A Primeira Guerra Mundial começou em 1914 após o assassinato do arquiduque da Áustria-Hungria por nacionalistas sérvios, levando à intervenção da Alemanha e seus aliados contra a Sérvia e depois contra a Rússia, França e Reino Unido. A guerra se estendeu por 4 anos em trincheiras mortíferas com novas tecnologias destrutivas até a derrota da Alemanha em 1918, mas suas consequências incluíram o surgimento de regimes totalitários na Alemanha e Itália
2. Preludio da Guerra
• Entre os anos de 1870 e 1914, o mundo vivia a euforia da chamada
Belle Époque (Bela Época). Do ponto de vista da burguesia dos
grandes países industrializados, o planeta experimentava um tempo
de progresso econômico e tecnológico. Confiantes de que a civilização
atingira o ápice de suas potencialidades, os países ricos viviam a
simples expectativa de disseminar seus paradigmas às nações menos
desenvolvidas. Entretanto, todo esse otimismo encobria um sério
conjunto de tensões.
3. • Com o passar do tempo, a relação entre os maiores países
industrializados se transformou em uma relação marcada pelo signo
da disputa e da tensão. Nações como Itália, Alemanha e Japão,
promoveram a modernização de suas economias. Com isso, a
concorrência pelos territórios imperialistas acabava se acirrando a
cada dia. Orientados pela lógica do lucro capitalista, as potências
industriais disputavam cada palmo das matérias-primas e dos
mercados consumidores mundiais.
4. • Um dos primeiros sinais dessa vindoura crise se deu por meio de uma
intensa corrida armamentista. Preocupados em manter e conquistar
territórios, os países europeus investiam em uma pesada tecnologia
de guerra e empreendia meios para engrossar as fileiras de seus
exércitos. Nesse último aspecto, vale lembrar que a ideologia
nacionalista alimentava um sentimento utópico de superioridade que
abalava o bom entendimento entre as nações.
5. • Outra importante experiência ligada a esse clima de rivalidade pôde
ser observada com o desenvolvimento da chamada “política de
alianças”. Através da assinatura de acordos político-militares, os
países europeus se dividiram nos futuros blocos políticos que
conduziriam a Primeira Guerra Mundial. Por fim, o Velho Mundo
estava dividido entre a Tríplice Aliança – formada por Alemanha,
Império Austro-Húngaro e Itália – e a Tríplice Entente – composta por
Rússia, França e Inglaterra
6. O Estopim para a guerra
• Mediante esse contexto, tínhamos formado o terrível “barril de
pólvora” que explodiria com o início da guerra em 1914. Utilizando da
disputa política pela região dos Bálcãs, a Europa detonou um conflito
que inaugurava o temível poder de metralhadoras, submarinos,
tanques, aviões e gases venenosos. Ao longo de quatro anos, a
destruição e morte de milhares impuseram a revisão do antigo
paradigma que lançava o mundo europeu como um modelo a ser
seguido.
• Em 28 de junho de 1914, Gavrilo Princip, um estudante sérvio-bósnio
e membro da Jovem Bósnia, assassinou o herdeiro do trono austro-húngaro,
o arquiduque Francisco Fernando da Áustria, em Sarajevo,
na Bósnia.
7. • A Sérvia sentia-se pelo menos parcialmente protegida pela sua
aliança com o Império Russo, com o qual partilhava laços religiosos,
dado os dois países serem maioritariamente ortodoxos.
• Esta relação com a Rússia, levou a Austro-Hungria a contactar a
Alemanha, para saber se poderia contar com o apoio do Império
Alemão para dissuadir a Russia de intervir.
8. • Pressionado por causa de um suposto ataque sérvio e convencido de que
tinha o apoio do Kaiser alemão, o velho imperador Habsburgo, Franzis
Josef I assina a declaração de guerra do império Austro-Hungaro à Sérvia
em 28 de Julho de 1914.
• É no entanto frisar que ainda que a guerra tivesse sido declarada, até ali
tratava-se de um conflito regional, entre dois países da Europa central.
• No entanto, e sem qualquer declaração de guerra adicional, a Rússia
decretou de imediato a mobilização geral das suas tropas em preparação
para um eventual conflito, dando a entender que apoiaria a Sérvia, seu
tradicional aliado
9. • De seguida, funcionou o acordo entre as potências da «Triple Entente» (Rússia, França e Grã
Bretanha). Exactamente no dia em que a Alemanha declarava guerra à Rússia, a França decretava
a mobilização geral e solicitava à Grã-bretanha que fizesse o mesmo.
• Inicialmente os britânicos não aceitaram a sugestão e mostraram-se relutantes (ainda que a Royal
Navy tivesse decretado mobilização parcial em 29 de Julho), mas a guerra tornava-se já inevitável.
• A 2 de Agosto a Alemanha envia um ultimatum à Bélgica e exige direito de passagem para as suas
forças através daquele país. A recusa belga leva à declaração de guerra. Em 3 de Agosto a
Alemanha declara guerra à França e no dia seguinte a França declara guerra à Alemanha.
• A Inglaterra envia um ultimatum à Alemanha exigindo que os alemães retiram da Bélgica. Perante
a recusa, a 5 de Agosto é a vez da Grã Bretanha declarar guerra à Alemanha, enquanto que o
pequeno Montenegro, aliado da Sérvia, declara guerra à Áustria.
10. • Mais tarde os desenvolvimentos do conflito levariam a que em 30 de
Outubro a Turquia entrasse na guerra ao lado da Alemanha.
• Em 1915, a Itália entra no conflito ao lado dos aliados a 25 de Maio
enquanto que a Bulgária entra na guerra ao lado da Turquia a 5 de
Outubro.
• Em 1916 a 9 de Março, a Alemanha e o Império Austro-Hungaro declaram
guerra a Portugal e a Roménia entra na guerra ao lado dos aliados em 28
de Agosto.
• À guerra na Europa escapam apenas a Noruega a Suécia, a Dinamarca, a
Holanda, a Suiça, a Espanha e a Albânia.
11. • Após invadir o território belga, o exército alemão logo encontrou
resistência na fortificada cidade de Liège. Apesar do exército ter
continuado a rápida marcha rumo à França, a invasão germânica
tinha provocado a decisão britânica de intervir em ajuda a Tríplice
Entente. Como signatário do Tratado de Londres, o Império Britânico
estava comprometido a preservar a soberania belga. Para a Grã-
Bretanha os portos de Antuérpia e Oostende eram importantes
demais para cair nas mãos de uma potência continental hostil ao
país.25 Para tanto, enviou um exército para a Bélgica, atrasando o
avanço alemão.
12. • Inicialmente os mesmos tiveram uma grande vitória na Batalha das
Fronteiras (14 de agosto a 24 de agosto de 1914). A Rússia, porém, atacou
a Prússia Oriental, o que obrigou o deslocamento das tropas alemãs que
estavam planejadas para ir a Frente Ocidental. A Alemanha derrotou a
Rússia em uma série de confrontos chamados da Segunda Batalha de
Tannenberg (17 de agosto a 2 de setembro de 1914). O deslocamento
imprevisto para combater os russos, porém, acabou permitindo uma
contra-ofensiva em conjunto das forças francesas e inglesas, que
conseguiram parar os alemães em seu caminho para Paris, na Primeira
Batalha do Marne (Setembro de 1914), forçando o exército alemão a lutar
em duas frentes. O mesmo se postou numa posição defensiva dentro da
França e conseguiu incapacitar permanentemente 230.000 franceses e
britânicos.
13. • Os avanços na tecnologia militar significaram na prática um poder de fogo defensivo mais poderoso que as
capacidades ofensivas, tornando a guerra extremamente mortífera. O arame farpado era um constante
obstáculo para os avanços da infantaria; a artilharia, muito mais letal que no século XIX, armada com
poderosas metralhadoras. Os alemães começaram a usar gás cloro em 1915, no que foi a primeira utilização
de armas químicas26 , e logo depois ambos os lados usavam da mesma estratégia. Nenhum dos lados
ganhou a guerra pelo uso de tal artifício, mas eles tornaram a vida nas trincheiras ainda mais miserável
tornando-se um dos mais temidos e lembrados horrores de guerra.
• Numa nota curiosa, temos que no início da guerra, chegando a primeira época natalícia, se encontram
relatos de os soldados de ambos os lados cessarem as hostilidades e mesmo saírem das trincheiras e
cumprimentarem-se (trégua de Natal). Isto ocorreu sem o consentimento do comando, no entanto, foi um
evento único. Não se repetiu posteriormente por diversas razões: o número demasiado elevado de baixas
aumentou os sentimentos de ódio dos soldados e o comando, dados os acontecimentos do primeiro ano,
tentou usar esta altura para fazer propaganda, o que levou os soldados a desconfiar ainda mais uns dos
outros.
• A alimentação era sobretudo à base de carne, vegetais enlatados e biscoitos, sendo os alimentos frescos
uma raridade.
14. • A partir de 1917, a situação começou a alterar-se, quer com a entrada em
cena de novos meios, como o carro de combate e a aviação militar, quer
com a chegada ao teatro de operações europeu das forças estadunidenses
ou a substituição de comandantes por outros com nova visão da guerra e
das tácticas e estratégias mais adequadas; lançam-se, de um lado e de
outro, grandes ofensivas, que causam profundas alterações no desenho da
frente, acabando por colocar as tropas alemãs na defensiva e levando por
fim à sua derrota. É verdade que a Alemanha adquire ainda algum fôlego
quando a revolução estala no Império Russo e o governo bolchevista,
chefiado por Lênin, prontamente assina a paz sem condições, (Tratado de
Brest-Litovski) assim anulando a frente leste, mas essa circunstância não
será suficiente para evitar a derrota. O armistício que pôs fim à guerra foi
assinado a 11 de novembro de 1918.
15. Consequências
• Mesmo posando ao lado dos vencedores, a Itália saiu frustrada do
conflito ao não receber os ganhos materiais que esperava. Na
Alemanha, onde as mais pesadas sanções do Tratado de Versalhes
foram instituídas, a economia viveu em franca decadência e os índices
inflacionários alcançaram valores exorbitantes. Esse contexto de
declínio e degradação acabou criando chances para que Itália e
Alemanha fossem dominadas por regimes marcados pelo
nacionalismo extremo e a franca expansão militar.
16. • A Sociedade das Nações, órgão internacional incumbido de manter a
paz, não conseguiu cumprir seu papel. O Japão impôs um projeto
expansionista que culminou com a ocupação da Manchúria. Os
alemães passaram a descumprir paulatinamente as exigências
impostas pelos Tratados de Versalhes e realizaram a ocupação da
região da Renânia. Enquanto isso, os italianos aproveitaram da nova
situação para realizar a invasão à Etiópia.
17. • O equilíbrio almejado pelos países também foi impedido pela crise
econômica que devastou o sistema capitalista no ano de 1929. Sem
condições de impor seus interesses contra os alemães e italianos, as
grandes nações europeias passaram a ceder espaço aos interesses
dos governos totalitários. Aproveitando dessa situação, os regimes de
Hitler e Mussolini incentivaram a expansão de uma indústria bélica
que utilizou a Guerra Civil Espanhola como “palco de ensaios” para
um novo conflito mundial.
18. • Fortalecidas nessa nova conjuntura política, Itália, Alemanha e Japão
começaram a engendrar os primeiros passos de uma guerra ainda
mais sangrenta e devastadora. A tão sonhada paz escoava pelo ralo
das contradições de uma guerra sustentada pelas contradições
impostas pelo capitalismo concorrencial. Por fim, o ano de 1939 seria
o estopim de antigas disputas que não conseguiram ser superadas
com o trágico saldo da Primeira Guerra.