O documento discute a produção do conhecimento científico e a pesquisa no Serviço Social brasileiro ao longo da história da profissão. Aborda como os processos de pesquisa influenciaram a prática profissional dos assistentes sociais e como a produção de conhecimento científico foi fundamental para a consolidação da profissão com base em um projeto ético-político. Também descreve brevemente a evolução histórica da pesquisa no Serviço Social desde a década de 1960.
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Produção do conhecimento científico, pesquisa e o Serviço Social brasileiro
1. Produção do conhecimento científico, pesquisa e o Serviço Social brasileiro
Amanda Leticia Ferreira da Silva
Resumo
Abordagem sistemática sobre os diferentes conceitos de pesquisa e
produção cientifica bem como suas implicações na área das Ciências
Sociais, especificamente no Serviço Social. Nesse estudo busca-se
entender como os processos de pesquisa influenciam na pratica profissional
do assistente social durante o percurso histórico da profissão.
Palavras-chave: Pesquisa, produção do conhecimento, Serviço Social.
1. Introdução
A pesquisa caracteriza uma parte primordial do fazer profissional do
assistente social, permitindo uma atualização constante deste. O domínio do oficio
da pesquisa tem gênese no campo acadêmico, onde se dá os primeiros contatos
entre teoria e pratica.
O debate da pesquisa em Serviço Social se deu a partir de meados de
1960 quando os profissionais estavam em um processo de questionamento do fazer
profissional frente as mudanças socioeconômicas encontradas no Brasil, iniciando o
chamado Movimento de Reconceituação.
A pesquisa em Serviço Social constitui um dos maiores desafios do fazer
profissional diante das constantes mutações que sofre o ambiente em que se
inserem os assistentes sociais. Contudo, a produção de conhecimento científico
nesse campo, se mostra de fundamental importância uma vez que é através dela
que a profissão se consolida diante de um projeto ético-politico.
Buscamos entender o avanço da pesquisa como fundamento para a
evolução do pensar racional humano, para depois, adentrarmos no desenvolvimento
do Serviço Social como profissão destacando sua historia dentro do cenário político-
social brasileiro. Entendendo o histórico profissional, discorremos então sobre a
peculiaridade da pesquisa no Serviço Social, abrangendo as singularidades entre
teoria e pratica e como as categorias interferem nesse oficio.
2. Conhecimento e o ato de pesquisar
2. A razão humana se desenvolve junto a sua historia. Desde as idades
antigas o homem busca entender os fenômenos que o cercam para assim entender
sua origem, desde a descoberta do fogo até as mais recentes envolvendo
nanotecnologia. O conhecimento surge a partir dessa necessidade dos homens,
estabelecerem uma relação entre aquilo que se quer conhecer e aquele que quer
conhecer, procurando entender o como e o por que.
Explicar, estabelecer conexões onde parece não existir, questionar são
pontos primordiais da pesquisa, elemento básico da produção cientifica. Contudo,
ninguém parte do zero no ato de conhecer, pois essa atividade é transmitida pela
educação.
Entende-se a pesquisa como a busca por respostas mediante o emprego
de procedimentos científicos, nas palavras de Bourdieu (1989) a pesquisa é um
ofício, e busca desnaturalizar aquilo que é dado como natural.
Ainda segundo o pensamento de Pierre Bourdieu, a pesquisa só pode ser
apreendida através de um mestre de oficio, pois é transmitida por meio da pratica
incorporada ao habitus. Conforme enfatiza: “O habitus cientifico é uma regra feita
homem ou, melhor, um modus operandi científico que funciona em estado prático
segundo as normas da ciência sem ter essas normas na sua origem.” (BOURDIEU,
1989; p 23).
Bourdieu critica o rigor extremo, buscando uma maior flexibilidade no
fazer cientifico. É preciso que se construa um processo que ponha a prova o
modode fazer pesquisa.
É preciso romper com a ideia de dominação metodológica defendida por
alguns autores rompendo assim, os clichês e a rigidez das “escolas” e, nessa linha
destaca-se o Racionalismo Aberto de Gaston Bachelard, fundado na “filosofia do
não”. Bachelard (1978) através dessa teoria propõe uma transformação nas formas
clássicas de ensino e indica uma nova forma de pedagogia pautada no dialogo
critico. Afirma ainda que a existência de obstáculos metodológicos impede a
evolução do progresso cientifico, pois reafirmam uma ciência simplista e
convencional.
3. O Racionalismo Aberto e Critico,é um racionalismo inacabado, sempre a
se fazer que tem por princípios: a construção processual do conhecimento;
contextualização cultural-politica do conhecimento; a incerteza e a busca na
aventura do conhecer; a descoberta em detrimento da logica da prova; a articulação
de saberes e transdisciplinaridade; o dialogo critico/interlocução de diferentes
pensamentos e vertentes analíticas; transito ciência/arte; teoria teoria/empiria; rigor
criativo; liberdade metodologia; ecologia de saberes.
Na perspectiva dessa epistemologia bachelardiana, a construção do
objeto é tida como uma operação decisiva e, assim também sustenta Bourdieu
quando afirma que “o que conta, na realidade é a construção do objeto [...]”
(1989:20).
Pondo a construção do objeto como foco,se pensarelacionalmente, ou
seja, relacionamos cada perfil de historia a outros perfis dentro do mesmo cenário.
Relacionamos teoria/empiria num processo de resistematização, que se afasta do
dogmatismo e da rigidez para se aproximar do rigor criativo.
Assim, se entende que o ato de pesquisar é repleto de dificuldades e que
são essas dificuldades que vão inspirar o pesquisador a desvendar novas formas de
agir buscando aprimorar suas técnicas e competências, recusando qualquer forma
de monoteísmo metodológico.
3. Um breve histórico profissional
O Serviço Social se institucionaliza como profissão a partir do final do
século XIX, quando o capitalismo industrial se solidifica e busca meios de aquietar
os ânimos trabalhistas que exigiam da burguesia e do Estado uma resposta as
questões sociais gritantes encontradas na Europa. E essa resposta se dá através da
colaboração da Igreja Católica associada às classes dominantes
Nesse período a racionalização da assistência deu origem aquela que
viria a ser uma das maiores referencias em assistência social da época, a Sociedade
de Organização da Caridade, visando controlar a expansão do pauperismo.
Na virada do século, a questão social estava em seu ápice com o mundo
se preparando para grandes guerras. Foi nesse cenário que dois importantes
4. aspectos ficaram claros: a chamada “questão social” no centro do debate histórico e
a perda de domínio do capital. “Despojando o capitalismo de suas mascaras e
desfazendo as ilusões por ele criadas, mostrou a dura realidade que se apresentava
para aqueles que alimentavam sonhos de progresso econômico e de estabilidade
financeira.” (MARTINELLI, 2000, p. 94).
Na busca pela salvação da economia, o Estado assume um papel
importante, criando um novo momento chamado Capitalismo Monopolista. Começa
então a luta para reerguer o sistema e também a opressão dos capitalistas sobre os
trabalhadores.
À medida que a produção industrial monopolista crescia, aumentava
também a pobreza e, a classe dominante vale-se dos assistentes sociais para
enfrentar a “questão social”.
Nesse contexto, a institucionalização da pratica social ganhou grande
importância na figura da Mary Richmond. Segundo ela, a assistência deveria ser
realizada através de visitas domiciliares e, somente assim, poderia se alcançar uma
melhoria social.
Quando Mary Richmond entende a importância do diagnostico social para
a assistência e possuía como único mecanismo para esse diagnóstico o inquérito
executado na residência dos usuários, tem gênese as primeiras pesquisas no campo
do Serviço Social.
Sob a influência de Richmond, também, a assistência assumiu o titulo de
trabalho social, representando a noção das Sociedades de Organização da Caridade
norte-americanas que visavam também obter autonomia profissional em relação à
Igreja Católica opondo-se assim a visão europeia.
O debate então forma-se sobre se o diagnostico social, configurando
umdos grandes desafios para o Serviço Social dentro do campo da pesquisa, como
meio de analise da relação ser social – mundo, abrindo um campo de conhecimento
entre as recém-nascidas psicologia e sociologia ao invés de confrontar a ciência
clássica.
5. Outro grande desafio era o de desmistificar a ideia das ciências clássicas
de que o Serviço Social não era capaz de produzir conhecimentos puros, passíveis
de verificação e, como produtor de conhecimento, romper com a ideia do método
como caráter principal da pesquisa.
No Brasil, a partir da década de 1930, o governo provisório de Vargas
buscava novas formas de contenção político-social. Aliando a Igreja, que vivia um
momento significativo com a aprovação da Constituição de 1934 pautada no
catolicismo, e Estado viu no Serviço Social essa nova estratégia.
O Serviço Social brasileiro era um plano burguês bem sucedido que
pautava sua pratica na “reprodução das relações sociais de produção capitalista [...]”
(MARTINELLI, 2000; pág. 124), era, portanto, uma pratica alienada e alienadora.
A influência norte-americana se deu no final da década de 1940, durante
governo Vargas, quando as damas brasileiras partiram para as escolas de Serviço
Social dos Estados Unidos, através de bolsas financiadas pelo governo. A profissão
então abandona a base neotomista predominante até então para se alicerçar na
teoria funcionalista.
A partir do final da década de 1960, com o aumento do numero de
agentes sociais, os profissionais passaram a assumir uma consciência critica,
rompendo com a alienação que o Serviço Social brasileiro carregava desde sua
origem, criando novos meios para sua pratica e, buscando atender os interesses de
seus usuários.
Influenciado pelo Personalismo e pela Fenomenologia, presentes no
código de ética do assistente social, foi na década de 1970 que a profissão se
reformulou tomando como premissa básica e muito importante para a "construção de
uma sociedade da pessoa humana", o Personalismo. Ressaltando que a existência
humana estava diretamente ligada à sua ação
Ainda na década de 1970 encontramos forte influência da Fenomenologia
no Serviço Social, já que o direito a liberdade nesta época era reprimido e a
manifestação da liberdade de pensamento e decisão eram de importância
fundamental na prática profissional, colocando-o como premissa para a profissão.
6. É dentro desse palcode crise de identidade, que o Serviço Social
amadurece em meio às dificuldades politico-estruturais encontradas no cenário local.
Nascido na década de 1960 e desenvolvidonadécada de 1970, o
Movimento de Reconceituação, serviu de estímulo para a produção de vários
documentos na área, com importante contribuição para a revisão da teoria, da
prática e do ensino de Serviço Social.
Esse movimento se dá a partir de seminários que são realizados
primeiramente pela CBCISS - Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de
Serviços Sociais, abrindo-se uma série de importantes seminários a cerca da
temática mobilizando associações profissionais, sindicatos etc. E depois se
articulando com a ABESS (Associação Brasileira de Assistentes Sociais).
A partir dessa tomada de consciência da categoria profissional, os
profissionais trilharam um novo caminho buscando uma maior aproximação das
classes sociais populares.
“Somente conhecendo a sua realidade de classe, as reivindicações
coletivas de seus membros, as dificuldades materiais na produção da existência, é
que se poderia reverter o quadrode uma pratica impositiva, coercitiva e controlista.”
(MARTINELLI, 2000; pág 147).
4. Serviço Social e produção do conhecimento
A produção de conhecimento buscava compreender as expressões da
questão social no plano local possibilitando aos profissionais uma intervenção critica
e criativa de qualidade que permitisse aos assistentes sociais dar uma resposta à
situação vivida de forma coletiva. Iniciava o Movimento de Reconceituação do
Serviço Social.
Foi com criação dos primeiros cursos de pós-graduaçãoem Serviço Social
em 1970 que se deu o amadurecimento profissional em relação a produção
cientifica. Conforme Sposati:
“A produção de teses e dissertações exigia o componente da pesquisa
inovadora e, por consequência, exigia dos pós-graduandos o
aprofundamento teórico na metodologia cientifica, na estatística que
7. passaram a ser disciplinas dos primeiros cursos de mestrado, ainda na
década de 70 já que o nível de doutorado só é alcançado na metade da
seguinte década.” ( SPOSATI; 2007, pág. 17)
A década de 1980 marca o Serviço Social brasileiro que enfrenta
indagações acerca das politicas publicas nas áreas de seguridade social (saúde,
assistência e previdência) e trabalho, possibilitando uma maior produção de
trabalhos acadêmicos que dão destaque a esses conteúdos.
A autenticação institucional por importantes órgãos de pesquisa como a
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e o
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) do Serviço
Social como campo de pesquisa foi outro grande destaque nessa década
estimulando a produção de pesquisa baseada na extensão, no ensino e na
pesquisa.
A atitude investigativa passa a ser fundamental no fazer profissional da
serviço social envolvendo relações socioeconômicas e culturais, tornando-se o
objeto de trabalho dos assistentes sociaise possibilitando a compreensão dos
movimentos que definem seu local de atuação.
Na década de 1970, a produção de conhecimento em Serviço Social
aumenta, devido à mudança na identidade profissional tida até ali. Porém, foi nas
décadas de 1980 e 1990, com a concessão de bolsas de estudo as pesquisas que
ganharam grande destaque.
Com a outorga da constituição de 1988, as politicas públicas ganham um
importante campo de investigação que possui relevância até a década de 1990.
Com destaque também para a área jurídica, sociedade civil, processos de gestão,
etc.
Vemos também um destaque na preocupação com os usuários do
Serviço Social identificando-os como sujeitos capazes de reverter e conceber sua
própria historia desmaterializando a concepção assistencialista.
Nesse contexto, a pesquisa ganha caráter ontológico, pois reconhece a
autonomia do sujeito, entendido aqui como humano genérico.
8. E, a busca desses sujeitos não se dá de forma aleatória, é feita de forma
objetiva. Pautada no seio da historia do ser social, que exige um posicionamento do
assistente social. Assim, o sujeito é escolhido a partir do tema do projeto cientifico.
Nesse trabalho, “consideramos que a relação com o sujeito se faz através
de pesquisa de natureza quantitativa e/ou qualitativa” (BOURGUIGNON, 2005; pág
145). A análise desses dados vai permitir a intervenção do assistente social no modo
de vida do sujeito através de ações politicas.
A pesquisa no âmbito do Serviço Social busca a alteração das
expressões da questão social na realidade brasileira baseada no projeto ético-
politico profissional. E é esse projeto que impulsiona os profissionais a fazerem
pesquisa mesmo com as dificuldades alarmantes que rodeiam essa pratica.
Contemporaneamente, uma grande dificuldade encontrada no campo da
pesquisa em Serviço Social é o distanciamento entre teoria e pratica. Os
profissionais entendem que é somente na academia que se tem possibilidade de
realizar pesquisas.
Em verdade, é no espaço acadêmico que surgem os primeiros contatos
com a investigação:
“A graduação não só é espaço essencial para o desenvolvimento da atitude
investigativa, como nele o aluno tem a oportunidade de construir sínteses e
de estabelecer ricas relações entre a realidade da pratica profissional em
campos de estagio e o conhecimento acumulado pela profissão no âmbito
das Ciências Sociais e da tradição marxista.” (BOURGUIGNON, 2005;
pág131).
O problema não está na fundamentação teórica do Serviço Social, e sim
na problematização das questões que o profissional encontra em seu cotidiano
permitindo uma interdisciplinaridade substanciada pelo confronto de ideias.
Romper com a divisão pratica profissional x pesquisa é o ponto crucial de
desafio da profissão. É sabido, que a rotina trabalhista perante a nova divisão
sociotécnica dificulta esse rompimento, contudo o fazer científico é parte do trabalho
de assistentes sociais. Logo, esse rompimento só pode se dar no movimento da
realidade como afirma Bourguignon (2005).
9. 5. Práxis, pesquisae Serviço Social
O Serviço Social, por ser resultado de uma concepção positivista,
restringiu-se ao papel de executor de tarefas o que aliado à visão conservadora da
ação profissional, cria um distanciamento entre teoria e pratica.
A práxis é uma atividade politica que exige a articulação de diferentes
setores sociais na intervenção dos problemas sociais. Nesse sentido, a prática da
investigação profissional é dificultada por não conseguir agir e pensar
dialeticamente.
No eixo da Reconceituação da profissão novas correntes de pensamento
foram evidenciadas, dentre elas o Materialismo Histórico Dialético representa a
corrente que permitiu uma reaproximação teoria-pratica pela categoria.
“[...] teoria e pratica constituem [...] aspectos inseparáveis do conhecimento
e devem ser consideradas na sua unidade, levando em conta que a teoria
não só se nutre na prática social e histórica como também representa uma
forca transformadora que indica à pratica os caminhos de transformação
(Kameyama, 1995:101 apud Batinni, 2009:56).
Através do conhecimento empírico produz-se conhecimento teórico
consubstanciado em determinado tempo histórico. E, a partir das novas questões
que surgem o homem manifesta a necessidade de novas práticas.
6. Mediações e o desenvolvimento do ser
As mediações são:
“[...] expressões históricas das relações que o homem edificou com a
natureza e consequentemente das relações sociais ai decorrentes, nas
várias formações sócio-humanas que a historia registrou, sendo [...]
indicadores seguros e fecundos, do ponto de vista histórico social, porque
efetivamente constituem-se na expressão concreta de evolver no processo
de enriquecimento humano, na sua dinâmica de objetivar-se no mundo e
incorporar tais objetivações, na sua saga de buscar medições cada vez
menos “degradantes e barbarás” e cada vez mais humano-igualitárias, tanto
no plano do ser social quanto no plano da controle da natureza.” (PONTES,
1995:78 Apoud BATTINI, 2009:61).
10. A mediação é circunstancia para a existência da práxis, é através dela
que os sujeitos apreendem o movimento real no sentido de superar a logica
dialética.
Portanto, no âmbito do Serviço Social, a mediação tem função de
organizar os meios de intervenção do assistente social com os usuários desprovidos
de seus direitos, buscando reverter esse quadro.
“Passar do aparente para o essencial, desmascarando as formas
fetichizadas de relações sociais, é função da mediação [...]” (OLIVEIRA, 1983:83
Apoud BATTINI, 2009:63).
A mediação compõe um modo de ser social e existe independente do
entendimento da razão humana.
A reconstrução das categorias somada à continuidade das mediações
permite o conhecimento das estruturas internas e superficiais da realidade histórico-
ontológica. Logo, “o trabalho do pesquisador é desvendar a realidade primeira com a
qual se defronta na reflexão, descobrindo suas determinações, suas
particularidades, seus atributos: reconstruindo a realidade observada.” (BATTINI,
2009:67).
Se nega o caráter imutável da realidade, permitindo descobertas através
de determinadas perspectivas históricas do objeto, na chamada dialética do
universal que compõe a categoria da totalidade concreta, rompendo com os dogmas
institucionais.
Compreender plenamente essa dialética implica internalizar a pratica
institucional percebendo os problemas sociais multifacetados que necessitam de
intervenção mediatizada.
7. Conclusão
Através do exposto percebe-se uma constante busca dos profissionais
doserviço social pelo aperfeiçoamento da profissão.
11. A histórica relação entre Serviço Social e caridade perpetuada pela
burguesia e Igreja Católica permitiu uma pratica alienada onde os assistentes sociais
buscavam intervir numa realidade imediatista.
E numa tomada de consciência profissional esse quadro muda
gradativamente a partir do fim da década de 1960 com os profissionais rompendo
com o conservadorismo imposto até então ao seu fazer profissional.
Essa perspectiva de ruptura levou os assistentes sociais a uma
incessante contestação sobre a realidade em que estavam inseridos possibilitando
que estes buscassem alternativas como modo de entender seu cenário de atuação.
Com a implantação dos primeiros cursos de pós-graduação na área
percebe-se uma expansão da pesquisa no Serviço Social. Contudo, mesmo com
uma ampliação do fazer científico, a produção de pesquisas no Serviço Social ainda
encontra inúmeras dificuldades.
Fora do âmbito acadêmico os profissionais encontram inúmeros entraves
para essa produção mesmo esta sendo imprescindível para uma intervenção de
qualidade do assistente social.
Assim percebe-se que a busca por possibilidades de reversão desses
desafios constituem o objeto de pesquisas atuais objetivando uma melhoria da
chamada “questão social”, permitindo aos usuários usufruir plenamente de seus
direitos.
12. ReferenciasBibliograficos
Barroco, Maria Lucia Silva. Ética e Serviço Social: fundamentos ontológicos, 7 ed.
São Paulo, Cortez, 2008
Baptista, M. V e Battini, O. A prática profissional do assistente social: teoria, ação,
construção do conhecimento. Volume 1. São Paulo, Veras Editora, 2009
Bourdieu, Pierre. O poder simbólico/ Pierre Bourdieu; tradução Fernando Tomaz
(português de Portugal) 2 ed. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1998.
Bourguignon, Jussara Ayres. A particularidade histórica da pesquisa no Serviço
Social.
Carvalho, Alba Maria Pinho. “Tú me ensinas a fazer renda que eu te ensino a
namorar”: Tecendo rendas na descoberta do mundo cada dia – Reflexões sobre o
oficio da pesquisa. 2004
Carvalho, Alba Maria Pinho. O exercício do oficio da pesquisa e o desafio da
construção metodológica. In Cultura: Metodologias e Investigação, 1 ed. 2009
MARTINELLI, M. Lúcia. Serviço Social: Rompendo com a alienação. In Serviço
Social: Identidade e Alienação. São Paulo: Cortez, 2000.
Sposati, Aldaíza. Pesquisa e produção de conhecimento no campo do Serviço
Social. In Revista Katalysis, volume 10. UFSC, Florianópolis, 2007.
Aprender para pesquisar; pesquisar para apreender: desafios e possibilidades à
realização da pesquisa na atuação profissional do assistente social. UFMA, 2012.
http://webensino.unicamp.br/disciplinas/velhos/16638::apoio::7::ciencia-senso_comum.htm acesso
em 23/05/2013