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VERSÃO DO PROFESSOR
D I S C I P L I N A

Didática e o Ensino de Geografia

A interdisciplinaridade no ensino de
Geografia e a pedagogia de projetos
Autoras
Sônia de Almeida Pimenta
Ana Beatriz Gomes Carvalho

aula

06
Material APROVADO (conteúdo e imagens)

Data: ___/___/___

Nome:_______________________________________
Governo Federal
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância – SEED
Carlos Eduardo Bielschowsky

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Universidade Estadual da Paraíba

Reitor
José Ivonildo do Rêgo

Reitora
Marlene Alves Sousa Luna

Vice-Reitora
Ângela Maria Paiva Cruz

Vice-Reitor
Aldo Bezerra Maciel

Secretária de Educação a Distância
Vera Lúcia do Amaral

Coordenadora Institucional de Programas Especiais - CIPE
Eliane de Moura Silva

Coordenador de Edição
Ary Sergio Braga Olinisky

Diagramadores
Ivana Lima (UFRN)
Johann Jean Evangelista de Melo (UFRN)
Mariana Araújo (UFRN)
Vitor Gomes Pimentel

Projeto Gráfico
Ivana Lima (UFRN)
Revisora Tipográfica
Nouraide Queiroz (UFRN)

Revisora de Estrutura e Linguagem
Rossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG)

Ilustradora
Carolina Costa (UFRN)

Revisora de Língua Portuguesa
Maria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)

Editoração de Imagens
Adauto Harley (UFRN)
Carolina Costa (UFRN)

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UEPB

372.891
P644d    Pimenta, Sônia de Almeida.
   Didática e o ensino de geografia / Sônia de Almeida Pimenta; Ana Beatriz Gomes Carvalho. – Campina Grande: EDUEP, 2008.
   244 p.

ISBN 978-85-7879-014-1
1. Geografia – Estudo e Ensino. I. Carvalho, Ana Beatriz Gomes. II. Título.

21. ed. CDD

Copyright © 2008  Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.
Apresentação

A

pedagogia de projetos, embora não seja novidade, está sendo usada a partir de
uma nova perspectiva diante da globalização e seus impactos na educação. Vamos
apresentar as possibilidades do uso da pedagogia de projetos no ensino de Geografia,
com foco na interdisciplinaridade. Você conhecerá o contexto e a proposta mais recente
de utilização de projetos na organização do currículo, propiciando uma aprendizagem
significativa e contextualizada. Para o melhor aproveitamento desta aula, sugerimos que você
resgate os conceitos sobre a metodologia de trabalho da disciplina Metodologia Científica e
realize as atividades propostas durante a sua leitura.

Objetivos
Ao final desta aula, esperamos que você:

1
2
3
4

Conheça os fundamentos da pedagogia de projetos;

Identifique os procedimentos para a estruturação de um
trabalho por projetos;
Conheça os conceitos de aprendizagem significativa e
interdisciplinaridade;
Compreenda as possibilidades de interdisciplinaridade
no ensino de Geografia.

Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
A origem e os fundamentos
dos projetos pedagógicos
John Dewey
John Dewey –1859-1952)
um dos fundadores
da escola filosófica
de Pragmatismo e
representante principal
do movimento da
educação progressiva
norte- americana. Concebia
o conhecimento e o
seu desenvolvimento
como um processo
social- integrando os
conceitos de sociedade
e indivíduo. Para ele,
o indivíduo somente
passa a ser um conceito
significante quando
considerado parte
inerente de sua sociedade
– enquanto esta nenhum
significado possui, se for
considerada à parte, longe
da participação de seus
membros individuais.

William Kilpatrick
William Kilpatrick
(1871- 1965) é
provavelmente, a seguir
a John Dewey, o grande
filósofo do movimento
educacional e curricular
progressista ‘norteamericano’ na primeira
metade do século XX.
Foi professor do Ensino
Básico, de Matemática e
Latim, e veio a mergulhar
no campo da educação e
dos estudos do currículo.

2

A

idéia de desenvolver projetos pedagógicos em sala de aula não é exatamente uma
novidade. Em 1918, o professor John Dewey já defendia a idéia de uma pedagogia
aberta a partir das aprendizagens concretas e significativas. Mais tarde, o professor
Kilpatrick desenvolveu uma proposta de trabalho por projetos como método educativo. Este
método caracteriza-se por partir de problemas reais, do cotidiano do aluno. As atividades
escolares são elaboradas através de projetos, classificados em quatro grupos:

a)

de produção, no qual se produzia algo;

b)

de consumo, no qual se aprendia a utilizar algo já produzido;

c)

para resolver um problema e

d)

para aperfeiçoar uma técnica.

Estou no caminho certo?
A proposta de projetos não é semelhante ao centro de interesse ou temas
geradores utilizados na educação infantil? Não seria o mesmo princípio?

A Escola Nova trouxe a idéia de método de projetos como contraponto aos métodos da
escola tradicional proposta por Anísio Teixeira e Lourenço Filho. Embora remeta aos centros
de interesse, a proposta de projetos é diferenciada porque o foco não é a aprendizagem
por descoberta, mas sim, através da aprendizagem significativa, como veremos a seguir.
Estas idéias foram (re)elaboradas por educadores de diversas localidades do mundo. Nesta
aula, vamos focar as experiências do professor Fernando Hernández em Barcelona, que
detalhou em seu livro “A Organização do Currículo por Projetos de Trabalho” (publicado
em 1996), sua vivência ao implementar a proposta de projetos em uma escola da Educação
Básica. Estas idéias são particularmente interessantes, porque retomam a pedagogia de

Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
 
projetos a partir de uma perspectiva influenciada pela globalização e os novos paradigmas
da sociedade informacional. Hernández e Ventura (1998) usam a expressão pedagogia de
projetos, também utilizada pela francesa Josette Jolibert do Instituto Nacional de Pesquisas
Pedagógicas da França (INRP), referindo-se aos princípios teóricos que norteiam a
aprendizagem tendo como ponto de partida a pesquisa. Na justificativa para a implantação
dos projetos na escola de Educação Básica, Hernández traça um panorama das demandas
do mundo globalizado e a necessidade de dinamizar o currículo para tornar a aprendizagem
mais interessante para os alunos, contextualizando os conteúdos e tornando o processo
realmente significativo para o aluno.

A aprendizagem significativa
e interdisciplinaridade

L

ev Vygotsky contribuiu para uma nova compreensão entre aprendizagem e
desenvolvimento na perspectiva histórico-cultural. Para Vygotski, o processo de
construção do indivíduo começa biologicamente, ele não nega a importância da
biologia (ao resgatar a filogênese – história biológica, e a ontogênese –história do homem).
As duas linhas aparecem com o nascimento do indivíduo até se cruzarem e a linha biológica
vai desaparecendo, predominando a linha cultural. O desenvolvimento cultural supera a
condição biológica rapidamente. A relação entre os objetos do mundo e o desenvolvimento
da consciência é a mediação. Para ele, o conhecimento primeiro está fora do sujeito,
é na interação e relação entre o sujeito e os outros sociais que você vai internalizar os
conceitos acerca do mundo. O conhecimento vai do social para o individual. No processo de
internalização, por meio das trocas sociais, ela reconstrói os conceitos do mundo, ao mesmo
tempo, atuando e sendo influenciada pelo outro.

Lev Vygotsky
Psicólogo russo
descoberto nos meios
acadêmicos ocidentais
depois da sua morte,
aos 37 anos. Pensador
importante, foi pioneiro
na noção de que o
desenvolvimento
intelectual das crianças
ocorre em função das
interações sociais (e
condições de vida).

Vygostky propõe o conceito de Zonas de Desenvolvimento Proximal (as ZDP) e
afirma que o desenvolvimento real é a capacidade de resolver problemas sozinho, o
desenvolvimento proximal é a solução dos problemas com ajuda de outro. Os processos
avaliativos só consideram o desenvolvimento real, o proximal que se refere às possibilidades
de aprendizagem potenciais do sujeito. O professor é uma figura fundamental neste processo
de desenvolvimento. Ele é um mediador da construção da aprendizagem potencial e cabe a
ele ser um sistematizador do conhecimento.

Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
Estou no caminho certo?
A partir desta perspectiva do desenvolvimento da aprendizagem, é correto
relacionar o conceito de Zonas de Desenvolvimento Proximal com a possibilidade
de uma aprendizagem colaborativa, já que a aprendizagem, em última análise,
depende do outro?

Vygostky (1993) afirma que a aprendizagem se realiza sempre em um contexto de
interação, através da internalização de instrumentos e signos levando a uma apropriação
do conhecimento. Esse processo promove a aprendizagem que precede o desenvolvimento.
Ao compreender desta forma as relações entre aprendizagem e desenvolvimento Vygostky
confere uma grande importância à escola (lugar da aprendizagem e da produção de conceitos
científicos); ao professor (mediador desta aprendizagem); às relações interpessoais (através
das quais este processo se completa). A aprendizagem é um processo de construção
compartilhada, uma construção social.

Atividade 1
Estabeleça uma relação entre a importância das trocas sociais para a construção
de conceitos e a proposta de Vygotsky sobre a Zona de Desenvolvimento
Proximal, com foco na necessidade de ajuda do outro (colega, professor,
orientador) para a concretização das etapas de aprendizagem.

4

Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
 
Em Vygotsky a mediação pedagógica é realizada através de uma pessoa,
“conseqüentemente, é clara a importância do trabalho dos professores na hora de estimular
essa zona de desenvolvimento proximal, selecionando experiências de aprendizagem
baseadas nos conhecimentos já assimilados pelos seus alunos e aproveitando seus conceitos
espontâneos” (SANTOMÉ, 1998, p. 40).
Ainda segundo este autor, a aprendizagem significativa ocorre quando as novas
informações e conhecimentos podem relacionar-se de uma maneira estruturada com o que
a pessoa já sabe, implicando em que os alunos devem possuir algumas idéias, teorias ou
conhecimento experiencial, relacionados com o conteúdo apresentado. Neste sentido, o
trabalho com projetos possibilita o desenvolvimento de todas estas estruturas e promove a
interdisciplinaridade uma preocupação reforçada pela aplicabilidade do conhecimento.

Aprendizagem
significativa
aprendizagem significativa
ou aprendizagem que
adianta o desenvolvimento
humano

Podemos afirmar que o aumento na complexidade dos problemas enfrentados pelas
sociedades modernas e a preocupação com a aplicabilidade do conhecimento, saber fazer
e para que, acirraram os questionamentos sobre a política de fragmentação disciplinar.
Esta fragmentação foi resultado do positivismo e da racionalidade científica, que impôs
metodologias de pesquisa e legitimação do conhecimento, favorecendo o reducionismo.
Filosoficamente, a interdisciplinaridade está associada ao enfrentamento de problemas que
preocupam toda a sociedade e exige um papel de negociação entre todas as pessoas que
participam do processo de trabalho para debater as questões conceituais, metodológicas
e ideológicas. O quadro a seguir foi desenvolvido a partir da proposta de flexibilidade que
devem estar presentes em qualquer intervenção interdisciplinar (SANTOMÉ, 1998, p. 65).
Fase

Ação

Elementos
Os conhecimentos necessários, modelos, tradições
e bibliografia.

Desenvolver

Um marco integrador e as questões a serem
pesquisadas.
Os estudos ou pesquisas concretas que devem ser
empreendidos.

Reunir

Todos os conhecimentos atuais e buscar novas
informações.

Resolver

Os conflitos entre as diferentes disciplinas
implicadas, trabalhando com um vocabulário
comum e em equipe.
E manter a comunicação através de encontros,
intercâmbios, interações freqüentes etc).

Comparar

Desenvolvimento

Determinar

Construir

Conclusão

O problema (interrogação, questão, tópico).

Especificar

Introdução

Definir

Todas as contribuições e valiar sua adequação,
relevância e adaptabilidade.

Integrar

Os dados obtidos individualmente para determinar
um modelo coerente e relevante.

Ratificar

Ou não, a solução ou resposta oferecida.

Decidir

Sobre o futuro da tarefa, vem como sobre a equipe
de trabalho.
Fonte: Adaptação do texto de Klein, apud Santomé (1998, p. 65).

Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
Atividade 2

sua resposta

A Geografia como ciência, é por sua própria concepção epistemológica,
interdisciplinar já que reúne conhecimentos de diferentes ciências como
Economia, Geologia, Climatologia, Estatística, Sociologia, entre tantas outras.
Neste aspecto, encontraríamos muito mais facilidade de trabalhar de forma
interdisciplinar do que em outras ciências. Enumere aqui os conteúdos
obrigatórios da Educação Básica que são também trabalhados por outras
disciplinas (às vezes até mesmo simultaneamente) e os problemas provocados
por esta superposição na aprendizagem dos alunos.



Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
A fundamentação
dos projetos de trabalho

O

s Projetos de Trabalho contribuem para uma resignificação dos espaços de
aprendizagem de tal forma que eles se voltem para a formação de sujeitos ativos,
reflexivos, atuantes e participantes (HERNÁNDEZ, 1998). É uma proposta de
intervenção pedagógica com o objetivo de desenvolver um novo conhecimento, diante de
uma situação problema, cuja resolução será conduzida a partir da pesquisa. Um projeto
gera situações de aprendizagem ao mesmo tempo, reais e diversificadas, permitindo que os
alunos decidam, opinam, participem da construção do conhecimento, com autonomia no
papel de sujeitos de sua própria aprendizagem. Segundo Abrantes (1995, p. 62), os projetos
apresentam as seguintes características:

1. Um

projeto é uma atividade intencional com objetivos formulados pelos autores e
executores;

2. Um

projeto requer responsabilidade e autonomia dos alunos como condição
essencial. Os alunos são co-responsáveis pelo trabalho e pelas escolhas ao longo do
desenvolvimento do projeto.

3. A autenticidade é uma característica fundamental de um projeto: o problema a resolver
é relevante e tem caráter real para os alunos. Não se trata de mera reprodução de
conteúdos prontos.

4. Um

projeto envolve complexidade e resolução de problemas. O objetivo central
do projeto constitui um problema ou uma fonte geradora de problemas, que exige
investigação para sua resolução.

5. Um projeto tem etapas, percorre várias fases: escolha do objetivo central e formulação
dos problemas, planejamento, execução, avaliação, divulgação do trabalho.
Hernández (1998) propõe uma organização curricular a partir de Projetos de Trabalho
que estão fundamentadas em bases teóricas que apresentam uma estrutura cogniscitiva
com um problema eixo, vinculado as diferentes informações que confluem em um tema para
facilitar o estudo e a compreensão por parte dos alunos. São elas:

1. Um sentido de aprendizagem significativa que possa ser conectado com o conhecimento
anterior dos alunos;

2. Tem como principio básico a articulação e uma atitude favorável para o conhecimento;

Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
3. Configura-se a partir da previsão dos professores de uma estrutura lógica e seqüencial
dos conteúdos numa ordem que facilite a sua compreensão (observando-se que esta
estrutura é um ponto de partida e poderá ser modificada na interação com os alunos);

4. Apresenta um sentido de funcionalidade do que se deve aprender, os procedimentos e
as estratégias organizativas estão relacionados com os problemas abordados;

5. Valoriza-se a memorização compreensiva de aspectos da informação como base para
estabelecer novas aprendizagens e relações;

6. A avaliação trata da análise do processo seguido ao longo de toda a seqüência e das
inter-relações criadas na aprendizagem.

Atividade 3

sua resposta

Compare os elementos que compõem um projeto segundo Hernández e Ventura
e a proposta de intervenção interdisciplinar de Santomé esquematizada no
quadro. Quais elementos você considera comuns entre as duas propostas?
Podemos afirmar que elas se complementam? Por quê?



Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
Como elaborar
um projeto de trabalho

O

primeiro passo é a escolha do tema. Ele pode surgir de uma dúvida, uma curiosidade
ou um material trazido por algum aluno para a sala de aula, ou até mesmo de uma
experiência particular vivida por algum aluno (por exemplo, uma viagem, uma doença,
a chegada de um aluno de outra cidade ou país). O tema deverá necessariamente, ser discutido
com o grupo sobre a sua relevância e as etapas necessárias para o desenvolvimento da
aprendizagem. É importante que a escolha do tema não seja aleatória ou alijada do processo
de conhecimento precedente ou contextualizado ao trabalho realizado. Não existem temas
que não possam ser abordados através dos projetos, seu sucesso dependerá da condução
do processo. Após a escolha do tema, caberá ao professor realizar as seguintes atividades
(HERNÁNDEZ E VENTURA, 1998, p. 68):

1. Especificar qual será o motor do conhecimento, o fio condutor que permitirá que o
projeto vá além dos aspectos informativos ou instrumentais imediatos e possa ser
aplicado a outros temas e problemas.

2. Realizar uma primeira previsão dos conteúdos (conceituais e procedimentais) e as
atividades, encontrando as primeiras fontes de informação que permitam iniciar e
desenvolver o projeto.

3. Estudar e atualizar as informações em torno do tema ou problema escolhido, trazendo
novidades, paradoxos e desafios para os alunos.

4. Criar um clima de envolvimento e comprometimento no grupo, reforçando a importância
do trabalho em equipe e estruturando o desenvolvimento de uma aprendizagem
colaborativa.

5. Fazer uma previsão dos recursos e estratégias necessárias para o desenvolvimento do
projeto.

6. Planejar o desenvolvimento do projeto sobre a base de uma seqüência de avaliação,
considerando a inicial (o que os alunos sabem sobre o tema quais sãos as suas
hipóteses e referências de aprendizagem) e a formativa (o que estão aprendendo como
estão acompanhando o projeto).
Um projeto de trabalho realizado em uma sala de aula requer os mesmos elementos
de um projeto apresentado em qualquer curso de graduação ou pós-graduação, ele deve ter
uma introdução, justificativa, objetivo, metodologia, fundamentação, cronograma, avaliação
e conclusão. Este exercício é bastante interessante para a internalização destes elementos
Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
desde cedo, desenvolvendo nos alunos a estrutura básica para a realização de qualquer
experimento científico. Observe o detalhamento destes itens como um roteiro de elaboração
de projetos:

1. Tema ou título (escolhido pelo grupo, é o centro do projeto);
2. Justificativa (por que estamos realizando este estudo, qual é a relevância desta pesquisa
e o que ela nos impactará?)

3. Objetivos

do projeto (para que estamos realizando esta pesquisa, onde queremos

chegar?).

4. Metodologia

(quais são as etapas para o desenvolvimento da pesquisa, quais os
caminhos que vamos escolher, quais os critérios e procedimentos, ou seja, como
realizar a pesquisa proposta).

5. Fundamentação (critérios de seleção das referências bibliográficas que sustentarão a
pesquisa, definição das fontes).

6. Cronograma (quanto tempo este projeto levará, quais são as etapas e sua duração).
7. Avaliação (como será a avaliação, atividades, seminários, apresentações, etc. é importante
que o critério de avaliação seja definido antes e não durante a realização do projeto).

8. Conclusão

(quais foram as novas descobertas, as impressões, as dificuldades na
realização do projeto, aqui é o fechamento do processo e pode incluir aqui uma autoavaliação).

Atividade 4
Considerando o que você já viu até aqui sobre o desenvolvimento de projetos
de trabalho, faça uma relação dos temas que poderiam ser organizados na
perspectiva da pedagogia de projetos com seus respectivos objetivos.

10

Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
sua resposta
O comportamento dos alunos também deve ser diferenciado durante o processo de
realização dos projetos, eles são co-autores do processo. Depois da escolha do tema, os
alunos também deverão realizar seu próprio percurso na condução do projeto, considerando
uma avaliação inicial (o que sabemos e o que precisamos saber sobre o assunto), busca de
fontes e referências sobre o tema, organização dos conteúdos e distribuição das tarefas em
grupo, tratamento das informações adquiridas considerando princípios de classificação e
organização, compartilhamento, socialização e apresentação do conhecimento adquirido,
auto-avaliação.

Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia

11
Sugestões de projetos
integradores em geografia

C

omo já mencionamos aqui, a Geografia, enquanto ciência, já apresenta em sua própria
estruturação um diálogo intenso como outras disciplinas, que se constituem como
base do pensamento geográfico. Por outro lado, a influência do positivismo pode
ser observada na fragmentação de seu currículo na educação básica, compartimentando o
conhecimento e desestruturando as possibilidades de uma ação interdisciplinar, transversal
e integradora. O trabalho com projetos permite a superação destes obstáculos, através de
uma ação agregadora dos temas que compõem o currículo básico. Aqui, vamos sugerir
alguns projetos que já foram realizados em sala de aula e podem ser reproduzidos,
aprofundando o debate sobre os temas e fomentando a pesquisa, a investigação e o senso
crítico dos nossos alunos.

Projeto dinossauros
Ano: 6°

Tema: A Extinção dos Dinossauros

Conteúdos

A Pangéia, teoria da deriva continental, era do gelo, formação da Terra, teorias de
extinção dos dinossauros e mudanças climáticas

Objetivos

Conhecer as diferentes teorias de extinção dos dinossauros,
identificar as espécies e sua forma de alimentação, traçar um
panorama das características físicas da Terra e suas mudanças
ao longo do período, identificar as eras geológicas e sua relação
com o aparecimento do homem.

Metodologia

Revisão da literatura existente sobre o tema para a faixa etária,
filmes científicos e desenhos animados, quadrinhos, construção
de maquetes e elaboração de desenhos pelos alunos.

Cronograma

Doze semanas (duas semanas para introduzir o tema e levantar
questões, quatro semanas para o levantamento de informações,
três semanas para a construção de maquetes, modelos e
desenhos, duas semanas de apresentação dos trabalhos e uma
semana de avaliação.

Avaliação

Apresentação dos seminários, exposição das maquetes e
desenhos, trabalho escrito dos grupos sobre o tema.

Conclusão

Registro dos processos, procedimentos e resultados do projeto.

Conclusão

Desenvolvimento

Introdução

Justificativa

Nesta faixa etária, as crianças estão interessadas em animais
diferentes e os dinossauros parecem exercer um fascínio
sobre eles. O conteúdo deste segmento é bastante abstrato, e
o desenvolvimento de um projeto com um elemento motivador
favorece a compreensão sobre os demais elementos que
queremos trabalhar.

12

Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
Projeto mundo oriental
Ano: 9°

Objetivos

Conhecer os aspectos culturais dos países asiáticos,
resgatando sua história, cultura, idioma, paisagem
relacionando-os com as questões econômicas e políticas.

Desenvolvimento

Aspectos econômicos, políticos e físicos dos países asiáticos, especificamente,
Japão, China e Tigres Asiáticos.
A introdução de aspectos da cultura oriental apresenta uma
certa dificuldade de assimilação em função da diversidade
Justificativa
cultural, religiosa, étnica e histórica. A investigação a partir
dos aspectos culturais, mobilizados pela curiosidade dos
alunos, propiciará uma discussão rica sobre o assunto.

Metodologia

Levantamento de informações sobre o tema, reprodução de
vestimentas, comida, objetos relacionados com a cultura
oriental.

Cronograma

Oito semanas (duas semanas para introduzir o tema e
levantar questões, quatro semanas para o levantamento de
informações, uma semana para apresentação dos trabalhos e
uma semana de avaliação.

Conclusão

Introdução

Conteúdos

Tema: A Cultura Oriental

Avaliação
Conclusão

Apresentação dos seminários, exposição dos materiais e
confecção e degustação dos alimentos.
Registro dos processos, procedimentos e resultados do
projeto.

Projeto ponto de vista
Orientação, diferentes perspectivas dos objetos, embaixo, em cima, desenhos,
mapas, cartas, escalas e legendas.

Introdução

Conteúdos

Justificativa

Desenvolvimento

Tema: Orientação, Percepção, Perspectiva e Cartografia

Metodologia

Conclusão

Ano: 7°

Avaliação

Objetivos

Cronograma

Conclusão

A construção dos fundamentos da orientação e a percepção
dos objetos em perspectiva é uma das grandes dificuldades
com estes conteúdos que estão relacionados com a geometria
e educação artística.
Construir as bases de orientação, através da percepção
artística e geométrica, introduzindo conceitos da cartografia
e as relações entre o real e a reprodução no papel.
Desenvolvimento de atividades e oficinas práticas, orientação
corporal, percepção de cores, distância e representações.
Apresentação de mapas, cartas e desenhos para elaboração da
percepção e orientação. Exposição de desenhos, maquetes e
modelagens construídas pelos alunos.
Doze semanas (duas semanas para introduzir o tema e
levantar questões, quatro semanas para o levantamento de
informações, três semanas para a construção de maquetes,
modelos e desenhos, duas semanas de apresentação dos
trabalhos e uma semana de avaliação.
Apresentação dos seminários, exposição das maquetes e
desenhos, trabalho escrito dos grupos sobre o tema.
Registro dos processos, procedimentos e resultados do
projeto.

Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia

13
Atividade 5
Depois de trabalhar os fundamentos da pedagogia de projetos e conhecer
alguns exemplos, você pode agora elaborar seu próprio projeto, organizando
sua proposta em etapas. Bom trabalho!
Ano:

Tema:

Conteúdos

Introdução

Justificativa

Desenvolvimento

Objetivos

Metodologia

Cronograma

Conclusão

Avaliação

Conclusão

4

Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
 
Concluindo o percurso

A

pedagogia de projetos proposta nesta aula está estruturada em uma nova
leitura dos projetos, a partir da proposta de Hernández e Ventura. Esta proposta
permite a construção de uma proposta curricular integrada, onde aspectos como
interdisciplinaridade e aprendizagem significativa sejam os elementos norteadores de todo
o processo de construção da aprendizagem. As sugestões de projetos apresentadas nesta
aula apontam para a construção de inúmeros caminhos possíveis, já que a Geografia por sua
característica interdisciplinar permite a realização de diversos experimentos, cada qual mais
interessante, investigativo e motivador para os alunos da Educação Básica.

Leituras complementares
MARTINS. J.S. O Trabalho com Projetos de Pesquisa. São Paulo: Papirus, 2006.
Este livro apresenta uma proposta pedagógica baseada no princípio de que é
fundamental mobilizar e envolver o aluno para que seu aprendizado seja significativo. O
autor explica como utilizar atividades calcadas em projetos de trabalho escolar, integrando
diversos conteúdos das disciplinas regulares e do cotidiano da comunidade. O professor
pode estimular a iniciativa dos alunos por meio do trabalho em grupo, destinado a promover
a interatividade e o espírito associativo, sementes da colaboração e da solidariedade.
HERNÁNDEZ, F. Transgressão e Mudança na Educação: Os Projetos de Trabalho. Porto
Alegre, Artes Médicas, 1998.
Este livro é um convite à transgressão das amarras que impedem o indivíduo de pensar
por si mesmo, de construir uma nova relação educativa baseada na colaboração em sala de
aula, na escola e com a comunidade.

Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia

15
Resumo
A pedagogia de projetos é uma forma diferenciada de trabalhar os conteúdos
em sala de aula, na perspectiva de uma nova organização do currículo.
Embora não seja nova, esta proposta abarcou as mudanças provocadas
com a globalização no final do século XX, buscando dinamizar e aprofundar
as informações de forma interdisciplinar em contraponto com a organização
fragmentada do conhecimento. A aprendizagem significativa e colaborativa,
a partir dos pressupostos de Vygostsky propõe uma nova dimensão para o
trabalho docente, uma estrutura de projetos de trabalho que desenvolvem a
pesquisa, a investigação, a cooperação e a negociação entre o professor e
os alunos e entre o próprio grupo. A Geografia, por seu viés interdisciplinar
enquanto ciência possibilita o desenvolvimento de inúmeros arranjos para a
organização de seu próprio currículo na Educação Básica.

Auto-avaliação
1
2

Qual é a sua compreensão sobre os fundamentos a aplicabilidade dos projetos de
trabalho em sala de aula?
É possível estruturar um currículo integrado na perspectiva dos projetos no ensino
de Geografia? Como você estruturaria seu trabalho?

Referências
ABRANTES, P. Trabalho de projetos e aprendizagem da matemática. In: Avaliação e Educação.
Matemática, RJ: MEM/USU – GEPEM, 1995.
Buck Institute for Education. Aprendizagem baseada em projetos: Guia para professores
de ensino fundamental e médio. Porto Alegre, Artes Médicas, 2008.
HERNÁNDEZ, F. VENTURA, M. A Organização dos Currículos por Projetos de Trabalho.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
16

Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
HERNÁNDEZ, F. Transgressão e Mudança na Educação: Os Projetos de Trabalho. Porto
Alegre, Artes Médicas, 1998.
HERNÁNDEZ, F. Cultura Visual, Mudança Educativa e Projeto de Trabalho. Porto Alegre,
Artes Médicas, 2000.
SANTOMÉ, J. Globalização e Interdisciplinaridade: O Currículo Integrado. Porto Alegre,
Artes Médicas, 1998.
TEITELBAUM, K. APPLE, M. John Dewey. In: Currículo sem Fronteiras, v.1, n.2, pp. 194201, Jul/Dez 2001.

Anotações

Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia

17
Anotações

18

Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
Anotações

Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia

19
Anotações

20

Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
Didática e o Ensino de Geografia – GEOGRAFIA

EMENTA
Análise dos documentos necessários à organização do ensino; fundamentação teórico-metodológica para a organização
do trabalho docente; tendências atuais do ensino de geografia; a geografia e a interdisciplinaridade; a utilização de
diferentes fontes de informações e linguagens e a prática docente em geografia; situações problemas e a prática de ensino
em geografia.

AUTORAS
n 

Sônia de Almeida Pimenta

n 

Ana Beatriz Gomes Carvalho

AULAS
Didática e a prática educativa

02

Elementos da didática: os diferentes métodos de ensino

03

Tendências no ensino de Geografia

04

A contribuição dos parâmetros curriculares para o ensino de Geografia

05

O ensino de Geografia, a multiculturalidade e as tecnologias de informação

06

A interdisciplinaridade no ensino de Geografia e a pedagogia de projetos

07

Elementos para o ensino de Geografia (orientação e representação cartográfica)

08

O planejamento na organização da prática pedagógica

09

Teorias e práticas sobre a avaliação

10

A construção de conceitos nos primeiros anos do ensino fundamental

11

Temas em geografia no ensino fundamental

12

Temas em geografia no ensino médio

15

2º Semestre de 2008

01
Didaticgeoaula6

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  • 1. VERSÃO DO PROFESSOR D I S C I P L I N A Didática e o Ensino de Geografia A interdisciplinaridade no ensino de Geografia e a pedagogia de projetos Autoras Sônia de Almeida Pimenta Ana Beatriz Gomes Carvalho aula 06 Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:_______________________________________
  • 2. Governo Federal Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação a Distância – SEED Carlos Eduardo Bielschowsky Universidade Federal do Rio Grande do Norte Universidade Estadual da Paraíba Reitor José Ivonildo do Rêgo Reitora Marlene Alves Sousa Luna Vice-Reitora Ângela Maria Paiva Cruz Vice-Reitor Aldo Bezerra Maciel Secretária de Educação a Distância Vera Lúcia do Amaral Coordenadora Institucional de Programas Especiais - CIPE Eliane de Moura Silva Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Diagramadores Ivana Lima (UFRN) Johann Jean Evangelista de Melo (UFRN) Mariana Araújo (UFRN) Vitor Gomes Pimentel Projeto Gráfico Ivana Lima (UFRN) Revisora Tipográfica Nouraide Queiroz (UFRN) Revisora de Estrutura e Linguagem Rossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG) Ilustradora Carolina Costa (UFRN) Revisora de Língua Portuguesa Maria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB) Editoração de Imagens Adauto Harley (UFRN) Carolina Costa (UFRN) Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UEPB 372.891 P644d    Pimenta, Sônia de Almeida.    Didática e o ensino de geografia / Sônia de Almeida Pimenta; Ana Beatriz Gomes Carvalho. – Campina Grande: EDUEP, 2008.    244 p. ISBN 978-85-7879-014-1 1. Geografia – Estudo e Ensino. I. Carvalho, Ana Beatriz Gomes. II. Título. 21. ed. CDD Copyright © 2008  Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.
  • 3. Apresentação A pedagogia de projetos, embora não seja novidade, está sendo usada a partir de uma nova perspectiva diante da globalização e seus impactos na educação. Vamos apresentar as possibilidades do uso da pedagogia de projetos no ensino de Geografia, com foco na interdisciplinaridade. Você conhecerá o contexto e a proposta mais recente de utilização de projetos na organização do currículo, propiciando uma aprendizagem significativa e contextualizada. Para o melhor aproveitamento desta aula, sugerimos que você resgate os conceitos sobre a metodologia de trabalho da disciplina Metodologia Científica e realize as atividades propostas durante a sua leitura. Objetivos Ao final desta aula, esperamos que você: 1 2 3 4 Conheça os fundamentos da pedagogia de projetos; Identifique os procedimentos para a estruturação de um trabalho por projetos; Conheça os conceitos de aprendizagem significativa e interdisciplinaridade; Compreenda as possibilidades de interdisciplinaridade no ensino de Geografia. Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
  • 4. A origem e os fundamentos dos projetos pedagógicos John Dewey John Dewey –1859-1952) um dos fundadores da escola filosófica de Pragmatismo e representante principal do movimento da educação progressiva norte- americana. Concebia o conhecimento e o seu desenvolvimento como um processo social- integrando os conceitos de sociedade e indivíduo. Para ele, o indivíduo somente passa a ser um conceito significante quando considerado parte inerente de sua sociedade – enquanto esta nenhum significado possui, se for considerada à parte, longe da participação de seus membros individuais. William Kilpatrick William Kilpatrick (1871- 1965) é provavelmente, a seguir a John Dewey, o grande filósofo do movimento educacional e curricular progressista ‘norteamericano’ na primeira metade do século XX. Foi professor do Ensino Básico, de Matemática e Latim, e veio a mergulhar no campo da educação e dos estudos do currículo. 2 A idéia de desenvolver projetos pedagógicos em sala de aula não é exatamente uma novidade. Em 1918, o professor John Dewey já defendia a idéia de uma pedagogia aberta a partir das aprendizagens concretas e significativas. Mais tarde, o professor Kilpatrick desenvolveu uma proposta de trabalho por projetos como método educativo. Este método caracteriza-se por partir de problemas reais, do cotidiano do aluno. As atividades escolares são elaboradas através de projetos, classificados em quatro grupos: a) de produção, no qual se produzia algo; b) de consumo, no qual se aprendia a utilizar algo já produzido; c) para resolver um problema e d) para aperfeiçoar uma técnica. Estou no caminho certo? A proposta de projetos não é semelhante ao centro de interesse ou temas geradores utilizados na educação infantil? Não seria o mesmo princípio? A Escola Nova trouxe a idéia de método de projetos como contraponto aos métodos da escola tradicional proposta por Anísio Teixeira e Lourenço Filho. Embora remeta aos centros de interesse, a proposta de projetos é diferenciada porque o foco não é a aprendizagem por descoberta, mas sim, através da aprendizagem significativa, como veremos a seguir. Estas idéias foram (re)elaboradas por educadores de diversas localidades do mundo. Nesta aula, vamos focar as experiências do professor Fernando Hernández em Barcelona, que detalhou em seu livro “A Organização do Currículo por Projetos de Trabalho” (publicado em 1996), sua vivência ao implementar a proposta de projetos em uma escola da Educação Básica. Estas idéias são particularmente interessantes, porque retomam a pedagogia de Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia  
  • 5. projetos a partir de uma perspectiva influenciada pela globalização e os novos paradigmas da sociedade informacional. Hernández e Ventura (1998) usam a expressão pedagogia de projetos, também utilizada pela francesa Josette Jolibert do Instituto Nacional de Pesquisas Pedagógicas da França (INRP), referindo-se aos princípios teóricos que norteiam a aprendizagem tendo como ponto de partida a pesquisa. Na justificativa para a implantação dos projetos na escola de Educação Básica, Hernández traça um panorama das demandas do mundo globalizado e a necessidade de dinamizar o currículo para tornar a aprendizagem mais interessante para os alunos, contextualizando os conteúdos e tornando o processo realmente significativo para o aluno. A aprendizagem significativa e interdisciplinaridade L ev Vygotsky contribuiu para uma nova compreensão entre aprendizagem e desenvolvimento na perspectiva histórico-cultural. Para Vygotski, o processo de construção do indivíduo começa biologicamente, ele não nega a importância da biologia (ao resgatar a filogênese – história biológica, e a ontogênese –história do homem). As duas linhas aparecem com o nascimento do indivíduo até se cruzarem e a linha biológica vai desaparecendo, predominando a linha cultural. O desenvolvimento cultural supera a condição biológica rapidamente. A relação entre os objetos do mundo e o desenvolvimento da consciência é a mediação. Para ele, o conhecimento primeiro está fora do sujeito, é na interação e relação entre o sujeito e os outros sociais que você vai internalizar os conceitos acerca do mundo. O conhecimento vai do social para o individual. No processo de internalização, por meio das trocas sociais, ela reconstrói os conceitos do mundo, ao mesmo tempo, atuando e sendo influenciada pelo outro. Lev Vygotsky Psicólogo russo descoberto nos meios acadêmicos ocidentais depois da sua morte, aos 37 anos. Pensador importante, foi pioneiro na noção de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais (e condições de vida). Vygostky propõe o conceito de Zonas de Desenvolvimento Proximal (as ZDP) e afirma que o desenvolvimento real é a capacidade de resolver problemas sozinho, o desenvolvimento proximal é a solução dos problemas com ajuda de outro. Os processos avaliativos só consideram o desenvolvimento real, o proximal que se refere às possibilidades de aprendizagem potenciais do sujeito. O professor é uma figura fundamental neste processo de desenvolvimento. Ele é um mediador da construção da aprendizagem potencial e cabe a ele ser um sistematizador do conhecimento. Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
  • 6. Estou no caminho certo? A partir desta perspectiva do desenvolvimento da aprendizagem, é correto relacionar o conceito de Zonas de Desenvolvimento Proximal com a possibilidade de uma aprendizagem colaborativa, já que a aprendizagem, em última análise, depende do outro? Vygostky (1993) afirma que a aprendizagem se realiza sempre em um contexto de interação, através da internalização de instrumentos e signos levando a uma apropriação do conhecimento. Esse processo promove a aprendizagem que precede o desenvolvimento. Ao compreender desta forma as relações entre aprendizagem e desenvolvimento Vygostky confere uma grande importância à escola (lugar da aprendizagem e da produção de conceitos científicos); ao professor (mediador desta aprendizagem); às relações interpessoais (através das quais este processo se completa). A aprendizagem é um processo de construção compartilhada, uma construção social. Atividade 1 Estabeleça uma relação entre a importância das trocas sociais para a construção de conceitos e a proposta de Vygotsky sobre a Zona de Desenvolvimento Proximal, com foco na necessidade de ajuda do outro (colega, professor, orientador) para a concretização das etapas de aprendizagem. 4 Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia  
  • 7. Em Vygotsky a mediação pedagógica é realizada através de uma pessoa, “conseqüentemente, é clara a importância do trabalho dos professores na hora de estimular essa zona de desenvolvimento proximal, selecionando experiências de aprendizagem baseadas nos conhecimentos já assimilados pelos seus alunos e aproveitando seus conceitos espontâneos” (SANTOMÉ, 1998, p. 40). Ainda segundo este autor, a aprendizagem significativa ocorre quando as novas informações e conhecimentos podem relacionar-se de uma maneira estruturada com o que a pessoa já sabe, implicando em que os alunos devem possuir algumas idéias, teorias ou conhecimento experiencial, relacionados com o conteúdo apresentado. Neste sentido, o trabalho com projetos possibilita o desenvolvimento de todas estas estruturas e promove a interdisciplinaridade uma preocupação reforçada pela aplicabilidade do conhecimento. Aprendizagem significativa aprendizagem significativa ou aprendizagem que adianta o desenvolvimento humano Podemos afirmar que o aumento na complexidade dos problemas enfrentados pelas sociedades modernas e a preocupação com a aplicabilidade do conhecimento, saber fazer e para que, acirraram os questionamentos sobre a política de fragmentação disciplinar. Esta fragmentação foi resultado do positivismo e da racionalidade científica, que impôs metodologias de pesquisa e legitimação do conhecimento, favorecendo o reducionismo. Filosoficamente, a interdisciplinaridade está associada ao enfrentamento de problemas que preocupam toda a sociedade e exige um papel de negociação entre todas as pessoas que participam do processo de trabalho para debater as questões conceituais, metodológicas e ideológicas. O quadro a seguir foi desenvolvido a partir da proposta de flexibilidade que devem estar presentes em qualquer intervenção interdisciplinar (SANTOMÉ, 1998, p. 65). Fase Ação Elementos Os conhecimentos necessários, modelos, tradições e bibliografia. Desenvolver Um marco integrador e as questões a serem pesquisadas. Os estudos ou pesquisas concretas que devem ser empreendidos. Reunir Todos os conhecimentos atuais e buscar novas informações. Resolver Os conflitos entre as diferentes disciplinas implicadas, trabalhando com um vocabulário comum e em equipe. E manter a comunicação através de encontros, intercâmbios, interações freqüentes etc). Comparar Desenvolvimento Determinar Construir Conclusão O problema (interrogação, questão, tópico). Especificar Introdução Definir Todas as contribuições e valiar sua adequação, relevância e adaptabilidade. Integrar Os dados obtidos individualmente para determinar um modelo coerente e relevante. Ratificar Ou não, a solução ou resposta oferecida. Decidir Sobre o futuro da tarefa, vem como sobre a equipe de trabalho. Fonte: Adaptação do texto de Klein, apud Santomé (1998, p. 65). Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
  • 8. Atividade 2 sua resposta A Geografia como ciência, é por sua própria concepção epistemológica, interdisciplinar já que reúne conhecimentos de diferentes ciências como Economia, Geologia, Climatologia, Estatística, Sociologia, entre tantas outras. Neste aspecto, encontraríamos muito mais facilidade de trabalhar de forma interdisciplinar do que em outras ciências. Enumere aqui os conteúdos obrigatórios da Educação Básica que são também trabalhados por outras disciplinas (às vezes até mesmo simultaneamente) e os problemas provocados por esta superposição na aprendizagem dos alunos. Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
  • 9. A fundamentação dos projetos de trabalho O s Projetos de Trabalho contribuem para uma resignificação dos espaços de aprendizagem de tal forma que eles se voltem para a formação de sujeitos ativos, reflexivos, atuantes e participantes (HERNÁNDEZ, 1998). É uma proposta de intervenção pedagógica com o objetivo de desenvolver um novo conhecimento, diante de uma situação problema, cuja resolução será conduzida a partir da pesquisa. Um projeto gera situações de aprendizagem ao mesmo tempo, reais e diversificadas, permitindo que os alunos decidam, opinam, participem da construção do conhecimento, com autonomia no papel de sujeitos de sua própria aprendizagem. Segundo Abrantes (1995, p. 62), os projetos apresentam as seguintes características: 1. Um projeto é uma atividade intencional com objetivos formulados pelos autores e executores; 2. Um projeto requer responsabilidade e autonomia dos alunos como condição essencial. Os alunos são co-responsáveis pelo trabalho e pelas escolhas ao longo do desenvolvimento do projeto. 3. A autenticidade é uma característica fundamental de um projeto: o problema a resolver é relevante e tem caráter real para os alunos. Não se trata de mera reprodução de conteúdos prontos. 4. Um projeto envolve complexidade e resolução de problemas. O objetivo central do projeto constitui um problema ou uma fonte geradora de problemas, que exige investigação para sua resolução. 5. Um projeto tem etapas, percorre várias fases: escolha do objetivo central e formulação dos problemas, planejamento, execução, avaliação, divulgação do trabalho. Hernández (1998) propõe uma organização curricular a partir de Projetos de Trabalho que estão fundamentadas em bases teóricas que apresentam uma estrutura cogniscitiva com um problema eixo, vinculado as diferentes informações que confluem em um tema para facilitar o estudo e a compreensão por parte dos alunos. São elas: 1. Um sentido de aprendizagem significativa que possa ser conectado com o conhecimento anterior dos alunos; 2. Tem como principio básico a articulação e uma atitude favorável para o conhecimento; Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
  • 10. 3. Configura-se a partir da previsão dos professores de uma estrutura lógica e seqüencial dos conteúdos numa ordem que facilite a sua compreensão (observando-se que esta estrutura é um ponto de partida e poderá ser modificada na interação com os alunos); 4. Apresenta um sentido de funcionalidade do que se deve aprender, os procedimentos e as estratégias organizativas estão relacionados com os problemas abordados; 5. Valoriza-se a memorização compreensiva de aspectos da informação como base para estabelecer novas aprendizagens e relações; 6. A avaliação trata da análise do processo seguido ao longo de toda a seqüência e das inter-relações criadas na aprendizagem. Atividade 3 sua resposta Compare os elementos que compõem um projeto segundo Hernández e Ventura e a proposta de intervenção interdisciplinar de Santomé esquematizada no quadro. Quais elementos você considera comuns entre as duas propostas? Podemos afirmar que elas se complementam? Por quê? Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
  • 11. Como elaborar um projeto de trabalho O primeiro passo é a escolha do tema. Ele pode surgir de uma dúvida, uma curiosidade ou um material trazido por algum aluno para a sala de aula, ou até mesmo de uma experiência particular vivida por algum aluno (por exemplo, uma viagem, uma doença, a chegada de um aluno de outra cidade ou país). O tema deverá necessariamente, ser discutido com o grupo sobre a sua relevância e as etapas necessárias para o desenvolvimento da aprendizagem. É importante que a escolha do tema não seja aleatória ou alijada do processo de conhecimento precedente ou contextualizado ao trabalho realizado. Não existem temas que não possam ser abordados através dos projetos, seu sucesso dependerá da condução do processo. Após a escolha do tema, caberá ao professor realizar as seguintes atividades (HERNÁNDEZ E VENTURA, 1998, p. 68): 1. Especificar qual será o motor do conhecimento, o fio condutor que permitirá que o projeto vá além dos aspectos informativos ou instrumentais imediatos e possa ser aplicado a outros temas e problemas. 2. Realizar uma primeira previsão dos conteúdos (conceituais e procedimentais) e as atividades, encontrando as primeiras fontes de informação que permitam iniciar e desenvolver o projeto. 3. Estudar e atualizar as informações em torno do tema ou problema escolhido, trazendo novidades, paradoxos e desafios para os alunos. 4. Criar um clima de envolvimento e comprometimento no grupo, reforçando a importância do trabalho em equipe e estruturando o desenvolvimento de uma aprendizagem colaborativa. 5. Fazer uma previsão dos recursos e estratégias necessárias para o desenvolvimento do projeto. 6. Planejar o desenvolvimento do projeto sobre a base de uma seqüência de avaliação, considerando a inicial (o que os alunos sabem sobre o tema quais sãos as suas hipóteses e referências de aprendizagem) e a formativa (o que estão aprendendo como estão acompanhando o projeto). Um projeto de trabalho realizado em uma sala de aula requer os mesmos elementos de um projeto apresentado em qualquer curso de graduação ou pós-graduação, ele deve ter uma introdução, justificativa, objetivo, metodologia, fundamentação, cronograma, avaliação e conclusão. Este exercício é bastante interessante para a internalização destes elementos Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
  • 12. desde cedo, desenvolvendo nos alunos a estrutura básica para a realização de qualquer experimento científico. Observe o detalhamento destes itens como um roteiro de elaboração de projetos: 1. Tema ou título (escolhido pelo grupo, é o centro do projeto); 2. Justificativa (por que estamos realizando este estudo, qual é a relevância desta pesquisa e o que ela nos impactará?) 3. Objetivos do projeto (para que estamos realizando esta pesquisa, onde queremos chegar?). 4. Metodologia (quais são as etapas para o desenvolvimento da pesquisa, quais os caminhos que vamos escolher, quais os critérios e procedimentos, ou seja, como realizar a pesquisa proposta). 5. Fundamentação (critérios de seleção das referências bibliográficas que sustentarão a pesquisa, definição das fontes). 6. Cronograma (quanto tempo este projeto levará, quais são as etapas e sua duração). 7. Avaliação (como será a avaliação, atividades, seminários, apresentações, etc. é importante que o critério de avaliação seja definido antes e não durante a realização do projeto). 8. Conclusão (quais foram as novas descobertas, as impressões, as dificuldades na realização do projeto, aqui é o fechamento do processo e pode incluir aqui uma autoavaliação). Atividade 4 Considerando o que você já viu até aqui sobre o desenvolvimento de projetos de trabalho, faça uma relação dos temas que poderiam ser organizados na perspectiva da pedagogia de projetos com seus respectivos objetivos. 10 Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
  • 13. sua resposta O comportamento dos alunos também deve ser diferenciado durante o processo de realização dos projetos, eles são co-autores do processo. Depois da escolha do tema, os alunos também deverão realizar seu próprio percurso na condução do projeto, considerando uma avaliação inicial (o que sabemos e o que precisamos saber sobre o assunto), busca de fontes e referências sobre o tema, organização dos conteúdos e distribuição das tarefas em grupo, tratamento das informações adquiridas considerando princípios de classificação e organização, compartilhamento, socialização e apresentação do conhecimento adquirido, auto-avaliação. Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia 11
  • 14. Sugestões de projetos integradores em geografia C omo já mencionamos aqui, a Geografia, enquanto ciência, já apresenta em sua própria estruturação um diálogo intenso como outras disciplinas, que se constituem como base do pensamento geográfico. Por outro lado, a influência do positivismo pode ser observada na fragmentação de seu currículo na educação básica, compartimentando o conhecimento e desestruturando as possibilidades de uma ação interdisciplinar, transversal e integradora. O trabalho com projetos permite a superação destes obstáculos, através de uma ação agregadora dos temas que compõem o currículo básico. Aqui, vamos sugerir alguns projetos que já foram realizados em sala de aula e podem ser reproduzidos, aprofundando o debate sobre os temas e fomentando a pesquisa, a investigação e o senso crítico dos nossos alunos. Projeto dinossauros Ano: 6° Tema: A Extinção dos Dinossauros Conteúdos A Pangéia, teoria da deriva continental, era do gelo, formação da Terra, teorias de extinção dos dinossauros e mudanças climáticas Objetivos Conhecer as diferentes teorias de extinção dos dinossauros, identificar as espécies e sua forma de alimentação, traçar um panorama das características físicas da Terra e suas mudanças ao longo do período, identificar as eras geológicas e sua relação com o aparecimento do homem. Metodologia Revisão da literatura existente sobre o tema para a faixa etária, filmes científicos e desenhos animados, quadrinhos, construção de maquetes e elaboração de desenhos pelos alunos. Cronograma Doze semanas (duas semanas para introduzir o tema e levantar questões, quatro semanas para o levantamento de informações, três semanas para a construção de maquetes, modelos e desenhos, duas semanas de apresentação dos trabalhos e uma semana de avaliação. Avaliação Apresentação dos seminários, exposição das maquetes e desenhos, trabalho escrito dos grupos sobre o tema. Conclusão Registro dos processos, procedimentos e resultados do projeto. Conclusão Desenvolvimento Introdução Justificativa Nesta faixa etária, as crianças estão interessadas em animais diferentes e os dinossauros parecem exercer um fascínio sobre eles. O conteúdo deste segmento é bastante abstrato, e o desenvolvimento de um projeto com um elemento motivador favorece a compreensão sobre os demais elementos que queremos trabalhar. 12 Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
  • 15. Projeto mundo oriental Ano: 9° Objetivos Conhecer os aspectos culturais dos países asiáticos, resgatando sua história, cultura, idioma, paisagem relacionando-os com as questões econômicas e políticas. Desenvolvimento Aspectos econômicos, políticos e físicos dos países asiáticos, especificamente, Japão, China e Tigres Asiáticos. A introdução de aspectos da cultura oriental apresenta uma certa dificuldade de assimilação em função da diversidade Justificativa cultural, religiosa, étnica e histórica. A investigação a partir dos aspectos culturais, mobilizados pela curiosidade dos alunos, propiciará uma discussão rica sobre o assunto. Metodologia Levantamento de informações sobre o tema, reprodução de vestimentas, comida, objetos relacionados com a cultura oriental. Cronograma Oito semanas (duas semanas para introduzir o tema e levantar questões, quatro semanas para o levantamento de informações, uma semana para apresentação dos trabalhos e uma semana de avaliação. Conclusão Introdução Conteúdos Tema: A Cultura Oriental Avaliação Conclusão Apresentação dos seminários, exposição dos materiais e confecção e degustação dos alimentos. Registro dos processos, procedimentos e resultados do projeto. Projeto ponto de vista Orientação, diferentes perspectivas dos objetos, embaixo, em cima, desenhos, mapas, cartas, escalas e legendas. Introdução Conteúdos Justificativa Desenvolvimento Tema: Orientação, Percepção, Perspectiva e Cartografia Metodologia Conclusão Ano: 7° Avaliação Objetivos Cronograma Conclusão A construção dos fundamentos da orientação e a percepção dos objetos em perspectiva é uma das grandes dificuldades com estes conteúdos que estão relacionados com a geometria e educação artística. Construir as bases de orientação, através da percepção artística e geométrica, introduzindo conceitos da cartografia e as relações entre o real e a reprodução no papel. Desenvolvimento de atividades e oficinas práticas, orientação corporal, percepção de cores, distância e representações. Apresentação de mapas, cartas e desenhos para elaboração da percepção e orientação. Exposição de desenhos, maquetes e modelagens construídas pelos alunos. Doze semanas (duas semanas para introduzir o tema e levantar questões, quatro semanas para o levantamento de informações, três semanas para a construção de maquetes, modelos e desenhos, duas semanas de apresentação dos trabalhos e uma semana de avaliação. Apresentação dos seminários, exposição das maquetes e desenhos, trabalho escrito dos grupos sobre o tema. Registro dos processos, procedimentos e resultados do projeto. Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia 13
  • 16. Atividade 5 Depois de trabalhar os fundamentos da pedagogia de projetos e conhecer alguns exemplos, você pode agora elaborar seu próprio projeto, organizando sua proposta em etapas. Bom trabalho! Ano: Tema: Conteúdos Introdução Justificativa Desenvolvimento Objetivos Metodologia Cronograma Conclusão Avaliação Conclusão 4 Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia  
  • 17. Concluindo o percurso A pedagogia de projetos proposta nesta aula está estruturada em uma nova leitura dos projetos, a partir da proposta de Hernández e Ventura. Esta proposta permite a construção de uma proposta curricular integrada, onde aspectos como interdisciplinaridade e aprendizagem significativa sejam os elementos norteadores de todo o processo de construção da aprendizagem. As sugestões de projetos apresentadas nesta aula apontam para a construção de inúmeros caminhos possíveis, já que a Geografia por sua característica interdisciplinar permite a realização de diversos experimentos, cada qual mais interessante, investigativo e motivador para os alunos da Educação Básica. Leituras complementares MARTINS. J.S. O Trabalho com Projetos de Pesquisa. São Paulo: Papirus, 2006. Este livro apresenta uma proposta pedagógica baseada no princípio de que é fundamental mobilizar e envolver o aluno para que seu aprendizado seja significativo. O autor explica como utilizar atividades calcadas em projetos de trabalho escolar, integrando diversos conteúdos das disciplinas regulares e do cotidiano da comunidade. O professor pode estimular a iniciativa dos alunos por meio do trabalho em grupo, destinado a promover a interatividade e o espírito associativo, sementes da colaboração e da solidariedade. HERNÁNDEZ, F. Transgressão e Mudança na Educação: Os Projetos de Trabalho. Porto Alegre, Artes Médicas, 1998. Este livro é um convite à transgressão das amarras que impedem o indivíduo de pensar por si mesmo, de construir uma nova relação educativa baseada na colaboração em sala de aula, na escola e com a comunidade. Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia 15
  • 18. Resumo A pedagogia de projetos é uma forma diferenciada de trabalhar os conteúdos em sala de aula, na perspectiva de uma nova organização do currículo. Embora não seja nova, esta proposta abarcou as mudanças provocadas com a globalização no final do século XX, buscando dinamizar e aprofundar as informações de forma interdisciplinar em contraponto com a organização fragmentada do conhecimento. A aprendizagem significativa e colaborativa, a partir dos pressupostos de Vygostsky propõe uma nova dimensão para o trabalho docente, uma estrutura de projetos de trabalho que desenvolvem a pesquisa, a investigação, a cooperação e a negociação entre o professor e os alunos e entre o próprio grupo. A Geografia, por seu viés interdisciplinar enquanto ciência possibilita o desenvolvimento de inúmeros arranjos para a organização de seu próprio currículo na Educação Básica. Auto-avaliação 1 2 Qual é a sua compreensão sobre os fundamentos a aplicabilidade dos projetos de trabalho em sala de aula? É possível estruturar um currículo integrado na perspectiva dos projetos no ensino de Geografia? Como você estruturaria seu trabalho? Referências ABRANTES, P. Trabalho de projetos e aprendizagem da matemática. In: Avaliação e Educação. Matemática, RJ: MEM/USU – GEPEM, 1995. Buck Institute for Education. Aprendizagem baseada em projetos: Guia para professores de ensino fundamental e médio. Porto Alegre, Artes Médicas, 2008. HERNÁNDEZ, F. VENTURA, M. A Organização dos Currículos por Projetos de Trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. 16 Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
  • 19. HERNÁNDEZ, F. Transgressão e Mudança na Educação: Os Projetos de Trabalho. Porto Alegre, Artes Médicas, 1998. HERNÁNDEZ, F. Cultura Visual, Mudança Educativa e Projeto de Trabalho. Porto Alegre, Artes Médicas, 2000. SANTOMÉ, J. Globalização e Interdisciplinaridade: O Currículo Integrado. Porto Alegre, Artes Médicas, 1998. TEITELBAUM, K. APPLE, M. John Dewey. In: Currículo sem Fronteiras, v.1, n.2, pp. 194201, Jul/Dez 2001. Anotações Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia 17
  • 20. Anotações 18 Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
  • 21. Anotações Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia 19
  • 22. Anotações 20 Aula 06  Didática e o Ensino de Geografia
  • 23. Didática e o Ensino de Geografia – GEOGRAFIA EMENTA Análise dos documentos necessários à organização do ensino; fundamentação teórico-metodológica para a organização do trabalho docente; tendências atuais do ensino de geografia; a geografia e a interdisciplinaridade; a utilização de diferentes fontes de informações e linguagens e a prática docente em geografia; situações problemas e a prática de ensino em geografia. AUTORAS n  Sônia de Almeida Pimenta n  Ana Beatriz Gomes Carvalho AULAS Didática e a prática educativa 02 Elementos da didática: os diferentes métodos de ensino 03 Tendências no ensino de Geografia 04 A contribuição dos parâmetros curriculares para o ensino de Geografia 05 O ensino de Geografia, a multiculturalidade e as tecnologias de informação 06 A interdisciplinaridade no ensino de Geografia e a pedagogia de projetos 07 Elementos para o ensino de Geografia (orientação e representação cartográfica) 08 O planejamento na organização da prática pedagógica 09 Teorias e práticas sobre a avaliação 10 A construção de conceitos nos primeiros anos do ensino fundamental 11 Temas em geografia no ensino fundamental 12 Temas em geografia no ensino médio 15 2º Semestre de 2008 01