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Foz Águas 5
CADERNO PEDAGÓGICO
nas escolas
versão piloto
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3
Apresentação
O Projeto Foz Águas 5 nas Escolas é fruto de dois anos de pesquisas
e diagnósticos sobre as características sociais, econômicas, culturais,
territoriais, vocacionais e comportamentais de 21 bairros da Zona
Oeste do Rio de Janeiro, local denominado na administração pública
municipal como Área de Planejamento 5 - AP5.
Desde 2012, a concessionária Foz Águas 5 presta o serviço de coleta
e tratamento de esgoto e, por um período de 30 anos, prestará o
serviço de saneamento básico a mais de 2 milhões de pessoas.
AAP5 é um território que sofreu um processo de ocupação totalmente
desordenado, marcado pela ocupação de lugares não urbanizados
e, portanto, sem acesso a serviços públicos e privados, incluindo
saneamento básico. Com isso, o que se vê é um cenário de problemas
sistêmicos e crônicos de falta de informação, atendimento e acesso
aos recursos e serviços públicos por parte da população.
A pesquisa diagnóstica de 2013, encomendada pela Foz Águas 5
junto à Fiocruz revelou que 54% da população da AP5 das pessoas
reconhecem que o conhecimento sobre o tema saneamento básico
não é suficiente, desvalorizando assim a prestação do serviço
de coleta e tratamento de esgoto. No entanto 80,2% das pessoas
entrevistadas revelaram ter tido doenças relacionadas à falta de
saneamento básico com destaque para a diarreia que ocupou 61,4%
dos casos.
Assim como esse, há muitos outros exemplos captados pela pesquisa
que corroboram com esse quadro de falta de informação, a qual
dificulta sobremaneira a participação da população do sistema de
saneamento básico local, transformando-os em agentes agressores
do meio ambiente, e cerceando-os de uma vida mais saudável e da
possibilidadedeviveremnumaregiãomaisorganizadaedesenvolvida.
Dessa forma, o Projeto Foz Águas 5 nas Escolas busca, mais que
orientar os alunos e professores para as questões de saneamento
básico, saúde e desenvolvimento sustentável local, estimulá-
los a construir soluções alternativas para transformar essa dura
realidade, reunindo-os em torno de uma metodologia colaborativa
e construtivista, que ajuda-os a vislumbrar soluções, sem entregar
respostas prontas.
Com esse propósito, a Foz Águas 5 conquistou parceria com a
UNESCO e com a Secretaria Municipal de Educação (SME) para
multiplicar soluções pedagógicas que proporcionem novas formas de
apreensão da questão hídrica e do saneamento para o engajamento
comunitário.
Para dar suporte e facilitar a comunicação e troca de experiências, o
projeto oferece uma plataforma tecnológica capaz de fazer análise de
desempenho, gerar indicadores e apontar escolas que precisam de
mais ajuda para se capacitarem.
AssimaFozÁguas5comesseprojetocontribuiparaodesenvolvimento
local, permitindo que milhares de alunos se capacitem, interajam,
multipliquem e disseminem seus conhecimentos.
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4
INTRODUÇÃO
O Projeto Foz Águas 5 nas Escolas foi elaborado com o objetivo de difundir conceitos de uso sustentável dos recursos hídricos e boas práticas
de educação sanitária, através da produção colaborativa de conteúdos e jogos didáticos que possam contribuir com o processo de ensino-
aprendizado realizado pelos educadores e coordenadores participantes do projeto.
A sua realização consiste na capacitação de professores da rede municipal de ensino Rio de Janeiro em elaboração de jogos didáticos, com a
finalidade de atender às demandas de desenvolvimento local tendo como foco as temáticas de Recursos Hídricos, Saneamento Básico e Saúde.
Assim como estimular novas práticas pedagógicas que poderão fazer parte das atividades curriculares das escolas.
Nesta primeiro ciclo implantaremos o projeto piloto, e por isso, solicitamos a vocês, educadores e coordenadores pedagógicos, que contribuam
com sugestões e críticas sobre os conteúdos e apresentação visual do caderno, de forma que possamos aprimorar este material e beneficiar a
demais escolas da zona oeste que, posteriormente, serão atendidas pelo projeto.
Neste sentido a sua participação torna-se fundamental, pois contamos com você nesse processo de co-criação do caderno pedagógico.
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5
METODOLOGIA
DETALHAMENTO DO PROJETO
Aoinvésdesepreocuparsomentecomaexplicaçãodosfenômenossociaisdepoisdeocorridos,autilizaçãodapesquisa-açãocomometodologiana
educação ambiental promove a aquisição do conhecimento e da consciência crítica pelo grupo que vivencia o processo de ensino-aprendizagem,
para que ele possa assumir, de forma cada vez mais lúcida e autônoma, seu papel de protagonista e ator social.
A capacitação dos educadores utilizará a pesquisa-ação como fundamentação teórica para a realização de suas atividades educativas, por
considerar que esta metodologia é capaz de propor a transformação participativa, de modo que os sujeitos atuem na produção de novos
conhecimentos a partir da junção entre pesquisa e prática.
Para isso, sua realização contará com a utilização de ferramentas de diálogo: brainstorm; técnicas de criação de jogos colaborativos; exposição
reflexiva; word café; espiral de ideias; constelação educacional; Agenda 21; priorização colaborativa; narrativa da jornada do herói; dinâmicas;
construção de textos colaborativos.
O projeto Foz Águas 5 nas Escolas é uma iniciativa da Foz Águas 5 em parceria com a UNESCO e a Secretaria Municipal de Educação para
capacitar professores na construção de jogos pedagógicos com o tema Recursos Hídricos. Sua finalidade é promover a capacitação em novas
práticas de ensino-aprendizagem a partir da capacitação em desenvolvimento de jogos didáticos. Com essa iniciativa esperamos colaborar
com suporte metodológico que possa inspirar novas práticas pedagógicas que utilizem a mecânica dos jogos para o desenvolvimento do
conhecimento colaborativo de soluções sustentáveis para a escola e a sua comunidade.
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6
Formação
O processo formativo contará com metodologia participativa que visa promover a reflexão crítica sobre os temas trabalhados, além de possibilitar
a construção coletiva de jogos cooperativos que permitam a multiplicação dos saberes apresentados de forma lúdica e criativa. As formações
serão realizadas durante cinco encontros, com a carga horária de 23 horas. No total, serão atendidos 1000 educadores em seis ciclos; cada ciclo
conta com 160 educadores de 40 escolas, divididos em oito turmas de 20 em cada sala.
Realização do jogo na escola
Com o jogo finalizado e impresso, é hora de jogar com os educandos. Lembre-se que é importante se preparar para utilizar o jogo, além de fazer
com que ele seja divertido e envolva os educandos. Durante esta etapa será importante sistematizar os resultados e desafios existentes durante
o desenvolvimento das atividades do jogo.
Resultado do projeto de desenvolvimento local
Como resultado final do jogo, todas as escolas construirão com os educandos uma atividade de fomento ao desenvolvimento local. O formato
das ações será decidido pelos educandos e poderá se utilizar de diversas linguagens, como: esquetes de teatro, apresentações, maquetes,
campanhas de conscientização, eventos, exposição, palestra, exibição de filmes. As ações realizadas serão registradas na plataforma pelos
professores, por meio de relatos e fotos.
CONHEÇA DE FORMA DETALHADA AS ETAPAS DO PROJETO:
Formação
Realização
do jogo
Resultado
das ações
dos alunos
Criação
do blog
Elaboração
do Projeto Premiação
Execução
do Projeto
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Criação do blog
Ao completar a segunda etapa é o momento de fazer o upload das informações desenvolvidas até aqui. O educador poderá editar os textos já
desenvolvidos, criar novos e customizar o blog. Quando estiver pronto, será gerada uma página com o endereço para divulgar a ações de cada
escola participante.
Elaboração do projeto
Nesta etapa, cada escola irá elaborar um projeto baseado na melhor ação de desenvolvimento local proposta pelos educandos. A finalidade desta
etapa é possibilitar que os projetos possam ser financiados e realizados com recurso e estrutura de forma a ampliar e fortalecer as iniciativas
criativas e viáveis. Para isso, cada etapa de preenchimento do projeto da escola será orientada e auxiliada pela equipe da Foz Águas 5.
Premiação
Para participar da premiação, todas as etapas devem estar registradas na plataforma on-line. A cada atualização sobre as ações dos educandos,
a escola acumula pontos. Os critérios de pontuação serão detalhados na plataforma, etapa por etapa.
Das escolas com maior número de pontos acumulados ao final da etapa de elaboração do projeto, uma comissão avaliadora selecionará três
projetos que receberão o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Os critérios de seleção dos projetos vencedores serão: viabilidade do projeto,
relevância na abordagem do tema, inovação e criatividade, abrangência e visibilidade no território, entre outros.
Execução do projeto premiado
O recurso deverá ser investido na realização do projeto, que será desenvolvido e produzido pelos professores da escola, em conjunto com os
educandos. Seu objetivo é dar visibilidade e materializar os projetos desenvolvidos pelos alunos durante o jogo.
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8
CAPÍTULO I
Caminho das águas ...................................................................................................... 9
CAPÍTULO II
Impactos ambientais .................................................................................................. 38
CAPÍTULO III
Saúde e meio ambiente .............................................................................................. 56
CAPÍTULO VI
Saneamento básico .................................................................................................... 69
CAPÍTULO V
Sustentabilidade e tecnologias sociais......................................................................89
CAPÍTULO VI
Jogos didáticos .........................................................................................................105
Sumário
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9
Capitulo iCapitulo i
i
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10
A água é um recurso natural renovável, porém finito, essencial à vida
e ao equilíbrio ecológico do planeta. Ela tem grande importância para
o homem, seja nas dimensões social, ecológica, cultural, econômica e
também na dimensão mística.
Vamos compreender a relação do seu ciclo com o funcionamento das
sociedades, bem como os cuidados necessários para a sua renovação
em quantidade e qualidade. Iremos conhecer também as políticas
de gerenciamento dos recursos hídricos, e as orientações para a
preservação deste recurso tão valioso.
Caminho
dasÁguas
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11
Você já pensou como a água é essencial em nosso dia a dia? Como
ela é importante para diferentes comunidades? Como ela tem tantos
significados? Qual o seu valor para as diferentes culturas, tradições
e práticas espirituais?
Regime de chuvas/umidade do ar/habitats
aquáticos.
Social/abastecimentodascidades/turismo/geração
de energia/indústria/agricultura e pecuária.
Culturas da pesca/indígenas/tradição de
lavadeiras/puxada de rede/cultura de banho/
festas religiosas.
Religioso/batizados/deuses, deusas/
entidades/yemanjá/yara.
Veja, no quadro a seguir, as diferentes importâncias da água para os
seres humanos:
Vamos reFLetir
Cultural
Místico
Ecológico
Econômico/Social
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12
Veja a seguir as explicações sobre a sua composição.
Pode ser encontrada em três estados: sólido, líquido e gasoso.
A passagem da água do estado líquido para o gasoso pode ocorrer por meio de dois
processos: a ebulição e a evaporação.
A água passa por cinco processos de transformação na natureza. Para que a
transformação de um estado para outro ocorra, é necessário que a água seja
submetida a determinadas condições de temperatura e pressão.
Os diferentes estados são:
Você sabe como a
água se forma?
Mudanças nos estados da água
Vaporização
1. A ebulição ocorre quando a água chega à temperatura de 100 ºC no nível do mar. Um bom exemplo
é quando fervemos a água no fogão. Quando a água começa a borbulhar, é porque ela está fervendo e,
portanto, entrando em estado de ebulição, ou seja, transformando-se em vapor de água.
2. Já no processo de evaporação, a água passa do estado líquido para o gasoso de forma lenta. Quando
estendemos a roupa molhada no varal, num dia ensolarado, a água vai, lentamente, passando do estado
líquido para o gasoso, saindo do tecido da roupa e se dissipando na atmosfera na forma de vapor d’água.
H
H
O
O
2
2
Água pura é (H2O) uma
substância cujas moléculas
são formadas por dois
átomos de hidrogênio e
um de oxigênio.
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13
Ocorre quando a água passa
do estado sólido para o líquido.
Quando o gelo é retirado do
congelador, a temperatura da
água vai aumentando. Quando
ela ultrapassa a marca de 0
ºC - ponto de fusão, começa a
derreter, transformando-se em
água líquida.
Quando a água passa do estado
físico gasoso para o sólido e vice-
versa, sem passar pelo estado
líquido. É a transformação mais
rara na natureza. Geralmente,
este processo de transformação
é realizado em laboratórios. O
ponto de sublimação é definido
como o ponto em que a pressão
de vapor da substância se iguala à
pressão externa aplicada, seja ela
Mudança da água do estado
gasoso para o líquido. Este
processo é muito comum na
formação das chuvas, quando o
vapor de água é transformado
em água líquida após uma
queda de temperatura. Também
podemos observar este
processo nas gotículas de água
que se formam na parte interna
da tampa da panela quando
estamos cozinhando alimentos
ou fervendo água.
A água passa do estado líquido
para o sólido. Essa transformação
ocorre quando a água atinge a
temperatura de 0 ºC. Um bom
exemplo é quando pegamos a
água em temperatura ambiente
e a colocamos no congelador.
Quando a água chega a 0 ºC ela
muda do estado líquido para o
sólido – o gelo.
Solidificação
HO
O2
Condensação
Sublimação
Fusão
a pressão atmosférica a 760 mm Hg ou uma pressão induzida em
aparelhos de sublimação; esse ponto de transformação depende
de determinadas circunstâncias e substâncias. Um bom exemplo
de sublimação, em temperatura e pressão atmosférica ambiente,
é o gelo seco. Quando colocamos um pedaço de gelo seco num
copo d’água, imediatamente observa-se o aborbulhamento e a
liberação de grande quantidade de vapor d’água - fumaça branca
-, que é o processo de transformação da água do estado sólido, o
gelo seco, para o gasoso, o vapor d’água.
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14
Provavelmente, você conhece ou já ouviu falar em diferentes tipos de água como:
água potável; mineral; doce; salobra; salgada; etc.
Água potável reúne características
que a colocam na condição própria para o
consumo do ser humano. Portanto, a água
potável deve estar livre de qualquer tipo de
contaminação. São exemplos de potável: a
água tratada e disponível à população na
maioria das cidades, as das fontes naturais
e de boa parte dos riachos e mananciais
não poluídos.
Distinção das Águas
Lençol freático
Água mineral
Água doce
Água salobra Água salgada
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15
Água mineral é proveniente de
fontes naturais ou de fontes artificialmente
captadas; possui composição química ou
propriedades físicas ou físico-químicas
distintas das águas comuns, com
características que lhe conferem uma
ação medicamentosa. Toda água mineral,
por mais pura que seja, possui certa
quantidade de sais, como bicarbonatos
de sódio, de cálcio e de magnésio, de
compostos de enxofre e gases dissolvidos.
Água doce é a que corre dos rios
para o mar, vinda das chuvas e de
nascentes que minam do subsolo. A
água doce se encontra na superfície
em rios, lagos, lagoas, ou acumulada
na forma de gelo, principalmente nos
glaciares. Ou também em subsuperfície
ou subterrânea, no lençol freático, nos
poros das rochas e do solo, bem como
em reservatórios mais subterrâneos,
como os aquíferos confinados.
Água salobra é mais salgada que a
água dos rios, porém é menos salgada
que a água do mar. É encontrada,
geralmente, em áreas de transição entre
as águas doces e as águas marinhas,
como lagunas ou estuários. Estuários,
por sua vez, podem ser definidos como
áreas ou zonas de desaguadouro de rios
no oceano, e estão influenciados por toda
uma dinâmica sujeita aos efeitos das
marés.
Água salgada, encontrada principalmente
em mares e oceanos, representa 97,5% da
água presente no planeta Terra. É a grande
responsável pela manutenção do clima no
planeta.
No meio ambiente podemos encontrar as águas estocadas,
armazenadas, ou fluindo, escoando, drenando em
condições superficiais, subsuperficiais ou subterrâneas.
No que diz respeito às duas últimas condições, água
subsuperficial e subterrânea, pode-se dizer que lençol
freático ou aquífero livre freático se refere justamente ao
trecho do perfil de solo ou da camada de rocha permeável
situada entre a zona de saturação, que é o limite inferior
encharcado pela água, e a zona de aeração - limite superior
onde os poros e/ou fissuras e fraturas estão preenchidos
em parte por água, em parte por ar. Há também o aquífero
confinado, ou artesiano, que está completamente saturado
de água subterrânea e cujos limites inferior e superior são
compostos por estratos impermeáveis.
Destaque
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16
Há, portanto, diferentes tipos de comportamento dos aquíferos, que estão
relacionados com as características das rochas e com suas capacidades de
armazenar ou fluir mais ou menos água em seus perfis.
Para compreender melhor a formação do lençol freático,
precisamos compreender as suas etapas e processos.
É a água que se encontra sob a superfície da Terra, preenchendo os
espaços vazios existentes nas rochas, com suas fissuras e fraturas -
rachaduras, quebras, descontinuidades e condutos.
São unidades geológicas - rochas porosas, rochas fraturadas, materiais
inconsolidados - suficientemente permeáveis, que permitem a circulação,
o armazenamento e a extração de água subterrânea ou subsuperficial,
por meio de técnicas convencionais. Os aquíferos possuem uma grande
capacidade de armazenamento de água, mas permitem a sua saída de
forma lenta.
Lençol freático O que é água subterrânea?
O que é um aquífero?
1 - A água infiltrada percola através dos vazios do solo.
2 - Dirige-se às camadas mais profundas do perfil do solo.
3 - Contribui para o abastecimento dos reservatórios subsuperficiais rasos, ou seja, lençol
freático ou aquíferos livres freáticos.
4 - Também pode abastecer os reservatórios subterrâneos profundos, os aquíferos confinados.
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Os ciclos da água em ambiente natural e urbano.
Vamos conhecer um pouco mais sobre o ciclo da água [1], suas etapas e os processos pelos quais ela passa.
I) O ciclo da água inicia-se com a incidência dos raios solares (irradiação) sobre a Terra.
II) Evaporação: o calor provoca a evaporação da água dos oceanos, dos rios e dos lagos. Também há evaporação de parte da
água presente no solo.
III) Transpiração: a transferência da água da superfície terrestre para a atmosfera também ocorre pela transpiração das plantas
e animais.
IV) Sublimação: a passagem direta da água da fase sólida para a de vapor.
V) Condensação: a condensação que evapora é transportada pelas massas de ar para regiões mais altas da atmosfera. Lá em
cima, em baixas temperaturas, o vapor se condensa e se liquefaz, formando-se as nuvens.
VI) Precipitação: acontece quando a nuvem fica carregada com pequenas gotas, que se reúnem formando gotas maiores,
tornando-se mais pesadas. E aí caem sobre o solo. Podem cair em forma de granizo, chuva ou neve.
VII) Escoamento: a água se precipita pelo planeta em diferentes destinos. Uma parte cai diretamente nos reservatórios de água,
como rios, lagos e oceanos. Outra parte cai sobre o solo. Nesse caso, a água segue dois percursos diferentes: uma quantidade
escoa sobre a superfície, alimentando lagos, rios e riachos que, por sua vez, deságuam no mar; outra parte infiltra-se no solo e
nas rochas, através de seus poros e fissuras, alimentando as reservas subterrâneas de água, chamadas de lençóis freáticos. E
a cobertura florestal exerce um papel importante no processo de absorção da água pelo solo.
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O ciclo da água em área urbana
I – Ao término do ciclo natural, a água é captada.
II – A água, depois de captada, segue para a estação de tratamento.
III – A rede de abastecimento realiza a distribuição da água para os imóveis.
IV – A água utilizada – esgoto - deve seguir para as redes coletoras de esgoto.
O que é um canal de drenagem?
É a estrutura, ou feição, capaz de escoar e drenar a água da chuva
para um determinado ponto da bacia, seja esse ponto um outro canal
de drenagem, ou um lago, ou até mesmo o mar. Os canais podem ser
naturais – córregos -, ou artificiais, por meio de galeria de água pluvial -
tubulação.
Para que a drenagem ocorra, é necessário que a água possa fluir de
lugares mais altos para pontos mais baixos. Portanto, para se construir
uma rede de drenagem, faz-se necessária a realização de estudos para
verificar o curso do(s) rio(s) e seu tipo de drenagem.
Estações de Tratamento de água
Canal de
drenagem
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O ciclo em área urbana com Estações de Tratamento de Esgoto (ETE)
Após a distribuição da água para as casas:
I – A água utilizada – esgoto - é captada pela rede de esgoto.
II – O esgoto segue para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).
III – O esgoto tratado – efluente - é lançado nos rios para desaguar na bacia.
O ciclo em área urbana com Estações de Tratamento de Esgoto (ETE)
Após a distribuição da água para as casas:
I – A água utilizada – esgoto - é captada pela rede de esgoto.
II – O esgoto segue para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).
III – O esgoto tratado – efluente - é lançado nos rios para desaguar na bacia.
Captação de esgoto
Efluente
Estações de Tratamento de Esgoto
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Bacias hidrográficas
Segundo a descrição do Ministério do Meio Ambiente, “bacia
hidrográfica é toda a área drenada por um determinado curso
d’água e seus tributários, delimitada pelos pontos mais altos do
relevo. Esses pontos mais altos são chamados de divisores de
águas”. (MMA, 2010)
É importante compreender que uma bacia hidrográfica é uma área
de captação que recebe e canaliza a água e é também por onde
ela flui. Uma bacia hidrográfica é delimitada por divisores de água
- áreas mais altas que separam as águas provenientes da chuva.
Neste contexto, as bacias hidrográficas consistem numa porção
da superfície terrestre drenada por um rio principal, seus
afluentes e subafluentes. É o movimento das águas superficiais
e subsuperficiais no continente, que obedece a um desenho da
própria natureza e definido pelo relevo. Sempre saem do ponto
mais alto em suas nascentes, seguindo para o ponto mais baixo
até a foz para desaguar ou num outro rio, ou no mar.
Alguns rios e, consequentemente, suas bacias, cruzam municípios
e estados diferentes; por isso, se nossos vizinhos não cuidarem
dos nossos recursos, tudo estará comprometido. O rio Guandu, por
exemplo, é o responsável pelo abastecimento de cerca de 80%
da população do Grande Rio, porém o rio Guandu recebe 60% de
suas águas do rio Paraíba do Sul, que banha os estados do Rio de
Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Portanto, é fundamental que
durante os percursos dos rios eles sejam preservados.
As bacias são responsáveis pelo abastecimento de todo o país, dos
estados e municípios, e estão divididas politicamente por regiões
hidrográficas. Para compreender melhor, vamos saber quais são
as bacias responsáveis pela drenagem, ou seja, pelo escoamento
de água de outras regiões do Brasil até a Zona Oeste.
Vale
subafluente
afluente
Vale
divisor de águas
v
v
v
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21
O que é uma região hidrográfica?
Conhecer as bacias hidrográficas a partir de seus limites municipais e estaduais
é fundamental para que possamos compreender as dimensões sociais, culturais,
ambientais e políticas que envolvem a temática dos recursos hídricos.
Segundo a legislação (Resolução nº 32,
de 15 de Outubro de 2003), considera-
se como região hidrográfica o espaço
territorial brasileiro compreendido por
uma bacia, grupo de bacias ou sub-
bacias hidrográficas contíguas, com
características naturais, sociais e
econômicas homogêneas ou similares,
com vistas a orientar o planejamento e
gerenciamento dos recursos hídricos.
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22
Região Sudeste
Segundo aAgência Nacional de Águas (ANA) e o Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), a Região
Hidrográfica Atlântico Sudeste é conhecida nacionalmente pelo elevado contingente populacional e pela
importância econômica de sua indústria. O grande desenvolvimento da região, entretanto, é motivo de
problemas em relação à disponibilidade de água.
A área de cobertura dessa região hidrográfica
corresponde a parte dos estados de Minas Gerais,
São Paulo, Espírito Santo, Paraná e todo o estado
do Rio de Janeiro. É constituída pelas bacias dos
rios que deságuam no Atlântico Sudeste, limitada
ao norte pela bacia hidrográfica do rio Doce, a
oeste pelas regiões hidrográficas do São Francisco
e do Paraná, e ao sul pela bacia hidrográfica do rio
Ribeira.
No âmbito estadual, o Conselho Estadual de
Recursos Hídricos, vinculado ao Instituto Estadual
de Meio Ambiente (INEA), elaborou o Plano
Estadual de Recursos Hídricos com vistas ao
gerenciamento integrado e planejado dos recursos
hídricos do estado. Sendo assim, o estado do
Rio de Janeiro é também dividido em Regiões
Hidrográficas, conforme ilustra a figura a seguir.
Vamos, pois, conhecer quais são as regiões
hidrográficas que fazem parte do limite estadual.
São elas:
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23
Regiões Hidrográficas
RH I – RH da Ilha Grande
RH II – RH do Guandu
RH III – RH Médio Paraíba do Sul
RH IV – RH Piabanha
RH V – RH Baía de Guanabara
RH VI – RH Lagos São João
RH VII – RH Rio Dois Rios
RH VIII – RH Macaé e das Ostras
RH IX – RH Baixo Paraíba do Sul
RH X – RH Itabapoana
A Região Hidrográfica do Guandu (RH II), que abrange boa parte
da Zona Oeste do município do Rio de Janeiro, é composta pelas
seguintes bacias hidrográficas: Bacia do Santana, Bacia do São
Pedro, Bacia do Macaco, Bacia do Ribeirão das Lajes, Bacia do
Guandu (Canal São Francisco), Bacia do Rio da Guarda, Bacias
Contribuintes à Represa de Ribeirão das Lajes, Bacia do Canal
do Guandu, Bacias Contribuintes ao Litoral de Mangaratiba e de
Itacurussá, Bacia do Mazomba, Bacia do Piraquê/Cabuçu, Bacia do
Canal do Itá, Bacia do Ponto, Bacia do Portinho, Bacias da Restinga
de Marambaia, Bacia do Piraí.
Com relação à RH II Guandu, na parte do município do Rio há
predominância de planícies com influências fluviais e fluviomarinhas,
onde se inicia a baixada da Guanabara a leste. Apresenta também
serras isoladas, e tem como principal divisor oriental a vertente oeste
do maciço da Pedra Branca, e também a parte sudoeste do maciço
de Gericinó-Mendanha. No que tange ao comportamento hídrico, é
uma região onde a taxa de evapotranspiração costuma ser maior
que a de precipitação, que varia de acordo com as estações do ano,
onde, no verão, há incidência de chuvas, e no inverno a região é
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24
seca. A precipitação média dessa RH é 1000 mm/ano. O rio Guandu é formado pelo rio Ribeirão
das Lajes e pela vazão dos rios Piraí e Paraíba do Sul, que são conduzidos por sistemas de
captura e bombeados na elevatória de Santa Cecília para o reservatório de Santana que, por fim,
forma o rio Guandu. No que diz respeito à qualidade das águas que compõem a RH II, nesse
sistema há estações de tratamento de água geridas pela CEDAE. A maior ameaça à qualidade
da água dessa região deve-se às atividades humanas exercidas na própria bacia do rio Guandu.
(INEA, 2011).
Quanto à Região Hidrográfica V
da Baía de Guanabara, na parte
do município do Rio de Janeiro, há
também um predomínio de planícies
fluviais e fluviomarinhas. Mas observa-
se, também, grande influência do
relevo montanhoso e escarpado dos
maciços da Tijuca e da Pedra Branca.
No comportamento hídrico da RH
V observa-se que não ocorre déficit
hídrico nas porções dos maciços da
Tijuca e da Pedra Branca, notadamente
por conta das chuvas orográficas
comuns ao longo do ano. A precipitação
anual média é de 1.650 mm. Por
outro lado, nas áreas de planície da
zona norte do município, cujas bacias
drenam para a Baía de Guanabara,
observa-se um déficit hídrico durante a
estação de inverno. Nessas baixadas,
a precipitação média é de 1.200 mm/
ano. Os índices de qualidade da água
da RH V são prejudicados em função
da área ser densamente ocupada e
por possuir uma inadequada gestão de
esgotos sanitários e de resíduos sólidos
urbanos (INEA, 2011).
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25
Impacto da urbanização na impermeabilização
do solo e infiltração da água
À medida que o próprio homem modifica o equilíbrio natural dos
caminhos dos cursos d’água, realizando a drenagem por meio de
canalizações e tubulações, desmata e ocupa o solo indevidamente e
as consequências são voltadas contra seu próprio bem-estar e suas
economias.
A camada superficial do solo, em seu ciclo natural, é composta por
matéria orgânica decomposta, por bactérias e fungos – húmus - e
raízes, que são responsáveis por desagregar o solo e facilitar o
acesso da vida animal na abertura de caminhos subterrâneos. Isso
permite que ocorra uma grande capacidade de infiltração de água
infiltração no solo
área natural
área urbana
escoamento para
linha de água
no solo, absorvendo com facilidade as águas da chuva e evitando o
acúmulo de água superficial.
Desta forma, podemos concluir que o desmatamento é um dos
fatores que diminui a capacidade de infiltração e aumenta o volume
de escoamento de água da chuva superficial. Este fator ocorre devido
ao aumento da população e, consequentemente, das áreas urbanas,
responsáveis pela diminuição das florestas e áreas preservadas e
dando lugar às construções residenciais, comerciais, industriais,
praças e estradas.
área urbana
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26
Por que isso ocorre?
A bacia hidrográfica que recebe contribuições principalmente
das águas da chuva pode ter a sua área com formatos
variados como, por exemplo, arredondadas, alongadas ou
largas, conforme ilustra a figura a seguir.
A mesma quantidade de chuva pode gerar a inundação de uma
bacia hidrográfica ou não, a depender do seu tamanho ou formato,
bem como da energia potencial de escoamento das águas e de
sua capacidade de infiltração. Por isso, a ocorrência de inundações
depende de fatores naturais e alterações provocadas pelo homem.
A depender da intensidade de ocupação urbana desordenada,
somada aos fatores naturais, pode-se ampliar a possibilidade de
ocorrência de enchentes e alagamentos. Por isso, numerosas
iniciativas de manutenção e preservação das bacias são realizadas,
como, por exemplo, as atividades do Comitê da Bacia do Rio Guandu
que atua na Zona Oeste do município do Rio.
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27
Vamos reFLetir
Num tempo em que as mudanças climáticas
afetam cada vez mais, direta e indiretamente, as
nossas vidas, é importante pensarmos em formas
e atitudes que nos transformem em agentes
dessa realidade. Nesse contexto, um exemplo
real e concreto é a importância da arborização
dos espaços urbanos. Além das árvores
proporcionarem bem estar visual, auxiliam no
equilíbrio do microclima local, amenizando o
calor, reduzindo a poluição do ar e funcionando
como anteparo para a redução da poluição
sonora. A presença de árvores promove também
o aumento da retenção natural das águas, sendo
uma excelente aliada na interceptação da água da
chuva. Quão verde está seu bairro? Você pode
contribuir para melhorar a arborização da sua rua?
Vamos reFLetir
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28
Serviços ambientais
Você sabe o que são os serviços ambientais?
Serviços ambientais são processos gerados pela própria natureza
através dos ciclos e processos ecológicos, que mantêm os
ecossistemas saudáveis e possibilitam a vida na Terra. Esses
serviços são responsáveis pela manutenção da biodiversidade, e
permitem a provisão de bens que são consumidos pelo homem,
como madeira, fibra, peixes, remédios, sementes e combustíveis
naturais. Além disso, regulam as condições ambientais - como a
purificação da água -, trazem benefícios culturais para as pessoas e
dão suporte para a formação do solo e a polinização das sementes.
Conheça os serviços ambientais
prestados pela água
Infiltração no solo: Precipitação em formato
de chuvas:
Reciclagem de nutrientes:
A água limpa, seja em qual estado se apresentar, traz uma conexão
positiva entre os ecossistemas, o bem-estar humano e a economia. A
dinâmica que envolve o ciclo da água é responsável pela regulação
do clima e dos fluxos hidrológicos, pela ciclagem e reciclagem de
nutrientes e pela manutenção da vida dos seres vivos.
a infiltração é o processo pelo qual a água
penetra nas camadas superficiais do solo,
percola através dos vazios pela ação da
gravidadeatéatingirumacamadaimpermeável,
formando um lençol d’água.
possibilita a manutenção de todo o ciclo
hidrológico que, por sua vez, permite o
desenvolvimento de todas as formas de vida.
auxilia na contínua transferência de nutrientes
do solo para as plantas, pois participa
das reações químicas necessárias para
transformar os elementos e nutrientes do solo
em formas acessíveis às plantas.
Vejamos alguns exemplos dos serviços ambientais naturalmente
prestados pela água:
Reciclagem de nutrientes:
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29
Indicadores:
(Dados da Agência Nacional das Águas, ONU e UNICEF)
97%
2%
1%
água potável
água salgada
nos oceanos
em icebergs
ONDE ESTÁ
A ÁGUA?
PARA ONDE A ÁGUA VAI NO BRASIL?
21% 18% 69%
municipal industrial agricultura e pecuária
de pessoas
sofrerão por falta
de água em 2025
5.3BILHÕES
2/3
da Terra
é coberto por
água. Isso é igual
a 1,5 milhão por
quilômetro cúbico.
- A produção de alimentos mundial responde por 70,2% do
consumo de água que vem dos mananciais;
- Um bilhão e 200 milhões de pessoas (35% da população mundial)
não têm acesso a água tratada;
- Quase metade da população mundial viverá em áreas com grande
escassez de água até 2030;
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30
A água é um tema abundante na Zona Oeste do Rio de Janeiro,
região situada entre dois grandes maciços: Pedra Branca e Gericinó-
Mendanha; e este é um bem precioso para a região.
Para que a sociedade local possa atuar para a manutenção dos
recursos hídricos de suas regiões, foi criada a lei federal n° 9433/97
que definiu a integração dos Comitês de Bacias Hidrográficas ao
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Este
Sistema institui e estabelece que cada estado deve elaborar as
suas diretrizes de atuação.
A atuação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Guandu compreende
Contexto Zona OesteContexto Zona Oeste
a bacia hidrográfica do rio Guandu, incluídas as nascentes do Ribeirão
das Lajes, as águas desviadas dos rios Paraíba do Sul e Piraí, os
afluentes ao Ribeirão das Lajes, ao rio Guandu e ao Canal de São
Francisco, até a sua desembocadura na Baía de Sepetiba, bem como
as bacias hidrográficas dos rios da Guarda e Guandu Mirim.
No estado do Rio de Janeiro, o Comitê é um órgão colegiado,
vinculado ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERHI, com
atribuições consultivas, normativas e deliberativas, de nível regional,
integrante do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos
Hídricos – SEGRHI, nos termos da Lei Estadual nº 3.239/99.
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31
Os Comitês de Bacias Hidrográficas (CBH) são entidades
colegiadas com atribuições normativa, deliberativa e consultiva.
São organismos políticos de integração e de tomada de decisão,
com incumbência de planejar a utilização das águas e garantir a
conservação e a recuperação dos territórios da bacia. Os Comitês
são considerados como “Parlamentos das Águas”, sendo criados
com objetivos e competências relacionados aos recursos hídricos,
de forma integrada e descentralizada e com a participação da
sociedade para um efetivo controle social.
Os Comitês de Bacias são espaços onde acontecem as discussões
e deliberações para o atendimento aos programas e ações
estabelecidos nos Planos de Bacias com os recursos financeiros
provenientes da cobrança pelo uso da água, assim como estudos,
projetos e obras para a melhoria das condições da bacia hidrográfica.
Promovem a participação, o debate e a articulação da atuação das
diversas entidades e instituições envolvidas direta ou indiretamente
na gestão das águas. Suas atribuições se referem à solução de
conflitos relacionados aos usos concorrentes dos recursos hídricos
de sua área de atuação, bem como à promoção e acompanhamento
da implantação dos Instrumentos de Gestão previstos na Política
Estadual das Águas, visando assegurar água de boa qualidade, e
em quantidade, para atender às demandas das atuais e das futuras
gerações.
O que são Comitês de Bacias?
O que fazem?
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32
Região Hidrográfica do Guandu (RH II)
Bacias Hidrográficas da Zona Oeste
do Rio de Janeiro inseridas na RH II:
Bacia do Piraqué ou Cabuçu, Bacia do
Guandu ou Canal de São Francisco,
Bacia do Canal do Itá, Bacia do Ponto,
Bacia do Portinho, Bacias da Restinga
de Marambaia e Bacia do Canal do
Guandu.
Vamos conhecer quais
são as bacias da nossa
região que precisam ser
protegidas e preservadas
Os comitês são fundamentais para articular os diversos interesses territoriais
de municípios e estados. Seu grande desafio é mediar os interesses do
uso, dos impactos ambientais e a conservação em cada região.
Comitês de Bacias Hidrográficas:
divisões municipais e estaduais
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33
Se você perceber paredes mofadas ou molhadas, terreno molhado,
piso fofo ou ruído de escapamento de água, é porque provavelmente
existe vazamento na sua instalação hidráulica, que pode causar
uma perda deAntes de utilizar água, é necessário pensar nos impactos negativos
que o uso sem economia, o mau uso, pode causar ao meio ambiente
e à economia do país. Veja alguns dados sobre esse descarte:
Qual é o seu papel?
Lavagem de louça
Torneira aberta continuamente: gasto
de 240 litros ao longo de 30 min.
Abrindo e fechando durante a lavagem:
gasto de 70 litros ao longo de 30 min.
Chuveiro
Gasto de 3 a 6 litros de água por minuto.
Banho de 20 minutos: 120 litros de água.
Banho ideal de 5 minutos: 30 litros de água.
Lavar calçadas com mangueira
Gasto de 240 a 500 litros durante 30 min.
Recomenda-se não varrer a sujeira com
água potável e, ao invés disso, usar a água
de lavagem de roupa, por exemplo.
2a7litros por dia.
mil
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34
Escovar os dentes durante 3 minutos
Torneira aberta continuamente: gasto de 5 a
10 litros por minuto.
Abrindo e fechando durante a escovação:
gasto de 2 litros
A água pode escapar pelo ladrão - cano por onde
escorre o excesso de água que entra na caixa, por
torneiras mal fechadas ou por furos nos canos. O
desperdício de água pelo ladrão de uma casa pode
chegar a
Descarga
Gasto de 7 a 10 litros por descarga.
Recomenda-se manter a válvula de descarga regulada.
10litros por dia.
mil
Torneira mal fechada
Uma torneira pingando desperdiça 46 litros por dia.
Uma torneira fluindo em filete desperdiça de 180 a 750 litros por dia.
Uma torneira correndo normalmente, de 8,5 mil a 12,5 mil litros por dia.
Uma torneira jorrando em jato: 25 mil a 45 mil litros por dia.
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35
Diversão e Conhecimento
Conheça o projeto “Water mark”, que busca oferecer ao espectador um olhar imersivo sobre a problemática da água no mundo. São cenas
surpreendentes! <http://thecreatorsproject.vice.com/blog/making-of-watermark-an-immersive-look-at-water;>
FLOW - vencedor de diversos prêmios, Flow foi apresentado na ONU como parte do 60º Aniversário da Declaração dos Direitos Humanos. O
filme mostra todos os problemas originados na sociedade a partir da perspectiva do consumo de água, elemento básico para a vida humana.
Arte e conhecimento: <http://www.hypeness.com.br/2011/05/arte-com-tinta-flutuando-na-agua-de-ebru-sanati/>
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36
Referência Bibliográfica
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano. Ciranda das Águas. Brasília, 2011.
CAESB. Como economizar água e reduzir as despesas; material educativo. Distrito Federal.
GOMES, Antônio Humberto Porto; TROLLES, Janete de Oliveira; NASCMENTO, Elson Antônio do. Artigo - XIII Congresso Brasileiro Águas
Subterrâneas.
INEA. O Estado do Ambiente: indicadores ambientais do Rio de Janeiro. Júlia Bastos & Patrícia Napoleão (Org.). Rio de Janeiro: SEA; INEA,
2011. 160 p.
TUCCI, C. E. M.; CLARKE, R.T. Impacto das mudanças da cobertura vegetal no escoamento. Revisão. RBRH - Revista Brasileira de Recursos
Hídricos, ABRH. ISSN 1414-381X. Porto Alegre: v. 2, n. 1, jan./jun., 1997. p. 135-152.
WUNDER, Sven; BÖRNER, Jan; RÜGNITZ, Marcos; PEREIRA, Tito; PEREIRA, Lígia.
Pagamentos por serviços ambientais: perspectivas para a Amazônia Legal. MMA, 2008.
Sites:
<http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/bitstream/handle/mec/5033/open/file/index.html>
<http://finep.gov.br>
<http://www.tecnicasderegadio.info/index.php/drenagem/cap20-drenagem>
<http://www12.senado.gov.br/codigoflorestal/infograficos/servicos-ambientais>
<http://www.onu.org.br/quase-metade-da-populacao-mundial-vivera-em-areas-com-grande-escassez-de-agua-ate-2030-alerta-onu/>
<http://www.barramentos.ufc.br/Hometiciana/Arquivos/Graduacao/Apostila_Hidrologia_grad/Cap_6_Infiltracao.pdf>
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37
Capitulo i iCapitulo i i
i
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38
Impactos
ambientais
Os impactos ambientais, em sua grande maioria, são causados
por ações e processos de desenvolvimento relacionados às
mudanças e intervenções humanas no meio ambiente. Para
compreendermos como esse conceito melhor se aplica, vamos
utilizar dois exemplos de grande importância: a poluição
hídrica e os resíduos sólidos.
A atual condição de escassez ou de desequilíbrio na oferta de
recursoshídricoségeradapordiferentesfatores:represamento
e assoreamento de rios, desmatamento da mata ciliar - mata
localizada às margens de rios e lagos -, processo desordenado
deocupaçãoterritorial,crescenteaumentonoconsumodeágua
decorrente do uso na agricultura, na indústria e do aumento
das populações urbanas. Em proporções diferenciadas, tais
ações provocam impactos negativos para a vida no planeta.
Outro fator a ser levado em consideração é a busca
constante e crescente pelo chamado “desenvolvimento
econômico”, que tem estabelecido mudanças no estilo
de vida e nos padrões de consumo da sociedade por
meio da produção industrial em larga escala e do uso
insustentável dos recursos naturais, aí incluída a água.
Uma das mais graves consequências desse processo
de crescimento desordenado é o aumento da produção
de resíduos sólidos.
Por isso, é fundamental compreender a relação entre a
conservação dos recursos hídricos, o desenvolvimento
sustentável e a qualidade de vida.
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39
Já pensou sobre o impacto que os seres humanos causam pelo simples fato de existirem?
Quanto custa aos ecossistemas o desenvolvimento econômico, tecnológico e social, nos moldes que temos hoje?
Precisamos agir de modo sustentável para garantir qualidade de vida para as próximas gerações?
Vamos reFLetir
5,5
18.000
17.100
499
5.280
LITROS
LITROS
LITROS
LITROS
LITROS
QUEIJO 1KG MANTEIGA 1KG CERVEJA 1L BANANA 1KG CARNE DE BOI 1KG
fonte: Sabesp
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40
Que mundo
queremos para os
nossos filhos?
Escrita em 1855, a famosa carta do cacique Seattle, da
tribo Suquamish, Estado de Washington, para o presidente
dos Estados Unidos:
“O homem branco deve tratar os animais
como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não
compreendo que possa ser de outra forma. Vi milhares
de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo
homem branco que os abatia a tiros disparados do trem.
Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante
cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão que
(nós - peles vermelhas) matamos apenas para sustentar
a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais?
Se todos os animais acabassem, os homens morreriam
de solidão espiritual porque tudo quanto acontece aos
animais pode também afetar os homens. Tudo quanto fere
a terra, fere também os filhos da terra.”
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41
A contaminação ou poluição da água é ocasionada por qualquer matéria ou
energia que provoque alteração nas propriedades físico-químicas da água, as
quais, geralmente, são nocivas aos organismos vivos.
O principal agente causador desta poluição é o ser humano, tendo em vista os usos
inadequados que ele faz da água: descarte de esgoto, de agrotóxicos e resíduos
industriais, sem tratamento, em rios, mares e oceanos. Como consequência dessa
degradação ambiental, temos a diminuição da oferta de água em quantidade e
qualidade.
Os principais elementos causadores da poluição da água:
Resíduos tóxicos
oriundos de descarte
industrial e agrícola -
agrotóxicos.
Óleo e graxa
residencial ou
industrial.
Esgoto doméstico,
industrial e rural.
Água de lastro, decorrente
da navegação.
Descarte inadequado de resíduos
sólidos domésticos, hospitalares e de
micropoluentes orgânicos industriais.
Mineração: atividades
de petróleo e gás,
garimpo de ouro, etc.
POLUIÇÃO HÍDRICA
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42
Poluição térmica da água
É causada, principalmente, pelo lançamento de
grandes quantidades de água aquecida nos rios
e mares. O aquecimento da água, proveniente do
processo de refrigeração de refinarias, siderúrgicas
e usinas termoelétricas, não afeta a sua potabilidade,
mas causa a diminuição do oxigênio (O2) presente
na água, prejudicando a vida aquática. Animais como
trutas e salmões são ainda mais afetados por este tipo
de poluição, pois não sobrevivem à variação térmica.
Poluição biológica da água
É causada pela presença de micro-organismos
patogênicos na água, provenientes de esgotos
industriais e domésticos. Estes micro-organismos,
como bactérias, vírus, protozoários e vermes, causam
numerosas doenças aos seres vivos. Águas de
nascentes e poços podem se contaminar através do
solo, devido à proximidade de esgotos e fossas. O
solo não retém as bactérias, apenas as partículas; por
isso, a água pode estar contaminada mesmo estando
visualmente cristalina.
Poluição sedimentar da água
Atualmente, corresponde à principal massa de
poluentes. É causada pelo acúmulo de sedimentos
e resíduos na água. Tais resíduos, provenientes de
indústrias, esgotos domésticos e processos erosivos,
impedem a entrada de luminosidade na água. A
falta de luminosidade na água prejudica o processo
de fotossíntese das plantas aquáticas e atrapalha a
visualização da comida pelos animais.
Poluição radioativa da água
É causada pelo lançamento de resíduos radioativos na
atmosfera e no solo, provenientes de usinas nucleares
e hospitais. A contaminação por material radioativo é
altamente nociva aos seres vivos.
Poluição química da água
É causada pela contaminação da água por produtos
químicos nocivos, principalmente por rejeitos agrícolas
como fertilizantes e herbicidas. Os efeitos deste tipo
de contaminação não são percebidos em curto prazo
e, por causarem deformações e morte aos seres
vivos, são altamente prejudiciais.
Existem ainda outros tipos de poluições hídricas, tais como:
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43
Cada litro de óleo descartado no ambiente pode
contaminar milhares de litros de água. O descarte
inadequado do óleo de cozinha provoca diversos
prejuízos econômicos e ambientais, pois entope
encanamentos e contamina rios e lençóis freáticos,
prejudicando e dificultando também o processo de
tratamento do esgoto.
O óleo cria uma película dentro das tubulações
das redes de esgoto e, com o passar do tempo,
endurece, criando obstruções. Essas obstruções
causam extravasamento de esgoto e prejudicam o
trabalho realizado nas estações de tratamento de
esgotos (ETE).
saiba mais
Destaque
É importante saber que, apesar de poluentes, os detergentes, fertilizantes, inseticidas, petróleo e óleos são compostos
biodegradáveis, ou seja, ao final de um tempo são decompostos pela ação de bactérias que, em alguns casos, pode
demorar centenas ou milhares de anos. Já os metais pesados, e alguns tipos de agrotóxicos, são persistentes, ou
seja, ficam muito tempo na natureza e contaminam, além da água, moluscos, crustáceos, peixes e outros alimentos.
Ambos os grupos podem ser considerados poluentes químicos.
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44
Segundo dados da Comissão Mundial de Águas, os 500 maiores
rios do planeta estão poluídos. O crescimento desordenado
das cidades, a falta de tratamento de esgoto e o descarte de
poluentes industriais tornam a tarefa de despoluir um rio urbano
quase impossível. O tratamento da água poluída exige alto
investimento em infraestrutura, leva um longo tempo e demanda
cooperação entre governo, empresas e sociedade no árduo
trabalho de recuperação das águas.
Uma outra questão, apresentada no relatório das Nações Unidas,
é o crescimento demográfico projetado para áreas urbanas, pois
se os esforços continuarem no ritmo atual os aprimoramentos
nas instalações da cobertura do saneamento básico aumentarão
em apenas 2%, passando, de 80% em 2004 para 82% em 2015 -
equivalente a apenas 81 milhões de pessoas atendidas. (WHO;
UNICEF, 2006)
Realizar um trabalho de tratamento de despoluição é uma tarefa
complexa, mas o exemplo do rio Reno, na Europa Ocidental,
nos mostra que é possível. O rio Reno nasce nos Alpes Suíços e
deságua na Holanda; tem 1.320 quilômetros de extensão e passa
por França, Alemanha, Luxemburgo e Bélgica. Até a década de
1970, era intensamente poluído por resíduos das indústrias e da
agricultura.
Soluções para o impacto ambiental:
é possível despoluir rios urbanos?
O processo de despoluição do Reno exigiu a cooperação dos
diversos países por onde passa e teve início em 1976, quando
foi assinado o primeiro acordo contra a poluição química do rio.
Mas somente após a ocorrência de um incêndio em um depósito
de produtos químicos na Suíça, em 1986, é que um plano de
ação foi elaborado, e o despejo de resíduos no rio teve fim. Hoje,
o Reno está recuperado e é um importante local de lazer para
os europeus.
RIORENO
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45
foto rio renno antes e depois
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46
Com a atual Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), a água
passou a ser considerada um bem público, limitado e dotado de valor
econômico, cujo uso prioritário é o consumo humano e cuja gestão
deve ser descentralizada e proporcionar o uso múltiplo das águas.
Conforme estabelecido na Lei Federal 9.433, de janeiro de 1997,
os objetivos desta política são os de assegurar, à atual e às futuras
De quem é a responsabilidade?
gerações, a necessária disponibilidade de água, em padrões de
qualidade adequados aos respectivos usos; utilização racional e
integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário,
com vistas ao desenvolvimento sustentável; a prevenção e a
defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou
decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.
Para atender às determinações da Política
Nacional de Recursos Hídricos (PNRH),
em julho de 2000, a Lei 9.984 criou a
Agência Nacional de Águas (ANA). Está
sob a sua responsabilidade disciplinar a
implementação, a operacionalização, o
controle e a avaliação dos instrumentos de
gestão criados pela PNRH. Dessa forma,
seu espectro de regulação ultrapassa os
limites das bacias hidrográficas com rios de
domínio da União, pois alcança aspectos
institucionais relacionados à regulação dos
recursos hídricos no âmbito nacional.
Para conhecer mais sobre a Agência
Nacional de Recursos Hídricos entre no
site: http://www2.ana.gov.br/
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47
RESÍDUOS SÓLIDOS
Os resíduos sólidos são todos os restos sólidos ou semissólidos das atividades humanas ou não humanas, que embora possam não apresentar
utilidade para a atividade fim de onde foram gerados, podem virar insumos para outras atividades.
Hoje em dia não devemos usar mais o termo lixo, por ser uma palavra que não ajuda a diferenciar aquilo que pode ser aproveitado daquilo
que não pode ser aproveitado.
Política Nacional de Resíduos Sólidos
(Lei 12.305)
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) instituiu a
responsabilidade compartilhada entre fabricantes, importadores,
distribuidores, comerciantes, consumidores e municípios quanto
ao ciclo de vida dos produtos, ou seja, todos são solidariamente
responsáveis pelos resíduos sólidos que geram. Todos têm novas
responsabilidades com a implantação da lei: sociedade, governo,
empresas e catadores.
Sua finalidade é mudar as relações de produção, uso, descarte
e reciclagem dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) gerados pela
sociedade. Atualmente, no Brasil, são gerados, por dia, cerca 183
mil toneladas de RSU, sendo 94 ton/dia de matéria orgânica.
Com aterro
sanitário
Sem aterro
sanitárioFonte: PNSB/IBGE 2008
milhões de habitantes
(58% da população urbana)
27,7%
93,8
dos RSU coletados são destinados
a Aterros Sanitários.
Devemos diferenciar, usando as palavras resíduos e rejeitos.
Resíduo é aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou
reaproveitado. Rejeito é qualquer material considerado inútil, após
esgotadas as possibilidades de tratamento e recuperação por
processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis.
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48
Qual a diferença entre
“Lixão” e o Aterro Sanitário?
Lixão
Antes da PNRS
Resíduos úmidosResíduos secos
Coleta indiferenciada
(resíduos misturados)
Desperdício de material que poderia
ser aproveitado - maior consumo de
matéria-prima, energia, água e poluição
atmosférica do processo produtivo.
Matéria orgânica gerando chorume e
biogás sem tratamento - contaminação
do solo e da água com contaminantes
perigosos e aumento da carga
orgânica, gerando eutrofização dos
meios aquáticos. Emissão de metano
sem controle, contribuindo para o
efeito estufa.
disposição inadequada em lixões,
rios, etc.
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49
Aterro Sanitário
Depois da PNRS
Resíduos secos Resíduos úmidos
Coleta seletiva
Diminuição da extração de matéria-
prima e do consumo de água e energia.
Diminuição do risco de contaminantes
perigosos no solo e água. Diminuição
de emissão de gases gerados nos
processos produtivos.
Geração de composto com nutrientes
agrícolas - tratamento de chorume
produzido, diminuindo o risco de
contaminação da água e do solo.
Tratamento biodigestão,
compostagem, etc.
Reutilização, reciclagem,
integração com processo
produtivo
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População
Antes: não separação do lixo reciclável nas residências; falta de
informação; falhas no atendimento da coleta municipal; pouca reivindicação
junto às autoridades.
Depois: consumidor fará separação mais criteriosa nas residências;
campanhas educativas mobilizarão moradores; coleta seletiva melhorará para
recolher mais resíduos; cidadão exercerá seus direitos junto aos governantes.
Poder público
Antes: falta de prioridade para coleta adequada de resíduos sólidos;
existência de lixões na maioria dos municípios; resíduo orgânico sem
aproveitamento; coleta seletiva cara e ineficiente.
Depois: municípios farão plano de metas sobre resíduos com a
participação de catadores; os lixões precisam ser erradicados em quatro
anos; prefeituras passam a fazer a compostagem; é obrigatório controlar
custos e medir a qualidade dos serviços.
Conheça o que muda com a lei, antes e depois.
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Catadores
Antes: exploração por atravessadores e riscos à saúde; informalidade;
problemas de qualidade e quantidade dos materiais; falta de qualificação e
visão de mercado.
Depois: catadores reduzem riscos à saúde e aumentam renda em
cooperativas; cooperativas são contratadas pelos municípios para coleta e
reciclagem; aumenta a quantidade e melhora a qualidade da matéria-prima
reciclada; trabalhadores são treinados e capacitados para ampliar a produção.
Empresas
Antes: inexistência de lei nacional para nortear os investimentos
das empresas; falta de incentivos financeiros; baixo retorno de produtos
eletroeletrônicos pós-consumo; desperdício econômico sem a reciclagem.
Depois: marco legal estimulará ações empresariais; novos instrumentos
financeiros impulsionarão a reciclagem; mais produtos retornarão à indústria
após o uso pelo consumidor; reciclagem avançará e gerará mais negócios com
impacto na geração de renda.
Para que estas mudanças ocorram, é necessário que toda a sociedade
esteja envolvida no processo de construção e implantação de novas
soluções para o descarte dos Resíduos Sólidos Urbanos. Portanto,
a população precisa enfrentar o desafio de incorporar uma nova
postura de consumo e descarte dos materiais, as empresas precisam
estruturar a logística reversa dos materiais produzidos, os municípios
devem desenvolver seus aterros com qualidade e eficiência, além
de ampliar a atenção e a responsabilidade social quanto ao trabalho
realizado pelos catadores.
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Contexto Zona Oeste
A poluição hídrica e a degradação ambiental são responsáveis por
numerosos impactos negativos na qualidade de vida da Zona Oeste.
A pesca artesanal e o turismo, por exemplo, importantes atividades
econômicas de Sepetiba e Guaratiba até a década de 70, passaram
por um processo de decadência que atingiu moradores, pescadores
e comerciantes da região.
A partir da década de 60, são implantados distritos industriais nas
regiões de Campo Grande e Santa Cruz, gerando resíduos industriais
lançados no ambiente sem tratamento, o que contribuiu ainda mais
para a degradação ambiental da região.
Segundo dados do IBGE, do censo de 1991 a 2000, isto é, em menos
de dez anos, houve um aumento de 46% em novas habitações em
Campo Grande, Guaratiba e Santa Cruz.
Um estudo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro mostra que
várias espécies da Baía de Sepetiba foram contaminadas por metais
pesados,comocádmio,chumboealumínio,colocandoasobrevivência
da vida marinha em risco, assim como a saúde daqueles que dela
dependem para sobreviver.
A crescente poluição da Baía de Sepetiba provocou o contínuo
desaparecimento de peixes como pescadinha, robalo e tainha.
Pescadores presenciaram o declínio da biodiversidade e, como
consequência, viram-se obrigados a buscar outras atividades para
garantia do seu sustento. Segundo o pescador Ivo Soares: “quando o
pescador não consegue nada no mar, ele vira peão de obra. É ótimo
para as empresas, mas tirar um pescador do mar é como tirar um
peixe de dentro da água. “
Outro setor produtivo atingido pela poluição da região de Guaratiba,
foi a rede de bares e restaurantes que recebia turistas e clientes
atraídos pelas belezas e pelos frutos do mar. Houve desvalorização
e esvaziamento da área; muitos restaurantes fecharam as portas,
impactando não só os pescadores mas toda a economia local, que
dependia do pescado e do turismo.
Outras regiões da Zona Oeste também têm sido afetadas por
impactos ambientais. Anualmente, nas estações chuvosas, casos
graves de deslizamentos e inundações vêm afetando os moradores
dos bairros de Campo Grande, Realengo e Santa Cruz, causando
perda de vidas e bens materiais. Tais ocorrências são causadas
principalmente pela ocupação territorial desordenada do espaço
urbano, pela construção de moradias em áreas alagáveis, em
margens de rios e pela impermeabilização do solo.
No período de chuvas, além do aumento natural do volume de água,
as inundações são agravadas pelo despejo inadequado de todo o tipo
de resíduos - dejetos humanos, restos de alimentos, embalagens,
plástico, madeira, alumínio e vidro - nos cursos d´água.
Por isso, a relação direta entre os recursos hídricos e os resíduos
sólidos são temas prioritários para o desenvolvimento econômico,
social e ambiental da sua região.
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R
R
RPara promover a despoluição dos rios, diminuir a geração de resíduos e melhorar
o controle sanitário, é necessário trazer para si a responsabilidade de fazer o
descarte correto dos resíduos e divulgar na sua comunidade os conhecimentos
relacionados a essa mudança de postura.
Você já ouviu falar dos 3 R’s?
Reduza
● Diminua o consumo de produtos embalados, compre a granel e use
sacolas de tecido.
● Vá pelo menos uma vez por semana ao mercado e compre somente o
necessário, liste as coisas que são realmente necessárias.
Reutilize
● Transforme coisas velhas em novas com um pouco de criatividade e
materiais que tem em casa.
● Escolha produtos com embalagens retornáveis.
Recicle
● Separar o lixo para coleta seletiva diminui a poluição do solo.
● Incluir as lixeiras de coleta seletiva e explicar como se faz a separação.
Qual é o seu papel?
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INICIATIVAS
Afinal, todos os caminhos levam aos rios. Por isso, eles precisam ser preservados e bem cuidados. Para inspirar a atitude cidadã, aqui vão
alguns dos projetos sobre a diminuição de impacto ambiental, controle e gestão de resíduos sólidos.
PROGRAMA RECICLA RIO - Desde 2010, o programa busca valorizar a gestão dos resíduos e fortalecer as parcerias locais entre agentes
públicos, privados e comunitários. Com isso, os participantes cuidarão para manter um ambiente equilibrado e saudável, e também valorizar
a cadeia produtiva da reciclagem do Estado do Rio de Janeiro.
Para saber mais acesse: http://www.rj.gov.br/web/sea/exibeConteudo?article-id=574909
COLETA SELETIVA SOLIDÁRIA - Promove a implantação de programas municipais de coletiva seletiva, por meio do planejamento
participativo e da educação ambiental. Como as conquistas são feitas em conjunto, para que a coleta seletiva se torne realidade é preciso
valorizar, incluir e trabalhar junto com os catadores e catadoras de materiais recicláveis.
Para saber mais acesse: http://www.coletaseletivasolidaria.com.br/
Pratique a reciclagem, sempre!
Referência Bibliográfica
Universidade Estadual do Norte Fluminense http://www.uenf.br/uenf/centros/cct/qambiental/ag_tipoluicao.html)
http://www.infoescola.com/ecologia/definicao-de-residuos-solidos/
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Capitulo i I iCapitulo i I i
i
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Saúdee
meioambiente
O planeta está doente! O processo desordenado de crescimento
populacional e a migração das pessoas das áreas rurais para as áreas
urbanas geraram numerosos problemas de insuficiência dos serviços
básicos de saneamento. E, desta forma, trouxeram grandes impactos
à saúde da população que vive em ambiente urbano.
Segundo o relatório das Nações Unidas, cerca de 10% do total de
doenças ao redor do mundo poderia ser prevenidos por meio de
aprimoramentos nos serviços de manutenção do meio ambiente
relacionados à água potável, ao saneamento e à recuperação de áreas
degradadas.
Por isso, iremos refletir, neste tópico, sobre as relações entre meio
ambiente, recursos hídricos e saúde humana. Vamos abordar o
contexto histórico e o desenvolvimento da relação da saúde com o
meio ambiente, os riscos decorrentes da utilização de água poluída e a
sua relação direta com a qualidade de vida da população.
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Historicamente, a busca por água foi determinante para a
sobrevivência humana e para o desenvolvimento das civilizações, e
fundamental em alguns aspectos como a agricultura, o transporte e o
consumo humano, garantindo assim saúde e a manutenção da vida.
A disponibilidade abundante de água foi fundamental para que
as antigas sociedades nômades pudessem se fixar em uma
determinada região. Esta nova forma de ocupação do território só
foi possível com a domesticação da água, ou seja, o aprimoramento
de técnicas de armazenamento para consumo e desenvolvimento
da agricultura, pois permitia a irrigação das plantações. Por
isso, a disponibilidade de água foi um dos principais fatores de
desenvolvimento das grandes civilizações.
O crescimento populacional, em sociedades que se fixaram em um
determinado território, trouxe novos desafios para a manutenção da
qualidade da vida humana, principalmente aqueles relacionados
à saúde. Por exemplo, o acúmulo de resíduos e rejeitos nas ruas
e casas - fezes humanas e de animais, teve grande relevância ao
gerar novas necessidades de adequação da sociedade.
Ao longo da história, cada uma das civilizações desenvolveu
diferentes técnicas para irrigação de plantações, abastecimento de
água e afastamento dos rejeitos. Mas a criação de estratégias para
solucionar os problemas sanitários dependia do nível de evolução
social e tecnológica das sociedades.
Na antiga sociedade egípcia, a higiene tinha papel fundamental
e, por isso, foram desenvolvidos sistemas de drenagem e eram
comuns as casa de banho.
Na Índia, por exemplo, foram descobertas ruínas de uma civilização
que existiu a cerca de 4.000 anos, onde foram encontrados
banheiros, redes de esgoto nas construções e drenagem nas ruas.
Contexto histórico
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Mas, assim como aconteceram evoluções nos processos de
saneamento e nas práticas de higiene das populações, também
ocorreram retrocessos, pois os avanços tecnológicos caíam em
desuso juntamente com a queda das civilizações que os criaram.
Durante a Idade Média, segundo Guimarães, Carvalho e Silva:
“Embora as civilizações antigas tenham desenvolvido
vários tipos de sistemas hidráulicos, a sociedade
medieval parece ter abandonado esses conhecimentos.
O abastecimento de água do período era irrisório, e
a falta de locais para coletar o líquido usado causava
graves problemas: as tinturarias e curtumes instalavam-
se nas margens dos rios, poluindo-os; como não havia
esgotos, cada família jogava seus detritos nas ruas,
onde permaneciam até que a chuva os levasse; e as
nascentes e os poços eram muitas vezes contaminados
pela água suja.”
curiosidade
graves problemas: as tinturarias e curtumes instalavam-
onde permaneciam até que a chuva os levasse; e as
nascentes e os poços eram muitas vezes contaminados
Em 1789, havia no Rio de Janeiro apenas quatro
médicos.
Somente a partir de 1857, com a criação
do microscópio, Louis Pasteur e outros
cientistas descobrem que doenças
infecciosas eram causadas por micro-
organismos patogênicos. Essa
descoberta revolucionou a medicina
e criou novos campos da ciência,
como: microbiologia, bacteriologia,
a micologia, a parasitologia, a
virologia e a imunologia.
Sem água
não há saúde!
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59
Este mesmo cenário também aconteceu no Brasil colonial,
pois devido à falta de desenvolvimento tecnológico e de
infraestrutura ocorreram inúmeras doenças e mortes
de milhares pessoas neste período. Algumas delas
relacionadas diretamente ao uso de água poluída
e sem tratamento.
A saúde só começou a entrar na pauta dos
interesses públicos e privados a partir
de 1808, com a chegada da família real
portuguesa ao Brasil e a fundação do
“Império Ultramarino”. O então governo
instituiu medidas de controle sanitário,
regulação de produtos de consumo,
cuidados com a água e saneamento, combate à
propagação de doenças epidêmicas, como também
a admissão de profissionais de saúde. Muitos desses avanços
estavam relacionados com a tentativa de exterminar epidemias.
As medidas eram deterministas e não preventivas, como se busca
atualmente. Deste momento em diante, podemos destacar relevantes
marcos para a saúde humana e ambiental, bem como a diminuição da
taxa de mortalidade no Brasil.
No ocidente, foi somente no século XIX que o progresso científico permitiu
a descoberta de micro-organismos nocivos em águas contaminadas
e passou-se a compreender a relação do uso de água poluída com a
propagação de graves epidemias, como a cólera e a febre tifoide. Desta
forma, o avanço científico demonstrou e disseminou a importância da
água limpa para a saúde e a qualidade de vida.
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LINHA DO TEMPO
DA SAÚDE NO BRASIL
A chegada da família real
portuguesa traz também
medidas de controle
sanitário, cuidados com
a água, saneamento e
combate à propagação de
doenças epidêmicas.
Criação do Código de Posturas
da Câmara Municipal do Rio de
Janeiro: regulamento sanitário,
apelidado de “código de torturas”.
O Código estabelece medidas
sanitárias, como normas para
cemitérios e para a venda de
alimentos, e torna obrigatória
a vacinação infantil contra a
varíola. A obrigatoriedade da
vacina foi mal recebida pela
população, que, sem informação,
acreditava que a vacinação podia
até causar a morte.
Grande epidemia de febre
amarela atinge todo o país,
principalmente o Rio de
Janeiro. Após este surto
a febre amarela torna-
se comum em todo país,
atingindo constantemente
algumas regiões. Mas,
naquela época, até mesmo
os médicos não sabiam que
a doença era transmitida
pela picada do mosquito
Aedes aegypti.
Primeira epidemia de cólera
atinge o país; causada por
uma bactéria intestinal, o
vibrião colérico, ou Vibrio
cholerae, estima-se que
esta epidemia tenha
vitimado duzentas mil
pessoas, especialmente
entre os mais pobres.
A água contaminada
é a principal forma de
veiculação da doença.
A instituição da Polícia
Sanitária comandada por
Oswaldo Cruz adota práticas
“militares” no combate à
epidemia, com a imposição
de medidas de vigilância
e higiene. As brigadas
mata-mosquitos tinham
poder de polícia e podiam
invadir e isolar residências
suspeitas de abrigarem
focos de mosquito. Apesar
da descrença de outros
médicos quanto ao fato de
ser o mosquito o transmissor
da doença, o número de
casos caiu.
1808
1832 1850 1855
1889
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61
Nomeação de Oswaldo Cruz
como diretor geral de saúde
pública. Oswaldo Cruz teve
papel essencial nas reformas
sanitaristas, no final do século
XIX e início do século XX no
Brasil. Combateu primeiramente
a febre amarela com as
brigadas mata-mosquitos. Em
seguida, atuou no ataque à
peste bubônica promovendo a
desratização da cidade, criando
uma campanha em que o
governo pagava à população
por ratos mortos. Enfrentou
ainda a varíola com a vacinação
obrigatória. Apesar da sua
importante contribuição para o
avanço da vigilância sanitária,
a forma autoritária com que
Oswaldo Cruz impôs medidas
para o controle de doenças foi,
à época, muito criticada pela
população.
A Revolta da Vacina: a
população revolta-se contra
as medidas autoritárias
do governo, como as
medidas de higienização
e vigilância sanitária e a
vacinação obrigatória. Tais
medidas eram conhecidas
por seus opositores como
“despotismo sanitário”. Ao
longo de duas semanas, o
Rio de Janeiro transformou-
se em um campo de batalha;
barricadas populares foram
armadas por toda a cidade
para reprimir o levante
popular, cerca de trinta
pessoas foram mortas e
centenas enviadas para a
prisão e o exílio no Acre.
Reforma Carlos Chagas e
a criação do Departamento
Nacional de Saúde Pública.
Carlos Chagas: médico
sanitarista e pesquisador
responsável pela descoberta
do protozoário Trypanosoma
cruzi, transmissor da doença
de Chagas.
Criação do Ministério
da Saúde no Rio de
Janeiro: tinha como
atribuição realizar a
vigilância sanitária devido
à contaminação de águas
que, por sua vez, afetava
a saúde da população.
Além disto, tinha com foco
o combate da malária, da
doença de Chagas, da
peste bubônica e da febre
amarela.
Carta de Goiânia,
considerada como um
divisor de águas em termos
de política sanitária no
país: documento criado
no Encontro de Vigilância
Sanitária de Goiás, que
reivindicava a definição de
uma Política Nacional de
Vigilância Sanitária como
parte da Política Nacional de
Saúde.
A partir desse período,
o governo federal e as
principais instituições
envolvidas nas questões de
saúde e vigilância sanitária
passaram a entender que
as medidas preventivas
eram mais eficazes do
que o simples combate às
epidemias. Passaram a
contribuir para a prevenção,
por meio de medidas
educativas para a saúde,
incentivo às pesquisas sobre
o combate às endemias
e epidemias, bem como o
início da compreensão da
relação do ambiente com a
saúde humana e animal.
1902
1904
1920
1953
1985
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62
Os problemas epidêmicos de saúde só existem quando o ambiente
não está em equilíbrio, ou seja, poluído. Quando as águas de um
riacho que atravessa uma comunidade estão contaminadas, podem
ocasionar problemas graves de saúde aos habitantes como, por
exemplo, doenças por parasitas, vírus e bactérias.
Além da água, o descarte inadequado de resíduos também pode
gerar doenças, mau cheiro e um ambiente desagradável para viver.
A relação da água com a saúde
8033 10das doenças.das mortes. da perda média do
tempo de trabalho
de cada pessoa.
Utilizar água contaminada para lavar alimentos, beber ou tomar
banho pode gerar graves riscos à saúde. Quatro entre cinco doenças
comuns nos países em desenvolvimento são causadas por água
poluída ou por falta de saneamento básico, e tais doenças provocam,
nesses países, em média, 25 mil mortes por dia, sendo 60% delas
de crianças.
%% %
Em países em desenvolvimento a água de má qualidade é responsavél por:
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63
7
Segundo relatório da
Organização das Nações
Unidas,aprevençãocontra
doenças relacionadas ao
saneamento básico e à
água poderia economizar
cerca de
bilhões de
dolares por ano em
gastos com os sistemas
de saúde. E o valor das
mortes evitadas, com
base em um rendimento
futuro com descontos,
acrescentaria outros US$
3.6 bilhões por ano.
(Hutton et al., 2007)
Quais são os cuidados e os tipos de doenças
relacionadas à água poluída?
Para auxiliar, informar, educar e, sobretudo, proteger a população sobre
como tornar o ambiente onde vive mais sadio e que ofereça menos riscos
à saúde individual e coletiva, os técnicos em saúde ambiental atuam
diretamente no controle sanitário, cabendo-lhes detectar, prevenir e
corrigir riscos ambientais para a saúde, atuais e potenciais, que possam
ser originados por:
Fenômenos naturais ou por atividade humana.
Crescimento desordenado dos aglomerados populacionais.
Mau funcionamento de serviços, estabelecimentos e locais de
utilização pública.
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64
Confira abaixo as principais doenças relacionadas à água poluída
Parasitas
Esquistossomose: o contágio se dá por meio do contato com águas
que contêm larvas provenientes do caramujo hospedeiro.
Ascaridíase: o contágio se dá por meio do consumo de água que
contém o parasito Ascaris lumbricoides.
Giardíase: o contágio se dá através do consumo de água que contém
o parasito Giardia lamblya.
Vírus
Hepatite viral tipo A e poliomielite: O contágio se dá pelo contato -
consumo ou banho - com água contendo urina e fezes humanas.
Bactérias
Meningoencefalite: o contágio se dá pelo contato - consumo ou
banho - com águas contaminadas.
Cólera: o contágio se dá pelo consumo de água contaminada por
fezes ou vômito de algum indivíduo contaminado.
Leptospirose: é uma infecção aguda causada por uma bactéria do
gênero Leptospira. O contágio ocorre principalmente pelo contato
dos seres humanos com água contaminada pela urina de ratos
infectados. Os sintomas são diarreia, náuseas, calafrios, febre alta,
desidratação, manchas no corpo.
Febre tifoide: o contágio se dá pela ingestão de água ou alimentos
contaminados - a contaminação de alimentos ocorre ao serem
lavados em água contaminada.
Para evitar o contágio de doenças relacionadas ao uso de água contaminada deve-se estar atento
às medidas de higiene, como: ferver a água antes de consumir, lavar os alimentos, vacinar os
animais, fechar bem a lixeira e a caixa d’água. Outra medida importante é evitar o contato com
águas de enchentes, devido ao risco de contaminação por leptospirose.
Destaque
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65
Para cada R$ 1,00 (um real) que se investe
em saneamento básico economiza-se
R$ 4,00 (quatro reais) em saúde
pública.
Qual é o seu papel?
Veja algumas medidas importantes que você pode tomar para melhorar a qualidade da água
na sua casa. É possível purificar a água de várias maneiras:
1) Utilize um filtro para purificar a água antes de bebê-la. Os filtros de barro são mais
econômicos e altamente eficazes. Mas lembre-se de lavar e/ou trocar a vela do filtro
periodicamente.
2) Ferva a água: ferver a água por 15 minutos matará 99% dos organismos vivos e
também removerá grande parte dos compostos químicos presentes na água. Com
uma simples panela no fogão, você elimina bactérias e obtêm uma água segura para o
consumo.
3) Use tabletes químicos de iodo ou cloro para purificação: ao utilizar tabletes químicos,
é necessário colocar a medida exata de acordo com as instruções do produto. Matam as
bactérias, mas alteram o sabor da água.
4) Limpe a caixa d’água da sua casa. A limpeza deve ser feita a cada seis meses; utilize
apenas água sanitária, nunca use sabão. A caixa d’água deve ficar bem fechada, para
que não entrem sujeira e insetos, principalmente o mosquito da dengue.
Fique atento!
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66
Quer buscar mais informações sobre a atuação dos profissionais da Saúde Ambiental e também artigos
acadêmicos, filmes ou revistas sobre o tema?
Visite os seguintes endereços
FIOCRUZ: <https://portal.fiocruz.br/>
MINISTÉRIO DA SAÚDE: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/videos/video/0>
ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE: <http://www.paho.org/bra/>
WATER AID: <http://www.wateraid.org/uk>
Doenças endêmicas: são consideradas endêmicas as
doenças localizadas em uma determinada região, em um espaço
limitado, chamado de “faixa endêmica”. Ou seja, endemia está
relacionada a uma doença localizada, de causa local. Exemplo: a
malária na Amazônia Legal Brasileira.
GLOSSÁRIO
Doenças epidêmicas: são consideradas epidêmicas as
doenças infecciosas e transmissíveis em uma comunidade ou região.
A sua principal característica é o potencial de proliferação acelerada
entre as pessoas de outras regiões, originando um surto epidêmico.
Exemplo: gripe aviária.
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67
FABER, Marcos. A importância dos rios para as primeiras civilizações. Coleção História Ilustrada, v. 2.
GUIMARÃES; CARVALHO e SILVA. Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/deng/leonardo/downloads/APOSTILA/Apostila%20IT%20
179/Cap%201.pdf>
<http://www.aprendebrasil.com.br/especiais/revoltadavacina/epidemias.asp>
KODAMA, Kaori. Os impactos da epidemia de cólera no Rio de Janeiro (1855-56) na população escrava: considerações sobre a mortalidade
através dos registros da Santa Casa de Misericórdia. Casa de Oswaldo Cruz – FIOCRUZ. Disponível em:
<http://www.escravidaoeliberdade.com.br/site/images/Textos5/kodama%20kaori.pdf>
MATTOS, R.A. Os sentidos da integralidade: algumas reflexões acerca de valores que merecem ser defendidos. In: Pinheiro, R & Mattos. R.A.
MORAES, Ismar Araujo de. A história da saúde pública/vigilância sanitária no Brasil. Disponível em: <http://www.proac.uff.br/visa/sites/default/
files/historia.pdf>
SCLIAR Moacir. O Rio de Janeiro em pé de guerra. Disponível em <http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/o_rio_de_janeiro_em_pe_
de_guerra_imprimir.html >
UFJF – apostila de microbiologia. Prof. Dra. Vânia Lúcia da Silva.
Sites:
Como purificar a água:
<http://pt.wikihow.com/Purificar-%C3%81gua>
Sobre leptospirose:
<http://drauziovarella.com.br/letras/l/leptospirose/>
Referência Bibliográfica
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68
Capitulo i VCapitulo i V
i
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69
Saneamento
básico
Neste tópico, abordaremos os conhecimentos relativos às dimensões do
saneamento básico e suas relações históricas com o desenvolvimento
urbano e o da civilização moderna, além de apresentar de forma
detalhada o funcionamento de uma estação de tratamento do esgoto
(ETE).
A origem do conceito “saneamento básico” vem da palavra sanear – do
latim sanu: curar, sanar, sarar, consertar, reparar, solucionar. Portanto,
saneamento é o conjunto de medidas para preservar as condições do
meio ambiente, assegurar a higiene, prevenir doenças e melhorar as
condições de saúde.
A estrutura do saneamento básico é composta por um conjunto de
serviços, infraestruturas e instalações operacionais: abastecimento
de água potável; manejo de água pluvial; coleta e tratamento de
esgoto; limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.
Por isso, vamos entender por que a falta de saneamento pode gerar
a contaminação da água e do solo e, como consequência, transmitir
doenças aos seres humanos.
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70
Vamos reFLetir
Que serviços constituem o saneamento
básico, em sua opinião? Qual a importância do
saneamento para a melhoria da qualidade de
vida na sua comunidade?
limpeza urbana
e manejo dos sólidos
Estação de abastecimento
de água potável
Estação de Tratamento
esgoto sanitário
drenagem e manejo de águas pluviais urbanas
ralo ou boca de lobo
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71
As civilizações antigas, em função das condições de vida,
preocupavam-se mais com ações de natureza sanitária relativas ao
suprimento de água e à disposição dos rios. Com o desenvolvimento
das sociedades, a urbanização e o adensamento populacional
promoveram um grande aumento na geração de rejeitos líquidos e
sólidos, assim como na impermeabilização dos solos, fatores esses
que resultaram em novas situações de perigo à saúde humana e a
exigir a criação de sistemas de esgotamento sanitário.
A forma como as sociedades têm percebido a relação saúde/doença
e lidado com sua prática sanitária e hábitos de higiene nunca foi
estática e, por isso, tem sofrido mudanças ao longo da história.
Na antiga civilização romana, por exemplo, não havia banheiro
dentro das casas, mas as pessoas tinham o hábito de frequentar
casas de banho e banheiros públicos. As latrinas coletivas eram
esculpidas em pedra e dispostas lado a lado, com um canal de água
corrente que constantemente levava os dejetos para os rios. Nestes
banheiros públicos, as pessoas se reuniam para discutir e debater.
Na Idade Média, com a ascensão do cristianismo, das ideias de
pecado e de renúncia ao prazer, o corpo passou a ser considerado
instrumento para o pecado, e os cuidados com ele passaram a ser
malvistos. Assim, as casas de banho e banheiros públicos coletivos
caíram em completo desuso. Banhos eram esporádicos, e penicos
eram usados para eliminar fezes e urina, que eram esvaziados
jogando os dejetos pelas janelas.
Não foi diferente durante o Período Colonial, no Brasil, pois
nos antigos casarões não havia encanamentos e banheiros.
A prática do banho era eventual e, quando realizada, se dava
dentro dos quartos, com auxílio de jarras, bacias e sabão de
cinzas. E era também dentro dos quartos que se usavam os
urinóis, uma espécie de penico. Tampouco havia coleta do
lixo ou redes de esgoto nas cidades, por isso os dejetos eram
recolhidos em grandes tambores para serem jogados nos rios
pelos escravos.
Contexto histórico
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72
De acordo com o Professor Carlos Fernandes, da UFCG, foi em 1596 que o
inglês John Harrington, “entrou para a história do saneamento quando idealizou
e convenceu sua protetora, a Rainha Elizabeth I, a instalar no palácio, um recinto
interno e fechado com vaso cloacal, a primeira latrina”.
O sistema do vaso sanitário foi desenvolvido e criado no final do século XVI, porém
só passou a ser difundido nas cidades europeias dois séculos depois, com o advento
da Revolução Industrial e a produção em larga escala. O crescimento demográfico
e a formação das cidades modernas exigiram novas soluções para o descarte dos
rejeitos humanos das casas; com isso, criou-se um sistema de encanamentos. Foi
neste contexto que o engenheiro inglês Joseph Bramah criou a bacia sanitária com
descarga hídrica, possibilitando que os dejetos fossem afastados por sucção.
Já parou para pensar que se não fossem o vaso sanitário e o sistema de
encanamentos, o mundo não teria avançado?
Desenho original do sistema criado por John Harrington
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73
O grande fedor de Londres
No século XIX, com a concentração cada vez maior de
pessoas nos espaços urbanos e a ampla difusão da descarga,
grandes quantidades de dejetos sem tratamento foram sendo
descartados no rio Tâmisa, o mais importante afluente de
Londres, na Inglaterra.
Em 1858, ocorreu o episódio que ficou conhecido como o
Grande Fedor de Londres, pois o forte mau cheiro exalado
pelo rio Tâmisa em um dia de verão fez com que o parlamento
fechasse.Após décadas de descartes inadequados, o rio estava
extremamente poluído, e já não havia mais fauna - peixes, aves,
etc.
Nesse período, o rio Tâmisa era considerado o rio mais sujo
da Europa. Em 1869, a situação começou a mudar, pois foi
construída a primeira usina de filtragem, e o rio, pela primeira
vez, passou por um processo de despoluição.
Quase um século depois, o rio se encontrava novamente
com níveis de poluição altíssimos e um novo processo de
despoluição teve início. A partir de 1964, ao longo de uma
década, foi construído um sistema de estações de tratamento
de esgoto que removeu e tratou quase a totalidade dos esgotos
lançados no rio. Com isso, a fauna voltou e até hoje se observa
peixes e aves em toda a extensão do rio Tâmisa.
Com a criação da Estação de Tratamento de Esgoto do Rio
de Janeiro, em 1860, a capital do Império, o Rio de Janeiro,
tornou-se a quinta cidade do mundo a possuir uma estação de
tratamento de esgotos.
A chaminé da Estação de Tratamento de Esgoto (Cia. City Improvements) que começou
a funcionar, esta no bairro da Glória, no Rio de Janeiro, nas década de 1860 e jogava o
esgoto no mar depois de “tratado” com a tecnologia da época.
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Saneamento é saúde
Tem-se notícia de que existiam coletores de esgoto em Nippur (Babilônia)
desde 3.750 A.C.
O primeiro sistema público de abastecimento de água, o aqueduto de
Jerwan, foi construído na Assíria em 691 A.C.
São provenientes do antigo Egito, datados de 3.000 a.C., os primeiros
registros do ato de se banhar individualmente. Os egípcios realizavam
rituais sagrados na água e tomavam ao menos três banhos por dia,
dedicados a divindades. Os banhos frequentes não eram apenas pela
higiene, os egipcios acreditavam que a água purificava a alma.
Atualmente, a busca por saneamento básico para todos - universalização
do saneamento básico - insere-se na conquista por direitos humanos, já
que ter saneamento básico significa promover a saúde pública preventiva,
diminuir os índices de mortalidade infantil, aumentar a expectativa e
qualidade de vida das pessoas.
É importante recordar que o saneamento básico compreende os seguintes
serviços: abastecimento de água potável; manejo de água pluvial;
coleta e tratamento de esgoto; limpeza urbana e manejo de resíduos
sólidos.
Ainda hoje o “banheiro” não está acessível para toda a população
mundial. Inclusive no Brasil, segundo PNAD (2012), em 2012, 1,5 milhões
de domicílios não tinham nenhum tipo de esgotamento sanitário, como
banheiro ou sanitário. Dados do Ministério das Cidades mostram que, no
país, a distribuição de água potável alcança apenas 81% da população
e apenas 46,2% dos brasileiros têm todos os serviços de saneamento
básico. Outro dado preocupante é referente ao esgoto, onde do total do
esgoto gerado no país, apenas 37,9% recebem algum tipo de tratamento.
“Saneamento ambiental – série de
medidas destinadas a controlar, reduzir
ou eliminar a contaminação do
ambiente para garantir melhor
qualidade de vida para os seres
vivos, e especialmente para
o homem.”
(Saneamento. In:
GLOSSÁRIO DE
ECOLOGIA,
1997)
caderno FOZ.indd 74 16-Oct-14 10:51:06 AM
75
Para compreender o contexto atual, precisamos conhecer a Lei no
11.445, de 2007, que estabelece o direito ao saneamento básico a
todos os brasileiros, ao mesmo tempo que estabelece as diretrizes
nacionais para a política federal de saneamento básico.
Agora, vamos conhecer os quatro eixos do saneamento básico:
Conheça os serviços e
infraestruturas do saneamento básico
estação de tratamento
de água
estação de tratamento
de esgoto
ralo ou boca
de lobo
1) Abastecimento de água
potável: constituído pelas
atividades, infraestruturas e instalações
necessárias ao abastecimento público
de água potável, desde a captação,
tratamento, até as ligações prediais e
respectivos instrumentos de medição.
2) Esgotamento sanitário:
realizado a partir de três ações - coleta,
afastamento e tratamento antes da
devolução do esgoto tratada para
o meio ambiente. Constituído pelas
atividades, infraestruturas e instalações
operacionais de coleta, transporte,
tratamento e disposição final adequados
dos esgotos sanitários, desde as
ligações prediais até o seu lançamento
final no meio ambiente.
3) Limpeza urbana e manejo
de resíduos sólidos: conjunto
de atividades, infraestruturas e
instalações operacionais de coleta,
transporte, transbordo, tratamento e
destino final do lixo doméstico e do
lixo originário da varrição e limpeza
de logradouros e vias públicas.
4) Drenagem e manejo das
águas pluviais urbanas:
conjunto de atividades, infraestruturas
e instalações operacionais de
drenagem urbana de águas pluviais,
de transporte, detenção ou retenção
para o amortecimento de vazões de
cheias, tratamento e disposição final
das águas pluviais drenadas nas
áreas urbanas.
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Como vimos, um dos serviços que compõem o saneamento básico é o
de coleta e tratamento do esgoto.
O volume de esgoto produzido aumenta proporcionalmente ao
crescimento populacional, pois quanto maior a quantidade de água
consumida, maior o volume de esgoto gerado. A água utilizada na
escovação de dentes, no banho e no acionamento da descarga, por
exemplo, vai para o esgoto.
Destaque: Cerca de 80% do total da água consumida numa
residência vai para o esgoto.
O consumo de água e
a geração de esgoto
O esgoto, então, nada mais é do que água “usada”. Nessa
água estão presentes diversos agentes poluentes, como:
sólidos, micro-organismos patogênicos, sabão, dentre outros.
A presença de matéria orgânica - como as fezes humanas - é
um importante elemento contaminante da água.
Assim, pode-se afirmar que, atualmente, um dos principais
problemas de poluição hídrica nos grandes centros urbanos é
o despejo de esgoto sem tratamento nos rios e riachos. Essa
grande carga de matéria orgânica descartada provoca a redução
da quantidade de oxigênio dissolvido na água, causando forte
desequilíbrio nesses ecossistemas e dificultando o processo
natural de depuração desse recurso. Por isso, a importância
e urgência de coletar, transportar e tratar adequadamente os
dejetos gerados pelas atividades humanas nos ambientes
urbanos.
Dessa forma, é imprescindível refletirmos e agirmos sobre a
situação atual, uma vez que mais de 60% dos esgotos produzidos
hoje no país não recebem nenhum tipo de tratamento. E, sem
tratamento e destinação adequados, contaminam o solo e
as águas superficiais e subterrâneas, transformando-os em
agentes de disseminação de doenças.
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77
É a ação ou processo de tornar pura, ou pelo menos utilizável, a água poluída. Inclui
a depuração das águas destinadas à alimentação, às indústrias e dos esgotos.
A depuração das águas destinadas ao consumo doméstico pode ser feita por
simples ebulição ou filtração, a depender do estado da água.
Empregam-se também processos químicos como, por exemplo, tratar a água com
ozônio ou pela utilização do hipoclorito de cálcio. As águas dos esgotos devem
ser depuradas antes de serem lançadas nos cursos d’água ou no mar, o mesmo
devendo acontecer com as águas utilizadas na indústria e com as águas residuais
das tinturarias, da criação de gado, das saboarias, etc., para eliminar ou minimizar
o efeito dos poluentes.
(Depuração das águas. In: Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014.
[Consult. 2014-09-04]. Disponível em: <URL: http://www.infopedia.pt/$depuracao-
das-aguas>.)
Depuração das águas
caderno FOZ.indd 77 16-Oct-14 10:51:09 AM
78
Como vimos anteriormente, o sistema de esgotamento sanitário é o conjunto de obras e instalações que tem como objetivos a
coleta, o afastamento, o tratamento e a disposição adequada dos esgotos tratados.
Existem diferentes formas de realizar o tratamento do esgoto de acordo com o grau de remoção de poluentes que se deseja
alcançar, podendo ser: preliminar, primário, secundário e terciário.
A depender do grau de remoção de poluentes, o tratamento pode retirar da água as seguintes impurezas:
Como funciona o sistema de
esgotamento sanitário?
Sólidos em suspensão.
Matéria orgânica.
Nutrientes.
Organismos patogênicos
(patogênicos são os organismos capazes de causar doenças).
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79
Como ocorre este processo?
O sistema de esgotamento sanitário pode ser desenvolvido de forma
individual ou coletiva. Em cidades densamente povoadas, o sistema
coletivo é o mais utilizado, por meio da construção de Estações de
Tratamento de Esgoto (ETE) conectadas à rede de esgoto.
Etapas do Sistema de Esgotamento Sanitário:
1 - Saída do esgoto das residências: para que o tratamento do
esgoto aconteça é necessário que a residência esteja conectada a uma
rede de esgoto.
2 - Afastamento: as tubulações são responsáveis pelo escoamento
do esgoto até a estação de tratamento (ETE). Quando não existe
energia gravitacional (declividade no terreno) suficiente para levar o
esgoto às ETE, são construídas estações elevatórias que bombeiam o
esgoto para áreas mais altas recuperando nível para dar continuidade
ao escoamento do esgoto. Ou seja, a elevatória é necessária quando
o terreno não tem uma variação de declividade que acompanha a
declividade da rede, necessária porque o esgoto flui do nível mais alto
para o mais baixo, aprofundando a rede à medida que a rede vai se
estendendo
estação elevatória
ralo
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caderno FOZ - 73

  • 1. Foz Águas 5 CADERNO PEDAGÓGICO nas escolas versão piloto caderno FOZ.indd 1 16-Oct-14 10:50:21 AM
  • 2. caderno FOZ.indd 2 16-Oct-14 10:50:22 AM
  • 3. 3 Apresentação O Projeto Foz Águas 5 nas Escolas é fruto de dois anos de pesquisas e diagnósticos sobre as características sociais, econômicas, culturais, territoriais, vocacionais e comportamentais de 21 bairros da Zona Oeste do Rio de Janeiro, local denominado na administração pública municipal como Área de Planejamento 5 - AP5. Desde 2012, a concessionária Foz Águas 5 presta o serviço de coleta e tratamento de esgoto e, por um período de 30 anos, prestará o serviço de saneamento básico a mais de 2 milhões de pessoas. AAP5 é um território que sofreu um processo de ocupação totalmente desordenado, marcado pela ocupação de lugares não urbanizados e, portanto, sem acesso a serviços públicos e privados, incluindo saneamento básico. Com isso, o que se vê é um cenário de problemas sistêmicos e crônicos de falta de informação, atendimento e acesso aos recursos e serviços públicos por parte da população. A pesquisa diagnóstica de 2013, encomendada pela Foz Águas 5 junto à Fiocruz revelou que 54% da população da AP5 das pessoas reconhecem que o conhecimento sobre o tema saneamento básico não é suficiente, desvalorizando assim a prestação do serviço de coleta e tratamento de esgoto. No entanto 80,2% das pessoas entrevistadas revelaram ter tido doenças relacionadas à falta de saneamento básico com destaque para a diarreia que ocupou 61,4% dos casos. Assim como esse, há muitos outros exemplos captados pela pesquisa que corroboram com esse quadro de falta de informação, a qual dificulta sobremaneira a participação da população do sistema de saneamento básico local, transformando-os em agentes agressores do meio ambiente, e cerceando-os de uma vida mais saudável e da possibilidadedeviveremnumaregiãomaisorganizadaedesenvolvida. Dessa forma, o Projeto Foz Águas 5 nas Escolas busca, mais que orientar os alunos e professores para as questões de saneamento básico, saúde e desenvolvimento sustentável local, estimulá- los a construir soluções alternativas para transformar essa dura realidade, reunindo-os em torno de uma metodologia colaborativa e construtivista, que ajuda-os a vislumbrar soluções, sem entregar respostas prontas. Com esse propósito, a Foz Águas 5 conquistou parceria com a UNESCO e com a Secretaria Municipal de Educação (SME) para multiplicar soluções pedagógicas que proporcionem novas formas de apreensão da questão hídrica e do saneamento para o engajamento comunitário. Para dar suporte e facilitar a comunicação e troca de experiências, o projeto oferece uma plataforma tecnológica capaz de fazer análise de desempenho, gerar indicadores e apontar escolas que precisam de mais ajuda para se capacitarem. AssimaFozÁguas5comesseprojetocontribuiparaodesenvolvimento local, permitindo que milhares de alunos se capacitem, interajam, multipliquem e disseminem seus conhecimentos. caderno FOZ.indd 3 16-Oct-14 10:50:22 AM
  • 4. 4 INTRODUÇÃO O Projeto Foz Águas 5 nas Escolas foi elaborado com o objetivo de difundir conceitos de uso sustentável dos recursos hídricos e boas práticas de educação sanitária, através da produção colaborativa de conteúdos e jogos didáticos que possam contribuir com o processo de ensino- aprendizado realizado pelos educadores e coordenadores participantes do projeto. A sua realização consiste na capacitação de professores da rede municipal de ensino Rio de Janeiro em elaboração de jogos didáticos, com a finalidade de atender às demandas de desenvolvimento local tendo como foco as temáticas de Recursos Hídricos, Saneamento Básico e Saúde. Assim como estimular novas práticas pedagógicas que poderão fazer parte das atividades curriculares das escolas. Nesta primeiro ciclo implantaremos o projeto piloto, e por isso, solicitamos a vocês, educadores e coordenadores pedagógicos, que contribuam com sugestões e críticas sobre os conteúdos e apresentação visual do caderno, de forma que possamos aprimorar este material e beneficiar a demais escolas da zona oeste que, posteriormente, serão atendidas pelo projeto. Neste sentido a sua participação torna-se fundamental, pois contamos com você nesse processo de co-criação do caderno pedagógico. caderno FOZ.indd 4 16-Oct-14 10:50:22 AM
  • 5. 5 METODOLOGIA DETALHAMENTO DO PROJETO Aoinvésdesepreocuparsomentecomaexplicaçãodosfenômenossociaisdepoisdeocorridos,autilizaçãodapesquisa-açãocomometodologiana educação ambiental promove a aquisição do conhecimento e da consciência crítica pelo grupo que vivencia o processo de ensino-aprendizagem, para que ele possa assumir, de forma cada vez mais lúcida e autônoma, seu papel de protagonista e ator social. A capacitação dos educadores utilizará a pesquisa-ação como fundamentação teórica para a realização de suas atividades educativas, por considerar que esta metodologia é capaz de propor a transformação participativa, de modo que os sujeitos atuem na produção de novos conhecimentos a partir da junção entre pesquisa e prática. Para isso, sua realização contará com a utilização de ferramentas de diálogo: brainstorm; técnicas de criação de jogos colaborativos; exposição reflexiva; word café; espiral de ideias; constelação educacional; Agenda 21; priorização colaborativa; narrativa da jornada do herói; dinâmicas; construção de textos colaborativos. O projeto Foz Águas 5 nas Escolas é uma iniciativa da Foz Águas 5 em parceria com a UNESCO e a Secretaria Municipal de Educação para capacitar professores na construção de jogos pedagógicos com o tema Recursos Hídricos. Sua finalidade é promover a capacitação em novas práticas de ensino-aprendizagem a partir da capacitação em desenvolvimento de jogos didáticos. Com essa iniciativa esperamos colaborar com suporte metodológico que possa inspirar novas práticas pedagógicas que utilizem a mecânica dos jogos para o desenvolvimento do conhecimento colaborativo de soluções sustentáveis para a escola e a sua comunidade. caderno FOZ.indd 5 16-Oct-14 10:50:23 AM
  • 6. 6 Formação O processo formativo contará com metodologia participativa que visa promover a reflexão crítica sobre os temas trabalhados, além de possibilitar a construção coletiva de jogos cooperativos que permitam a multiplicação dos saberes apresentados de forma lúdica e criativa. As formações serão realizadas durante cinco encontros, com a carga horária de 23 horas. No total, serão atendidos 1000 educadores em seis ciclos; cada ciclo conta com 160 educadores de 40 escolas, divididos em oito turmas de 20 em cada sala. Realização do jogo na escola Com o jogo finalizado e impresso, é hora de jogar com os educandos. Lembre-se que é importante se preparar para utilizar o jogo, além de fazer com que ele seja divertido e envolva os educandos. Durante esta etapa será importante sistematizar os resultados e desafios existentes durante o desenvolvimento das atividades do jogo. Resultado do projeto de desenvolvimento local Como resultado final do jogo, todas as escolas construirão com os educandos uma atividade de fomento ao desenvolvimento local. O formato das ações será decidido pelos educandos e poderá se utilizar de diversas linguagens, como: esquetes de teatro, apresentações, maquetes, campanhas de conscientização, eventos, exposição, palestra, exibição de filmes. As ações realizadas serão registradas na plataforma pelos professores, por meio de relatos e fotos. CONHEÇA DE FORMA DETALHADA AS ETAPAS DO PROJETO: Formação Realização do jogo Resultado das ações dos alunos Criação do blog Elaboração do Projeto Premiação Execução do Projeto caderno FOZ.indd 6 16-Oct-14 10:50:24 AM
  • 7. 7 Criação do blog Ao completar a segunda etapa é o momento de fazer o upload das informações desenvolvidas até aqui. O educador poderá editar os textos já desenvolvidos, criar novos e customizar o blog. Quando estiver pronto, será gerada uma página com o endereço para divulgar a ações de cada escola participante. Elaboração do projeto Nesta etapa, cada escola irá elaborar um projeto baseado na melhor ação de desenvolvimento local proposta pelos educandos. A finalidade desta etapa é possibilitar que os projetos possam ser financiados e realizados com recurso e estrutura de forma a ampliar e fortalecer as iniciativas criativas e viáveis. Para isso, cada etapa de preenchimento do projeto da escola será orientada e auxiliada pela equipe da Foz Águas 5. Premiação Para participar da premiação, todas as etapas devem estar registradas na plataforma on-line. A cada atualização sobre as ações dos educandos, a escola acumula pontos. Os critérios de pontuação serão detalhados na plataforma, etapa por etapa. Das escolas com maior número de pontos acumulados ao final da etapa de elaboração do projeto, uma comissão avaliadora selecionará três projetos que receberão o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Os critérios de seleção dos projetos vencedores serão: viabilidade do projeto, relevância na abordagem do tema, inovação e criatividade, abrangência e visibilidade no território, entre outros. Execução do projeto premiado O recurso deverá ser investido na realização do projeto, que será desenvolvido e produzido pelos professores da escola, em conjunto com os educandos. Seu objetivo é dar visibilidade e materializar os projetos desenvolvidos pelos alunos durante o jogo. caderno FOZ.indd 7 16-Oct-14 10:50:24 AM
  • 8. 8 CAPÍTULO I Caminho das águas ...................................................................................................... 9 CAPÍTULO II Impactos ambientais .................................................................................................. 38 CAPÍTULO III Saúde e meio ambiente .............................................................................................. 56 CAPÍTULO VI Saneamento básico .................................................................................................... 69 CAPÍTULO V Sustentabilidade e tecnologias sociais......................................................................89 CAPÍTULO VI Jogos didáticos .........................................................................................................105 Sumário caderno FOZ.indd 8 16-Oct-14 10:50:24 AM
  • 9. 9 Capitulo iCapitulo i i caderno FOZ.indd 9 16-Oct-14 10:50:26 AM
  • 10. 10 A água é um recurso natural renovável, porém finito, essencial à vida e ao equilíbrio ecológico do planeta. Ela tem grande importância para o homem, seja nas dimensões social, ecológica, cultural, econômica e também na dimensão mística. Vamos compreender a relação do seu ciclo com o funcionamento das sociedades, bem como os cuidados necessários para a sua renovação em quantidade e qualidade. Iremos conhecer também as políticas de gerenciamento dos recursos hídricos, e as orientações para a preservação deste recurso tão valioso. Caminho dasÁguas caderno FOZ.indd 10 16-Oct-14 10:50:26 AM
  • 11. 11 Você já pensou como a água é essencial em nosso dia a dia? Como ela é importante para diferentes comunidades? Como ela tem tantos significados? Qual o seu valor para as diferentes culturas, tradições e práticas espirituais? Regime de chuvas/umidade do ar/habitats aquáticos. Social/abastecimentodascidades/turismo/geração de energia/indústria/agricultura e pecuária. Culturas da pesca/indígenas/tradição de lavadeiras/puxada de rede/cultura de banho/ festas religiosas. Religioso/batizados/deuses, deusas/ entidades/yemanjá/yara. Veja, no quadro a seguir, as diferentes importâncias da água para os seres humanos: Vamos reFLetir Cultural Místico Ecológico Econômico/Social caderno FOZ.indd 11 16-Oct-14 10:50:26 AM
  • 12. 12 Veja a seguir as explicações sobre a sua composição. Pode ser encontrada em três estados: sólido, líquido e gasoso. A passagem da água do estado líquido para o gasoso pode ocorrer por meio de dois processos: a ebulição e a evaporação. A água passa por cinco processos de transformação na natureza. Para que a transformação de um estado para outro ocorra, é necessário que a água seja submetida a determinadas condições de temperatura e pressão. Os diferentes estados são: Você sabe como a água se forma? Mudanças nos estados da água Vaporização 1. A ebulição ocorre quando a água chega à temperatura de 100 ºC no nível do mar. Um bom exemplo é quando fervemos a água no fogão. Quando a água começa a borbulhar, é porque ela está fervendo e, portanto, entrando em estado de ebulição, ou seja, transformando-se em vapor de água. 2. Já no processo de evaporação, a água passa do estado líquido para o gasoso de forma lenta. Quando estendemos a roupa molhada no varal, num dia ensolarado, a água vai, lentamente, passando do estado líquido para o gasoso, saindo do tecido da roupa e se dissipando na atmosfera na forma de vapor d’água. H H O O 2 2 Água pura é (H2O) uma substância cujas moléculas são formadas por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. caderno FOZ.indd 12 16-Oct-14 10:50:26 AM
  • 13. 13 Ocorre quando a água passa do estado sólido para o líquido. Quando o gelo é retirado do congelador, a temperatura da água vai aumentando. Quando ela ultrapassa a marca de 0 ºC - ponto de fusão, começa a derreter, transformando-se em água líquida. Quando a água passa do estado físico gasoso para o sólido e vice- versa, sem passar pelo estado líquido. É a transformação mais rara na natureza. Geralmente, este processo de transformação é realizado em laboratórios. O ponto de sublimação é definido como o ponto em que a pressão de vapor da substância se iguala à pressão externa aplicada, seja ela Mudança da água do estado gasoso para o líquido. Este processo é muito comum na formação das chuvas, quando o vapor de água é transformado em água líquida após uma queda de temperatura. Também podemos observar este processo nas gotículas de água que se formam na parte interna da tampa da panela quando estamos cozinhando alimentos ou fervendo água. A água passa do estado líquido para o sólido. Essa transformação ocorre quando a água atinge a temperatura de 0 ºC. Um bom exemplo é quando pegamos a água em temperatura ambiente e a colocamos no congelador. Quando a água chega a 0 ºC ela muda do estado líquido para o sólido – o gelo. Solidificação HO O2 Condensação Sublimação Fusão a pressão atmosférica a 760 mm Hg ou uma pressão induzida em aparelhos de sublimação; esse ponto de transformação depende de determinadas circunstâncias e substâncias. Um bom exemplo de sublimação, em temperatura e pressão atmosférica ambiente, é o gelo seco. Quando colocamos um pedaço de gelo seco num copo d’água, imediatamente observa-se o aborbulhamento e a liberação de grande quantidade de vapor d’água - fumaça branca -, que é o processo de transformação da água do estado sólido, o gelo seco, para o gasoso, o vapor d’água. caderno FOZ.indd 13 16-Oct-14 10:50:27 AM
  • 14. 14 Provavelmente, você conhece ou já ouviu falar em diferentes tipos de água como: água potável; mineral; doce; salobra; salgada; etc. Água potável reúne características que a colocam na condição própria para o consumo do ser humano. Portanto, a água potável deve estar livre de qualquer tipo de contaminação. São exemplos de potável: a água tratada e disponível à população na maioria das cidades, as das fontes naturais e de boa parte dos riachos e mananciais não poluídos. Distinção das Águas Lençol freático Água mineral Água doce Água salobra Água salgada caderno FOZ.indd 14 16-Oct-14 10:50:28 AM
  • 15. 15 Água mineral é proveniente de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas; possui composição química ou propriedades físicas ou físico-químicas distintas das águas comuns, com características que lhe conferem uma ação medicamentosa. Toda água mineral, por mais pura que seja, possui certa quantidade de sais, como bicarbonatos de sódio, de cálcio e de magnésio, de compostos de enxofre e gases dissolvidos. Água doce é a que corre dos rios para o mar, vinda das chuvas e de nascentes que minam do subsolo. A água doce se encontra na superfície em rios, lagos, lagoas, ou acumulada na forma de gelo, principalmente nos glaciares. Ou também em subsuperfície ou subterrânea, no lençol freático, nos poros das rochas e do solo, bem como em reservatórios mais subterrâneos, como os aquíferos confinados. Água salobra é mais salgada que a água dos rios, porém é menos salgada que a água do mar. É encontrada, geralmente, em áreas de transição entre as águas doces e as águas marinhas, como lagunas ou estuários. Estuários, por sua vez, podem ser definidos como áreas ou zonas de desaguadouro de rios no oceano, e estão influenciados por toda uma dinâmica sujeita aos efeitos das marés. Água salgada, encontrada principalmente em mares e oceanos, representa 97,5% da água presente no planeta Terra. É a grande responsável pela manutenção do clima no planeta. No meio ambiente podemos encontrar as águas estocadas, armazenadas, ou fluindo, escoando, drenando em condições superficiais, subsuperficiais ou subterrâneas. No que diz respeito às duas últimas condições, água subsuperficial e subterrânea, pode-se dizer que lençol freático ou aquífero livre freático se refere justamente ao trecho do perfil de solo ou da camada de rocha permeável situada entre a zona de saturação, que é o limite inferior encharcado pela água, e a zona de aeração - limite superior onde os poros e/ou fissuras e fraturas estão preenchidos em parte por água, em parte por ar. Há também o aquífero confinado, ou artesiano, que está completamente saturado de água subterrânea e cujos limites inferior e superior são compostos por estratos impermeáveis. Destaque caderno FOZ.indd 15 16-Oct-14 10:50:28 AM
  • 16. 16 Há, portanto, diferentes tipos de comportamento dos aquíferos, que estão relacionados com as características das rochas e com suas capacidades de armazenar ou fluir mais ou menos água em seus perfis. Para compreender melhor a formação do lençol freático, precisamos compreender as suas etapas e processos. É a água que se encontra sob a superfície da Terra, preenchendo os espaços vazios existentes nas rochas, com suas fissuras e fraturas - rachaduras, quebras, descontinuidades e condutos. São unidades geológicas - rochas porosas, rochas fraturadas, materiais inconsolidados - suficientemente permeáveis, que permitem a circulação, o armazenamento e a extração de água subterrânea ou subsuperficial, por meio de técnicas convencionais. Os aquíferos possuem uma grande capacidade de armazenamento de água, mas permitem a sua saída de forma lenta. Lençol freático O que é água subterrânea? O que é um aquífero? 1 - A água infiltrada percola através dos vazios do solo. 2 - Dirige-se às camadas mais profundas do perfil do solo. 3 - Contribui para o abastecimento dos reservatórios subsuperficiais rasos, ou seja, lençol freático ou aquíferos livres freáticos. 4 - Também pode abastecer os reservatórios subterrâneos profundos, os aquíferos confinados. caderno FOZ.indd 16 16-Oct-14 10:50:29 AM
  • 17. 17 Os ciclos da água em ambiente natural e urbano. Vamos conhecer um pouco mais sobre o ciclo da água [1], suas etapas e os processos pelos quais ela passa. I) O ciclo da água inicia-se com a incidência dos raios solares (irradiação) sobre a Terra. II) Evaporação: o calor provoca a evaporação da água dos oceanos, dos rios e dos lagos. Também há evaporação de parte da água presente no solo. III) Transpiração: a transferência da água da superfície terrestre para a atmosfera também ocorre pela transpiração das plantas e animais. IV) Sublimação: a passagem direta da água da fase sólida para a de vapor. V) Condensação: a condensação que evapora é transportada pelas massas de ar para regiões mais altas da atmosfera. Lá em cima, em baixas temperaturas, o vapor se condensa e se liquefaz, formando-se as nuvens. VI) Precipitação: acontece quando a nuvem fica carregada com pequenas gotas, que se reúnem formando gotas maiores, tornando-se mais pesadas. E aí caem sobre o solo. Podem cair em forma de granizo, chuva ou neve. VII) Escoamento: a água se precipita pelo planeta em diferentes destinos. Uma parte cai diretamente nos reservatórios de água, como rios, lagos e oceanos. Outra parte cai sobre o solo. Nesse caso, a água segue dois percursos diferentes: uma quantidade escoa sobre a superfície, alimentando lagos, rios e riachos que, por sua vez, deságuam no mar; outra parte infiltra-se no solo e nas rochas, através de seus poros e fissuras, alimentando as reservas subterrâneas de água, chamadas de lençóis freáticos. E a cobertura florestal exerce um papel importante no processo de absorção da água pelo solo. caderno FOZ.indd 17 16-Oct-14 10:50:29 AM
  • 18. 18 O ciclo da água em área urbana I – Ao término do ciclo natural, a água é captada. II – A água, depois de captada, segue para a estação de tratamento. III – A rede de abastecimento realiza a distribuição da água para os imóveis. IV – A água utilizada – esgoto - deve seguir para as redes coletoras de esgoto. O que é um canal de drenagem? É a estrutura, ou feição, capaz de escoar e drenar a água da chuva para um determinado ponto da bacia, seja esse ponto um outro canal de drenagem, ou um lago, ou até mesmo o mar. Os canais podem ser naturais – córregos -, ou artificiais, por meio de galeria de água pluvial - tubulação. Para que a drenagem ocorra, é necessário que a água possa fluir de lugares mais altos para pontos mais baixos. Portanto, para se construir uma rede de drenagem, faz-se necessária a realização de estudos para verificar o curso do(s) rio(s) e seu tipo de drenagem. Estações de Tratamento de água Canal de drenagem caderno FOZ.indd 18 16-Oct-14 10:50:30 AM
  • 19. 19 O ciclo em área urbana com Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) Após a distribuição da água para as casas: I – A água utilizada – esgoto - é captada pela rede de esgoto. II – O esgoto segue para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). III – O esgoto tratado – efluente - é lançado nos rios para desaguar na bacia. O ciclo em área urbana com Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) Após a distribuição da água para as casas: I – A água utilizada – esgoto - é captada pela rede de esgoto. II – O esgoto segue para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). III – O esgoto tratado – efluente - é lançado nos rios para desaguar na bacia. Captação de esgoto Efluente Estações de Tratamento de Esgoto caderno FOZ.indd 19 16-Oct-14 10:50:31 AM
  • 20. 20 Bacias hidrográficas Segundo a descrição do Ministério do Meio Ambiente, “bacia hidrográfica é toda a área drenada por um determinado curso d’água e seus tributários, delimitada pelos pontos mais altos do relevo. Esses pontos mais altos são chamados de divisores de águas”. (MMA, 2010) É importante compreender que uma bacia hidrográfica é uma área de captação que recebe e canaliza a água e é também por onde ela flui. Uma bacia hidrográfica é delimitada por divisores de água - áreas mais altas que separam as águas provenientes da chuva. Neste contexto, as bacias hidrográficas consistem numa porção da superfície terrestre drenada por um rio principal, seus afluentes e subafluentes. É o movimento das águas superficiais e subsuperficiais no continente, que obedece a um desenho da própria natureza e definido pelo relevo. Sempre saem do ponto mais alto em suas nascentes, seguindo para o ponto mais baixo até a foz para desaguar ou num outro rio, ou no mar. Alguns rios e, consequentemente, suas bacias, cruzam municípios e estados diferentes; por isso, se nossos vizinhos não cuidarem dos nossos recursos, tudo estará comprometido. O rio Guandu, por exemplo, é o responsável pelo abastecimento de cerca de 80% da população do Grande Rio, porém o rio Guandu recebe 60% de suas águas do rio Paraíba do Sul, que banha os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Portanto, é fundamental que durante os percursos dos rios eles sejam preservados. As bacias são responsáveis pelo abastecimento de todo o país, dos estados e municípios, e estão divididas politicamente por regiões hidrográficas. Para compreender melhor, vamos saber quais são as bacias responsáveis pela drenagem, ou seja, pelo escoamento de água de outras regiões do Brasil até a Zona Oeste. Vale subafluente afluente Vale divisor de águas v v v caderno FOZ.indd 20 16-Oct-14 10:50:33 AM
  • 21. 21 O que é uma região hidrográfica? Conhecer as bacias hidrográficas a partir de seus limites municipais e estaduais é fundamental para que possamos compreender as dimensões sociais, culturais, ambientais e políticas que envolvem a temática dos recursos hídricos. Segundo a legislação (Resolução nº 32, de 15 de Outubro de 2003), considera- se como região hidrográfica o espaço territorial brasileiro compreendido por uma bacia, grupo de bacias ou sub- bacias hidrográficas contíguas, com características naturais, sociais e econômicas homogêneas ou similares, com vistas a orientar o planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos. caderno FOZ.indd 21 16-Oct-14 10:50:34 AM
  • 22. 22 Região Sudeste Segundo aAgência Nacional de Águas (ANA) e o Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), a Região Hidrográfica Atlântico Sudeste é conhecida nacionalmente pelo elevado contingente populacional e pela importância econômica de sua indústria. O grande desenvolvimento da região, entretanto, é motivo de problemas em relação à disponibilidade de água. A área de cobertura dessa região hidrográfica corresponde a parte dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Paraná e todo o estado do Rio de Janeiro. É constituída pelas bacias dos rios que deságuam no Atlântico Sudeste, limitada ao norte pela bacia hidrográfica do rio Doce, a oeste pelas regiões hidrográficas do São Francisco e do Paraná, e ao sul pela bacia hidrográfica do rio Ribeira. No âmbito estadual, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos, vinculado ao Instituto Estadual de Meio Ambiente (INEA), elaborou o Plano Estadual de Recursos Hídricos com vistas ao gerenciamento integrado e planejado dos recursos hídricos do estado. Sendo assim, o estado do Rio de Janeiro é também dividido em Regiões Hidrográficas, conforme ilustra a figura a seguir. Vamos, pois, conhecer quais são as regiões hidrográficas que fazem parte do limite estadual. São elas: caderno FOZ.indd 22 16-Oct-14 10:50:35 AM
  • 23. 23 Regiões Hidrográficas RH I – RH da Ilha Grande RH II – RH do Guandu RH III – RH Médio Paraíba do Sul RH IV – RH Piabanha RH V – RH Baía de Guanabara RH VI – RH Lagos São João RH VII – RH Rio Dois Rios RH VIII – RH Macaé e das Ostras RH IX – RH Baixo Paraíba do Sul RH X – RH Itabapoana A Região Hidrográfica do Guandu (RH II), que abrange boa parte da Zona Oeste do município do Rio de Janeiro, é composta pelas seguintes bacias hidrográficas: Bacia do Santana, Bacia do São Pedro, Bacia do Macaco, Bacia do Ribeirão das Lajes, Bacia do Guandu (Canal São Francisco), Bacia do Rio da Guarda, Bacias Contribuintes à Represa de Ribeirão das Lajes, Bacia do Canal do Guandu, Bacias Contribuintes ao Litoral de Mangaratiba e de Itacurussá, Bacia do Mazomba, Bacia do Piraquê/Cabuçu, Bacia do Canal do Itá, Bacia do Ponto, Bacia do Portinho, Bacias da Restinga de Marambaia, Bacia do Piraí. Com relação à RH II Guandu, na parte do município do Rio há predominância de planícies com influências fluviais e fluviomarinhas, onde se inicia a baixada da Guanabara a leste. Apresenta também serras isoladas, e tem como principal divisor oriental a vertente oeste do maciço da Pedra Branca, e também a parte sudoeste do maciço de Gericinó-Mendanha. No que tange ao comportamento hídrico, é uma região onde a taxa de evapotranspiração costuma ser maior que a de precipitação, que varia de acordo com as estações do ano, onde, no verão, há incidência de chuvas, e no inverno a região é caderno FOZ.indd 23 16-Oct-14 10:50:35 AM
  • 24. 24 seca. A precipitação média dessa RH é 1000 mm/ano. O rio Guandu é formado pelo rio Ribeirão das Lajes e pela vazão dos rios Piraí e Paraíba do Sul, que são conduzidos por sistemas de captura e bombeados na elevatória de Santa Cecília para o reservatório de Santana que, por fim, forma o rio Guandu. No que diz respeito à qualidade das águas que compõem a RH II, nesse sistema há estações de tratamento de água geridas pela CEDAE. A maior ameaça à qualidade da água dessa região deve-se às atividades humanas exercidas na própria bacia do rio Guandu. (INEA, 2011). Quanto à Região Hidrográfica V da Baía de Guanabara, na parte do município do Rio de Janeiro, há também um predomínio de planícies fluviais e fluviomarinhas. Mas observa- se, também, grande influência do relevo montanhoso e escarpado dos maciços da Tijuca e da Pedra Branca. No comportamento hídrico da RH V observa-se que não ocorre déficit hídrico nas porções dos maciços da Tijuca e da Pedra Branca, notadamente por conta das chuvas orográficas comuns ao longo do ano. A precipitação anual média é de 1.650 mm. Por outro lado, nas áreas de planície da zona norte do município, cujas bacias drenam para a Baía de Guanabara, observa-se um déficit hídrico durante a estação de inverno. Nessas baixadas, a precipitação média é de 1.200 mm/ ano. Os índices de qualidade da água da RH V são prejudicados em função da área ser densamente ocupada e por possuir uma inadequada gestão de esgotos sanitários e de resíduos sólidos urbanos (INEA, 2011). caderno FOZ.indd 24 16-Oct-14 10:50:37 AM
  • 25. 25 Impacto da urbanização na impermeabilização do solo e infiltração da água À medida que o próprio homem modifica o equilíbrio natural dos caminhos dos cursos d’água, realizando a drenagem por meio de canalizações e tubulações, desmata e ocupa o solo indevidamente e as consequências são voltadas contra seu próprio bem-estar e suas economias. A camada superficial do solo, em seu ciclo natural, é composta por matéria orgânica decomposta, por bactérias e fungos – húmus - e raízes, que são responsáveis por desagregar o solo e facilitar o acesso da vida animal na abertura de caminhos subterrâneos. Isso permite que ocorra uma grande capacidade de infiltração de água infiltração no solo área natural área urbana escoamento para linha de água no solo, absorvendo com facilidade as águas da chuva e evitando o acúmulo de água superficial. Desta forma, podemos concluir que o desmatamento é um dos fatores que diminui a capacidade de infiltração e aumenta o volume de escoamento de água da chuva superficial. Este fator ocorre devido ao aumento da população e, consequentemente, das áreas urbanas, responsáveis pela diminuição das florestas e áreas preservadas e dando lugar às construções residenciais, comerciais, industriais, praças e estradas. área urbana caderno FOZ.indd 25 16-Oct-14 10:50:37 AM
  • 26. 26 Por que isso ocorre? A bacia hidrográfica que recebe contribuições principalmente das águas da chuva pode ter a sua área com formatos variados como, por exemplo, arredondadas, alongadas ou largas, conforme ilustra a figura a seguir. A mesma quantidade de chuva pode gerar a inundação de uma bacia hidrográfica ou não, a depender do seu tamanho ou formato, bem como da energia potencial de escoamento das águas e de sua capacidade de infiltração. Por isso, a ocorrência de inundações depende de fatores naturais e alterações provocadas pelo homem. A depender da intensidade de ocupação urbana desordenada, somada aos fatores naturais, pode-se ampliar a possibilidade de ocorrência de enchentes e alagamentos. Por isso, numerosas iniciativas de manutenção e preservação das bacias são realizadas, como, por exemplo, as atividades do Comitê da Bacia do Rio Guandu que atua na Zona Oeste do município do Rio. caderno FOZ.indd 26 16-Oct-14 10:50:38 AM
  • 27. 27 Vamos reFLetir Num tempo em que as mudanças climáticas afetam cada vez mais, direta e indiretamente, as nossas vidas, é importante pensarmos em formas e atitudes que nos transformem em agentes dessa realidade. Nesse contexto, um exemplo real e concreto é a importância da arborização dos espaços urbanos. Além das árvores proporcionarem bem estar visual, auxiliam no equilíbrio do microclima local, amenizando o calor, reduzindo a poluição do ar e funcionando como anteparo para a redução da poluição sonora. A presença de árvores promove também o aumento da retenção natural das águas, sendo uma excelente aliada na interceptação da água da chuva. Quão verde está seu bairro? Você pode contribuir para melhorar a arborização da sua rua? Vamos reFLetir caderno FOZ.indd 27 16-Oct-14 10:50:39 AM
  • 28. 28 Serviços ambientais Você sabe o que são os serviços ambientais? Serviços ambientais são processos gerados pela própria natureza através dos ciclos e processos ecológicos, que mantêm os ecossistemas saudáveis e possibilitam a vida na Terra. Esses serviços são responsáveis pela manutenção da biodiversidade, e permitem a provisão de bens que são consumidos pelo homem, como madeira, fibra, peixes, remédios, sementes e combustíveis naturais. Além disso, regulam as condições ambientais - como a purificação da água -, trazem benefícios culturais para as pessoas e dão suporte para a formação do solo e a polinização das sementes. Conheça os serviços ambientais prestados pela água Infiltração no solo: Precipitação em formato de chuvas: Reciclagem de nutrientes: A água limpa, seja em qual estado se apresentar, traz uma conexão positiva entre os ecossistemas, o bem-estar humano e a economia. A dinâmica que envolve o ciclo da água é responsável pela regulação do clima e dos fluxos hidrológicos, pela ciclagem e reciclagem de nutrientes e pela manutenção da vida dos seres vivos. a infiltração é o processo pelo qual a água penetra nas camadas superficiais do solo, percola através dos vazios pela ação da gravidadeatéatingirumacamadaimpermeável, formando um lençol d’água. possibilita a manutenção de todo o ciclo hidrológico que, por sua vez, permite o desenvolvimento de todas as formas de vida. auxilia na contínua transferência de nutrientes do solo para as plantas, pois participa das reações químicas necessárias para transformar os elementos e nutrientes do solo em formas acessíveis às plantas. Vejamos alguns exemplos dos serviços ambientais naturalmente prestados pela água: Reciclagem de nutrientes: caderno FOZ.indd 28 16-Oct-14 10:50:41 AM
  • 29. 29 Indicadores: (Dados da Agência Nacional das Águas, ONU e UNICEF) 97% 2% 1% água potável água salgada nos oceanos em icebergs ONDE ESTÁ A ÁGUA? PARA ONDE A ÁGUA VAI NO BRASIL? 21% 18% 69% municipal industrial agricultura e pecuária de pessoas sofrerão por falta de água em 2025 5.3BILHÕES 2/3 da Terra é coberto por água. Isso é igual a 1,5 milhão por quilômetro cúbico. - A produção de alimentos mundial responde por 70,2% do consumo de água que vem dos mananciais; - Um bilhão e 200 milhões de pessoas (35% da população mundial) não têm acesso a água tratada; - Quase metade da população mundial viverá em áreas com grande escassez de água até 2030; caderno FOZ.indd 29 16-Oct-14 10:50:42 AM
  • 30. 30 A água é um tema abundante na Zona Oeste do Rio de Janeiro, região situada entre dois grandes maciços: Pedra Branca e Gericinó- Mendanha; e este é um bem precioso para a região. Para que a sociedade local possa atuar para a manutenção dos recursos hídricos de suas regiões, foi criada a lei federal n° 9433/97 que definiu a integração dos Comitês de Bacias Hidrográficas ao Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Este Sistema institui e estabelece que cada estado deve elaborar as suas diretrizes de atuação. A atuação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Guandu compreende Contexto Zona OesteContexto Zona Oeste a bacia hidrográfica do rio Guandu, incluídas as nascentes do Ribeirão das Lajes, as águas desviadas dos rios Paraíba do Sul e Piraí, os afluentes ao Ribeirão das Lajes, ao rio Guandu e ao Canal de São Francisco, até a sua desembocadura na Baía de Sepetiba, bem como as bacias hidrográficas dos rios da Guarda e Guandu Mirim. No estado do Rio de Janeiro, o Comitê é um órgão colegiado, vinculado ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERHI, com atribuições consultivas, normativas e deliberativas, de nível regional, integrante do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SEGRHI, nos termos da Lei Estadual nº 3.239/99. caderno FOZ.indd 30 16-Oct-14 10:50:43 AM
  • 31. 31 Os Comitês de Bacias Hidrográficas (CBH) são entidades colegiadas com atribuições normativa, deliberativa e consultiva. São organismos políticos de integração e de tomada de decisão, com incumbência de planejar a utilização das águas e garantir a conservação e a recuperação dos territórios da bacia. Os Comitês são considerados como “Parlamentos das Águas”, sendo criados com objetivos e competências relacionados aos recursos hídricos, de forma integrada e descentralizada e com a participação da sociedade para um efetivo controle social. Os Comitês de Bacias são espaços onde acontecem as discussões e deliberações para o atendimento aos programas e ações estabelecidos nos Planos de Bacias com os recursos financeiros provenientes da cobrança pelo uso da água, assim como estudos, projetos e obras para a melhoria das condições da bacia hidrográfica. Promovem a participação, o debate e a articulação da atuação das diversas entidades e instituições envolvidas direta ou indiretamente na gestão das águas. Suas atribuições se referem à solução de conflitos relacionados aos usos concorrentes dos recursos hídricos de sua área de atuação, bem como à promoção e acompanhamento da implantação dos Instrumentos de Gestão previstos na Política Estadual das Águas, visando assegurar água de boa qualidade, e em quantidade, para atender às demandas das atuais e das futuras gerações. O que são Comitês de Bacias? O que fazem? caderno FOZ.indd 31 16-Oct-14 10:50:43 AM
  • 32. 32 Região Hidrográfica do Guandu (RH II) Bacias Hidrográficas da Zona Oeste do Rio de Janeiro inseridas na RH II: Bacia do Piraqué ou Cabuçu, Bacia do Guandu ou Canal de São Francisco, Bacia do Canal do Itá, Bacia do Ponto, Bacia do Portinho, Bacias da Restinga de Marambaia e Bacia do Canal do Guandu. Vamos conhecer quais são as bacias da nossa região que precisam ser protegidas e preservadas Os comitês são fundamentais para articular os diversos interesses territoriais de municípios e estados. Seu grande desafio é mediar os interesses do uso, dos impactos ambientais e a conservação em cada região. Comitês de Bacias Hidrográficas: divisões municipais e estaduais caderno FOZ.indd 32 16-Oct-14 10:50:44 AM
  • 33. 33 Se você perceber paredes mofadas ou molhadas, terreno molhado, piso fofo ou ruído de escapamento de água, é porque provavelmente existe vazamento na sua instalação hidráulica, que pode causar uma perda deAntes de utilizar água, é necessário pensar nos impactos negativos que o uso sem economia, o mau uso, pode causar ao meio ambiente e à economia do país. Veja alguns dados sobre esse descarte: Qual é o seu papel? Lavagem de louça Torneira aberta continuamente: gasto de 240 litros ao longo de 30 min. Abrindo e fechando durante a lavagem: gasto de 70 litros ao longo de 30 min. Chuveiro Gasto de 3 a 6 litros de água por minuto. Banho de 20 minutos: 120 litros de água. Banho ideal de 5 minutos: 30 litros de água. Lavar calçadas com mangueira Gasto de 240 a 500 litros durante 30 min. Recomenda-se não varrer a sujeira com água potável e, ao invés disso, usar a água de lavagem de roupa, por exemplo. 2a7litros por dia. mil caderno FOZ.indd 33 16-Oct-14 10:50:45 AM
  • 34. 34 Escovar os dentes durante 3 minutos Torneira aberta continuamente: gasto de 5 a 10 litros por minuto. Abrindo e fechando durante a escovação: gasto de 2 litros A água pode escapar pelo ladrão - cano por onde escorre o excesso de água que entra na caixa, por torneiras mal fechadas ou por furos nos canos. O desperdício de água pelo ladrão de uma casa pode chegar a Descarga Gasto de 7 a 10 litros por descarga. Recomenda-se manter a válvula de descarga regulada. 10litros por dia. mil Torneira mal fechada Uma torneira pingando desperdiça 46 litros por dia. Uma torneira fluindo em filete desperdiça de 180 a 750 litros por dia. Uma torneira correndo normalmente, de 8,5 mil a 12,5 mil litros por dia. Uma torneira jorrando em jato: 25 mil a 45 mil litros por dia. caderno FOZ.indd 34 16-Oct-14 10:50:45 AM
  • 35. 35 Diversão e Conhecimento Conheça o projeto “Water mark”, que busca oferecer ao espectador um olhar imersivo sobre a problemática da água no mundo. São cenas surpreendentes! <http://thecreatorsproject.vice.com/blog/making-of-watermark-an-immersive-look-at-water;> FLOW - vencedor de diversos prêmios, Flow foi apresentado na ONU como parte do 60º Aniversário da Declaração dos Direitos Humanos. O filme mostra todos os problemas originados na sociedade a partir da perspectiva do consumo de água, elemento básico para a vida humana. Arte e conhecimento: <http://www.hypeness.com.br/2011/05/arte-com-tinta-flutuando-na-agua-de-ebru-sanati/> caderno FOZ.indd 35 16-Oct-14 10:50:45 AM
  • 36. 36 Referência Bibliográfica BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano. Ciranda das Águas. Brasília, 2011. CAESB. Como economizar água e reduzir as despesas; material educativo. Distrito Federal. GOMES, Antônio Humberto Porto; TROLLES, Janete de Oliveira; NASCMENTO, Elson Antônio do. Artigo - XIII Congresso Brasileiro Águas Subterrâneas. INEA. O Estado do Ambiente: indicadores ambientais do Rio de Janeiro. Júlia Bastos & Patrícia Napoleão (Org.). Rio de Janeiro: SEA; INEA, 2011. 160 p. TUCCI, C. E. M.; CLARKE, R.T. Impacto das mudanças da cobertura vegetal no escoamento. Revisão. RBRH - Revista Brasileira de Recursos Hídricos, ABRH. ISSN 1414-381X. Porto Alegre: v. 2, n. 1, jan./jun., 1997. p. 135-152. WUNDER, Sven; BÖRNER, Jan; RÜGNITZ, Marcos; PEREIRA, Tito; PEREIRA, Lígia. Pagamentos por serviços ambientais: perspectivas para a Amazônia Legal. MMA, 2008. Sites: <http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/bitstream/handle/mec/5033/open/file/index.html> <http://finep.gov.br> <http://www.tecnicasderegadio.info/index.php/drenagem/cap20-drenagem> <http://www12.senado.gov.br/codigoflorestal/infograficos/servicos-ambientais> <http://www.onu.org.br/quase-metade-da-populacao-mundial-vivera-em-areas-com-grande-escassez-de-agua-ate-2030-alerta-onu/> <http://www.barramentos.ufc.br/Hometiciana/Arquivos/Graduacao/Apostila_Hidrologia_grad/Cap_6_Infiltracao.pdf> caderno FOZ.indd 36 16-Oct-14 10:50:45 AM
  • 37. 37 Capitulo i iCapitulo i i i caderno FOZ.indd 37 16-Oct-14 10:50:47 AM
  • 38. 38 Impactos ambientais Os impactos ambientais, em sua grande maioria, são causados por ações e processos de desenvolvimento relacionados às mudanças e intervenções humanas no meio ambiente. Para compreendermos como esse conceito melhor se aplica, vamos utilizar dois exemplos de grande importância: a poluição hídrica e os resíduos sólidos. A atual condição de escassez ou de desequilíbrio na oferta de recursoshídricoségeradapordiferentesfatores:represamento e assoreamento de rios, desmatamento da mata ciliar - mata localizada às margens de rios e lagos -, processo desordenado deocupaçãoterritorial,crescenteaumentonoconsumodeágua decorrente do uso na agricultura, na indústria e do aumento das populações urbanas. Em proporções diferenciadas, tais ações provocam impactos negativos para a vida no planeta. Outro fator a ser levado em consideração é a busca constante e crescente pelo chamado “desenvolvimento econômico”, que tem estabelecido mudanças no estilo de vida e nos padrões de consumo da sociedade por meio da produção industrial em larga escala e do uso insustentável dos recursos naturais, aí incluída a água. Uma das mais graves consequências desse processo de crescimento desordenado é o aumento da produção de resíduos sólidos. Por isso, é fundamental compreender a relação entre a conservação dos recursos hídricos, o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida. caderno FOZ.indd 38 16-Oct-14 10:50:47 AM
  • 39. 39 Já pensou sobre o impacto que os seres humanos causam pelo simples fato de existirem? Quanto custa aos ecossistemas o desenvolvimento econômico, tecnológico e social, nos moldes que temos hoje? Precisamos agir de modo sustentável para garantir qualidade de vida para as próximas gerações? Vamos reFLetir 5,5 18.000 17.100 499 5.280 LITROS LITROS LITROS LITROS LITROS QUEIJO 1KG MANTEIGA 1KG CERVEJA 1L BANANA 1KG CARNE DE BOI 1KG fonte: Sabesp caderno FOZ.indd 39 16-Oct-14 10:50:48 AM
  • 40. 40 Que mundo queremos para os nossos filhos? Escrita em 1855, a famosa carta do cacique Seattle, da tribo Suquamish, Estado de Washington, para o presidente dos Estados Unidos: “O homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão que (nós - peles vermelhas) matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, os homens morreriam de solidão espiritual porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo quanto fere a terra, fere também os filhos da terra.” caderno FOZ.indd 40 16-Oct-14 10:50:50 AM
  • 41. 41 A contaminação ou poluição da água é ocasionada por qualquer matéria ou energia que provoque alteração nas propriedades físico-químicas da água, as quais, geralmente, são nocivas aos organismos vivos. O principal agente causador desta poluição é o ser humano, tendo em vista os usos inadequados que ele faz da água: descarte de esgoto, de agrotóxicos e resíduos industriais, sem tratamento, em rios, mares e oceanos. Como consequência dessa degradação ambiental, temos a diminuição da oferta de água em quantidade e qualidade. Os principais elementos causadores da poluição da água: Resíduos tóxicos oriundos de descarte industrial e agrícola - agrotóxicos. Óleo e graxa residencial ou industrial. Esgoto doméstico, industrial e rural. Água de lastro, decorrente da navegação. Descarte inadequado de resíduos sólidos domésticos, hospitalares e de micropoluentes orgânicos industriais. Mineração: atividades de petróleo e gás, garimpo de ouro, etc. POLUIÇÃO HÍDRICA caderno FOZ.indd 41 16-Oct-14 10:50:51 AM
  • 42. 42 Poluição térmica da água É causada, principalmente, pelo lançamento de grandes quantidades de água aquecida nos rios e mares. O aquecimento da água, proveniente do processo de refrigeração de refinarias, siderúrgicas e usinas termoelétricas, não afeta a sua potabilidade, mas causa a diminuição do oxigênio (O2) presente na água, prejudicando a vida aquática. Animais como trutas e salmões são ainda mais afetados por este tipo de poluição, pois não sobrevivem à variação térmica. Poluição biológica da água É causada pela presença de micro-organismos patogênicos na água, provenientes de esgotos industriais e domésticos. Estes micro-organismos, como bactérias, vírus, protozoários e vermes, causam numerosas doenças aos seres vivos. Águas de nascentes e poços podem se contaminar através do solo, devido à proximidade de esgotos e fossas. O solo não retém as bactérias, apenas as partículas; por isso, a água pode estar contaminada mesmo estando visualmente cristalina. Poluição sedimentar da água Atualmente, corresponde à principal massa de poluentes. É causada pelo acúmulo de sedimentos e resíduos na água. Tais resíduos, provenientes de indústrias, esgotos domésticos e processos erosivos, impedem a entrada de luminosidade na água. A falta de luminosidade na água prejudica o processo de fotossíntese das plantas aquáticas e atrapalha a visualização da comida pelos animais. Poluição radioativa da água É causada pelo lançamento de resíduos radioativos na atmosfera e no solo, provenientes de usinas nucleares e hospitais. A contaminação por material radioativo é altamente nociva aos seres vivos. Poluição química da água É causada pela contaminação da água por produtos químicos nocivos, principalmente por rejeitos agrícolas como fertilizantes e herbicidas. Os efeitos deste tipo de contaminação não são percebidos em curto prazo e, por causarem deformações e morte aos seres vivos, são altamente prejudiciais. Existem ainda outros tipos de poluições hídricas, tais como: caderno FOZ.indd 42 16-Oct-14 10:50:52 AM
  • 43. 43 Cada litro de óleo descartado no ambiente pode contaminar milhares de litros de água. O descarte inadequado do óleo de cozinha provoca diversos prejuízos econômicos e ambientais, pois entope encanamentos e contamina rios e lençóis freáticos, prejudicando e dificultando também o processo de tratamento do esgoto. O óleo cria uma película dentro das tubulações das redes de esgoto e, com o passar do tempo, endurece, criando obstruções. Essas obstruções causam extravasamento de esgoto e prejudicam o trabalho realizado nas estações de tratamento de esgotos (ETE). saiba mais Destaque É importante saber que, apesar de poluentes, os detergentes, fertilizantes, inseticidas, petróleo e óleos são compostos biodegradáveis, ou seja, ao final de um tempo são decompostos pela ação de bactérias que, em alguns casos, pode demorar centenas ou milhares de anos. Já os metais pesados, e alguns tipos de agrotóxicos, são persistentes, ou seja, ficam muito tempo na natureza e contaminam, além da água, moluscos, crustáceos, peixes e outros alimentos. Ambos os grupos podem ser considerados poluentes químicos. caderno FOZ.indd 43 16-Oct-14 10:50:53 AM
  • 44. 44 Segundo dados da Comissão Mundial de Águas, os 500 maiores rios do planeta estão poluídos. O crescimento desordenado das cidades, a falta de tratamento de esgoto e o descarte de poluentes industriais tornam a tarefa de despoluir um rio urbano quase impossível. O tratamento da água poluída exige alto investimento em infraestrutura, leva um longo tempo e demanda cooperação entre governo, empresas e sociedade no árduo trabalho de recuperação das águas. Uma outra questão, apresentada no relatório das Nações Unidas, é o crescimento demográfico projetado para áreas urbanas, pois se os esforços continuarem no ritmo atual os aprimoramentos nas instalações da cobertura do saneamento básico aumentarão em apenas 2%, passando, de 80% em 2004 para 82% em 2015 - equivalente a apenas 81 milhões de pessoas atendidas. (WHO; UNICEF, 2006) Realizar um trabalho de tratamento de despoluição é uma tarefa complexa, mas o exemplo do rio Reno, na Europa Ocidental, nos mostra que é possível. O rio Reno nasce nos Alpes Suíços e deságua na Holanda; tem 1.320 quilômetros de extensão e passa por França, Alemanha, Luxemburgo e Bélgica. Até a década de 1970, era intensamente poluído por resíduos das indústrias e da agricultura. Soluções para o impacto ambiental: é possível despoluir rios urbanos? O processo de despoluição do Reno exigiu a cooperação dos diversos países por onde passa e teve início em 1976, quando foi assinado o primeiro acordo contra a poluição química do rio. Mas somente após a ocorrência de um incêndio em um depósito de produtos químicos na Suíça, em 1986, é que um plano de ação foi elaborado, e o despejo de resíduos no rio teve fim. Hoje, o Reno está recuperado e é um importante local de lazer para os europeus. RIORENO caderno FOZ.indd 44 16-Oct-14 10:50:53 AM
  • 45. 45 foto rio renno antes e depois caderno FOZ.indd 45 16-Oct-14 10:50:53 AM
  • 46. 46 Com a atual Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), a água passou a ser considerada um bem público, limitado e dotado de valor econômico, cujo uso prioritário é o consumo humano e cuja gestão deve ser descentralizada e proporcionar o uso múltiplo das águas. Conforme estabelecido na Lei Federal 9.433, de janeiro de 1997, os objetivos desta política são os de assegurar, à atual e às futuras De quem é a responsabilidade? gerações, a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável; a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais. Para atender às determinações da Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), em julho de 2000, a Lei 9.984 criou a Agência Nacional de Águas (ANA). Está sob a sua responsabilidade disciplinar a implementação, a operacionalização, o controle e a avaliação dos instrumentos de gestão criados pela PNRH. Dessa forma, seu espectro de regulação ultrapassa os limites das bacias hidrográficas com rios de domínio da União, pois alcança aspectos institucionais relacionados à regulação dos recursos hídricos no âmbito nacional. Para conhecer mais sobre a Agência Nacional de Recursos Hídricos entre no site: http://www2.ana.gov.br/ caderno FOZ.indd 46 16-Oct-14 10:50:54 AM
  • 47. 47 RESÍDUOS SÓLIDOS Os resíduos sólidos são todos os restos sólidos ou semissólidos das atividades humanas ou não humanas, que embora possam não apresentar utilidade para a atividade fim de onde foram gerados, podem virar insumos para outras atividades. Hoje em dia não devemos usar mais o termo lixo, por ser uma palavra que não ajuda a diferenciar aquilo que pode ser aproveitado daquilo que não pode ser aproveitado. Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305) A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) instituiu a responsabilidade compartilhada entre fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e municípios quanto ao ciclo de vida dos produtos, ou seja, todos são solidariamente responsáveis pelos resíduos sólidos que geram. Todos têm novas responsabilidades com a implantação da lei: sociedade, governo, empresas e catadores. Sua finalidade é mudar as relações de produção, uso, descarte e reciclagem dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) gerados pela sociedade. Atualmente, no Brasil, são gerados, por dia, cerca 183 mil toneladas de RSU, sendo 94 ton/dia de matéria orgânica. Com aterro sanitário Sem aterro sanitárioFonte: PNSB/IBGE 2008 milhões de habitantes (58% da população urbana) 27,7% 93,8 dos RSU coletados são destinados a Aterros Sanitários. Devemos diferenciar, usando as palavras resíduos e rejeitos. Resíduo é aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado. Rejeito é qualquer material considerado inútil, após esgotadas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis. caderno FOZ.indd 47 16-Oct-14 10:50:54 AM
  • 48. 48 Qual a diferença entre “Lixão” e o Aterro Sanitário? Lixão Antes da PNRS Resíduos úmidosResíduos secos Coleta indiferenciada (resíduos misturados) Desperdício de material que poderia ser aproveitado - maior consumo de matéria-prima, energia, água e poluição atmosférica do processo produtivo. Matéria orgânica gerando chorume e biogás sem tratamento - contaminação do solo e da água com contaminantes perigosos e aumento da carga orgânica, gerando eutrofização dos meios aquáticos. Emissão de metano sem controle, contribuindo para o efeito estufa. disposição inadequada em lixões, rios, etc. caderno FOZ.indd 48 16-Oct-14 10:50:54 AM
  • 49. 49 Aterro Sanitário Depois da PNRS Resíduos secos Resíduos úmidos Coleta seletiva Diminuição da extração de matéria- prima e do consumo de água e energia. Diminuição do risco de contaminantes perigosos no solo e água. Diminuição de emissão de gases gerados nos processos produtivos. Geração de composto com nutrientes agrícolas - tratamento de chorume produzido, diminuindo o risco de contaminação da água e do solo. Tratamento biodigestão, compostagem, etc. Reutilização, reciclagem, integração com processo produtivo caderno FOZ.indd 49 16-Oct-14 10:50:54 AM
  • 50. 50 População Antes: não separação do lixo reciclável nas residências; falta de informação; falhas no atendimento da coleta municipal; pouca reivindicação junto às autoridades. Depois: consumidor fará separação mais criteriosa nas residências; campanhas educativas mobilizarão moradores; coleta seletiva melhorará para recolher mais resíduos; cidadão exercerá seus direitos junto aos governantes. Poder público Antes: falta de prioridade para coleta adequada de resíduos sólidos; existência de lixões na maioria dos municípios; resíduo orgânico sem aproveitamento; coleta seletiva cara e ineficiente. Depois: municípios farão plano de metas sobre resíduos com a participação de catadores; os lixões precisam ser erradicados em quatro anos; prefeituras passam a fazer a compostagem; é obrigatório controlar custos e medir a qualidade dos serviços. Conheça o que muda com a lei, antes e depois. caderno FOZ.indd 50 16-Oct-14 10:50:55 AM
  • 51. 51 Catadores Antes: exploração por atravessadores e riscos à saúde; informalidade; problemas de qualidade e quantidade dos materiais; falta de qualificação e visão de mercado. Depois: catadores reduzem riscos à saúde e aumentam renda em cooperativas; cooperativas são contratadas pelos municípios para coleta e reciclagem; aumenta a quantidade e melhora a qualidade da matéria-prima reciclada; trabalhadores são treinados e capacitados para ampliar a produção. Empresas Antes: inexistência de lei nacional para nortear os investimentos das empresas; falta de incentivos financeiros; baixo retorno de produtos eletroeletrônicos pós-consumo; desperdício econômico sem a reciclagem. Depois: marco legal estimulará ações empresariais; novos instrumentos financeiros impulsionarão a reciclagem; mais produtos retornarão à indústria após o uso pelo consumidor; reciclagem avançará e gerará mais negócios com impacto na geração de renda. Para que estas mudanças ocorram, é necessário que toda a sociedade esteja envolvida no processo de construção e implantação de novas soluções para o descarte dos Resíduos Sólidos Urbanos. Portanto, a população precisa enfrentar o desafio de incorporar uma nova postura de consumo e descarte dos materiais, as empresas precisam estruturar a logística reversa dos materiais produzidos, os municípios devem desenvolver seus aterros com qualidade e eficiência, além de ampliar a atenção e a responsabilidade social quanto ao trabalho realizado pelos catadores. caderno FOZ.indd 51 16-Oct-14 10:50:55 AM
  • 52. 52 Contexto Zona Oeste A poluição hídrica e a degradação ambiental são responsáveis por numerosos impactos negativos na qualidade de vida da Zona Oeste. A pesca artesanal e o turismo, por exemplo, importantes atividades econômicas de Sepetiba e Guaratiba até a década de 70, passaram por um processo de decadência que atingiu moradores, pescadores e comerciantes da região. A partir da década de 60, são implantados distritos industriais nas regiões de Campo Grande e Santa Cruz, gerando resíduos industriais lançados no ambiente sem tratamento, o que contribuiu ainda mais para a degradação ambiental da região. Segundo dados do IBGE, do censo de 1991 a 2000, isto é, em menos de dez anos, houve um aumento de 46% em novas habitações em Campo Grande, Guaratiba e Santa Cruz. Um estudo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro mostra que várias espécies da Baía de Sepetiba foram contaminadas por metais pesados,comocádmio,chumboealumínio,colocandoasobrevivência da vida marinha em risco, assim como a saúde daqueles que dela dependem para sobreviver. A crescente poluição da Baía de Sepetiba provocou o contínuo desaparecimento de peixes como pescadinha, robalo e tainha. Pescadores presenciaram o declínio da biodiversidade e, como consequência, viram-se obrigados a buscar outras atividades para garantia do seu sustento. Segundo o pescador Ivo Soares: “quando o pescador não consegue nada no mar, ele vira peão de obra. É ótimo para as empresas, mas tirar um pescador do mar é como tirar um peixe de dentro da água. “ Outro setor produtivo atingido pela poluição da região de Guaratiba, foi a rede de bares e restaurantes que recebia turistas e clientes atraídos pelas belezas e pelos frutos do mar. Houve desvalorização e esvaziamento da área; muitos restaurantes fecharam as portas, impactando não só os pescadores mas toda a economia local, que dependia do pescado e do turismo. Outras regiões da Zona Oeste também têm sido afetadas por impactos ambientais. Anualmente, nas estações chuvosas, casos graves de deslizamentos e inundações vêm afetando os moradores dos bairros de Campo Grande, Realengo e Santa Cruz, causando perda de vidas e bens materiais. Tais ocorrências são causadas principalmente pela ocupação territorial desordenada do espaço urbano, pela construção de moradias em áreas alagáveis, em margens de rios e pela impermeabilização do solo. No período de chuvas, além do aumento natural do volume de água, as inundações são agravadas pelo despejo inadequado de todo o tipo de resíduos - dejetos humanos, restos de alimentos, embalagens, plástico, madeira, alumínio e vidro - nos cursos d´água. Por isso, a relação direta entre os recursos hídricos e os resíduos sólidos são temas prioritários para o desenvolvimento econômico, social e ambiental da sua região. caderno FOZ.indd 52 16-Oct-14 10:50:57 AM
  • 53. 53 R R RPara promover a despoluição dos rios, diminuir a geração de resíduos e melhorar o controle sanitário, é necessário trazer para si a responsabilidade de fazer o descarte correto dos resíduos e divulgar na sua comunidade os conhecimentos relacionados a essa mudança de postura. Você já ouviu falar dos 3 R’s? Reduza ● Diminua o consumo de produtos embalados, compre a granel e use sacolas de tecido. ● Vá pelo menos uma vez por semana ao mercado e compre somente o necessário, liste as coisas que são realmente necessárias. Reutilize ● Transforme coisas velhas em novas com um pouco de criatividade e materiais que tem em casa. ● Escolha produtos com embalagens retornáveis. Recicle ● Separar o lixo para coleta seletiva diminui a poluição do solo. ● Incluir as lixeiras de coleta seletiva e explicar como se faz a separação. Qual é o seu papel? caderno FOZ.indd 53 16-Oct-14 10:50:57 AM
  • 54. 54 INICIATIVAS Afinal, todos os caminhos levam aos rios. Por isso, eles precisam ser preservados e bem cuidados. Para inspirar a atitude cidadã, aqui vão alguns dos projetos sobre a diminuição de impacto ambiental, controle e gestão de resíduos sólidos. PROGRAMA RECICLA RIO - Desde 2010, o programa busca valorizar a gestão dos resíduos e fortalecer as parcerias locais entre agentes públicos, privados e comunitários. Com isso, os participantes cuidarão para manter um ambiente equilibrado e saudável, e também valorizar a cadeia produtiva da reciclagem do Estado do Rio de Janeiro. Para saber mais acesse: http://www.rj.gov.br/web/sea/exibeConteudo?article-id=574909 COLETA SELETIVA SOLIDÁRIA - Promove a implantação de programas municipais de coletiva seletiva, por meio do planejamento participativo e da educação ambiental. Como as conquistas são feitas em conjunto, para que a coleta seletiva se torne realidade é preciso valorizar, incluir e trabalhar junto com os catadores e catadoras de materiais recicláveis. Para saber mais acesse: http://www.coletaseletivasolidaria.com.br/ Pratique a reciclagem, sempre! Referência Bibliográfica Universidade Estadual do Norte Fluminense http://www.uenf.br/uenf/centros/cct/qambiental/ag_tipoluicao.html) http://www.infoescola.com/ecologia/definicao-de-residuos-solidos/ caderno FOZ.indd 54 16-Oct-14 10:50:57 AM
  • 55. 55 Capitulo i I iCapitulo i I i i caderno FOZ.indd 55 16-Oct-14 10:50:58 AM
  • 56. 56 Saúdee meioambiente O planeta está doente! O processo desordenado de crescimento populacional e a migração das pessoas das áreas rurais para as áreas urbanas geraram numerosos problemas de insuficiência dos serviços básicos de saneamento. E, desta forma, trouxeram grandes impactos à saúde da população que vive em ambiente urbano. Segundo o relatório das Nações Unidas, cerca de 10% do total de doenças ao redor do mundo poderia ser prevenidos por meio de aprimoramentos nos serviços de manutenção do meio ambiente relacionados à água potável, ao saneamento e à recuperação de áreas degradadas. Por isso, iremos refletir, neste tópico, sobre as relações entre meio ambiente, recursos hídricos e saúde humana. Vamos abordar o contexto histórico e o desenvolvimento da relação da saúde com o meio ambiente, os riscos decorrentes da utilização de água poluída e a sua relação direta com a qualidade de vida da população. caderno FOZ.indd 56 16-Oct-14 10:50:58 AM
  • 57. 57 Historicamente, a busca por água foi determinante para a sobrevivência humana e para o desenvolvimento das civilizações, e fundamental em alguns aspectos como a agricultura, o transporte e o consumo humano, garantindo assim saúde e a manutenção da vida. A disponibilidade abundante de água foi fundamental para que as antigas sociedades nômades pudessem se fixar em uma determinada região. Esta nova forma de ocupação do território só foi possível com a domesticação da água, ou seja, o aprimoramento de técnicas de armazenamento para consumo e desenvolvimento da agricultura, pois permitia a irrigação das plantações. Por isso, a disponibilidade de água foi um dos principais fatores de desenvolvimento das grandes civilizações. O crescimento populacional, em sociedades que se fixaram em um determinado território, trouxe novos desafios para a manutenção da qualidade da vida humana, principalmente aqueles relacionados à saúde. Por exemplo, o acúmulo de resíduos e rejeitos nas ruas e casas - fezes humanas e de animais, teve grande relevância ao gerar novas necessidades de adequação da sociedade. Ao longo da história, cada uma das civilizações desenvolveu diferentes técnicas para irrigação de plantações, abastecimento de água e afastamento dos rejeitos. Mas a criação de estratégias para solucionar os problemas sanitários dependia do nível de evolução social e tecnológica das sociedades. Na antiga sociedade egípcia, a higiene tinha papel fundamental e, por isso, foram desenvolvidos sistemas de drenagem e eram comuns as casa de banho. Na Índia, por exemplo, foram descobertas ruínas de uma civilização que existiu a cerca de 4.000 anos, onde foram encontrados banheiros, redes de esgoto nas construções e drenagem nas ruas. Contexto histórico caderno FOZ.indd 57 16-Oct-14 10:50:59 AM
  • 58. 58 Mas, assim como aconteceram evoluções nos processos de saneamento e nas práticas de higiene das populações, também ocorreram retrocessos, pois os avanços tecnológicos caíam em desuso juntamente com a queda das civilizações que os criaram. Durante a Idade Média, segundo Guimarães, Carvalho e Silva: “Embora as civilizações antigas tenham desenvolvido vários tipos de sistemas hidráulicos, a sociedade medieval parece ter abandonado esses conhecimentos. O abastecimento de água do período era irrisório, e a falta de locais para coletar o líquido usado causava graves problemas: as tinturarias e curtumes instalavam- se nas margens dos rios, poluindo-os; como não havia esgotos, cada família jogava seus detritos nas ruas, onde permaneciam até que a chuva os levasse; e as nascentes e os poços eram muitas vezes contaminados pela água suja.” curiosidade graves problemas: as tinturarias e curtumes instalavam- onde permaneciam até que a chuva os levasse; e as nascentes e os poços eram muitas vezes contaminados Em 1789, havia no Rio de Janeiro apenas quatro médicos. Somente a partir de 1857, com a criação do microscópio, Louis Pasteur e outros cientistas descobrem que doenças infecciosas eram causadas por micro- organismos patogênicos. Essa descoberta revolucionou a medicina e criou novos campos da ciência, como: microbiologia, bacteriologia, a micologia, a parasitologia, a virologia e a imunologia. Sem água não há saúde! caderno FOZ.indd 58 16-Oct-14 10:50:59 AM
  • 59. 59 Este mesmo cenário também aconteceu no Brasil colonial, pois devido à falta de desenvolvimento tecnológico e de infraestrutura ocorreram inúmeras doenças e mortes de milhares pessoas neste período. Algumas delas relacionadas diretamente ao uso de água poluída e sem tratamento. A saúde só começou a entrar na pauta dos interesses públicos e privados a partir de 1808, com a chegada da família real portuguesa ao Brasil e a fundação do “Império Ultramarino”. O então governo instituiu medidas de controle sanitário, regulação de produtos de consumo, cuidados com a água e saneamento, combate à propagação de doenças epidêmicas, como também a admissão de profissionais de saúde. Muitos desses avanços estavam relacionados com a tentativa de exterminar epidemias. As medidas eram deterministas e não preventivas, como se busca atualmente. Deste momento em diante, podemos destacar relevantes marcos para a saúde humana e ambiental, bem como a diminuição da taxa de mortalidade no Brasil. No ocidente, foi somente no século XIX que o progresso científico permitiu a descoberta de micro-organismos nocivos em águas contaminadas e passou-se a compreender a relação do uso de água poluída com a propagação de graves epidemias, como a cólera e a febre tifoide. Desta forma, o avanço científico demonstrou e disseminou a importância da água limpa para a saúde e a qualidade de vida. caderno FOZ.indd 59 16-Oct-14 10:51:00 AM
  • 60. 60 LINHA DO TEMPO DA SAÚDE NO BRASIL A chegada da família real portuguesa traz também medidas de controle sanitário, cuidados com a água, saneamento e combate à propagação de doenças epidêmicas. Criação do Código de Posturas da Câmara Municipal do Rio de Janeiro: regulamento sanitário, apelidado de “código de torturas”. O Código estabelece medidas sanitárias, como normas para cemitérios e para a venda de alimentos, e torna obrigatória a vacinação infantil contra a varíola. A obrigatoriedade da vacina foi mal recebida pela população, que, sem informação, acreditava que a vacinação podia até causar a morte. Grande epidemia de febre amarela atinge todo o país, principalmente o Rio de Janeiro. Após este surto a febre amarela torna- se comum em todo país, atingindo constantemente algumas regiões. Mas, naquela época, até mesmo os médicos não sabiam que a doença era transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Primeira epidemia de cólera atinge o país; causada por uma bactéria intestinal, o vibrião colérico, ou Vibrio cholerae, estima-se que esta epidemia tenha vitimado duzentas mil pessoas, especialmente entre os mais pobres. A água contaminada é a principal forma de veiculação da doença. A instituição da Polícia Sanitária comandada por Oswaldo Cruz adota práticas “militares” no combate à epidemia, com a imposição de medidas de vigilância e higiene. As brigadas mata-mosquitos tinham poder de polícia e podiam invadir e isolar residências suspeitas de abrigarem focos de mosquito. Apesar da descrença de outros médicos quanto ao fato de ser o mosquito o transmissor da doença, o número de casos caiu. 1808 1832 1850 1855 1889 caderno FOZ.indd 60 16-Oct-14 10:51:00 AM
  • 61. 61 Nomeação de Oswaldo Cruz como diretor geral de saúde pública. Oswaldo Cruz teve papel essencial nas reformas sanitaristas, no final do século XIX e início do século XX no Brasil. Combateu primeiramente a febre amarela com as brigadas mata-mosquitos. Em seguida, atuou no ataque à peste bubônica promovendo a desratização da cidade, criando uma campanha em que o governo pagava à população por ratos mortos. Enfrentou ainda a varíola com a vacinação obrigatória. Apesar da sua importante contribuição para o avanço da vigilância sanitária, a forma autoritária com que Oswaldo Cruz impôs medidas para o controle de doenças foi, à época, muito criticada pela população. A Revolta da Vacina: a população revolta-se contra as medidas autoritárias do governo, como as medidas de higienização e vigilância sanitária e a vacinação obrigatória. Tais medidas eram conhecidas por seus opositores como “despotismo sanitário”. Ao longo de duas semanas, o Rio de Janeiro transformou- se em um campo de batalha; barricadas populares foram armadas por toda a cidade para reprimir o levante popular, cerca de trinta pessoas foram mortas e centenas enviadas para a prisão e o exílio no Acre. Reforma Carlos Chagas e a criação do Departamento Nacional de Saúde Pública. Carlos Chagas: médico sanitarista e pesquisador responsável pela descoberta do protozoário Trypanosoma cruzi, transmissor da doença de Chagas. Criação do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro: tinha como atribuição realizar a vigilância sanitária devido à contaminação de águas que, por sua vez, afetava a saúde da população. Além disto, tinha com foco o combate da malária, da doença de Chagas, da peste bubônica e da febre amarela. Carta de Goiânia, considerada como um divisor de águas em termos de política sanitária no país: documento criado no Encontro de Vigilância Sanitária de Goiás, que reivindicava a definição de uma Política Nacional de Vigilância Sanitária como parte da Política Nacional de Saúde. A partir desse período, o governo federal e as principais instituições envolvidas nas questões de saúde e vigilância sanitária passaram a entender que as medidas preventivas eram mais eficazes do que o simples combate às epidemias. Passaram a contribuir para a prevenção, por meio de medidas educativas para a saúde, incentivo às pesquisas sobre o combate às endemias e epidemias, bem como o início da compreensão da relação do ambiente com a saúde humana e animal. 1902 1904 1920 1953 1985 caderno FOZ.indd 61 16-Oct-14 10:51:01 AM
  • 62. 62 Os problemas epidêmicos de saúde só existem quando o ambiente não está em equilíbrio, ou seja, poluído. Quando as águas de um riacho que atravessa uma comunidade estão contaminadas, podem ocasionar problemas graves de saúde aos habitantes como, por exemplo, doenças por parasitas, vírus e bactérias. Além da água, o descarte inadequado de resíduos também pode gerar doenças, mau cheiro e um ambiente desagradável para viver. A relação da água com a saúde 8033 10das doenças.das mortes. da perda média do tempo de trabalho de cada pessoa. Utilizar água contaminada para lavar alimentos, beber ou tomar banho pode gerar graves riscos à saúde. Quatro entre cinco doenças comuns nos países em desenvolvimento são causadas por água poluída ou por falta de saneamento básico, e tais doenças provocam, nesses países, em média, 25 mil mortes por dia, sendo 60% delas de crianças. %% % Em países em desenvolvimento a água de má qualidade é responsavél por: caderno FOZ.indd 62 16-Oct-14 10:51:01 AM
  • 63. 63 7 Segundo relatório da Organização das Nações Unidas,aprevençãocontra doenças relacionadas ao saneamento básico e à água poderia economizar cerca de bilhões de dolares por ano em gastos com os sistemas de saúde. E o valor das mortes evitadas, com base em um rendimento futuro com descontos, acrescentaria outros US$ 3.6 bilhões por ano. (Hutton et al., 2007) Quais são os cuidados e os tipos de doenças relacionadas à água poluída? Para auxiliar, informar, educar e, sobretudo, proteger a população sobre como tornar o ambiente onde vive mais sadio e que ofereça menos riscos à saúde individual e coletiva, os técnicos em saúde ambiental atuam diretamente no controle sanitário, cabendo-lhes detectar, prevenir e corrigir riscos ambientais para a saúde, atuais e potenciais, que possam ser originados por: Fenômenos naturais ou por atividade humana. Crescimento desordenado dos aglomerados populacionais. Mau funcionamento de serviços, estabelecimentos e locais de utilização pública. caderno FOZ.indd 63 16-Oct-14 10:51:01 AM
  • 64. 64 Confira abaixo as principais doenças relacionadas à água poluída Parasitas Esquistossomose: o contágio se dá por meio do contato com águas que contêm larvas provenientes do caramujo hospedeiro. Ascaridíase: o contágio se dá por meio do consumo de água que contém o parasito Ascaris lumbricoides. Giardíase: o contágio se dá através do consumo de água que contém o parasito Giardia lamblya. Vírus Hepatite viral tipo A e poliomielite: O contágio se dá pelo contato - consumo ou banho - com água contendo urina e fezes humanas. Bactérias Meningoencefalite: o contágio se dá pelo contato - consumo ou banho - com águas contaminadas. Cólera: o contágio se dá pelo consumo de água contaminada por fezes ou vômito de algum indivíduo contaminado. Leptospirose: é uma infecção aguda causada por uma bactéria do gênero Leptospira. O contágio ocorre principalmente pelo contato dos seres humanos com água contaminada pela urina de ratos infectados. Os sintomas são diarreia, náuseas, calafrios, febre alta, desidratação, manchas no corpo. Febre tifoide: o contágio se dá pela ingestão de água ou alimentos contaminados - a contaminação de alimentos ocorre ao serem lavados em água contaminada. Para evitar o contágio de doenças relacionadas ao uso de água contaminada deve-se estar atento às medidas de higiene, como: ferver a água antes de consumir, lavar os alimentos, vacinar os animais, fechar bem a lixeira e a caixa d’água. Outra medida importante é evitar o contato com águas de enchentes, devido ao risco de contaminação por leptospirose. Destaque caderno FOZ.indd 64 16-Oct-14 10:51:02 AM
  • 65. 65 Para cada R$ 1,00 (um real) que se investe em saneamento básico economiza-se R$ 4,00 (quatro reais) em saúde pública. Qual é o seu papel? Veja algumas medidas importantes que você pode tomar para melhorar a qualidade da água na sua casa. É possível purificar a água de várias maneiras: 1) Utilize um filtro para purificar a água antes de bebê-la. Os filtros de barro são mais econômicos e altamente eficazes. Mas lembre-se de lavar e/ou trocar a vela do filtro periodicamente. 2) Ferva a água: ferver a água por 15 minutos matará 99% dos organismos vivos e também removerá grande parte dos compostos químicos presentes na água. Com uma simples panela no fogão, você elimina bactérias e obtêm uma água segura para o consumo. 3) Use tabletes químicos de iodo ou cloro para purificação: ao utilizar tabletes químicos, é necessário colocar a medida exata de acordo com as instruções do produto. Matam as bactérias, mas alteram o sabor da água. 4) Limpe a caixa d’água da sua casa. A limpeza deve ser feita a cada seis meses; utilize apenas água sanitária, nunca use sabão. A caixa d’água deve ficar bem fechada, para que não entrem sujeira e insetos, principalmente o mosquito da dengue. Fique atento! caderno FOZ.indd 65 16-Oct-14 10:51:02 AM
  • 66. 66 Quer buscar mais informações sobre a atuação dos profissionais da Saúde Ambiental e também artigos acadêmicos, filmes ou revistas sobre o tema? Visite os seguintes endereços FIOCRUZ: <https://portal.fiocruz.br/> MINISTÉRIO DA SAÚDE: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/videos/video/0> ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE: <http://www.paho.org/bra/> WATER AID: <http://www.wateraid.org/uk> Doenças endêmicas: são consideradas endêmicas as doenças localizadas em uma determinada região, em um espaço limitado, chamado de “faixa endêmica”. Ou seja, endemia está relacionada a uma doença localizada, de causa local. Exemplo: a malária na Amazônia Legal Brasileira. GLOSSÁRIO Doenças epidêmicas: são consideradas epidêmicas as doenças infecciosas e transmissíveis em uma comunidade ou região. A sua principal característica é o potencial de proliferação acelerada entre as pessoas de outras regiões, originando um surto epidêmico. Exemplo: gripe aviária. caderno FOZ.indd 66 16-Oct-14 10:51:02 AM
  • 67. 67 FABER, Marcos. A importância dos rios para as primeiras civilizações. Coleção História Ilustrada, v. 2. GUIMARÃES; CARVALHO e SILVA. Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/deng/leonardo/downloads/APOSTILA/Apostila%20IT%20 179/Cap%201.pdf> <http://www.aprendebrasil.com.br/especiais/revoltadavacina/epidemias.asp> KODAMA, Kaori. Os impactos da epidemia de cólera no Rio de Janeiro (1855-56) na população escrava: considerações sobre a mortalidade através dos registros da Santa Casa de Misericórdia. Casa de Oswaldo Cruz – FIOCRUZ. Disponível em: <http://www.escravidaoeliberdade.com.br/site/images/Textos5/kodama%20kaori.pdf> MATTOS, R.A. Os sentidos da integralidade: algumas reflexões acerca de valores que merecem ser defendidos. In: Pinheiro, R & Mattos. R.A. MORAES, Ismar Araujo de. A história da saúde pública/vigilância sanitária no Brasil. Disponível em: <http://www.proac.uff.br/visa/sites/default/ files/historia.pdf> SCLIAR Moacir. O Rio de Janeiro em pé de guerra. Disponível em <http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/o_rio_de_janeiro_em_pe_ de_guerra_imprimir.html > UFJF – apostila de microbiologia. Prof. Dra. Vânia Lúcia da Silva. Sites: Como purificar a água: <http://pt.wikihow.com/Purificar-%C3%81gua> Sobre leptospirose: <http://drauziovarella.com.br/letras/l/leptospirose/> Referência Bibliográfica caderno FOZ.indd 67 16-Oct-14 10:51:02 AM
  • 68. 68 Capitulo i VCapitulo i V i caderno FOZ.indd 68 16-Oct-14 10:51:03 AM
  • 69. 69 Saneamento básico Neste tópico, abordaremos os conhecimentos relativos às dimensões do saneamento básico e suas relações históricas com o desenvolvimento urbano e o da civilização moderna, além de apresentar de forma detalhada o funcionamento de uma estação de tratamento do esgoto (ETE). A origem do conceito “saneamento básico” vem da palavra sanear – do latim sanu: curar, sanar, sarar, consertar, reparar, solucionar. Portanto, saneamento é o conjunto de medidas para preservar as condições do meio ambiente, assegurar a higiene, prevenir doenças e melhorar as condições de saúde. A estrutura do saneamento básico é composta por um conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais: abastecimento de água potável; manejo de água pluvial; coleta e tratamento de esgoto; limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos. Por isso, vamos entender por que a falta de saneamento pode gerar a contaminação da água e do solo e, como consequência, transmitir doenças aos seres humanos. caderno FOZ.indd 69 16-Oct-14 10:51:04 AM
  • 70. 70 Vamos reFLetir Que serviços constituem o saneamento básico, em sua opinião? Qual a importância do saneamento para a melhoria da qualidade de vida na sua comunidade? limpeza urbana e manejo dos sólidos Estação de abastecimento de água potável Estação de Tratamento esgoto sanitário drenagem e manejo de águas pluviais urbanas ralo ou boca de lobo caderno FOZ.indd 70 16-Oct-14 10:51:05 AM
  • 71. 71 As civilizações antigas, em função das condições de vida, preocupavam-se mais com ações de natureza sanitária relativas ao suprimento de água e à disposição dos rios. Com o desenvolvimento das sociedades, a urbanização e o adensamento populacional promoveram um grande aumento na geração de rejeitos líquidos e sólidos, assim como na impermeabilização dos solos, fatores esses que resultaram em novas situações de perigo à saúde humana e a exigir a criação de sistemas de esgotamento sanitário. A forma como as sociedades têm percebido a relação saúde/doença e lidado com sua prática sanitária e hábitos de higiene nunca foi estática e, por isso, tem sofrido mudanças ao longo da história. Na antiga civilização romana, por exemplo, não havia banheiro dentro das casas, mas as pessoas tinham o hábito de frequentar casas de banho e banheiros públicos. As latrinas coletivas eram esculpidas em pedra e dispostas lado a lado, com um canal de água corrente que constantemente levava os dejetos para os rios. Nestes banheiros públicos, as pessoas se reuniam para discutir e debater. Na Idade Média, com a ascensão do cristianismo, das ideias de pecado e de renúncia ao prazer, o corpo passou a ser considerado instrumento para o pecado, e os cuidados com ele passaram a ser malvistos. Assim, as casas de banho e banheiros públicos coletivos caíram em completo desuso. Banhos eram esporádicos, e penicos eram usados para eliminar fezes e urina, que eram esvaziados jogando os dejetos pelas janelas. Não foi diferente durante o Período Colonial, no Brasil, pois nos antigos casarões não havia encanamentos e banheiros. A prática do banho era eventual e, quando realizada, se dava dentro dos quartos, com auxílio de jarras, bacias e sabão de cinzas. E era também dentro dos quartos que se usavam os urinóis, uma espécie de penico. Tampouco havia coleta do lixo ou redes de esgoto nas cidades, por isso os dejetos eram recolhidos em grandes tambores para serem jogados nos rios pelos escravos. Contexto histórico caderno FOZ.indd 71 16-Oct-14 10:51:05 AM
  • 72. 72 De acordo com o Professor Carlos Fernandes, da UFCG, foi em 1596 que o inglês John Harrington, “entrou para a história do saneamento quando idealizou e convenceu sua protetora, a Rainha Elizabeth I, a instalar no palácio, um recinto interno e fechado com vaso cloacal, a primeira latrina”. O sistema do vaso sanitário foi desenvolvido e criado no final do século XVI, porém só passou a ser difundido nas cidades europeias dois séculos depois, com o advento da Revolução Industrial e a produção em larga escala. O crescimento demográfico e a formação das cidades modernas exigiram novas soluções para o descarte dos rejeitos humanos das casas; com isso, criou-se um sistema de encanamentos. Foi neste contexto que o engenheiro inglês Joseph Bramah criou a bacia sanitária com descarga hídrica, possibilitando que os dejetos fossem afastados por sucção. Já parou para pensar que se não fossem o vaso sanitário e o sistema de encanamentos, o mundo não teria avançado? Desenho original do sistema criado por John Harrington caderno FOZ.indd 72 16-Oct-14 10:51:05 AM
  • 73. 73 O grande fedor de Londres No século XIX, com a concentração cada vez maior de pessoas nos espaços urbanos e a ampla difusão da descarga, grandes quantidades de dejetos sem tratamento foram sendo descartados no rio Tâmisa, o mais importante afluente de Londres, na Inglaterra. Em 1858, ocorreu o episódio que ficou conhecido como o Grande Fedor de Londres, pois o forte mau cheiro exalado pelo rio Tâmisa em um dia de verão fez com que o parlamento fechasse.Após décadas de descartes inadequados, o rio estava extremamente poluído, e já não havia mais fauna - peixes, aves, etc. Nesse período, o rio Tâmisa era considerado o rio mais sujo da Europa. Em 1869, a situação começou a mudar, pois foi construída a primeira usina de filtragem, e o rio, pela primeira vez, passou por um processo de despoluição. Quase um século depois, o rio se encontrava novamente com níveis de poluição altíssimos e um novo processo de despoluição teve início. A partir de 1964, ao longo de uma década, foi construído um sistema de estações de tratamento de esgoto que removeu e tratou quase a totalidade dos esgotos lançados no rio. Com isso, a fauna voltou e até hoje se observa peixes e aves em toda a extensão do rio Tâmisa. Com a criação da Estação de Tratamento de Esgoto do Rio de Janeiro, em 1860, a capital do Império, o Rio de Janeiro, tornou-se a quinta cidade do mundo a possuir uma estação de tratamento de esgotos. A chaminé da Estação de Tratamento de Esgoto (Cia. City Improvements) que começou a funcionar, esta no bairro da Glória, no Rio de Janeiro, nas década de 1860 e jogava o esgoto no mar depois de “tratado” com a tecnologia da época. caderno FOZ.indd 73 16-Oct-14 10:51:06 AM
  • 74. 74 Saneamento é saúde Tem-se notícia de que existiam coletores de esgoto em Nippur (Babilônia) desde 3.750 A.C. O primeiro sistema público de abastecimento de água, o aqueduto de Jerwan, foi construído na Assíria em 691 A.C. São provenientes do antigo Egito, datados de 3.000 a.C., os primeiros registros do ato de se banhar individualmente. Os egípcios realizavam rituais sagrados na água e tomavam ao menos três banhos por dia, dedicados a divindades. Os banhos frequentes não eram apenas pela higiene, os egipcios acreditavam que a água purificava a alma. Atualmente, a busca por saneamento básico para todos - universalização do saneamento básico - insere-se na conquista por direitos humanos, já que ter saneamento básico significa promover a saúde pública preventiva, diminuir os índices de mortalidade infantil, aumentar a expectativa e qualidade de vida das pessoas. É importante recordar que o saneamento básico compreende os seguintes serviços: abastecimento de água potável; manejo de água pluvial; coleta e tratamento de esgoto; limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos. Ainda hoje o “banheiro” não está acessível para toda a população mundial. Inclusive no Brasil, segundo PNAD (2012), em 2012, 1,5 milhões de domicílios não tinham nenhum tipo de esgotamento sanitário, como banheiro ou sanitário. Dados do Ministério das Cidades mostram que, no país, a distribuição de água potável alcança apenas 81% da população e apenas 46,2% dos brasileiros têm todos os serviços de saneamento básico. Outro dado preocupante é referente ao esgoto, onde do total do esgoto gerado no país, apenas 37,9% recebem algum tipo de tratamento. “Saneamento ambiental – série de medidas destinadas a controlar, reduzir ou eliminar a contaminação do ambiente para garantir melhor qualidade de vida para os seres vivos, e especialmente para o homem.” (Saneamento. In: GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA, 1997) caderno FOZ.indd 74 16-Oct-14 10:51:06 AM
  • 75. 75 Para compreender o contexto atual, precisamos conhecer a Lei no 11.445, de 2007, que estabelece o direito ao saneamento básico a todos os brasileiros, ao mesmo tempo que estabelece as diretrizes nacionais para a política federal de saneamento básico. Agora, vamos conhecer os quatro eixos do saneamento básico: Conheça os serviços e infraestruturas do saneamento básico estação de tratamento de água estação de tratamento de esgoto ralo ou boca de lobo 1) Abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação, tratamento, até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição. 2) Esgotamento sanitário: realizado a partir de três ações - coleta, afastamento e tratamento antes da devolução do esgoto tratada para o meio ambiente. Constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente. 3) Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas. 4) Drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas. caderno FOZ.indd 75 16-Oct-14 10:51:08 AM
  • 76. 76 Como vimos, um dos serviços que compõem o saneamento básico é o de coleta e tratamento do esgoto. O volume de esgoto produzido aumenta proporcionalmente ao crescimento populacional, pois quanto maior a quantidade de água consumida, maior o volume de esgoto gerado. A água utilizada na escovação de dentes, no banho e no acionamento da descarga, por exemplo, vai para o esgoto. Destaque: Cerca de 80% do total da água consumida numa residência vai para o esgoto. O consumo de água e a geração de esgoto O esgoto, então, nada mais é do que água “usada”. Nessa água estão presentes diversos agentes poluentes, como: sólidos, micro-organismos patogênicos, sabão, dentre outros. A presença de matéria orgânica - como as fezes humanas - é um importante elemento contaminante da água. Assim, pode-se afirmar que, atualmente, um dos principais problemas de poluição hídrica nos grandes centros urbanos é o despejo de esgoto sem tratamento nos rios e riachos. Essa grande carga de matéria orgânica descartada provoca a redução da quantidade de oxigênio dissolvido na água, causando forte desequilíbrio nesses ecossistemas e dificultando o processo natural de depuração desse recurso. Por isso, a importância e urgência de coletar, transportar e tratar adequadamente os dejetos gerados pelas atividades humanas nos ambientes urbanos. Dessa forma, é imprescindível refletirmos e agirmos sobre a situação atual, uma vez que mais de 60% dos esgotos produzidos hoje no país não recebem nenhum tipo de tratamento. E, sem tratamento e destinação adequados, contaminam o solo e as águas superficiais e subterrâneas, transformando-os em agentes de disseminação de doenças. caderno FOZ.indd 76 16-Oct-14 10:51:09 AM
  • 77. 77 É a ação ou processo de tornar pura, ou pelo menos utilizável, a água poluída. Inclui a depuração das águas destinadas à alimentação, às indústrias e dos esgotos. A depuração das águas destinadas ao consumo doméstico pode ser feita por simples ebulição ou filtração, a depender do estado da água. Empregam-se também processos químicos como, por exemplo, tratar a água com ozônio ou pela utilização do hipoclorito de cálcio. As águas dos esgotos devem ser depuradas antes de serem lançadas nos cursos d’água ou no mar, o mesmo devendo acontecer com as águas utilizadas na indústria e com as águas residuais das tinturarias, da criação de gado, das saboarias, etc., para eliminar ou minimizar o efeito dos poluentes. (Depuração das águas. In: Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-09-04]. Disponível em: <URL: http://www.infopedia.pt/$depuracao- das-aguas>.) Depuração das águas caderno FOZ.indd 77 16-Oct-14 10:51:09 AM
  • 78. 78 Como vimos anteriormente, o sistema de esgotamento sanitário é o conjunto de obras e instalações que tem como objetivos a coleta, o afastamento, o tratamento e a disposição adequada dos esgotos tratados. Existem diferentes formas de realizar o tratamento do esgoto de acordo com o grau de remoção de poluentes que se deseja alcançar, podendo ser: preliminar, primário, secundário e terciário. A depender do grau de remoção de poluentes, o tratamento pode retirar da água as seguintes impurezas: Como funciona o sistema de esgotamento sanitário? Sólidos em suspensão. Matéria orgânica. Nutrientes. Organismos patogênicos (patogênicos são os organismos capazes de causar doenças). caderno FOZ.indd 78 16-Oct-14 10:51:09 AM
  • 79. 79 Como ocorre este processo? O sistema de esgotamento sanitário pode ser desenvolvido de forma individual ou coletiva. Em cidades densamente povoadas, o sistema coletivo é o mais utilizado, por meio da construção de Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) conectadas à rede de esgoto. Etapas do Sistema de Esgotamento Sanitário: 1 - Saída do esgoto das residências: para que o tratamento do esgoto aconteça é necessário que a residência esteja conectada a uma rede de esgoto. 2 - Afastamento: as tubulações são responsáveis pelo escoamento do esgoto até a estação de tratamento (ETE). Quando não existe energia gravitacional (declividade no terreno) suficiente para levar o esgoto às ETE, são construídas estações elevatórias que bombeiam o esgoto para áreas mais altas recuperando nível para dar continuidade ao escoamento do esgoto. Ou seja, a elevatória é necessária quando o terreno não tem uma variação de declividade que acompanha a declividade da rede, necessária porque o esgoto flui do nível mais alto para o mais baixo, aprofundando a rede à medida que a rede vai se estendendo estação elevatória ralo caderno FOZ.indd 79 16-Oct-14 10:51:11 AM