O documento discute como Foucault abordou o sujeito ao longo de sua obra, desde a constituição do sujeito "louco" até as técnicas de si pelas quais os indivíduos se constituíam como sujeitos morais. Foucault mostrou que diferentes modos de objetivação transformaram os seres humanos em sujeitos submetidos a formas de poder, e que a confissão tornou-se uma técnica central para a produção de verdade sobre o sujeito.
Slides - Cap. 3 - Fischer - Foucault e o desejável conhecimento do sujeito
1. Foucault e o desejável
conhecimento do sujeito
Organização: Adélli Bortolon Bazza (Doutoranda)
Orientação: Prof. Dr. Pedro Navarro
Rosa Maria Bueno Fisher
Trabalhar com Foucault: arqueologia de uma paixão
1
2. A autora inicia apresentando a problemática atual
de discussão e tentativas de saber sobre a
privacidade dos sujeitos, o que acarreta uma
intensa produção de conhecimento sobre eles,
seus corpos e suas almas. A partir dessa
constatação, propõe reconstruir a trajetória de
Foucault no tratamento dado ao sujeito.
O olhar foucaultiano deve, em vez de se
perguntar por quê ou para quê, voltar-se ao
como, interrogando-se como se instituiu um
conhecimento de si, analisando um como, um de
quê modo (p. 52).
2
3. Falar de sujeito para Foucault, em
primeiríssimo lugar é falar de “modos de
subjetivação”. (p. 53)
Distintos modos de objetivação transformam
os seres humanos em sujeitos.
“Foucault, aceitando o caminho aberto por
Nietzsche, pronunciava o desaparecimento de
um sujeito homem essência, fonte da verdade,
da liberdade e de todo conhecimento”(p. 53).
3
4. “O termo subjetividade, segundo o autor,
refere-se ao modo pelo qual o sujeito faz a
experiência de si mesmo em um jogo de
verdade no qual está em relação consigo
mesmo”. (p. 54)
Subjetividade envolve modos pelos quais o
sujeito se observa e se reconhece como um
lugar de saber e de produção de verdade.
O sujeito do enunciado é um lugar vazio. 1ª
fase.
4
5. “Há dois sentidos para a palavra sujeito:
sujeito submetido ao outro através do
controle e da dependência, e sujeito preso à
sua própria identidade, através da consciência
ou do conhecimento de si. Em ambos os
casos, essa palavra sugere uma forma de
poder que subjuga e assujeita”. (p. 55)
Se somos assujeitados, lutemos por uma
forma de sujeição que não nos submeta tão
radicalmente naquilo que nos é mais caro –
nossa individualidade. (p.56)
5
6. “o poder existe em ato, e de ambos os lados:
do lado de quem exerce o poder e do lado
daquele sobre o qual o poder é exercido”.
(p. 57)
O sujeito na trajetória de Foucault
História da loucura – como práticas
constituíram um sujeito: o louco.
6
7. As palavras e as coisas – Foucault estuda
detidamente “os saberes a partir dos quais se
constituíram as chamadas ciências humanas e
vai nos mostrar como o homem é
determinado pelo que se sabe dele e como só
assim poderá ser conhecido”. (p. 59)
Vigiar e Punir – aprofundamento do problema
sobre como o homem se fez objeto de saber
a partir da investigação do poder. O poder
circula por canais mais sutis que controlam os
sujeitos.
7
8. Poder pastoral – “o homem dos cárceres incorpora
literalmente uma ‘arte de punir e ser punido’. Ele
aprende a docilidade de um corpo que se reconhece
como vigia de si mesmo, e se esmera e tornar-se apto,
produtivo, capaz, disposto a um aprisionamento jamais
percebido como tal”. (p. 60)
O sujeito da História da Sexualidade I, II E III
A partir do século XI, os dois polos do biopoder – o
controle do corpo dos indivíduos e do grande ‘corpo’
da população – desembocam numa espetacular
preocupação com o sexo. (p. 61)
8
9. “o biopoder atinge o cotidiano do indivíduo e o
convida a confessar-se, a libertar-se, a
desamarrar-se da opressão”. (p.61)
Confissão - “Extorquida de todas as formas e
insistentemente, a confissão sobre o
inconfessável – sobre os pensamentos e desejos
perversos, os inumeráveis prazeres, as distorções
do ato sexual - é a técnica-síntese da imensa
vontade de saber do homem. E a sexualidade vai
aparecendo não só como verdade do indivíduo e
de seus prazeres, mas principalmente como um
lugar por excelência do patológico e do oculto
que cumpre decifrar”. (p.62)
9
10. Há uma produção de verdade sobre o sujeito
compartilhada por ele e pelo outro que o interpreta e
lhe devolve sua verdade.
O uso dos prazeres - questionamentos: a) como se
deu a lenta formação de uma “hermenêutica de si”? b)
por que o sexo vem sempre acompanhado de uma
moral? c) como o homem problematiza a si mesmo e à
sua vida?
“A prática de si é considerada uma questão de ordem
moral, prescritiva. E o sujeito é alguém que se
constitui sujeito moral e cujas ações se harmonizam
com as normas de um determinado código, um certo
tipo de prescrição” (p.63)
10
11. Técnicas da prática de si: aprendizado e reflexão
em direção ao próprio interior,
autodeciframento, exame, exercício sobre si
mesmo, transformação de si, autocontrole.
Tipo de relação entre moral e prática de si: a
substância ética (moral), o modo de sujeição (agir
de acordo), o trabalho ético (reforçar a moral
para manter-se nela) e a teleologia (aspiração à
perfeição).
“A “relação consigo” envolve basicamente uma
relação de poder sobre si mesmo, exercida
através das “práticas de si”. (p. 65)
11
12. “O cuidado de si” mostra como os romanos viveram
uma ética de austeridade. Na qual, cuidar de si era
uma prática social e política.
As técnicas de si “transformavam o imperativo
socrático “conhece-te a ti mesmo” em algo mais
prático, porém bem mais amplo: não só se conhecer,
mas se governar, aplicar ações a si próprio, tendo por
certo que o objetivo maior somos nós mesmos e,
ainda, que o instrumento da chegada ao que nos define
somos nós mesmos também”. (p.66)
Práticasrelativas ao cuidado de si “diziam respeito à
necessidade que o homem tinha de discursos
verdadeiros para dirigir-lhe a vida”.(p.67)
12
13. “A compulsão aprendida de tudo falar, de tudo
confessar, não significa univocamente que o dito
libera, o falado em si produza verdade; é como
se estivéssemos de fato num jogo de verdade e
falsidade, e a confissão - com todas as técnicas de
exposição ilimitada de si mesmo – para
permanecer como prática desejável e
permanente, também produzisse
“desconhecimentos, subterfúgios, esquivas””.
(p.69)
Autoajuda - ensina o sujeito o que fazer de si
mesmo.
13