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Quinta-feira, 07 de Novem bro de 2013 | ISSN 1519-7670 - Ano 17 - nº 771
DIRETÓRIO ACADÊMICO
PLATÃO & KANT
O cão é um verdadeiro filósofo, o jornalista
deveria sê-lo
Por Iracema Torquato em 08/11/2011 na edição 667
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O presente estudo tem como objetivo refletir como Platão coloca as questões sobre o conceito de Justiça,
a formação de um Estado ideal e o conceito sobre arte – em A República, Diálogos III (1996) – e como se
distancia de Kant sobre o papel do artista como gênio. Como procedimento metodológico, partiremos, em
primeiro lugar, da leitura das obras: Diálogos III, A República; Kant, Os Pensadores (1999); Espírito e
Imaginação, Benedito Nunes; Analítica do Belo, (In: Crítica do Juízo, parágrafos, 1-22); Platão, As
artimanhas do fingimento, Ferraz (1999) [cf: Diálogos III, A República; Trad. Leonel Vallandro, 23 ed. Rio de
Janeiro: Ediouro, 1996; KANT, Os Pensadores, São Paulo, Nova Cultural, 1999, p. 31 - 139; Analítica do Belo,
(In: Crítica do Juízo, parágrafos 1 – 22). Trad. de Rubens Rodrigues Torres Filho; Filosofia da Arte; Espírito e
Imaginação, (In: Introdução à Filosofia da Arte, Benedito Nunes, capítulo 6, p. 46 -53. FERRAZ, Maria Cristina
F. Platão, As Artimanhas do Fingimento. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1999]. Num segundo momento,
faremos o recorte dos diálogos que se referem ao nosso propósito: a justiça realizada pelo banimento dos
poetas da República, o não aceite do gênio Homero e dos poetas, essa visão política vai nos distanciar das
teorias de Kant sobre a arte e o gênio. Depois da leitura e delimitação do corpus, passaremos a análise
dos textos e a aplicação da teoria kantiana sobre o estudo da Filosofia da Arte.
O CRESCIMENTO DA VIOLÊNCIA
05-11-2013
O problema relevante dos Diálogos III é a Justiça, não a Arte, mas seria justo ao entendimento dos
leitores do nosso século o que nos diz Platão sobre a última? Os que Kant responderia se pudessem
dialogar? Sabemos que esse simulacro é inverossímil e não é a nossa intenção promover essa hiperrealidade, mas somente analisar o que nos ensinam esses dois filósofos e as suas concepções sobre o
Conhecimento da Justiça e das Artes.
A inteligência e o saber
Partindo do tema Justiça, Platão nos insere na estrutura de um Estado que, segundo ele, seria o ideal de
uma república grega. Nos diálogos, busca soluções para os problemas políticos de uma república, sempre
ironizando os interlocutores. Por meio de seguidas arguições, Platão constrói uma narrativa em que os
argumentos apresentados pelos interlocutores vão sendo postos à prova para serem habilmente
destruídos. Assim, Platão se instaura como juiz imparcial, embora essa pretensa imparcialidade seja
apenas superficialmente estabelecida, não resistindo a uma análise discursiva em profundidade na qual
percebemos as manipulações por intimidação utilizadas. Platão percebe as inseguranças dos oponentes e
se aproveita delas. Embora, como veremos a seguir, pareça querer ajudar os interlocutores a descobrirem
a verdade, esta é sempre alcançada com a sanção negativa do discurso do oponente, que fatalmente
acaba convencido da sabedoria socrática.
À que Platão aspira? Ao conceito de Justiça e à formação de um Estado ideal. Os chefes da república ideal
precisam de uma educação especial que atenda aos fins políticos platônicos: o bem-estar de todos
depende que o Estado seja soberano e que tudo se faça, na república, em nome da comunidade, em que
o querer e o saber individuais não têm lugar. Na Callipolis (Cidade Bela) as formas de eugenia serão
incentivadas, assim evitando-se casamentos entre as pessoas desiguais e a família não deverá se
incumbir da educação das crianças. Aos jovens será concedida uma educação, segundo suas
potencialidades, mas é necessário que cada um adira apenas as suas habilidades de modo que a
mobilização social, de uma classe a outra, seja reprimida. Em outras palavras, cada um deverá estar
atento a uma “técnica de fabricação” (ou thechnai). Por exemplo, um guardião será preparado só para
uma techne e necessariamente será feliz com essa condição, porque é dela que dependerá a segurança
da pólis e nada poderá perturbar a ordem e a Justiça que serão, então, consequências naturais dos
fenômenos políticos adotados adequadamente.
Platão, desse modo, propõe um modelo aristocrático de poder. A República não comportaria uma
aristocracia baseada na riqueza, mas o poder é confiado aos melhores em relação à inteligência e o saber
de cada cidadão, ou seja, uma forma de sofocracia.
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MUSEU DA IMPRENSA
05-11-2013
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>>O brasileiro desconfiado
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>>A fraternidade da violência
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05/11/2013
PROGRAMA 2185
>>A polícia sem controle
>>Racismo e violência
04/11/2013
PROGRAMA 2184
>>Lustrando os cassetetes
>>A tribo dos nem-nem
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Separação difícil, mas necessária
Em relação às artes, de um modo geral, o que a primeira vista está em jogo é a mimesis, como uma cópia
imperfeita do mundo inteligível, cópia esta de terceira categoria, que vai ser colocada em xeque pela
ridicularização de Íon, (rapsodo que tentava defender a arte da declamação e da poesia). Segundo Ferraz
[cf. O poeta, como o sofista: um fingidor, op.cit, 1999, p.33]. Como se sabe o rapsodo recitava poemas sem
acompanhamento de lira, distinguindo-se do poeta épico que costumava declamar seus próprios versos.
Os rapsodos espalharem-se por todo mundo grego e já no século VI a.C., segundo Diógenes Laércio, a
cidade de Atenas conhecia as atuações desses declamadores, que iam de cidade em cidade, recitando e
explicando os poetas, principalmente Homero.
Para Platão, a educação dos guerreiros deveria estar subordinada à technai Ginástica, considerada como
uma arte como o era, por exemplo, a Construção Naval. A Música serviria para o fortalecimento do caráter,
porém nem todos os ritmos e harmonias seriam aceitos, conforme veremos adiante. Como os poetas, os
músicos também teriam que ser censurados; previamente receberiam todos os louvores dos habitantes
da república, mas, em seguida, seriam convidados a deixarem a pólis, caso não se adaptassem aos ideais
políticos platônicos.
Em a Justificação perante os poetas [in: Lire X, op. cit. p. 227], Platão expõe-nos, finalmente, a sua
fascinação pelos poetas, inclusive Homero. Embora comente que entre a Filosofia e a Poesia sempre
houve discórdia e rivalidades, inclina-se a perdoar e permitir aos poetas exilados que regressem à pólis,
dando-lhes uma segunda oportunidade, bem como aos amigos da poesia, desde que os primeiros façam a
sua defesa em versos líricos ou em outro metro qualquer; e os segundos, em prosa. Se estivessem
dispostos a tornarem suas poesias politicamente úteis à cidade seriam aceitos, porque a arte seria,
então, deleitável e útil. Porém, se persistissem em serem apenas agradáveis, seriam afastados. Declara
ainda que fosse difícil essa separação, mas necessária, tanto quanto o é a separação de dois amantes,
quando o amor se torna prejudicial, “ainda que não sem luta”.
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Um péssimo exemplo
Como seriam as Artes concebidas, nesta república? Este é o tema principal que nos interessa no presente
trabalho e que passaremos a analisar; a seguir, por meio de excertos selecionados. Ao mesmo tempo,
tentaremos dialeticamente expor as concepções de Kant sobre a arte do gênio que, como veremos, não
tem lugar na república de Platão. Todos os demais temas de A República giram em torno do eixo principal,
que é a Justiça, desse modo, Arte e Justiça serão analisadas sempre com o intuito de fazer prevalecer
politicamente o interesse comunitário sobre o que é justo politicamente, segundo Platão. Em sua
república, a Arte será concebida como um instrumento político a serviço do bem- estar de todos os que
vivem na pólis. Nesse sentido, vejamos um diálogo entre Cliofonte, Trasímaco e Sócrates que está no Livro
I [ler: op.cit. p. 17 a 19].
Logo no início dos diálogos, temos referência sobre a arte da Música, aliada ao pensamento: “A justiça
não pode produzir injustiça” (no diálogo entre Trasímaco e Sócrates). E os homens, ao serem
prejudicados, não se tornarão piores no que toca à virtude humana?/ Sem dúvida./-E essa virtude
humana não é a justiça?/-Necessário é, pois, meu caro, que os homens a quem prejudicamos se tornem
injustos./-Indubitavelmente./ [...] Nem tampouco o justo com a justiça, pode tornar alguém injusto (...). E
o justo é o bom? Logo, não é obra própria do justo o causar dano a um amigo ou a qualquer outro, e sim,
do seu contrário, o injusto.
Platão considera a música como uma virtude e o artista um amigo virtuoso, ambos – música e músicosendo a primeira apropriada e o segundo, justo, fariam do guardiães bons cidadãos. Hoje o mesmo
deveria ser objetivo de qualquer jornalista: guardiães de bons cidadãos, maestros na arte da palavra.
Para Platão, um Juízo sobre um determinado objeto pode ser inteiramente desinteressado e “muito
interessante”. Será interessante, quando atender aos objetivos políticos da república, mas será também
desinteressado o artista que apenas procura mimeticamente sua techne, que não chegará a ser uma
technai na pólis platônica. Desse modo, na república platônica, o juízo-de-gosto Kantiano não fundaria, em
si mesmo, uma technai e, nesse sentido não seria interessante ter gosto na república, por isso os poetas
que falassem das fraquezas humanas e das dos deuses não seriam admitidos na pólis, sobretudo porque
seriam de péssimo exemplo para as crianças.
O eixo condutor
Segundo Kant, embora os juízos-de-gosto não fundam interesses político-sociais e nem artísticos (em si
mesmos), tornam-se aos homens interessantes por ser um modo de apreensão sensível que lhes causa
satisfação. Para um jornalismo atuante juízos de gosto são para poucos, já que há manuais e editores
conservadores e apegados ao sensacionalismo do momento: como por exemplo, a importância dos
doentes que são celebridades. Estes causam-nos piedades. São motivos para orações pelos seus
seguidores. E os que não são célebres, viram suítes? Raramente. Cobra-se das autoridades, que dizem,
não raro, as providências que serão tomadas. Ficamos, nós, cidadãos depois sem saber se as ditas
providências foram realmente tomadas. Falta sensibilidade ou algo como comprometimento? Sabemos
quantos quilos tais e quais celebridades perderam, mas ficamos sem saber quantos hospitais foram
equipados. Idem para as escolas públicas de educação básica.
Para melhor compreensão, tomaremos as explicações dadas no texto de Nunes [in: Introdução à Filosofia
da Arte, capítulo 6, p. 47]: “São duas as fontes do conhecimento: a sensibilidade e o entendimento”. Por
meio da primeira intuímos os objetos através das nossas percepções, que são representadas no espaço e
no tempo (formas a priori de conhecimentos), que - segundo Kant, prescindem da experiência do sujeito.
Assim, “a função do entendimento é sintetizar em conceitos as intuições da sensibilidade. Mas assim como
há formas de sentir, há também formas de pensar, pois que o entendimento é a própria faculdade de
produzir conceitos” [ idem]. Portanto, não conhecemos as coisas-em-si mesmas (numenalmente), isto é,
independentemente das formas pelas quais as representamos, ou seja, na sua essência. Conhecemos as
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coisas como fenomenais, isto é, enquanto objeto das nossas representações, condicionadas pela
Sensibilidade e pelo Entendimento. Em relação ao Juízo estético, cabe aqui salientar que o entendimento
e a imaginação forneceriam as ideias e não o conceito de belo/justo, porque este, segundo Kant “é aquilo
que, sem conceitos, é representado como objeto de uma satisfação universal” [in: Analítica do Belo, p.215].
De modo geral, Kant questiona, na Crítica da Razão Pura, se é possível existir uma razão que seja pura
em si mesma, ou seja, independente de qualquer empirismo. Vem daí a razão de seu método ser
conhecido como criticismo. Assim a razão será “julgada” para se saber que tipo de conhecimento não tem
fundamento. Pretende com isso superar a dicotomia entre racionalismo e empirismo. Ensina-nos, em A
Analítica do Belo o que podemos conhecer pela sensibilidade, pelo entendimento e pela imaginação.
Ressalta que o conhecimento é constituído de matéria e forma. A primeira são as próprias coisas, são os
materiais mesmo do nosso conhecimento empírico, enquanto que as formas, que organizam as nossas
sensibilidades, são a priori, ou seja, anteriores a qualquer experiência sensível (mas condição da nossa
própria experiência). Para conhecer qualquer coisa, temos de organizá-la a partir de uma estrutura
apriorística que é a forma do espírito e organizá-la com as formas de conhecimento adquiridos, a priori
também, do tempo e do espaço. Assim, para Kant, o tempo e o espaço não existem como realidade
externa, são formas que o sujeito põe nas coisas. Percebemos pelos sentidos, mas é como se algo
escapasse pelos sentidos, isto é, as categorias de substância, de causalidade, de existência (entre
outras). Essas categorias não são dadas somente pela experiência, mas postas e relacionadas pelo
próprio sujeito.
Não há um conhecimento puro e nem uma crítica que seja pura. Qualquer novidade artística, e nesta
incluímos o jornalismo, portanto, não é um dado exterior ao qual o intelecto deve se conformar, mas, ao
contrário, o mundo dos fenômenos só existe na aparência, na forma pelo qual o apreendemos e o
representamos a nós, portanto, participamos da construção dos conhecimentos. Kant. Pela análise da
moralidade (na Crítica da Razão Prática) tenta o filósofo recuperar a metafísica, que foi destruída por ele,
enquanto agnóstico (a razão não é capaz de afirmar ou negar o conhecimento de Deus), o eixo condutor
da perspectiva moral é a Liberdade; para Platão é a Justiça. Para o jornalista, ambas.
Erro e falsidade
A moral para Kant fundamenta-se no princípio racional do Dever, esteio da ordem dos fins (que seria a
Justiça platônica): na qualidade de elemento ético, o dever prescinde do determinismo da Natureza
(instintos irascíveis, segundo Platão). Nessa ordem, Kant estabelece não o real, mas o ideal que é sempre
uma visada aos fins morais (e, esse aspecto, o aproxima de Platão, embora a moral kantiana pressuponha
liberdade para a ação) sendo esta considerada como instituidora de uma esfera superior do
entendimento, ou da liberdade, que assim concebida participaria, aí sim, da coisa-em-si e, portanto, do
espírito (das essências). Como vimos, a moral platônica é sempre uma visada política que consiste na
fabricação de técnicas (jornalismo é arte/ técnica), a nosso ver, a serviço da comunidade, sendo a Arte
apenas uma delas.
Na Crítica da Razão Pura, segundo Nunes [cf. op. cit. p.48], a realidade é concebida por Kant como natureza
(causalidade natural); na Razão Prática, como Espírito (o domínio da Liberdade). Ora, nos diria Nunes,
traduzindo Kant [partimos do pressuposto que o entendimento de Nunes corresponda ao nosso aqui
exposto, apoiados pelo método dedutivo: se. então...]: Os fenômenos e suas relações se situam no
espaço e no tempo, são tudo que podemos conhecer. Determinados uns pelos outros, eles obedecem à lei
universal de causa e efeito, que é um dos moldes mentais que o Entendimento lhes impõe, e sem o qual
não seria concebível aquilo que chamamos Natureza.
Logo, tudo que podemos conhecer segundo Kant, nos limites da experiência organizada é, tão somente, o
reino da causalidade e tendo o conhecimento como apropriado e adequado à experiência. Isto vem a ser
o reducionismo de Husserl e objeto da consciência transcendental existencialista. Segundo Chauí [ler:
Convite à Filosofia, Capítulo 3, p. 104. As comparações propostas entre Kant e Husserl por Chauí não é
objeto do presente trabalho, ficando apenas uma tentativa de elucidar tais conceitos]: “Kant usa duas
palavras gregas para referir-se à realidade: a palavra noumenon, que significa a realidade em si, racional
em si, inteligível em si”. Esta realidade para Platão, só seria possível no mundo inteligível das idéias;
nesse mundo [em que vivemos], só podemos ter cópias imperfeitas dos objetos, inclusive das artes em
geral; e a palavra phainomenon (fenômenon) que significa a realidade tal como se mostra ou se manifesta
para nossa razão ou para nossa consciência.
Para o existencialismo de Husserl é a própria consciência que se manifesta. Desse modo, conhecer os
fenômenos, conhecer a estrutura e o funcionamento da consciência é a mesma coisa. São a própria
consciência que constitui os fenômenos, dando sentido as coisas. Para Husserl, conhecer é conhecer os
sentidos ou a significação das coisas O sentido é que se constitui como a essência das coisas. Segundo
Kant, a “verdade” será o encadeamento, ou o relacionamento rigoroso das ideias e dos conceitos. Para
ambos, é no realismo que se encontram o erro e a falsidade, isto é, na suposição de que os conceitos ou
as significações se refiram a uma realidade em si, independente do sujeito do conhecimento. A esse erro
de concepção Husserl denominou de tese natural do mundo ou como atitude natural e Kant denominaram
como dogmatismo.
Música é transitória, como o jornal de cada dia
A música, então, seria bela? Sendo expressão do belo é uma virtude. Vejamos como Platão e Kant
relacionam o conhecimento da Arte e da Música. Sendo virtude, a música participaria da educação dos
guardiões da república platônica. Partiremos, agora, da própria concepção kantiana a esse respeito. Para
Kant, “é belo o que é reconhecido sem conceito, como objeto de uma satisfação universal” [esta é uma
das definições da Crítica do Juízo Estético. Cf. Nunes, Opp. cit. p. 48]. Como vimos, sendo a satisfação do
belo universal isso ocorre porque se produziria necessariamente por meio de condições pessoais
(empíricas) – variáveis de indivíduo para indivíduo – de modo a permitir o livre julgamento do
contemplador, sendo por isso uma satisfação estética, isto é, uma conquista da consciência que possibilita
a universalização do juízo de gosto [cf.: ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia, São Paulo: Mestre Jou,
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1970. P.976. “Para Kant o gosto é uma espécie de senso comum é assim o senso comum no seu
significado mais exato porque se pode definir como a faculdade de julgar aquilo que se torna
universalmente comunicável, sem a mediação de um conceito (Crítica do Juízo, parágrafo 40). Portanto a
universalidade do juízo de gosto não é aquela do juízo intelectual porque não se baseia no objeto, mas
na possibilidade da comunicação com os outros. Em outros termos, o juízo de gosto somente é universal
porque se funda na comunicabilidade do sentimento (Crítica do Juízo, parágrafo 39). Kant distinguira ainda
o gosto como a faculdade de julgar do gênio, como uma faculdade produtiva (Ibidem, parágrafo 48). Como
já nos referimos a Husserl, para ele o Juízo é visto como noesis, que é o julgar e noema que é o julgado,
isto é, juízo formulado que torna possível a consideração lógico-formal do próprio juízo. Ambos os
aspectos são fornecidos na experiência vivida do Julgar. (Cf. ABBAGNANO, N. op. cit. p. 976)].
Em Kant, um mero som (a diferença de um barulho, o som das palavras), como de um v é belo em si,
enquanto mera sensação agradável, somente na medida em que seja um som puro, o que já é uma
representação que diz respeito à forma. Os sons e as cores não podem se misturar. As cores mistas, bem
como sons, são tidas como belos quando de nenhum modo são pensados como perfeição de um objeto,
como finalidade pretensamente formal, mas conforme a unanimidade, do jogo dos poderes da mente, em
que tudo nela só pode ser sentido (sem dogma imposto), segundo sua proporção ao sujeito e o seu
sentimento interno, e, aliás, na medida em que esse juízo é possível, segundo uma regra universal [para
maior compreensão, ler o parágrafo 15, Analítica do Belo, p. 229]. Em outras palavras, o apelo à forma
impede a pureza do juízo de gosto, bem como a instituição de uma finalidade para o objeto, porque “não
pode haver nenhuma regra de gosto objetiva que determine por meio de conceitos o que é belo” [idem].
Entretanto, a arte jornalística, a nosso ver, não sendo natureza, mas cultura, deve se parecer com a
natureza, porque livre de todas as regras e coações, deve se parecer a um produto natural. Muito
diferente é a concepção platônica.
Para Kant, toda arte deve ao gênio a sua origem, como veremos mais adiante. A poesia ocuparia o
primeiro lugar, o lugar mais alto entre as belas-artes, porque fortalece a mente, ao fazê-la sentir-se livre,
independente de limitações naturais; jogando com a aparência, com as ideias, sem, entretanto, enganar
com isso. Já a eloquência, a quem Kant também denomina por arte, seria menor que a arte poética porque
sua finalidade é persuadir, ludibriar pela bela aparência. Depois dessas duas, Kant colocaria a arte do
som, ou Música; como, entre todas as artes, a menor, pois ela fala por puras sensações e, diferentemente
da poesia, (pois esta sempre deixa algo para a meditação), enquanto que a música é transitória, como é o
jornal de cada dia.
Verdadeiro amor
A música, portanto tem menos valor, pois não suporta repetições reiteradas sem causar fastio. A forma
(melodia, harmonia) serve somente para exprimir, como forma de linguagem, sons que repousam sobre a
proporção do número das vibrações do ar, ao mesmo tempo, ou também sucessivamente. Pode ser, por
isso, matematicamente concebida sobre certas regras, para Kant, somente essa forma matemática
poderia prender a satisfação, embora não representada por conceitos determinados. No atrativo e no
movimento que a música sugere essa matemática não tem a mínima participação, segundo Kant, mas
proporciona fruição agradável por si mesma à mente.
As artes para Platão, em A República, serão sempre utilitárias, como podemos ver no excerto que
apresentamos a seguir. Nos Diálogos III, dialogando com Gláucon, Sócrates condena as melodias Jônias e
Lídia (chamadas frouxas) que deveriam ser banidas da república por não serem apropriadas nem para as
mulheres, “quanto mais para os homens”, por serem melodias plangentes ou lamuriosas, não teriam
utilidade para um público de guerreiros. Sobre a melodia ou harmonia, diz-nos Sócrates [cf. Livro III. A
República, p.64]: Quero uma (referindo-se à melodia) que seja capaz de imitar devidamente a voz e os
acentos de um herói na hora do perigo da austera resolução, ou quando sofre um revés, um ferimento, a
morte ou qualquer infortúnio semelhante, e em tais crises enfrenta os golpes da sorte a pé firmes e com
ânimo indomável. E outra que possa usar em tempo de paz, quando em plena liberdade de agir e sem
sentir a pressão da necessidade, procura convencer a outrem de alguma coisa, com preces, se é um deus
ou com advertências e admoestações se se trata de um homem; ou, quando, pelo contrário, exibe sua
disposição de ceder às súplicas, lições e persuasões de outro, e tendo logrado, pela sua conduta
prudente, aquilo que tinha em mira, não se envaidece, mas em todos os momentos age com sensatez e
moderação e se mostra satisfeito com a sua sorte. Essas duas harmonias são as que deves deixar: a voz
da necessidade e a da liberdade, os acentos dos homens infortunados e os do homem feliz, o canto da
coragem e o da temperança.
A emoção do herói expressa por uma melodia, perante a morte, ou qualquer outro infortúnio, crises; ou a
felicidade representada num canto de coragem, para Kant, não se fundaria num juízo de gosto, pois este
deve ser puro, isto é, independente de atrativo ou emoção. Desse modo, tais juízos, quando contenta ou
dói, não podem ter nenhuma pretensão à satisfação universalmente válida. O gosto será sempre bárbaro
quando precisa da mistura de atrativos e emoções para qualquer finalidade ou satisfação, e chega mesmo
a fazer destas o critério de sua aprovação.
Para Platão, as únicas melodias aceitas em sua república seriam respectivamente a Dórica e a Frígia,
porque para executá-las não seria necessária uma escala panorâmica com multiplicidade de sons.
Somente a lira e a cítara seriam instrumentos úteis na cidade e; no campo, seria permitida a flauta
pastoril.
Pretende expurgar a cidade de todo o luxo, purificando-a. A harmonia está na simplicidade das formas,
assim uma bela alma se harmonizará com uma bela forma e somente os mais belos elementos formais,
tanto de espírito como na alma, merecerão ser amados. O verdadeiro e belo amor é moderado e
harmonioso, isento de sensualidade e grosseria, porém é necessário separar dele o prazer entre os
amantes, porque este levaria à loucura ou à incontinência.
Para Kant, há uma crítica do belo e não uma ciência deste, mas somente belas-artes. Se o belo fosse
objeto de uma ciência, o juízo de beleza não seria um juízo- de- gosto. Se alguém perguntasse por uma
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Ciência do Belo e pelos seus fundamentos e demonstrações, seria despedido com sentenças de bom
gosto. Ao contrário de Platão, que abole o prazer do belo, Kant teria outro diálogo com Gláucon. O diálogo
que ora propomos tem unicamente uma função didática e não serve à ficção, enquanto entendida como
entretenimento, mas, ao contrário, trata-se de um esforço a uma possível intertextualidade. Vejamos [in:
Analítica do Belo, parágrafo 9: Investigação da questão: se no juízo-de-gosto, o sentimento de prazer precede o
julgamento do belo, ou este precede aquele, p. 219- 221]: “O prazer é necessário à arte, ou é um
conhecimento que se executa efetivamente?” – perguntaria Glauco: - Se a arte, [entre estas o jornalismo]
adequada ao conhecimento de um objeto possível, executa, meramente para torná-lo efetivo, as ações
requeridas para isso, ela é mecânica; se, porém, tem o sentimento de prazer como propósito imediato,
chama-se arte estética. Essa é agradável, ou bela-arte [idem].
Jornalismo e pintura editada
Segundo Ferraz [cf. Platão, as artimanhas do fingimento, p. 74-75], a Pintura, no Livro X, serve como modelo
para a condenação da Poesia por ser enganadora, Kosmetike (maquilagem), apta a produzir ilusões e
seduzir pelas suas cores. Serão desqualificadas, na república, todas as técnicas de fabricação, technai,
ligadas às maquilagens, como: pintura, tintura, ornamentos. A Arte Pintura é tratada como arte cosmética
em que o artifício exerceria sua sedução em total autonomia em relação à natureza e ao real, porque
apenas não só modificaria a natureza, mas também enganaria os sentidos, mostrando, através das cores,
uma realidade multicolorida, dissimulada em camadas de tinta. Seria, portanto, como um ornamento
privado (segundo Platão), de qualquer essência (como uma roupa que não se consegue tirar, porque não
há nada além dela). As próprias cores já são um produto de misturas, portanto não em si, isto é, sem
nenhuma essência. É por isso, que pela arte de enganar e seduzir, os pintores, poetas, sofistas,
oradores, músicos [jornalistas] não passam de meros charlatães, salvo (alguns) se aderirem aos ideais
políticos da república e aceitarem adequar suas atividades em nome do bem-estar-social da pólis. Desse
modo, platonicamente, estas artes “não-são” e “nem faz-ser”.
Sobre a Pintura, assim se expressa Kant: “A arte pictórica, como a segunda espécie de artes figurativas (a
primeira se refere à plástica: escultura e arquitetura) que expõe a aparência sensível artisticamente
vinculada com as Idéias, eu dividiria na da bela descrição da natureza, e na da bela composição de seus
produtos” [daarte do Gênio, p.258 In: A Analítica do Belo, p.258]. Kant divide a pintura em: pintura
propriamente dita e jardinagem ornamental (decoração do solo). Em sentido geral, também coloca, como
pintura, a ornamentação dos ambientes com tapeçarias e adereços. Acrescenta que todo o mobiliário e a
arte da indumentária. O luxo das damas, com suas roupas, brincos constituem, para Kant, uma “festa
suntuosa”, uma pintura. A mímica, porque dá à expressão corporal um jogo de fantasia, também seria
uma pintura. Mas a verdadeira bela-arte kantiana é mesmo a arte do Gênio que veremos a seguir.
Para Kant somente um gênio, que já nasce com um dom para sê-lo, poderia dar regras às artes, nesse
caso elas seriam (ao gênio) naturais, isto é, intuídas e inerentes ao gênio e não decorreriam de um
fundamento-de-determinação. Assim se expressa Kant: “Ora, mesmo assim, sem regra prévia, um produto
nunca pode chamar-se arte, é preciso que a natureza, no sujeito (e pela disposição das faculdades do
mesmo), dê à arte a regra, isto é, a bela-arte só é possível como produto de um gênio”.
O gênio não imita, ele mesmo não prescreve regras e nem explica cientificamente como instituiu o seu
produto, porque é a própria natureza que deu-lhe as regras. Newton não é considerado um gênio para
Kant, pois soube ensinar e passar seus conhecimentos científicos, descrevê-los, expor princípios e todos
os que aprenderem seus fundamentos também não podem se denominar gênios, porque o gênio é como
Homero (citado, como exemplo por Kant), não pode indicar como suas originais ideias, repletas de
pensamentos, surgiram em sua mente. Assim, o gênio tem dom natural de dar regras sem seguir
nenhuma consequentemente quem precisa de regras e os as seguem não são gênios. Nesse sentido,
podemos deduzir que mesmo se um gênio pudesse sintetizar as regras que o levaram à genialidade,
outro gênio delas prescindiria, porque já teriam intuídas suas próprias e naturais regras. Assim como o
gênio nasce gênio, curiosa é a analogia que Platão faz do filósofo com um cão. Diz-nos ele, na república,
que o cão é um verdadeiro filósofo. Por quê?, pergunta Garçom/Porque distingue a figura do inimigo da do
amigo pelo simples critério de conhecê-la ou não conhecê-la, responde Platão./E não sentirá desejo de
aprender quem define o familiar e o estranho pelo seu conhecimento ou ignorância de um e de outro? [in
O cão como filósofo DiálogosIII, A República, Livro II p. 45]/Sem dúvida, responde Glauco./E não podemos
admitir confiadamente que o homem, cuja disposição é ser afável para com os amigos e conhecidos, deve
ser filósofo e amigo do saber por natureza [idem]?/Obviamente, conclui Gláucon.
A natureza do necessário
Desse modo, como o gênio kantiano, o filósofo, também é um amigo do saber por natureza Ao que
Gláucon, obviamente concordou, e por ser esse um diálogo virtual, o interlocutor acaba, ao final, se saindo
muito bem.
Vimos o quanto o filosofo ou o gênio o é por natureza, porém nos diz Platão, a própria natureza pode ser
corrompida e é o que vamos explicitar agora. As causas que nos expõe Platão são por todos conhecidas,
porque perduram até os dias atuais. São elas: uma educação de baixa qualidade; as virtudes como a
coragem, a beleza, a força corporal que podem se afastar da Filosofia pelos mercenários. Aqui Platão os
compara aos sofistas (que tudo fazem mediante pagamento). O povo que é comparado a uma grande
besta e, sobretudo, o educador, o jornalista quando agem como sofistas, persuadindo o povo, formando
opinião enganosa, arrastando o mal e, dessa maneira, se comportam como o vulgar povo na acepção
platônica. A própria Ciência, decorrente da má organização política que se prega nos tribunais, nas
assembleias, aos berros, condicionando os discursos, não raro, a outros interesses que não os do poder
de legislar em nome do povo e/ou de promover à ética e a justiça.
Cita-nos Platão, que há uma força maior da qual os sofistas se utilizam para melhor persuadir o povo: a
coação material. Por ela lançam mão os sofistas quando não conseguem persuadir pelas palavras,
ameaçando, punindo com privações de direito, confiscações etc. quem não obedece a eles. Veremos, ao
longo desse artigo, o quanto Platão é realista e atual.
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Motivos pelos quais as naturezas filosófica, jornalística e artística se corrompem com tanta facilidade.
Em primeiro lugar as próprias virtudes – a coragem, a temperança e o resto, pois cada uma dessas
qualidades, tão dignas de louvor, perverte a alma que a possui e a afasta da Filosofia, se usadas visando
interesses escusos. Diante do grande espanto de Gláucon, Platão vai expor que as almas mais dotadas se
tornam as piores quando submetidas a uma má educação. Os grandes crimes e a maldade refinada não
brotam de espíritos inferiores, mas da plenitude de uma natureza corrompida. Para Platão as almas fracas
nunca serão capazes de grandes males e nem de grandes bens. Como exemplo cita os sofistas que são
como as mais daninhas de todas as ervas, a menos que preservem algum poder divino. E, a seguir ataca
o povo [idem]: Pois aqui tens outro ponto em que deverás assentir, diz Platão/ Qual? Pergunta
Glauco./que todos esses indivíduos mercenários a quem a multidão chama sofistas e considera como seus
adversários outra coisa não ensinam senão o que o vulgo expressa em suas reuniões, e é a isso que
chamam de ciência. Poderia compará-los a um homem que estudasse os instintos e humores de algum
grande animal confinado à sua guarda, sabendo por que lado deve aproximar-se dele e onde tocá-lo, em
que ocasiões e por que motivo se torna (grande animal) mais perigoso ou mais manso.
Platão não poupa a ciência sofística, dizendo ainda que o que agrada à grã-besta (o povo) é bom para os
sofistas. Estes, por não poderem dar outras explicações acerca dos termos que discorrem, chamam de
justo e belo ao necessário, mas jamais compreenderam, nem puderam explicar aos outros a natureza do
necessário e do belo e a enorme diferença que os separa.
Conclusão
Ao lermos os Diálogos III de Platão e os conceitos de Kant em A analítica do belo, assistimos, no primeiro, à
desqualificação da mimesis como uma atividade enganadora da essência, constituindo o não-ser, ligada à
aparência, como cópia da natureza, ou cópia de cópias. Em Kant (prescinde dos ideais políticos impostos
por Platão que visava como vimos à formação do guardiães), pudemos ver a consagração da Poesia, como
uma arte maior; o gosto e a satisfação do belo em si mesmo e a liberdade da fruição, que gostaríamos de
ler nos jornais.
Notamos que apesar de Platão condenar as técnicas discursivas dos sofistas, também delas se utiliza
para, tomando a fala de Sócrates, ridicularizar seus oponentes, mostrando-lhes o quanto são fracos seus
argumentos; incorrendo, portanto, no mesmo erro que imputa aos sofistas, ou seja, a arte de manipular o
discurso e persuadir os seus adversários acerca da ignorância deles, que também são técnicas atuais de
muitas revistas que “Isto é ou Isto Naomi” (obviamente são nomes meramente fictícios). Desse modo, faz
sempre prevalecer unicamente uma verdade: a sua própria. Entretanto, em muitos excertos analisados,
constatamos a atualidade do seu discurso político em relação à corrupção a que hoje também assistimos,
não raro, nos nossos tribunais, assembleias, nas redações de muitos jornais. Todavia, não estamos a
generalizar. Sempre há honrosas exceções.
Sobre o gênio kantiano, fica a nossa esperança: que a filosofia possa contribuir, pelo menos, para que os
nossos jornalistas possam aprender, senão uma arte maior (porque não sendo gênios, a isso não teriam
acesso) o belo que só mesmo as artes, entre elas destacamos a arte de escrever jornalisticamente,
podem nos proporcionar. Ao final, só nos resta esperar que a nossa leitura, não sendo por ora mais
abrangente, possa vir a ser, um dia, mais desveladora na medida em que o nosso entendimento se
expanda com a aquisição de novos conhecimentos (que outras leituras e cursos poderão acrescentar), e a
nossa sensibilidade se apure em contato com as belas-artes e com as artes belas, em todos as
instituições comprometidas com ideais de cidadania.
Referências bibliográficas
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia, São Paulo: Martins Fontes, 1998.
BENSE, M. Pequena Estética.São Paulo: Perspectiva, 1975.
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CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 8ª ed. São Paulo: Ática, 1997.
NUNES, B. Introdução à Filosofia da Arte. São Paulo: Ática, 1991.
DARTIGUES, André. O que é a Fenomenologia. 3ª ed. São Paulo: Moraes, 1992.
FERRAZ, Maria Cristina F. Platão, As Artimanhas do Fingimento. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1999.
GADAMER, Hans-Georg. La actualidad de lo Bello.Barcelona: Paidós, 1991.
GILES, Thomas R. História do Existencialismo e da Fenomenologia. São Paulo : EPU, 1989.
KANT, Imamnuel. Crítica da faculdade do juízo. Rio/São Paulo: Forense, 1993.
KANT, Immanuel. Kant. Coleção Os Pensadores. Tr. Valério Rohden e Udo Baldur Moosburger. São Paulo:
Nova Cultural, 1999.
PLATÃO. Diálogos III, A República. Tr. Leonel Vallandro, 23ª ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996.
***
[Iracema Torquato é professora DRT em Políticas Públicas e Administração da Educação Brasileira na área
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Sobre artigo de Michael Getler
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Relatório denuncia "ameaças à
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