entre culturas bem diferentes, mesmo a longas distâncias.
A tradução, a qual foi facilitadora da expansão das relações internacionais, e
permitiu, entre muitas outras coisas, traduzir documentos, textos literários,
acadêmicos, técnicos, etc. Hoje, com todo o aparato tecnológico disponível, as
traduções têm se expandido aos mais diversos âmbitos da vida quotidiana,
passando a fazer parte das nossas vidas, mesmo quando não percebemos. Assim, o
cinema, não poderia ficar de fora.
Depois de ter sido um grande sucesso mesmo sem dizer uma única palavra, o
cinema teve sua voz divulgada internacionalmente, e logo passou a ser difundido em
diversos países. Aquele que começou com o universo mudo das imagens, passou a
utilizar legendas em suas exibições, e posteriormente a utilizar o áudio, permitindo
uma grande evolução para as telas. E não demorou muito até estar sendo
transferido aos mais variados idiomas, através da Tradução Audiovisual – TAV, que
é o tema a ser discutido neste trabalho.
A partir de observações realizadas em alguns filmes, percebeu-se que
existem traduções que divergem do discurso original do personagem, às vezes,
sendo feitas modificações que são até relevantes, outras vezes, alterações que
seriam desnecessárias. Daí então, com o intuito de conhecer um pouco mais sobre
a realização da tradução audiovisual nos filmes e vídeos para o cinema em geral,
buscou-se responder o seguinte questionamento: como tem sido feita a tradução
audiovisual nos dias de hoje?
Para que isso fosse realizado, foram definidos alguns objetivos que serviu
para dar um foco maior no trabalho. Assim, definiu-se como objetivo geral: analisar a
tradução audiovisual e sua aplicação através dos recursos multimídia; a partir deste,
alguns objetivos, a saber: analisar a tradução na legendação e dublagem de filmes,
verificar a utilização de estratégias macro e micro textuais, mostrar como a utilização
12
de softwares e da Internet pode contribuir com a tradução, e fazer uma análise
amostral de um filme verificando as alterações do texto estrangeiro no ato tradutório.
E para obter esses resultados, foi feito um estudo de materiais de alguns
teóricos que tratam do tema abordado, tendo como base metodológica a pesquisa
bibliográfica. Em busca dos melhores materiais existentes, tanto impresso, quanto
digitais, utilizou-se quando necessário, a pesquisa em sites da internet, além de
análise fílmica de conteúdo que foi feita através da seleção de trechos da fala dos
personagens, considerando os aspectos da fidelidade e fluência na tradução.
Nesse contexto, esse trabalho vem trazendo uma breve análise da tradução
fílmica no cinema internacional, do inglês para o português brasileiro. Sendo dividido
em três capítulos. O primeiro refere-se às relações do cinema com o público através
da legenda e da dublagem; no segundo capítulo será tratada a questão das
estratégias utilizadas na tradução e as expectativas sobre o futuro da tradução; no
terceiro e último capítulo, há uma breve análise do filme norte-americano “The
Pursuit of Happyness”, do diretor Gabriele Muccino.
13
1 ESTRATÉGIAS DA TRADUÇÃO AUDIOVISUAL
Neste capítulo serão abordadas questões que tratam de técnicas utilizadas
pelo tradutor ao tentar verter um texto, apresentando alguns procedimentos técnicos,
os quais serão utilizados por ele no momento em que se deparar com certas
situações que podem confundi-lo durante o processo tradutório. Encontra-se dividido
em dois tópicos: o primeiro, o qual foi denominado “Estratégias macro e micro
textuais”, traz estratégias em sentido mais amplo - as situações em que a técnica
utilizada deverá considerar o contexto apresentado - e também em sentido mais
específico - o uso de técnicas considerando os itens gramaticais e lexicais do texto;
já o segundo tópico, intitulado “Possíveis rumos da tradução”, vem trazendo uma
discussão em torno do assunto das novas tecnologias na tradução, e as novas
técnicas e estratégias utilizadas pelos tradutores atualmente.
2.1 Estratégias Macro e Micro textuais
Ao se referir à macro, queremos dizer que são estruturas de texto mais
complexas com sentenças inteiras, e/ou textos inteiros, por exemplo; ao se referir a
micro, faz-se menção a pequenas estruturas que normalmente são combinações de
palavras individuais e que posteriormente formarão sentenças.
Ao observarmos qualquer palavra em um dicionário, seja ele monolíngue ou
bilíngue, poderemos perceber que na tradução de um vocábulo dificilmente
encontraremos um único significado, pois a linguagem humana precisaria de muito
mais que apenas um conjunto de letras para representar suas ideias. Na verdade, o
significado das palavras pode variar muito, dependendo do contexto no qual é
empregado.
Após um breve estudo do texto (seja ele escrito ou falado), deverão ser
avaliadas as sentenças que ali são expressas, sabendo-se que para uma boa
tradução o tradutor deve conhecer bem o idioma que está sendo trabalhado, e,
obviamente, é interessante saber o contexto que envolve essa língua, pois assim
poderá utilizar os termos mais adequadamente.
14
Você já deve saber, consciente ou inconscientemente, que a
nossa interpretação de qualquer texto depende das
expectativas que trazemos para o momento da leitura e que
estas expectativas, por sua vez, estão estreitamente
relacionadas com o contexto da tarefa de leitura.
(MAGALHÃES, 2006, p. 83)
Observando a frase “I feel really good (...)” e “And I‟m sure that plants and
animals do, too”, percebe-se que esta, ao ser traduzida para o português, precisará
não somente da simples tradução da frase mas também do acréscimo de alguns
termos da oração, ou não haverá coesão na sentença; este é um outro elemento
macro que se deve considerar. Em inglês, as ideias nas duas frases também se
ligam através da omissão do predicado da primeira pessoa e a substituição pelo
auxiliar da segunda, fato que no português não faria sentido, portanto é necessário
que haja uma adaptação.
No estudo das estruturas macro textuais busca-se analisar a coerência e
coesão do texto, bem como o gênero textual e seu padrão retórico. Por exemplo, se
o estudo estiver sendo feito com material impresso, antes de qualquer coisa o
tradutor procurará saber do que trata o texto: é uma carta, um documento oficial, um
texto literário? Se for um material multimídia cabe ao tradutor também verificar o seu
tipo antes de começar a traduzir, se este é um documentário, uma entrevista, ou um
filme. E se for um filme, qual o gênero? É um romance, comédia, ação, suspense?
Isso facilitará muito sua atividade na criação de um texto mais fluente.
As estratégias de fluências buscam a sintaxe linear, o sentido
unívoco, a linguagem contemporânea, a consistência lexical;
evitam construções não-idiomáticas, polissêmicas, arcaísmos,
jargões, efeitos linguísticos que chamem a atenção para as
palavras enquanto palavras que assim ganham destaque ou
interrompem a identificação do leitor. (VENUTI, 2002, p. 240)
Os itens micro textuais, os quais são relacionados a questões de gramática,
léxico e partes menores do texto, deverão ser também observados. Provavelmente,
o tradutor precisará saber qual o objetivo e a região para a qual seu texto será
destinado, pois assim, utilizará o termo mais adequado para aquela situação e lugar
determinado, já que em todos os países existem termos regionais, gírias e metáforas
que podem trazer problemas futuros para um tradutor inexperiente.
Além dos regionalismos e das variações que se pode ter, de acordo com o
objetivo do texto, o tradutor pode se deparar com algumas dificuldades. Um bom
15
exemplo é o caso da sentença em inglês “Cloud the issue or Clear the air?”, que é
trabalhada por Célia Magalhães (2009, p. 99-101), onde se apresenta uma
propaganda de determinada empresa petroquímica, na qual é utilizada a metáfora
com a logomarca da empresa em duas imagens, sendo uma em tempo nublado, e
outra em tempo ensolarado, fazendo referência aos efeitos do aquecimento global.
Neste caso, temos vários aspectos a ser considerados ao se traduzir a sentença,
que por ser um texto publicitário deverá passar o real objetivo, tentando não alterar a
estrutura lexical da palavra.
[...] o autor joga com a feliz coincidência do inglês ter, nesse
exemplo específico, verbo e substantivo idênticos, para, com a
oração Cloud the issue, ao mesmo tempo, remeter à imagem
concreta da nuvem e metaforizar sobre a questão importante
do efeito estufa que está sendo nublada, ou encoberta.
(MAGALHÃES, 2009, p. 101)
Célia Magalhães (2009) ainda acrescenta que, se traduzíssemos a sentença
palavra por palavra, em português, poderíamos ter “Nublar a questão, ou limpar o
ar?”, mantendo, neste caso, a metáfora, porém perdendo-se o jogo sonoro e
semiótico nas palavras Cloud e Clear.
Outro exemplo dado por Magalhães (2009) são as marcações genéricas
geradas pela categoria morfológica de gênero, como nas palavras master, hysteric e
analyst, as quais podem se referir a homens ou mulheres, da mesma forma, sendo
uma difícil decisão para o tradutor definir o gênero que utilizará ao traduzir um texto
com estes termos.
A maioria dos tradutores concorda que a tradução literal é mais conveniente,
mas existem casos em que ao traduzir literalmente a sentença corre o risco de não
haver significado na língua traduzida. Heloísa Barbosa (2007) dá alguns exemplos,
como “Paul kicked the ball”, que traduzindo para o português teria um significado
palavra por palavra perfeitamente normal, ficando sujeito, verbo, artigo e
substantivo, todos adequadamente como “Paulo chutou a bola”. Porém, existem
casos que realmente não é possível fazer uma tradução literal sem perder o sentido
da frase, nesses casos é necessário optar-se pela tradução oblíqua, como no caso
da sentença “Paul kicked the bucket”, que literalmente seria “Paulo chutou o balde”,
mas basta apenas um mero conhecedor da língua inglesa para saber que esta é
uma expressão que, na verdade, quer dizer “Paulo morreu”. No entanto, para manter
16
o mesmo registro da língua, é aconselhável utilizar também uma expressão
equivalente, como, por exemplo, “Paulo bateu as botas”.
Assim, sendo impossível a tradução literal, será aconselhável
recorrer à tradução oblíqua, ou seja, àquela que utiliza
recursos lexicais ou sintáticos diversos daqueles empregados
no texto da LO (doravante TLO), quer dizer, que altera a forma,
mas sem alterar o conteúdo ou a mensagem. (BARBOSA,
2007, p. 25)
Dentre muitas formas e estruturas linguísticas que se pode encontrar em um
texto, há também variações nas estratégias utilizadas para realizar a tradução.
Muitos são os modelos existentes entre os estudiosos da tradução, como a
Equivalência Formal X Dinâmica, de Nida (1964); a Tradução Direta X Oblíqua,
de Vinay e Darbelnet (1977), seguida também por Vázquez Ayora (1977); a
Tradução Parcial X Plena, Restrita X Total, Limitada X Não Limitada, Livre X
Literal, de Catford (1965); e o modelo de Tradução Semântica X Comunicativa, de
Newmark. Dentro desses, formulou-se alguns procedimentos técnicos da tradução, a
saber: Transliteração, Empréstimo, Decalque, Tradução Literal, Transposição,
Modulação, Equivalência, Adaptação, Amplificação, Explicitação, Omissão,
Compensação, Rótulo Tradutório, Definição, Paráfrase, Contração,
Reconstrução De Períodos, Reorganização, Melhorias, Dístico Tradutório E
Naturalização1
.
Entre esses modelos, o que mais se aproxima da forma utilizada atualmente,
pelos profissionais na área cinematográfica, é a tradução semântica e comunicativa
(não se excetuando qualquer outra), pois permite maior acomodação do texto às
necessidades da língua traduzida de forma mais explícita; embora todos os modelos
tenham sua versão flexível de traduzir.
2.2 Possíveis rumos da tradução
Tradução... Esta que passa despercebida por muitos, em muitas das
situações na vida quotidiana, mas que está a todo o tempo, desde a infância, nos
servindo; como quando das leituras que se ouve de textos bíblicos, que por muitos
1
Modelos e procedimentos com base em: BARBOSA, Heloísa Gonçalves. Procedimentos técnicos
da tradução: uma nova proposta. 2ª ed. Campinas: Pontes, 2007, p. 58.
17
idiomas foram traduzidos e retraduzidos de textos hebraicos, aramaicos e gregos,
até chegar indiretamente ao português. Hoje, continua sua missão, que é a de levar
a informação e a comunicação àqueles que desconhecem algumas línguas, e que,
por ventura, venham a precisar. A tradução vem buscando novos rumos, seja nos
critérios profissionais de organização, ou na forma de traduzir.
Do latim translatione (translatio, translationis), do alemão Übersetzung, do
italiano traduzione, do inglês translation, do francês Traduction, do espanhol
Traducción - essas são apenas algumas traduções da palavra – o ato de traduzir
representa a ação de converter as diversas línguas ao redor do mundo.
Na história bíblica diz-se que a variedade de línguas surgiu com o episódio da
construção da Torre de Babel. “No mundo todo havia uma só língua, um só modo de
falar. [...] Venham, desçam e confundamos a língua que falam, para que não
entendam mais uns aos outros”2
. Segundo Geir Campos (1987), o documento mais
conhecido da atividade tradutória é um fragmento de bassalto chamado Pedra de
Rosetta, encontrado nas escavações banhada por um braço do Rio Nilo.
Sabe-se também que entre os babilônios e assírios e hititas
existiam organizações de escribas especializados, que
escreviam em línguas diversas; sabe-se também que no Antigo
Império egípcio (2778-2160 a.C.) existiu o cargo público de
“intérprete-chefe”; e que na Ásia Menor circulavam ou existiam
glossários bilíngues ou plurilíngues em tabuletas de terracota.
(CAMPOS, 1987, p. 17)
Existem algumas características que podemos observar em relação ao ato de
traduzir. Campos (1987, p. 7) afirma que traduzir é simplesmente “[...] fazer passar,
de uma língua para outra, um texto escrito na primeira delas. Quando o texto é oral,
falado, diz-se que há „interpretação‟, e quem realiza é o „intérprete‟”.
São várias as definições de tradução, embora sempre próximas umas das
outras, algumas tendem a ser mais específicas, outras mais amplas, assim como a
definição de John Cunnison Catford (apud CAMPOS, 1987, p. 11), ao dizer que
“tradução é a substituição de material textual de uma língua por material textual
equivalente em outra”. Nessa definição, Catford não especifica se a palavra traduzir
é apenas para o texto escrito como citado no parágrafo anterior; afinal, em sentido
amplo, tanto o texto escrito quanto o texto oral será uma tradução. Aliás, além da
2
Fragmento retirado do livro de Gênesis da Bíblia: BÍBLIA. Português-inglês. Bíblia Sagrada / Hole
Bible: Nova Versão Internacional. São Paulo: Editora Vida, 2003. Gênesis, cap. 11, vers. 1 e 7.
18
interpretação, a dublagem, sendo texto oral, também se configura como tradução,
apesar de que as empresas de dublagem prefiram utilizar o termo versão.
É verdade que as traduções de filmes para televisão não
costumam dar os nomes dos tradutores responsáveis por tais e
tantos atentados contra o próprio bom-senso; o que se ouve
dizer, em geral, é que se trata de uma “versão brasileira” de tal
ou qual laboratório cinematográfico especializado. (CAMPOS,
1987, p. 27)
Quando o autor fala de atentados contra o bom senso, ele se refere à má
qualidade da tradução feita por laboratórios de tradução audiovisual. Apesar de
termos bons tradutores no Brasil, normalmente as traduções para filmes são
bastante precárias, devido a uma série de fatores, como pouco tempo destinado a
fazê-la e a realização da atividade ser, muitas vezes, por tradutores inexperientes, a
custos mais baixos que os valores estabelecidos pelas normas da Associação
Brasileira de Tradutores – ABRATES.
De início, pergunta-se: como se poderia considerar a tradução?
Como um estudo teórico e que está sujeito a regras rígidas e
que deve ser encarado como uma técnica que se aprende nos
cursos especializados, ou uma arte em que uns poucos são os
afortunados capazes de bem realizá-las, sem que as tenham
de submeter a teoremas linguísticos sofisticados e até
herméticos? (GUIMARÃES, 2010, p. 91)
Este é um questionamento que vem sendo carregado por todos os
profissionais envolvidos nos trabalhos da área, pois muito são aqueles que praticam
a tradução sem terem necessariamente algum tipo de especialização. Obviamente,
isso vem trazendo prejuízos para aqueles que investem na carreira e se dedicam a
atuar legalmente. Além disso, a atividade de leigos na área pode vir a provocar a
criação de trabalhos mal elaborados.
Atualmente, encontram-se diversos recursos que auxiliam o tradutor como
softwares e sites, os quais também fazem traduções eletrônicas e agem como
tradutores automáticos que o usuário pode instalar no seu próprio computador e,
apenas utilizando as funções copiar/colar, obtém resultados muito rápidos, sendo
até certo ponto satisfatórios; porém, eles cometem falhas grosseiras em muitos
casos. O principal ponto falho destes softwares é não conseguirem traduzir
expressões idiomáticas, e, muitas vezes, o resultado traz vários erros de
concordância como mostra Bergmamn:
As palavras possuem uma dimensão semântica, com a
manifestação de vários significados, várias vozes, articuladas
19
entre si e não perceptíveis quando se fala em decodificação da
língua. E é exatamente essa dimensão, essa manifestação,
que não é traduzida pelo tradutor automático. (BERGMANN,
2008, p. 96)
Além disso, a não observação do léxico e da gramaticalidade da frase, como
visto no tópico anterior sobre itens macro e micro textuais, pode causar erros na
interpretação de frases não equivalentes no idioma de destino. Isso só será
percebido por um tradutor experiente ou que dê bastante atenção à frase; daí a
importância de que mesmo sendo utilizados tradutores automáticos, seja feita no
mínimo uma revisão do trabalho por um profissional, para corrigir possíveis falhas.
Podemos ver isso mais claramente na frase “She’s just sixteen.” citado por
Alves (2009, p. 114) que poderia ser traduzido erroneamente como “Ela é apenas
dezesseis anos”, devido às variações do verbo to be:
Caso você não esteja atento para as relações implícitas nesse
enunciado, terá provavelmente problemas em transformar o
verbo to be em “ter” já que em português a relação de idade é
expressa com esse verbo, ou seja, “Ela tem apenas dezesseis
anos”. (ALVES, 2009, p. 114)
Apesar da facilidade encontrada hoje, a produção de textos traduzidos ainda
não é tarefa fácil, pois depende de muitos fatores; fatores estes que vão desde a
dificuldade na formação de profissionais, passando pelas dificuldades técnicas, até a
concorrência desleal de pessoas que usam a tradução apenas como uma alternativa
pra ganhar dinheiro extra. Embora muitos tradutores não tenham a devida
qualificação, utilizam o auxílio de programas de computador e Internet para suas
atividades, mesmo sabendo que apenas isto não basta para uma boa tradução.
Muito se estudou a tradução a partir da Informática
(processamento automático da informação) e da Linguística,
mas a conclusão a que se chegou foi que qualquer máquina só
será capaz de traduzir bem se for manipulada por um bom
tradutor; [...]. (CAMPOS, 1987, p. 21)
Nesse sentido, busca-se cada vez mais evoluir os métodos de tradução
disponíveis para que auxiliem no processo tradutório, tendo a tecnologia como
parceira que auxilie na atividade de traduzir. Todo equipamento é apenas criação
humana e dificilmente irá substituir o seu criador no seu trabalho, servirá sim para
facilitá-lo, principalmente quando se fala em linguagem, a qual depende de muitos
fatores intrínsecos e da cultura que a envolve.
20
2 O TEXTO ESCRITO E FALADO NO CINEMA
Este primeiro capítulo abordará questões referentes à linguagem utilizada no
cinema, principalmente através da legenda e da dublagem de filmes. Encontra-se
dividido em três tópicos, sendo que o primeiro, denominado “A linguagem
cinematográfica”, traz uma apresentação breve das mudanças ocorridas no cinema
com a inclusão da tradução de filmes; o segundo, intitulado “Legendagem: texto e
imagem”, trata da questão da utilização da legenda e sua fidelidade com o texto
original; já o terceiro tópico, chamado “Dublagem: imagem e fala”, traz comentários
relacionados à dublagem, mostrando algumas características técnicas da sua
produção e as dificuldades encontradas no processo tradutório, discutindo os
critérios utilizados para se aplicar uma boa tradução.
2.1 A linguagem cinematográfica
O cinema em si possui sua própria linguagem, esta se diferencia das outras
em alguns aspectos, como diz Jacques Aumont: “A fim de provar que o cinema era
de fato uma arte, era preciso dotá-lo de uma linguagem específica, diferente da
linguagem da literatura e do teatro.” (AUMONT, 2011, p. 157). Dessa forma, a então
conhecida “linguagem cinematográfica”, que encantou o mundo com o jogo de
imagens desde os tempos do cinema mudo, não demorou muito até sentir a
necessidade de ser verbalizada, fosse através de uma narração, ou mesmo através
de diálogos entre os próprios atores; e assim se fez.
Atualmente o cinema goza de uma tecnologia muito ampla na edição de
imagens e sincronização das falas dos atores; isso demonstra o grande avanço
ocorrido de alguns anos para cá, pois aquilo que antes era um grande desafio para
os produtores, dubladores e equipe de som, hoje pode ser feito de uma forma bem
mais rápida e fácil, assim como diz Mary Ann Doane:
A tecnologia padroniza a relação através do desenvolvimento
do sincronizador, a Moviola, que é a mesa de montagem. Os
aparelhos de mixagem permitem um grande controle sobre o
estabelecimento de relações entre diálogos, música, efeitos
sonoros. (DOANE, 1995, p. 459)
21
Esses avanços favoreceram muito, tanto a montagem de som na gravação
dos diálogos originais, quanto ao sincronizar uma dublagem em outro idioma, por
exemplo. Hoje tem se feito exibição de filmes e documentários com alta qualidade
de som e imagem, e suas traduções são realizadas em diversos idiomas, permitindo
que esses filmes não só sejam vistos no país onde foram criados, mas também
ultrapassem grandes fronteiras linguísticas; como é o exemplo de filmes japoneses
que são traduzidos para o português, considerando que são línguas totalmente
distintas.
Segundo Bergmann (2008), as linguagens audiovisuais têm como
característica a união de pelo menos dois tipos de código: o código linguístico – oral
e/ou escrito – e o código visual – verbal e/ou icônico. Portanto, essas linguagens são
um tanto mais complexas do que aquelas que possuem apenas o código linguístico,
como é o caso de textos escritos. Dessa forma, ao se traduzir filmes devem ser
observados os pontos de vista semiótico, narrativo e comunicativo. Sendo que, na
maioria das vezes, normalmente o código visual permanece inalterado, aplicando-se
a tradução apenas ao código linguístico inserido no texto.
A linguagem cinematográfica (visual) demonstra suas características como
língua, já que ela, por si própria, é capaz de transmitir uma informação através da
imagem, unindo-se com a linguagem oral e/ou escrita, e tornando-se multilíngue a
partir da tradução; se considerarmos o ponto de vista das muitas línguas que a
imagem pode ser lida e traduzida.
Infelizmente, a tradução de filmes ainda é pouco valorizada no Brasil,
principalmente no meio acadêmico; paulatinamente ela vem encontrando seu
espaço em textos teóricos. Porém, ainda há muito que avançar, pois é um tanto
difícil encontrar trabalhos publicados na área.
De acordo com Jorge Diaz Cintas, em uma entrevista3
cedida a Eliana P. C.
Franco (UFBA) e a Vera Lúcia Santiago Araújo (UECE), historicamente os
profissionais que trabalham com TAV vêm sendo formados em empresas
particulares que necessitam da mão de obra especializada, e, devido à falta de
profissionais treinados em centros educacionais, se vêem na necessidade de treinar
pessoas que ainda não possuem qualificação necessária para a execução da tarefa.
3
CINTAS, Jorge Diaz. Entrevista com Jorge Diaz Cintas. Disponível em: <Disponível em:
http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/issue/view/439>. Acesso em: 16 de Novembro de
2013. Entrevista concedida a Eliana P. C. Franco (UFBA); Vera Lúcia Santiago Araújo (UECE).
22
Portanto, com o crescimento da indústria cinematográfica, buscam-se
profissionais especializados que trabalhem na conversão de filmes e vídeos de um
idioma para outro, seja para exibição pública, ou doméstica; e, consequentemente,
faz-se necessária a discussão teórica do assunto, de maneira a formar ideias
contundentes que mostrem os melhores caminhos para se trabalhar a tradução no
cinema como um todo.
2.2 Legendagem: texto e imagem
Ao rever a história do cinema podemos perceber sua evolução, e sua
influência na vida das pessoas: o cinema sem áudio e sem legenda, sem áudio com
legenda, e o cinema falado, com ou sem legenda. De todas essas formas, a que
esteve presente por mais tempo, e ainda está até hoje, é a exibição com legenda.
Sendo importante, em muitos casos, nos filmes nacionais, mas, principalmente,
quando se trata de filmes estrangeiros.
Nessa modalidade de tradução, um texto escrito é apresentado
de forma simultânea à fala no texto original, eles devem estar
em perfeita sincronia. À unidade desse processo se dá o nome
de legenda, que deve ser clara, sem desviar a atenção do
espectador daquilo que ele está assistindo. (BERGMANN,
2008, p. 98)
A tradução audiovisual em si pode ser dividida em três variedades: vozes
sobrepostas – que é mais frequentemente utilizada para documentários, onde a
tradução oral se sobrepõe ao texto original; a dublagem - que é a mais complexa,
consistindo em substituir todo o texto original pelo texto oral da língua-alvo; e a
legendagem (ou legendação) – que consiste em apresentar o texto escrito da
tradução simultaneamente ao texto original, sendo que, as duas últimas são as mais
comuns em filmes.
A legendagem é anterior à fala: o filme já utilizava um suporte
textual quando ainda não havia meios técnicos para reproduzir
o som e os diálogos dos personagens. Portanto desde os
primórdios do cinema, criou-se familiaridade com a legenda.
(GOROVITZ, 2006, p. 64)
A legenda permite ao espectador acompanhar as falas dos personagens em
seu idioma nativo, ao mesmo tempo em que pode ler a tradução dos diálogos
realizados pelos mesmos. Isso permite uma melhor identificação com os atores, já
que dispensa a utilização de outra voz que não seja a original, além de tornar mais
23
fácil a compreensão de pequenos gestos e expressões esboçados pelos
personagens; pois quando se substitui o texto oral original pelo texto oral do idioma-
alvo, alteram-se, em alguns aspectos, as falas, para obter uma melhor sincronia com
as imagens que aparecem simultaneamente na tela.
Diversos critérios devem ser seguidos para que se tenha um bom efeito na
imagem: a legenda não deve ocupar muito espaço para não sobrepô-la, porém, não
deve ser muito pequena, pois dificultaria a leitura; normalmente é colocada na parte
inferior da tela; além de ser observado também o tempo de exibição, pois não pode
ultrapassar a cena determinada, nem tampouco a fala do personagem; no entanto,
se for muito rápido dificultará a leitura por parte do leitor-expectador, como afirma
Diana Sánchez:
Subtitles are spotted to coincide with the precise frame where a
speaker begins and finishes talking, with the occasional
adjustment of a few frames to respect a film‟s takes or allow
more reading time, take change permitting. This is what the
audience expects.
4
. (SÁNCHEZ, 2004, p. 13)
Atualmente o cinema brasileiro utiliza filmes legendados em suas exibições
apenas para jovens e adultos, já que, seria difícil a leitura rápida dos textos por
crianças, considerando que, cada unidade de texto precisa acompanhar as imagens
exibidas na tela de projeção. Além dos cinemas, a legenda também é bastante
utilizada por quem tem interesse em analisar critérios técnicos, e para uma melhor
percepção da atuação dos atores no filme.
Juliana Bergmann (2008) acrescenta que, do ponto de vista técnico, a
legenda ocupa, em média, duas linhas, cada linha poderá ter de 28 a 38 caracteres.
Isso pode variar um pouco; normalmente será maior para vídeo, e menor para tela
de cinema. Sendo que, pode ser inserida pelos processos fotoquímico, ótico,
eletrônico, e pelo processo a laser. Este último é o mais utilizado atualmente, onde
as legendas são escritas diretamente sobre o filme por um raio laser controlado por
computador.
A legendagem é a variedade da tradução audiovisual mais acessível
financeiramente, já que necessita apenas de um tradutor e um técnico que fará a
sincronização. Com estes profissionais são realizadas a visualização global do filme,
4
As legendas são marcadas para coincidir com o quadro exato onde um falante começa e termina a
fala, com o ajuste ocasional de alguns quadros para respeitar as tomadas do filme ou permitir maior
tempo de leitura, permitindo alteração. Isto é o que o público espera. [Tradução nossa]
24
a leitura e tomada de notas do texto original, composição de pauta do roteiro e
divisão do roteiro em unidades de tradução, a tradução propriamente, a
sincronização, e, finalmente, a edição das legendas (BERGMANN, 2008).
Há algum tempo atrás a liberdade de se escolher entre assistir um filme
legendado, dublado, ou nas duas versões simultaneamente, era mais difícil, pois,
além de não existir esse recurso nos antigos aparelhos, a forma de se aplicar a
legenda não permitia a flexibilidade que se encontra hoje nos aparelhos de exibição
de vídeo. Ao assistir um filme em um aparelho de DVD, por exemplo, é possível
escolher a forma de ver tal filme, tanto antes, quanto durante a exibição das
imagens; isso apenas com um pequeno click no controle remoto.
Apesar da facilidade técnica que se tem atualmente na aplicação, não se
pode dizer que a legendagem ou legendação é um processo fácil, pois além dos
critérios técnicos de sincronização e edição, existem também aspectos relacionados
à linguagem que o tradutor necessita dominar, para que seja feita uma boa tradução
do texto a ser legendado.
Ele [o tradutor] deve compreender não apenas o conteúdo
óbvio da mensagem, mas também as sutilezas de significado,
os valores emotivos significativos das palavras e das
características estilísticas que determinam o “sabor e a
sensação” da mensagem. (...) Em outras palavras, além de um
conhecimento nas duas ou mais línguas envolvidas no
processo de tradução, o tradutor deve estar muito bem
familiarizado com o assunto abordado (NIDA, 1964 apud
GENTZLER, 2009, p. 84).
Sabendo o quão complexa é uma língua, nenhum tradutor que se preze
arriscaria fazer uma tradução sem um conhecimento avançado, tanto da língua de
origem quanto da língua-alvo, pois estaria apostando na possibilidade de cometer
equívocos na tradução.
O conhecimento de uma língua não se resume exclusivamente ao saber falar,
mas também envolve valores culturais; além de ser necessário ao tradutor saber
sobre o assunto que está sendo abordado. É imprescindível também que esse
profissional faça a visualização global do filme e a leitura do texto original, para que
este esteja familiarizado com cada cena, e consequentemente compreenda cada
detalhe, cada sensação, e cada emoção esboçada pelo personagem, já que a
mensagem expressa por ele deve ser transferida ao outro idioma, na forma mais fiel
possível.
25
A busca da fidelidade no texto, muitas vezes, é prejudicada pela velocidade
da fala, considerando que o texto escrito demanda um tempo maior de exibição que
o texto falado. Então, o tradutor deverá resumir ao máximo a escrita sem, no
entanto, perder o sentido do diálogo. Para isso ele deverá estar sempre buscando
adaptar o texto com frases curtas e sinônimos que o permita ser bem sucinto, sem
omitir as informações necessárias à clara compreensão da imagem exposta.
De certa forma, a tarefa do profissional acaba sendo condicionada às
necessidades estéticas do filme, aliando-se, em alguns casos, ao seu pouco
conhecimento da cultura de origem do filme, e às características da linguagem oral
que nem sempre podem ser representadas por textos escritos, dificultando assim, a
compreensão do espectador ao acompanhar as falas. “Entretanto, no ato da
recepção, esse espectador reconstrói o diálogo a partir de um misto de situações
que fazem parte da sua vivência e de progressivas familiarizações, restaurando as
inadequações e carências da mensagem legendada” (GOROVITZ, 2006, p. 23).
O cinema está sempre buscando melhorar e adaptar-se à expectativa do
público; junto a isso, a tradução dos filmes tende, cada vez mais, a se tornar melhor
e mais fiel às culturas envolvidas, de forma que não haja divergências no
entendimento do conteúdo mostrado. Mesmo com alguns percalços encontrados
pelo tradutor, ainda assim é possível produzir legendas de boa qualidade, sem que
se perca o sentido e a qualidade do produto final apresentado ao espectador.
2.3 Dublagem: imagem e fala
A dublagem é a modalidade mais utilizada atualmente no Brasil, tanto para o
livre comércio de DVD quanto para exibição nos canais de televisão, pois permite
uma maior acessibilidade na sua apresentação, já que, através desta, qualquer
pessoa que possua boa visão e audição seria capaz de acompanhar e compreender
o filme, não necessitando fazer leitura e permitindo também que pessoas em
qualquer faixa-etária possam assistir.
No entanto, pouco se investe na formação de novos profissionais. Aqueles
que conseguem uma oportunidade buscam empresas particulares para se
profissionalizar, ou buscam um aprendizado autônomo, já que pouquíssimas
faculdades oferecem cursos de formação para a área de tradução, como afirma
Jorge Diaz Cintas:
26
Only recently have some scholars started to direct their
attention toward translation, as evidenced by the introduction of
modules in dubbling and subtitling, not only in translation
degree but also in other such as film and Television Studies
Journalism and Media Studies.
5
(CINTAS, 2004, p. 23)
Quando se fala em filmes dublados remete-se imediatamente aos filmes
domésticos, normalmente encontrados nas locadoras, já que estão naturalmente
difundidos no nosso dia-a-dia. No cinema, eles são restritos apenas a filmes infantis,
devido a certas especificidades. A tradução da dublagem, apesar de ser bastante
complexa, é a mais comum entre todas.
É o tipo de tradução que requer maior estrutura de todas as
exigidas pelas demais modalidades e conta com diferentes
profissionais envolvidos. Além do tradutor, trabalham também o
ajustador, o diretor de dublagem, os técnicos de som, o
assessor linguístico e os atores (BERGMANN, 2008, p. 99).
Esse tipo de tradução audiovisual exige uma grande equipe, na sua produção,
e equipamentos bem mais sofisticados, sendo necessário gravar as falas em estúdio
apropriado; o que, consequentemente, traz custos mais elevados em relação a
outros tipos como a legenda, por exemplo, mas por ser utilizado por toda população,
em geral, tem retorno financeiro garantido.
Ao tradutor é reduzida a sensação de responsabilidade pelo trabalho, pois o
texto traduzido pode ser modificado diversas vezes durante o processo, de forma a
adaptá-lo às passagens de cena, ao ajuste de som, à gravação de voz dos atores,
etc. Além disso, Bergman (2008) também cita três processos de sincronia que são
utilizados: a sincronia fonética, que é a adequação da tradução aos movimentos da
boca do ator no momento da fala; a sincronia quinésica, que é a adequação aos
movimentos corporais no momento em que o personagem se expressa; e por fim, a
isocronia, que é a adequação da tradução à duração temporal do enunciado do
ator.
Quando se trata de transferir o significado de palavras entre idiomas, deve-se
ter sempre o máximo de cautela possível, pois são muitas as dificuldades
encontradas. Para o tradutor do texto a ser dublado, além da adaptação, da
sincronia das falas, etc., ainda resta a dificuldade de compreender falas que podem
5
Apenas recentemente alguns estudiosos começaram a direcionar sua atenção para a tradução,
assim como evidenciado nos módulos voltados a dublagem e legendagem, não somente em grau de
tradução, mas também em outros como filmes e estudos jornalísticos da televisão, e estudos de
mídia. [Tradução nossa]
27
trazer uma linguagem diferente do padrão normativo da língua. Por exemplo: quando
o personagem utiliza gírias na fala, ou quando usa um dialeto diferente daquele que
normalmente é usado no país.
Um bom exemplo disso está na fala de Ewandro Magalhães ao contar sobre
dificuldades que passou ao tentar se comunicar na Alemanha, tendo plena
convicção que dominava bem o idioma daquele país, porém mal conseguia
compreender o que era dito pelos nativos de determinada região: “Essa dificuldade
linguística foi só o começo de um aprendizado que logo deixou evidente uma coisa:
o idioma que se ensina pelo mundo afora está longe de ser a língua falada nas ruas
dos diferentes países” (MAGALHÃES, 2007, p. 124).
Diante disso, percebemos o quanto ainda é difícil se trabalhar com tradução,
pois muitas são as barreiras que se encontram no caminho, principalmente quando
se fala em tradução audiovisual, mais especificamente a dublagem, por exigir uma
complexidade maior. No entanto, com um conhecimento razoável e a vontade de
fazer sempre melhores traduções, é possível aprimorá-las cada vez mais.
28
3 ANÁLISE DA TRADUÇÃO NO FILME: “THE PURSUIT OF HAPPYNESS”
Este capítulo vem trazendo uma breve análise da tradução cinematográfica
com base no filme “The pursuit of happyness”. Nele serão apresentados dois
tópicos, sendo que o primeiro se encontra intitulado “O diretor e sua obra”, o qual
vem mostrando o histórico do diretor, bem como suas obras direcionadas ao cinema,
além de trazer dados relevantes do filme; já no segundo tópico, denominado “À
procura da fidelidade”, tem-se a análise propriamente dita, pela comparação da fala
original em língua estrangeira com a versão em língua portuguesa, onde serão
mostradas as mudanças decorrentes da adaptação do texto no momento da
conversão, bem como a fidelidade ao texto de origem.
3.1 O diretor e sua obra
Gabriele Muccino nasceu em maio de 1967, na Itália. Hoje, com 46 anos de
idade, já teve participação em diversos filmes do cinema italiano e mundial. Como
diretor, deixou sua marca em “Para Sempre na Minha Vida” (1999), “O Último Beijo”
(2001), “No Limite das Emoções” (2003), “À Procura da Felicidade” (2006), “Sete
Vidas” (2008), “Beije-me Outra Vez” (2009), e mais recentemente, em “Um Bom
Partido”, lançado no ano passado. 6
Além disso, teve participação em outros filmes
também como produtor e/ou roteirista.
Com a realização dessa obra, o diretor italiano mostra para o mundo uma
história que veio a se tornar um dos grandes sucessos de Hollywood. Um filme
baseado na história real bibliografada de Christopher Paul Gardner, um homem que
enfrentou diversos problemas na vida com a separação de sua esposa, além de
sofrer dificuldades financeiras após investir muito dinheiro na compra de um produto,
que, posteriormente, veio a lhe trazer prejuízos devido ao alto custo de mercado. No
entanto ele resistiu e, mesmo diante de todos esses problemas, criou seu filho
6
Dados sobre o diretor podem ser encontrados online em: ADOROCINEMA. Gabriele Muccino.
Disponível em: <http://www.adorocinema.com/personalidades/personalidade-32370/>. Acessado em:
22 de novembro de 2013.
29
sozinho e tornou-se um dos maiores investidores da bolsa de valores em Wall
Street.
Especificamente o filme “À procura da Felicidade”, que tem como título
original “The Pursuit of Happyness”, foi indicado em 2007 ao Oscar de melhor ator,
com Will Smith; melhor canção, com a música “A Father’s Way”; e indicado também
ao Globo de Ouro7
como melhor drama; além de ganhar o prêmio de melhor
revelação com o ator mirim Jaden Smith, filho de Will Smith, pela MTV. Participaram
da produção do filme: o próprio Christopher P. Gardner, personagem real da trama,
como produtor associado; o ator Will Smith, juntamente com Todd Black, Jason
Blumenthal, Steve Tish e James Lassiter, como produtores; e Louis D‟Esposito,
Teddy Zee, Mark Clayman e David Alper, como produtores executivos; havendo
ainda a participação de Steve Conrad como roteirista8
.
O longa-metragem foi produzido nos Estados Unidos em 2006 e lançado no
Brasil em fevereiro de 2007, pela Columbia Pictures do Brasil, empresa que faz
parte da Sony Corporation. Sua versão brasileira foi feita pela Herbert Richers,
empresa brasileira de dublagem e legendagem fundada em 1950, que possuía um
dos maiores estúdios da América Latina, chegando a dominar 70% do mercado
nacional. “A dublagem, como a conhecemos hoje em dia, foi introduzida pela Herbert
Richers em 1960, com a ajuda de Walt Disney”.9
Mas, infelizmente, depois da morte
de seu fundador, Herbert, em 200910
, foi abandonada e parou suas atividades
recentemente.
7
THE PURSUIT of happyness. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation,
2013. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=The_Pursuit_of_Happyness&oldid=37030145>. Acesso em:
22 de novembro de 2013.
8
CORPORATION, Sony. The pursuit of happiness. Disponível em:
<http://www.sonypictures.com/movies/thepursuitofhappyness/>. Acessado em: 22 de novembro de
2013.
9
RICHERS, Herbert. Versão Brasileira. Disponível em:
<http://dezoito.com/herbertrichers/ind_2.html>. Acesso em: 18 de novembro de 2013.
10
BRISO, Caio Barreto. O segundo adeus a Herbert Richers. Veja Online. São Paulo. 24 de Out.
2012. Disponível em: <http://vejario.abril.com.br/edicao-da-semana/herbert-richers-707826.shtml>.
Acesso em: 18 de novembro de 2013.
30
3.2 À procura da fidelidade
Um dos grandes desafios para qualquer tradutor é chegar a uma tradução fiel,
pois é difícil encontrar o equilíbrio perfeito entre duas ou mais línguas. O termo
fidelidade, normalmente se refere a não alteração das características do texto do
qual se traduz; ou seja, se um tradutor deseja ser fiel à língua de origem, ele deverá
ser o mais cauteloso possível para não modificar aspectos importantes durante a
tradução, sendo, às vezes, colocado em situações onde terá que escolher entre
utilizar um termo que faria maior referência à língua de origem e outro que seria
referente à língua-alvo.
O cinema tem a má fama de ser uma área que utiliza traduções não muito
boas, pois os profissionais que trabalham na área, de certa forma, são obrigados a
fazer trabalhos em curtos períodos de tempo, trabalhos estes que posteriormente
podem sofrer alteração na sincronização e na adequação com as imagens,
causando, na maioria das vezes, traduções de má qualidade.
Famoso é o caso daquele filme de televisão em que a polícia
invade a residência de um dos implicados na trama criminosa,
e um dos policiais abre com fúria a porta que estava fechada;
então o chefe da patrulha pergunta se havia alguém lá dentro,
e o policial responde: “Pessoa!” (Era um filme francês, e o
policial teria respondido, no original, “personne” – que se pode
traduzir como “pessoa” literalmente, mas no caso a tradução
correta seria “ninguém”...). (CAMPOS, 1987, p. 26)
E isso não é um caso isolado, pois muitos filmes brasileiros possuem
traduções semelhantes, principalmente quando se trata de legendas; apesar de que
as dublagens são consideradas mais infiéis, por sua produção passar por diversas
etapas, e acabar sendo alterada diversas vezes. No entanto, as dublagens
normalmente são adaptadas com mais atenção por ser um item que será observado
por qualquer pessoa que esteja assistindo, diretamente ou não, ao filme. Já as
legendas envolvem um processo mais simples, e normalmente são feitas por
profissionais inexperientes, que cometem erros bem mais frequentes.
Um aspecto fundamental na tradução audiovisual, na dublagem
principalmente, é a importância de ser feita uma tradução fluente, partindo do
suposto de que quem vai assistir não conhece a língua de origem e precisa captar
bem cada cena exposta no filme, pois o objetivo aqui é domesticar o texto, de forma
31
que o espectador se sinta à vontade e não desvie sua atenção da sequência das
falas do personagem.
Na tradução fluente, a ênfase é posta na familiaridade, a ponto
de tornar a linguagem praticamente invisível. Isso garante que
o texto estrangeiro não somente atingirá o maior público
doméstico possível, mas que o texto sofrerá um vasto processo
de domesticação, uma inscrição com valores culturais e
políticos predominantes na situação doméstica – incluindo
aqueles valores com base nos quais a cultura estrangeira é
representada. (Venuti, 2002, p. 240)
Os processos de dublagem e legendagem apresentam características que se
diferenciam um do outro, apesar de ambas serem versões do original, como em
qualquer tradução. A tabela abaixo mostra alguns trechos da versão brasileira
realizada para o filme “The pursuit o happyness”; assim podemos perceber mais
detalhadamente como foram feitas as escolhas do tradutor, ou do técnico em
tradução, ao fazer a versão do filme para exibição no Brasil:
Tabela 1 - Adaptação do texto estrangeiro
Texto Original Tempo
Excuse-me, when is... Ah... somebody is gona clear this all? And “y”...
The “y”, we talked about this, is an “i”.
00:04:30
Texto Dublado Tempo
Quando... Quando é que alguém vai apagar isso aqui? E esse “s”, eu
tinha avisado, é com “c”, felicidade é com “c” e não com “s”.
00:04:30
Texto Legendado Tempo
Desculpe. Quando alguém vai limpar isto? Foi assim que a construíram e
a chamam agora. E o “y”. Me refiro a isto. É com “i”. “Felicidade” é com
“I” e não com “Y”.
00:04:28
Observa-se que, apesar de não se distanciarem do sentido original, há uma
diferenciação das falas nas três formas do texto. Na versão em inglês o
personagem utiliza a expressão “Excuse-me”, que pode ser traduzido literalmente
como “Desculpe” ou “Com licença”, mas preferiu-se utilizar a palavra “Quando” na
realização da dublagem, o que não alterou o sentido da sentença completa, mas que
possui significado diferente. Já na legenda, preferiu-se utilizar a tradução literal. Ao
32
observar o restante da sentença, percebe-se que o dublador adapta a letra citada
pelo personagem, pois no texto original ele se refere a “y” na palavra “happyness”
escrita na parede. Ao dizer que está escrito errado, na versão dublada, ele utiliza a
letra “c”, se referindo à palavra portuguesa “felicidade”; já na legenda, optou-se por
manter o “y” que também serviu, mas é difícil imaginar que alguém trocaria “i” por “y”
em “felicidade” no português, da mesma forma com ouve a troca em “happiness” do
inglês.
As traduções para filmes costumam ser mais livres, pois o mais importante
nesses casos não é o significado ao “pé da letra” das palavras, mas sim a
mensagem transmitida. Por isso, em muitos casos, são feitas alterações que não
seriam permitidas se fosse um documento formal; embora essa liberdade abra
portas para alterações que são realmente errôneas. Pois, por parecer mais fácil,
muitos acabam fazendo uso de palavras que aparentemente tornariam o texto mais
comunicativo, porém produzem significado bem diferente do esperado. Afinal a
língua pode “pregar peças” para quem não a conhece bem. “E não adianta buscar
apoio em sua própria cultura, porque a lógica pode ser invertida. Absolutelly, em
inglês, quer dizer sim, mas absolutamente, no Brasil, quer dizer não” (MAGALHÃES,
2007, P. 126).
Em “À procura da felicidade” as legendas demonstram maior fidelidade à
estrutura do texto, optando-se sempre por utilizar uma gramática semelhante à
estrutura da Língua Inglesa; fato que não se observa na dublagem, a qual segue
uma tradução mais domesticadora, como nos exemplos a seguir:
Tabela 2 – Tradução com fidelidade ou não fidelidade ao texto original
Texto Original Tempo
This is part of my life story; this part is called: waiting the bus. 00:05:01
Texto Dublado Tempo
Isso faz parte da história da minha vida. Essa parte se chama: pegar o
ônibus.
00:05:01
Texto Legendado Tempo
Isso é parte da história da minha vida. Esta parte se chama: subindo no
ônibus.
00:04:58
33
A primeira frase da sentença em inglês utiliza o verbo “to be” (ser/está) no
exemplo acima, verbo adotado também na legenda em português, tornando-a
exatamente igual ao original; já na dublagem foi utilizado o verbo “fazer” (“to do”, em
inglês), o que na verdade, não alterou o sentido da frase e está perfeitamente
compreensível. Porém na segunda frase, cada texto utiliza um verbo diferente,
sendo que o original utiliza o verbo “to wait” (esperar, em português); a dublagem foi
feita com o verbo “pegar”; e a legenda utiliza o verbo “subir”. Ou seja, cada tradução
realizada utilizou um verbo diferente, sendo perfeitamente possível o uso apenas da
palavra “waiting” como “esperando” sem alterar o sentido real da sentença, mas nas
duas versões preferiu-se substituir por outra. Apesar de está compreensível, pode-
se considerar essa alteração totalmente desnecessária.
Algumas vezes a mudança do texto pelo tradutor se faz necessária, e ele
precisará encontrar uma frase equivalente no idioma de destino. Percebemos isso
em casos como gírias e expressões não formais. Vejamos agora um exemplo em
que o personagem utiliza uma expressão difícil de traduzir:
Tabela 3 - Adaptação e substituição do texto estrangeiro
Texto Original Tempo
How are you doing? 01:28:38
Texto Dublado Tempo
Como você está? 01:28:38
Texto Legendado Tempo
E você? 01:28:37
Esta expressão traduzida literalmente ficaria algo como: “Como está você
fazendo?”; e mesmo invertendo a posição do verbo com o sujeito, que seria o ideal
em estruturas semelhantes, na tradução do inglês para o português, ainda ficaria
“Como você está fazendo?”. Ou seja, neste trecho precisaria utilizar uma técnica
especial para conseguir um equivalente, que poderia ser “Como estão as coisas?”,
já que se trata de uma expressão não formal. Na dublagem, omitiu-se o último verbo
e inverteu-se a posição do verbo com sujeito, preferindo-se assim a substituição por
uma expressão formal, mudando o contexto do diálogo. Já na legenda omitiu-se
praticamente toda a frase, iniciando a fala do personagem anterior com um
conectivo, que também havia feito a mesma pergunta, e mantendo-se o sujeito.
34
Em relação ao tempo de cada fala, a dublagem cumpriu dignamente com o
início de cada uma delas, não atrasando nem adiantando o tempo; percebe-se
apenas alguma discordância no decorrer da sentença, o que é normal, considerando
que o inglês é mais compacto que o português. No caso da legenda, iniciou-se um
ou dois segundos antes da fala, o que também é esperado, já que, por ser um texto
fixo e que deverá ser lido, necessita de um tempo a mais de exibição na tela.
Uma tradução não é vista como um texto independente,
interpondo diferenças linguísticas e literárias específicas da
cultura-alvo, acrescentadas ao texto estrangeiro para torná-la
inteligível nessa cultura e as quais o autor estrangeiro não
preveniu nem a escolheu. (VENUTI, 2002, p. 101)
Ao criar o texto, o autor não imagina em qual idioma este será traduzido,
portanto não pensará em utilizar termos fáceis de traduzir. Por isso, quando a
estrutura das línguas for parecida o ato tradutório poderá ser basicamente uma
tradução literal. Mas, se por ventura forem línguas distantes estruturalmente, o texto
precisará ser praticamente recriado, não modificando o sentido das sentenças,
obviamente; porém, as palavras utilizadas poderão ter variações de sentido, que na
língua de origem não tinha, e a ordem das palavras serem totalmente alteradas.
Isso não faz com que a tradução se torne outro texto, já que ela depende do
original para existir. No entanto, haverá a possibilidade de escolha por parte do
tradutor; se este fará uma tradução mais próxima do original ou se, tenha que se
distanciar um pouco da sua fidelidade à procura de um texto mais claro para o leitor
e/ou espectador ao qual se destina.
35
CONCLUSÃO
A tarefa de traduzir é, sem dúvida alguma, uma atividade de grande
importância para a sociedade em que vivemos. Em um mundo em que as relações
internacionais estão a todo vapor, sendo estabelecidas por todos os países,
independentemente do idioma que fala, a tradução permite o acesso dos indivíduos
a outras culturas.
A partir da análise realizada neste trabalho, conclui-se que, a tradução
audiovisual nos dias de hoje, tem sido feita seguindo algumas especificidades,
utilizando-se da tecnologia disponível atualmente, e fugindo na maioria das vezes,
dos critérios de fidelidade seguido em traduções voltadas para textos teóricos, por
exemplo; embora não deixe a obrigatoriedade se ser feita de forma consciente,
através de técnicas e estratégias que possibilite ao tradutor fazer um bom trabalho.
Independentemente do uso, ou não, dos recursos multimídia.
Considerando a análise feita no filme pudemos ter uma noção básica de como
foram realizadas a dublagem e a legenda em “À procura da Felicidade”. Vale
ressaltar que estas foram apenas seleções de trechos que nos permitiram ver mais
detalhadamente as modificações ocorridas na tradução. No geral, as falas no filme
foram muito bem traduzidas, e é claro, teremos sempre trechos mais fáceis, outros
mais difíceis; assim como, filmes mais fáceis, outros mais difíceis de traduzir.
Mesmo com a expectativa de como será feita no futuro, podemos reconhecer
a importância da tradução no ontem, no hoje, e sabemos que continuará sendo
também nos dias que se seguem. Com o avanço da tecnologia, pode-se fazê-las
cada vez mais rápida e eficientemente, com tradutores automáticos auxiliando o
trabalho humano, mas não o substituindo. Permite também que outras pessoas
possam fazer traduções simples, sem ter necessariamente que procurar
alfabeticamente cada palavra em dicionário impresso, pois a tendência maior é de
tornar o processo mais simples e fácil para os usuários desses sistemas.
Através do ato de traduzir, mantemos contato com línguas estrangeiras,
permitindo o conhecimento de novos povos e culturas, das mais distintas; seja
através de um livro, de documentos, da música e dos filmes que hoje assistimos.
Filmes estes, muitas vezes, aparentemente gravados ali na cidade vizinha, mas que
36
passou por um longo processo até chegar às nossas casas e cinemas, como se
estivessem em nosso próprio idioma.
Por meio dessas produções cinematográficas, passamos muitas tardes de
diversão nos cinemas, ou mesmo em casa; e marcamos encontros com pessoas,
com a boa e velha pipoca ao lado, para dar um sabor especial a esses momentos.
Isso só é possível porque temos ao nosso dispor esse profissional chamado
tradutor, e toda uma equipe de técnicos, ajustador, diretor de dublagem, assessor
linguístico e os atores para realizar a conversão dos textos estrangeiros para o
nosso idioma. Assim não precisamos aprender outra língua para podermos assistir
aos filmes norte-americanos, franceses, ingleses, japoneses, e seja lá qual for o país
de origem dos seus criadores, com a tranquilidade de termos o áudio ou a legenda
em nossa própria língua.
37
REFERÊNCIAS
ADOROCINEMA. Gabriele Muccino. Disponível em:
<http://www.adorocinema.com/personalidades/personalidade-32370/>. Acessado
em: 22 de novembro de 2013.
ALVES, Maria Bernadete Martins; ARRUDA, Susana M. de. Como fazer
referências: bibliográficas, eletrônicas, e demais formas de documentos. Disponível
em: <http://www.bu.ufsc.br/home982.PDF>. Acesso em: 22 de novembro de 2013.
À PROCURA da felicidade. Direção: Gabriele Muccino. Produção: Will Smith, Todd
Black, Jason Blumenthal, Steve Tish e James Lassiter. Roteiro: Steve Conrad.
Columbia Pictures; Overbook Entertainment Productions, 2006. 1 DVD (117 min.),
color.
AUMONT, Jacques (et. al.). A estética do filme. Campinas: Papirus, 1995.
BARBOSA, Heloísa Gonçalves. Procedimentos técnicos da tradução: uma nova
proposta. 2ª ed. Campinas: Pontes, 2007.
BÍBLIA, Sagrada. Português-inglês. Bíblia Sagrada / Hole Bible: Nova Versão
Internacional. São Paulo: Editora Vida, 2003. Gênesis, cap. 11, vers. 1 e 7.
BERGMANN, Juliana Cristina Faggion. Teoria e Prática da Tradução. 20ª ed.
Curitiba: Ibpex, 2008.
BRISO, Caio Barreto. O segundo adeus a Herbert Richers. Veja Online. São
Paulo. 24 de Out. 2012. Disponível em: <http://vejario.abril.com.br/edicao-da-
semana/herbert-richers-707826.shtml>. Acesso em: 18 de novembro de 2013.
CAMPOS, Geir. O que é tradução. 2ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.
CINTAS, Jorge Diaz. In search of theoretical framework for the study of audiovisual
translation. In: ORERO, Pilar. (ed.); Tópics in Audiovisual Translation. Amsterdan:
John Benjamins, 2004, p. 21-34.
________________. Entrevista com Jorge Diaz Cintas. Disponível em:
<http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/issue/view/439>. Acesso em: 16
de Novembro de 2013. Entrevista concedida a Eliana P. C. Franco (UFBA); Vera
Lúcia Santiago Araújo (UECE).
CORPORATION, Sony. The pursuit of happiness. Disponível em:
<http://www.sonypictures.com/movies/thepursuitofhappyness/>. Acessado em: 22 de
novembro de 2013.
DOANE, Mary Ann. A voz no cinema: A articulação de corpo e espaço. In: XAVIER,
Ismail. (org.); A experiência do cinema: antologia. Rio de Janeiro: Edições Graal:
Embrafilmes, 1983.
38
FARIA, Ana Cristina de. Manual prático para elaboração de monografias:
trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses. 6ª ed. Petrópolis: Vozes; São
Paulo: Editora Universidade São Judas Tadeu, 2012.
GENTZLER, Edwin. Teorias contemporâneas da tradução. 2ª ed. São Paulo:
Madras, 2009.
GODOI, Alda Tenório Coelho. et. al. Programa de capacitação de usuários em
informação científica e tecnológica: guia de normatização ABNT para referências
e citações. Campinas: UNICAMP, 2008. Disponível em:
<http://www.bibli.fae.unicamp.br/download/apostila_abnt.pdf> acesso em: 22 de
novembro de 2013.
GONÇALVES, Hortência de Abreu. Normas para referências, Citações e Notas de
Rodapé. Aracajú: UNIT, 2003. Disponível em:
<http://www.unit.br/downloads/manuais/citacoes-e-referencias1.pdf>. Acesso em: 22
de novembro de 2013.
GOROVITZ, Sabine. Os labirintos da tradução: a legendagem e a construção do
imaginário. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2006.
MAGALHÃES, Ewandro. Sua Magestade, o intérprete: o fascinante mundo da
tradução simultânea. São Paulo: Parabola Editorial, 2007.
PAGANO, Adriana; MAGALHÃES, Célia; ALVES, Fábio. Traduzir com autonomia:
estratégias para o tradutor em formação. 3ª ed. São Paulo: Contexto, 2009.
RICHERS, Herbert. Versão Brasileira. Disponível em:
<http://dezoito.com/herbertrichers/ind_2.html>. Acesso em: 18 de novembro de
2013.
SÁNCHEZ, Diana. Subtitling methods and team-translation. In: ORERO, Pilar. (ed.);
Tópics in Audiovisual Translation. Amsterdan: John Benjamins, 2004, p.09-17.
THE PURSUIT of happyness. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida:
Wikimedia Foundation, 2013. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=The_Pursuit_of_Happyness&oldid=370301
45>. Acesso em: 22 de novembro de 2013.
VENUTI, Laurence. Escândalos da Tradução: por uma ética da diferença.
Tradução de Laureano Pelegrin, Lucinéia Marcelino Villela, Marileide Dias Esquerda
e Valéria Biondo. Bauru: EDUSC, 2002.

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  • 1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS XIV BONIFÁCIO CARVALHO SANTOS A TRADUÇÃO AUDIOVISUAL: O TEXTO E O CONTEXTO CINEMATOGRÁFICO CONCEIÇÃO DO COITÉ 2013
  • 2. BONIFÁCIO CARVALHO SANTOS A TRADUÇÃO AUDIOVISUAL: O TEXTO E O CONTEXTO CINEMATOGRÁFICO Monografia apresentada à Coordenação do Colegiado de Letras com Inglês, como requisito parcial para conclusão do Curso de Licenciatura em Letras com Habilitação em Língua Inglesa, da Universidade do Estado da Bahia. Orientadora: Prof.ª Esp. Juliana Bastos. CONCEIÇÃO DO COITÉ 2013
  • 3. BONIFÁCIO CARVALHO SANTOS A TRADUÇÃO AUDIOVISUAL: O TEXTO E O CONTEXTO CINEMATOGRÁFICO Monografia apresentada à Coordenação do Colegiado de Letras com Inglês, como requisito parcial para conclusão do Curso de Licenciatura em Letras com Habilitação em Língua Inglesa, da Universidade do Estado da Bahia. Aprovado em: 10 / 12 / 2013 Banca examinadora _________________________________________ Juliana Figuerêdo Bastos – Professora Orientadora Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV _________________________________________ Neila Maria Oliveira Santana – Professora de TCC Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV _______________________________________________ Emanuel do Rosário Santos Nonato – Professor Convidado Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV CONCEIÇÃO DO COITÉ 2012
  • 4. Dedico este trabalho a todos os que estiveram comigo durante este processo de aprendizagem; aos professores, colegas das turmas nas quais tive participação em algum momento da minha graduação; aos amigos universitários ou não; e em especial a minha família que me acompanhou e me ajudou durante todo este processo.
  • 5. AGRADECIMENTOS A Deus em primeiro lugar por ter me permitido o dom da vida e está sempre presente guiando da melhor forma possível na minha jornada. Aos meus familiares, principalmente meu pai Júlio e minha mãe Helena por terem me dado todo apoio possível desde o inicio e nunca estiveram ausente nos momentos mais difíceis da minha vida. A minha avó Joana e meu avô João que, com certeza, estão me apoiando do outro lado da vida. [In memoriam] A professora Juliana Bastos que com sua competência me mostrou que para realizar um bom trabalho é preciso acima de tudo muita dedicação e coragem. A professora Neila Santana que me ajudou com sua experiência e simpatia durante boa parte do trabalho. Aos meus amigos André Nunes, Evanilson Barbosa, Hélio Pereira e Marcus Joanes pelo apoio que sempre me deram durante o curso. As amigas Lícia Maia, Rafaela Lima e Júlia Benevides por terem me incentivado em determinados momentos. Aos amigos-irmãos da residência universitária do campus XIV, que me aturaram por quase quatro anos, meu mais sincero obrigado. Por fim, a todos que de alguma forma estiveram me apoiando, de perto ou de longe, durante esse período de formação: professores, funcionários, colegas de curso, e amigos em geral.
  • 6. Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. Willian Shakespeare
  • 7. RESUMO Este trabalho faz um estudo sobre a Tradução Audiovisual no Brasil, tendo como foco principal a tradução de filmes estrangeiros para a exibição no cinema nacional. Tem como objetivo trazer ao público, em geral, o conhecimento sobre as formas empregadas pelas empresas que realizam tal procedimento, bem como algumas das técnicas e estratégias utilizadas para a realização da dublagem e da legendagem de filmes, com o intuito de obter um texto fiel e ao mesmo tempo condizente com a língua e a cultura-alvo. Utiliza como base para o estudo o filme “The Pursuit of Happyness”, do diretor italiano Gabriele Muccino, conhecido no Brasil pelo nome “À procura da felicidade”, que teve sua versão brasileira realizada pela Herbert Richers S.A. do Brasil. No desenvolvimento do trabalho são mostrados alguns aspectos relacionados à linguagem cinematográfica, a legendagem, a dublagem, as estratégias da tradução, e as expectativas sobre o futuro da tradução, considerando as mudanças que ocorreram ao longo desses anos. Apresenta também uma análise da tradução feita no filme mencionado, onde se pode acompanhar as expressões e trechos da fala original, dublada e legendada, além de avaliar os critérios utilizados pelo tradutor. A análise será feita através de fragmentos retirados do próprio filme no idioma de origem, com o intuito de compará-los com a língua do país de chegada, no nosso caso, o português brasileiro. Palavras-Chave: Tradução. Audiovisual. Linguagem. Legenda. Dublagem. .
  • 8. ABSTRACT This paper makes a study on Audiovisual Translation in Brazil, focusing mainly on the translation of foreign movies for exhibition on national cinema, with the goal of bringing to the public, in general, knowledge about the ways employed by companies that conduct this procedure, as well as some of the techniques and strategies used to perform the dubbing and subtitling of films, to get a faithful text while consistent with the language and target culture. Use as a basis for the study, the film "The Pursuit of Happyness", by the Italian director Gabriele Muccino, known in Brazil by the name "À procura da felicidade" which had its Brazilian version made by Herbert Richers S.A. of Brazil. In development of this work are shown some aspects related to film language, subtitling, dubbing, translation strategies, and expectations about the future of translation, considering the changes that have occurred over the years; also presents an analysis of the translation made in the aforementioned movie, where you can track the expressions and periods of the original speech, dubbed and subtitled, besides the evaluation of the criteria used by the translator. The analyses will be done through fragments taken from the film itself on the original language, in order to compare them with the language of the arrival country, in our case, the Brazilian Portuguese. Key-words: Translation. Audiovisual. Language. Subtitle. Dubbing.
  • 9. LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Adaptação do texto estrangeiro ...............................................................31 Tabela 2 – Tradução com fidelidade ou não fidelidade ao texto original...................32 Tabela 3 - Adaptação e substituição do texto estrangeiro.........................................33
  • 10. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..........................................................................................................11 1. O TEXTO ESCRITO E FALADO NO CINEMA ...................................................20 1.1 A linguagem cinematográfica..............................................................................20 1.2 Legendagem: texto e imagem.............................................................................22 1.3 Dublagem: imagem e fala ...................................................................................25 2 ESTRATÉGIAS DA TRADUÇÃO AUDIOVISUAL...............................................13 2.1 Estratégias Macro e Micro textuais .....................................................................13 2.2 Possíveis rumos da tradução ..............................................................................16 3 ANÁLISE DA TRADUÇÃO NO FILME: “THE PURSUIT OF HAPPYNESS”.......20 3.1 O diretor e sua obra ............................................................................................28 3.2 A procura da fidelidade .......................................................................................30 CONCLUSÃO............................................................................................................35 REFERÊNCIAS.........................................................................................................37
  • 11. 11 INTRODUÇÃO A linguagem humana permitiu uma grande evolução para as sociedades através da comunicação entre os povos, e até hoje buscamos maneiras de ter uma boa relação com o outro. A partir da expansão das relações entre nações, tornou-se necessário o conhecimento de línguas e a possibilidade cada vez mais frequente de se traduzir uma língua escrita e falada em outros idiomas, tornando possível a interação entre culturas bem diferentes, mesmo a longas distâncias. A tradução, a qual foi facilitadora da expansão das relações internacionais, e permitiu, entre muitas outras coisas, traduzir documentos, textos literários, acadêmicos, técnicos, etc. Hoje, com todo o aparato tecnológico disponível, as traduções têm se expandido aos mais diversos âmbitos da vida quotidiana, passando a fazer parte das nossas vidas, mesmo quando não percebemos. Assim, o cinema, não poderia ficar de fora. Depois de ter sido um grande sucesso mesmo sem dizer uma única palavra, o cinema teve sua voz divulgada internacionalmente, e logo passou a ser difundido em diversos países. Aquele que começou com o universo mudo das imagens, passou a utilizar legendas em suas exibições, e posteriormente a utilizar o áudio, permitindo uma grande evolução para as telas. E não demorou muito até estar sendo transferido aos mais variados idiomas, através da Tradução Audiovisual – TAV, que é o tema a ser discutido neste trabalho. A partir de observações realizadas em alguns filmes, percebeu-se que existem traduções que divergem do discurso original do personagem, às vezes, sendo feitas modificações que são até relevantes, outras vezes, alterações que seriam desnecessárias. Daí então, com o intuito de conhecer um pouco mais sobre a realização da tradução audiovisual nos filmes e vídeos para o cinema em geral, buscou-se responder o seguinte questionamento: como tem sido feita a tradução audiovisual nos dias de hoje? Para que isso fosse realizado, foram definidos alguns objetivos que serviu para dar um foco maior no trabalho. Assim, definiu-se como objetivo geral: analisar a tradução audiovisual e sua aplicação através dos recursos multimídia; a partir deste, alguns objetivos, a saber: analisar a tradução na legendação e dublagem de filmes, verificar a utilização de estratégias macro e micro textuais, mostrar como a utilização
  • 12. 12 de softwares e da Internet pode contribuir com a tradução, e fazer uma análise amostral de um filme verificando as alterações do texto estrangeiro no ato tradutório. E para obter esses resultados, foi feito um estudo de materiais de alguns teóricos que tratam do tema abordado, tendo como base metodológica a pesquisa bibliográfica. Em busca dos melhores materiais existentes, tanto impresso, quanto digitais, utilizou-se quando necessário, a pesquisa em sites da internet, além de análise fílmica de conteúdo que foi feita através da seleção de trechos da fala dos personagens, considerando os aspectos da fidelidade e fluência na tradução. Nesse contexto, esse trabalho vem trazendo uma breve análise da tradução fílmica no cinema internacional, do inglês para o português brasileiro. Sendo dividido em três capítulos. O primeiro refere-se às relações do cinema com o público através da legenda e da dublagem; no segundo capítulo será tratada a questão das estratégias utilizadas na tradução e as expectativas sobre o futuro da tradução; no terceiro e último capítulo, há uma breve análise do filme norte-americano “The Pursuit of Happyness”, do diretor Gabriele Muccino.
  • 13. 13 1 ESTRATÉGIAS DA TRADUÇÃO AUDIOVISUAL Neste capítulo serão abordadas questões que tratam de técnicas utilizadas pelo tradutor ao tentar verter um texto, apresentando alguns procedimentos técnicos, os quais serão utilizados por ele no momento em que se deparar com certas situações que podem confundi-lo durante o processo tradutório. Encontra-se dividido em dois tópicos: o primeiro, o qual foi denominado “Estratégias macro e micro textuais”, traz estratégias em sentido mais amplo - as situações em que a técnica utilizada deverá considerar o contexto apresentado - e também em sentido mais específico - o uso de técnicas considerando os itens gramaticais e lexicais do texto; já o segundo tópico, intitulado “Possíveis rumos da tradução”, vem trazendo uma discussão em torno do assunto das novas tecnologias na tradução, e as novas técnicas e estratégias utilizadas pelos tradutores atualmente. 2.1 Estratégias Macro e Micro textuais Ao se referir à macro, queremos dizer que são estruturas de texto mais complexas com sentenças inteiras, e/ou textos inteiros, por exemplo; ao se referir a micro, faz-se menção a pequenas estruturas que normalmente são combinações de palavras individuais e que posteriormente formarão sentenças. Ao observarmos qualquer palavra em um dicionário, seja ele monolíngue ou bilíngue, poderemos perceber que na tradução de um vocábulo dificilmente encontraremos um único significado, pois a linguagem humana precisaria de muito mais que apenas um conjunto de letras para representar suas ideias. Na verdade, o significado das palavras pode variar muito, dependendo do contexto no qual é empregado. Após um breve estudo do texto (seja ele escrito ou falado), deverão ser avaliadas as sentenças que ali são expressas, sabendo-se que para uma boa tradução o tradutor deve conhecer bem o idioma que está sendo trabalhado, e, obviamente, é interessante saber o contexto que envolve essa língua, pois assim poderá utilizar os termos mais adequadamente.
  • 14. 14 Você já deve saber, consciente ou inconscientemente, que a nossa interpretação de qualquer texto depende das expectativas que trazemos para o momento da leitura e que estas expectativas, por sua vez, estão estreitamente relacionadas com o contexto da tarefa de leitura. (MAGALHÃES, 2006, p. 83) Observando a frase “I feel really good (...)” e “And I‟m sure that plants and animals do, too”, percebe-se que esta, ao ser traduzida para o português, precisará não somente da simples tradução da frase mas também do acréscimo de alguns termos da oração, ou não haverá coesão na sentença; este é um outro elemento macro que se deve considerar. Em inglês, as ideias nas duas frases também se ligam através da omissão do predicado da primeira pessoa e a substituição pelo auxiliar da segunda, fato que no português não faria sentido, portanto é necessário que haja uma adaptação. No estudo das estruturas macro textuais busca-se analisar a coerência e coesão do texto, bem como o gênero textual e seu padrão retórico. Por exemplo, se o estudo estiver sendo feito com material impresso, antes de qualquer coisa o tradutor procurará saber do que trata o texto: é uma carta, um documento oficial, um texto literário? Se for um material multimídia cabe ao tradutor também verificar o seu tipo antes de começar a traduzir, se este é um documentário, uma entrevista, ou um filme. E se for um filme, qual o gênero? É um romance, comédia, ação, suspense? Isso facilitará muito sua atividade na criação de um texto mais fluente. As estratégias de fluências buscam a sintaxe linear, o sentido unívoco, a linguagem contemporânea, a consistência lexical; evitam construções não-idiomáticas, polissêmicas, arcaísmos, jargões, efeitos linguísticos que chamem a atenção para as palavras enquanto palavras que assim ganham destaque ou interrompem a identificação do leitor. (VENUTI, 2002, p. 240) Os itens micro textuais, os quais são relacionados a questões de gramática, léxico e partes menores do texto, deverão ser também observados. Provavelmente, o tradutor precisará saber qual o objetivo e a região para a qual seu texto será destinado, pois assim, utilizará o termo mais adequado para aquela situação e lugar determinado, já que em todos os países existem termos regionais, gírias e metáforas que podem trazer problemas futuros para um tradutor inexperiente. Além dos regionalismos e das variações que se pode ter, de acordo com o objetivo do texto, o tradutor pode se deparar com algumas dificuldades. Um bom
  • 15. 15 exemplo é o caso da sentença em inglês “Cloud the issue or Clear the air?”, que é trabalhada por Célia Magalhães (2009, p. 99-101), onde se apresenta uma propaganda de determinada empresa petroquímica, na qual é utilizada a metáfora com a logomarca da empresa em duas imagens, sendo uma em tempo nublado, e outra em tempo ensolarado, fazendo referência aos efeitos do aquecimento global. Neste caso, temos vários aspectos a ser considerados ao se traduzir a sentença, que por ser um texto publicitário deverá passar o real objetivo, tentando não alterar a estrutura lexical da palavra. [...] o autor joga com a feliz coincidência do inglês ter, nesse exemplo específico, verbo e substantivo idênticos, para, com a oração Cloud the issue, ao mesmo tempo, remeter à imagem concreta da nuvem e metaforizar sobre a questão importante do efeito estufa que está sendo nublada, ou encoberta. (MAGALHÃES, 2009, p. 101) Célia Magalhães (2009) ainda acrescenta que, se traduzíssemos a sentença palavra por palavra, em português, poderíamos ter “Nublar a questão, ou limpar o ar?”, mantendo, neste caso, a metáfora, porém perdendo-se o jogo sonoro e semiótico nas palavras Cloud e Clear. Outro exemplo dado por Magalhães (2009) são as marcações genéricas geradas pela categoria morfológica de gênero, como nas palavras master, hysteric e analyst, as quais podem se referir a homens ou mulheres, da mesma forma, sendo uma difícil decisão para o tradutor definir o gênero que utilizará ao traduzir um texto com estes termos. A maioria dos tradutores concorda que a tradução literal é mais conveniente, mas existem casos em que ao traduzir literalmente a sentença corre o risco de não haver significado na língua traduzida. Heloísa Barbosa (2007) dá alguns exemplos, como “Paul kicked the ball”, que traduzindo para o português teria um significado palavra por palavra perfeitamente normal, ficando sujeito, verbo, artigo e substantivo, todos adequadamente como “Paulo chutou a bola”. Porém, existem casos que realmente não é possível fazer uma tradução literal sem perder o sentido da frase, nesses casos é necessário optar-se pela tradução oblíqua, como no caso da sentença “Paul kicked the bucket”, que literalmente seria “Paulo chutou o balde”, mas basta apenas um mero conhecedor da língua inglesa para saber que esta é uma expressão que, na verdade, quer dizer “Paulo morreu”. No entanto, para manter
  • 16. 16 o mesmo registro da língua, é aconselhável utilizar também uma expressão equivalente, como, por exemplo, “Paulo bateu as botas”. Assim, sendo impossível a tradução literal, será aconselhável recorrer à tradução oblíqua, ou seja, àquela que utiliza recursos lexicais ou sintáticos diversos daqueles empregados no texto da LO (doravante TLO), quer dizer, que altera a forma, mas sem alterar o conteúdo ou a mensagem. (BARBOSA, 2007, p. 25) Dentre muitas formas e estruturas linguísticas que se pode encontrar em um texto, há também variações nas estratégias utilizadas para realizar a tradução. Muitos são os modelos existentes entre os estudiosos da tradução, como a Equivalência Formal X Dinâmica, de Nida (1964); a Tradução Direta X Oblíqua, de Vinay e Darbelnet (1977), seguida também por Vázquez Ayora (1977); a Tradução Parcial X Plena, Restrita X Total, Limitada X Não Limitada, Livre X Literal, de Catford (1965); e o modelo de Tradução Semântica X Comunicativa, de Newmark. Dentro desses, formulou-se alguns procedimentos técnicos da tradução, a saber: Transliteração, Empréstimo, Decalque, Tradução Literal, Transposição, Modulação, Equivalência, Adaptação, Amplificação, Explicitação, Omissão, Compensação, Rótulo Tradutório, Definição, Paráfrase, Contração, Reconstrução De Períodos, Reorganização, Melhorias, Dístico Tradutório E Naturalização1 . Entre esses modelos, o que mais se aproxima da forma utilizada atualmente, pelos profissionais na área cinematográfica, é a tradução semântica e comunicativa (não se excetuando qualquer outra), pois permite maior acomodação do texto às necessidades da língua traduzida de forma mais explícita; embora todos os modelos tenham sua versão flexível de traduzir. 2.2 Possíveis rumos da tradução Tradução... Esta que passa despercebida por muitos, em muitas das situações na vida quotidiana, mas que está a todo o tempo, desde a infância, nos servindo; como quando das leituras que se ouve de textos bíblicos, que por muitos 1 Modelos e procedimentos com base em: BARBOSA, Heloísa Gonçalves. Procedimentos técnicos da tradução: uma nova proposta. 2ª ed. Campinas: Pontes, 2007, p. 58.
  • 17. 17 idiomas foram traduzidos e retraduzidos de textos hebraicos, aramaicos e gregos, até chegar indiretamente ao português. Hoje, continua sua missão, que é a de levar a informação e a comunicação àqueles que desconhecem algumas línguas, e que, por ventura, venham a precisar. A tradução vem buscando novos rumos, seja nos critérios profissionais de organização, ou na forma de traduzir. Do latim translatione (translatio, translationis), do alemão Übersetzung, do italiano traduzione, do inglês translation, do francês Traduction, do espanhol Traducción - essas são apenas algumas traduções da palavra – o ato de traduzir representa a ação de converter as diversas línguas ao redor do mundo. Na história bíblica diz-se que a variedade de línguas surgiu com o episódio da construção da Torre de Babel. “No mundo todo havia uma só língua, um só modo de falar. [...] Venham, desçam e confundamos a língua que falam, para que não entendam mais uns aos outros”2 . Segundo Geir Campos (1987), o documento mais conhecido da atividade tradutória é um fragmento de bassalto chamado Pedra de Rosetta, encontrado nas escavações banhada por um braço do Rio Nilo. Sabe-se também que entre os babilônios e assírios e hititas existiam organizações de escribas especializados, que escreviam em línguas diversas; sabe-se também que no Antigo Império egípcio (2778-2160 a.C.) existiu o cargo público de “intérprete-chefe”; e que na Ásia Menor circulavam ou existiam glossários bilíngues ou plurilíngues em tabuletas de terracota. (CAMPOS, 1987, p. 17) Existem algumas características que podemos observar em relação ao ato de traduzir. Campos (1987, p. 7) afirma que traduzir é simplesmente “[...] fazer passar, de uma língua para outra, um texto escrito na primeira delas. Quando o texto é oral, falado, diz-se que há „interpretação‟, e quem realiza é o „intérprete‟”. São várias as definições de tradução, embora sempre próximas umas das outras, algumas tendem a ser mais específicas, outras mais amplas, assim como a definição de John Cunnison Catford (apud CAMPOS, 1987, p. 11), ao dizer que “tradução é a substituição de material textual de uma língua por material textual equivalente em outra”. Nessa definição, Catford não especifica se a palavra traduzir é apenas para o texto escrito como citado no parágrafo anterior; afinal, em sentido amplo, tanto o texto escrito quanto o texto oral será uma tradução. Aliás, além da 2 Fragmento retirado do livro de Gênesis da Bíblia: BÍBLIA. Português-inglês. Bíblia Sagrada / Hole Bible: Nova Versão Internacional. São Paulo: Editora Vida, 2003. Gênesis, cap. 11, vers. 1 e 7.
  • 18. 18 interpretação, a dublagem, sendo texto oral, também se configura como tradução, apesar de que as empresas de dublagem prefiram utilizar o termo versão. É verdade que as traduções de filmes para televisão não costumam dar os nomes dos tradutores responsáveis por tais e tantos atentados contra o próprio bom-senso; o que se ouve dizer, em geral, é que se trata de uma “versão brasileira” de tal ou qual laboratório cinematográfico especializado. (CAMPOS, 1987, p. 27) Quando o autor fala de atentados contra o bom senso, ele se refere à má qualidade da tradução feita por laboratórios de tradução audiovisual. Apesar de termos bons tradutores no Brasil, normalmente as traduções para filmes são bastante precárias, devido a uma série de fatores, como pouco tempo destinado a fazê-la e a realização da atividade ser, muitas vezes, por tradutores inexperientes, a custos mais baixos que os valores estabelecidos pelas normas da Associação Brasileira de Tradutores – ABRATES. De início, pergunta-se: como se poderia considerar a tradução? Como um estudo teórico e que está sujeito a regras rígidas e que deve ser encarado como uma técnica que se aprende nos cursos especializados, ou uma arte em que uns poucos são os afortunados capazes de bem realizá-las, sem que as tenham de submeter a teoremas linguísticos sofisticados e até herméticos? (GUIMARÃES, 2010, p. 91) Este é um questionamento que vem sendo carregado por todos os profissionais envolvidos nos trabalhos da área, pois muito são aqueles que praticam a tradução sem terem necessariamente algum tipo de especialização. Obviamente, isso vem trazendo prejuízos para aqueles que investem na carreira e se dedicam a atuar legalmente. Além disso, a atividade de leigos na área pode vir a provocar a criação de trabalhos mal elaborados. Atualmente, encontram-se diversos recursos que auxiliam o tradutor como softwares e sites, os quais também fazem traduções eletrônicas e agem como tradutores automáticos que o usuário pode instalar no seu próprio computador e, apenas utilizando as funções copiar/colar, obtém resultados muito rápidos, sendo até certo ponto satisfatórios; porém, eles cometem falhas grosseiras em muitos casos. O principal ponto falho destes softwares é não conseguirem traduzir expressões idiomáticas, e, muitas vezes, o resultado traz vários erros de concordância como mostra Bergmamn: As palavras possuem uma dimensão semântica, com a manifestação de vários significados, várias vozes, articuladas
  • 19. 19 entre si e não perceptíveis quando se fala em decodificação da língua. E é exatamente essa dimensão, essa manifestação, que não é traduzida pelo tradutor automático. (BERGMANN, 2008, p. 96) Além disso, a não observação do léxico e da gramaticalidade da frase, como visto no tópico anterior sobre itens macro e micro textuais, pode causar erros na interpretação de frases não equivalentes no idioma de destino. Isso só será percebido por um tradutor experiente ou que dê bastante atenção à frase; daí a importância de que mesmo sendo utilizados tradutores automáticos, seja feita no mínimo uma revisão do trabalho por um profissional, para corrigir possíveis falhas. Podemos ver isso mais claramente na frase “She’s just sixteen.” citado por Alves (2009, p. 114) que poderia ser traduzido erroneamente como “Ela é apenas dezesseis anos”, devido às variações do verbo to be: Caso você não esteja atento para as relações implícitas nesse enunciado, terá provavelmente problemas em transformar o verbo to be em “ter” já que em português a relação de idade é expressa com esse verbo, ou seja, “Ela tem apenas dezesseis anos”. (ALVES, 2009, p. 114) Apesar da facilidade encontrada hoje, a produção de textos traduzidos ainda não é tarefa fácil, pois depende de muitos fatores; fatores estes que vão desde a dificuldade na formação de profissionais, passando pelas dificuldades técnicas, até a concorrência desleal de pessoas que usam a tradução apenas como uma alternativa pra ganhar dinheiro extra. Embora muitos tradutores não tenham a devida qualificação, utilizam o auxílio de programas de computador e Internet para suas atividades, mesmo sabendo que apenas isto não basta para uma boa tradução. Muito se estudou a tradução a partir da Informática (processamento automático da informação) e da Linguística, mas a conclusão a que se chegou foi que qualquer máquina só será capaz de traduzir bem se for manipulada por um bom tradutor; [...]. (CAMPOS, 1987, p. 21) Nesse sentido, busca-se cada vez mais evoluir os métodos de tradução disponíveis para que auxiliem no processo tradutório, tendo a tecnologia como parceira que auxilie na atividade de traduzir. Todo equipamento é apenas criação humana e dificilmente irá substituir o seu criador no seu trabalho, servirá sim para facilitá-lo, principalmente quando se fala em linguagem, a qual depende de muitos fatores intrínsecos e da cultura que a envolve.
  • 20. 20 2 O TEXTO ESCRITO E FALADO NO CINEMA Este primeiro capítulo abordará questões referentes à linguagem utilizada no cinema, principalmente através da legenda e da dublagem de filmes. Encontra-se dividido em três tópicos, sendo que o primeiro, denominado “A linguagem cinematográfica”, traz uma apresentação breve das mudanças ocorridas no cinema com a inclusão da tradução de filmes; o segundo, intitulado “Legendagem: texto e imagem”, trata da questão da utilização da legenda e sua fidelidade com o texto original; já o terceiro tópico, chamado “Dublagem: imagem e fala”, traz comentários relacionados à dublagem, mostrando algumas características técnicas da sua produção e as dificuldades encontradas no processo tradutório, discutindo os critérios utilizados para se aplicar uma boa tradução. 2.1 A linguagem cinematográfica O cinema em si possui sua própria linguagem, esta se diferencia das outras em alguns aspectos, como diz Jacques Aumont: “A fim de provar que o cinema era de fato uma arte, era preciso dotá-lo de uma linguagem específica, diferente da linguagem da literatura e do teatro.” (AUMONT, 2011, p. 157). Dessa forma, a então conhecida “linguagem cinematográfica”, que encantou o mundo com o jogo de imagens desde os tempos do cinema mudo, não demorou muito até sentir a necessidade de ser verbalizada, fosse através de uma narração, ou mesmo através de diálogos entre os próprios atores; e assim se fez. Atualmente o cinema goza de uma tecnologia muito ampla na edição de imagens e sincronização das falas dos atores; isso demonstra o grande avanço ocorrido de alguns anos para cá, pois aquilo que antes era um grande desafio para os produtores, dubladores e equipe de som, hoje pode ser feito de uma forma bem mais rápida e fácil, assim como diz Mary Ann Doane: A tecnologia padroniza a relação através do desenvolvimento do sincronizador, a Moviola, que é a mesa de montagem. Os aparelhos de mixagem permitem um grande controle sobre o estabelecimento de relações entre diálogos, música, efeitos sonoros. (DOANE, 1995, p. 459)
  • 21. 21 Esses avanços favoreceram muito, tanto a montagem de som na gravação dos diálogos originais, quanto ao sincronizar uma dublagem em outro idioma, por exemplo. Hoje tem se feito exibição de filmes e documentários com alta qualidade de som e imagem, e suas traduções são realizadas em diversos idiomas, permitindo que esses filmes não só sejam vistos no país onde foram criados, mas também ultrapassem grandes fronteiras linguísticas; como é o exemplo de filmes japoneses que são traduzidos para o português, considerando que são línguas totalmente distintas. Segundo Bergmann (2008), as linguagens audiovisuais têm como característica a união de pelo menos dois tipos de código: o código linguístico – oral e/ou escrito – e o código visual – verbal e/ou icônico. Portanto, essas linguagens são um tanto mais complexas do que aquelas que possuem apenas o código linguístico, como é o caso de textos escritos. Dessa forma, ao se traduzir filmes devem ser observados os pontos de vista semiótico, narrativo e comunicativo. Sendo que, na maioria das vezes, normalmente o código visual permanece inalterado, aplicando-se a tradução apenas ao código linguístico inserido no texto. A linguagem cinematográfica (visual) demonstra suas características como língua, já que ela, por si própria, é capaz de transmitir uma informação através da imagem, unindo-se com a linguagem oral e/ou escrita, e tornando-se multilíngue a partir da tradução; se considerarmos o ponto de vista das muitas línguas que a imagem pode ser lida e traduzida. Infelizmente, a tradução de filmes ainda é pouco valorizada no Brasil, principalmente no meio acadêmico; paulatinamente ela vem encontrando seu espaço em textos teóricos. Porém, ainda há muito que avançar, pois é um tanto difícil encontrar trabalhos publicados na área. De acordo com Jorge Diaz Cintas, em uma entrevista3 cedida a Eliana P. C. Franco (UFBA) e a Vera Lúcia Santiago Araújo (UECE), historicamente os profissionais que trabalham com TAV vêm sendo formados em empresas particulares que necessitam da mão de obra especializada, e, devido à falta de profissionais treinados em centros educacionais, se vêem na necessidade de treinar pessoas que ainda não possuem qualificação necessária para a execução da tarefa. 3 CINTAS, Jorge Diaz. Entrevista com Jorge Diaz Cintas. Disponível em: <Disponível em: http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/issue/view/439>. Acesso em: 16 de Novembro de 2013. Entrevista concedida a Eliana P. C. Franco (UFBA); Vera Lúcia Santiago Araújo (UECE).
  • 22. 22 Portanto, com o crescimento da indústria cinematográfica, buscam-se profissionais especializados que trabalhem na conversão de filmes e vídeos de um idioma para outro, seja para exibição pública, ou doméstica; e, consequentemente, faz-se necessária a discussão teórica do assunto, de maneira a formar ideias contundentes que mostrem os melhores caminhos para se trabalhar a tradução no cinema como um todo. 2.2 Legendagem: texto e imagem Ao rever a história do cinema podemos perceber sua evolução, e sua influência na vida das pessoas: o cinema sem áudio e sem legenda, sem áudio com legenda, e o cinema falado, com ou sem legenda. De todas essas formas, a que esteve presente por mais tempo, e ainda está até hoje, é a exibição com legenda. Sendo importante, em muitos casos, nos filmes nacionais, mas, principalmente, quando se trata de filmes estrangeiros. Nessa modalidade de tradução, um texto escrito é apresentado de forma simultânea à fala no texto original, eles devem estar em perfeita sincronia. À unidade desse processo se dá o nome de legenda, que deve ser clara, sem desviar a atenção do espectador daquilo que ele está assistindo. (BERGMANN, 2008, p. 98) A tradução audiovisual em si pode ser dividida em três variedades: vozes sobrepostas – que é mais frequentemente utilizada para documentários, onde a tradução oral se sobrepõe ao texto original; a dublagem - que é a mais complexa, consistindo em substituir todo o texto original pelo texto oral da língua-alvo; e a legendagem (ou legendação) – que consiste em apresentar o texto escrito da tradução simultaneamente ao texto original, sendo que, as duas últimas são as mais comuns em filmes. A legendagem é anterior à fala: o filme já utilizava um suporte textual quando ainda não havia meios técnicos para reproduzir o som e os diálogos dos personagens. Portanto desde os primórdios do cinema, criou-se familiaridade com a legenda. (GOROVITZ, 2006, p. 64) A legenda permite ao espectador acompanhar as falas dos personagens em seu idioma nativo, ao mesmo tempo em que pode ler a tradução dos diálogos realizados pelos mesmos. Isso permite uma melhor identificação com os atores, já que dispensa a utilização de outra voz que não seja a original, além de tornar mais
  • 23. 23 fácil a compreensão de pequenos gestos e expressões esboçados pelos personagens; pois quando se substitui o texto oral original pelo texto oral do idioma- alvo, alteram-se, em alguns aspectos, as falas, para obter uma melhor sincronia com as imagens que aparecem simultaneamente na tela. Diversos critérios devem ser seguidos para que se tenha um bom efeito na imagem: a legenda não deve ocupar muito espaço para não sobrepô-la, porém, não deve ser muito pequena, pois dificultaria a leitura; normalmente é colocada na parte inferior da tela; além de ser observado também o tempo de exibição, pois não pode ultrapassar a cena determinada, nem tampouco a fala do personagem; no entanto, se for muito rápido dificultará a leitura por parte do leitor-expectador, como afirma Diana Sánchez: Subtitles are spotted to coincide with the precise frame where a speaker begins and finishes talking, with the occasional adjustment of a few frames to respect a film‟s takes or allow more reading time, take change permitting. This is what the audience expects. 4 . (SÁNCHEZ, 2004, p. 13) Atualmente o cinema brasileiro utiliza filmes legendados em suas exibições apenas para jovens e adultos, já que, seria difícil a leitura rápida dos textos por crianças, considerando que, cada unidade de texto precisa acompanhar as imagens exibidas na tela de projeção. Além dos cinemas, a legenda também é bastante utilizada por quem tem interesse em analisar critérios técnicos, e para uma melhor percepção da atuação dos atores no filme. Juliana Bergmann (2008) acrescenta que, do ponto de vista técnico, a legenda ocupa, em média, duas linhas, cada linha poderá ter de 28 a 38 caracteres. Isso pode variar um pouco; normalmente será maior para vídeo, e menor para tela de cinema. Sendo que, pode ser inserida pelos processos fotoquímico, ótico, eletrônico, e pelo processo a laser. Este último é o mais utilizado atualmente, onde as legendas são escritas diretamente sobre o filme por um raio laser controlado por computador. A legendagem é a variedade da tradução audiovisual mais acessível financeiramente, já que necessita apenas de um tradutor e um técnico que fará a sincronização. Com estes profissionais são realizadas a visualização global do filme, 4 As legendas são marcadas para coincidir com o quadro exato onde um falante começa e termina a fala, com o ajuste ocasional de alguns quadros para respeitar as tomadas do filme ou permitir maior tempo de leitura, permitindo alteração. Isto é o que o público espera. [Tradução nossa]
  • 24. 24 a leitura e tomada de notas do texto original, composição de pauta do roteiro e divisão do roteiro em unidades de tradução, a tradução propriamente, a sincronização, e, finalmente, a edição das legendas (BERGMANN, 2008). Há algum tempo atrás a liberdade de se escolher entre assistir um filme legendado, dublado, ou nas duas versões simultaneamente, era mais difícil, pois, além de não existir esse recurso nos antigos aparelhos, a forma de se aplicar a legenda não permitia a flexibilidade que se encontra hoje nos aparelhos de exibição de vídeo. Ao assistir um filme em um aparelho de DVD, por exemplo, é possível escolher a forma de ver tal filme, tanto antes, quanto durante a exibição das imagens; isso apenas com um pequeno click no controle remoto. Apesar da facilidade técnica que se tem atualmente na aplicação, não se pode dizer que a legendagem ou legendação é um processo fácil, pois além dos critérios técnicos de sincronização e edição, existem também aspectos relacionados à linguagem que o tradutor necessita dominar, para que seja feita uma boa tradução do texto a ser legendado. Ele [o tradutor] deve compreender não apenas o conteúdo óbvio da mensagem, mas também as sutilezas de significado, os valores emotivos significativos das palavras e das características estilísticas que determinam o “sabor e a sensação” da mensagem. (...) Em outras palavras, além de um conhecimento nas duas ou mais línguas envolvidas no processo de tradução, o tradutor deve estar muito bem familiarizado com o assunto abordado (NIDA, 1964 apud GENTZLER, 2009, p. 84). Sabendo o quão complexa é uma língua, nenhum tradutor que se preze arriscaria fazer uma tradução sem um conhecimento avançado, tanto da língua de origem quanto da língua-alvo, pois estaria apostando na possibilidade de cometer equívocos na tradução. O conhecimento de uma língua não se resume exclusivamente ao saber falar, mas também envolve valores culturais; além de ser necessário ao tradutor saber sobre o assunto que está sendo abordado. É imprescindível também que esse profissional faça a visualização global do filme e a leitura do texto original, para que este esteja familiarizado com cada cena, e consequentemente compreenda cada detalhe, cada sensação, e cada emoção esboçada pelo personagem, já que a mensagem expressa por ele deve ser transferida ao outro idioma, na forma mais fiel possível.
  • 25. 25 A busca da fidelidade no texto, muitas vezes, é prejudicada pela velocidade da fala, considerando que o texto escrito demanda um tempo maior de exibição que o texto falado. Então, o tradutor deverá resumir ao máximo a escrita sem, no entanto, perder o sentido do diálogo. Para isso ele deverá estar sempre buscando adaptar o texto com frases curtas e sinônimos que o permita ser bem sucinto, sem omitir as informações necessárias à clara compreensão da imagem exposta. De certa forma, a tarefa do profissional acaba sendo condicionada às necessidades estéticas do filme, aliando-se, em alguns casos, ao seu pouco conhecimento da cultura de origem do filme, e às características da linguagem oral que nem sempre podem ser representadas por textos escritos, dificultando assim, a compreensão do espectador ao acompanhar as falas. “Entretanto, no ato da recepção, esse espectador reconstrói o diálogo a partir de um misto de situações que fazem parte da sua vivência e de progressivas familiarizações, restaurando as inadequações e carências da mensagem legendada” (GOROVITZ, 2006, p. 23). O cinema está sempre buscando melhorar e adaptar-se à expectativa do público; junto a isso, a tradução dos filmes tende, cada vez mais, a se tornar melhor e mais fiel às culturas envolvidas, de forma que não haja divergências no entendimento do conteúdo mostrado. Mesmo com alguns percalços encontrados pelo tradutor, ainda assim é possível produzir legendas de boa qualidade, sem que se perca o sentido e a qualidade do produto final apresentado ao espectador. 2.3 Dublagem: imagem e fala A dublagem é a modalidade mais utilizada atualmente no Brasil, tanto para o livre comércio de DVD quanto para exibição nos canais de televisão, pois permite uma maior acessibilidade na sua apresentação, já que, através desta, qualquer pessoa que possua boa visão e audição seria capaz de acompanhar e compreender o filme, não necessitando fazer leitura e permitindo também que pessoas em qualquer faixa-etária possam assistir. No entanto, pouco se investe na formação de novos profissionais. Aqueles que conseguem uma oportunidade buscam empresas particulares para se profissionalizar, ou buscam um aprendizado autônomo, já que pouquíssimas faculdades oferecem cursos de formação para a área de tradução, como afirma Jorge Diaz Cintas:
  • 26. 26 Only recently have some scholars started to direct their attention toward translation, as evidenced by the introduction of modules in dubbling and subtitling, not only in translation degree but also in other such as film and Television Studies Journalism and Media Studies. 5 (CINTAS, 2004, p. 23) Quando se fala em filmes dublados remete-se imediatamente aos filmes domésticos, normalmente encontrados nas locadoras, já que estão naturalmente difundidos no nosso dia-a-dia. No cinema, eles são restritos apenas a filmes infantis, devido a certas especificidades. A tradução da dublagem, apesar de ser bastante complexa, é a mais comum entre todas. É o tipo de tradução que requer maior estrutura de todas as exigidas pelas demais modalidades e conta com diferentes profissionais envolvidos. Além do tradutor, trabalham também o ajustador, o diretor de dublagem, os técnicos de som, o assessor linguístico e os atores (BERGMANN, 2008, p. 99). Esse tipo de tradução audiovisual exige uma grande equipe, na sua produção, e equipamentos bem mais sofisticados, sendo necessário gravar as falas em estúdio apropriado; o que, consequentemente, traz custos mais elevados em relação a outros tipos como a legenda, por exemplo, mas por ser utilizado por toda população, em geral, tem retorno financeiro garantido. Ao tradutor é reduzida a sensação de responsabilidade pelo trabalho, pois o texto traduzido pode ser modificado diversas vezes durante o processo, de forma a adaptá-lo às passagens de cena, ao ajuste de som, à gravação de voz dos atores, etc. Além disso, Bergman (2008) também cita três processos de sincronia que são utilizados: a sincronia fonética, que é a adequação da tradução aos movimentos da boca do ator no momento da fala; a sincronia quinésica, que é a adequação aos movimentos corporais no momento em que o personagem se expressa; e por fim, a isocronia, que é a adequação da tradução à duração temporal do enunciado do ator. Quando se trata de transferir o significado de palavras entre idiomas, deve-se ter sempre o máximo de cautela possível, pois são muitas as dificuldades encontradas. Para o tradutor do texto a ser dublado, além da adaptação, da sincronia das falas, etc., ainda resta a dificuldade de compreender falas que podem 5 Apenas recentemente alguns estudiosos começaram a direcionar sua atenção para a tradução, assim como evidenciado nos módulos voltados a dublagem e legendagem, não somente em grau de tradução, mas também em outros como filmes e estudos jornalísticos da televisão, e estudos de mídia. [Tradução nossa]
  • 27. 27 trazer uma linguagem diferente do padrão normativo da língua. Por exemplo: quando o personagem utiliza gírias na fala, ou quando usa um dialeto diferente daquele que normalmente é usado no país. Um bom exemplo disso está na fala de Ewandro Magalhães ao contar sobre dificuldades que passou ao tentar se comunicar na Alemanha, tendo plena convicção que dominava bem o idioma daquele país, porém mal conseguia compreender o que era dito pelos nativos de determinada região: “Essa dificuldade linguística foi só o começo de um aprendizado que logo deixou evidente uma coisa: o idioma que se ensina pelo mundo afora está longe de ser a língua falada nas ruas dos diferentes países” (MAGALHÃES, 2007, p. 124). Diante disso, percebemos o quanto ainda é difícil se trabalhar com tradução, pois muitas são as barreiras que se encontram no caminho, principalmente quando se fala em tradução audiovisual, mais especificamente a dublagem, por exigir uma complexidade maior. No entanto, com um conhecimento razoável e a vontade de fazer sempre melhores traduções, é possível aprimorá-las cada vez mais.
  • 28. 28 3 ANÁLISE DA TRADUÇÃO NO FILME: “THE PURSUIT OF HAPPYNESS” Este capítulo vem trazendo uma breve análise da tradução cinematográfica com base no filme “The pursuit of happyness”. Nele serão apresentados dois tópicos, sendo que o primeiro se encontra intitulado “O diretor e sua obra”, o qual vem mostrando o histórico do diretor, bem como suas obras direcionadas ao cinema, além de trazer dados relevantes do filme; já no segundo tópico, denominado “À procura da fidelidade”, tem-se a análise propriamente dita, pela comparação da fala original em língua estrangeira com a versão em língua portuguesa, onde serão mostradas as mudanças decorrentes da adaptação do texto no momento da conversão, bem como a fidelidade ao texto de origem. 3.1 O diretor e sua obra Gabriele Muccino nasceu em maio de 1967, na Itália. Hoje, com 46 anos de idade, já teve participação em diversos filmes do cinema italiano e mundial. Como diretor, deixou sua marca em “Para Sempre na Minha Vida” (1999), “O Último Beijo” (2001), “No Limite das Emoções” (2003), “À Procura da Felicidade” (2006), “Sete Vidas” (2008), “Beije-me Outra Vez” (2009), e mais recentemente, em “Um Bom Partido”, lançado no ano passado. 6 Além disso, teve participação em outros filmes também como produtor e/ou roteirista. Com a realização dessa obra, o diretor italiano mostra para o mundo uma história que veio a se tornar um dos grandes sucessos de Hollywood. Um filme baseado na história real bibliografada de Christopher Paul Gardner, um homem que enfrentou diversos problemas na vida com a separação de sua esposa, além de sofrer dificuldades financeiras após investir muito dinheiro na compra de um produto, que, posteriormente, veio a lhe trazer prejuízos devido ao alto custo de mercado. No entanto ele resistiu e, mesmo diante de todos esses problemas, criou seu filho 6 Dados sobre o diretor podem ser encontrados online em: ADOROCINEMA. Gabriele Muccino. Disponível em: <http://www.adorocinema.com/personalidades/personalidade-32370/>. Acessado em: 22 de novembro de 2013.
  • 29. 29 sozinho e tornou-se um dos maiores investidores da bolsa de valores em Wall Street. Especificamente o filme “À procura da Felicidade”, que tem como título original “The Pursuit of Happyness”, foi indicado em 2007 ao Oscar de melhor ator, com Will Smith; melhor canção, com a música “A Father’s Way”; e indicado também ao Globo de Ouro7 como melhor drama; além de ganhar o prêmio de melhor revelação com o ator mirim Jaden Smith, filho de Will Smith, pela MTV. Participaram da produção do filme: o próprio Christopher P. Gardner, personagem real da trama, como produtor associado; o ator Will Smith, juntamente com Todd Black, Jason Blumenthal, Steve Tish e James Lassiter, como produtores; e Louis D‟Esposito, Teddy Zee, Mark Clayman e David Alper, como produtores executivos; havendo ainda a participação de Steve Conrad como roteirista8 . O longa-metragem foi produzido nos Estados Unidos em 2006 e lançado no Brasil em fevereiro de 2007, pela Columbia Pictures do Brasil, empresa que faz parte da Sony Corporation. Sua versão brasileira foi feita pela Herbert Richers, empresa brasileira de dublagem e legendagem fundada em 1950, que possuía um dos maiores estúdios da América Latina, chegando a dominar 70% do mercado nacional. “A dublagem, como a conhecemos hoje em dia, foi introduzida pela Herbert Richers em 1960, com a ajuda de Walt Disney”.9 Mas, infelizmente, depois da morte de seu fundador, Herbert, em 200910 , foi abandonada e parou suas atividades recentemente. 7 THE PURSUIT of happyness. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2013. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=The_Pursuit_of_Happyness&oldid=37030145>. Acesso em: 22 de novembro de 2013. 8 CORPORATION, Sony. The pursuit of happiness. Disponível em: <http://www.sonypictures.com/movies/thepursuitofhappyness/>. Acessado em: 22 de novembro de 2013. 9 RICHERS, Herbert. Versão Brasileira. Disponível em: <http://dezoito.com/herbertrichers/ind_2.html>. Acesso em: 18 de novembro de 2013. 10 BRISO, Caio Barreto. O segundo adeus a Herbert Richers. Veja Online. São Paulo. 24 de Out. 2012. Disponível em: <http://vejario.abril.com.br/edicao-da-semana/herbert-richers-707826.shtml>. Acesso em: 18 de novembro de 2013.
  • 30. 30 3.2 À procura da fidelidade Um dos grandes desafios para qualquer tradutor é chegar a uma tradução fiel, pois é difícil encontrar o equilíbrio perfeito entre duas ou mais línguas. O termo fidelidade, normalmente se refere a não alteração das características do texto do qual se traduz; ou seja, se um tradutor deseja ser fiel à língua de origem, ele deverá ser o mais cauteloso possível para não modificar aspectos importantes durante a tradução, sendo, às vezes, colocado em situações onde terá que escolher entre utilizar um termo que faria maior referência à língua de origem e outro que seria referente à língua-alvo. O cinema tem a má fama de ser uma área que utiliza traduções não muito boas, pois os profissionais que trabalham na área, de certa forma, são obrigados a fazer trabalhos em curtos períodos de tempo, trabalhos estes que posteriormente podem sofrer alteração na sincronização e na adequação com as imagens, causando, na maioria das vezes, traduções de má qualidade. Famoso é o caso daquele filme de televisão em que a polícia invade a residência de um dos implicados na trama criminosa, e um dos policiais abre com fúria a porta que estava fechada; então o chefe da patrulha pergunta se havia alguém lá dentro, e o policial responde: “Pessoa!” (Era um filme francês, e o policial teria respondido, no original, “personne” – que se pode traduzir como “pessoa” literalmente, mas no caso a tradução correta seria “ninguém”...). (CAMPOS, 1987, p. 26) E isso não é um caso isolado, pois muitos filmes brasileiros possuem traduções semelhantes, principalmente quando se trata de legendas; apesar de que as dublagens são consideradas mais infiéis, por sua produção passar por diversas etapas, e acabar sendo alterada diversas vezes. No entanto, as dublagens normalmente são adaptadas com mais atenção por ser um item que será observado por qualquer pessoa que esteja assistindo, diretamente ou não, ao filme. Já as legendas envolvem um processo mais simples, e normalmente são feitas por profissionais inexperientes, que cometem erros bem mais frequentes. Um aspecto fundamental na tradução audiovisual, na dublagem principalmente, é a importância de ser feita uma tradução fluente, partindo do suposto de que quem vai assistir não conhece a língua de origem e precisa captar bem cada cena exposta no filme, pois o objetivo aqui é domesticar o texto, de forma
  • 31. 31 que o espectador se sinta à vontade e não desvie sua atenção da sequência das falas do personagem. Na tradução fluente, a ênfase é posta na familiaridade, a ponto de tornar a linguagem praticamente invisível. Isso garante que o texto estrangeiro não somente atingirá o maior público doméstico possível, mas que o texto sofrerá um vasto processo de domesticação, uma inscrição com valores culturais e políticos predominantes na situação doméstica – incluindo aqueles valores com base nos quais a cultura estrangeira é representada. (Venuti, 2002, p. 240) Os processos de dublagem e legendagem apresentam características que se diferenciam um do outro, apesar de ambas serem versões do original, como em qualquer tradução. A tabela abaixo mostra alguns trechos da versão brasileira realizada para o filme “The pursuit o happyness”; assim podemos perceber mais detalhadamente como foram feitas as escolhas do tradutor, ou do técnico em tradução, ao fazer a versão do filme para exibição no Brasil: Tabela 1 - Adaptação do texto estrangeiro Texto Original Tempo Excuse-me, when is... Ah... somebody is gona clear this all? And “y”... The “y”, we talked about this, is an “i”. 00:04:30 Texto Dublado Tempo Quando... Quando é que alguém vai apagar isso aqui? E esse “s”, eu tinha avisado, é com “c”, felicidade é com “c” e não com “s”. 00:04:30 Texto Legendado Tempo Desculpe. Quando alguém vai limpar isto? Foi assim que a construíram e a chamam agora. E o “y”. Me refiro a isto. É com “i”. “Felicidade” é com “I” e não com “Y”. 00:04:28 Observa-se que, apesar de não se distanciarem do sentido original, há uma diferenciação das falas nas três formas do texto. Na versão em inglês o personagem utiliza a expressão “Excuse-me”, que pode ser traduzido literalmente como “Desculpe” ou “Com licença”, mas preferiu-se utilizar a palavra “Quando” na realização da dublagem, o que não alterou o sentido da sentença completa, mas que possui significado diferente. Já na legenda, preferiu-se utilizar a tradução literal. Ao
  • 32. 32 observar o restante da sentença, percebe-se que o dublador adapta a letra citada pelo personagem, pois no texto original ele se refere a “y” na palavra “happyness” escrita na parede. Ao dizer que está escrito errado, na versão dublada, ele utiliza a letra “c”, se referindo à palavra portuguesa “felicidade”; já na legenda, optou-se por manter o “y” que também serviu, mas é difícil imaginar que alguém trocaria “i” por “y” em “felicidade” no português, da mesma forma com ouve a troca em “happiness” do inglês. As traduções para filmes costumam ser mais livres, pois o mais importante nesses casos não é o significado ao “pé da letra” das palavras, mas sim a mensagem transmitida. Por isso, em muitos casos, são feitas alterações que não seriam permitidas se fosse um documento formal; embora essa liberdade abra portas para alterações que são realmente errôneas. Pois, por parecer mais fácil, muitos acabam fazendo uso de palavras que aparentemente tornariam o texto mais comunicativo, porém produzem significado bem diferente do esperado. Afinal a língua pode “pregar peças” para quem não a conhece bem. “E não adianta buscar apoio em sua própria cultura, porque a lógica pode ser invertida. Absolutelly, em inglês, quer dizer sim, mas absolutamente, no Brasil, quer dizer não” (MAGALHÃES, 2007, P. 126). Em “À procura da felicidade” as legendas demonstram maior fidelidade à estrutura do texto, optando-se sempre por utilizar uma gramática semelhante à estrutura da Língua Inglesa; fato que não se observa na dublagem, a qual segue uma tradução mais domesticadora, como nos exemplos a seguir: Tabela 2 – Tradução com fidelidade ou não fidelidade ao texto original Texto Original Tempo This is part of my life story; this part is called: waiting the bus. 00:05:01 Texto Dublado Tempo Isso faz parte da história da minha vida. Essa parte se chama: pegar o ônibus. 00:05:01 Texto Legendado Tempo Isso é parte da história da minha vida. Esta parte se chama: subindo no ônibus. 00:04:58
  • 33. 33 A primeira frase da sentença em inglês utiliza o verbo “to be” (ser/está) no exemplo acima, verbo adotado também na legenda em português, tornando-a exatamente igual ao original; já na dublagem foi utilizado o verbo “fazer” (“to do”, em inglês), o que na verdade, não alterou o sentido da frase e está perfeitamente compreensível. Porém na segunda frase, cada texto utiliza um verbo diferente, sendo que o original utiliza o verbo “to wait” (esperar, em português); a dublagem foi feita com o verbo “pegar”; e a legenda utiliza o verbo “subir”. Ou seja, cada tradução realizada utilizou um verbo diferente, sendo perfeitamente possível o uso apenas da palavra “waiting” como “esperando” sem alterar o sentido real da sentença, mas nas duas versões preferiu-se substituir por outra. Apesar de está compreensível, pode- se considerar essa alteração totalmente desnecessária. Algumas vezes a mudança do texto pelo tradutor se faz necessária, e ele precisará encontrar uma frase equivalente no idioma de destino. Percebemos isso em casos como gírias e expressões não formais. Vejamos agora um exemplo em que o personagem utiliza uma expressão difícil de traduzir: Tabela 3 - Adaptação e substituição do texto estrangeiro Texto Original Tempo How are you doing? 01:28:38 Texto Dublado Tempo Como você está? 01:28:38 Texto Legendado Tempo E você? 01:28:37 Esta expressão traduzida literalmente ficaria algo como: “Como está você fazendo?”; e mesmo invertendo a posição do verbo com o sujeito, que seria o ideal em estruturas semelhantes, na tradução do inglês para o português, ainda ficaria “Como você está fazendo?”. Ou seja, neste trecho precisaria utilizar uma técnica especial para conseguir um equivalente, que poderia ser “Como estão as coisas?”, já que se trata de uma expressão não formal. Na dublagem, omitiu-se o último verbo e inverteu-se a posição do verbo com sujeito, preferindo-se assim a substituição por uma expressão formal, mudando o contexto do diálogo. Já na legenda omitiu-se praticamente toda a frase, iniciando a fala do personagem anterior com um conectivo, que também havia feito a mesma pergunta, e mantendo-se o sujeito.
  • 34. 34 Em relação ao tempo de cada fala, a dublagem cumpriu dignamente com o início de cada uma delas, não atrasando nem adiantando o tempo; percebe-se apenas alguma discordância no decorrer da sentença, o que é normal, considerando que o inglês é mais compacto que o português. No caso da legenda, iniciou-se um ou dois segundos antes da fala, o que também é esperado, já que, por ser um texto fixo e que deverá ser lido, necessita de um tempo a mais de exibição na tela. Uma tradução não é vista como um texto independente, interpondo diferenças linguísticas e literárias específicas da cultura-alvo, acrescentadas ao texto estrangeiro para torná-la inteligível nessa cultura e as quais o autor estrangeiro não preveniu nem a escolheu. (VENUTI, 2002, p. 101) Ao criar o texto, o autor não imagina em qual idioma este será traduzido, portanto não pensará em utilizar termos fáceis de traduzir. Por isso, quando a estrutura das línguas for parecida o ato tradutório poderá ser basicamente uma tradução literal. Mas, se por ventura forem línguas distantes estruturalmente, o texto precisará ser praticamente recriado, não modificando o sentido das sentenças, obviamente; porém, as palavras utilizadas poderão ter variações de sentido, que na língua de origem não tinha, e a ordem das palavras serem totalmente alteradas. Isso não faz com que a tradução se torne outro texto, já que ela depende do original para existir. No entanto, haverá a possibilidade de escolha por parte do tradutor; se este fará uma tradução mais próxima do original ou se, tenha que se distanciar um pouco da sua fidelidade à procura de um texto mais claro para o leitor e/ou espectador ao qual se destina.
  • 35. 35 CONCLUSÃO A tarefa de traduzir é, sem dúvida alguma, uma atividade de grande importância para a sociedade em que vivemos. Em um mundo em que as relações internacionais estão a todo vapor, sendo estabelecidas por todos os países, independentemente do idioma que fala, a tradução permite o acesso dos indivíduos a outras culturas. A partir da análise realizada neste trabalho, conclui-se que, a tradução audiovisual nos dias de hoje, tem sido feita seguindo algumas especificidades, utilizando-se da tecnologia disponível atualmente, e fugindo na maioria das vezes, dos critérios de fidelidade seguido em traduções voltadas para textos teóricos, por exemplo; embora não deixe a obrigatoriedade se ser feita de forma consciente, através de técnicas e estratégias que possibilite ao tradutor fazer um bom trabalho. Independentemente do uso, ou não, dos recursos multimídia. Considerando a análise feita no filme pudemos ter uma noção básica de como foram realizadas a dublagem e a legenda em “À procura da Felicidade”. Vale ressaltar que estas foram apenas seleções de trechos que nos permitiram ver mais detalhadamente as modificações ocorridas na tradução. No geral, as falas no filme foram muito bem traduzidas, e é claro, teremos sempre trechos mais fáceis, outros mais difíceis; assim como, filmes mais fáceis, outros mais difíceis de traduzir. Mesmo com a expectativa de como será feita no futuro, podemos reconhecer a importância da tradução no ontem, no hoje, e sabemos que continuará sendo também nos dias que se seguem. Com o avanço da tecnologia, pode-se fazê-las cada vez mais rápida e eficientemente, com tradutores automáticos auxiliando o trabalho humano, mas não o substituindo. Permite também que outras pessoas possam fazer traduções simples, sem ter necessariamente que procurar alfabeticamente cada palavra em dicionário impresso, pois a tendência maior é de tornar o processo mais simples e fácil para os usuários desses sistemas. Através do ato de traduzir, mantemos contato com línguas estrangeiras, permitindo o conhecimento de novos povos e culturas, das mais distintas; seja através de um livro, de documentos, da música e dos filmes que hoje assistimos. Filmes estes, muitas vezes, aparentemente gravados ali na cidade vizinha, mas que
  • 36. 36 passou por um longo processo até chegar às nossas casas e cinemas, como se estivessem em nosso próprio idioma. Por meio dessas produções cinematográficas, passamos muitas tardes de diversão nos cinemas, ou mesmo em casa; e marcamos encontros com pessoas, com a boa e velha pipoca ao lado, para dar um sabor especial a esses momentos. Isso só é possível porque temos ao nosso dispor esse profissional chamado tradutor, e toda uma equipe de técnicos, ajustador, diretor de dublagem, assessor linguístico e os atores para realizar a conversão dos textos estrangeiros para o nosso idioma. Assim não precisamos aprender outra língua para podermos assistir aos filmes norte-americanos, franceses, ingleses, japoneses, e seja lá qual for o país de origem dos seus criadores, com a tranquilidade de termos o áudio ou a legenda em nossa própria língua.
  • 37. 37 REFERÊNCIAS ADOROCINEMA. Gabriele Muccino. Disponível em: <http://www.adorocinema.com/personalidades/personalidade-32370/>. Acessado em: 22 de novembro de 2013. ALVES, Maria Bernadete Martins; ARRUDA, Susana M. de. Como fazer referências: bibliográficas, eletrônicas, e demais formas de documentos. Disponível em: <http://www.bu.ufsc.br/home982.PDF>. Acesso em: 22 de novembro de 2013. À PROCURA da felicidade. Direção: Gabriele Muccino. Produção: Will Smith, Todd Black, Jason Blumenthal, Steve Tish e James Lassiter. Roteiro: Steve Conrad. Columbia Pictures; Overbook Entertainment Productions, 2006. 1 DVD (117 min.), color. AUMONT, Jacques (et. al.). A estética do filme. Campinas: Papirus, 1995. BARBOSA, Heloísa Gonçalves. Procedimentos técnicos da tradução: uma nova proposta. 2ª ed. Campinas: Pontes, 2007. BÍBLIA, Sagrada. Português-inglês. Bíblia Sagrada / Hole Bible: Nova Versão Internacional. São Paulo: Editora Vida, 2003. Gênesis, cap. 11, vers. 1 e 7. BERGMANN, Juliana Cristina Faggion. Teoria e Prática da Tradução. 20ª ed. Curitiba: Ibpex, 2008. BRISO, Caio Barreto. O segundo adeus a Herbert Richers. Veja Online. São Paulo. 24 de Out. 2012. Disponível em: <http://vejario.abril.com.br/edicao-da- semana/herbert-richers-707826.shtml>. Acesso em: 18 de novembro de 2013. CAMPOS, Geir. O que é tradução. 2ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. CINTAS, Jorge Diaz. In search of theoretical framework for the study of audiovisual translation. In: ORERO, Pilar. (ed.); Tópics in Audiovisual Translation. Amsterdan: John Benjamins, 2004, p. 21-34. ________________. Entrevista com Jorge Diaz Cintas. Disponível em: <http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/issue/view/439>. Acesso em: 16 de Novembro de 2013. Entrevista concedida a Eliana P. C. Franco (UFBA); Vera Lúcia Santiago Araújo (UECE). CORPORATION, Sony. The pursuit of happiness. Disponível em: <http://www.sonypictures.com/movies/thepursuitofhappyness/>. Acessado em: 22 de novembro de 2013. DOANE, Mary Ann. A voz no cinema: A articulação de corpo e espaço. In: XAVIER, Ismail. (org.); A experiência do cinema: antologia. Rio de Janeiro: Edições Graal: Embrafilmes, 1983.
  • 38. 38 FARIA, Ana Cristina de. Manual prático para elaboração de monografias: trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses. 6ª ed. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Editora Universidade São Judas Tadeu, 2012. GENTZLER, Edwin. Teorias contemporâneas da tradução. 2ª ed. São Paulo: Madras, 2009. GODOI, Alda Tenório Coelho. et. al. Programa de capacitação de usuários em informação científica e tecnológica: guia de normatização ABNT para referências e citações. Campinas: UNICAMP, 2008. Disponível em: <http://www.bibli.fae.unicamp.br/download/apostila_abnt.pdf> acesso em: 22 de novembro de 2013. GONÇALVES, Hortência de Abreu. Normas para referências, Citações e Notas de Rodapé. Aracajú: UNIT, 2003. Disponível em: <http://www.unit.br/downloads/manuais/citacoes-e-referencias1.pdf>. Acesso em: 22 de novembro de 2013. GOROVITZ, Sabine. Os labirintos da tradução: a legendagem e a construção do imaginário. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2006. MAGALHÃES, Ewandro. Sua Magestade, o intérprete: o fascinante mundo da tradução simultânea. São Paulo: Parabola Editorial, 2007. PAGANO, Adriana; MAGALHÃES, Célia; ALVES, Fábio. Traduzir com autonomia: estratégias para o tradutor em formação. 3ª ed. São Paulo: Contexto, 2009. RICHERS, Herbert. Versão Brasileira. Disponível em: <http://dezoito.com/herbertrichers/ind_2.html>. Acesso em: 18 de novembro de 2013. SÁNCHEZ, Diana. Subtitling methods and team-translation. In: ORERO, Pilar. (ed.); Tópics in Audiovisual Translation. Amsterdan: John Benjamins, 2004, p.09-17. THE PURSUIT of happyness. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2013. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=The_Pursuit_of_Happyness&oldid=370301 45>. Acesso em: 22 de novembro de 2013. VENUTI, Laurence. Escândalos da Tradução: por uma ética da diferença. Tradução de Laureano Pelegrin, Lucinéia Marcelino Villela, Marileide Dias Esquerda e Valéria Biondo. Bauru: EDUSC, 2002.