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In: Reunião da Rede de Popularização da Ciência e Tecnologia
 da América Latina e Caribe, Congresso Latino-Americano, VI,
 Rio de Janeiro, 12/17-06-1999, Anais, 10 páginas (CD-ROM).

            Ciência e Sociedade; a Divulgação Científica por meio de
                                       Ciclos de Debates


                                     Alexandre de Gusmão Pedrini
               UERJ/Instituto de Biologia/Departamento de Biologia Vegetal (DBV).
         Rua São Francisco Xavier, nº 524, PHLC, Sala 224, CEP 20550-013, RJ , Brasil; pedrini@uerj.br


                                              RESUMO

  A Divulgação Científica tem sido praticada, em geral, indiretamente pela mídia e por parte
dos cientistas pela veiculação de informação por revistas gerenciadas pela própria
comunidade científica. Este trabalho relata uma experiência de contato direto entre
cientistas e cidadãos leigos. Atendendo provocação emenada de membros de associações
de moradores da Baixada de Jacarepaguá de que a informação científica e sua
aplicabilidade são desconhecidas foi promovido um evento. Denominou-se “II Ciclo de
Conferências e Debates sobre a Baixada de Jacarepaguá : Ecologia, Manejo e Política
Ambiental”. À exemplo do I Ciclo foi organizado em parceria com associações de
moradores locais, órgãos públicos e a iniciativa privada. Foi realizado de 16-20 de
setembro de 1991, das 18-22:00 h, no Marina Barra Clube. Participaram 34 cientistas,
apresentando 20 resumos de suas atividades, referentes às 21 conferências,
representando os principais atores públicos atuantes na área : a) universidades (UERJ,
UFRJ e USU); b) órgãos ambientais estaduais ( FEEMA, SERLA) c) órgãos municipais
(Fundação Parques e Jardins, RIO-ZOO e Superintendência de Meio Ambiente da
Prefeitura); d) Câmara Municipal. Dos que participaram, se inscreveram, 73 cidadãos. A
maioria absoluta era da Baixada de Jacarepaguá (61%). A > era de profissionais de nível
superior (51%), essencialmente professores. Foram publicados anais, contendo o relato do
evento e os resumos das conferências em linguagem decodificada. E assim a UERJ, pelo
DBAV, cumpriu o contrato social da ciência.

¹ Doutorando em Ciência da Informação (IBICT/UFRJ, Pedrini@omega.lncc.br); USU; CNEN.

Unitermos : Ciência, Divulgação Científica, Participação Comunitária, Jacarepaguá,
            lagunas.

                                                RESUMÉ
                  Science et société : la diffusion de la science par des debats.


          La diffsion de la science est faite. en générale, indirectement par les medias et par
 les chercheurs grâce aux revues scientifiques. Ce travail décrit de rapport entre les
 scientifiques et les citoyans. À partir d’une demande d’éclaircissement sur l’aplication de
la science par les membres des associations d’habitants de “Baixada de Jacarepagua”,il a
été organisé le “IIéme Cycle de Conférences et Debats sur la “Baixada de Jacarepaguá :
Écologie, Gestion et Politique de lénvironnement”. Tout comme le I er Cycle, il y a été
réalisé par des associations d’habitants, par des institutions publiques et privées. Il a eu
lieu du 16 au 20 septembre 1991, de 18 à 22 h, au “Marina Barra Clube”(quartier de Barra
da Tijuca, Rio de Janeiro). 34 chercheurs ont participé à 21 conferénces, comme
representants des universités, des institutions environnementales de l’état et municipales
et du Conseil Municipal. Il y a eu 73 personnes inscrites, dont la majorité de “Baicada de
Jacarepaguá”(61%). Parmi eux 51% des professionels de nivaeau superieur, surtout des
professeurs. Un resumé des conferénces a été publié en langage simplifiée. Ainsi,
l’Université de l’État de Rio de Janeiro par le Département de Biologie Animal e Végétal a
accompli le contrar social de la science.

Mots-clefs : Science, Vulgarization Scientifique, Botanique, Algues Marines, Rio de
                Janeiro


     I. Introdução


     O discurso científico contemporâneo, certamente emanado do metafórico contrato
social da ciência, estabelecido no alvorescer do fim da II Guerra Mundial promete a
solução dos problemas e a produção de bens, produtos e serviços para a sociedade,
segundo GUSTON & KENINSTON (1994), mediante a produção de informação. A
Ciência da Informação vem tratatando desta questão. O pesquisador ao produzir dados
que alterem o aparelho cognitivo humano, segundo BELKIN & ROBERTSON (1976)
geram informação. Escoando esta informação prioritariamente por artigos de periódicos
científicos internacionais o cientista julga cumprido seu papel, desinteressado em saber
se    ela   é passível de se transformar em conhecimento e daí           gerar bem estar à
sociedade. Para tal, a informação teria que, segundo BARRETO (1994) alterar o
mapeamento cognitivo de uma pessoa após disseminada e modificar a realidade
selecionada como alvo de sua intenção. E na medida em que a informação é produzida
em tempo linear e         sua assimilação em tempo circular, segundo BARRETO (1994)
haverá      sempre   um    excesso   de   estoque   informacional   de   alto   custo social.
Assim, como se não bastassem a produção de informação desvinculada de demandas
sociais e o permanente excesso de informação não aproveitada não há incentivo pela
geração de mecanismos de transferência da informação técnico-científica disponível. A
despeito da ausência de políticas públicas em Ciência e Tecnologia, no Brasil,
abrangendo a explicitação de mecanismos de difusão do conhecimento                 científico
adequados às demandas sociais, pesquisadores partem para este desafio. Adota-se


2
neste trabalho os conceitos de BUENO (1985) em que : difusão é todo o processo ou
recurso usado para veicular informação. Divulgação Científica (DC) a difusão de
informação à público não especialista, pressupondo uma decodificação da linguagem
científica para a audiência pretendida.
  Mormente os pesquisadores brasileiros se utilizam de periódicos de divulgação
científica como a revista Ciência Hoje para um público desconhecido, supostamente
capaz de apropriar o saber veiculado (cf. PEDRINI, DE PAULA & CASSANO, 1999). Mas
desconhece-se ações dirigidas a um público alvo específico, respeitando modelos
próprios de circulação de informação. BARRETO (1991) estudou a cidade do Rio de
Janeiro quanto à circulação de informação nos seus limites espaciais. Afirmou que: a)
toda a cidade é formada por um conjunto de núcleos diferenciados social, econômica e
culturalmente, onde a informação é aceita se observadas seus condicionantes
específicos, segundo seus hábitos e costumes coletivos e respeitando um ritual de
vizinhança típico a cada uma e b) a geração e a transferência de informação, quando
baseada em critérios de racionalidade técnica, competitividade e produtividades
quantitativas não modificam pelo desenvolvimento, as realidades onde atuam. Estas duas
asserções nos permitem inferir que a apropriação da informação, terá que ser transferida
para apropriação por parte do povo leigo, segundo         especificidades   contextuais.
Portanto, uma postura pós-moderna de circulação de informação (cf. LYOTARD, 1992)
deve ser empreendida, buscando eficácia       de difusão e divulgação do saber. Pela
divulgação científica ela também deveria respeitar contextos setorizados em oposição às
metanarrativas massificantes.
  Por outro lado, a Baixada de Jacarepaguá, vem, tendo         sua qualidade ambiental
deteriorada desde meados deste século, segundo se constata ao ler as crônicas de
MAGALHÃES CORREA (1934). Por saber que ela ainda porta componentes ecológicos
fundamentais para o equilíbrio ambiental de tôda a cidade do Rio de Janeiro, cientistas
ambientais dedicam-se até hoje à estudar a área, tentando mostrar sua importância
ecológica e cultural, desde a década de quarenta (LAMEGO, 1945).            Dezenas de
entidades públicas federais, estaduais e municipais desenvolvem atividades na área em
paralelo com entidades de pesquisa e universidades. No entanto, no começo da década
de oitenta a informação sobre a área continuava dispersa e nem a própria comunidade
científica especialista nos ecossistemas da área conhecia o que outros colegas faziam
na Baixada. Tampouco os moradores sabiam o que os cientistas faziam e como fazer
para se apropriarem da informação disponível.


                                                                                      3
No início da década de noventa, os problemas sócio-ambientais se avolumaram com a
especulação imobiliária e o problema da disposição final dos resíduos, tanto industriais
como domésticos. Os pesquisadores ampliaram suas pesquisas na área, tentanto barrar
pelos seus resultados científicos a perturbação ambiental alarmante da área. No entanto,
a interação da ciência com a sociedade era frágil, como bem atestam GUSTON &
KENINSTON (1994) para os EUA. Questionando para que serviam as pesquisas
científicas a comunidade representada pela Associação dos Moradores e Amigos da Ilha
da Jigóia e Co-Irmãs,      atuante na     Lagoa da Tijuca, Rio de Janeiro, procurou a
universidade, buscando uma forma de se apropriar das informações para benefício dos
cidadãos de baixa renda locais.
    Em 1991, então, foi realizado o II Ciclo de Conferências e Debates (CCD) sobre a
Baixada de Jacarépaguá. Este trabalho tem, portanto,            como objetivos, relatar a
metodologia e os resultados das experiências de divulgação científica, tendo por base a
interação comunitária construída com cidadãos da Baixada de Jacarépaguá.


    II. Metodologia


    Sempre interagindo com moradores, face ao seu compromisso social da ciência com a
sociedade, o    autor   vem estudando a flora das lagunas de água salobra do litoral
fluminense desde a década de oitenta. (PEDRINI & SILVEIRA, 1985; PEDRINI, MOURÃO
& FIGUEIREDO-GUERRA, 1986). Esta interação comunitária sempre foi frequente. Vale
resgatar do anonimato, como exemplo, a ministração, em 1976, de um curso dirigido ao
público leigo sobre os ecossistemas da Baixada de Jacarepaguá com a ajuda do
incansável pioneiro ambientalista Marcelo Ipanema (este jornalista já havia ganho disputa
judicial para freiar o aterro criminoso da Lagoa de Itaipú, Niterói, RJ). À convite de jovens
dirigentes da extinta Associação Ecológica da Barra da Tijuca (AEBT) e ministrado à noite
num colégio do bairro com excursões aos domingos o curso -pioneiro no estilo-, forjou
dentre   seus alunos uma concepção de ambiente construído obrigatoriamente
harmonizado com o natural. A maioria destes jovens formou posteriormente a Associação
dos Moradores e Amigos da Barra da Tijuca (AMABARRA) pioneira no movimento
ambientalista da Baixada de Jacarepaguá. Assim, o laço entre universidade e sociedade
tem sido mantido ao longo dos anos, tendo pesquisadores como o autor procurado
atender sempre os anseios de esclarecimentos dos moradores dos entornos de suas




4
área de trabalho, tanto pelos meios informais (conversas, visitas, etc)   como formais
(cursos, eventos, etc)
  Em meados da década de oitenta moradores de Jacarepaguá, sabendo que cientistas
desenvolviam trabalhos na baixada e que ela estava com sua qualidade ambiental
deteriorada, procuraram o autor. Este idealizou e promoveu em parceria com a extinta
Associação de Biologia do Estado do Rio de Janeiro (ABERJ), a Sociedade Botânica do
Brasil-Secção Rio de Janeiro (SBB-RJ) e a ex-Coordenação Municipal do Meio Ambiente
da cidade do Rio de Janeiro o: I Ciclo de Conferências e Debates sobre as Lagunas da
Baixada de Jacarepaguá : Ecologia, Manejo e Política Ambiental. Realizado, à noite, de 4
a 15 de junho de 1984 na UERJ, reuniu representantes de associações de moradores,
entidades científicas, parlamentares municipais, estaduais e federais, órgãos públicos e
universidades. Deste encontro foram publicados seus anais com as conclusões dos
debates, sugerindo o que os diferentes atores envolvidos teriam como meta realizar para
reverter o quadro caótico de desrespeito sócio-ambiental (PEDRINI & CARNEIRO, 1984).
  Face à avaliação do I Ciclo o II foi concebido (vide PEDRINI & CARNEIRO, 1991) para
ser no próprio contexto. Isto é, teria que ser realizado na Baixada de Jacarépaguá.
Destituído de verba própria o evento teria que ter seus custos compartilhados por
parceiros a serem identificados e sondados. Daí, foram contatadas várias entidades
atuantes na baixada. O presidente do Marina Barra Clube, agremiação situada numa ilha
do estuário da Lagoa da Tijuca, prontamente concordou em apoiar e sediar o evento e
também o veiculou dentre os seus cerca de 4 mil sócios. Seria fornecido microfone,
equipamento audiovisual, faixa de pano, cobertura fotográfica, estacionamento e o salão
de festas para as conferências. A professora Carmem Lucia de Oliveira Mendes da
UFRJ conseguiu a edição de prospectos, contendo as orientações para inscrição, os
objetivos e o programa do evento.
   A UERJ através da sua ex-Sub-Reitoria de Assuntos Comunitários assumiu a
divulgação interna e externa do evento, sendo que um ex-aluno de oceanografia da UERJ
e também jornalista: José Henrique Alves, na ocasião repórter do Caderno Barra da
Tijuca do Jornal O Globo foi fundamental na difusão local do evento. Através, de
entrevistas junto aos profissionais atuantes na área e que iriam participar do evento
publicou cerca de 20 matérias sobre o ambiente da baixada e estimulou o debate na
comunidade local. O evento foi documentado totalmente por video, estando duas fitas
VHS disponíveis na UERJ.




                                                                                      5
Provocados pela coordenação do evento, face à questão trazida por moradores de
baixa renda da Barra da Tijuca todos se dispuseram a participar do evento, apresentando
seus resumos e exposições orais com linguagem leiga. Como vários viriam da Ilha do
Fundão ou bairros longínquos a AMABARRA conseguiu que o Posto de Gasolina Barra
Limpa abastecesse os carros dos conferencistas. Assim, eles não teriam que pagar para
participarem. Com o fim de documentar os resultados a serem apresentados             cada
pesquisador encaminhou um resumo de suas conferências para a publicação em Anais.
Este documento foi organizado pelos coordenadores (PEDRINI & CARNEIRO, 1991) e
digitado pela Fundação Jardim Zoológico do Rio de Janeiro, graças ao empenho do
biólogo Carlos Esberard. Sua impressão só foi possível graças ao empenho                 da
Subreitoria de Pós-Graduação e Pesquisa e a Gráfica da UERJ.
     Tencionando-se que se intensificassem os contatos entre moradores e profissionais
foi solicitado que fossem acrescentados os telefones profissionais, e para quem quisesse
os    pessoais.    Assim,   caso   moradores    necessitassem   fazer   contatos   com   os
pesquisadores sobre assunto de interesse mútuo o contato fosse mais direto. Os
resumos foram em língua nativa leiga, mas sem perder suas promessas de verdade.
     Comunicado o evento pela imprensa jornalística a data foi transferida duas vezes,
visando adequar-se à disponibilidade da comunidade local. Colaboraram ainda o Instituto
de Radioproteção e Dosimetria da CNEN na pessoa do físico Laércio Vinhas, então seu
diretor e morador da região, Marly Cruz Veiga , então diretora do Instituto de Biologia da
UERJ, Leonardo Alves Carneiro e Teresa Pedrini, dentre várias outras pessoas não
nominadas aqui.
     O evento foi realizado de 16 a 20 de setembro de 1991, das 18:00 às 22:00 horas, no
Marina Barra Clube, sendo que o autor          pernoitou em um motel da Barra da Tijuca
durante todo o evento, também com preço subsidiado. Ao final, os certificados foram
concedidos pelo Centro de Estudos do Instituto de Biologia (CEBIO).


     III. Resultados
     O evento transcorreu sem nenhum problema, sendo seus resultados abaixo
discriminados.


     1.O evento.




6
O programa foi estruturado em cinco mesas-redondas, abordando o seguinte : a)
fauna e floras lagunares; b) a qualidade das águas; c) manejo, política e educação
ambientais. Foram convidados mediadores para conduzirem cada mesa que abrangia
de 3 a 5 conferências. Os temas das conferências foram : a) poluição por metais
pesados; b) taxonomia e cologia de algas bentônicas; c) o papel do perifiton; d)
zooplancton, peixes e zoobentos lagunares; e)       mamíferos e aves da baixada; f)
indicadores de poluição fecal nas lagunas; g) uso de técnicas nucleares na avaliação da
poluição aquática; h) eutrofização e nutrientes nas águas lagunares; i) unidades de
conservação ambiental na baixada’; j) ações da Superintendência Estadual de Rios e
Lagoas (SERLA); k) atividades de ONG’s; e l) política e educação ambientais.


   2. Os conferencistas


   Participaram 34 autores nos 20 resumos       referentes às 21 conferências, faltando
apenas a contribuição da Administradora Regional da Barra da Tijuca da ocasião.
   Representaram os principais atores envolvidos na questão ambiental local como:
universidades (UERJ, UFRJ e USU), órgãos públicos federais (Comissão Nacional de
Energia Nuclear), estaduais (SERLA, FEEMA) e         municipais (Parques e Jardins e
RIOZOO), Câmara Municipal e Superintendência de Meio Ambiente da cidade do Rio de
Janeiro.


   3. Os Assistentes


   Se inscreveram 73 pessoas, sendo ca. de 36% moradoras nas ilhas da Lagoa da
Tijuca, a maioria absoluta da Ilha da Gigóia.    Cerca de 25%     eram domiciliados no
continente, essencialmente Barra da Tijuca e Jacarépaguá e portanto a maioria absoluta
(61%) da Baixada de Jacarépaguá. Os restantes 39% eram de vários bairros da cidade e
até de municípios vizinhos como São João de Meriti, Duque de Caxias e Niterói. Cerca de
58% eram homens e 42% mulheres. Quanto à profissão a maioria absoluta era de
profissionais   de nível superior (51%), seguidos de estudantes universitários (25%) e
profissionais de 1 e 2 graus (24%). Os profissionais de nível superior, a maioria era de
professores (32%), seguidos de biólogos (21%), empresários (14%), engenheiros (12%) ,
arquitetos (9%), advogados (2%), Economistas (2%) . Várias pessoas participaram, mas
não se escreveram.


                                                                                      7
3. Desdobramentos


    Cerca de um ano após PEDRINI, SILVA & PINTO (1992) procederam à uma avaliação
do impacto do evento.     A maioria dos respondentes considerou eficiente a atividade,
tendo ela atingido seus objetivos. Baseados nesta avaliação propuseram a realização do
III Ciclo, pressupondo-o como atividade mobilizadora de partida para um amplo Programa
de Educação Ambiental (EA) Baixada de Jacarepaguá. Assim, seria associada uma ação
de DC (pontual) e outra de EA (permanente).


    IV.   Conclusões


    De uma maneira geral este tipo de evento apesar da complexidade para sua
operacionalização pode surtir efeito. Parcerias múltiplas exigem um trabalho de
coordenação muito atento e desgastante, mas os resultados foram animadores. A UERJ
representada por seus professores foi capaz de interagir, conceber, realizar e documentar
um evento de divulgação científica dirigido para o público leigo. A competência de
identificação, aglutinação e gestão de variados atores envolvidos na questão ambiental
local é possível de ser construída e posta à disposição do público leigo para diálogo e
debate, mesmo sem capacitação prévia.
    O uso da imprensa localizada anterior ao evento parece ter sido a responsável pela
participação do público, além de complementar a tarefa de divulgação.Conseguiu-se a
participação de moradores do local cujos assuntos estavam sendo discutidos e parte dos
domiciliados são de bairros longínquos, mostrando que o evento despertou interesse,
mesmo à noite, para pessoas de lugares distantes. A maioria dos participantes foram
de professores e profissionais de pesquisa como os biólogos, mostrando que a população
que acorreu ao evento foi composta de pessoas esclarecidas que poderiam reelaborar e
redistribuir as informações recebidas.
    Concluindo, este tipo de evento é possível de ser concebido e operacionalizado sem
verbas específicas, desde que a coordenação seja competente em articular-se com vários
parceiros, estando intimamente motivada em cumprir o contrato social da ciência. A
divulgação científica pelo debate é enriquecedora, tanto para os cientistas como para a
comunidade atingida que pode dialogar frente à frente com profissionais especializados
no ambiente à qual esta população dependa e nela sobreviva.


8
V. Referências Bibliográficas

BARRETO, A. A. A Informação e o Cotidiano; a informação e a comunicação em
  comunidades urbanas diferenciadas na cidade do Rio de Janeiro. UFRJ/ECO-
  IBICT- DEP, Rio de Janeiro, 1991, 87 p.

BARRETO, A. A. A Questão da Informação. Perspectiva, São Paulo, v.8, n. 4, p. 3-8,
  1994.

BELKIN, N. J. & ROBERTSON, S. E. Information Science and the phenomenon of
  information. JASIS, v. 27, n. 4, p. 197-204, 1976.

BUENO, W. da C. Jornalismo Científico : conceito e função. Ciência e Cultura, v. 37, n.
  9, p.1420-1427, 1985.

GUSTON, G. & KENINSTON, K. The Fragile Contract : Introduction. In : GUSTON,
  G. & KENINSTON, K. The Fragile Contract. Massachussets, MIT Press, p. 7-25,
  1994.

LAMEGO, A. R. Ciclo evolutivo das lagunas fluminenses. Boletim do Departamento
   Nacional da Produção Mineral , Rio de Janeiro, n. 118, p. 1-58, 1945.

LYOTARD, J. F. Answering the question : what is postmodernism ? In : JENCKS, C.
  (Ed.) The Post-Modern Reader. London, Academy Editions, 1992, p. 138-157.

MAGALHÃES CORREA. O Sertão Carioca. Rio de Janeiro, 1934, s. e.

PEDRINI, A. de G. & CARNEIRO, L. A. : I Ciclo de Conferências e Debates sobre as
   Lagunas da Baixada de Jacarepaguá : Ecologia, Manejo e Política Ambiental. Rio de
  Janeiro, 4 a 15 de junho de 1984, Anais, 25 p.

PEDRINI, A. de G. & CARNEIRO, L. A. : II Ciclo de Conferências e Debates sobre as
   Lagunas da Baixada de Jacarepaguá : Ecologia, Manejo e Política Ambiental. Rio de
  Janeiro, 16 a 20 de junho de 1991, Anais, 27 p.

PEDRINI, A. de G., SILVA, J. F. & PINTO, L. C. C. Uma proposta de socialização do
   conhecimento científico. Trabalho final, disciplina Informação e Socialização do
  Conhecimento, Mestrado em Ciência da Informação, ECO/UFRJ-DEP/UFRJ, 1992,
  85 p.

PEDRINI, A. de G. & SILVEIRA, I. C. A. Composição Taxonômica e estimativa da
  biomassa das macroalgas epífitas em Ruppia maritima L. na Lagoa de Marapendi,
 Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Atas da Sociedade Botânica do Brasil-Secção Rio de
 Janeiro, v. 3, n.6, p. 45-60, 1985.

PEDRINI, A. de G., DE PAULA, J. C. & CASSANO, V. Ciência e Sociedade; A Divulgação
  Científica por meio de Oficinas de Simulação. Reunião da Rede de Popularização da
  Ciência e Tecnologia da América Latina e Caribe, Congresso Latino- Americano, VI, Rio


                                                                                          9
de Janeiro, 12/17-06-1999, Anais, 10 páginas (CD-ROM).

PEDRINI, A. de G., MOURÃO, C. de D. & FIGUEIREDO-GUERRA, M. A. Benthic Algae
  of Tijuca’s Lagoon, Brazil : Seasonal and Spatial Aspects. XII International Seaweed
 Symposium, São Paulo, Abstracts, p. 1986.




 .




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  • 1. In: Reunião da Rede de Popularização da Ciência e Tecnologia da América Latina e Caribe, Congresso Latino-Americano, VI, Rio de Janeiro, 12/17-06-1999, Anais, 10 páginas (CD-ROM). Ciência e Sociedade; a Divulgação Científica por meio de Ciclos de Debates Alexandre de Gusmão Pedrini UERJ/Instituto de Biologia/Departamento de Biologia Vegetal (DBV). Rua São Francisco Xavier, nº 524, PHLC, Sala 224, CEP 20550-013, RJ , Brasil; pedrini@uerj.br RESUMO A Divulgação Científica tem sido praticada, em geral, indiretamente pela mídia e por parte dos cientistas pela veiculação de informação por revistas gerenciadas pela própria comunidade científica. Este trabalho relata uma experiência de contato direto entre cientistas e cidadãos leigos. Atendendo provocação emenada de membros de associações de moradores da Baixada de Jacarepaguá de que a informação científica e sua aplicabilidade são desconhecidas foi promovido um evento. Denominou-se “II Ciclo de Conferências e Debates sobre a Baixada de Jacarepaguá : Ecologia, Manejo e Política Ambiental”. À exemplo do I Ciclo foi organizado em parceria com associações de moradores locais, órgãos públicos e a iniciativa privada. Foi realizado de 16-20 de setembro de 1991, das 18-22:00 h, no Marina Barra Clube. Participaram 34 cientistas, apresentando 20 resumos de suas atividades, referentes às 21 conferências, representando os principais atores públicos atuantes na área : a) universidades (UERJ, UFRJ e USU); b) órgãos ambientais estaduais ( FEEMA, SERLA) c) órgãos municipais (Fundação Parques e Jardins, RIO-ZOO e Superintendência de Meio Ambiente da Prefeitura); d) Câmara Municipal. Dos que participaram, se inscreveram, 73 cidadãos. A maioria absoluta era da Baixada de Jacarepaguá (61%). A > era de profissionais de nível superior (51%), essencialmente professores. Foram publicados anais, contendo o relato do evento e os resumos das conferências em linguagem decodificada. E assim a UERJ, pelo DBAV, cumpriu o contrato social da ciência. ¹ Doutorando em Ciência da Informação (IBICT/UFRJ, Pedrini@omega.lncc.br); USU; CNEN. Unitermos : Ciência, Divulgação Científica, Participação Comunitária, Jacarepaguá, lagunas. RESUMÉ Science et société : la diffusion de la science par des debats. La diffsion de la science est faite. en générale, indirectement par les medias et par les chercheurs grâce aux revues scientifiques. Ce travail décrit de rapport entre les scientifiques et les citoyans. À partir d’une demande d’éclaircissement sur l’aplication de
  • 2. la science par les membres des associations d’habitants de “Baixada de Jacarepagua”,il a été organisé le “IIéme Cycle de Conférences et Debats sur la “Baixada de Jacarepaguá : Écologie, Gestion et Politique de lénvironnement”. Tout comme le I er Cycle, il y a été réalisé par des associations d’habitants, par des institutions publiques et privées. Il a eu lieu du 16 au 20 septembre 1991, de 18 à 22 h, au “Marina Barra Clube”(quartier de Barra da Tijuca, Rio de Janeiro). 34 chercheurs ont participé à 21 conferénces, comme representants des universités, des institutions environnementales de l’état et municipales et du Conseil Municipal. Il y a eu 73 personnes inscrites, dont la majorité de “Baicada de Jacarepaguá”(61%). Parmi eux 51% des professionels de nivaeau superieur, surtout des professeurs. Un resumé des conferénces a été publié en langage simplifiée. Ainsi, l’Université de l’État de Rio de Janeiro par le Département de Biologie Animal e Végétal a accompli le contrar social de la science. Mots-clefs : Science, Vulgarization Scientifique, Botanique, Algues Marines, Rio de Janeiro I. Introdução O discurso científico contemporâneo, certamente emanado do metafórico contrato social da ciência, estabelecido no alvorescer do fim da II Guerra Mundial promete a solução dos problemas e a produção de bens, produtos e serviços para a sociedade, segundo GUSTON & KENINSTON (1994), mediante a produção de informação. A Ciência da Informação vem tratatando desta questão. O pesquisador ao produzir dados que alterem o aparelho cognitivo humano, segundo BELKIN & ROBERTSON (1976) geram informação. Escoando esta informação prioritariamente por artigos de periódicos científicos internacionais o cientista julga cumprido seu papel, desinteressado em saber se ela é passível de se transformar em conhecimento e daí gerar bem estar à sociedade. Para tal, a informação teria que, segundo BARRETO (1994) alterar o mapeamento cognitivo de uma pessoa após disseminada e modificar a realidade selecionada como alvo de sua intenção. E na medida em que a informação é produzida em tempo linear e sua assimilação em tempo circular, segundo BARRETO (1994) haverá sempre um excesso de estoque informacional de alto custo social. Assim, como se não bastassem a produção de informação desvinculada de demandas sociais e o permanente excesso de informação não aproveitada não há incentivo pela geração de mecanismos de transferência da informação técnico-científica disponível. A despeito da ausência de políticas públicas em Ciência e Tecnologia, no Brasil, abrangendo a explicitação de mecanismos de difusão do conhecimento científico adequados às demandas sociais, pesquisadores partem para este desafio. Adota-se 2
  • 3. neste trabalho os conceitos de BUENO (1985) em que : difusão é todo o processo ou recurso usado para veicular informação. Divulgação Científica (DC) a difusão de informação à público não especialista, pressupondo uma decodificação da linguagem científica para a audiência pretendida. Mormente os pesquisadores brasileiros se utilizam de periódicos de divulgação científica como a revista Ciência Hoje para um público desconhecido, supostamente capaz de apropriar o saber veiculado (cf. PEDRINI, DE PAULA & CASSANO, 1999). Mas desconhece-se ações dirigidas a um público alvo específico, respeitando modelos próprios de circulação de informação. BARRETO (1991) estudou a cidade do Rio de Janeiro quanto à circulação de informação nos seus limites espaciais. Afirmou que: a) toda a cidade é formada por um conjunto de núcleos diferenciados social, econômica e culturalmente, onde a informação é aceita se observadas seus condicionantes específicos, segundo seus hábitos e costumes coletivos e respeitando um ritual de vizinhança típico a cada uma e b) a geração e a transferência de informação, quando baseada em critérios de racionalidade técnica, competitividade e produtividades quantitativas não modificam pelo desenvolvimento, as realidades onde atuam. Estas duas asserções nos permitem inferir que a apropriação da informação, terá que ser transferida para apropriação por parte do povo leigo, segundo especificidades contextuais. Portanto, uma postura pós-moderna de circulação de informação (cf. LYOTARD, 1992) deve ser empreendida, buscando eficácia de difusão e divulgação do saber. Pela divulgação científica ela também deveria respeitar contextos setorizados em oposição às metanarrativas massificantes. Por outro lado, a Baixada de Jacarepaguá, vem, tendo sua qualidade ambiental deteriorada desde meados deste século, segundo se constata ao ler as crônicas de MAGALHÃES CORREA (1934). Por saber que ela ainda porta componentes ecológicos fundamentais para o equilíbrio ambiental de tôda a cidade do Rio de Janeiro, cientistas ambientais dedicam-se até hoje à estudar a área, tentando mostrar sua importância ecológica e cultural, desde a década de quarenta (LAMEGO, 1945). Dezenas de entidades públicas federais, estaduais e municipais desenvolvem atividades na área em paralelo com entidades de pesquisa e universidades. No entanto, no começo da década de oitenta a informação sobre a área continuava dispersa e nem a própria comunidade científica especialista nos ecossistemas da área conhecia o que outros colegas faziam na Baixada. Tampouco os moradores sabiam o que os cientistas faziam e como fazer para se apropriarem da informação disponível. 3
  • 4. No início da década de noventa, os problemas sócio-ambientais se avolumaram com a especulação imobiliária e o problema da disposição final dos resíduos, tanto industriais como domésticos. Os pesquisadores ampliaram suas pesquisas na área, tentanto barrar pelos seus resultados científicos a perturbação ambiental alarmante da área. No entanto, a interação da ciência com a sociedade era frágil, como bem atestam GUSTON & KENINSTON (1994) para os EUA. Questionando para que serviam as pesquisas científicas a comunidade representada pela Associação dos Moradores e Amigos da Ilha da Jigóia e Co-Irmãs, atuante na Lagoa da Tijuca, Rio de Janeiro, procurou a universidade, buscando uma forma de se apropriar das informações para benefício dos cidadãos de baixa renda locais. Em 1991, então, foi realizado o II Ciclo de Conferências e Debates (CCD) sobre a Baixada de Jacarépaguá. Este trabalho tem, portanto, como objetivos, relatar a metodologia e os resultados das experiências de divulgação científica, tendo por base a interação comunitária construída com cidadãos da Baixada de Jacarépaguá. II. Metodologia Sempre interagindo com moradores, face ao seu compromisso social da ciência com a sociedade, o autor vem estudando a flora das lagunas de água salobra do litoral fluminense desde a década de oitenta. (PEDRINI & SILVEIRA, 1985; PEDRINI, MOURÃO & FIGUEIREDO-GUERRA, 1986). Esta interação comunitária sempre foi frequente. Vale resgatar do anonimato, como exemplo, a ministração, em 1976, de um curso dirigido ao público leigo sobre os ecossistemas da Baixada de Jacarepaguá com a ajuda do incansável pioneiro ambientalista Marcelo Ipanema (este jornalista já havia ganho disputa judicial para freiar o aterro criminoso da Lagoa de Itaipú, Niterói, RJ). À convite de jovens dirigentes da extinta Associação Ecológica da Barra da Tijuca (AEBT) e ministrado à noite num colégio do bairro com excursões aos domingos o curso -pioneiro no estilo-, forjou dentre seus alunos uma concepção de ambiente construído obrigatoriamente harmonizado com o natural. A maioria destes jovens formou posteriormente a Associação dos Moradores e Amigos da Barra da Tijuca (AMABARRA) pioneira no movimento ambientalista da Baixada de Jacarepaguá. Assim, o laço entre universidade e sociedade tem sido mantido ao longo dos anos, tendo pesquisadores como o autor procurado atender sempre os anseios de esclarecimentos dos moradores dos entornos de suas 4
  • 5. área de trabalho, tanto pelos meios informais (conversas, visitas, etc) como formais (cursos, eventos, etc) Em meados da década de oitenta moradores de Jacarepaguá, sabendo que cientistas desenvolviam trabalhos na baixada e que ela estava com sua qualidade ambiental deteriorada, procuraram o autor. Este idealizou e promoveu em parceria com a extinta Associação de Biologia do Estado do Rio de Janeiro (ABERJ), a Sociedade Botânica do Brasil-Secção Rio de Janeiro (SBB-RJ) e a ex-Coordenação Municipal do Meio Ambiente da cidade do Rio de Janeiro o: I Ciclo de Conferências e Debates sobre as Lagunas da Baixada de Jacarepaguá : Ecologia, Manejo e Política Ambiental. Realizado, à noite, de 4 a 15 de junho de 1984 na UERJ, reuniu representantes de associações de moradores, entidades científicas, parlamentares municipais, estaduais e federais, órgãos públicos e universidades. Deste encontro foram publicados seus anais com as conclusões dos debates, sugerindo o que os diferentes atores envolvidos teriam como meta realizar para reverter o quadro caótico de desrespeito sócio-ambiental (PEDRINI & CARNEIRO, 1984). Face à avaliação do I Ciclo o II foi concebido (vide PEDRINI & CARNEIRO, 1991) para ser no próprio contexto. Isto é, teria que ser realizado na Baixada de Jacarépaguá. Destituído de verba própria o evento teria que ter seus custos compartilhados por parceiros a serem identificados e sondados. Daí, foram contatadas várias entidades atuantes na baixada. O presidente do Marina Barra Clube, agremiação situada numa ilha do estuário da Lagoa da Tijuca, prontamente concordou em apoiar e sediar o evento e também o veiculou dentre os seus cerca de 4 mil sócios. Seria fornecido microfone, equipamento audiovisual, faixa de pano, cobertura fotográfica, estacionamento e o salão de festas para as conferências. A professora Carmem Lucia de Oliveira Mendes da UFRJ conseguiu a edição de prospectos, contendo as orientações para inscrição, os objetivos e o programa do evento. A UERJ através da sua ex-Sub-Reitoria de Assuntos Comunitários assumiu a divulgação interna e externa do evento, sendo que um ex-aluno de oceanografia da UERJ e também jornalista: José Henrique Alves, na ocasião repórter do Caderno Barra da Tijuca do Jornal O Globo foi fundamental na difusão local do evento. Através, de entrevistas junto aos profissionais atuantes na área e que iriam participar do evento publicou cerca de 20 matérias sobre o ambiente da baixada e estimulou o debate na comunidade local. O evento foi documentado totalmente por video, estando duas fitas VHS disponíveis na UERJ. 5
  • 6. Provocados pela coordenação do evento, face à questão trazida por moradores de baixa renda da Barra da Tijuca todos se dispuseram a participar do evento, apresentando seus resumos e exposições orais com linguagem leiga. Como vários viriam da Ilha do Fundão ou bairros longínquos a AMABARRA conseguiu que o Posto de Gasolina Barra Limpa abastecesse os carros dos conferencistas. Assim, eles não teriam que pagar para participarem. Com o fim de documentar os resultados a serem apresentados cada pesquisador encaminhou um resumo de suas conferências para a publicação em Anais. Este documento foi organizado pelos coordenadores (PEDRINI & CARNEIRO, 1991) e digitado pela Fundação Jardim Zoológico do Rio de Janeiro, graças ao empenho do biólogo Carlos Esberard. Sua impressão só foi possível graças ao empenho da Subreitoria de Pós-Graduação e Pesquisa e a Gráfica da UERJ. Tencionando-se que se intensificassem os contatos entre moradores e profissionais foi solicitado que fossem acrescentados os telefones profissionais, e para quem quisesse os pessoais. Assim, caso moradores necessitassem fazer contatos com os pesquisadores sobre assunto de interesse mútuo o contato fosse mais direto. Os resumos foram em língua nativa leiga, mas sem perder suas promessas de verdade. Comunicado o evento pela imprensa jornalística a data foi transferida duas vezes, visando adequar-se à disponibilidade da comunidade local. Colaboraram ainda o Instituto de Radioproteção e Dosimetria da CNEN na pessoa do físico Laércio Vinhas, então seu diretor e morador da região, Marly Cruz Veiga , então diretora do Instituto de Biologia da UERJ, Leonardo Alves Carneiro e Teresa Pedrini, dentre várias outras pessoas não nominadas aqui. O evento foi realizado de 16 a 20 de setembro de 1991, das 18:00 às 22:00 horas, no Marina Barra Clube, sendo que o autor pernoitou em um motel da Barra da Tijuca durante todo o evento, também com preço subsidiado. Ao final, os certificados foram concedidos pelo Centro de Estudos do Instituto de Biologia (CEBIO). III. Resultados O evento transcorreu sem nenhum problema, sendo seus resultados abaixo discriminados. 1.O evento. 6
  • 7. O programa foi estruturado em cinco mesas-redondas, abordando o seguinte : a) fauna e floras lagunares; b) a qualidade das águas; c) manejo, política e educação ambientais. Foram convidados mediadores para conduzirem cada mesa que abrangia de 3 a 5 conferências. Os temas das conferências foram : a) poluição por metais pesados; b) taxonomia e cologia de algas bentônicas; c) o papel do perifiton; d) zooplancton, peixes e zoobentos lagunares; e) mamíferos e aves da baixada; f) indicadores de poluição fecal nas lagunas; g) uso de técnicas nucleares na avaliação da poluição aquática; h) eutrofização e nutrientes nas águas lagunares; i) unidades de conservação ambiental na baixada’; j) ações da Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (SERLA); k) atividades de ONG’s; e l) política e educação ambientais. 2. Os conferencistas Participaram 34 autores nos 20 resumos referentes às 21 conferências, faltando apenas a contribuição da Administradora Regional da Barra da Tijuca da ocasião. Representaram os principais atores envolvidos na questão ambiental local como: universidades (UERJ, UFRJ e USU), órgãos públicos federais (Comissão Nacional de Energia Nuclear), estaduais (SERLA, FEEMA) e municipais (Parques e Jardins e RIOZOO), Câmara Municipal e Superintendência de Meio Ambiente da cidade do Rio de Janeiro. 3. Os Assistentes Se inscreveram 73 pessoas, sendo ca. de 36% moradoras nas ilhas da Lagoa da Tijuca, a maioria absoluta da Ilha da Gigóia. Cerca de 25% eram domiciliados no continente, essencialmente Barra da Tijuca e Jacarépaguá e portanto a maioria absoluta (61%) da Baixada de Jacarépaguá. Os restantes 39% eram de vários bairros da cidade e até de municípios vizinhos como São João de Meriti, Duque de Caxias e Niterói. Cerca de 58% eram homens e 42% mulheres. Quanto à profissão a maioria absoluta era de profissionais de nível superior (51%), seguidos de estudantes universitários (25%) e profissionais de 1 e 2 graus (24%). Os profissionais de nível superior, a maioria era de professores (32%), seguidos de biólogos (21%), empresários (14%), engenheiros (12%) , arquitetos (9%), advogados (2%), Economistas (2%) . Várias pessoas participaram, mas não se escreveram. 7
  • 8. 3. Desdobramentos Cerca de um ano após PEDRINI, SILVA & PINTO (1992) procederam à uma avaliação do impacto do evento. A maioria dos respondentes considerou eficiente a atividade, tendo ela atingido seus objetivos. Baseados nesta avaliação propuseram a realização do III Ciclo, pressupondo-o como atividade mobilizadora de partida para um amplo Programa de Educação Ambiental (EA) Baixada de Jacarepaguá. Assim, seria associada uma ação de DC (pontual) e outra de EA (permanente). IV. Conclusões De uma maneira geral este tipo de evento apesar da complexidade para sua operacionalização pode surtir efeito. Parcerias múltiplas exigem um trabalho de coordenação muito atento e desgastante, mas os resultados foram animadores. A UERJ representada por seus professores foi capaz de interagir, conceber, realizar e documentar um evento de divulgação científica dirigido para o público leigo. A competência de identificação, aglutinação e gestão de variados atores envolvidos na questão ambiental local é possível de ser construída e posta à disposição do público leigo para diálogo e debate, mesmo sem capacitação prévia. O uso da imprensa localizada anterior ao evento parece ter sido a responsável pela participação do público, além de complementar a tarefa de divulgação.Conseguiu-se a participação de moradores do local cujos assuntos estavam sendo discutidos e parte dos domiciliados são de bairros longínquos, mostrando que o evento despertou interesse, mesmo à noite, para pessoas de lugares distantes. A maioria dos participantes foram de professores e profissionais de pesquisa como os biólogos, mostrando que a população que acorreu ao evento foi composta de pessoas esclarecidas que poderiam reelaborar e redistribuir as informações recebidas. Concluindo, este tipo de evento é possível de ser concebido e operacionalizado sem verbas específicas, desde que a coordenação seja competente em articular-se com vários parceiros, estando intimamente motivada em cumprir o contrato social da ciência. A divulgação científica pelo debate é enriquecedora, tanto para os cientistas como para a comunidade atingida que pode dialogar frente à frente com profissionais especializados no ambiente à qual esta população dependa e nela sobreviva. 8
  • 9. V. Referências Bibliográficas BARRETO, A. A. A Informação e o Cotidiano; a informação e a comunicação em comunidades urbanas diferenciadas na cidade do Rio de Janeiro. UFRJ/ECO- IBICT- DEP, Rio de Janeiro, 1991, 87 p. BARRETO, A. A. A Questão da Informação. Perspectiva, São Paulo, v.8, n. 4, p. 3-8, 1994. BELKIN, N. J. & ROBERTSON, S. E. Information Science and the phenomenon of information. JASIS, v. 27, n. 4, p. 197-204, 1976. BUENO, W. da C. Jornalismo Científico : conceito e função. Ciência e Cultura, v. 37, n. 9, p.1420-1427, 1985. GUSTON, G. & KENINSTON, K. The Fragile Contract : Introduction. In : GUSTON, G. & KENINSTON, K. The Fragile Contract. Massachussets, MIT Press, p. 7-25, 1994. LAMEGO, A. R. Ciclo evolutivo das lagunas fluminenses. Boletim do Departamento Nacional da Produção Mineral , Rio de Janeiro, n. 118, p. 1-58, 1945. LYOTARD, J. F. Answering the question : what is postmodernism ? In : JENCKS, C. (Ed.) The Post-Modern Reader. London, Academy Editions, 1992, p. 138-157. MAGALHÃES CORREA. O Sertão Carioca. Rio de Janeiro, 1934, s. e. PEDRINI, A. de G. & CARNEIRO, L. A. : I Ciclo de Conferências e Debates sobre as Lagunas da Baixada de Jacarepaguá : Ecologia, Manejo e Política Ambiental. Rio de Janeiro, 4 a 15 de junho de 1984, Anais, 25 p. PEDRINI, A. de G. & CARNEIRO, L. A. : II Ciclo de Conferências e Debates sobre as Lagunas da Baixada de Jacarepaguá : Ecologia, Manejo e Política Ambiental. Rio de Janeiro, 16 a 20 de junho de 1991, Anais, 27 p. PEDRINI, A. de G., SILVA, J. F. & PINTO, L. C. C. Uma proposta de socialização do conhecimento científico. Trabalho final, disciplina Informação e Socialização do Conhecimento, Mestrado em Ciência da Informação, ECO/UFRJ-DEP/UFRJ, 1992, 85 p. PEDRINI, A. de G. & SILVEIRA, I. C. A. Composição Taxonômica e estimativa da biomassa das macroalgas epífitas em Ruppia maritima L. na Lagoa de Marapendi, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Atas da Sociedade Botânica do Brasil-Secção Rio de Janeiro, v. 3, n.6, p. 45-60, 1985. PEDRINI, A. de G., DE PAULA, J. C. & CASSANO, V. Ciência e Sociedade; A Divulgação Científica por meio de Oficinas de Simulação. Reunião da Rede de Popularização da Ciência e Tecnologia da América Latina e Caribe, Congresso Latino- Americano, VI, Rio 9
  • 10. de Janeiro, 12/17-06-1999, Anais, 10 páginas (CD-ROM). PEDRINI, A. de G., MOURÃO, C. de D. & FIGUEIREDO-GUERRA, M. A. Benthic Algae of Tijuca’s Lagoon, Brazil : Seasonal and Spatial Aspects. XII International Seaweed Symposium, São Paulo, Abstracts, p. 1986. . 10