2. Casos Fortuitos
Auto-Seguro - Técnicas Modernas
de Avaliação de Riscos - parteIV
bem, da responsabilidade sobre o Antônio Fernando
mesmo, ou seja, ser o seu próprio se-
Na varro
gurador. Agindo dessa forma, ele as-
sume integralmente a responsabilida-
de e as conseqüências por todos os
·
. Engenheiro Civil
Chefe de Divisão de Engenharia da Nacio-
danos que afetem seus bens. Essaab-
sorção, ou assunção, pode ser plena
·
nal de Seguros
Professor da Funenseg
ou parcial. Plena quando só há o en- ciência do Auto-Seguro. Porém,
volvimento do proprietário, ou seu res- percebe-se que, para que esse exista,
ponsável, e parcial quando existem não se deve aplicar técnicas isolada- .
outros co-responsáveis. mente, mas sim integrá-Ias. As mais
O proprietário de um veículo que comuns são:
não faz o Seguro do mesmo, está as- . Assuncão do Risco (Auto-
sumindo a responsabilidade por todos Seguro); .
os danos que a ele possam atingir, tais . Prevencão do Risco (Melhoria
como a colisão, incêndio e roubo. Em das condiçõés); t
sociedades de economia estável, na · Repasse do Risco (Seguro);
qual os bens tenham seus preços . Afastamento do Risco.
constantes, pode-se até pensar em Cada uma dessas técnicas é utiliza-
Auto-Seguro. Entretanto, essa é uma da e estudada quando se exercita uma
das afirmativas que não podemos fa- Gerência de Riscos. Todas têm suas
zer em nosso País. Um veículo que em múltiplas características.Entretanto,
1979 custava Cr$ 70.000, custa hoje, vamos nos ater, com párticularidade,
em 1986, Cr$ 45.000.000. Isso signifi- ao Auto-Seguro. O estudo requer a
ca que em sete anos o mesmo veícu- aplicação de vários critérios e tabelas,
lo, ao qual não foi feita nenhuma mo- não unificadas. As que vamos utilizar
dificação substancial, teve uma eleva- neste artigo são resultantes de expe-
m nossos artigos anteriores ção de preço de mais de 60.000%. riências acumuladas após mais de 600
E procuramos, dentro dos casos Com uma elevação dessa natureza, fi- análises de Riscos.
fortuitos, analisar algumas coberturas ca evidente que um automóvel ao lon- Como poderíamos saber o que fa-
acessórias aplicadas ao Seguro de In- go de sua vida útil é bastante valoriza- zer em cada situacão? Quais os crité-
cêndio, sob o prisma da Gerência de do. Com isso, tudo fica mais caro. rios utilizados? Na'Tabela I, fazemos a
Riscos. Neste presente artigo, comen- As técnicas modernas, relaciona- inter-relação entre freqüência e poten-
tamos, de forma sucinta, as vantagens das com a Gerência de Riscos, têm de- cial de Risco, resultando em uma sé-
monstrado com algum sucesso a efi- rie de decisões.
e desvantagens do Auto-Seguro, sob
o prisma de análise da seguradora.
Desde os primórdios dos tempos, TABELA
I .
o homem tem convivido com situa-
ções nas quais vê-se obrigado a arcar
com prejuízos por danos aos seus Remota Pequena Média Grande
bens. Por vezes, esses eram tão inten- Potencial
sos que causavam sua própria ruína.
...
de Risco
Por outras, eles ocorriam com tal fre-
qüência, que infligiam pesadas perdas
ao longo dos anos, inviabilizando seus Auto-Seguro Prevenção Prevenção
Desprezfvel Auto-5eguro Seguro
negócios. Prevenção Seguro
Com o passar dos tempos, a expe-
riência acumulada demonstrou quais Prevenção Prevenção
Auto-5eguro Auto-5eguro
eram as perdas mais comuns e os da- Pouco
nos que essas causavam ao seu ramo Prevenção Prevenção Seguro Seguro
de negócios. Sem querer, a idéia do
Auto-Seguro foi implantada e até ho- Prevenção Prevenção Prevenção
Médio Seguro
je persiste, em maior ou menor grau. Seguro Seguro
Mas, então, o que significa Auto-
Seguro
-
Seguro, quais suas vantagens e des- Prevenção Afastamento
vantagens? Prevenção Prevenção
Acentuado Afastamento
O Auto-Seguro nada mais é do que Seguro Seguro
a absorção, pelo proprietário de um
28 FUNENSIG
.
3. Casos Fortuitos
Auto-Seguro - Técnicas Modernas
de Avaliação de Riscos - parteIV
bem, da responsabilidade sobre o Antônio Fernando
mesmo, ou seja, ser o seu próprio se-
Na varro
gurador. Agindo dessa forma, ele as-
sume integralmente a responsabilida-
de e as conseqüências por todos os
·
. Engenheiro Civil
Chefe de Divisão de Engenharia da Nacio-
danos que afetem seus bens. Essaab-
sorção, ou assunção, pode ser plena
.
nal de Seguros
Professor da Funenseg
ou parcial. Plena quando só há o en- ciência do Auto-Seguro. Porém,
volvimento do proprietário, ou seu res- percebe-se que, para que esse exista,
ponsável, e parcial quando existem não se deve aplicar técnicas isolada- .
outros co-responsáveis. mente, mas sim integrá-Ias. As mais
O proprietário de um veículo que comuns são:
não faz o Seguro do mesmo, está as- . Assuncão do Risco (Auto-
sumindo a responsabilidade por todos Seguro); ,
os danos que a ele possam atingir, tais . Prevencão do Risco (Melhoria
como a colisão, incêndio e roubo. Em das condiçõés); t
sociedades de economia estável, na . Repasse do Risco (Seguro);
qual os bens tenham seus preços · Afastamento do Risco.
constantes, pode-se até pensar em Cada uma dessas técnicas é utiliza-
Auto-Seguro. Entretanto, essa é uma da e estudada quando se exercita uma
das afirmativas que não podemos fa- Gerência de Riscos. Todas têm suas
zer em nosso País. Um veículo que em múltiplas características. Entretanto,
1979 custava Cr$ 70.000, custa hoje, vamos nos ater, com particularidade,
em 1986, Cr$ 45.000.000. Isso signifi- ao Auto-Seguro. O estudo requer a
ca que em sete anos o mesmo veícu- aplicação de vários critérios e tabelas,
lo, ao qual não foi feita nenhuma mo- não unificadas. As que vamos utilizar
dificação substancial, teve uma eleva- neste artigo são resultantes de expe-
m nossos artigos anteriores ção de preço de mais de 60.000%. riências acumuladas após mais de 600
E procuramos, dentro dos casos Com uma elevação dessa natureza, fi- análises de Riscos.
fortuitos, analisar algumas coberturas ca evidente que um automóvel ao lon- Como poderíamos saber o que fa-
go de sua vida útil é bastante valoriza- zer em cada situacão? Quais os crité-
acessórias aplicadas ao Seguro de In-
cêndio, sob o prisma da Gerência de do. Com isso, tudo fica mais caro. rios utilizados? Na'Tabela I, fazemos a
Riscos. Neste presente artigo, comen- As técnicas modernas, relaciona- inter-relação entre freqüência e poten-
tamos, de forma sucinta, as vantagens das com a Gerência de Riscos, têm de- cial de Risco, resultando em uma sé-
monstrado com algum sucesso a efi- rie de decisões.
e desvantagens do Auto-Seguro, sob
o prisma de análise da seguradora.
Desde os primórdios dos tempos, TABELA
I .
o homem tem convivido com situa-
ções nas quais vê-se obrigado a arcar
com prejuízos por danos aos seus Remota Pequena Média Grande
bens. Por vezes, esses eram tão inten- Potencial
sos que causavam sua própria ruína. de Risco
Por outras, eles ocorriam com tal fre-
qüência, que infligiam pesadas perdas
ao longo dos anos, inviabilizando seus Auto-Seguro Prevenção Prevenção
Desprez(vel Auto-Seguro Seguro
negócios. Prevenção Seguro
Com o passar dos tempos, a expe-
riência acumulada demonstrou quais Auto-Seguro Prevenção Prevenção
Pouco Auto-Seguro
eram as perdas mais comuns e os da-
Prevenção Prevenção Seguro Seguro
nos que essas causavam ao seu ramo
de negócios. Sem querer, a idéia do
Auto-Seguro foi implantada e até ho- Prevenção Prevenção Prevenção
Médio Seguro
je persiste, em maior ou menor grau. Seguro
Mas, então, o que significa Auto-
Seguro Seguro
-
Seguro, quais suas vantagens e des- Prevenção Afastamento
vantagens? Prevenção Prevenção
Acentuado Afastamento
O Auto-Seguro nada mais é do que Seguro Seguro
a absorção, pelo proprietário de um
28 rUNENSEG
.
4. Para a utilizacão da tabela, é con- tiva de danos, através do Da~c . 'a - c c.c;
-
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-
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·
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veniente a definição de alguns termos: 110 Provável. Esse tipo de a"'á se
Auto-Seguro (Assunção ou Ab- além de ser extremameNe sub e:. a ~C'=D ';-=.;. .. - ~--:~:~: .:...:.-! -ê -a
~
sorção) - manutenção da responsa- conduz a inúmeros erros conce1t~ S =e-- - ~..z.=:.":,, -~ ..'?-..;.=.:;se:.~=i:..:.
bilidade integral com o proprietário do e práticos. ::as ~~.:. ~: -==: -
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bem. A análise por meio do Dal"o a:á l- ã ér..;...Sê x': -~~ - -.; 3.: .:..:.~-~,~:..:.'"?'~
· Prevencão (Melhoria do Risco) mo Provável pode conduzir a tabe,as oas:sa-- ~ ~.
- aplicação' de recursos necessários como a seguir:
à reducão da sinistralidade.
· Transferência (Seguro) - repas- TABELA IV
se da responsabilidade para uma segu-
radora, ficando a cargo dessa o paga- Classificação dos Riscos
mento dos prejuízos sofridos.
Afastamento (Evitamento de Ris-
Bom
-
-. :.y -
co) - adoção de contramedidas e
procedimentos após a determinação ..,-..:,.
da inviabilidde do Risco. Regular 5'c ..J """ -
· Freqüência - é a incidência de
danos ao longo de um período de tem- Sujeito a Estudo Especial =V'P 3.,""'.
po determinado. De acordo com a in-
cidência, a freqüência pode ser con- - -.
.L-'
siderada. Passível de Transferência 30'0 :::V'P
Risco a ser Transferido D....p J.C-
TABELA 11
. Vida útil ou perspecu .a de . =.2
1 Incidente a cada: útil;
Freqüência · Estado de conservação
· Estado de manutençã~
Remota 100.000 horas de operação · Regimede trabalro'
· Tipo de operação;
Pequena 60.000 horas de operação · Condições ambiel"tajs agress-
vas (ruído,vibração,tempe<atvas e,-
tremas, gases etc.);
Média 20.000 horas de operação · Tipo de instalação'
· Disposição no La,:out Gerci
Grande 12.000 horas de operação ou menos . Produtividade ...,áx ma e -ea
· Qualidade dos "'Iater a s ~
gados;
· Facilidde de 'epos cão de CQ""'-
· Potencial de Risco - definido
como a expectativa da extensão de
danos, em condições normais. O po-
Com essa simples apresentação,
vê-se que assumir um Risco, tecnica-
mente, não é tão simples como possa
·
ponentes;
Circuitos de protecão
Os principais dal"OSpodem ser ~
tencial de Risco pode ser avaliado em parecer à primeiravista. A solução não sultante de:
função do valor dos bens, sujeitos a pode ser traduzida como" Medida de
serem atingidos por um único evento, Economia", pelo fato de não se pagar · Acidentes elétricos
ou um conjunto de eventos em um Seguros. Ou então, por "Sentimen- . Acidentes "'eCâl"'cos:
tempo determinado. to", afirmar-se que não se faz Seguro
·
. Explosões;
·
Impactos'
Vibraçõesexcessivas;
TABELA 111
·
·
·
Ruído;
Fadiga de materiais;
Desgaste;
Potencial de Risco Perda Máxima Admissível (PMA) . Desarranjosmecânicos;
· Pressões extremas;
Desprez(vel 0% < PMA~ 5% . Temperaturasextremas.
Talvezestejamos pecando pelo pre-
Pouco 5% < PMA ~ 15% ciosismo com tantos itens a analisar,
podem estar pensando. O que pode-
Médio 15% < PMA ~ 30% mos afirmar é que esse e outros itens
mais são realmente importantes,
quando se quer, tecnicamente, avaliar
Acentuado PMA > 30% um risco para definir-se pelo Auto-
Seguro. Há de se comentar também a
Outro ponto bastante influente de um item, porque não há Risco questão financeira, porque, se racio-
quanto à definição do Auto-Seguro é (SIC). cinamos com a absorção dos Riscos,
a análise física, exclusivamente, do A título de exemplo, consideramos temos que considerar que em um de-
Risco, para determinação da expecta- a investigação a um equipamento, pa- terminado momento teremos que re-
CADERNOS DE SEGURO 29
5. por o bem. Para isso, precisaremos nos
capitalizar.
Como complemento a nossa aná-
lise, poderemos considerar que esse
equipamento seja um dos componen-
tes de nosso Risco, para o qual este-
jamos querendo obter o índice de con-
fiabílidade.
Para simplificar, nosso equipamen-
to apresenta quatro falhas em mil ho-
ras de operação. A confiabilidade se-
rá determinada por:
4 falhas em 1.000 horas de operação
4
Taxa de falha (~..) .. nM = 0,004
=
Tempo médio entre falhas (T) = 1.0..00= 250 horas
T = 0,25 x 105horas
Tempo de operação (1) = 1.000 horas
e =2,718
1 1
4 x 10"5 falhas/hora
À= T = 0,25X 105
Confiabilidade (R) = e"Àt = e-4 x 10-5 X 103 = 09608
,
R = 96,08%
Probabilidade de falha (a) = 1 - R = 3,92%
Isso significa que, se o equipamen-
to, durante mil horas de operação, ti-
ver quatro falhas, possuirá como com-
ponente do sistema uma probabilida-
de de falha de 3,92%.
Apenas para concluir, imaginemos
que nosso equipamento está associa-
do a outro, com idêntico percentual de
confiabílidade, trabalhando direta-
mente acoplados. A confiabilidade to-
tal do sistema será:
Rt = RI x R2
Rt = 0,9608 x 0,9608 = 92,31%
A probabilidade de falha do conjun- Por meio da determinação desses hora de um sinistro, as seguradoras
to será: coeficientes, chega-se ao traçado da apuram os verdadeiros valores em Ris-
árvore de falhas, tão importante quan- co, com o objetivo de indenizar pro-
Ot = 1 - Rt = 7,69% do se quer determinar o grau de assun- porcionalmente às responsabilidades
ção de Risco. Retomando a nossa li- assumidas, entrando em cena a abo-
nha de raciocínio anterior, assumir um minável figura do rateio (SICI.
Pelo simples fato de termos acres- Risco, ou parte dele, pelo menos sob Infelizmente, o Auto-Seguro, da
centado um segundo equipamento, o ponto de vista técnico, não é tão forma como é hoje, é um dos inúme-
com idênticas características do pri- simples assim. A simplicidade é redu- ros Casos Fortuitos, merecedor de to-
meiro, elevamos nossa probabilidade zida drasticamente na medida em que da a nossa atenção, mormente porque
de falha de3,92%, para 7,69%. A ca- os valores aumentam, ou é maior a so- o maior prejuízo é o que afeta o mer-
da novo equipamento acrescido, tem- fisticação dos equipamentos; há um cado segurador: o "Prejuízo da
se uma nova confiabilidade, e, como total comprometimento da produção Imagem".
conseqüência, nova probabilidade de etc. Essa técnica, da forma como hoje
falha. O que a principio não passava de Hoje em dia, os critérios utilizados é conduzida, é nociva para o segura-
uma simples passada de olhos por so- ainda são bastante primários, e de do e para a seguradora.
bre um equipamento, transformou-se uma maneira geral redundam na redu-
em aplicações matemáticas. ção das importâncias seguradas. Na (Continua no próximo número)
30 rUNMG