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A ALMA DO
PARTO
Um novo paradigma para a
humanização do parto
Adriana Tanese Nogueira
O parto sem alma
(medicalização do parto)
Em busca da alma
(movimento pela
humanização)
A alma do parto
(humanização com
consciência)
O livro de Adriana Tanese Nogueira constitui um
rico manancial de reflexões acerca da existência
humana. Obstinada em compreender o parto na
sua essência e riqueza, rigorosa em suas
pesquisas, ela cuidou de nos tornar acessível e
agradável este assunto denso, instigante e ainda
pouco abordado, por assim dizer.
Desvelando-nos o parto com sua riqueza de
sentimentos, emoções, sensações, este livro nos
mostra as mulheres num estado privilegiado e
modificado da consciência, possível de ser
experimentado em pouquíssimas situações. Estes
exemplos de ampliação da consciência vivida nos
estados extáticos, transformadora da existência
humana, por si bastariam para justificar esta preciosa
obra.
Dr. Paulo Batistuta
A ALMA
A palavra alma não tem aqui conotações religiosas mas, em
primeiro lugar, literais. Alma vem do latin anima. O que
anima, dá vida, torna vivo é a alma. O atendimento ao
parto, da forma como é praticado hoje, revela um parto
desalmado, mecânico, enfadonho. Um parto industrializado
bem em sintonia com a alienação moderna.
O sentido de alma nesse livro é também metafórico. Alma é o
que dá coração, sentimento e sensibilidade. Uma pessoa sem
alma é uma pessoa vazia, fria e indiferente. Sentimento aqui
não quer dizer sentimentalismo mas capacidade de sentir, de
contectar-se com o outro, de fazer experiências profundas, de
sair, enfim, do neo-córtex e re-ligar consigo próprio como
totalidade e de lá com os outros e o todo.
Resgatar a alma do parto é portanto reencontrar nossa própria
alma, redescobrir nossa humanidade, elevar o patamar de
socialização e de produção de conhecimento, relações e
trabalho para um lugar onde ciência e respeito sejam possíveis
juntos.
Essa utopia é tanto mais ousada e desafiadora porque subverte
a ordem de valores que rege nossa sociedade.
O discurso da segurança para o parto e nascimento abarca em
si outros, menos nobres e transparentes, que vão desde
insegurança pessoal e máscara profissional à falta de
competência e mero e simples interesse econômico. Valores
estes que a tenaz luta contra a humanização do parto,
consciente ou inconscientemente, quer ocultar. Ninguém gosta
de reconhecer que sua prática está baseada primeiramente em
hábitos mentais e conta bancária e não em evidências
científicas e respeito ao próximo.
É importante frisar que este livro não tem filiação alguma com qualquer religião.
As questões em pauta são humanas, universais e culturais. A abordagem
psicológica utilizada é a junguiana e pós-junguiana (Silvia Montefoschi). Minha
bagagem filosófica permitiu-me uma proposta de fundamentação teórica da
humanização não só como prática obstétrica mas como dimensão humana, em
linha com o pensamento desenvolvido nesse trabalho. Minha visão é que o
movimento pela humanização se insere num projeto maior de evolução humana.
As consequências desse movimento na vida das mulheres e de muitos
profissionais demonstra esta hipóstese porque a transformação pela qual passam
não é externa, mas interior e profunda. Toca suas subjetividades e identidades
antes de seus comportamentos e escolhas. Muda o modo de ser – de ser
humanos, de ser mulheres, mães, homens, pais, profissionais. E, pelo que
parece, muda para melhor.
PARTO SEM
ALMA
O PARTO ANTES DA OBSTETRÍCIA
Por serem essenciais à continuidade da espécie, e, de certa
forma, além de seu entendimento racional, parto e nascimento
desde cedo foram eventos vinculados aos deuses, ou
melhor, às deusas.
Ártemis
Ainda na Idade Média o parto
continuava sendo prática feminina,
apesar do avanço das escolas de
medicina regidas por médicos homens.
Trotula de Ruggiero
Casada com um médico proveniente de uma
antiga família de médicos, seguiu a profissão
demonstrando talento, delicadeza e uma
incomum objetividade profissional.
No que diz respeito ao útero, visto pela medicina antiga
como um ‘animal desejoso de fazer filhos’, (Trotula) o
trata com [...] atitude privada de preconceitos. Ela, de
fato, trata cada parte do corpo com objetividade, sem
pudores, dando um raro exemplo ‘de equilíbrio científico’.
Na antiguidade a falta deste elemento do juízo podia ser
em alguns casos motivo de piora ou morte do paciente.
(BORZACCHINI: acesso em: 2004. Trad. minha).
DAS MULHERES AO HOMEM
As parteiras foram substituídas por homens médicos ou por
médicas mulheres seguidoras da compreensão e abordagem
masculina ao parto. Na civilização ocidental o ato de dar à luz é
interpretado pelos valores do patriarcado e daquele
pensamento racional que Bourdieu chamaria de história da
construção social da dominação masculina (BOURDIEU:
2002), ou seja, a ideologia que dá suporte ao patriarcado.
O atendimento ao parto atual é o
resultado histórico de uma
construção social, cultural e política
que se prolongou por vários
séculos.
O DESALMAMENTO DO PARTO OU O
PARADIGMA OBSTÉTRICO MODERNO
Mulheres para o matadouro
Meu parto foi a experiência mais dolorosa (em
todos os sentidos) e frustrante de minha vida. Foi
desumano, muito triste. Quando me
lembro, tenho vontade de chorar, só me consolo
tentando esquecer e pensando na criança linda e
saudável que tenho agora comigo, graças a Deus!
Foi fórceps. Não conhecia ninguém na sala do
pré-parto, não sabia como tinha que proceder.
Tive a sensação horrível de que me deixaram
sofrer porque eu não colaborava com o que
esperavam de mim. Triste, triste. Eu sonhava com
um parto normal... (Flávia)
Quando acadêmica, eu não concordava e
ainda não concordo com o modo com que as
mulheres são tratadas no Bloco Obstétrico da
minha cidade! Convivi com cuidadores
extremamente duros! Aí... quando me formei
quis trabalhar no Bloco Obstétrico para tentar
aos poucos ir mudando aquele jeito estúpido
de tratar a vivência do parir... quando as
gestantes vão para o Bloco Obstétrico há
muito deboche, estupidez no
atendimento, total falta de autonomia.
(Alaíde, enfermeira obstetra, Bagé, RS).
Obstetras como mecânicos sofisticados
Na obstetrícia moderna prevalece um
conceito de saúde estritamente biológico e
reducionista que se reflete na concepção do
corpo grávido como incompetente.
As formações acadêmicas implementam e reafirmam essa
perspectiva treinando seus estudantes para a intervenção. Os
médicos obstetras não recebem treinamento sobre como
assistir ou melhor acompanhar o processo da parturição.
Eles, simplesmente, não sabem como estar ao lado de uma
parturiente sem tomar as rédeas do processo.
Esses profissionais estão geralmente desconectados de
sua intuição e sua ansiedade diante do desconhecido
do parto só encontra vazão quando assumem o
controle.
Desinformação, medo, incompetência
Os médicos não
estão dando
informação?
Ou as grávidas não se
sentem à vontade para
conversar abertamente
com os profissionais que
as atendem?
As mulheres têm
medo.
Estariam os médicos intencionalmente
querendo prejudicar as mulheres? Claro que não.
Falta-lhe tão somente competência para atender
um parto sem intervenção desnecessária.
Falsas justificativas para a cesárea
• Cordão enrolado
• Bacia estreita (desproporção céfalo-
pélvica)
• Falta de dilatação
?
Estou na minha 37ª semana do meu segundo filho: tenho um menino de 7 anos e
agora terei uma menina, sendo que o meu menino foi um cesárea sem
necessidade, pois o médico não me deixou sentir o trabalho de parto e o retirou
semanas antes (do término da gestação). Agora mudei de médico com quem, desde a
primeira consulta, falei que desejava ter um parto normal. Estive com ele na semana
passada, e ele já veio com a historinha da cesárea. Gostaria de saber o que significa
estar em risco o bebê ou eu e até quando posso esperar para ter algum sinal do
trabalho de parto, já que, praticamente, sou uma mãe de primeira viagem, pois eu
não pari o meu filho, ele foi tirado de mim. (Mônica)
Solidão feminina
Iatrogenia, a bola de neve
Iatrogenia é o nome dado à sequência de
reações adversas e prejudiciais
que, como uma bola de neve, se abate
sobre o paciente e que é causada pelas
intervenções médicas.
A iatrogenia durante o
trabalho de parto e parto é
fenômeno bem conhecido e
ela é a responsável por um
grande número de cesáreas.
decúbito dorsal (posição
deitada de costas) ou a
posição semi-reclinada
anestesia
Manobra de Kristeller
enema
tricotomia
Infusão intravenosa de rotina
Cateterização venosa profilática de rotina
Administração de ocitócicos
Toques vaginais
freqüentes e por mais de
um examinador.
E etc. etc. etc....
Episiotomia, a violação
A episiotomia continua a ser um procedimento frequentemente
usado em obstetrícia a despeito do pouco suporte científico
para seu uso rotineiro. Apesar da episiotomia de fato diminuir
as ocorrências de lacerações anteriores, ela falha em alcançar
a maioria dos objetivos usados como sua justificativa. A
episiotomia não diminui o dano ao períneo mas ao contrário o
aumenta. PubMed
é falso que a episiotomia evita a sofrimento do períneo;
é falso que a episiotomia preserva a integridade do
assoalho pélvico, pelo contrário, como todo tecido, quanto
mais ele é cortado e costurado, mais frágil se torna;
é falso que a episiotomia atua na diminuição da morbidade
fetal, é uma acusação absurda, pois o períneo da mulher é
um tecido macio e elástico, não é feito de concreto;
enfim, não foi comprovado que a episiotomia previna o
prolapso uterino.
As mulheres realmente querem a cesárea?
Muitos obstetras sustentam que são as mulheres que querem
as cesáreas. Mas tal interpretação da realidade esquece que toda
estrutura social está presente no curso da interação, sob a forma de esquemas de percepção e
de apreciação inscritos no corpo dos agentes em interação (BOURDIEU: 2002, 79).
Vivemos na “cultura da cesárea” (por ser uma cultura que
idolatra a tecnologia) e certamente há muitas mulheres que
vão ao pré-natal pensando em fazer uma cesárea. Mas sabem
elas todos os riscos que correm? Se, mesmo sabendo, elas
optam pela cesárea, é seu direito decidir o que acharem
melhor para si e seu bebê.
Entretanto a questão não é tão simples assim.
Não estariam as mulheres atendendo a uma expectativa
inconsciente e social? Não poderiam estar elas
somatizando uma relação de dominação? (BOURDIEU:
2002, 71).
Mortalidade materna
A morte materna é definida como a morte de uma mulher
durante a gestação ou dentro de um período de 42 dias após o
término da gestação, independente da duração ou da
localização da gravidez, devida a qualquer causa relacionada
com ou agravada pela gravidez ou por medidas tomadas em
relação a ela, porém não devida a causas acidentais ou
incidentais. Secretaria de Estado da Saúde SP
Relatório do Comitê de Mortalidade Materna do Município de
São Paulo indica que, em 1998, 96,85% das mortes maternas
ocorreram em ambiente hospitalar. 50,39% delas ocorreram
após a cesárea, 19,6% ocorreram com o feto intraútero, e
18,9% após parto normal. 46,46% destes óbitos ocorreram em
Administrações Regionais diversas da residência, o que indica a
necessidade de se aprimorar o atendimento regionalizado. No
Ceará, 85% das mortes maternas ocorreram em hospitais.
Cerca de 15% ocorreram no domicílio ou no trajeto para o
serviço de saúde. Isto pode significar demora na busca dos
serviços ou dificuldade de acolhimento.
Qualidade da
assistência no ciclo
gravídico-puerperal.
EM BUSCA
DA ALMA
REAÇÕES À VERSÃO HIGH TECH DA OBSTETRÍCIA
The Farm
Ina May Gaskin
Movimento pelo
Parto Ativo
Janet Balaskas
Frédérick Leboyer
“Nascer sorrindo”
Michel Odent
Marsden Wagner
OMS
Robbie Davis-
Floyd
“Birth as an
American Rite of
Passage”
ALGUMAS BASES TEÓRICAS, PRÁTICAS E
CIENTÍFICAS DA HUMANIZAÇÃO DO PARTO
Humanização é um processo de comunicação e cuidados
entre pessoas que lidam com a auto-transformação e a
compreensão do espírito fundamental da vida e do sentido
da compaixão pelo e em união com: o Universo, o espírito e
a natureza; outras pessoas, a família, a comunidade, o país e
a sociedade global; e outras pessoas do futuro, assim como
as do passado (“Declaração Ceará”, UMENAI et alii: 2001, 3).
Os signatários da Declaração entendem a humanização como
um processo a longo prazo que se concretiza em inúmeros
passos e múltiplas abordagens, dependendo do país, da cultura
e das resistências encontradas em cada contexto.
Humanizar é preciso.
Robbie Davis-Floyd
A forma como a sociedade concebe o uso da
tecnologia
reflete e perpetua
os valores e as crenças do sistema que a sustenta.
Robbie Davis-Floyd
O modelo tecnocrático em medicina
(1)Separação mente-corpo e (2) corpo-
máquina ; (3) paciente-objeto e (4)
alienação do profissional; (5) Diagnóstico
e tratamento de fora para dentro; (6)
organização hierárquica e padronização
dos cuidados; (7) autoridade e
responsabilidade do profissional; (8)
valorização excessiva da ciência e da
tecnologia; (9) intervenções agressivas e
(10) morte como fracasso; (11) sistema
guiado pelo lucro; e (12) a intolerância
para com outras modalidades.
O modelo humanizado em medicina
(1) Conexão mente-corpo; (2) corpo-
organismo; (3) paciente-sujeito; 4) relação
profissional-paciente; (5) diagnose e cura de
fora para dentro e de dentro para fora; (6)
equilíbrio necessidades indivíduo e
instituição;
(7) responsabilidade dividida; (8) ciência e
tecnologia contrabalançadas pela
humanização; (9) prevenção; (10) morte
como uma possibilidade aceitável; (11)
empatia; (12) Mentalidade aberta frente a
outras modalidades.
O
O modelo holístico em medicina
(1) Unicidade de corpo-mente-espírito;
(2) corpo-sistema de energia; (3) curar a
pessoa inteira; (4) unidade essencial
profissional-cliente; (5) diagnoses e cura
de dentro para fora; (6) individualização
dos cuidados; (7) autoridade e
responsabilidade inerente ao indivíduo;
(8) ciência e tecnologia colocadas a
serviço dos indivíduos; (9) visão a longo
prazo; (10) morte como uma etapa do
processo; (11) foco na cura; (12)
convivência de múltiplas modalidades
de cura.
Marsden Wagner
Humanizar o parto significa compreender que
a mulher dando à luz é um ser humano,
não uma máquina e não simplesmente um continente para fazer bebês.
Marsden Wagner
Parto humanizado significa colocar a mulher que está dando à
luz no centro e no controle de forma que ela, e não os médicos
ou qualquer outra pessoa, tome todas as decisões a respeito do
que está acontecendo. Parto humanizado significa
compreender que o foco do atendimento materno são as
necessidades básicas e primárias da comunidade, e não os
cuidados terceirizados do hospital; e que enfermeiras e médicos
devem trabalhar juntos em harmonia como iguais. Parto
humanizado significa cuidados maternos baseados na boa
ciência, incluindo o uso de drogas e tecnologia com base nas
evidências científicas. (WAGNER: 2001, 25) (Trad. minha).
Michel Odent
A era da cesárea sob pedido, da epidural e das gotas de ocitocina,
constitui um ponto de virada na história do nascimento.
Até recentemente as mulheres não podiam dar à luz
sem a produção de um complexo coquetel de ‘hormônios do amor’.
Hoje, em muitos países, a maioria das mulheres tem bebês
sem produzir esses específicos hormônios.
A questão deve ser levantada em termos de civilização.
Michel Odent
O que uma mulher precisa, em primeiro lugar, durante o
parto é ser protegida contra todo tipo de estimulação
neo-cortical. Alguns dos fatores que podem estimular o
neo-córtex são a linguagem, luzes fortes e a sensação de
estar sendo observada.
HUMANIZAÇÃO NO BRASIL
Humanizar o parto é respeitar e criar condições
para que todas as dimensões do ser humano sejam atendidas:
espirituais, psicológicas, biológicas e sociais.
Marília LarguraCarta de Campinas
1993
Carta de Fortaleza
2000
ReHuNa
Rede pela Humanização do
Nascimento
Amigas do Parto
Rede Parto do Princípio ONG Amigas do
Parto
HUMANIZAÇÃO BRASILEIRA À LUZ DOS MODELOS
PARADIGMÁTICOS PROPOSTOS POR ROBBIE DAVIS-FLOYD
(1) Problemática mente-corpo
Contraposição viva e atual.
(2) Corpo
máquina, organismo, ou sistema
de energia?
Abstrações com poucas raízes na
prática cotidiana e pessoal.
(3) O paciente-objeto, sujeito ou sistema holístico?
Informar ou evangelizar? Tendência para a afirmação
de uma nova ideologia dominante.
(4) Relação profissional-paciente.
Subjetividade de ambos nem sempre incluída
na relação.
(5) Diagnóstico e tratamento.
Falta de instrumentos para um
diagnóstico verdadeiramente
alternativo ao tradicional.
(6) Indivíduo-instituição.
Dificuldade de romper a
padronização dos
cuidados.
(7) Autoridade e a
responsabilidade.
Partilha da
responsabilidade
avançando.
(8) Ciência e tecnologia x indivíduo.
Equilíbrio avançando.
(9) Intervenções agressivas e imediatistas.
Mais foco na prevenção e no longo prazo.
(10) Morte.
Relação difícil.
(11) Lucro, empatia e cura.
Busca pelo lucro mesclado à
empatia e vice-versa, numa
relação nem sempre clara.
(12) Múltiplas modalidades de cura.
Aceitáveis.
REFLEXÕES SOBRE O CONCEITO DE
HUMANIZAÇÃO
Os pressupostos desses pontos centrais são:
 promoção do conceito de cidadania e de
ativismo cidadão;
 valorização da subjetividade e da
intuição, entre profissionais e entre
usuárias;
 libertação das mulheres da opressão de
gênero, social e política;
 autonomização dos indivíduos ante as
instituições e órgãos coletivos;
 introdução de valores voltados para o bem-
estar coletivo e a saúde concebidos de
forma holística (mente-corpo-espírito).
Conceitos-chave:
 superação da dicotomia cartesiana mente-
corpo;
 crítica ao sistema massificado de saúde e à
indústria farmacêutica;
 crítica ao mercantilismo em obstetrícia;
 resgate da mulher como sujeito social ativo;
 reequilíbrio das relações de poder entre
usuários e profissionais e das relações de
gênero entre mulheres e profissionais;
 crítica das relações hierárquicas e de poder
entre profissionais e corporações ou
instituições;
 concepção do corpo feminino como
organismo inteligente.
Proposta de uma antropologia da humanização
Reflexão crítica sobre a vida humana Hegel
Espírito hegeliano
Dialética
MarxFreud
Montefoschi
Jung
Análise sociológica marxiana
Liberdade
Neo-córtex
O Espírito se humaniza
Feminismo
Movimento pela humanização
Subjetividade
Feminino
Masculino
Humanizar é mudar um modo de ser, de encarar a profissão, de
interagir com colegas e corporações, de ler pesquisas científicas
e de lidar com a própria subjetividade.
Corpo
Cristianismo
Obejtividade
Sujeitos críticos, pensantes e dialéticos
Inconsciente
Consciência
A humanização das mulheres
Uma mulher se humaniza quando cumpre a maior das
violações de sua vida: respeitar o que vem de dentro dela.
Levar-se a sério é deixar de ser obediente ao sistema e
dialetizar o que sente, ou seja, perguntar-se, refletir, tornar o
que sente conhecimento crítico e ativo.
Este processo requer uma transformação psicológica de
grandes proporções e tem repercussões em todos os outros
setores de sua vida. O discurso que desse ato nasce
corresponde à carne que se faz verbo, é a “vida ao vivo” que
toma a palavra e pode, então, ser ouvida.
A ALMA DO
PARTO
O PARTO COMO SIMULACRO
O simulacro não oculta a verdade–
é a verdade que ele supostamente
quer expressar que não existe.
Jean Baudrillard
Bibelôs e enxovais de neném, preparações ao parto que não
tocam o assunto principal, dietas e corpo malhado, exames e
controles, maternidades cinco estrelas, ritual de internação,
máquinas e botões, ultrassons e gente de avental branco indo e
vindo, enfermeiras servindo puérperas em quartos privativos,
videocâmeras em salas de parto, unhas feitas, batom, cabelo
arrumado, mamadeiras e chupetas...
A overdose de simulacros que a modernidade de
consumo oferece como sua marca característica produz
uma reação psicológica difusa e facilmente observável
que Baudrillard descreve como uma histeria característica de
nosso tempo: histeria da produção e reprodução do real. [...] O que toda uma
sociedade procura, ao continuar a produzir e a reproduzir, é ressuscitar o real que
lhe escapa (1991, 33-34).
O PARTO COMO SÍMBOLO
Quando um objeto ou um evento não
se esgota em sua manifestação
concreta, quando o significante não
expressa exaustivamente o
significado, então, estamos diante do
símbolo.
Parto é mais do que a expulsão de um feto do corpo
de uma mulher. Parto também não equivale
simplesmente ao nascimento de uma criança, à
formação de uma família e ao surgimento de uma
mãe e de um pai. Em outras palavras, o parto não
se resume nem num evento fisiológico nem
naquele social e familiar, que entretanto ele
também é. A experiência humana não pode ser encontrada numa
abordagem somente natural ou tecnológica. Por isso, uma
campanha da humanização que enfoque o parto fisiológico no
intuito de libertar o parto das garras do intervencionismo
médico acrítico está destinada a repetir os mesmos erros da
obstetrícia que quer substituir. Falar da fisiologia do parto é
meio e não fim, caminho para resgatar o parto como
experiência existencial profundamente humana e
transformadora.
O PARTO COMO SAGRADO
A experiência do sagrado constitui o pilar sobre o qual se estrutura a visão de vida e a
vida concreta de um povo e de cada pessoa individualmente. O contato com o sagrado
proporciona as condições para fundar e dar ordem à existência, afastando-se, assim, do
caos originário. O sagrado estabelece o centro em volta do qual nasce o cosmos
humano. (Mircea Eliade)
Quando o acesso à experiência do sagrado
falha, desconexão e confusão constituem um
desfecho comum, o que demonstra o quanto
essa experiência é importante. Sem ela é
como se a psique precisasse de um tempo
extra para se re-organizar internamente, re-
centralizar e se re-encontrar.
Conscientizar-se da dimensão sagrada do parto implícita no
imaginário da humanização permite alcançar aquela
abordagem holística e verdadeiramente humana que seus
militantes proclamam. Os aspectos espirituais e misteriosos do
parto e nascimento precisam ser incluídos abertamente como
elementos fundantes à experiência de profissionais e mulheres.
Somente assim o parto pode recuperar sua alma e ser aquele
rito de iniciação que as mulheres buscam e precisam.
O PARTO COMO INICIAÇÃO
A iniciação é o processo mediante o qual
abandonamos nossa inclinação natural
a permanecer inconscientes
e decidimos buscar,
mesmo se tivermos que lutar e sofrer,
uma união consciente com nossa mente mais profunda,
o Eu selvagem.
Clarissa Pinkola-Estés
Os ritos de iniciação são eventos críticos
na vida de uma pessoa. Sua função é
propiciar determinada experiência que
fica como marco entre
etapas, produzindo efeitos a longo prazo.
Nenhuma outra experiência na vida feminina reúne numa
única vez alegria e dor, medo e felicidade, perigo e
confiança, intuição e conhecimento. Nenhuma outra une tanto
corpo e mente, matéria e espírito, fisiologia e emoção. Em
nenhuma outra as coisas podem estar tão mescladas e
confusas: a dor física confundindo-se com o sofrimento, o
medo desafiando a confiança, a autoestima ameaçada pelo
desconhecido.
Individuação
A individuação é o processo de diferenciação do indivíduo da
cultura na qual está inserido e dos condicionamentos internos
que o influenciam inconscientemente. Este movimento visa à
realização da plenitude individual, da manifestação plena
daqueles atributos que tornam cada indivíduo único e
insubstituível.
Na acepção de maternidade que está surgindo graças ao
movimento pela humanização, a individuação das mulheres
é, assim, potencializada como condição para que ocorra o
processo humanizatório em si. Que nem sempre os
resultados do parto realizem os sonhos esperados ganha
nova explicação se vistos como etapas de um processo de
individuação muito maior do que o momento do parto.
Mesmo a cesárea indesejada que toma o lugar do parto
domiciliar sonhado pode ser significativa no percurso
psicológico daquela mulher e instrumento de sua
individuação.
Cidadania
Para individuar-se uma pessoa precisa estar no mundo e
ativamente relacionar-se com ele; da mesma forma, ele
continua, o mundo só é transformado por quem se individuou.
(Jung)
A questão do parto é um âmbito no qual a dinâmica entre
indivíduo e coletividade se mostra com clareza.
Para o desenvolvimento do
espírito cidadão, é importante
saber abordar a complexidade
dos problemas sem cair na
tentação imediatista de buscar
soluções rápidas e agressivas.
Na ausência de senso crítico as posições chamadas de “radicais”
são, de fato, “sectárias”, e, por isso, contraproducentes. Nesse
caso, o uso da palavra “radical” é impróprio. O sectarismo leva
à repetição de slogans prontos, cheios de palavras bonitas, mas
vagas e de curto prazo. Ao reduzir a problemática a um de seus
aspectos, o sectarismo promove parcialidade.
Espiritualidade
A entrega a Deus
é a entrega ao processo vital do corpo,
aos sentimentos e à sexualidade.
O fluxo de excitação no corpo
cria sensações sexuais quando é descendente
e sentimentos espirituais quando é ascendente.
Alexander Lowen
Parir é abrir uma porta. Uma mulher que se
atreve por esse caminho pode fazer, com
muitas testemunham, a experiência
surpreendente que o temido se revela
como uma experiência cognitivamente
iluminadora, sentimentalmente abençoada
e espiritualmente renovadora.
Essa espiritualidade encarnada é muito mais viril do que aquela efeminada
e rígida da racionalidade desencarnada. É, também, mais amorosa e doce
comparada ao espírito frio que conhece a crueldade. Não é um acaso que
há tantos relatos de parto associados a experiências espirituais.
Um livro sobre o coração da experiência
chamada parto e seu significado na sociedade
de hoje. Um livro para médicos
obstetras, enfermeiras obstetras, obstetrizes e
profissionais de saúde da área de obstetrícia
para entender o outro ponto de vista sobre
parto, aquele que não é ensinado nas
faculdades. Um livro para doulas, educadoras
perinatais e militantes para dar raízes ao seu
engajamento no movimento pela humanização
do parto. Porque parto não é só fisiologia. O
parto tem alma.
Autora: Tanese
Nogueira, Adriana
Editora: Biblioteca 24
Horas, São Paulo, 2013
ISBN: 9788541603188
Páginas 232
352 gramas
Preço do livro impresso:
R$ 48,28

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A alma do parto

  • 1. A ALMA DO PARTO Um novo paradigma para a humanização do parto Adriana Tanese Nogueira
  • 2. O parto sem alma (medicalização do parto) Em busca da alma (movimento pela humanização) A alma do parto (humanização com consciência)
  • 3. O livro de Adriana Tanese Nogueira constitui um rico manancial de reflexões acerca da existência humana. Obstinada em compreender o parto na sua essência e riqueza, rigorosa em suas pesquisas, ela cuidou de nos tornar acessível e agradável este assunto denso, instigante e ainda pouco abordado, por assim dizer. Desvelando-nos o parto com sua riqueza de sentimentos, emoções, sensações, este livro nos mostra as mulheres num estado privilegiado e modificado da consciência, possível de ser experimentado em pouquíssimas situações. Estes exemplos de ampliação da consciência vivida nos estados extáticos, transformadora da existência humana, por si bastariam para justificar esta preciosa obra. Dr. Paulo Batistuta
  • 4. A ALMA A palavra alma não tem aqui conotações religiosas mas, em primeiro lugar, literais. Alma vem do latin anima. O que anima, dá vida, torna vivo é a alma. O atendimento ao parto, da forma como é praticado hoje, revela um parto desalmado, mecânico, enfadonho. Um parto industrializado bem em sintonia com a alienação moderna. O sentido de alma nesse livro é também metafórico. Alma é o que dá coração, sentimento e sensibilidade. Uma pessoa sem alma é uma pessoa vazia, fria e indiferente. Sentimento aqui não quer dizer sentimentalismo mas capacidade de sentir, de contectar-se com o outro, de fazer experiências profundas, de sair, enfim, do neo-córtex e re-ligar consigo próprio como totalidade e de lá com os outros e o todo.
  • 5. Resgatar a alma do parto é portanto reencontrar nossa própria alma, redescobrir nossa humanidade, elevar o patamar de socialização e de produção de conhecimento, relações e trabalho para um lugar onde ciência e respeito sejam possíveis juntos. Essa utopia é tanto mais ousada e desafiadora porque subverte a ordem de valores que rege nossa sociedade. O discurso da segurança para o parto e nascimento abarca em si outros, menos nobres e transparentes, que vão desde insegurança pessoal e máscara profissional à falta de competência e mero e simples interesse econômico. Valores estes que a tenaz luta contra a humanização do parto, consciente ou inconscientemente, quer ocultar. Ninguém gosta de reconhecer que sua prática está baseada primeiramente em hábitos mentais e conta bancária e não em evidências científicas e respeito ao próximo.
  • 6. É importante frisar que este livro não tem filiação alguma com qualquer religião. As questões em pauta são humanas, universais e culturais. A abordagem psicológica utilizada é a junguiana e pós-junguiana (Silvia Montefoschi). Minha bagagem filosófica permitiu-me uma proposta de fundamentação teórica da humanização não só como prática obstétrica mas como dimensão humana, em linha com o pensamento desenvolvido nesse trabalho. Minha visão é que o movimento pela humanização se insere num projeto maior de evolução humana. As consequências desse movimento na vida das mulheres e de muitos profissionais demonstra esta hipóstese porque a transformação pela qual passam não é externa, mas interior e profunda. Toca suas subjetividades e identidades antes de seus comportamentos e escolhas. Muda o modo de ser – de ser humanos, de ser mulheres, mães, homens, pais, profissionais. E, pelo que parece, muda para melhor.
  • 8. O PARTO ANTES DA OBSTETRÍCIA Por serem essenciais à continuidade da espécie, e, de certa forma, além de seu entendimento racional, parto e nascimento desde cedo foram eventos vinculados aos deuses, ou melhor, às deusas. Ártemis
  • 9. Ainda na Idade Média o parto continuava sendo prática feminina, apesar do avanço das escolas de medicina regidas por médicos homens. Trotula de Ruggiero Casada com um médico proveniente de uma antiga família de médicos, seguiu a profissão demonstrando talento, delicadeza e uma incomum objetividade profissional. No que diz respeito ao útero, visto pela medicina antiga como um ‘animal desejoso de fazer filhos’, (Trotula) o trata com [...] atitude privada de preconceitos. Ela, de fato, trata cada parte do corpo com objetividade, sem pudores, dando um raro exemplo ‘de equilíbrio científico’. Na antiguidade a falta deste elemento do juízo podia ser em alguns casos motivo de piora ou morte do paciente. (BORZACCHINI: acesso em: 2004. Trad. minha).
  • 10. DAS MULHERES AO HOMEM As parteiras foram substituídas por homens médicos ou por médicas mulheres seguidoras da compreensão e abordagem masculina ao parto. Na civilização ocidental o ato de dar à luz é interpretado pelos valores do patriarcado e daquele pensamento racional que Bourdieu chamaria de história da construção social da dominação masculina (BOURDIEU: 2002), ou seja, a ideologia que dá suporte ao patriarcado. O atendimento ao parto atual é o resultado histórico de uma construção social, cultural e política que se prolongou por vários séculos.
  • 11. O DESALMAMENTO DO PARTO OU O PARADIGMA OBSTÉTRICO MODERNO Mulheres para o matadouro Meu parto foi a experiência mais dolorosa (em todos os sentidos) e frustrante de minha vida. Foi desumano, muito triste. Quando me lembro, tenho vontade de chorar, só me consolo tentando esquecer e pensando na criança linda e saudável que tenho agora comigo, graças a Deus! Foi fórceps. Não conhecia ninguém na sala do pré-parto, não sabia como tinha que proceder. Tive a sensação horrível de que me deixaram sofrer porque eu não colaborava com o que esperavam de mim. Triste, triste. Eu sonhava com um parto normal... (Flávia) Quando acadêmica, eu não concordava e ainda não concordo com o modo com que as mulheres são tratadas no Bloco Obstétrico da minha cidade! Convivi com cuidadores extremamente duros! Aí... quando me formei quis trabalhar no Bloco Obstétrico para tentar aos poucos ir mudando aquele jeito estúpido de tratar a vivência do parir... quando as gestantes vão para o Bloco Obstétrico há muito deboche, estupidez no atendimento, total falta de autonomia. (Alaíde, enfermeira obstetra, Bagé, RS).
  • 12. Obstetras como mecânicos sofisticados Na obstetrícia moderna prevalece um conceito de saúde estritamente biológico e reducionista que se reflete na concepção do corpo grávido como incompetente. As formações acadêmicas implementam e reafirmam essa perspectiva treinando seus estudantes para a intervenção. Os médicos obstetras não recebem treinamento sobre como assistir ou melhor acompanhar o processo da parturição. Eles, simplesmente, não sabem como estar ao lado de uma parturiente sem tomar as rédeas do processo. Esses profissionais estão geralmente desconectados de sua intuição e sua ansiedade diante do desconhecido do parto só encontra vazão quando assumem o controle.
  • 13. Desinformação, medo, incompetência Os médicos não estão dando informação? Ou as grávidas não se sentem à vontade para conversar abertamente com os profissionais que as atendem? As mulheres têm medo. Estariam os médicos intencionalmente querendo prejudicar as mulheres? Claro que não. Falta-lhe tão somente competência para atender um parto sem intervenção desnecessária.
  • 14. Falsas justificativas para a cesárea • Cordão enrolado • Bacia estreita (desproporção céfalo- pélvica) • Falta de dilatação ? Estou na minha 37ª semana do meu segundo filho: tenho um menino de 7 anos e agora terei uma menina, sendo que o meu menino foi um cesárea sem necessidade, pois o médico não me deixou sentir o trabalho de parto e o retirou semanas antes (do término da gestação). Agora mudei de médico com quem, desde a primeira consulta, falei que desejava ter um parto normal. Estive com ele na semana passada, e ele já veio com a historinha da cesárea. Gostaria de saber o que significa estar em risco o bebê ou eu e até quando posso esperar para ter algum sinal do trabalho de parto, já que, praticamente, sou uma mãe de primeira viagem, pois eu não pari o meu filho, ele foi tirado de mim. (Mônica)
  • 16. Iatrogenia, a bola de neve Iatrogenia é o nome dado à sequência de reações adversas e prejudiciais que, como uma bola de neve, se abate sobre o paciente e que é causada pelas intervenções médicas. A iatrogenia durante o trabalho de parto e parto é fenômeno bem conhecido e ela é a responsável por um grande número de cesáreas. decúbito dorsal (posição deitada de costas) ou a posição semi-reclinada anestesia Manobra de Kristeller enema tricotomia Infusão intravenosa de rotina Cateterização venosa profilática de rotina Administração de ocitócicos Toques vaginais freqüentes e por mais de um examinador. E etc. etc. etc....
  • 17. Episiotomia, a violação A episiotomia continua a ser um procedimento frequentemente usado em obstetrícia a despeito do pouco suporte científico para seu uso rotineiro. Apesar da episiotomia de fato diminuir as ocorrências de lacerações anteriores, ela falha em alcançar a maioria dos objetivos usados como sua justificativa. A episiotomia não diminui o dano ao períneo mas ao contrário o aumenta. PubMed é falso que a episiotomia evita a sofrimento do períneo; é falso que a episiotomia preserva a integridade do assoalho pélvico, pelo contrário, como todo tecido, quanto mais ele é cortado e costurado, mais frágil se torna; é falso que a episiotomia atua na diminuição da morbidade fetal, é uma acusação absurda, pois o períneo da mulher é um tecido macio e elástico, não é feito de concreto; enfim, não foi comprovado que a episiotomia previna o prolapso uterino.
  • 18. As mulheres realmente querem a cesárea? Muitos obstetras sustentam que são as mulheres que querem as cesáreas. Mas tal interpretação da realidade esquece que toda estrutura social está presente no curso da interação, sob a forma de esquemas de percepção e de apreciação inscritos no corpo dos agentes em interação (BOURDIEU: 2002, 79). Vivemos na “cultura da cesárea” (por ser uma cultura que idolatra a tecnologia) e certamente há muitas mulheres que vão ao pré-natal pensando em fazer uma cesárea. Mas sabem elas todos os riscos que correm? Se, mesmo sabendo, elas optam pela cesárea, é seu direito decidir o que acharem melhor para si e seu bebê. Entretanto a questão não é tão simples assim. Não estariam as mulheres atendendo a uma expectativa inconsciente e social? Não poderiam estar elas somatizando uma relação de dominação? (BOURDIEU: 2002, 71).
  • 19. Mortalidade materna A morte materna é definida como a morte de uma mulher durante a gestação ou dentro de um período de 42 dias após o término da gestação, independente da duração ou da localização da gravidez, devida a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela, porém não devida a causas acidentais ou incidentais. Secretaria de Estado da Saúde SP Relatório do Comitê de Mortalidade Materna do Município de São Paulo indica que, em 1998, 96,85% das mortes maternas ocorreram em ambiente hospitalar. 50,39% delas ocorreram após a cesárea, 19,6% ocorreram com o feto intraútero, e 18,9% após parto normal. 46,46% destes óbitos ocorreram em Administrações Regionais diversas da residência, o que indica a necessidade de se aprimorar o atendimento regionalizado. No Ceará, 85% das mortes maternas ocorreram em hospitais. Cerca de 15% ocorreram no domicílio ou no trajeto para o serviço de saúde. Isto pode significar demora na busca dos serviços ou dificuldade de acolhimento. Qualidade da assistência no ciclo gravídico-puerperal.
  • 21. REAÇÕES À VERSÃO HIGH TECH DA OBSTETRÍCIA The Farm Ina May Gaskin Movimento pelo Parto Ativo Janet Balaskas Frédérick Leboyer “Nascer sorrindo” Michel Odent Marsden Wagner OMS Robbie Davis- Floyd “Birth as an American Rite of Passage”
  • 22. ALGUMAS BASES TEÓRICAS, PRÁTICAS E CIENTÍFICAS DA HUMANIZAÇÃO DO PARTO Humanização é um processo de comunicação e cuidados entre pessoas que lidam com a auto-transformação e a compreensão do espírito fundamental da vida e do sentido da compaixão pelo e em união com: o Universo, o espírito e a natureza; outras pessoas, a família, a comunidade, o país e a sociedade global; e outras pessoas do futuro, assim como as do passado (“Declaração Ceará”, UMENAI et alii: 2001, 3). Os signatários da Declaração entendem a humanização como um processo a longo prazo que se concretiza em inúmeros passos e múltiplas abordagens, dependendo do país, da cultura e das resistências encontradas em cada contexto. Humanizar é preciso.
  • 23. Robbie Davis-Floyd A forma como a sociedade concebe o uso da tecnologia reflete e perpetua os valores e as crenças do sistema que a sustenta. Robbie Davis-Floyd O modelo tecnocrático em medicina (1)Separação mente-corpo e (2) corpo- máquina ; (3) paciente-objeto e (4) alienação do profissional; (5) Diagnóstico e tratamento de fora para dentro; (6) organização hierárquica e padronização dos cuidados; (7) autoridade e responsabilidade do profissional; (8) valorização excessiva da ciência e da tecnologia; (9) intervenções agressivas e (10) morte como fracasso; (11) sistema guiado pelo lucro; e (12) a intolerância para com outras modalidades. O modelo humanizado em medicina (1) Conexão mente-corpo; (2) corpo- organismo; (3) paciente-sujeito; 4) relação profissional-paciente; (5) diagnose e cura de fora para dentro e de dentro para fora; (6) equilíbrio necessidades indivíduo e instituição; (7) responsabilidade dividida; (8) ciência e tecnologia contrabalançadas pela humanização; (9) prevenção; (10) morte como uma possibilidade aceitável; (11) empatia; (12) Mentalidade aberta frente a outras modalidades. O O modelo holístico em medicina (1) Unicidade de corpo-mente-espírito; (2) corpo-sistema de energia; (3) curar a pessoa inteira; (4) unidade essencial profissional-cliente; (5) diagnoses e cura de dentro para fora; (6) individualização dos cuidados; (7) autoridade e responsabilidade inerente ao indivíduo; (8) ciência e tecnologia colocadas a serviço dos indivíduos; (9) visão a longo prazo; (10) morte como uma etapa do processo; (11) foco na cura; (12) convivência de múltiplas modalidades de cura.
  • 24. Marsden Wagner Humanizar o parto significa compreender que a mulher dando à luz é um ser humano, não uma máquina e não simplesmente um continente para fazer bebês. Marsden Wagner Parto humanizado significa colocar a mulher que está dando à luz no centro e no controle de forma que ela, e não os médicos ou qualquer outra pessoa, tome todas as decisões a respeito do que está acontecendo. Parto humanizado significa compreender que o foco do atendimento materno são as necessidades básicas e primárias da comunidade, e não os cuidados terceirizados do hospital; e que enfermeiras e médicos devem trabalhar juntos em harmonia como iguais. Parto humanizado significa cuidados maternos baseados na boa ciência, incluindo o uso de drogas e tecnologia com base nas evidências científicas. (WAGNER: 2001, 25) (Trad. minha).
  • 25. Michel Odent A era da cesárea sob pedido, da epidural e das gotas de ocitocina, constitui um ponto de virada na história do nascimento. Até recentemente as mulheres não podiam dar à luz sem a produção de um complexo coquetel de ‘hormônios do amor’. Hoje, em muitos países, a maioria das mulheres tem bebês sem produzir esses específicos hormônios. A questão deve ser levantada em termos de civilização. Michel Odent O que uma mulher precisa, em primeiro lugar, durante o parto é ser protegida contra todo tipo de estimulação neo-cortical. Alguns dos fatores que podem estimular o neo-córtex são a linguagem, luzes fortes e a sensação de estar sendo observada.
  • 26. HUMANIZAÇÃO NO BRASIL Humanizar o parto é respeitar e criar condições para que todas as dimensões do ser humano sejam atendidas: espirituais, psicológicas, biológicas e sociais. Marília LarguraCarta de Campinas 1993 Carta de Fortaleza 2000 ReHuNa Rede pela Humanização do Nascimento Amigas do Parto Rede Parto do Princípio ONG Amigas do Parto
  • 27. HUMANIZAÇÃO BRASILEIRA À LUZ DOS MODELOS PARADIGMÁTICOS PROPOSTOS POR ROBBIE DAVIS-FLOYD (1) Problemática mente-corpo Contraposição viva e atual. (2) Corpo máquina, organismo, ou sistema de energia? Abstrações com poucas raízes na prática cotidiana e pessoal. (3) O paciente-objeto, sujeito ou sistema holístico? Informar ou evangelizar? Tendência para a afirmação de uma nova ideologia dominante. (4) Relação profissional-paciente. Subjetividade de ambos nem sempre incluída na relação. (5) Diagnóstico e tratamento. Falta de instrumentos para um diagnóstico verdadeiramente alternativo ao tradicional. (6) Indivíduo-instituição. Dificuldade de romper a padronização dos cuidados. (7) Autoridade e a responsabilidade. Partilha da responsabilidade avançando. (8) Ciência e tecnologia x indivíduo. Equilíbrio avançando. (9) Intervenções agressivas e imediatistas. Mais foco na prevenção e no longo prazo. (10) Morte. Relação difícil. (11) Lucro, empatia e cura. Busca pelo lucro mesclado à empatia e vice-versa, numa relação nem sempre clara. (12) Múltiplas modalidades de cura. Aceitáveis.
  • 28. REFLEXÕES SOBRE O CONCEITO DE HUMANIZAÇÃO Os pressupostos desses pontos centrais são:  promoção do conceito de cidadania e de ativismo cidadão;  valorização da subjetividade e da intuição, entre profissionais e entre usuárias;  libertação das mulheres da opressão de gênero, social e política;  autonomização dos indivíduos ante as instituições e órgãos coletivos;  introdução de valores voltados para o bem- estar coletivo e a saúde concebidos de forma holística (mente-corpo-espírito). Conceitos-chave:  superação da dicotomia cartesiana mente- corpo;  crítica ao sistema massificado de saúde e à indústria farmacêutica;  crítica ao mercantilismo em obstetrícia;  resgate da mulher como sujeito social ativo;  reequilíbrio das relações de poder entre usuários e profissionais e das relações de gênero entre mulheres e profissionais;  crítica das relações hierárquicas e de poder entre profissionais e corporações ou instituições;  concepção do corpo feminino como organismo inteligente.
  • 29. Proposta de uma antropologia da humanização Reflexão crítica sobre a vida humana Hegel Espírito hegeliano Dialética MarxFreud Montefoschi Jung Análise sociológica marxiana Liberdade Neo-córtex O Espírito se humaniza Feminismo Movimento pela humanização Subjetividade Feminino Masculino Humanizar é mudar um modo de ser, de encarar a profissão, de interagir com colegas e corporações, de ler pesquisas científicas e de lidar com a própria subjetividade. Corpo Cristianismo Obejtividade Sujeitos críticos, pensantes e dialéticos Inconsciente Consciência
  • 30. A humanização das mulheres Uma mulher se humaniza quando cumpre a maior das violações de sua vida: respeitar o que vem de dentro dela. Levar-se a sério é deixar de ser obediente ao sistema e dialetizar o que sente, ou seja, perguntar-se, refletir, tornar o que sente conhecimento crítico e ativo. Este processo requer uma transformação psicológica de grandes proporções e tem repercussões em todos os outros setores de sua vida. O discurso que desse ato nasce corresponde à carne que se faz verbo, é a “vida ao vivo” que toma a palavra e pode, então, ser ouvida.
  • 32. O PARTO COMO SIMULACRO O simulacro não oculta a verdade– é a verdade que ele supostamente quer expressar que não existe. Jean Baudrillard Bibelôs e enxovais de neném, preparações ao parto que não tocam o assunto principal, dietas e corpo malhado, exames e controles, maternidades cinco estrelas, ritual de internação, máquinas e botões, ultrassons e gente de avental branco indo e vindo, enfermeiras servindo puérperas em quartos privativos, videocâmeras em salas de parto, unhas feitas, batom, cabelo arrumado, mamadeiras e chupetas... A overdose de simulacros que a modernidade de consumo oferece como sua marca característica produz uma reação psicológica difusa e facilmente observável que Baudrillard descreve como uma histeria característica de nosso tempo: histeria da produção e reprodução do real. [...] O que toda uma sociedade procura, ao continuar a produzir e a reproduzir, é ressuscitar o real que lhe escapa (1991, 33-34).
  • 33. O PARTO COMO SÍMBOLO Quando um objeto ou um evento não se esgota em sua manifestação concreta, quando o significante não expressa exaustivamente o significado, então, estamos diante do símbolo. Parto é mais do que a expulsão de um feto do corpo de uma mulher. Parto também não equivale simplesmente ao nascimento de uma criança, à formação de uma família e ao surgimento de uma mãe e de um pai. Em outras palavras, o parto não se resume nem num evento fisiológico nem naquele social e familiar, que entretanto ele também é. A experiência humana não pode ser encontrada numa abordagem somente natural ou tecnológica. Por isso, uma campanha da humanização que enfoque o parto fisiológico no intuito de libertar o parto das garras do intervencionismo médico acrítico está destinada a repetir os mesmos erros da obstetrícia que quer substituir. Falar da fisiologia do parto é meio e não fim, caminho para resgatar o parto como experiência existencial profundamente humana e transformadora.
  • 34. O PARTO COMO SAGRADO A experiência do sagrado constitui o pilar sobre o qual se estrutura a visão de vida e a vida concreta de um povo e de cada pessoa individualmente. O contato com o sagrado proporciona as condições para fundar e dar ordem à existência, afastando-se, assim, do caos originário. O sagrado estabelece o centro em volta do qual nasce o cosmos humano. (Mircea Eliade) Quando o acesso à experiência do sagrado falha, desconexão e confusão constituem um desfecho comum, o que demonstra o quanto essa experiência é importante. Sem ela é como se a psique precisasse de um tempo extra para se re-organizar internamente, re- centralizar e se re-encontrar. Conscientizar-se da dimensão sagrada do parto implícita no imaginário da humanização permite alcançar aquela abordagem holística e verdadeiramente humana que seus militantes proclamam. Os aspectos espirituais e misteriosos do parto e nascimento precisam ser incluídos abertamente como elementos fundantes à experiência de profissionais e mulheres. Somente assim o parto pode recuperar sua alma e ser aquele rito de iniciação que as mulheres buscam e precisam.
  • 35. O PARTO COMO INICIAÇÃO A iniciação é o processo mediante o qual abandonamos nossa inclinação natural a permanecer inconscientes e decidimos buscar, mesmo se tivermos que lutar e sofrer, uma união consciente com nossa mente mais profunda, o Eu selvagem. Clarissa Pinkola-Estés Os ritos de iniciação são eventos críticos na vida de uma pessoa. Sua função é propiciar determinada experiência que fica como marco entre etapas, produzindo efeitos a longo prazo. Nenhuma outra experiência na vida feminina reúne numa única vez alegria e dor, medo e felicidade, perigo e confiança, intuição e conhecimento. Nenhuma outra une tanto corpo e mente, matéria e espírito, fisiologia e emoção. Em nenhuma outra as coisas podem estar tão mescladas e confusas: a dor física confundindo-se com o sofrimento, o medo desafiando a confiança, a autoestima ameaçada pelo desconhecido.
  • 36. Individuação A individuação é o processo de diferenciação do indivíduo da cultura na qual está inserido e dos condicionamentos internos que o influenciam inconscientemente. Este movimento visa à realização da plenitude individual, da manifestação plena daqueles atributos que tornam cada indivíduo único e insubstituível. Na acepção de maternidade que está surgindo graças ao movimento pela humanização, a individuação das mulheres é, assim, potencializada como condição para que ocorra o processo humanizatório em si. Que nem sempre os resultados do parto realizem os sonhos esperados ganha nova explicação se vistos como etapas de um processo de individuação muito maior do que o momento do parto. Mesmo a cesárea indesejada que toma o lugar do parto domiciliar sonhado pode ser significativa no percurso psicológico daquela mulher e instrumento de sua individuação.
  • 37. Cidadania Para individuar-se uma pessoa precisa estar no mundo e ativamente relacionar-se com ele; da mesma forma, ele continua, o mundo só é transformado por quem se individuou. (Jung) A questão do parto é um âmbito no qual a dinâmica entre indivíduo e coletividade se mostra com clareza. Para o desenvolvimento do espírito cidadão, é importante saber abordar a complexidade dos problemas sem cair na tentação imediatista de buscar soluções rápidas e agressivas. Na ausência de senso crítico as posições chamadas de “radicais” são, de fato, “sectárias”, e, por isso, contraproducentes. Nesse caso, o uso da palavra “radical” é impróprio. O sectarismo leva à repetição de slogans prontos, cheios de palavras bonitas, mas vagas e de curto prazo. Ao reduzir a problemática a um de seus aspectos, o sectarismo promove parcialidade.
  • 38. Espiritualidade A entrega a Deus é a entrega ao processo vital do corpo, aos sentimentos e à sexualidade. O fluxo de excitação no corpo cria sensações sexuais quando é descendente e sentimentos espirituais quando é ascendente. Alexander Lowen Parir é abrir uma porta. Uma mulher que se atreve por esse caminho pode fazer, com muitas testemunham, a experiência surpreendente que o temido se revela como uma experiência cognitivamente iluminadora, sentimentalmente abençoada e espiritualmente renovadora. Essa espiritualidade encarnada é muito mais viril do que aquela efeminada e rígida da racionalidade desencarnada. É, também, mais amorosa e doce comparada ao espírito frio que conhece a crueldade. Não é um acaso que há tantos relatos de parto associados a experiências espirituais.
  • 39. Um livro sobre o coração da experiência chamada parto e seu significado na sociedade de hoje. Um livro para médicos obstetras, enfermeiras obstetras, obstetrizes e profissionais de saúde da área de obstetrícia para entender o outro ponto de vista sobre parto, aquele que não é ensinado nas faculdades. Um livro para doulas, educadoras perinatais e militantes para dar raízes ao seu engajamento no movimento pela humanização do parto. Porque parto não é só fisiologia. O parto tem alma.
  • 40. Autora: Tanese Nogueira, Adriana Editora: Biblioteca 24 Horas, São Paulo, 2013 ISBN: 9788541603188 Páginas 232 352 gramas Preço do livro impresso: R$ 48,28