O documento descreve uma palestra sobre gêneros do discurso em diferentes esferas de circulação de textos. A palestra abordará teorias sobre gêneros do discurso de acordo com Bakhtin, mostrando que os gêneros são tipos de textos relacionados às esferas onde circulam, como a sala de aula, vestibular e outros. Também discutirá como os gêneros são tratados nos documentos oficiais que orientam o ensino de Língua Portuguesa.
Palestra - Gêneros Textuais - Prof. Ms. Alessandro Alves da Silva
1. III ENCONTRO DE LETRAS DA UEM
PÓLO EAD DE ENGENHEIRO BELTÃO
Gêneros do discurso em
diferentes esferas de
circulação de textos
Palestrante: Prof. Ms. Alessandro Alves da Silva
alessandroalvesdasilva@hotmail.com
http://alessandrosilva.wordpress.com/
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5. Resumo: No que se refere às
atuais teorias dos gêneros, sabe-
se que não há consensos em
suas definições que apontem que
um discurso pertença a um ou a
outro gênero, nem quais
condições sociais ou esferas de
circulação de textos dão origem a
determinados gêneros.
6. De um modo quase que geral tais
teorias têm convergido para o
Círculo de Bakhtin (BAKHTIN,
1995, p. 280) sobre os gêneros
do discurso, mostrando que os
gêneros não devem ser tratados
apenas como estruturas
linguísticas formais, mas,
sobretudo, como tipos de textos
intimamente relacionados com as
esferas de circulação de textos.
7. Diante deste contexto e inserida
nos temas que compõem este
encontro, esta palestra abordará
aspectos teóricos e práticos
relativos à Produção Textual em
suas mais variadas esferas de
circulação de textos - sala de
aula, vestibular, dentre outras – e
suas implicações no ensino de
Língua Portuguesa.
8. Texto e Discurso – Questões
epistemológicas
Discurso: Objeto histórico e social
que precisa de algo (uma
materialidade: linguística, imagética,
dentre outras) para se materializar.
Texto: é a materialização do discurso.
9. •Todo texto/discurso é ideologicamente marcado
•“Ideologia do buraco” (Alessandro Alves da Silva)
•Interlocução e Contexto
• Domínio discursivo / Esfera de
circulação de textos / Situação social:
Discurso jurídico, discurso jornalístico,
discurso religioso, discurso político,
etc.
10. De acordo com Bakhtin, “o texto é
a manifestação viva da
linguagem. [...] Substituir o
formalismo gramatical é uma das
formas de tornar o texto
acessível” (BAKHTIN, 1995, p.
280).
11. A importância de uma concepção
teórico-metodológica que oriente
o ensino de Língua Portuguesa
(LP)
Mikhail Bakhtin é o téorico mais
adequado para se trabalhar o
ensino de LP?
12. O que é língua e como ela
funciona?
Gramáticas: internalizada,
descritiva e normativa.
Sírio Possenti:
“Por que (não) ensinar gramática
na escola”
13. • A tardia recepção das ideias de Bakhtin no
Brasil – “Descoberta” dos livros na década
de 60 e chegada no Brasil em meados da
década de 70.
• Círculo de Bakhtin: Pensadores (1910-
1920). Não eram apenas teóricos
literários, nem apenas linguistas. Eram
“filósofos-linguistas”, “filósofos-literatos”.
• Enunciado: não é apenas o enunciado
linguístico. Outras linguagens.
14. Bakhtin argumenta que os gêneros
discursivos não podem ser apreendidos
apenas pela sua forma. Os gêneros
discursivos ou tipos de textos estão
relacionados a um tipo de atividade
humana. São formas relativamente
estabilizadas de textos.
Exemplos: mundo jurídico (petição-ADV,
oitiva-JUIZ, sentença-JUIZ, acórdão-JUIZ),
mundo jornalístico, dentre outros.
15. • O número de gêneros textuais numa
determinada sociedade se amplia de
acordo com os avanços sociais e
tecnológicos.
• Exemplos: e-mail ou blog, que são
variações da carta e do diário.
• Dinamicidade dos gêneros: surgem e
desaparecem.
16. • Aspectos linguísticos e
fenômenos discursivos
• Intertextualidade entre gêneros = um
gênero com função de outro. Exemplo:
Carta.
• Intertextualidade tipológica = um gênero
com a presença de várias tipologias
textuais. Exemplo: Notícia.
• Os gêneros textuais são espelhos da
nossa sociedade.
17. Nos últimos 12 anos têm havido
tentativas de se proporem grandes
diretrizes ou grandes orientações
aos professores. Como essas
discussões acerca dos gêneros
textuais vêm sendo exploradas
nestes últimos anos pelos discursos
oficiais, como os PCN’s e as DCE’s?
18. “Uma das tarefas do ensino de língua na
escola seria, portanto, discutir
criticamente os valores sociais
atribuídos a cada variante linguística,
chamando a atenção para a carga de
discriminação que pesa sobre
determinados usos da língua, de modo
a conscientizar o aluno de que sua
produção linguística, oral ou escrita,
estará sempre sujeita a uma avaliação
social, positiva ou negativa” (BAGNO,
2007, p. 40).
19. Ensino de Língua: gastamos
energia à toa nos perguntando se
devemos ou não ensinar gramática
normativa na escola.
Era preciso “tapar o buraco” no
ensino de LP e a noção de
gêneros veio a calhar.
20. • Vivemos em uma sociedade que se
autoavalia e que exige aferições ou
números.
• Problema de acordo com Bakhtin, Faraco
e Braith: reduzir os gêneros textuais à
fôrmas pré-dadas. Ex.: Notícia.
• Entretanto, no atual modelo de sociedade
em que estamos inseridos, as “fôrmas”
continuam sendo cobradas em diferentes
esferas de circulação de textos: sala de
aula, vestibular, dentre outras.
21.
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24. • Maringá, 10 de julho de 2012.
• Prezado Senhor Souza,
• Li seu texto sobre o projeto de lei do Deputado Federal Márcio
Marinho, que proíbe tatuagem em crianças e jovens. Como pai
de adolescentes e leitor da revista Rede Imprensa Livre penso
que este projeto de lei passa por cima da autonomia dos pais
acerca da educação de seus filhos. Senhor Souza, eu sempre
procuro manter um espaço aberto para o diálogo com os meus filhos
e se um dia eles decidirem se tatuar, mesmo sendo menores de
idade, iremos conversar sobre isso, a fim de amadurecermos juntos
esta ideia. Além disso, prezado editor, fiquei impressionado em
perceber como o governo perde tempo se preocupando com isso
quando deveria estar tratando de assuntos mais urgentes como, por
exemplo, retirar crianças abandonadas das ruas e erradicar a fome e
a miséria deste país. Por estes e outros motivos, senhor Souza,
sou contrário a mais uma lei inútil e preconceituosa como esta.
• Atenciosamente,
• Leitor.
25. • Maringá, 20 de março de 2013.
• Prezado Senhor Fábio de Melo, diretor do Colégio Gabriela.
• Como mãe do aluno Mário Pinto, escrevo para questionar a
atitude do pedagogo que, simplesmente, na última aula, sentou-
se no colo do meu filho, constrangendo-o perante os demais
alunos do colégio. Senhor Fábio, eu creio que como educador o
pedagogo não queria expor o meu filho ao ridículo, mas como a
sociedade em que vivemos é preconceituosa e discriminatória,
algumas brincadeiras poderiam ser evitadas, pois depois deste ato o
meu filho passou a ser hostilizado pelos colegas e taxado de
homossexual. Não que a homossexualidade seja um problema: o
problema está no fato de as pessoas não respeitarem as diferentes
opções sexuais dos outros, mostrando que nem neste colégio que
preza por uma formação humanista os direitos humanos não são
devidamente respeitados. Peço, então, senhor diretor, que tome
as medidas cabíveis e que tanto o pedagogo quanto os alunos
percebam que suas atitudes são inadequadas.
• Atenciosamente / Cordialmente / Grato, Leitor.
26. • Professor de Matemática matou professor de Física
em crime passional
•
• Na quarta-feira (04), o professor de Física Marcos de
Oliveira, 47, foi assassinado por Rubens de Moura,
professor de Matemática da mesma instituição em que
trabalhavam, o Colégio Dom Bosco.
• Marcos mantinha uma relação com a supervisora Regiane
de Castro, 36, por quem Rubens tinha interesses afetivos.
Em um dos intervalos de aula, após ter conversado com
Fátima na sala dos professores, Marcos se dirigiu ao
banheiro masculino, onde Rubens já se encontrava. O
professor de Matemática assassinou o professor de Física
com dois tiros na cabeça, e saiu em fuga imediata do
local. Após a chamada da polícia ele foi localizado numa
cidade vizinha e preso imediatamente.
28. • Foi uma das ocasiões mais felizes da minha vida: tinha
29 anos e acabava de me formar, apesar de ter dois
empregos, ser esposa e mãe. Meus pais e meu filho de
cinco anos estavam na plateia quando subi ao palco da
Universidade Ashland para receber o diploma. Estava
empolgadíssima e orgulhosa por iniciar uma nova
carreira de professora e contribuir com o bem-estar da
minha família.
Mas, quando voltei para casa, havia um bilhete do meu
marido, escrito nas costas de um envelope. Dizia,
basicamente, que ele fora buscar as roupas e que não
voltaria. Vínhamos enfrentando problemas, mas o tom
definitivo do bilhete foi um choque. Ele limpara a conta
bancária. Estávamos endividadíssimos. Eu deixara os
empregos anteriores para procurar trabalho como
professora. Além disso, estava grávida de oito...
29. • Creide da Silva, 49 anos, moradora de
Toledo, aceitou relatar ao jornal
Umuarama Ilustrado as agressões
sofridas durante o seu casamento com
Pézão de Oliveira, 54. Creide relatou que
o seu marido sempre a agredia após
chegar bêbado. Ela também nos contou
que ele já chegou a deixá-la na UTI em
uma dessas surras. [...] Hoje Creide
conseguiu se separar do marido e vive
feliz com seus filhos.
30. • O conceito de beleza expresso no poema mostra que tal
característica está em tudo, comparando-a com
elementos da natureza, nos remetendo a idéia de que
tudo tem seu valor estético, só depende de quem está
vendo, concordando com o ditado: “ a beleza está nos
olhos de quem vê”. Isso nos permite entender a
importância de discernimento de beleza para o
comportamento das pessoas em sociedade, visto
que a beleza de todos deve ser respeitada.
• A charge de Maurício de Souza traz a personagem
Mônica exibindo-se diante do espelho com ótima auto-
estima, evidenciando que as pessoas precisam gostar de
si mesmas com suas qualidades e defeitos, o que
contradiz o pensamento de que só é belo quem é magro
e que dietas sem orientação médica são solução,
assunto que dá margem para diversas reportagens,
alertando sobre os riscos, e cuidados necessários.
31. • O texto “A feira dos mortais e dos imortais”, de
Leonardo Boff, publicado na revista Superinteressante,
discorre sobre a supervalorização da vaidade,
principalmente no âmbito da mídia, pois muitas
“celebridades” lançam mão das mais diversas armas
para ganhar seu espaço no mundo da fama.
• O autor estabelece um paralelo entre o mundo do
glamour e a realidade que o cerca, marcada,
principalmente, pela violência, pelas drogas e pelos
escândalos políticos. Boff encerra o seu texto
apresentando outra situação: a da grande maioria da
população na sua luta diária pela vida e que, de modo
geral, é vista pelos famosos com desprezo, ou, com
pena.
32. • Na coletânea de textos, retirados de fontes variadas, discutem-se as
funções dos sonhos. Na Grécia, era atribuída ao ato de sonhar a
incumbência de mediar curas e oferecer conselhos, conforme afirma
o site <www.drashirleydecampos.com.br>. Além disso, sonhar mostra
de que maneira a memória humana trabalha, o que lhe confere uma
funcionalidade biológica, como propõe Sérgio Tufik, mencionado na
coletânea.
• O psicólogo e professor Kwasisnki também informa que os sonhos
são um meio para o autoconhecimento e são capazes de projetar o
futuro, segundo Sidarta Ribeiro, neurocientista e diretor científico. Os
sonhos também atuam no fortalecimento da memória,
reestruturando-a, isto é, contribuem para a criatividade, como
mencionado em < www.escutaanalitica.com.br/responsabilidade >.
Para a psicóloga Tatiana Vasconcelos Cordeiro, citada na coletânea,
o ato de sonhar é responsável por alertar a consciência: para ela,
constitui-se como aviso. E, como descreve Helena Kolody, em seu
poema “Sonhar”, o sonho representa um ideal, um objetivo, uma
“fuga” da vida.
33. Como evitar que o bullying se intensifique
• O bullying se inicia quando um grupo de colegas
começa a rebaixar um colega que possui características
diferentes das dos demais. Para que as agressões não
se tornem mais frequentes, siga estas recomendações:
• Ao ser verificado o início da prática do bullying, fique
longe daqueles que o realizam, pois isso faz com que
eles não o atormentem. Além disso, finja que não se
incomoda com os apelidos, pois a tendência é que eles
parem. Caso as agressões continuem, relate o ocorrido
aos seus pais, professores ou chefe do trabalho. Por
fim, por mais que as ofensas o deixem triste, fique perto
das pessoas que você goste e que te façam feliz.
Quando melhor você estiver consigo mesmo, menos
afetado será pelos outros.
34. REFERÊNCIAS
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SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola.
Tradução e organização Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro.
38. MUITO OBRIGADO!
Alessandro Alves da Silva
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