A queda do Muro de Berlim e a fragmentação territorial
1. VERSÃO DO PROFESSOR
D I S C I P L I N A
Didática e o Ensino de Geografia
O ensino de Geografia,
a multiculturalidade e
as tecnologias de informação
Autoras
Sônia de Almeida Pimenta
Ana Beatriz Gomes Carvalho
aula
05
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3. Apresentação
N
esta aula, vamos conhecer como as mudanças ocorridas nas últimas décadas em
vários países do mundo estão rompendo com as fronteiras geopolíticas e as barreiras
culturais, impulsionadas pela tecnologia que criou verdadeiras redes de informação
e compartilhamento do conhecimento. A multiculturalidade surge como um importante
movimento de garantia das diversidades, impulsionada pela Internet e suas redes de informação
que fortaleceram os movimentos e deram voz aos grupos. O poder destas redes tecnológicas
precisa ser capitalizado para a educação como um importante instrumento de formação e
inclusão digital. Para esta aula, é importante que você visite os sites indicados, assista os filmes
e faça as leituras complementares, pois este material será fundamental para a compreensão
dos conceitos propostos neste percurso.
Objetivos
Ao final desta aula, esperamos que você:
1
Identifique a flexibilidade na produção e o surgimento
de uma cultura pós-moderna que modifica as relações
culturais;
2
Conheça a fragmentação territorial com a mudança
nas fronteiras como um fenômeno das mudanças
geopolíticas e culturais;
3
Compreenda o conceito de multiculturalidade e seus
impactos na sociedade da informação;
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4. A sociedade de informação e a
cultura da pós-modernidade
Fordismo
Modelo de produção
criado por Henry Ford
que associa aumento na
produção e na demanda
para controlar os preços.
Taylorismo
princípios criados por
Taylor para modificar a
linha de produção a partir
do controle do tempo e do
corpo do trabalhador
da fábrica.
A
idéia de progresso está profundamente arraigada ao modelo fordista: o progresso da
técnica (que permite aumento de produtividade), o progresso da melhoria de vida (e
conseqüente aumento do consumo) e o progresso do Estado, que cada vez mais deveria
desenvolver sua capacidade de prover e garantir o pleno-emprego e o aumento do consumo.
A “quebra” deste modelo aconteceu pela ocorrência de diversos fatores simultâneos. A baixa
produtividade, a revolta dos trabalhadores em relação à alienação, a internacionalização dos
mercados, o surgimento de uma nova forma de produção mais eficiente (o modelo japonês).
Esses foram fatores determinantes que comprometeram a vigência do modelo.
A mudança no padrão de acumulação está estreitamente vinculada não apenas a
uma mudança no setor produtivo, mas em mudanças na própria sociedade e em todos os
elementos a ela ligados. Surge nesse momento a expressão flexibilidade que parece resumir
o conceito essencial desse novo paradigma de acumulação. A flexibilidade está relacionada
com as alternativas encontradas pelas firmas para a superação dos problemas que a rigidez
do fordismo não conseguiu resolver. É a flexibilidade na versatilidade dos produtos fabricados,
em sua quantidade, em seus estoques, nos projetos, etc. Trabalha-se com estoques menores,
produtos segmentados e diferenciados, o que faz com que a qualidade e a versatilidade desses
produtos sejam primordiais.
A introdução das novas tecnologias pode ser caracterizada pela revolução tecnológica
com novos produtos que “redefinem o próprio significado de automação” (LIPIETZ, 1991).
A conceituação desse novo paradigma tecnológico faz-se necessária para entendimento
do que realmente mudou com a introdução dessas tecnologias no processo de produção e
desenvolvimento do trabalho. A introdução das inovações tecnológicas transforma o processo
de trabalho, tornando-o incompatível com o fordismo. O taylorismo separou o desenvolvimento
do trabalho intelectual do manual, mas como se operariam esses métodos quando são
introduzidas máquinas sofisticadas para serem operadas por trabalhadores desqualificados?
Obviamente, a inserção das novas tecnologias tem de ser acompanhada de um mínimo de
capacitação do empregado que será o usuário do sistema. Trata-se de juntar o que o taylorismo
separou, ou seja, os aspectos manuais e intelectuais do trabalho (LEBORGNE E LIPIETZ, 1990).
A única alternativa viável para permitir esta reunificação seria uma reeducação da força de
trabalho.
As novas tecnologias não são simplesmente substituidoras da força de trabalho. Se
assim o fossem, não haveria muitas dificuldades na análise desse processo. Para Castells
(1999), a designação de alta tecnologia não se refere a uma indústria, a uma atividade ou a
um invento. É preciso entender que é um processo, uma forma específica de produzir, a partir
da base fundamental, que é a informação. As inovações traduzidas em produtos de ponta de
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5. microeletrônica processam as informações muito mais velozmente, reduzindo o custo de
transmissão e permitindo descentralização e personalização no modo de trabalho e produção.
O surgimento da acumulação flexível e da sociedade informacional em contraponto
ao modelo fordista existente até então, provocou profundas mudanças no modo de produzir,
viver e trabalhar. Para Harvey (1993), o mais espantoso sobre o pós-modernismo é sua total
aceitação do efêmero, do fragmentário, do descontínuo e do caótico, acreditando que o que
é produtivo não é sedentário, mas nômade. Autores como Lyotard e Foucault relacionam a
metalinguagem e os jogos de linguagem como referências do conhecimento pós-moderno.
Lyotard (1984) localiza seus argumentos nas novas tecnologias de comunicação e situa a
ascensão do pensamento pós-moderno como uma transição social e política nas linguagens
da comunicação em sociedades capitalistas avançadas.
Acumulação flexível
Modelo de produção que
substituiu o fordismo, com
produtos segmentados,
produção de acordo com
a demanda, estoques
menores e terceirização
da produção.
Atividade 1
sua resposta
Considerando as mudanças no modo de produção e as novas configurações
territoriais e temporais, faça um comentário sobre a afirmativa de David
Harvey, “a compressão o tempo-espaço sempre cobra o seu preço da
nossa capacidade de lidar com as realidades que se revelam à nossa volta”.
(HARVEY,1993, p. 275)
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6. A materialização da fragmentação no território
Alguns acontecimentos de repercussão mundial sinalizaram as mudanças concretas que
a pós-modernidade denomina como fragmentação e pluralidade. Um destes acontecimentos
emblemáticos foi a queda do Muro de Berlim, em 1989.O Muro de Berlim foi construído no pósguerra dividindo a alemanha em duas: a República Federal da Alemanha (RFA) e a República
Democrática Alemã (RDA). Este muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava
a divisão do mundo em dois blocos ou partes: Berlim Ocidental (RFA), que era constituído
pelos países capitalistas encabeçados pelos Estados Unidos da América; e Berlim Oriental
(RDA), constituído pelos países socialistas simpatizantes do regime soviético. Construído na
madrugada de 13 de Agosto de 1961, dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico,
302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas com alarme e 255 pistas de
corrida para ferozes cães de guarda. Este muro provocou a morte a 80 pessoas identificadas,
112 ficaram feridas e milhares aprisionadas nas diversas tentativas de atravessá-lo.O Muro
de Berlim caiu no dia 9 de Novembro de 1989, e iniciou o processo de reunificação das duas
Alemanhas, que formaram finalmente a República Federal da Alemanha, acabando também a
divisão do mundo em dois blocos. O mundo inteiro acompanhou o acontecimento, transmitido
pelas grandes redes de televisão.Muitas pessoas viram a abertura da fronteira na televisão e
pouco depois marcharam à fronteira. Como muitas pessoas já dormiam quando a fronteira
se abriu, na manhã do dia 10 de novembro havia grandes multidões de pessoas querendo
passar pela fronteira. Os cidadãos da RDA foram recebidos com grande euforia em Berlim
Ocidental. Muitas boates perto do Muro espontaneamente serviram cerveja gratuita, houve
uma grande celebração na Rua Kurfürstendamm, e pessoas que nunca se tinham visto antes
cumprimentavam-se. Cidadãos de Berlim Ocidental subiram o muro e passaram para as Portas
de Brandenburgo, que até então não eram acessíveis aos ocidentais.
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7. Atividade 2
sua resposta
Sinopse: A mãe de Alexander, fiel devota do
socialismo na antiga Alemanha Oriental, tem um
ataque cardíaco ao ver o filho em uma passeata
contra o sistema vigente. Quando ela acorda do
coma, após a queda do muro de Berlim, o médico
aconselha a Alexander que ela evite emoções fortes,
pois outro ataque tão cedo seria fatal. Com o peso na
consciência pelo estado atual de sua mãe, Alex faz de
tudo para que ela continue vivendo em uma ilusória
Alemanha socialista, mudando embalagens de
produtos industrializados e até mesmo inventando documentários televisivos
para preencher as brechas do dia-a-dia do recente capitalismo no país. Assista
ao filme com seus colegas no pólo e registre suas impressões sobre este
momento histórico de reconfiguração da geopolítica mundial.
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8. A mudança no mapa do mundo estava só começando com a reunificação da Alemanha.
Vários acontecimentos nos últimos 20 anos continuam reconfigurando as fronteiras, os fluxos
migratórios e as relações culturais. Veja só esta reportagem publicada em 2004:
Novo mapa-múndi mostra ritmo
acelerado de mudanças no planeta
Por Sue Pleming (REUTERS)
WASHINGTON (Reuters) - Diante da alteração do nome de lugares, do
encolhimento de mares, de ataques terroristas e do uso cada vez mais
disseminado da Internet, o mundo está mudando mais rápido hoje do que
em décadas atrás, disse Allen Carroll, o principal cartógrafo da National
Geographic.
A National Geographic Society lança neste mês a oitava edição de seu “Atlas
do Mundo”. Nela, realizou um recorde de 17 mil atualizações e mudanças em
relação à última publicação, de cinco anos atrás.
“Esse ritmo de mudanças deve-se principalmente a dois fatores: uma população
que ainda cresce em velocidade acelerada e a uma economia cada vez mais
globalizada”, afirmou Carroll, principal responsável pela elaboração dos mapas
da sociedade.
O novo atlas usa as técnicas mais recentes de mapeamento e de obtenção
de imagens via satélite, além de apresentar em cada página um endereço de
Internet onde os leitores podem encontrar mais informações.
“A meta é fazer com que as pessoas interessem-se pelo mundo e o compreendam
melhor. Hoje, há muita atenção para as coisas locais, mas pouca compreensão
sobre como o que acontece no mundo afeta as nossas vidas”, disse Carroll.
O livro de 416 páginas e 3,2 quilos inclui mapas e gráficos que refletem os
desafios enfrentados pelo mundo, tais como o mapa “Conflito e Terror”, que
mostra o local de recentes atentados terroristas. Outros mapas apresentam o
fluxo de refugiados ou os índices de assistência médica e de analfabetismo.
Quando mapearam os ataques terroristas, Carroll disse que, intencionalmente,
os editores do livro não indicaram onde a Al Qaeda -- acusada pelos ataques de
11 de setembro de 2001 contra os EUA -- ou outros grupos mantinham suas
bases já que essas organizações estavam sempre mudando de lugar.
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9. Fratura Social
Segundo Carroll, mais do que nunca, os mapas políticos e econômicos
refletem uma crescente distância entre o mundo desenvolvido e o mundo em
desenvolvimento. Um exemplo: o mapa com os cabos de fibra ótica instalados
debaixo do oceano mostra uma grande quantidade de cabos ligando os EUA e
a Europa, mas apenas um contornando a costa oeste da África.Um mapa sobre
os servidores de Internet apresenta um quadro semelhante. A Europa e pontos
da Ásia e da América do Norte destacam-se.”Isso nos mostra que a África
ainda está relativamente isolada tanto econômica quanto tecnologicamente”,
disse Carroll.
Em seu escritório em Washington, cercado por globos de diferentes tamanhos
e por pilhas de mapas, o cartógrafo da National Geographic afirmou ter havido
muitos debates sobre o que incluir ou não nos mapas da seção políticoeconômica. “Nós nos servimos de várias fontes para garantir que fôssemos o
mais objetivos e imparciais possível”, disse.
Montanhas Mais Altas, Mares Mais Baixos
Timor Leste, o primeiro novo país deste século, aparece no mapa pela primeira
vez nesse atlas. Também constam do livro as fronteiras acertadas há pouco
tempo entre o Iêmen e a Arábia Saudita e as divisões administrativas da
Eslovênia e da República Tcheca.
Outras mudanças notáveis são o fato de o monte Everest, o mais alto da Terra,
ter registrado 8.850 metros de altura, 2,1 metros a mais do que os dados
anteriores. Isso é resultado de as medições terem ficado mais precisas. O ponto
mais baixo da Terra, o mar Morto, caiu 7,9 metros, para 416 metros, devido à
expansão do consumo de água na região, disse Carroll.
O atlas também mostra sinais da degradação ambiental. Um exemplo é a
retração do lago Chade, devido a uma seca persistente na região. De outro lado,
o mar de Aral viu-se afetado pela retirada de suas águas.Uma das imagens mais
impressionantes são as fotos tiradas por satélites à noite e reunidas para formar
um mapa sobre a ocupação humana segundo o brilho das luzes artificiais. Como
era de se esperar, as Costa Leste e Oeste dos EUA, a parte ocidental da Europa
e pontos da Índia e do Japão possuem as maiores concentrações de luzes.
Fonte: Agência Reuters, 14/10/2004.
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10. As observações nesta reportagem mostram que as mudanças estão realmente aceleradas,
sobretudo porque as inovações tecnológicas estão alterando as relações espaciais e temporais.
Houve um encurtamento nas distâncias e no tempo na perspectiva da percepção humana. A
queda das barreiras, simbolizada pelo Muro de Berlim, propagou-se nas mais diversas áreas,
na música, nas artes, na literatura, na informação, nas questões ambientais e nos movimentos
sociais, impulsionados pela formação de redes de conhecimento mundiais. Assim, é impossível
dissociar os aspectos da multiculturalidade de todos estes movimentos que observamos até
agora. Quanto mais globalizado o mundo se torna, mais a necessidade resgate do local se faz
presente, a partir de um movimento dialético pós-moderno chamado de global-local.
Atividade 3
sua resposta
No senso comum, a intolerância étnica e cultural está sempre relacionada com
as diferenças marcantes entre a aparência e os costumes dos sujeitos. No caso
da Alemanha e em outros países, é difícil para nós diferenciarmos uns dos
outros, mas o conflito é tão intenso quanto em outros locais com diferenças
mais visíveis. Explique a existência destes conflitos a partir do que você já leu
sobre a multiculturaldade.
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11. A multiculturalidade no mundo
e na educação
N
este contexto, surgem as questões relacionadas com a diversidade cultural, resgate e
preservação da cultura local, diversidade étnica, e o conseqüente fortalecimento dos
movimentos sociais em contraponto ao declínio do eurocentrismo. O fluxo migratório
provocado por diversas crises políticas e guerras, associado com o movimento de globalização
acirrou os conflitos que precisavam ser acomodados por razões econômicas e sociais. O
fortalecimento dos movimentos sociais dos grupos que discutem e lutam pela afirmação das
minorias, foi decisivo para as importantes conquistas neste campo.
Eurocentrismo
É uma visão de mundo
que tende a colocar a
Europa (assim como sua
cultura, seu povo, suas
línguas, etc.) como o
elemento fundamental
na constituição da
sociedade moderna,
sendo necessariamente a
protagonista da história
do homem.
Estou no caminho certo?
A questão multicultural está relacionada apenas ao fato da cultura branca (e
européia) ser hegemônica?
A questão multicultural abarca questões muito mais variadas, está relacionada com a
possibilidade de viver junto. Segundo a professora Mary Del Priori, o termo “multiculturalismo”
designa tanto um fato (sociedades são compostas de grupos culturalmente distintos) quanto
uma política (colocada em funcionamento em níveis diferentes) visando à coexistência pacífica
entre grupos étnica e culturalmente diferentes. Em todas as épocas, sociedades pluriculturais
coexistiram e, hoje, menos de 10% dos países do planeta podem ser considerados como
culturalmente homogêneos. Por outro lado, o tratamento político da diversidade cultural é um
fenômeno relativamente recente. Nas democracias pluralistas, assistimos a um movimento
generalizado de incremento das identidades particulares. Minorias, populações autóctones,
grupos de migrantes e imigrantes manifestam seu desejo de reconhecimento cultural. “Viver
junto” é uma questão cada vez mais premente.
Para a autora, o termo “multiculturalismo” designa tanto um fato (sociedades são
compostas de grupos culturalmente distintos) quanto uma política (colocada em funcionamento
em níveis diferentes) visando à coexistência pacífica entre grupos étnica e culturalmente
diferentes. Em todas as épocas, sociedades pluriculturais coexistiram e, hoje, menos de 10%
dos países do planeta podem ser considerados como culturalmente homogêneos. Por outro
lado, o tratamento político da diversidade cultural é um fenômeno relativamente recente.
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12. Atividade 4
Terra de Ninguém (No Man´s Land, 2001)
sua resposta
Sinopse: Durante a Guerra da Bósnia, dois
soldados, um sérvio e outro bósnio, acabam
isolados em uma pequena trincheira, junto com
um terceiro soldado, que está caído sobre uma
mina - sendo que ninguém pode matar ninguém
ali. Todas as partes do conflito ficam completas
com a chegada de mais duas pessoas: um
representante da Onu, para tentar resolver o
impasse, e uma jornalista, para jogar lenha na
fogueira. Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e do Globo de Ouro na mesma
categoria, faturou mais de 40 prêmios ao redor do mundo. Assista ao filme, e
elabore um texto sobre a intolerância a diversidade cultural que hoje promove
tantas guerras e outros atos de violência pelo mundo.
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13. Multiculturalismo: Integrando Saberes
Mary Del Priore
Há menos de trinta anos, as primeiras medidas políticas de inspiração
multiculturalista foram colocadas em ação na América do Norte (Canadá
e EUA). Lá, a indiferença frente à cor da pele foi substituída pelo princípio
de consciência da cor. O debate sobre multiculturalismo foi crescendo de
intensidade e, a partir dos anos 90, difundiu-se na Europa e América do Sul.
A doutrina multiculturalista avança essencialmente a idéia de que as culturas
minoritárias são discriminadas e devem merecer reconhecimento público. Para
se realizarem ou consolidarem, singularidades culturais devem ser amparadas
e protegidas pela lei. É o Direito que vai permitir colocar em movimento as
condições de uma sociedade multicultural.
Mas, de que diferenças culturais nós falamos? Muitas vezes reduzidas à
questão da etnicidade (condição ou consciência de pertencer a um grupo)
ou, em alguns casos, reduzidas até mesmo à “questão racial”, as diferenças
culturais não concernem apenas aos particularismos de origem ou de tradição
(religiosas ou lingüísticas).
As reivindicações se enraízam cada vez mais no particularismo dos mores
(preferências sexuais, por exemplo), de idade, de traços ou de deficiências
físicas (obesos, cegos, paraplégicos). O multiculturalismo combate o que ele
considera como uma forma de etnocentrismo, ou seja, combate a visão de
mundo da sociedade branca dominante que se toma – desde que a idéia de
raça nasceu no processo de expansão européia – por mais importante do que
as demais. A política multiculturalista visa, com efeito, resistir à homogeneidade
cultural, sobretudo quando esta homogeneidade afirma-se como única e legítima,
reduzindo outras culturas a particularismos e dependência (PRIORI, 2002).
A letra da música Milagres do Povo de Caetano Veloso, foi o tema de uma minissérie
chamada Tenda dos Milagres, inspirada na obra de Jorge Amado que foi publicada em 1969. A
ação se passa no Pelourinho, na capital da Bahia, Salvador, terra povoada por afrodescendentes,
maioria da população local, e fadada ao preconceito mas aguerrida na conquista individual de
seu espaço na sociedade.O candomblé constitui-se em pano de fundo e Pedro Archanjo é o
herói mestiço dessa história, mulato com algum estudo, protegido pelo professor da Faculdade
de Medicina Silva Virajá. Ouça a música que está disponível no ambiente da disciplina e faça
uma reflexão sobre a diversidade e a intolerância nos dias de hoje.
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14. Milagres Do Povo
Caetano Veloso
Quem é ateu
E viu milagres como eu
Sabe que os deuses sem deus
Não cessam de brotar
Nem cansam de esperar
E o coração
Que é soberano e que é senhor
Não cabe na escravidão
Não cabe no seu não
Não cabe em si de tanto sim
É pura dança e sexo e glória
E paira para além da história
Ojú obá ia lá e via
Ojú obá ia
Xangô manda chamar
Obatalá guia
Mamãe oxum chora
Lágrima alegria
Pétala de iemanjá
Iansã oiá ria
Ojú obá ia lá e via
Ojú obá ia
Obá
É no xaréu
Que brilha a prata luz do céu
E o povo negro entendeu
Que o grande vencedor
Se ergue além da dor
Tudo chegou
Sobrevivente num navio
Quem descobriu o brasil
Foi o negro que viu
A crueldade bem de frente
E ainda produziu milagres
De fé no extremo ocidente
Ojú obá ia lá e via...
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15. O papel das tecnologias
da informação na educação
A
sociedade de informação em que vivemos hoje é assim chamada em contraponto com
a sociedade industrial porque o fluxo de informações tornou-se o bem mais valioso. É
também chamada de sociedade do conhecimento onde o acesso à tecnologia tornouse prioridade. Estar inserido na sociedade informacional significa necessariamente estar
conectado a uma complexa rede que faz com que acontecimentos ocorridos em localidades
distantes tenham um impacto real em nosso cotidiano. Os indivíduos que não têm acesso
à informação estão marginalizados nesta sociedade, constituindo-se uma nova modalidade
de exclusão chamada de exclusão digital. A sociedade de informação tem um ambiente
potencializado pelas tecnologias de informação e comunicação que têm como uma de suas
principais características o valor crescente do conhecimento para o desenvolvimento humano
e social de indivíduos e grupos. As tecnologias de informação diminuem a distância entre o
ser humano e algo que lhe pode ser extremamente valioso: a informação.
O computador, conectado à Internet, é um dos mais importantes elementos dessas novas
tecnologias. Como tecnologia da informação rompe com os princípios de outras tecnologias,
modificando a relação do homem com a máquina, e ao buscar se aproximar do funcionamento
do cérebro humano adquire novas significações. Como veículo tecnológico, ganha novas
dimensões, uma vez que pode fornecer acesso a ambientes adequados para o desenvolvimento
de novos conhecimentos, de interação, criação e cooperação entre as pessoas.
Quando o computador começou a ser usado no trabalho, muitas pessoas resistiram a
aprender, acreditando que era mais um modismo. Rapidamente o computador deixou de ser
uma ferramenta de trabalho e hoje é muito usado para o lazer. Hoje é possível baixar filmes,
comunicar-se com pessoas de todos os lugares, ler jornais e revistas, visitar museus, tudo
sem sair de casa, ao alcance de um clique. Essa acessibilidade mudou nossa forma de lidar
com a informação, com novos padrões de velocidade e armazenamento. Para termos uma idéia
basta pensar na dificuldade em consultar uma enciclopédia pesada e empoeirada procurando
o verbete necessário. Depois, esse material era copiado cuidadosamente em uma folha de
papel e entregue ao professor. Hoje quando digitamos uma frase nos sites de busca vamos
encontrar vários links onde podemos pesquisar sobre o assunto, inclusive com informações
contraditórias. Uma pessoa que não tenha acesso a esta ferramenta, estará no mesmo patamar
de alguém que não tenha televisão em casa. O interessante é que ainda nos espantamos
com alguém que não tenha TV, mas compreendemos que uma pessoa não conheça nada de
tecnologias da informação. Isso acontece porque o equipamento e a conexão ainda são caros,
embora várias organizações hoje busquem formas alternativas para diminuir o custo dos
equipamentos para aumentar o número de pessoas que tenham acesso.
Rede
Uma rede de
computadores consiste de
2 ou mais computadores
e outros dispositivos
conectados entre si
de modo a poderem
compartilhar seus
serviços, que podem
ser: dados, impressoras,
mensagens (e-mails), etc.
A Internet é um amplo
sistema de comunicação
que conecta muitas redes
de computadores
Exclusão digital
A exclusão digital é um
conceito dos campos
teóricos da comunicação,
sociologia, tecnologia da
informação, História e
outras humanidades, que
diz respeito às extensas
camadas das sociedades
que ficaram à margem do
fenômeno da sociedade da
informação.
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16. Atividade 5
Estabeleça uma relação entre o fortalecimento dos movimentos sociais de
afirmação de minorias e a existência de redes mundiais de informação, a partir
do fluxo de informações e facilidade de publicação de conteúdos na Internet
(notícias, denúncias, reivindicações, imagens etc.).
Concluindo o percurso
O
fenômeno da globalização provocou mudanças profundas nas relações econômicas e
sociais nas mais distantes localidades do mundo, provocando um curioso paradoxo
entre o global e local, constituindo-se uma disputa entre a influência exercida pelo
mundo globalizado através da mídia e da nova ordem econômica e o local. o mais espantoso
sobre o pós-modernismo é sua total aceitação do efêmero, do fragmentário, do descontínuo
e do caótico, acreditando que o que é produtivo não é sedentário, mas nômade. Alguns
acontecimentos de repercussão mundial sinalizaram as mudanças concretas que a pósmodernidade denomina como fragmentação e pluralidade. O termo “multiculturalismo” designa
tanto um fato (sociedades são compostas de grupos culturalmente distintos) quanto uma
política (colocada em funcionamento em níveis diferentes) visando à coexistência pacífica
entre grupos étnica e culturalmente diferentes. O surgimento das redes de informação no
mundo com a Internet fortaleceu os movimentos sociais e garantiram importantes ações em
várias sociedades no mundo.
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17. Leituras e materiais
complementares
Ouça a música “Haiti”, de Caetano Veloso e Gilberto Gil que traça um panorama da
violência no pelourinho em Salvador, local onde supostamente a pluralidade étnica e cultural
não possibilitaria a existência de conflitos.
Acesse aos sites dos movimentos sociais que defendem os direitos das minorias e saiba
mais sobre o poder das redes de informação na consolidação destes movimentos:
www.mulheresnegras.org
www.afirma.com.br
www.geledes.org.br
www.italianostra.hpg.com.br
www.brasil500.com.br
www.museudoindio.org.br
Resumo
O surgimento da acumulação flexível em contraponto ao modelo fordista de
produção provocou mudanças na produção e no trabalho, que resultou na
sociedade da informação. Este fluxo de idéias e informações é chamado de pósmodernismo, caracterizado pelo fragmentário, caótico, nômade, modificando as
relações culturais. Estes elementos foram materializados no espaço geográfico
pelas mudanças no mapa do mundo, com a quebra das fronteiras e aumento
no fluxo migratório em todo o mundo. Estes fluxos migratórios fortaleceram
os movimentos sociais que combatem o eurocentrismo, impulsionados pelas
novas tecnologias que criaram redes de conhecimento e deram voz aos grupos.
Este uso das novas tecnologias deve ser apropriado pela educação para a
formação cidadã e inclusão digital dos sujeitos.
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18. Auto-avaliação
1
Na leitura do texto você identificou como as novas tecnologias modificaram as
formas de produzir e trabalhar, e nas relações culturais e territoriais?
2
Avalie o surgimento das redes de informação como fortalecimento dos movimentos
sociais e sua relação com os debates sobre a multiculturalidade.
Referências
CASTELLS, M. A Sociedade em Rede, São Paulo: Paz e Terra, 1999.
HARVEY, D. Condição Pós-Moderna - Uma Pesquisa Sobre as Origens da Mudança
Cultural, São Paulo: Loyola, 1993.
LIPIETZ, A. Audácia: Uma Alternativa para o Século 21, São Paulo: Nobel, 1991.
LIPIETZ, A. e LEBORGNE, D. Flexibilidade Defensiva ou Flexibilidade Ofensiva: Os Desafios
das Novas Tecnologias e da Competição Mundial, in: VALLADARES, L. e PRETECEILLE, E.
(Org.) Reestruturação Urbana: Tendências e Desafios. São Paulo: Nobel/IUPERJ, 1990”.
LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
LYOTARD, J. F. O pós-moderno. 2. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986.
PRIORI, M. Multiculturalismo: Integrando Saberes. In: Boletim do Programa Um Salto para
o Futuro, TVE, 2002. Disponível em http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2002/mee/
meetxt1.htm, acesso realizado em 20/05/2008.
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19. Didática e o Ensino de Geografia – GEOGRAFIA
EMENTA
Análise dos documentos necessários à organização do ensino; fundamentação teórico-metodológica para a organização
do trabalho docente; tendências atuais do ensino de geografia; a geografia e a interdisciplinaridade; a utilização de
diferentes fontes de informações e linguagens e a prática docente em geografia; situações problemas e a prática de ensino
em geografia.
AUTORAS
n
Sônia de Almeida Pimenta
n
Ana Beatriz Gomes Carvalho
AULAS
Didática e a prática educativa
02
Elementos da didática: os diferentes métodos de ensino
03
Tendências no ensino de Geografia
04
A contribuição dos parâmetros curriculares para o ensino de Geografia
05
O ensino de Geografia, a multiculturalidade e as tecnologias de informação
06
A interdisciplinaridade no ensino de Geografia e a pedagogia de projetos
07
Elementos para o ensino de Geografia (orientação e representação cartográfica)
08
O planejamento na organização da prática pedagógica
09
Teorias e práticas sobre a avaliação
10
A construção de conceitos nos primeiros anos do ensino fundamental
11
Temas em geografia no ensino fundamental
12
Temas em geografia no ensino médio
15
2º Semestre de 2008
01