O documento discute os desafios na adaptação de óculos com armações curvas, como ângulos de curvatura e pantoscópico podem induzir astigmatismo e prisma. Explica que as lentes precisam ser fabricadas com prescrições diferentes da receita para compensar esses efeitos e garantir a visão correta para o usuário. Também fornece exemplos de cálculos para demonstrar como determinar a prescrição correta das lentes com base nos ângulos da armação.
8. GABARITO PARA MEDIÇÃO DO ÂNGULO DE
CURVATURA DA ARMAÇÃO
2
4
6
8
10
12
14
0
1618
2022
24
9. Figura 4 – Angulo de curvatura na armação.
Ângulo de curvatura
ÁPICE CORNEANO
MÁCULA
Figura 3 – Comparação entre alinhamentos
10. Explicação
Preocupamo-nos com o centro
óptico da lente e esquecemos o
eixo óptico, que é a reta imaginária
na qual se encontra o ponto focal e
que é perpendicular à mesma,
sendo o nosso conhecido “centro
óptico” - ponto que em uma lente
real é chamado de vértice anterior
da lente. Outro aspecto
importante são os cálculos mais
simples que consideram lentes
muito finas, mas nem sempre a
espessura pode ser desprezada.
PONTO
FOCAL
“CENTRO ÓPTICO”
Figura 1 – Eixo óptico
11. ÁPICE CORNEANO
MÁCULA
Figura 2 – Eixo visual
Numa condição normal para
adaptação de óculos o eixo óptico
da lente deve estar alinhado com o
eixo visual do olho, que é a reta
imaginária que liga a mácula
(região mais nobre da retina) com o
ápice corneano, como ilustrado na
figura 2. Quando utilizamos o
pupilômetro é justamente o ponto
que passa pelo eixo visual que
encontramos.
12. Figura 3 – Comparação entre alinhamentos
No caso de armações muito
curvadas, não é possível
obter o alinhamento.
Dependendo da armação
podemos encontrar ângulos
de até 20º entre o eixo da
lente e o eixo do olho, que
está relacionado com o que
chamamos de ângulo de
curvatura da armação. Outro
ângulo mais conhecido, o
pantoscópico, tem função de
atender à necessidade
fisiológica de alinhamentos
dos eixos.
13. A inclinação da lente produzida pelo ângulo de curvatura induz um astigmatismo com eixo
a 90º de mesmo sinal que o esférico da receita, além de aumentar a potência da dioptria
esférica, também induz a um prisma de base temporal que depende essencialmente da
espessura da lente e de sua base. Um ângulo pantoscópico mal definido induz efeitos
semelhantes, porém com um astigmatismo com eixo a 180º e prisma base inferior ou
superior.
Considerando uma armação curvada, que apresentará simultaneamente o ângulo
pantoscópico e o ângulo de curvatura, em que for aplicada uma prescrição que apresente
dioptria cilíndrica e, portanto, astigmatismo, todos estes fatores devem ser considerados
na fabricação da lente. Se a lente for fabricada conforme a prescrição, sem considerar os
ângulos envolvidos, ela aparentemente estará correta ao ser medida no Lensômetro
comum que não possui qualquer dispositivo para compensar a inclinação da lente. No
Lensômetro comum o eixo óptico da lente está alinhado com o do próprio Lensômetro.
Torna-se, então, necessário produzir uma lente com uma prescrição completamente
diferente da existente na receita, quando medida no
Lensômetro, mas que neutralizará os astigmatismos e prismas induzidos, gerando na
posição de visão do usuário a prescrição que ele necessita.
14. Exemplificando:
Cliente:
•Prescrição de -5,00 DE
•Armação com ângulo de curvatura de 30º, e, portanto 15º de inclinação para
cada olho,
•Lente em CR39,
Terá diante de seu eixo visual uma dioptria de -5,11 DE <> -0,37 DC x 90°(1),
além de um prisma de base temporal de 0,32 dioptrias prismáticas (2).
Para garantir que o paciente tivesse diante de seu eixo visual o valor
correspondente a prescrição de -5,00, a lente a ser confeccionada deveria
ter a potência de -4,56 DE<>-0,33 DC x 180º, além de se incluir um prisma de
base nasal de 0,32 dioptrias prismáticas, que seria obtido através de uma
descentração do centro óptico da lente.
15. Efeito da inclinação da lente
Dioptria da lente:
+5,00 esf
Percebido pelo usuário:
+5,11 esf +0,37 cil x
90° D
15°
Percebido pelo usuário:
0,61 prisma base temporal
18. Posição “como em uso”
Linhadevisão
Lente entrega
-4,32 esf -1,09 cil x 90° e
um prisma de
0,61 Base Temporal
Laboratório surfaçou
-4,00 esf
Borda Nasal
Ponto convencional de
verificação
Linhadevisão
Laboratório
surfaçou
-3,22 esf -0,57 cil
x 180° com 0,49
de prisma base
nasal
Lente entrega -4,00
esf na posição “como
em uso”
Borda Nasal
Ponto convencional de
verificação
19. Posição “como em uso”
Lente medida no Lensômetro fica em
uma posição diferente da que ficará em
frente ao olho.
20. COM ASTIGMATISMO
0D +1,50 ESF – 1,75 CIL X 50°
OE +1,25 ESF -1,00 CIL X 130°
OD +1,37 ESF -1,62 CIL X 50° PRISMA 0,25 BI
OE +1,12 ESF -0,87 CIL X 129° PRISMA 0,25 BI
CURVATURA: 15°
PANTOSCÓPICO: 8°
23. CONCLUSÃO
O processo de cálculo da lente, considerando os ângulos e a distância vértice
certamente levarão a uma receita que lida no lensômetro parecerá diferente daquela
necessária ao cliente.
Normalmente os fabricantes apresentam um documento que mostra a receita do
cliente e a medida que obteremos no lensômetro.
O aspecto subjetivo da aceitação da lente deve ser levado em conta: É preciso
querer usar?
Por que os laboratórios não tentam desenvolver lentes semelhantes?
É um imenso prazer estar na Lapa em uma unidade pela qual tenho tanto carinho e que é nossa parceira no curso de Técnico em Óptica, com os melhores profissionais da região.
Também gostaria destacar o agradecimento aos parceiros que divulgam e tornam possível este evento.