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Como nasce uma Popstar
a magia do Marketing
por Andreia Amaro
Janeiro, 2010
Como nasce uma Popstar – a magia do Marketing


                                           Como são construídos os ídolos? Quais as estratégias que os promovem? Que
                                           artifícios encobrem o motor da indústria das emoções?

                                           Muitos são os artistas que conhecemos que vendem a sua imagem por razões
                                           que não passam pela sua profissão. Quando vamos assistir a um jogo de futebol
                                           do Cristiano Ronaldo, um dos melhores jogadores do mundo, não estamos apenas
                                           a ver mais um jogo, assistimos a um “Cristiano Ronaldo” Quando vamos a um
                                                                                                 .
                                           concerto da Madonna, não estamos num concerto qualquer, é a Madonna. Quantos
                                           não são os que lá estão e nem apreciam muito o seu estilo musical?! Se no final
                                           gostamos ou não, isso pouco importa. O importante é que estivemos em contacto
                                           com algo célebre.

                                           O nome, a marca, e a imagem frequentemente se sobrepõe ao trabalho. Podemos
                                           até não saber muito sobre a sua carreira profissional, mas se um determinado ícone
                                           nos sugere um determinado status nós seguimo-lo. O processo de transmissão
                                           passa de uns para outros, digamos que existe um “efeito dominó”  .

                                           A produção de ídolos tem especificidades face às diferentes indústrias, contudo,
                                           existem muitos pontos comuns. Os ídolos representam uma rede de significados
                                           com capacidade para qualificar ou desqualificar o seu trabalho e, até mesmo, os
                                           seus fãs. Os seus seguidores colocam-nos num patamar elevado, e quase que os
                                           vêem como identidades santificadas.

                                           De que modo são os ídolos peças estratégicas e necessárias para alimentar
                                           o mercado de bens simbólicos - a indústria das emoções?

                                           Na década de 60, nos Estados Unidos da América surge o período fértil para a
                                           proliferação de ícones sob o signo da cultura pop. Presenciou-se a uma mudança de
                                           mentalidades, e o pop era praticamente um modo de vida nutrido pela juventude,
                                           boa imagem e consumismo. Nesta época a indústria cultural americana afirmou-se
                                           como potência no mercado do entretenimento, e começa a produzir massivamente
                                           símbolos pop revestidos de actores, cantores, e dançarinos carregados de sucesso
                                           e glamour.

                                           Mas, se por um lado esta indústria os faz nascer, também os retira de palco quando
                                           estes perdem a cor. O quadro de Wahrol ilustrando Maryllin Monroe, representa
                                           esta lógica na perfeição. O eterno sex-symbol tanto está cheio de vida e de cor
                                           como, rapidamente, no frame seguinte se desvanece. Assim acontece neste mun-
                                           do, a estrela que hoje brilha mais, amanhã poderá estar apagada.

O ídolo é como um refrão, quanto mais      Costuma acompanhar programas como “Ídolos” e “American Idol”? Então, certa-
vezes o repetimos mais ele permanece na    mente que já viu serem enunciados inúmeros factores que ajudam os candidatos
nossa mente, até que nos cansamos e nos    a se tornarem verdadeiras popstars. Cantar bem é o único factor que realmente
                        esquecemos dele.   conta? Não. Não é de uma forma disparata que Roberta Medina, um dos júris dos
                                           Ídolos, não se cansa de pronunciar palavras como atitude e carisma. Os jurados já
                                           não são apenas os músicos famosos, os empresários...eles são os compositores
                                           das estrelas. Eleito o ídolo, o mais carismático e que se destacou, ele passa a ser
                                           explorado pelos media até à sua total acomodação no imaginário do público. O ídolo
                                           é como um refrão, quanto mais vezes o repetimos mais ele permanece na nossa
                                           mente, até que nos cansamos e nos esquecemos dele. Assim, os símbolos da



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Como nasce uma Popstar – a magia do Marketing


                                          indústria da cultura são preparados, expostos, e elevados ao seu máximo de valor
                                          simbólico, até que se esgotam e desaparecem.

                                          A actriz Rita Pereira é um ícone desta indústria, a sua imagem é explorada por
                                          todos os meios. Ela faz novelas, dá a cara por uma série de marcas/produtos, faz
                                          disparar as audiências dos programas em que participa, aumenta as tiragens das re-
                                          vistas onde faz capa, etc. E porquê a Rita Pereira? Porque faz novelas? Não. Porque
                                          tem carisma, porque marca a diferença.

                                          As Spice Girls, por exemplo. Todos sabemos que não têm grandes capacidades vo-
                                          cais, no entanto isso não as impediu de atingirem um sucesso estrondoso. A lógica
                                          foi, escolher cinco raparigas com muita personalidade, com características únicas
                                          e diferenciadoras, com um estilo próprio e carregadas de jovialidade. Se cantam
                                          bem? Se tocam instrumentos? Isso não importa. Você tem apenas de se conseguir
                                          identificar ou preferir uma delas.

                                          O sucesso destas “estrelas” é explorado ao máximo até ao dia em que perderão o
                                          brilho.

                                          Popstars de ontem, Popstars de hoje

                                          A Beyoncé lembra-lhe a Donna Summer e a Tina Tuner? A Lady Gaga tem uma
                                          atitude parecida com Madonna?

                                          Da mesma forma que quando algo resulta consigo você repete, a produção de
                                          popstars segue o mesmo método. Resultou antes, vamos tentar que resulte agora.
                                          Como tal, faz-se uso da mesma estratégia e orienta-se para um público seme-
                                          lhante. Isto não significa que os primeiros artistas mencionados sejam cópias dos
 Se um ídolo vingou mais que outro,       segundos, estes últimos é que moldam mercados.
então, fica clara a formula a seguir...
                      a do que vingou.    A concorrência também norteia esta indústria, na medida em dita a resposta do
                                          público e as apostas das empresas. Se um ídolo vingou mais que outro, então, fica
                                          clara a fórmula a seguir...a do que vingou. Caso vingue mais que um, então têm-se
                                          a desculpa perfeita para fazer um espectáculo que reúna estas popstars. Recorda-
                                          se do sucesso que teve, e do quão polémico foi o encontro protagonizado por
                                          Britney Spears, Christina Aguillera e Madonna? É disto que falamos.

                                          Os ídolos precisam de um novo layout

                                          Novos comportamentos, novas maneiras de vestir, novas identidades, novos mode-
                                          los de identificação...é isto que o público quer. Foi nesta sequência que Madonna
                                          foi eleita por muitos um modelo de artista pop, que soube ao longo da sua carreira
                                          escolher as estratégias de marketing para vender a sua imagem e conquistar dife-
                                          rentes púbicos. Neste âmbito Keller referiu:

                                          “Madonna problematizava a identidade, revelando seu carácter construto e sua
                                          possibilidade de ser alterada. Ela foi, sucessivamente, dançarina, musica, modelo,
                                          cantora, estrela do videoclipe, actriz de cinema e teatro, a empresária mais bem-
                                          sucedida dos Estados Unidos, e superstar pop que se esmerava em fazer marke-
                                          ting da própria imagem e em vender seus produtos (...) Os cabelos de Madonna
                                          mudaram do loiro encardido para o loiro platinado, para o negro, para o castanho,

                                          3
Como nasce uma Popstar – a magia do Marketing


para o ruivo e para as suas infinitas variações. Seu corpo passou do suave sensual
ao charmoso e esbelto, à máquina sexual rija e musculosa, ao tecnocorpo futurista.
A roupa e a moda que usava mudaram do barato espalhafatoso para a alta-costura,
para a tecnocultura radical, para o lésbicosadomasoquista, para o pasticho pós-mo-
derno da moda vale-tudo. Novas imagens e nova identidade para todas as ocasiões
e todas as épocas. ”

E, assim, se constroem os ídolos e se lançam novos modelos de identificação para
as massas. Eles acendem vários tipos de emoções, agradam aos mais variados
públicos, são profissionais de entretenimento que passam a fazer parte do mundo
dos seus fãs, ocupando grande parte dos seus pensamentos.

A indústria que produz as popstars, a que torna tudo possível

O mercado e a comunicação social cada vez mais focada nos ídolos e no retorno
que os mesmos trazem para a indústria, tornam-nos numa ilusão (muito além da
realidade), de forma a serem a delícia do público e se tornarem num objecto de
adoração.

Quem nunca teve imensos posters de um mesmo personagem a forrar as paredes
do quarto? Quem nunca andou dias e dias seguidos com o CD daquele cantor no
leitor do carro, decorando as músicas de trás para a frente? Quem nunca escreveu
cartas para discográficas e apartados que supostamente pertencem a um ídolo?
Quem nunca comprou aquela roupa para se parecer um pouco mais com Britney
Spears ou George Michael?

O certo é que todas as emoções criadas à volta dos ídolos podem originar um arco-
íris à vida de quem os segue e vários euros à indústria envolvente.

 É esta indústria que torna tudo possível. Gera emoções, gera o espectáculo, torna
um anónimo numa estrela e num exemplo a seguir (modelo de identificação). É
isto mesmo que atrai as massas: a possibilidade de não ser igual aos outros, de ser
reconhecido, reverenciado.

Com isto, e de forma a satisfazer emoções, a comunicação social entra na casa do
público e mostra-lhe a todo o momento os modelos de desejo que “deram certo” O .
resultado é o seguimento incondicional de cada passo dado pelos ídolos.

Consequentemente, dá-se uma fusão perfeita entre a imagem dos ídolos e a
publicidade, estas interligam-se de tal forma que levam à crença de que certo ídolo
utiliza, sem margem para dúvida, determinado produto. O objectivo? Aumento das
vendas e da notoriedade de um produto, claro. O benefício é comum, o ídolo faz
com que a marca venda mais, e a publicidade do produto exibe o ídolo e reforça a
sua visibilidade na mente dos consumidores.

 A mecânica que faz nascer e alimenta uma estrela pop pode ser aproveitada para
fazer uma marca brilhar. E a própria estrela pode, inclusive, iluminar uma marca.
Lembre-se da letra da música do Rui Veloso “tão depressa o sol brilha como a
seguir está a chover” e que existem muitas estrelas no céu para dourar o seu
                    ,
caminho.



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Como nascem as Popstars

  • 1. Como nasce uma Popstar a magia do Marketing por Andreia Amaro Janeiro, 2010
  • 2. Como nasce uma Popstar – a magia do Marketing Como são construídos os ídolos? Quais as estratégias que os promovem? Que artifícios encobrem o motor da indústria das emoções? Muitos são os artistas que conhecemos que vendem a sua imagem por razões que não passam pela sua profissão. Quando vamos assistir a um jogo de futebol do Cristiano Ronaldo, um dos melhores jogadores do mundo, não estamos apenas a ver mais um jogo, assistimos a um “Cristiano Ronaldo” Quando vamos a um . concerto da Madonna, não estamos num concerto qualquer, é a Madonna. Quantos não são os que lá estão e nem apreciam muito o seu estilo musical?! Se no final gostamos ou não, isso pouco importa. O importante é que estivemos em contacto com algo célebre. O nome, a marca, e a imagem frequentemente se sobrepõe ao trabalho. Podemos até não saber muito sobre a sua carreira profissional, mas se um determinado ícone nos sugere um determinado status nós seguimo-lo. O processo de transmissão passa de uns para outros, digamos que existe um “efeito dominó” . A produção de ídolos tem especificidades face às diferentes indústrias, contudo, existem muitos pontos comuns. Os ídolos representam uma rede de significados com capacidade para qualificar ou desqualificar o seu trabalho e, até mesmo, os seus fãs. Os seus seguidores colocam-nos num patamar elevado, e quase que os vêem como identidades santificadas. De que modo são os ídolos peças estratégicas e necessárias para alimentar o mercado de bens simbólicos - a indústria das emoções? Na década de 60, nos Estados Unidos da América surge o período fértil para a proliferação de ícones sob o signo da cultura pop. Presenciou-se a uma mudança de mentalidades, e o pop era praticamente um modo de vida nutrido pela juventude, boa imagem e consumismo. Nesta época a indústria cultural americana afirmou-se como potência no mercado do entretenimento, e começa a produzir massivamente símbolos pop revestidos de actores, cantores, e dançarinos carregados de sucesso e glamour. Mas, se por um lado esta indústria os faz nascer, também os retira de palco quando estes perdem a cor. O quadro de Wahrol ilustrando Maryllin Monroe, representa esta lógica na perfeição. O eterno sex-symbol tanto está cheio de vida e de cor como, rapidamente, no frame seguinte se desvanece. Assim acontece neste mun- do, a estrela que hoje brilha mais, amanhã poderá estar apagada. O ídolo é como um refrão, quanto mais Costuma acompanhar programas como “Ídolos” e “American Idol”? Então, certa- vezes o repetimos mais ele permanece na mente que já viu serem enunciados inúmeros factores que ajudam os candidatos nossa mente, até que nos cansamos e nos a se tornarem verdadeiras popstars. Cantar bem é o único factor que realmente esquecemos dele. conta? Não. Não é de uma forma disparata que Roberta Medina, um dos júris dos Ídolos, não se cansa de pronunciar palavras como atitude e carisma. Os jurados já não são apenas os músicos famosos, os empresários...eles são os compositores das estrelas. Eleito o ídolo, o mais carismático e que se destacou, ele passa a ser explorado pelos media até à sua total acomodação no imaginário do público. O ídolo é como um refrão, quanto mais vezes o repetimos mais ele permanece na nossa mente, até que nos cansamos e nos esquecemos dele. Assim, os símbolos da 2
  • 3. Como nasce uma Popstar – a magia do Marketing indústria da cultura são preparados, expostos, e elevados ao seu máximo de valor simbólico, até que se esgotam e desaparecem. A actriz Rita Pereira é um ícone desta indústria, a sua imagem é explorada por todos os meios. Ela faz novelas, dá a cara por uma série de marcas/produtos, faz disparar as audiências dos programas em que participa, aumenta as tiragens das re- vistas onde faz capa, etc. E porquê a Rita Pereira? Porque faz novelas? Não. Porque tem carisma, porque marca a diferença. As Spice Girls, por exemplo. Todos sabemos que não têm grandes capacidades vo- cais, no entanto isso não as impediu de atingirem um sucesso estrondoso. A lógica foi, escolher cinco raparigas com muita personalidade, com características únicas e diferenciadoras, com um estilo próprio e carregadas de jovialidade. Se cantam bem? Se tocam instrumentos? Isso não importa. Você tem apenas de se conseguir identificar ou preferir uma delas. O sucesso destas “estrelas” é explorado ao máximo até ao dia em que perderão o brilho. Popstars de ontem, Popstars de hoje A Beyoncé lembra-lhe a Donna Summer e a Tina Tuner? A Lady Gaga tem uma atitude parecida com Madonna? Da mesma forma que quando algo resulta consigo você repete, a produção de popstars segue o mesmo método. Resultou antes, vamos tentar que resulte agora. Como tal, faz-se uso da mesma estratégia e orienta-se para um público seme- lhante. Isto não significa que os primeiros artistas mencionados sejam cópias dos Se um ídolo vingou mais que outro, segundos, estes últimos é que moldam mercados. então, fica clara a formula a seguir... a do que vingou. A concorrência também norteia esta indústria, na medida em dita a resposta do público e as apostas das empresas. Se um ídolo vingou mais que outro, então, fica clara a fórmula a seguir...a do que vingou. Caso vingue mais que um, então têm-se a desculpa perfeita para fazer um espectáculo que reúna estas popstars. Recorda- se do sucesso que teve, e do quão polémico foi o encontro protagonizado por Britney Spears, Christina Aguillera e Madonna? É disto que falamos. Os ídolos precisam de um novo layout Novos comportamentos, novas maneiras de vestir, novas identidades, novos mode- los de identificação...é isto que o público quer. Foi nesta sequência que Madonna foi eleita por muitos um modelo de artista pop, que soube ao longo da sua carreira escolher as estratégias de marketing para vender a sua imagem e conquistar dife- rentes púbicos. Neste âmbito Keller referiu: “Madonna problematizava a identidade, revelando seu carácter construto e sua possibilidade de ser alterada. Ela foi, sucessivamente, dançarina, musica, modelo, cantora, estrela do videoclipe, actriz de cinema e teatro, a empresária mais bem- sucedida dos Estados Unidos, e superstar pop que se esmerava em fazer marke- ting da própria imagem e em vender seus produtos (...) Os cabelos de Madonna mudaram do loiro encardido para o loiro platinado, para o negro, para o castanho, 3
  • 4. Como nasce uma Popstar – a magia do Marketing para o ruivo e para as suas infinitas variações. Seu corpo passou do suave sensual ao charmoso e esbelto, à máquina sexual rija e musculosa, ao tecnocorpo futurista. A roupa e a moda que usava mudaram do barato espalhafatoso para a alta-costura, para a tecnocultura radical, para o lésbicosadomasoquista, para o pasticho pós-mo- derno da moda vale-tudo. Novas imagens e nova identidade para todas as ocasiões e todas as épocas. ” E, assim, se constroem os ídolos e se lançam novos modelos de identificação para as massas. Eles acendem vários tipos de emoções, agradam aos mais variados públicos, são profissionais de entretenimento que passam a fazer parte do mundo dos seus fãs, ocupando grande parte dos seus pensamentos. A indústria que produz as popstars, a que torna tudo possível O mercado e a comunicação social cada vez mais focada nos ídolos e no retorno que os mesmos trazem para a indústria, tornam-nos numa ilusão (muito além da realidade), de forma a serem a delícia do público e se tornarem num objecto de adoração. Quem nunca teve imensos posters de um mesmo personagem a forrar as paredes do quarto? Quem nunca andou dias e dias seguidos com o CD daquele cantor no leitor do carro, decorando as músicas de trás para a frente? Quem nunca escreveu cartas para discográficas e apartados que supostamente pertencem a um ídolo? Quem nunca comprou aquela roupa para se parecer um pouco mais com Britney Spears ou George Michael? O certo é que todas as emoções criadas à volta dos ídolos podem originar um arco- íris à vida de quem os segue e vários euros à indústria envolvente. É esta indústria que torna tudo possível. Gera emoções, gera o espectáculo, torna um anónimo numa estrela e num exemplo a seguir (modelo de identificação). É isto mesmo que atrai as massas: a possibilidade de não ser igual aos outros, de ser reconhecido, reverenciado. Com isto, e de forma a satisfazer emoções, a comunicação social entra na casa do público e mostra-lhe a todo o momento os modelos de desejo que “deram certo” O . resultado é o seguimento incondicional de cada passo dado pelos ídolos. Consequentemente, dá-se uma fusão perfeita entre a imagem dos ídolos e a publicidade, estas interligam-se de tal forma que levam à crença de que certo ídolo utiliza, sem margem para dúvida, determinado produto. O objectivo? Aumento das vendas e da notoriedade de um produto, claro. O benefício é comum, o ídolo faz com que a marca venda mais, e a publicidade do produto exibe o ídolo e reforça a sua visibilidade na mente dos consumidores. A mecânica que faz nascer e alimenta uma estrela pop pode ser aproveitada para fazer uma marca brilhar. E a própria estrela pode, inclusive, iluminar uma marca. Lembre-se da letra da música do Rui Veloso “tão depressa o sol brilha como a seguir está a chover” e que existem muitas estrelas no céu para dourar o seu , caminho. 4