Este documento discute a formação do professor do futuro e seu perfil ideal. Ele argumenta que os professores devem ser eternos aprendizes focados em cuidar da aprendizagem dos alunos, não apenas em transmitir conteúdo. Isso significa envolver os alunos em pesquisa e reconstrução ativa do conhecimento, em vez de métodos instrucionistas. Além disso, defende que todos os professores devem ter formação pedagógica e que a pesquisa sistemática deve ser central na formação do professor.
1. A FORMAÇÃO DO PROFESSOR
DO FUTURO
ANÁLISE TÉORICA SOBRE
O PERFIL DO PROFESSOR DO FUTURO E SUA
FORMAÇÃO
Ms. Andréa Kochhann e GEFOPI
Grupo de Estudos em Formação de Professores e
Interdisciplinaridade
2. Esses slides embasam os debates que o GEFOPI
realiza para discutir a questão da formação do
professor do futuro e qual seu perfil de atuação,
tendo sua base na pesquisa.
Geralmente realizamos a palestra após o público
assistir ao filme “O óleo de Lorenzo”.
O GEFOPI atua com base em projetos de
pesquisa e de extensão, da Universidade Estadual
de Goiás, Câmpus São Luís de Montes Belos.
4. Para introduzir a discussão..........
* O que é ser professor?
* Como é ser um professor do futuro?
* O que é futuro para ser um professor?
* O que é reconstrução do conhecimento?
* O que fazer para ser um professor do futuro pela
reconstrução do conhecimento?
5. * A intenção deste texto é discutir a importância do
professor nesta sociedade intensa de conhecimento,
considerando-o figura estratégica. […] Mais que
outras profissões, esta precisa de reconstrução
completa, dentro da máxima: ser profissional hoje é,
em primeiro lugar, saber renovar, reconstruir, refazer a
profissão. […] É essencial saber reconstruir
conhecimento com mão própria. (p. 11)
6. * A definição de professor inclina-se para o desafio
de cuidar da aprendizagem, não de dar aula.
Professor é quem, estando mais adiantado no
processo de aprendizagem e dispondo de
conhecimentos e práticas sempre renovados sobre
aprendizagem, é capaz de cuidar da aprendizagem
na sociedade, garantindo o direito de aprender.
Professor é o eterno aprendiz [...] (p. 11)
7. E COMO CUIDAR DA APRENDIZAGEM?
* Professor não é quem dá aula. “Dar aula” tornou-se
expressão vulgar para mera reprodução de conhecimento,
reduzindo-se a procedimento transmissivo de caráter
instrucionista. (p.13).
* Por isso, é fundamental redefinir o professor como quem
cuida da aprendizagem dos alunos, tomando o termo “cuidar”
em seu sentido forte, como propõe Boff (1999). Saber cuidar
significa dedicação envolvente e contagiante, compromisso
ético e técnico, habilidade sensível e sempre renovada de
suporte do aluno, incluindo-se aí a toda de construção da
autonomia.(p. 13)
8. * Trata-se do cuidado que não abafa, afoga, tutela,
mas liberta, colocando o professor não como dono ou
capataz do processo, mas como mentor socrático ou
maiêutico. (p.13)
* “Dar aula” não implica necessariamente cuidar da
aprendizagem. Os professores, como regra, apenas
“dão aula”, repassam conteúdos curriculares e
aplicam provas, importando-se pouco ou nada com a
aprendizagem dos alunos. (p.14)
9. * É preciso ter em mente o que é “aprender”, algo
muito diferente do que ocorre nas escolas em geral.
Segundo as melhores teorias hoje disponíveis,
aprendizagem é processo reconstrutivo, tipicamente de
dentro para fora, como se sugere me argumentações de
fundo biológico. Maturana (2001) emprega o conceito
de “autopoiese”, para designar a propriedade de todo
ser vivo de autoformação e auto-organização, no
sentido de captar a realidade externa de maneira
interpretativa própria. (p.15).
10. * Perante este pano de fundo, a aprendizagem exige
condições específicas, todas de dentro para fora:
a) Pesquisa […] b) Elaboração própria […] c)
Envolvimento […] d) Avaliação […] e) Orientação
[…] f) Relação pedagógica. (p.21)
* Em nossas escolas e universidades, a lide comum
está muito distante desses desafios, já que os alunos
não pesquisam, não elaboram, não se envolvem
profundamente, não encontram professores que
sabem avaliar e orientar. (p. 21)
11. * Nada é mais útil para o aluno do que o professor
maiêutico, que, em vez de lhe roubar o tempo com
transmissões apelativas e decadentes, o motiva a
estudar e a reconstruir conhecimento com mão
própria, investindo nisso todo cuidado possível e
imaginável. (p. 21)
12. CONHECIMENTO DISRUPTIVO
* “Entende-se por conhecimento 'disruptivo' aquele
rompedor, rebelde, capaz de se confrontar,
questionar, desconstruir.” (p. 23)
* “É próprio do conhecimento mais profundo
questionar – seu primeiro ímpeto é desconstrutivo,
porque parte para duvidar do que vê ou ouve [...]”
(p. 23)
13. * “Conhecimento científico […] precisa voltar-se
para a posição socrática e autopoiética de fomentar
no aluno a habilidade de saber pensar, cujo carro-
chefe poderia ser a autoridade do argumento.”
(p.30)
* O argumento se apresenta no plano formal pela
capacidade teórica e metodológica e no plano
político na construção da autonomia crítica e
autocrítica.
14. COMBATER O INSTRUCIONISMO
* “Uma das expressões mais próximas do
instrucionismo é a aula. […] Aula pode não ter
nada a ver com a aprendizagem. […] a aula é
expediente expositivo, que facilmente decai para
reprodutivo […] (p. 34)
15. * “Existe aula apropriada [...]. i) aula que aprende,
ii) que faz aprender, iii) elaborada, estudada,
reconstruída, iv) de orientação e avaliação, v) curta,
leve e envolvente, vi)que respeite os limites da
atenção do aluno, vii) que lança dúvidas e leva à
pesquisa. Dizemos com isso que a finalidade da
aula é conduzir à pesquisa e elaboração própria,
nunca as evitar.” (p. 35)
16. * É preciso afastar alguns estigmas da sala de aula como:
aula divertida, abusar de meios eletrônicos, entupir aluno
sem digestão teórica, abusar da estética e da didática da
aula, aula rotineira e muito disciplinar.
* Muitas vezes o professor não percebe que suas aulas
não são proveitosas na questão da digestão teórica e
elaboração própria.
* É melhor ler com o aluno, pesquisar com o aluno,
elaborar com o aluno, fazer conhecimento próprio,
aprender a aprender para não aprovar o analfabeto
diplomado.
17. * “Cada aluno precisa montar projeto de pesquisa e
realizar pesquisa sistematicamente, semestre a
semestre, tomando pesquisa como ambiente de
aprendizagem. Com isso chega-se à habilidade de
'fazer conhecimento', que é o que importa para a
vida, inclusive mercado.” (p.50)
18. REFAZER A PEDAGOGIA
* “Para iniciar, pedagogia é hoje alma mater da
universidade, no sentido de ser ocurso mais importante
e estratégico, por tratar do direito de aprender da
sociedade, em particular das novas gerações.[...]. Todo
professor deveria ser 'pedagogo', não como é o pedagogo
profissional, mas no compromisso de cuidar da
aprendizagem do aluno.” (p. 51)
19. * A pedagogia não pode ser vista como curso
subalterno, feito de pedaços. Pode ter teorias
próprias e ser um curso interdisciplinar. Questiona o
conhecimento de forma crítica e autocrítica. Tem
método de trabalho.
* Para reinventar a pedagogia é preciso desenhar o
espaço desse profissional no estudo da
aprendizagem, do conhecimento, da educação, da
inovação tecnológica, das didáticas e metodologias
e, da demanda na sociedade.
20. * “Trata-se de rever o profissional por completo,
não como alguém predestinado a dar aula, mas
como alguém definido como eterno aprendiz e que,
como tal, cuida que outros aprendem.” (p. 58)
* Para isso é preciso rever alguns equívocos quanto
a avaliação educacional, repasse de conteúdos,
definição de professor, qualidade política e outras.
21. PERFIL DO PROFESSOR DO FUTURO
* O perfil do professor do futuro: pesquisador, formulador
de proposta própria, sabe fazer a prática, atualiza-se
permanentemente, visa a instrumentalização eletrônica,
torna-se interdisciplinar, o professor universitário investe
em mestrado acadêmico, o professor básico precisa saber
pensar.
* “Persiste, porém, a didática instrucionista na universi-
dade, em particular, nos cursos noturnos e nos professores
ditos 'horistas'. Entretanto, há que se levar em conta que,
também se não houver estudo e produção sistemática de
conhecimento, não há aula para dar.” (p. 87)
22. PARA FAZER CONHECIMENTO
* “A participação ativa do aluno é a razão de ser,
desde o início até o fim. Cabe ao professor orientar e
avaliar. Cabe ao aluno pesquisar e elaborar.” (p. 91).
* “Pesquisa não pode ser feita aos solavancos, ou aos
pedaços, mas sistematicamente. […] É preciso evitar
facilitações, atalhos e encurtamentos, que
obstaculizam ou evitam o esforço reconstrutivo, em
particular o esforço de argumentar.” (p. 93).
23. * “Quem cuida de verdade exige e suporta. O aluno
precisa perceber que pode contar com o professor
não para extrair alguma tutela, mas orientação e
avaliação. Orientar não é tomar o aluno no colo, e
fazer por ele o que ele deveria fazer. Nem é repelir
o aluno, para que se vire sozinho.” (p.94)
* “O professor precisa arquitetar o ambiente de tal
maneira que o aluno aprenda, aos pouco, que
reconstruir conhecimento implica, de modo geral,
duplo esforço conjugado: metodológico […] e,
teórico [...].” (p. 94)
24. * “O professor precisa saber convencer o aluno de
que deve estudar, pesquisar, elaborar. O aluno que
aprende a estudar não depende de aula. Tem nisto
enorme apoio para sua autonomia. Pobre do aluno
que só funciona com aula, porque não vai além de
copiar e reproduzir!” (p. 99).
* “Quem estuda com quem não estuda jamais
aprenderá a estudar. Muitos alunos noturnos querem
apenas o diploma. É verdade.[...]” (p.100).