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1
Minha decepção com a Laura.
Eu e Laura combinamos de ir ao único trailer da cidade naquela
noite. Era a nossa única distração e precisávamos fazer algo de
interessante. Isso servia mais pra Laura do que pra mim, pois ela
conseguia ficar com vários garotos numa noite enquanto o meu
recorde era apenas um a cada semana... Ou até mês.
Disse para eu me vestir de modo que arrasasse, mas essas
palavras eram bem mais fáceis de traduzir quando vindo dela.
Resumindo: eu tinha que vestir tudo que tinha de básico para que
ela se destacasse mais. Mas eu não me importava com isso, não fazia
tanto sucesso quanto ela com os garotos da cidade.
No colégio não é difícil de imaginar como deve ser não é
mesmo? Os garotos, quando entram na puberdade, têm o sonho de
poder beijá-la, enquanto eu só sirvo pra poder opinar se ele é bom o
bastante para isso.
Claro que eu sempre quis parecer um pouco com a Laura,
principalmente no jeito de ser e na aparência, mas eu posso esquecer
isso. Milagres não acontecem! Fato!
O Hot-Trailer era um ótimo lugar pra conhecer gente nova,
mesmo sendo o ultimo lugar onde qualquer pessoa sonharia em
comer um delicioso hambúrguer, mas a música ao vivo e o ar de
“aqui será meu primeiro beijo” atraia as pessoas das cidades vizinhas
e dos bairros mais ricos da cidade.
Laura e eu nos conhecemos exatamente ali, naquele trailer. Eu
estava lanchando com os meus pais e Laura com o seu irmão mais
velho (que, por sinal, eu sempre tive uma quedinha). O que me
chamou atenção nela era o quanto se parecia comigo mesmo sendo
ao mesmo tempo tão diferente. Tínhamos apenas 15 anos e claro
que cada uma já ouvira falar da outra, mas nunca tivemos a
oportunidade de nos aproximar ou de até conversar. Desde aquele
dia, eu e ela nos tornamos melhores amigas e estamos juntas até
hoje. Prometemos que nada nem ninguém iriam nos separar e que
seriamos amigas para sempre...
Mas tudo mudou quando chegamos ao Hot-Trailer àquela noite.
Sentamos-nos no lugar de sempre (numa mesinha de frente para o
balcão na varanda do trailer), e logo uma garçonete que mais parecia
à dona de um bordel nos atendeu. Pedimos um x-burguer, coca-cola
e esperamos. Laura começou a contar de um novo garoto que
mudara pra nossa cidade naquele dia. Pelo o que ela me contou o
garoto parecia ter saído de um livro de contos de fadas, mas ela
terminou dizendo que ele não fazia o tipo dela e sim o meu. Eu
fiquei surpresa com o comentário da Laura, e mais curiosa pra saber
quem seria o tal garoto. A banda local começou a tocar e eu junto
murmurava os refrãos.
– Sinceramente, não sei como você pode gostar de uma
bandinha dessas. É pior que laxante, Carmem!
– Ah, o som até que é bom e o vocalista é muito gente boa,
sempre me pergunta se a música está boa quando ele compõe uma
nova.
– Eu ainda acho que ele é afim de você, mas você diz que não.
– Isso não tem nada a ver, Laura. Agente se conhece desde o
primário!
Não podia negar que aquela tese da Laura me deixava com uma
pulga atrás da orelha. Mas não, com certeza não.
Logo a garçonete chegou com os nossos pedidos. Logo quando
eu fui dar a primeira mordida no meu suculento e gorduroso x-
burguer, Laura me cutucou...
– Olha! – murmurou ela, apontando com a cabeça para a entrada
do trailer.
Eu o vi. Era o garoto mais lindo que eu já havia olhado em toda
minha vida. Tudo nele era tão perfeito: seus movimentos, o seu
olhar para os lugares, o jeito que passava as mãos no cabelo, a
maneira que sentou numa mesinha próxima...
– É esse? É esse o garoto que você disse que é novo aqui na
cidade? – perguntei sem tirar os olhos dele.
– É sim. Não é lindo?
– Lindo não... perfeito – olhei pra Laura que também olhava pra
ele. – Você sabe como ele se chama? – perguntei.
– Não... – disse Laura desapontada. – Por que não vai até lá e
pergunta? Daí vocês já se conhecem.
– Não, que isso. Ele nem sabe que eu existo, melhor não.
No fundo eu queria muito ir até ele e perguntar seu nome... Ou
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Ele se levantou para receber outro garoto, pareciam ser amigos.
Até que percebi que o seu olhar me focou e eu congelei. Sorri (mais
para mim do que pra ele), e abaixei um pouco a cabeça. Ele
balançou a cabeça em forma de um “oi” e sorriu de volta. Começou
a conversar com o seu amigo descontraidamente. Agora nossos
olhares paralelos eram constantes e sem motivo...
Eu desconfiava que ele escutava o amigo, mas no fundo estava
pensando em mim, assim como eu escutava Laura mas minha
atenção estava nele. Numa de minhas olhadas o vi interrompendo o
que o amigo falava e começaram a cochichar mais próximos. O
amigo me deu uma olhada rápida e respondeu ainda cochichando. O
garoto me olhou também, desta vez por um longo tempo e deu um
sorriso de canto de boca.
Laura percebera que eu estava fora de órbita e transitava o olhar
de mim para ele, de ele para mim, abismada. O garoto levantou da
cadeira e veio andando até mim, cada passo que ele dava meu
coração batia dez vezes. Até que ele chegou à nossa mesa.
– Olá. Desculpa o incômodo, mas...
Eu nem ao menos respirava de tanta emoção.
– Sim... – murmurei para mim mesma, já imaginando ele ficando
de joelhos e me pedindo em casamento.
– ...é que não tem mais ketchup na nossa mesa. – ele sorriu
timidamente. Minha moral caiu totalmente e meu sorriso apagou.
Ele começou a rir. Era o riso mais lindo que eu já ouvira em minha
curta vida, então meu sorriso voltou inconscientemente –
Brincadeira. Eu e meu amigo queríamos saber se vocês não
gostariam de se sentar com a gente.
– Claro. – Laura respondeu por mim. Eu e ela trocamos olhares
animados quando ele saiu para juntar mais duas cadeiras à mesa
deles. Mas havia algo de errado no sorriso de Laura. Não estava
exatamente alegre ou animado... Para mim estava mais para forçado.
Eu e Laura nos sentamos e logo ele disse: – Eu me chamo Dimy
e esse é meu amigo Léo.
Eu nem dei tanta importância para o tal Léo, não tirava os olhos
do Príncipe Dimy e só ele tinha todas as minhas atenções naquela
noite e se quiser de todo o resto da minha vida. Percebi depois de
algumas frações de segundos que eu não havia me apresentando e
nem a Laura, achei muito entranho Laura não ter aberto a boca
depois que nos sentamos ali, pois a Laura que eu conheço já havia
contando toda a história da sua, minha e de quase todos da cidade.
Olhei para ela e vi que estava de cabeça baixa girando o canudo
no seu copo de coca-cola. Parecia pensar, parecia um pouco, bem
no fundo, decepcionada. Mas no fim sorriu e olhou pra mim e eu
pude dizer:
– E-eu me chamo Carmem e essa é a minha amiga Laura –
terminei aquela apresentação olhando para o príncipe Dimy e ele
olhava pra mim, somente pra mim...
– Carmem... lindo nome...
– É...
Soltou Laura. Sua cabeça balançava conforme girava o canudo
no copo de coca-cola. Sorria, mas sorria pra mim...
Laura estava um pouco fora do normal, agia de uma forma que
eu nunca havia visto agir...
Resolvi pegar meu x-burquer e dei uma mordida. MERDA! Um
volume exagerado de mostrada caiu na gola da minha blusa, sujando
meu queixo. Poucos milésimos de segundos depois vi o meu futuro
marido, quer dizer, Dimy com um guardanapo limpando meu
queixo. Eu sorrir timidamente e mastiguei aquele pedaço de x-
burguer muito lentamente, para não estragar aquele momento que
pra mim passava em câmera lenta.
Ele terminou e sorriu ainda mais pra mim, sorriu de uma forma
que me pareceu que ele queria terminar de limpar meu queixo,
passar o dedo nele e me puxar e me dar um beijo. Eu não me
importaria se ele fizesse isso, não mesmo!
Logo depois, eu já estava acabando meu lanche e percebi a
presença de um estranho, mas o estranho era o tal Léo que não
tirava os olhos de Laura, achei que fosse por isso que ela estava
entediada de estar ali e fazia o ritual com o canudinho e o copo de
coca-cola...
– Bom... – comecei. Mas Laura terminou:
– É. Já está na hora de irmos! – disse ela se preparando para
levantar.
Olhei para ela um tanto que desapontada. Como estava estranha
e amarga. Certamente não é a Laura que eu conheço, não é!
Não tive outra chance em concordar com ela e me levantei.
Dimy levantou-se também dizendo:
– Posso ter o prazer de ter o número do seu celular no meu?
Ah, você pode ter o numero, o chip, o celular e até a dona...
disse em pensamento...
– Claro... – ditei meu número pra ele e quando eu ouvi o som de
“salvo” do celular dele ele disse:
– Sorria!
E nem tive tempo de me arrumar e uma luz branca invadiu meus
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– Breguiceee... – ouvir Laura murmurar baixinho atrás de mim.
Olhei para ela e ela sorriu, estava de braços cruzados.
– E você Laura, não vai dar o seu número pro Léo? – perguntei
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Olhei para o pobre garoto que estava desapontado, mas mudou
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Vi eles saírem com o carro, e vi o Dimy, somente o Dimy.
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Laura.
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– Dimy! – corrigia-a
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reservado e transar com você!
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estava quase chorando, mas engolir o choro e me mostrei forte.
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  • 1.
  • 2. 1 Minha decepção com a Laura. Eu e Laura combinamos de ir ao único trailer da cidade naquela noite. Era a nossa única distração e precisávamos fazer algo de interessante. Isso servia mais pra Laura do que pra mim, pois ela conseguia ficar com vários garotos numa noite enquanto o meu recorde era apenas um a cada semana... Ou até mês. Disse para eu me vestir de modo que arrasasse, mas essas palavras eram bem mais fáceis de traduzir quando vindo dela. Resumindo: eu tinha que vestir tudo que tinha de básico para que ela se destacasse mais. Mas eu não me importava com isso, não fazia tanto sucesso quanto ela com os garotos da cidade. No colégio não é difícil de imaginar como deve ser não é mesmo? Os garotos, quando entram na puberdade, têm o sonho de poder beijá-la, enquanto eu só sirvo pra poder opinar se ele é bom o bastante para isso. Claro que eu sempre quis parecer um pouco com a Laura, principalmente no jeito de ser e na aparência, mas eu posso esquecer isso. Milagres não acontecem! Fato! O Hot-Trailer era um ótimo lugar pra conhecer gente nova, mesmo sendo o ultimo lugar onde qualquer pessoa sonharia em comer um delicioso hambúrguer, mas a música ao vivo e o ar de “aqui será meu primeiro beijo” atraia as pessoas das cidades vizinhas e dos bairros mais ricos da cidade. Laura e eu nos conhecemos exatamente ali, naquele trailer. Eu estava lanchando com os meus pais e Laura com o seu irmão mais velho (que, por sinal, eu sempre tive uma quedinha). O que me chamou atenção nela era o quanto se parecia comigo mesmo sendo ao mesmo tempo tão diferente. Tínhamos apenas 15 anos e claro que cada uma já ouvira falar da outra, mas nunca tivemos a oportunidade de nos aproximar ou de até conversar. Desde aquele dia, eu e ela nos tornamos melhores amigas e estamos juntas até hoje. Prometemos que nada nem ninguém iriam nos separar e que seriamos amigas para sempre... Mas tudo mudou quando chegamos ao Hot-Trailer àquela noite. Sentamos-nos no lugar de sempre (numa mesinha de frente para o balcão na varanda do trailer), e logo uma garçonete que mais parecia
  • 3. à dona de um bordel nos atendeu. Pedimos um x-burguer, coca-cola e esperamos. Laura começou a contar de um novo garoto que mudara pra nossa cidade naquele dia. Pelo o que ela me contou o garoto parecia ter saído de um livro de contos de fadas, mas ela terminou dizendo que ele não fazia o tipo dela e sim o meu. Eu fiquei surpresa com o comentário da Laura, e mais curiosa pra saber quem seria o tal garoto. A banda local começou a tocar e eu junto murmurava os refrãos. – Sinceramente, não sei como você pode gostar de uma bandinha dessas. É pior que laxante, Carmem! – Ah, o som até que é bom e o vocalista é muito gente boa, sempre me pergunta se a música está boa quando ele compõe uma nova. – Eu ainda acho que ele é afim de você, mas você diz que não. – Isso não tem nada a ver, Laura. Agente se conhece desde o primário! Não podia negar que aquela tese da Laura me deixava com uma pulga atrás da orelha. Mas não, com certeza não. Logo a garçonete chegou com os nossos pedidos. Logo quando eu fui dar a primeira mordida no meu suculento e gorduroso x- burguer, Laura me cutucou... – Olha! – murmurou ela, apontando com a cabeça para a entrada do trailer. Eu o vi. Era o garoto mais lindo que eu já havia olhado em toda minha vida. Tudo nele era tão perfeito: seus movimentos, o seu olhar para os lugares, o jeito que passava as mãos no cabelo, a maneira que sentou numa mesinha próxima... – É esse? É esse o garoto que você disse que é novo aqui na cidade? – perguntei sem tirar os olhos dele. – É sim. Não é lindo? – Lindo não... perfeito – olhei pra Laura que também olhava pra ele. – Você sabe como ele se chama? – perguntei. – Não... – disse Laura desapontada. – Por que não vai até lá e pergunta? Daí vocês já se conhecem. – Não, que isso. Ele nem sabe que eu existo, melhor não. No fundo eu queria muito ir até ele e perguntar seu nome... Ou até pagar um refrigerante. Mas não, achei melhor ficar ali e comer o meu x-burguer, que por sinal já estava frio.
  • 4. Ele se levantou para receber outro garoto, pareciam ser amigos. Até que percebi que o seu olhar me focou e eu congelei. Sorri (mais para mim do que pra ele), e abaixei um pouco a cabeça. Ele balançou a cabeça em forma de um “oi” e sorriu de volta. Começou a conversar com o seu amigo descontraidamente. Agora nossos olhares paralelos eram constantes e sem motivo... Eu desconfiava que ele escutava o amigo, mas no fundo estava pensando em mim, assim como eu escutava Laura mas minha atenção estava nele. Numa de minhas olhadas o vi interrompendo o que o amigo falava e começaram a cochichar mais próximos. O amigo me deu uma olhada rápida e respondeu ainda cochichando. O garoto me olhou também, desta vez por um longo tempo e deu um sorriso de canto de boca. Laura percebera que eu estava fora de órbita e transitava o olhar de mim para ele, de ele para mim, abismada. O garoto levantou da cadeira e veio andando até mim, cada passo que ele dava meu coração batia dez vezes. Até que ele chegou à nossa mesa. – Olá. Desculpa o incômodo, mas... Eu nem ao menos respirava de tanta emoção. – Sim... – murmurei para mim mesma, já imaginando ele ficando de joelhos e me pedindo em casamento. – ...é que não tem mais ketchup na nossa mesa. – ele sorriu timidamente. Minha moral caiu totalmente e meu sorriso apagou. Ele começou a rir. Era o riso mais lindo que eu já ouvira em minha curta vida, então meu sorriso voltou inconscientemente – Brincadeira. Eu e meu amigo queríamos saber se vocês não gostariam de se sentar com a gente. – Claro. – Laura respondeu por mim. Eu e ela trocamos olhares animados quando ele saiu para juntar mais duas cadeiras à mesa deles. Mas havia algo de errado no sorriso de Laura. Não estava exatamente alegre ou animado... Para mim estava mais para forçado. Eu e Laura nos sentamos e logo ele disse: – Eu me chamo Dimy e esse é meu amigo Léo. Eu nem dei tanta importância para o tal Léo, não tirava os olhos do Príncipe Dimy e só ele tinha todas as minhas atenções naquela noite e se quiser de todo o resto da minha vida. Percebi depois de algumas frações de segundos que eu não havia me apresentando e nem a Laura, achei muito entranho Laura não ter aberto a boca
  • 5. depois que nos sentamos ali, pois a Laura que eu conheço já havia contando toda a história da sua, minha e de quase todos da cidade. Olhei para ela e vi que estava de cabeça baixa girando o canudo no seu copo de coca-cola. Parecia pensar, parecia um pouco, bem no fundo, decepcionada. Mas no fim sorriu e olhou pra mim e eu pude dizer: – E-eu me chamo Carmem e essa é a minha amiga Laura – terminei aquela apresentação olhando para o príncipe Dimy e ele olhava pra mim, somente pra mim... – Carmem... lindo nome... – É... Soltou Laura. Sua cabeça balançava conforme girava o canudo no copo de coca-cola. Sorria, mas sorria pra mim... Laura estava um pouco fora do normal, agia de uma forma que eu nunca havia visto agir... Resolvi pegar meu x-burquer e dei uma mordida. MERDA! Um volume exagerado de mostrada caiu na gola da minha blusa, sujando meu queixo. Poucos milésimos de segundos depois vi o meu futuro marido, quer dizer, Dimy com um guardanapo limpando meu queixo. Eu sorrir timidamente e mastiguei aquele pedaço de x- burguer muito lentamente, para não estragar aquele momento que pra mim passava em câmera lenta. Ele terminou e sorriu ainda mais pra mim, sorriu de uma forma que me pareceu que ele queria terminar de limpar meu queixo, passar o dedo nele e me puxar e me dar um beijo. Eu não me importaria se ele fizesse isso, não mesmo! Logo depois, eu já estava acabando meu lanche e percebi a presença de um estranho, mas o estranho era o tal Léo que não tirava os olhos de Laura, achei que fosse por isso que ela estava entediada de estar ali e fazia o ritual com o canudinho e o copo de coca-cola... – Bom... – comecei. Mas Laura terminou: – É. Já está na hora de irmos! – disse ela se preparando para levantar. Olhei para ela um tanto que desapontada. Como estava estranha e amarga. Certamente não é a Laura que eu conheço, não é! Não tive outra chance em concordar com ela e me levantei. Dimy levantou-se também dizendo:
  • 6. – Posso ter o prazer de ter o número do seu celular no meu? Ah, você pode ter o numero, o chip, o celular e até a dona... disse em pensamento... – Claro... – ditei meu número pra ele e quando eu ouvi o som de “salvo” do celular dele ele disse: – Sorria! E nem tive tempo de me arrumar e uma luz branca invadiu meus olhos e percebi que uma fatia de mim tinha ido parar no celular dele. Sorrir. Achei a atitude tão linda e me fez querer ele pra mim ainda mais. – Breguiceee... – ouvir Laura murmurar baixinho atrás de mim. Olhei para ela e ela sorriu, estava de braços cruzados. – E você Laura, não vai dar o seu número pro Léo? – perguntei discretamente. – Nem o da minha casa! – respondeu ela alto. Olhei para o pobre garoto que estava desapontado, mas mudou essa para uma cara de “to nem aí, acho outras muitos melhores!” Despimos-nos (eu, Dimy e Léo). Dimy me deu um beijo no rosto que eu queria que o tempo parasse para ele ficar com os lábios em meu rosto por muito, muito tempo. Vi eles saírem com o carro, e vi o Dimy, somente o Dimy. – Agora da pra gente ir? Acho que to menstruada... – disse Laura. – Por que você agiu dessa forma? – quis saber. Eu estava chateada com ela, muito chateada. – Dessa forma como, Carminha? – Não me chame de Carminha, sabe que eu não gosto! Poxa, Laura, se não fosse você essa noite seria a mais perfeita da minha vida. Você estava tão alegre com os garotos e de um minuto pro outro você mudou. – Ah, vai me dizer que você não percebeu? Esse tal de Diny... – Dimy! – corrigia-a – É, esse mesmo. Ele só queria levar você pra um lugar mais reservado e transar com você! – Não é verdade! Ele foi um pleno cavaleiro comigo! – agora eu estava quase chorando, mas engolir o choro e me mostrei forte. – Ah, Carmem, eu conheço esse tipo de garoto. Você vai ver, ele vai te levar pra sair, vai chamar pra ir embora mais cedo, a gasolina
  • 7. do carro vai acabar, vai estar muito calor dentro do carro, porque Deus quis que o ar condicionado quebrasse naquele dia. Ele vai tirar a camisa e vai pedir para que você tire a sua! Quer apostar? – Pelo que vejo você está bem exper. nesses assuntos... – disse sem pensar. Disse com raiva. – Você quem sabe. Só queria te prevenir, mas enfim... vamos embora, minha calcinha ta daquele jeito e eu acabei de jorrar litros de sangue e estou com muita cólica. – Hunrum... – foi a única palavrinha sem sal que eu conseguir dizer. Liguei pro meu pai e em menos de trinta minutos ele veio nos buscar...