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SUMÁRIO 
Introdução 
1. CARACTERIZAÇÃO DO GRUPO 
..................................................................... 
2. OBJETIVOS 
................................................................................................ 
3. METODOLOGIA .......................................................................................... 
4. NOSSA TRAJETÓRIA 
................................................................................... 
4.1. As oficinas .......................................................................................... 
4.1.1. Como é ser um deficiente visual ................................................... 
4.1.2. Adivinhe pelo tato ........................................................................... 
4.2. Ajudas técnicas ................................................................................. 
4.2.1. Xiiii... não consigo falar direito 
...................................................... 
4.2.2. A comunicação através da linguagem, não importa qual seja! .. 
5. REFLEXÕES DO FORMADOR 
........................................................................ 
5.1. Condições ........................................................................................... 
5.2. Professores ......................................................................................... 
5.3. Escola .................................................................................................. 
5.4. Práticas eficazes ................................................................................ 
5.5. Síntese dos resultados ...................................................................... 
6. CONCLUSÕES ............................................................................................ 
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Capacitação é a ação de capacitar, ou seja, de tornar capaz e, ou habilitar indivíduos, 
grupos, comunidades e populações para a ação. Temos um desafio muito grande: 
formar educadores competentes, capazes de identificar e valorizar os saberes que seus 
educandos possuem e desvincular-se do papel de sujeitos capazes de apenas 
transmitir conhecimento, repassar saberes. É preciso a assunção da educação inclusiva 
e legitimar a importância do seu papel como agente integrador do aluno pela via do 
conhecimento, e não sob o prisma reducionista da deficiência, que assume uma 
dimensão muito forte em relação às suas outras características pessoais, não devendo 
ocupar, portanto, uma posição hierárquica inferior à da escola regular no que se refere 
à qualidade da prática pedagógica. É preciso construir uma prática pedagógica não 
reducionista, que considere todas as possibilidades de progressos do aluno. 
Uma verdadeira escola democrática será aquela em que a deficiência não seja 
encarada somente pelo prisma do que falta a esses sujeitos, que as diferenças culturais 
não sejam transformadas em deficiência escolares e que a própria trajetória escolar não 
se constitua em mais um mecanismo de produção da diferença / deficiência. A função 
da educação, numa sociedade democrática, é criar condições para que todos os alunos 
desenvolvam suas capacidades, respeitadas suas diferença, preparando – os para o 
exercício da cidadania. Isto implica em uma política educacional que os inclua 
efetivamente no sistema de ensino. 
Assumimos o desafio de formar sujeitos que sejam capazes de ler a necessidade de 
seu grupo, de selecionar material adequado para buscar a solução de problemas que 
deverão enfrentar e não apenas sujeitos capazes de reproduzir as atividades propostas 
no material do programa. Desafio de formar pessoas críticas, capazes de ler nas 
entrelinhas e de assumir uma posição própria, que interajam, ao invés de persistir em 
formar indivíduos dependentes de regras, normas, cartilhas. O desafio é formar 
pessoas desejosas de penetrar no mundo da educação, dispostas a identificar-se com 
o parecido ou solidarizar-se com o diferente. Assumir este desafio significa abandonar 
as atividades mecânicas e posicionar-se como parceiro, co-produtor. Enfrentar este 
desafio implica uma mudança profunda, e levá-lo à prática não será uma tarefa fácil. 
3
1. CARACTERIZAÇÃO DO GRUPO 
A realização da capacitação para os professores do ensino fundamental da rede 
municipal de Simões Filho-BA ocorreu no período de 16 a 29 de agosto de 2006, no 
Centro Comunitário Ressurreição, situado na sede do município, com a carga horária 
de duzentas horas cumprida, sendo, 50% do total, aulas práticas, garantindo a 
indissociabilidade das funções de pesquisa, ensino e extensão e das relações entre 
teoria e prática. Dessa forma, os professores poderão preparar-se para trabalhar em 
níveis diferentes além de desenvolverem a habilidade de ensinar a todos os alunos. 
Participaram da capacitação, alem de três membros da equipe formadora, 
aproximadamente oitenta participantes, dos quais 74 eram professores (do ensino 
fundamental e educação de adultos) e, ainda, participaram diretores, supervisores e 
secretários de escolas, bem como, representantes do poder Local e a Secretária de 
Educação do município. O número de presentes e participantes superou todas as 
expectativas, obrigando-nos a formar dois grupos para formação simultânea. 
A heterogeneidade do grupo não foi barreira para a sua integração durante as etapas e 
atividades propostas. Havia um clima de amizade mútua. Os professores, de um modo 
geral, já eram conhecidos uns dos outros. Entretanto, o grupo como um todo encontrou 
bastante dificuldade para dar “sentido” ao programa, isto é, atribuir significado ao 
modelo de funcionamento de práticas inclusivas. Observamos que as discussões da 
Plenária Inicial tiveram pouca “ressonância” na compreensão do grupo. Ao perguntar, 
por exemplo, sobre a finalidade da sua presença na formação, a maioria dos 
professores continuava com a “representação” de que eles estavam ali para “aprender” 
formas diferentes de “passar o conteúdo” para os educandos com necessidades 
especiais”. Outros esperavam “estudar os Braille e a Língua de Sinais Brasileira”, ou 
seja, achavam que “aprenderiam Libras e Braille”. 
4
2. OBJETIVOS 
O principal objetivo desta formação consiste em disponibilizar informação sobre a 
gestão das diferenças na sala de aula e sobre as condições necessárias para a sua 
implementação com sucesso. Esperamos, assim, responder a algumas questões 
relativas à educação inclusiva. É necessário compreender, em primeiro lugar, o que 
funciona em contextos inclusivos, preparando educadores para apoiar o 
desenvolvimento docente para a inclusão; em segundo lugar a forma como funciona a 
educação inclusiva, desenvolvendo práticas de ensino inclusivas a fim de combater a 
exclusão e responder à diversidade de estilos de aprendizagem nas salas de aula; e 
finalmente, é preciso saber porque funciona (em que condições) para assim transformar 
o ambiente escolar em um espaço inclusivo: acolhedor de aprendizagem colaborativa 
continua e responsivo às diferenças humanas. 
5
3. METODOLOGIA 
Diferentes tipos de atividades contribuíram para responder e estas questões. Numa 
primeira etapa foi feita a sensibilização, baseado na literatura textual e imagética, com 
uma descrição dos diferentes modelos e das condições necessárias para implementar 
Praticas Inclusivas, fornecendo elementos fundamentais para a compreensão que a 
atuação do professor, como mediador, determina a qualidade da relação que o 
estudante manterá com o objeto de estudo, numa abordagem participativa e 
colaborativa. A fase da revisão da literatura teve como objetivo mostrar o que funciona 
em contextos inclusivos. O enfoque é aqui colocado na forma como os professores 
gerem a sala de aula para lidar com uma diversidade de alunos incluindo os que 
apresentam NEE. Contudo, como mencionamos anteriormente, as condições externas 
não devem ser negligenciadas, quando se estudam as práticas de sala de aula. 
Na segunda fase, a dos estudos de caso, o enfoque foi colocado sobre a maneira como 
funciona e sobre as condições necessárias a esse funcionamento. Tendo como eixo a 
reciprocidade, entendemos que a vertente mais importante de um estudo desta 
natureza é a capacitação, convertendo o esforço da pesquisa numa oportunidade de 
construção coletiva do conhecimento, a fim de subsidiar as soluções a serem 
encontradas conjuntamente. Os profissionais analisaram exemplos de boas práticas 
nos e foi-lhes pedido para se centralizarem na prática da sala de aula e para 
focalizarem, essencialmente, os fatores ligados ao currículo. Contudo, é necessário 
descrever não só as características do currículo como também o contexto e as 
condições para implementá-lo: especialmente aquelas condições e variáveis do 
contexto consideradas necessárias para implementar o currículo. Estas condições e 
variáveis do contexto podem situar-se a vários níveis: no professor (conhecimentos e 
competências necessárias, atitudes e motivação), na sala de aula, na escola, na equipe 
pedagógica, nos serviços de apoio, nas questões legislativas e de financiamento, etc. 
Finalmente, no âmbito da práxis reflexiva, os professores visitaram, interagiram, 
analisaram e avaliaram suas práticas com o objetivo de identificarem as características 
6
mais significativas das estratégias de ensino inclusivas, como práticas inovadoras de 
sala de aula. As observação e interação com o ambiente favorável, o Centro 
comunitário Ressurreição, local onde a educação inclusiva é praticada e os debates 
com os especialistas participantes permitiram uma melhor compreensão sobre o que 
funciona, como e por que. 
7
4. NOSSA TRAJETÓRIA 
As atividades de capacitação planejadas e executadas pela equipe aconteceram 
inseridas no contexto educacional favorável, já que no Centro Comunitário 
Ressurreição funciona um centro educacional de apoio e referência para alunos 
especiais, proporcionando a imersão dos educadores em ambiente específico. As 
atividades pensadas e desenvolvidas objetivaram criar condições para o conhecimento, 
reflexão e discussão sobre o tema “Educação Inclusiva” e, ainda, socialização e troca 
de informações na construção coletiva de proposta de inclusão de conteúdos 
trabalhados em torno do tema, bem como de metodologias, instrumentos e técnicas de 
ensino nas disciplinas do currículo escolar do ensino fundamental da rede municipal de 
Simões Filho. 
A programação foi preparada de forma concentrada, mas articulada em torno da 
temática, e executada conforme cronograma. Na aula inaugural, os trabalhos foram 
abertos pela Secretária de Educação do município, ouvindo-se além da sua fala, às da 
diretora pedagógica do município, Reginalva Ribeiro da Silva Santos e da coordenadora 
pedagógica da Talento. RH, consultoria em carreiras, e sua equipe. Ao final a mesa foi 
desfeita e os trabalhos foram iniciados com a palestra sobre “Pedagogia do Afeto” e a 
apresentação da película “Sempre 
Amigos”1, filme no qual a atriz Sharon 
Stone representa uma mãe dedicada 
em busca da inclusão de seu filho na 
escola regular. Em seguida tivemos a 
discussão sobre a importância do afeto 
e educação em valores no sistema 
escolar. Os trabalhos foram 
encerrados às 18 horas, com a 
ratificação do compromisso diário 
1 O filme conta a história de dois meninos e da amizade entre eles. Kewin sofre de distrofia muscular, e é 
superdotado. Max, com treze anos, tem pouca inteligência, é muito arredio e não tem amigos, é forte e 
grande. Uma grande amizade entre eles se inicia quando Kewin e sua mãe se tornam vizinhos de Max. 
8 
O intento obteve êxito, conseguimos sensibilizar os 
grupos e fazê-los refletir sobre a necessidade de 
práticas inclusivas.
assumido pelos professores e equipe gestora e falas dos professores sobre a 
qualidade, importância, incentivo para implementação de novas ações inclusivas. 
Alguns professores afirmavam que aquela formação serviria, sobretudo, para utilizarem 
as atividades sugeridas nas suas salas de aula. Ou seja, não havia uma clareza de que 
o professor é o principal responsável pela inclusão, já que a sua prática irá refletir na 
formação da cidadania e igualdade de direitos. Esse fato exigiu de nossa parte um 
trabalho maior na explicitação dos valores, estratégias e práticas inclusivas, objetivando 
contextualizar as ações realizadas. Mesmo assim, constatamos que o grupo só entrou 
em “conflito” no momento de planejar as simulações. Nesse momento, o grupo 
conseguiu efetivamente apropriar-se do “funcionamento” da formação. Suas falas são 
bastante sugestivas: 
“Eu vim para aprender coisas novas” 
“Eu trouxe muita curiosidade sobre práticas inclusivas” 
“Eu queria encontrar uma chave que abrisse as portas para 
compreender como se dá a aprendizagem dos alunos cegos” 
“Ter um aluno com necessidades educacionais especiais na sala 
regular não vai prejudicar os demais alunos?” 
“Acredito que vamos ter atividades práticas” 
Nos momentos do estudo epistemológico e leitura das fontes bibliográficas onde as 
questões discutidas poderiam ser aprofundadas houve “resistência” às atividades 
propostas. Entretanto, os grupos participaram com facilidade das dinâmicas sugeridas, 
e oficinas realizadas. Assim boa parte dos “textos extras” (indicados para uma leitura 
posterior) distribuídos foi lida durante a noite, após as atividades práticas. Mas, o ponto 
que deve ser destacado, em relação aos grupos, diz respeito ao impacto da reflexão 
sobre as estratégias metodológicas vivenciadas. 
“Como posso ensinar um aluno com necessidades educacionais 
especiais enquanto tenho outras dezenas de alunos sem 
deficiência, que tenho de dar conta na sala de aula?” 
“Como agir com um aluno que apresente necessidades 
educacionais especiais?” 
“Como ensinar a um aluno surdo?" 
9
“Como ensinar a um aluno cego?” 
“Como administrar a presença de um deficiente físico na sala de 
aula lotada?” 
Em um dado momento, um dos professores disse: “Eu estou notando que para 
trabalharmos com práticas inclusivas temos que conhecer sobre as necessidades 
especiais de nossos educandos, para só depois conseguirmos identificar o problema e 
desenvolver técnicas de ensino, não é?”. Devolvi imediatamente a questão ao grupo e 
ouvi o relato de uma das professoras: 
“Uma coisa é a técnica, o procedimento direcionado ao simples 
fazer. Nesse sentido, a SDEUC poderia ter feito os livrinhos e 
mandado entregar nas Secretarias. Aí, sim, seria mais uma receita. 
Mas veja, nós estamos aqui e você pode observar que antes, 
durante e depois de cada atividade o A. [coordenador] reserva um 
momento para explicar a finalidade, o que se espera do grupo, o 
que se vai fazer, porque se fez, quais as conclusões, que 
mudanças poderiam ser feitas. Quer dizer, nós estamos o tempo 
todo pensando a ação e isso não é técnica, é reflexão, é 
pensamento” 
Dentre as estratégias que provocaram mais impacto nos professores, vale destacar a 
discussão do tópico “Acolhimento sem habilitação”. A vivência dos educadores foi fator 
preponderante para o enfrentamento pratica e realidade, assim como, debate coletivo 
sobre postura pessoal e profissional necessária ante a inclusão de educandos com 
necessidades especiais. Essas ações não só fazem a ligação com o diagnóstico 
elaborado sobre a realidade das escolas da região e programa elaborado, mas também 
permitem compreender a noção de “competência” e o papel do professor na educação 
inclusiva. 
Assim, o professor precisa estar preparado para desenvolver competências diferentes 
das práticas tradicionais, em direção a uma ação pedagógica multidisciplinar voltada 
10
para a aprendizagem do aluno – sujeito envolvido no processo, com todos os fatores 
que fazem parte do seu universo, ou seja, também os fatores afetivos e sociais. 
Nessa mesma direção, as histórias lidas pelo formador, as memórias e as simulações 
constituem-se em elementos “poderosos” da formação dos educadores, seja ativando a 
reflexão coletiva do grupo seja provocando “insights” sobre o significado das estratégias 
para práticas inclusivas. Nesse contexto, um das estratégias mais “eficazes” do ponto 
de vista da competência simbólica dos educadores foi o trabalho com as oficinas de 
aprendizagem, nas quais a aquisição de novos conhecimentos pelos educandos com 
necessidades especiais foi o cerne da questão. 
“Como posso ensinar um aluno com necessidades educacionais 
especiais enquanto tenho outras dezenas de alunos sem 
deficiência, que tenho de dar conta na sala de aula?” 
“Como agir com um aluno que apresente necessidades 
educacionais especiais?” 
“Como ensinar a um aluno surdo?" 
“Como ensinar a um aluno cego?” 
“Como administrar a presença de um deficiente físico na sala de 
aula lotada?” 
De forma unânime, estas situações de aprendizagem foram as que mais “mexeram” 
com os educadores, sobretudo porque permitiu uma reflexão complexa e 
interarticulada: a concepção sobre o que é uma área de conhecimento; as estratégias 
que podem ser criadas para dar conta dos eixos temáticos das áreas; a integração com 
outras áreas do currículo; como criar estratégias inclusivas; e a forma de avaliar. 
4.1. As oficinas 
Ao promover atividades de simulação, propusemos aos cursistas vivências de uma ou 
mais deficiências, assim como a confecção de instrumentos e recursos que os 
auxiliasse no processo de ensino-aprendizagem e a inclusão dos alunos com 
necessidades especiais. A importância da criticidade e a multiplicidade do olhar foi fator 
preponderante para o sucesso desta etapa. Essas experiências permitiram que eles 
11
percebessem as dificuldades das pessoas com deficiência e como elas eventualmente 
podem se sentir. 
As oficinas tiveram o objetivo instrucional e pedagógico. Todos os professores 
destacaram-se “positivamente” durante os trabalhos. No entanto, os professores do 
Centro Comunitário Ressurreição, ADESF e Escola Municipal Padre Luis Palmeiras 
além do conhecimento relativo às especificidades dos educandos com necessidades 
especiais revelaram também uma compreensão contextualizada dos objetivos e metas 
do trabalho realizado. Suas intervenções articulavam de forma significativa as ações 
propostas pelas estratégias metodológicas vivenciadas e as possíveis adequações a 
serem materializadas pelas diferentes redes no sentido de concretizar as práticas 
inclusivas em sala de aula, assim como em todo o ambiente escolar. 
Não obstante, vale destacar a atuação dos(as) professores(as) Jeronise Silvestre de 
Santana2 e Alberto César S. de Jesus3 (Colégio Padre Luis Palmeira), Midiã Gomes da 
Silva e Miriam Barbosa Gomes4 (Centro Comunitário Ressurreição), assim como as 
diretoras Mônica Queiroz Oliveira5 (Colégio Padre Luis Palmeira) e Maria Lenira Moreira 
Menezes6 (Centro Comunitário Ressurreição). Esses profissionais revelaram 
“competências críticas” indispensáveis a um bom trabalho de formação de professores 
em educação especial, tais como: domínio relativo dos conteúdos e diretrizes 
necessários para a inclusão nas escolas e as práticas necessárias para a inclusão de 
alunos com NEE na escola regular; envolvimento do grupo em projetos de 
conhecimento/estudo coletivo; habilidade para construir dispositivos e seqüências 
didáticas e disponibilidade/interesse para o estudo e a pesquisa. 
2 Estudou a Língua de Sinais Brasileira para dar suporte pedagógico necessário aos alunos com NEE 
que passam por sua classe; 
3 É um professor altamente comprometido e a auto-formação é uma constante. 
4 Participaram ativamente das oficinas auxiliando os colegas e atuando como interpretes quando 
necessário 
5 Diretora da escola regular que tem maior número de alunos com NEE, o trabalho didático-pedagógico 
desenvolvido na unidade de ensino na qual é gestora embasa-se nos pressupostos (na medida do 
possível) necessário para a inclusão de alunos com NEE. 
6 Diretora do Centro Comunitário Ressurreição, escola modelo que funciona no centro de referência e 
apoio aos alunos com NEE. Luta arduamente para a inclusão dos alunos no Ensino Fundamental 3º e 4º 
ciclo de escolas regulares. 
12
4.1.1. Como é ser um deficiente visual 
Iniciamos as oficinas de DV com a apresentação de um documentário sobre deficiência 
visual, a película “Janela da Alma”7. A teoria abordada anteriormente foi fator 
preponderante pára o sucesso da atividade prática e inferência das reais necessidades 
dos alunos com DV. As necessidades específicas dos alunos com DV devem ser 
observadas e acontecer em toda a escola. Professores e colegas devem conhecer 
como enxerga uma pessoa com baixa visão, assim como a necessidade de adaptações 
no ambiente para alunos cegos. A atitude do professor é fundamental para a 
receptividade e acolhida educando. Outrossim, é de fundamental importância o 
trabalho de um tradutor e a cumplicidades entre as partes (educador x tradutor). 
Antes das atividades práticas buscamos 
sensibilizar os educadores simulando a 
percepção do mundo através dos demais 
sentidos. Realizamos uma dinâmica de 
abertura das atividades nas quais os 
educandos deveriam perceber “o outro” 
através do tato, como é “sentir” o mundo? 
Quem disse que não podemos aprender 
brincando? 
7 Um documentário sobre a deficiência visual, no qual dezenove pessoas com diferentes graus da miopia 
à cegueira total - falam como vêem os outros e como percebem e sentem o mundo. Personalidades 
como Marieta Severo (atriz), Hermeto Pascoal (músico), Arnaldo Godoy (vereador), Evgen Bvacar 
(fotógrafo e professor de estética da Surbone), José Saramago (prêmio Nobel), Wim Wenders (cineasta), 
Oliver Sachs (neurologista), e muitos outras fazem surpreendentes e inesperadas revelações sobre a 
visão. 
13 
Durante a realização desta atividade observamos a 
importância do lúdico na aprendizagem.
No local reservado para o trabalho dos grupos havia um espaço propício para 
vivências, fator essencial para a realização deste tipo de atividade. 
4.1.2. Adivinhe pelo tato 
Outra atividade que despertou o interesse dos grupos foi a confecção do alfabeto 
Braille. O objetivo desta atividade é favorecer condições para que cada participante se 
familiarize com o Braille8 como sistema de comunicação para o aluno com deficiência 
visual, em grau de cegueira. A presença do 
tradutor, Timóteo de Jesus Costa (Centro 
Comunitário Ressurreição), contribuiu para o 
sucesso da atividade. Os grupos 
empenharam-se na produção resultando em 
uma situação de aprendizagem significativa. 
A significação tátil dos pontos em relevo do 
invento de Barbier foi a base para a criação 
do Sistema Braille, aplicável tanto na leitura como na escrita, por pessoas cegas, e cuja 
estrutura diverge fundamentalmente do 
processo que inspirou seu inventor. O 
Sistema Braille (ANEXO 1), utilizando seis 
pontos em relevo, dispostos em duas 
colunas, possibilita a formação de 63 
símbolos diferentes que são empregados 
em textos literários nos diversos idiomas, 
como também nas simbologias 
matemática e científica, em geral, na 
música e, recentemente, na Informática. 
8 O Sistema Braille é um código universal de leitura tátil e de escrita, usado por pessoas cegas, inventado 
na França por Louis Braille, um jovem cego. O ano de 1825 é reconhecido como o marco dessa 
importante conquista para a educação e a integração das pessoas com deficiência visual na sociedade. 
14
A educação de pessoas com deficiência visual, como processos para atender a suas 
necessidades particulares, envolvem a aplicação de técnicas especializadas, além das 
utilizadas nos processos gerais de educação. A orientação decorre do processo de uso 
dos sentidos remanescentes, principalmente o tato, a audição e o olfato, a fim de 
estabelecer posição e relacionamento com os objetos significativos do ambiente. 
O processo conjunto de Orientação e Mobilidade (OM) permite que o educando, cego 
ou de baixa visão, adquira a capacidade de se locomover e de se orientar em diversos 
espaços, tais como: escola, lar, comunidade, trânsito, etc. Ao dominar esses espaços e 
sentir-se inserido neles, com independência e naturalidade, o educando adquire maior 
confiança em si e maior domínio pessoal, condições favoráveis a sua integração social. 
O programa de Orientação e Mobilidade, por ser 
muito complexo, deve seguir certas etapas para 
seu desenvolvimento e auxiliar o educando na 
aquisição da capacidade de orientar-se e 
locomover-se independentemente. A oficina teve 
como objetivo ilustrar as habilidades básicas e a 
necessidade de orientações para professores de 
classe regular, pois a locomoção é para o aluno 
com deficiência visual – principalmente para o 
cego – uma das tarefas mais difíceis. Para tanto, 
há necessidade de que o aluno seja orientado 
em determinados procedimentos que facilitarão 
sua mobilidade e a conseqüente integração no 
ambiente escolar. 
15 
Material de suporte técnico para a 
promoção da oficina.
4.2. Ajudas técnicas9 
As atividades de suplementação ampliam, aprofundam ou enriquecem os conteúdos da 
base nacional. Optamos por desenvolver uma oficina de empreendimento, na qual o 
resultado será um plano inclinado de papelão (suporte de leitura para pessoas com 
baixa visão). A atuação do Professor de artes João Carlos Guedes (Colégio Georgina 
Simões) foi crucial para o sucesso do empreendimento. Ele coordenou as atividades 
que exigiam habilidades manuais e deu dicas importantes para o manuseio dos 
instrumentos e materiais utilizados. 
4.2.1. Xiiii... não consigo falar direito. 
O objetivo desta oficina foi fazer com que os educadores refletissem sobre as limitações 
dos alunos com deficiências neuromotoras. Dividimos as turmas em grupos de seis 
componentes e pedimos que cada um deles elegesse um poema, ou pequena história, 
registrassem em uma folha de papel para depois socializar com os colegas, sem no 
entanto antecipar a forma de socialização. Chegado o momento, solicitamos que a 
atividade fosse concluída, no entanto, para socializar verbalmente o texto escolhido 
eles teriam que posicionar e pressionar a 
ponta da língua no final do véu palatino para 
simular dificuldades na fala, situação 
decorrente de paralisia cerebral. Foi um 
grande alvoroço, muitos tentaram desistir. 
Neste momento questionei alguns cursistas 
sobre a sensação que essa limitação causou 
e por que eles desistiram tão rápido. 
“Poxa, é muito cansativo falar desse jeito”. 
“Minha língua, pescoço, boca, tudo dói”. 
9 São consideradas Ajudas Técnicas aquela que, de alguma forma, dão ao aluno autonomia na 
realização de suas atividades, como a ampliação de textos, softweres, cadernos com pautas ampliadas, 
enfim adaptações em materiais e recursos especiais. 
16
“Ah! Não consigo entender nada do que ele fala, parece um deficiente 
mental”. 
“Tive que repetir mais de três vezes para que o colega entendesse, dá 
vontade de desistir”. 
A partir dessas falas foi dada a consigna: “como 
podemos ajudar na comunicação e aprendizagem 
dos alunos com paralisia cerebral”. Mostramos 
alguns slides (APÊNDICE A) com exemplos de 
Ajudas Técnicas para os grupos e foram eleitas 
as pranchas de comunicação e suas múltiplas 
possibilidades em diferente níveis de uso, desde 
a comunicação de atividades diárias, até a 
produção de pequenos textos e reflexão sobre a 
língua (classes gramaticais). Partimos para a 
ação! Material disposto sobre as mesas e cada 
grupo confeccionou uma prancha tamanho “size” 
e articularam entre eles uma apresentação para 
que pudessem ser discutidas as possibilidades 
concretas de uso. Concomitante com essa ação, 
os cursistas desenvolveram um plano de aula 
(com práticas inclusivas) para que a 
apresentação assumisse o corpus de uma 
simulação. Algumas dúvidas surgiram e a 
mediação do formador foi necessária. Entretanto, 
o resultado do trabalho possibilitou a reflexão 
sobre a criatividade e comprometimento do 
educador no desenvolvimento de Ajudas 
Técnicas para a inclusão dos alunos com 
deficiências neuromotoras. 
17
4.2.2. A comunicação através da linguagem, não importa qual seja! 
Os processos de desenvolvimento do pensamento e da linguagem incluem o conjunto 
de interações entre a criança e o ambiente, podendo os fatores externos afetar esses 
processos, positiva ou negativamente. Torna-se, pois, necessário desenvolver 
alternativas que possibilitem às crianças com necessidades especiais, meios de 
comunicação que as habilitem a desenvolver o seu potencial lingüístico. Pessoas 
surdas podem adquirir linguagem, comprovando assim seu potencial lingüístico. 
Já está comprovado cientificamente que o ser humano possui dois sistemas para a 
produção e reconhecimento da linguagem: o sistema sensorial, que faz uso da 
anatomia visual/auditiva e vocal (línguas orais) e o sistema motor, que faz uso da 
anatomia visual e da anatomia da mão e do braço (língua de sinais). Essa é 
considerada a língua natural dos surdos, emitida através de gestos e com estrutura 
sintática própria. Na aquisição da linguagem, as pessoas surdas utilizam o segundo 
sistema porque apresentam o primeiro sistema seriamente prejudicado. Várias 
pesquisas já comprovaram que crianças surdas procuram criar e desenvolver alguma 
forma de linguagem, mesmo não sendo expostas à língua de sinais. Essas crianças 
desenvolvem espontaneamente um sistema de gesticulação manual que tem 
semelhança com outros sistemas desenvolvidos por outros surdos que nunca tiveram 
contato entre si e com as línguas de sinais já conhecidas. Existem estudos que 
demonstram as características morfológicas desses sistemas. 
A oficina teve início com a distribuição de tampões auriculares, favorecendo condições 
para que cada professor vivencie a simulação da surdez, através do impedimento da 
percepção auditiva. Houve certa resistência por parte de alguns componentes dos 
grupos para a sua utilização. No entanto, os formadores conseguiram mediar a situação 
com um diálogo franco sobre a proposta e o comprometimento com a aprendizagem 
significativa. Foi proposta uma atividade de sensibilização, a qual tinha como objetivo 
principal a percepção do ambiente sem o sentido da audição. Após a colocação dos 
tampões a consigna foi dada, entretanto, o tom de voz utilizado pelos formadores, 
18
propositalmente, poderia ser comparado 
a um sussurro. A compreensão das 
ações de comando ficou prejudicada, 
mas as instruções eram claras: em 
hipótese alguma os tampões poderiam 
ser retirados e alternativas de 
comunicação deveriam ser criadas para 
que conseguíssemos promover a 
interação através da linguagem, quer 
sinestésica quer lingüística. Sem o 
conhecimento da turma, solicitamos um intérprete de LIBRAS que fizesse tradução 
simultânea. 
Foi um alvoroço! Alguns cursistas 
perceberam a intenção inicial e 
desenvolveram a comunicação através de 
gestos e Ajudas Técnicas, buscaram meios 
de interação com os demais componentes 
dos grupos, outros ficaram apenas 
observando e tentando compreender o que 
acontecia a sua volta. O comando para a 
retirada dos 
tampões foi 
dado através de gestos e a articulação natural dos 
lábios, sem a emissão de voz, uma grande porcentagem 
dos participantes não compreendeu. Apenas quando 
perceberam as ações de outros é que tomaram a 
iniciativa e retiraram os tampões. O intento foi alcançado 
com êxito. Explicamos o intento e abrimos espaço para 
relatos da experiência vivida naquele momento. 
19 
Intérprete realizando a tradução simultânea. 
Formadoras comentando sobre a consigna 
apenas com articulação labial, previamente 
combinada. 
Cursistas treinando a articulação 
do alfabeto manual.
As oficinas tiveram caráter dinâmico e participativo, nas quais os cursistas 
demonstraram grande interesse. Foram realizadas atividades práticas e escritas, dentre 
elas estava a comunicação através do alfabeto manual (ANEXO 2). Alguns cursistas 
comentaram sobre a dificuldade da articulação dos gestos representativos do alfabeto 
manual. 
“Eu não consigo dobrar meus dedos, isso dói.” 
“Como será que eles (pessoas com deficiência auditiva) 
conseguem se comunicar 
através de gestos com 
tanta rapidez?” 
“Eu não consigo 
coordenar tanta coisa de 
uma vez, não vou 
conseguir.” 
Após a atividade de articulação dos gestos 
correspondentes ao alfabeto manual, 
exercitamos o conhecimento anteriormente adquirido ao realizarmos uma atividade de 
caça-palavras, representadas pelo alfabeto manual. 
“O principal modelo para identificação lingüística 
na infância, acabam por desenvolver um sistema híbrido de comunicação e crescem 
acreditando ser esse sistema de signos legítimo. Ao produzir “sinais na fala”, ou a “fala 
sinalizada”, crêem dominar uma única língua combinada e não duas (português e 
libras), o que lhes oportunizaria a reflexão sobre sua condição bilíngüe e os 
desdobramentos dela decorrentes. Não se julgariam deficientes, incapazes, ou 
limitados, mas sujeitos que, semelhante a estrangeiros, estão em um processo de 
aprendizado de L2 que demanda tempo, dedicação e esforço, porém que pode ser bem 
sucedido”. 
Convidamos a professora Aline Cruz, especialista em LIBRAS e pesquisadora de 
Língua Portuguesa como L2, para presidir as oficinas de leitura e escrita. Ela principiou 
o estudo da Língua de Sinais e proporcionou aos grupos contato com o dicionário de 
LIBRAS (INES) e acesso a Legislação que garante o direito de pessoas com deficiência 
20 
Cursistas realizando atividade escrita.
auditiva. As oficinas de leitura e escrita 
tiveram como objetivo a explicitação de 
estratégias que favoreçam o acesso do aluno 
à leitura através do contato com diferentes 
materiais escritos; Incentivando o aluno a 
identificar o livro como instrumento que 
favorece a expansão de seus conhecimentos, 
além de constituir-se em fonte de 
entretenimento. A formadora apresentou 
alguns exemplos de atividades de leitura e 
produção escrita, discutindo com os participantes as adaptações necessárias ao 
trabalho com o aluno surdo no contexto de uma sala inclusiva. 
Acreditamos que depois de ter desenvolvido 
algumas dessas atividades, seria uma boa idéia 
convidar pessoas adultas, com deficiência, para 
conversar com a comunidade escolar sobre sua 
vivência, suas dificuldades e as soluções que 
encontraram para problemas enfrentados na 
vida. Assim convidamos o aluno do Centro 
Comunitário Ressurreição para interagir conosco. 
Geralmente, os alunos aproveitam muito bem 
essas oportunidades para fazer todo tipo de pergunta e satisfazer sua curiosidade 
natural. E as pessoas com deficiência, na sua maioria, têm muito prazer neste contato e 
sentem-se gratificadas em participar dessas atividades e poder conversar com a 
comunidade sobre suas necessidades especiais, bem como sobre os suportes que lhes 
permitem viver na comunidade. Também as pessoas sem deficiência se beneficiam 
desta convivência, aprendendo o quanto podemos crescer num ambiente permeado 
pela diversidade humana. 
21 
Cursistas na oficina de leitura e escrita
5. REFLEXÕES DO FORMADOR 
5.1. Condições 
O enfoque da formação foi colocado na sala de aula. O objetivo deste trabalho foi 
encontrar abordagens que, no contexto do currículo comum, resultam em classes 
inclusivas. Não teve como objetivo apresentar detalhadamente as condições 
necessárias à implementação da educação inclusiva nem descrever as etapas 
necessárias à construção de uma escola inclusiva. Foi nossa intenção focar a 
necessidade de uma nova práxis e o desenvolvimento de estratégias para a promoção 
da inclusão, assim como as características de um currículo facilitador da inclusão e 
apresentá-las a um vasto público. Mas, a educação inclusiva não acontece no vácuo e 
o estudo recolheu informações sobre os pré-requisitos da educação inclusiva. A 
literatura estudada e, sobretudo, os exemplos de boas práticas e os debates entre 
especialistas, revelaram que devem ser respeitadas um conjunto de condições claras. 
Apresentam-se, seguidamente, alguns exemplos dessas condições: 
5.2. Professores 
Obviamente que a inclusão depende largamente da atitude dos professores face aos 
alunos com necessidades especiais, das suas percepções sobre as diferenças na sala 
de aula e da sua vontade de lidar, eficazmente, com essas diferenças. A atitude dos 
professores foi indicada como um fator decisivo na construção de escolas inclusivas. Se 
os professores não aceitarem a educação de todos os alunos como parte integrante do 
seu trabalho, tentarão que alguém (muitas vezes o professor especialista) assuma a 
responsabilidade pelos alunos com NEE e organize uma segregação “dissimulada” na 
escola (por exemplo, classe especial). 
“Para garantir uma atitude positiva por parte do professor, é 
preciso que este aceite receber um aluno com uma deficiência 
severa na sua classe”. 
(G. B. O. cursista) 
22
Os estudos de caso revelaram que os professores envolvidos na inclusão referem, 
muitas vezes, os alunos com necessidades educativas severas, mais como recursos 
positivos para a classe do que como “um problema a superar”. 
“As atitudes positivas não são suficientes para a gestão das 
diferenças na sala de aula. Os professores necessitam também de 
métodos, de materiais adequados, de competências e de tempo 
para adquirir conhecimentos através da formação contínua e da 
própria experiência, elementos essenciais para a gestão das 
diferenças na sala de aula”. 
(A.P. F. Cursista) 
A educação de alunos com necessidades educativas especiais na classe regular 
implica uma adaptação do currículo comum. Os professores questionaram o confronto 
com o “como ensinar estes alunos”. Os alunos com necessidades especiais precisam 
de mais tempo de ensino e de outros métodos bem como, de outros conhecimentos por 
parte dos profissionais. Assim a inclusão de alunos com NEE envolve um aumento de 
recursos (mais tempo atribuído aos professores) ou uma reorganização dos mesmos 
(diferente utilização do tempo disponível). Essa questão gerou polemica, pois muitos 
professores resistiram a necessidade da demanda de tempo para a auto-formação. 
“Como posso estudar se trabalho o dia inteiro e tenho que dar 
conta da minha vida pessoal” 
(L. M. P. A. Cursista) 
“A busca por iniciativa pessoal sobrecarrega o professor e deixa 
sem suporte. O professor que não tem essa iniciativa acaba 
prejudicando seus alunos”. 
(I. M. A.L. Cursista) 
A heterogeneidade da turma permitiu a divergência de opiniões, assim após as 
discussões e reflexões os cursistas inferiram que o aumento do tempo disponível 
(utilizando, por exemplo, os auxiliares de educação) ou a melhoria dos conhecimentos 
profissionais dos professores (através da formação contínua, suporte dos colegas ou 
das equipas de apoio) constituem maneiras diferentes de aumentar os recursos 
necessários à educação inclusiva. 
23
“Os professores podem encorajar os outros alunos a trabalhar de 
forma mais independente, a trabalhar com os computadores e a 
entre ajudarem-se (trabalho a pares ou tutoria) de forma a que os 
alunos com necessidades especiais possam beneficiar de mais 
tempo de ensino”. 
(L. M. M. cursista) 
Uma última questão importante relaciona-se com a sensibilidade e as competências do 
professor para incrementar relações sociais significativas entre os alunos. Para os 
alunos com NEE (e seus pais) as interações significativas com os pares ditos “normais” 
são da maior importância. Não só é importante que o professor adote uma atitude 
correta, como possua conhecimentos que possibilitem o desenvolvimento de interações 
sociais significativas na sala de aula. 
5.3. Escola 
É claro que a resposta aos alunos com necessidades educativas especiais não é 
apenas uma questão de recursos para sala de aula. Importa reconhecer que a 
organização da escola determina, igualmente, a quantidade e o tipo dos recursos que 
os professores podem usar no ensino de alunos com NEE. Deve ser dada uma especial 
atenção ao papel do diretor da escola, não apenas como figura determinante no 
processo de afetação de recursos de apoio; mas também atendendo a que a sua 
liderança constitui um fator decisivo na educação inclusiva. O gestor é a pessoa-chave 
que pode implementar mudanças no interior das escolas e iniciar novos projetos. 
A organização dos recursos, no seio da escola, deve corresponder ao princípio da 
flexibilidade. É necessário um apoio flexível dos colegas, do diretor e do professor 
especializado. Essa prática é perceptível em uma das Escolas do Município, Padre Luis 
Palmeira, na qual o comprometimento e superação dos limites é característica 
primordial da sua gestora, Mônica Queiroz de Oliveira, que busca dialogar a prática do 
24
Centro Referencial de Apoio, Ressurreição, com a sua realidade, o “Acolhimento sem 
Habilitação” buscando a adequação e a capacitação do seu corpo docente. 
5.4. Práticas eficazes 
É claro que a mobilização de forças, o conhecimento e a especialização, bem como, os 
recursos de escolas agrupadas são superiores aos de uma única escola, e esse é o 
objetivo da Secretaria de Educação de Simões Filho. Formar e capacitar seus 
professores, fator essencial para a inclusão de alunos com NEE nas escolas regulares. 
A SEDUC proporciona apoio aos alunos com necessidades especiais, implementando 
atendimento paralelo por grupo de especialistas, profissionais habilitados a desenvolver 
trabalho de suporte fonológico e psicopedagógico para auxiliar os alunos com NEE, 
sem retirá-los da sala de aula, para sessões de trabalho que permitem que os alunos 
não sejam excluídos da classe regular. Dentre os especialistas são citados terapeutas 
ocupacionais, psicólogos, psiquiatras, fonoaudiólogos, assistentes sociais, entre outros. 
Estes profissionais ajudam o professor a descobrir os caminhos possíveis para facilitar 
a aprendizagem do aluno. 
O trabalho cooperativo entre o professor da classe regular e o professor especialista em 
educação especial de discutir criticamente sobre sua prática pedagógica ou mesmo 
sobre as necessidades educacionais especiais desse aluno. O professor especialista 
em educação especial, por outro lado, tem ampliado seu campo de atuação apoiando o 
professor da classe regular. A interface da equipe pedagógica (professor do ensino 
regular e especialista em educação especial) com a rede de apoio da área da saúde e 
assistência complementam entre si, tanto nas políticas de atendimento quanto na 
organização dos saberes. 
25
5.5. Síntese dos resultados 
Acreditamos que para Cumprir o(s) objetivo(s) desta formação, em primeiro lugar, é 
preciso tratar os participantes como professores, isto é, como “mestres do seu fazer 
pedagógico” e não como “nossos alunos”, pois como diz Richard Bach (“Ilusões”): 
“Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto quanto você”. Dessa ótica, a 
“crise de confiança” no conhecimento profissional do professor constitui um dos 
principais “empecilhos” na concretização de um trabalho de formação reflexiva, uma 
vez que essa “crise” é o resultado de um tipo de racionalidade cuja epistemologia 
expropria o professor da oportunidade de refletir e gerenciar sua própria prática 
profissional. Assim, é sempre uma “grata surpresa” perceber como, em sendo 
oferecidas as condições adequadas, os professores assumem efetivamente a condição 
de a(u)tores da sua prática, refletindo e instituindo uma nova forma de compreender 
seu próprio papel de educador. 
Podemos afirmar tranqüilamente que os professores de Simões Filho começaram a 
adentrar um novo território, onde a formação continuada foi vista, sobretudo, como um 
processo de melhoramento do “humano professor” que habita em cada um de nós. Ao 
refletir seus reflexos identitários foi possível romper alguns dos pressupostos que 
ancoravam a compreensão da formação como transmissão e instaurar o desejo pelo 
aprendizado contínuo de sua própria formação. Isso é fundamental, pois os 
profissionais do ensino lidam frequentemente com a incerteza, com a singularidade e 
com o conflito. Ao que nós acrescentaríamos: lidam também com a subjetividade e com 
o imaginário social dos participantes de um determinado grupo. Com isso, seus 
esforços terminam por provocar resultados inesperados. 
Dessa forma, para além dos resultados alcançados e registrados no Relatório; 
gostaríamos de ressaltar que o grupo produziu concretamente uma experiência 
autônoma de “práticas inclusivas em sala de aula”. Apesar da “confusão e do mistério 
nas fases teóricas iniciais” da Formação, ao tentar agir sobre o que viram e ouviram, os 
professores em pouco tempo apreenderam o sentido das “práticas inclusivas em sala 
26
de aula”. O diálogo mantido com o grupo e a postura de não considerá-los como 
“alunos”, mas como “intelectuais” possibilitou uma ação recíproca com resultados 
positivos para o grupo. 
Desejamos, portanto, encerrar este Relatório afirmando que boa parte do “sucesso” e 
dos resultados efetivamente obtidos resultaram da postura assumida logo no início do 
trabalho entre o formador e o grupo, através de um “contrato” que trouxe como questão 
central a pergunta: O que cada um trouxe? O que cada um levará como resultado desta 
Formação? Quais são as responsabilidades mútuas de cada membro do grupo? 
Eliminando de nossa pauta diagnósticos banais e comuns sobre a “falta de preparo”, a 
“inabilidade dos professores” ou “mau entrosamento do grupo”, que dizem mais da 
incapacidade do formador em promover e vivenciar um trabalho de reflexão coletiva. 
Isso, obviamente exige não só uma habilidade técnica e conhecimentos teórico-conceituais 
específicos, mas uma disposição para dialogar francamente e lidar com as 
dimensões afetivas (prazerosas e conflitivas) que toda prática pedagógica comporta e 
implica. Ou seja, ensinamos melhor aquilo de que mais precisamos (todos nós) 
aprender “(Freud) 
27
6. CONCLUSÕES 
O pouco que se pode observar da relação entre os professores e a Secretaria de 
Educação foi revelado por suas próprias falas e pelas questões de encaminhamento. O 
município tem avançado na valorização do professor (salários, horário para estudo 
coletivo). O que pode ser um indicativo de que as coisas possam caminhar. Além disso, 
gostaria de destacar a competência revelada pela Secretária de Educação de Simões 
Filho, Mariza Pimentel Mota Bomfim, assim como toda a equipe de coordenação 
pedagógica, na organização desta formação (em termos de estrutura física, 
equipamentos, material didático e xérox). Coisa rara de se encontrar, com tanta 
eficácia, nos nossos trabalhos. Mas, sobretudo, é importante ressaltar a disponibilidade 
da Secretária, aliada à prioridade dada ao Evento. 
O professor transforma-se num “agente de mudança”, comprometido com as 
transformações que a realidade exige, ou seja, assume tanto a sua prática pedagógica 
como também, a tarefa de construir conhecimentos sobre as novas tecnologias, 
entender porquê e como interagir estas na sua prática pedagógica e ser capaz de 
superar entraves administrativos e pedagógicos, de um sistema fragmentado de ensino, 
como era o tradicional, para uma abordagem integradora de conteúdo, voltada para a 
resolução de problemas específicos do interesse de cada aluno. 
Diante do exposto, o professor adquire uma postura que o coloca num âmbito mais 
amplo da sociedade, no sentido de criar soluções visando a solucionar os desafios, 
possibilitando discussão em grupo do problema, das hipóteses e avaliação da melhor 
solução proposta para um problema, por exemplo. O perfil do professor a ser formado é 
alguém, aberto ao diálogo e às mudanças, à ação cooperativa num ambiente em que o 
aluno é sujeito da aprendizagem e o professor atua como mediador; com cultura sólida 
que lhe possibilite uma prática interdisciplinar e contextualizadas, dominando novas 
tecnologias educacionais; com atitudes de buscas e de experimentação e de crítica de 
interesses e trabalho solidário. Imbuído de uma formação crítica, ele não pode deixar 
de ser exigente e sensível, por eu essas qualidades lhe permitem melhorar seus 
métodos no sentido de poder conquistar junto com o aluno, uma relação de 
28
reciprocidade e cooperação, no qual, ambos realizam uma interação promovendo a 
educação integral, de qualidade, na qual, o aluno desenvolve-se em todas as 
dimensões: cognitiva, afetiva, social, moral, física e estética. 
29

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Capacitação Inclusiva Professores

  • 1. SUMÁRIO Introdução 1. CARACTERIZAÇÃO DO GRUPO ..................................................................... 2. OBJETIVOS ................................................................................................ 3. METODOLOGIA .......................................................................................... 4. NOSSA TRAJETÓRIA ................................................................................... 4.1. As oficinas .......................................................................................... 4.1.1. Como é ser um deficiente visual ................................................... 4.1.2. Adivinhe pelo tato ........................................................................... 4.2. Ajudas técnicas ................................................................................. 4.2.1. Xiiii... não consigo falar direito ...................................................... 4.2.2. A comunicação através da linguagem, não importa qual seja! .. 5. REFLEXÕES DO FORMADOR ........................................................................ 5.1. Condições ........................................................................................... 5.2. Professores ......................................................................................... 5.3. Escola .................................................................................................. 5.4. Práticas eficazes ................................................................................ 5.5. Síntese dos resultados ...................................................................... 6. CONCLUSÕES ............................................................................................ 3 4 5 6 8 11 13 14 16 16 18 22 22 22 24 25 26 28
  • 2. Capacitação é a ação de capacitar, ou seja, de tornar capaz e, ou habilitar indivíduos, grupos, comunidades e populações para a ação. Temos um desafio muito grande: formar educadores competentes, capazes de identificar e valorizar os saberes que seus educandos possuem e desvincular-se do papel de sujeitos capazes de apenas transmitir conhecimento, repassar saberes. É preciso a assunção da educação inclusiva e legitimar a importância do seu papel como agente integrador do aluno pela via do conhecimento, e não sob o prisma reducionista da deficiência, que assume uma dimensão muito forte em relação às suas outras características pessoais, não devendo ocupar, portanto, uma posição hierárquica inferior à da escola regular no que se refere à qualidade da prática pedagógica. É preciso construir uma prática pedagógica não reducionista, que considere todas as possibilidades de progressos do aluno. Uma verdadeira escola democrática será aquela em que a deficiência não seja encarada somente pelo prisma do que falta a esses sujeitos, que as diferenças culturais não sejam transformadas em deficiência escolares e que a própria trajetória escolar não se constitua em mais um mecanismo de produção da diferença / deficiência. A função da educação, numa sociedade democrática, é criar condições para que todos os alunos desenvolvam suas capacidades, respeitadas suas diferença, preparando – os para o exercício da cidadania. Isto implica em uma política educacional que os inclua efetivamente no sistema de ensino. Assumimos o desafio de formar sujeitos que sejam capazes de ler a necessidade de seu grupo, de selecionar material adequado para buscar a solução de problemas que deverão enfrentar e não apenas sujeitos capazes de reproduzir as atividades propostas no material do programa. Desafio de formar pessoas críticas, capazes de ler nas entrelinhas e de assumir uma posição própria, que interajam, ao invés de persistir em formar indivíduos dependentes de regras, normas, cartilhas. O desafio é formar pessoas desejosas de penetrar no mundo da educação, dispostas a identificar-se com o parecido ou solidarizar-se com o diferente. Assumir este desafio significa abandonar as atividades mecânicas e posicionar-se como parceiro, co-produtor. Enfrentar este desafio implica uma mudança profunda, e levá-lo à prática não será uma tarefa fácil. 3
  • 3. 1. CARACTERIZAÇÃO DO GRUPO A realização da capacitação para os professores do ensino fundamental da rede municipal de Simões Filho-BA ocorreu no período de 16 a 29 de agosto de 2006, no Centro Comunitário Ressurreição, situado na sede do município, com a carga horária de duzentas horas cumprida, sendo, 50% do total, aulas práticas, garantindo a indissociabilidade das funções de pesquisa, ensino e extensão e das relações entre teoria e prática. Dessa forma, os professores poderão preparar-se para trabalhar em níveis diferentes além de desenvolverem a habilidade de ensinar a todos os alunos. Participaram da capacitação, alem de três membros da equipe formadora, aproximadamente oitenta participantes, dos quais 74 eram professores (do ensino fundamental e educação de adultos) e, ainda, participaram diretores, supervisores e secretários de escolas, bem como, representantes do poder Local e a Secretária de Educação do município. O número de presentes e participantes superou todas as expectativas, obrigando-nos a formar dois grupos para formação simultânea. A heterogeneidade do grupo não foi barreira para a sua integração durante as etapas e atividades propostas. Havia um clima de amizade mútua. Os professores, de um modo geral, já eram conhecidos uns dos outros. Entretanto, o grupo como um todo encontrou bastante dificuldade para dar “sentido” ao programa, isto é, atribuir significado ao modelo de funcionamento de práticas inclusivas. Observamos que as discussões da Plenária Inicial tiveram pouca “ressonância” na compreensão do grupo. Ao perguntar, por exemplo, sobre a finalidade da sua presença na formação, a maioria dos professores continuava com a “representação” de que eles estavam ali para “aprender” formas diferentes de “passar o conteúdo” para os educandos com necessidades especiais”. Outros esperavam “estudar os Braille e a Língua de Sinais Brasileira”, ou seja, achavam que “aprenderiam Libras e Braille”. 4
  • 4. 2. OBJETIVOS O principal objetivo desta formação consiste em disponibilizar informação sobre a gestão das diferenças na sala de aula e sobre as condições necessárias para a sua implementação com sucesso. Esperamos, assim, responder a algumas questões relativas à educação inclusiva. É necessário compreender, em primeiro lugar, o que funciona em contextos inclusivos, preparando educadores para apoiar o desenvolvimento docente para a inclusão; em segundo lugar a forma como funciona a educação inclusiva, desenvolvendo práticas de ensino inclusivas a fim de combater a exclusão e responder à diversidade de estilos de aprendizagem nas salas de aula; e finalmente, é preciso saber porque funciona (em que condições) para assim transformar o ambiente escolar em um espaço inclusivo: acolhedor de aprendizagem colaborativa continua e responsivo às diferenças humanas. 5
  • 5. 3. METODOLOGIA Diferentes tipos de atividades contribuíram para responder e estas questões. Numa primeira etapa foi feita a sensibilização, baseado na literatura textual e imagética, com uma descrição dos diferentes modelos e das condições necessárias para implementar Praticas Inclusivas, fornecendo elementos fundamentais para a compreensão que a atuação do professor, como mediador, determina a qualidade da relação que o estudante manterá com o objeto de estudo, numa abordagem participativa e colaborativa. A fase da revisão da literatura teve como objetivo mostrar o que funciona em contextos inclusivos. O enfoque é aqui colocado na forma como os professores gerem a sala de aula para lidar com uma diversidade de alunos incluindo os que apresentam NEE. Contudo, como mencionamos anteriormente, as condições externas não devem ser negligenciadas, quando se estudam as práticas de sala de aula. Na segunda fase, a dos estudos de caso, o enfoque foi colocado sobre a maneira como funciona e sobre as condições necessárias a esse funcionamento. Tendo como eixo a reciprocidade, entendemos que a vertente mais importante de um estudo desta natureza é a capacitação, convertendo o esforço da pesquisa numa oportunidade de construção coletiva do conhecimento, a fim de subsidiar as soluções a serem encontradas conjuntamente. Os profissionais analisaram exemplos de boas práticas nos e foi-lhes pedido para se centralizarem na prática da sala de aula e para focalizarem, essencialmente, os fatores ligados ao currículo. Contudo, é necessário descrever não só as características do currículo como também o contexto e as condições para implementá-lo: especialmente aquelas condições e variáveis do contexto consideradas necessárias para implementar o currículo. Estas condições e variáveis do contexto podem situar-se a vários níveis: no professor (conhecimentos e competências necessárias, atitudes e motivação), na sala de aula, na escola, na equipe pedagógica, nos serviços de apoio, nas questões legislativas e de financiamento, etc. Finalmente, no âmbito da práxis reflexiva, os professores visitaram, interagiram, analisaram e avaliaram suas práticas com o objetivo de identificarem as características 6
  • 6. mais significativas das estratégias de ensino inclusivas, como práticas inovadoras de sala de aula. As observação e interação com o ambiente favorável, o Centro comunitário Ressurreição, local onde a educação inclusiva é praticada e os debates com os especialistas participantes permitiram uma melhor compreensão sobre o que funciona, como e por que. 7
  • 7. 4. NOSSA TRAJETÓRIA As atividades de capacitação planejadas e executadas pela equipe aconteceram inseridas no contexto educacional favorável, já que no Centro Comunitário Ressurreição funciona um centro educacional de apoio e referência para alunos especiais, proporcionando a imersão dos educadores em ambiente específico. As atividades pensadas e desenvolvidas objetivaram criar condições para o conhecimento, reflexão e discussão sobre o tema “Educação Inclusiva” e, ainda, socialização e troca de informações na construção coletiva de proposta de inclusão de conteúdos trabalhados em torno do tema, bem como de metodologias, instrumentos e técnicas de ensino nas disciplinas do currículo escolar do ensino fundamental da rede municipal de Simões Filho. A programação foi preparada de forma concentrada, mas articulada em torno da temática, e executada conforme cronograma. Na aula inaugural, os trabalhos foram abertos pela Secretária de Educação do município, ouvindo-se além da sua fala, às da diretora pedagógica do município, Reginalva Ribeiro da Silva Santos e da coordenadora pedagógica da Talento. RH, consultoria em carreiras, e sua equipe. Ao final a mesa foi desfeita e os trabalhos foram iniciados com a palestra sobre “Pedagogia do Afeto” e a apresentação da película “Sempre Amigos”1, filme no qual a atriz Sharon Stone representa uma mãe dedicada em busca da inclusão de seu filho na escola regular. Em seguida tivemos a discussão sobre a importância do afeto e educação em valores no sistema escolar. Os trabalhos foram encerrados às 18 horas, com a ratificação do compromisso diário 1 O filme conta a história de dois meninos e da amizade entre eles. Kewin sofre de distrofia muscular, e é superdotado. Max, com treze anos, tem pouca inteligência, é muito arredio e não tem amigos, é forte e grande. Uma grande amizade entre eles se inicia quando Kewin e sua mãe se tornam vizinhos de Max. 8 O intento obteve êxito, conseguimos sensibilizar os grupos e fazê-los refletir sobre a necessidade de práticas inclusivas.
  • 8. assumido pelos professores e equipe gestora e falas dos professores sobre a qualidade, importância, incentivo para implementação de novas ações inclusivas. Alguns professores afirmavam que aquela formação serviria, sobretudo, para utilizarem as atividades sugeridas nas suas salas de aula. Ou seja, não havia uma clareza de que o professor é o principal responsável pela inclusão, já que a sua prática irá refletir na formação da cidadania e igualdade de direitos. Esse fato exigiu de nossa parte um trabalho maior na explicitação dos valores, estratégias e práticas inclusivas, objetivando contextualizar as ações realizadas. Mesmo assim, constatamos que o grupo só entrou em “conflito” no momento de planejar as simulações. Nesse momento, o grupo conseguiu efetivamente apropriar-se do “funcionamento” da formação. Suas falas são bastante sugestivas: “Eu vim para aprender coisas novas” “Eu trouxe muita curiosidade sobre práticas inclusivas” “Eu queria encontrar uma chave que abrisse as portas para compreender como se dá a aprendizagem dos alunos cegos” “Ter um aluno com necessidades educacionais especiais na sala regular não vai prejudicar os demais alunos?” “Acredito que vamos ter atividades práticas” Nos momentos do estudo epistemológico e leitura das fontes bibliográficas onde as questões discutidas poderiam ser aprofundadas houve “resistência” às atividades propostas. Entretanto, os grupos participaram com facilidade das dinâmicas sugeridas, e oficinas realizadas. Assim boa parte dos “textos extras” (indicados para uma leitura posterior) distribuídos foi lida durante a noite, após as atividades práticas. Mas, o ponto que deve ser destacado, em relação aos grupos, diz respeito ao impacto da reflexão sobre as estratégias metodológicas vivenciadas. “Como posso ensinar um aluno com necessidades educacionais especiais enquanto tenho outras dezenas de alunos sem deficiência, que tenho de dar conta na sala de aula?” “Como agir com um aluno que apresente necessidades educacionais especiais?” “Como ensinar a um aluno surdo?" 9
  • 9. “Como ensinar a um aluno cego?” “Como administrar a presença de um deficiente físico na sala de aula lotada?” Em um dado momento, um dos professores disse: “Eu estou notando que para trabalharmos com práticas inclusivas temos que conhecer sobre as necessidades especiais de nossos educandos, para só depois conseguirmos identificar o problema e desenvolver técnicas de ensino, não é?”. Devolvi imediatamente a questão ao grupo e ouvi o relato de uma das professoras: “Uma coisa é a técnica, o procedimento direcionado ao simples fazer. Nesse sentido, a SDEUC poderia ter feito os livrinhos e mandado entregar nas Secretarias. Aí, sim, seria mais uma receita. Mas veja, nós estamos aqui e você pode observar que antes, durante e depois de cada atividade o A. [coordenador] reserva um momento para explicar a finalidade, o que se espera do grupo, o que se vai fazer, porque se fez, quais as conclusões, que mudanças poderiam ser feitas. Quer dizer, nós estamos o tempo todo pensando a ação e isso não é técnica, é reflexão, é pensamento” Dentre as estratégias que provocaram mais impacto nos professores, vale destacar a discussão do tópico “Acolhimento sem habilitação”. A vivência dos educadores foi fator preponderante para o enfrentamento pratica e realidade, assim como, debate coletivo sobre postura pessoal e profissional necessária ante a inclusão de educandos com necessidades especiais. Essas ações não só fazem a ligação com o diagnóstico elaborado sobre a realidade das escolas da região e programa elaborado, mas também permitem compreender a noção de “competência” e o papel do professor na educação inclusiva. Assim, o professor precisa estar preparado para desenvolver competências diferentes das práticas tradicionais, em direção a uma ação pedagógica multidisciplinar voltada 10
  • 10. para a aprendizagem do aluno – sujeito envolvido no processo, com todos os fatores que fazem parte do seu universo, ou seja, também os fatores afetivos e sociais. Nessa mesma direção, as histórias lidas pelo formador, as memórias e as simulações constituem-se em elementos “poderosos” da formação dos educadores, seja ativando a reflexão coletiva do grupo seja provocando “insights” sobre o significado das estratégias para práticas inclusivas. Nesse contexto, um das estratégias mais “eficazes” do ponto de vista da competência simbólica dos educadores foi o trabalho com as oficinas de aprendizagem, nas quais a aquisição de novos conhecimentos pelos educandos com necessidades especiais foi o cerne da questão. “Como posso ensinar um aluno com necessidades educacionais especiais enquanto tenho outras dezenas de alunos sem deficiência, que tenho de dar conta na sala de aula?” “Como agir com um aluno que apresente necessidades educacionais especiais?” “Como ensinar a um aluno surdo?" “Como ensinar a um aluno cego?” “Como administrar a presença de um deficiente físico na sala de aula lotada?” De forma unânime, estas situações de aprendizagem foram as que mais “mexeram” com os educadores, sobretudo porque permitiu uma reflexão complexa e interarticulada: a concepção sobre o que é uma área de conhecimento; as estratégias que podem ser criadas para dar conta dos eixos temáticos das áreas; a integração com outras áreas do currículo; como criar estratégias inclusivas; e a forma de avaliar. 4.1. As oficinas Ao promover atividades de simulação, propusemos aos cursistas vivências de uma ou mais deficiências, assim como a confecção de instrumentos e recursos que os auxiliasse no processo de ensino-aprendizagem e a inclusão dos alunos com necessidades especiais. A importância da criticidade e a multiplicidade do olhar foi fator preponderante para o sucesso desta etapa. Essas experiências permitiram que eles 11
  • 11. percebessem as dificuldades das pessoas com deficiência e como elas eventualmente podem se sentir. As oficinas tiveram o objetivo instrucional e pedagógico. Todos os professores destacaram-se “positivamente” durante os trabalhos. No entanto, os professores do Centro Comunitário Ressurreição, ADESF e Escola Municipal Padre Luis Palmeiras além do conhecimento relativo às especificidades dos educandos com necessidades especiais revelaram também uma compreensão contextualizada dos objetivos e metas do trabalho realizado. Suas intervenções articulavam de forma significativa as ações propostas pelas estratégias metodológicas vivenciadas e as possíveis adequações a serem materializadas pelas diferentes redes no sentido de concretizar as práticas inclusivas em sala de aula, assim como em todo o ambiente escolar. Não obstante, vale destacar a atuação dos(as) professores(as) Jeronise Silvestre de Santana2 e Alberto César S. de Jesus3 (Colégio Padre Luis Palmeira), Midiã Gomes da Silva e Miriam Barbosa Gomes4 (Centro Comunitário Ressurreição), assim como as diretoras Mônica Queiroz Oliveira5 (Colégio Padre Luis Palmeira) e Maria Lenira Moreira Menezes6 (Centro Comunitário Ressurreição). Esses profissionais revelaram “competências críticas” indispensáveis a um bom trabalho de formação de professores em educação especial, tais como: domínio relativo dos conteúdos e diretrizes necessários para a inclusão nas escolas e as práticas necessárias para a inclusão de alunos com NEE na escola regular; envolvimento do grupo em projetos de conhecimento/estudo coletivo; habilidade para construir dispositivos e seqüências didáticas e disponibilidade/interesse para o estudo e a pesquisa. 2 Estudou a Língua de Sinais Brasileira para dar suporte pedagógico necessário aos alunos com NEE que passam por sua classe; 3 É um professor altamente comprometido e a auto-formação é uma constante. 4 Participaram ativamente das oficinas auxiliando os colegas e atuando como interpretes quando necessário 5 Diretora da escola regular que tem maior número de alunos com NEE, o trabalho didático-pedagógico desenvolvido na unidade de ensino na qual é gestora embasa-se nos pressupostos (na medida do possível) necessário para a inclusão de alunos com NEE. 6 Diretora do Centro Comunitário Ressurreição, escola modelo que funciona no centro de referência e apoio aos alunos com NEE. Luta arduamente para a inclusão dos alunos no Ensino Fundamental 3º e 4º ciclo de escolas regulares. 12
  • 12. 4.1.1. Como é ser um deficiente visual Iniciamos as oficinas de DV com a apresentação de um documentário sobre deficiência visual, a película “Janela da Alma”7. A teoria abordada anteriormente foi fator preponderante pára o sucesso da atividade prática e inferência das reais necessidades dos alunos com DV. As necessidades específicas dos alunos com DV devem ser observadas e acontecer em toda a escola. Professores e colegas devem conhecer como enxerga uma pessoa com baixa visão, assim como a necessidade de adaptações no ambiente para alunos cegos. A atitude do professor é fundamental para a receptividade e acolhida educando. Outrossim, é de fundamental importância o trabalho de um tradutor e a cumplicidades entre as partes (educador x tradutor). Antes das atividades práticas buscamos sensibilizar os educadores simulando a percepção do mundo através dos demais sentidos. Realizamos uma dinâmica de abertura das atividades nas quais os educandos deveriam perceber “o outro” através do tato, como é “sentir” o mundo? Quem disse que não podemos aprender brincando? 7 Um documentário sobre a deficiência visual, no qual dezenove pessoas com diferentes graus da miopia à cegueira total - falam como vêem os outros e como percebem e sentem o mundo. Personalidades como Marieta Severo (atriz), Hermeto Pascoal (músico), Arnaldo Godoy (vereador), Evgen Bvacar (fotógrafo e professor de estética da Surbone), José Saramago (prêmio Nobel), Wim Wenders (cineasta), Oliver Sachs (neurologista), e muitos outras fazem surpreendentes e inesperadas revelações sobre a visão. 13 Durante a realização desta atividade observamos a importância do lúdico na aprendizagem.
  • 13. No local reservado para o trabalho dos grupos havia um espaço propício para vivências, fator essencial para a realização deste tipo de atividade. 4.1.2. Adivinhe pelo tato Outra atividade que despertou o interesse dos grupos foi a confecção do alfabeto Braille. O objetivo desta atividade é favorecer condições para que cada participante se familiarize com o Braille8 como sistema de comunicação para o aluno com deficiência visual, em grau de cegueira. A presença do tradutor, Timóteo de Jesus Costa (Centro Comunitário Ressurreição), contribuiu para o sucesso da atividade. Os grupos empenharam-se na produção resultando em uma situação de aprendizagem significativa. A significação tátil dos pontos em relevo do invento de Barbier foi a base para a criação do Sistema Braille, aplicável tanto na leitura como na escrita, por pessoas cegas, e cuja estrutura diverge fundamentalmente do processo que inspirou seu inventor. O Sistema Braille (ANEXO 1), utilizando seis pontos em relevo, dispostos em duas colunas, possibilita a formação de 63 símbolos diferentes que são empregados em textos literários nos diversos idiomas, como também nas simbologias matemática e científica, em geral, na música e, recentemente, na Informática. 8 O Sistema Braille é um código universal de leitura tátil e de escrita, usado por pessoas cegas, inventado na França por Louis Braille, um jovem cego. O ano de 1825 é reconhecido como o marco dessa importante conquista para a educação e a integração das pessoas com deficiência visual na sociedade. 14
  • 14. A educação de pessoas com deficiência visual, como processos para atender a suas necessidades particulares, envolvem a aplicação de técnicas especializadas, além das utilizadas nos processos gerais de educação. A orientação decorre do processo de uso dos sentidos remanescentes, principalmente o tato, a audição e o olfato, a fim de estabelecer posição e relacionamento com os objetos significativos do ambiente. O processo conjunto de Orientação e Mobilidade (OM) permite que o educando, cego ou de baixa visão, adquira a capacidade de se locomover e de se orientar em diversos espaços, tais como: escola, lar, comunidade, trânsito, etc. Ao dominar esses espaços e sentir-se inserido neles, com independência e naturalidade, o educando adquire maior confiança em si e maior domínio pessoal, condições favoráveis a sua integração social. O programa de Orientação e Mobilidade, por ser muito complexo, deve seguir certas etapas para seu desenvolvimento e auxiliar o educando na aquisição da capacidade de orientar-se e locomover-se independentemente. A oficina teve como objetivo ilustrar as habilidades básicas e a necessidade de orientações para professores de classe regular, pois a locomoção é para o aluno com deficiência visual – principalmente para o cego – uma das tarefas mais difíceis. Para tanto, há necessidade de que o aluno seja orientado em determinados procedimentos que facilitarão sua mobilidade e a conseqüente integração no ambiente escolar. 15 Material de suporte técnico para a promoção da oficina.
  • 15. 4.2. Ajudas técnicas9 As atividades de suplementação ampliam, aprofundam ou enriquecem os conteúdos da base nacional. Optamos por desenvolver uma oficina de empreendimento, na qual o resultado será um plano inclinado de papelão (suporte de leitura para pessoas com baixa visão). A atuação do Professor de artes João Carlos Guedes (Colégio Georgina Simões) foi crucial para o sucesso do empreendimento. Ele coordenou as atividades que exigiam habilidades manuais e deu dicas importantes para o manuseio dos instrumentos e materiais utilizados. 4.2.1. Xiiii... não consigo falar direito. O objetivo desta oficina foi fazer com que os educadores refletissem sobre as limitações dos alunos com deficiências neuromotoras. Dividimos as turmas em grupos de seis componentes e pedimos que cada um deles elegesse um poema, ou pequena história, registrassem em uma folha de papel para depois socializar com os colegas, sem no entanto antecipar a forma de socialização. Chegado o momento, solicitamos que a atividade fosse concluída, no entanto, para socializar verbalmente o texto escolhido eles teriam que posicionar e pressionar a ponta da língua no final do véu palatino para simular dificuldades na fala, situação decorrente de paralisia cerebral. Foi um grande alvoroço, muitos tentaram desistir. Neste momento questionei alguns cursistas sobre a sensação que essa limitação causou e por que eles desistiram tão rápido. “Poxa, é muito cansativo falar desse jeito”. “Minha língua, pescoço, boca, tudo dói”. 9 São consideradas Ajudas Técnicas aquela que, de alguma forma, dão ao aluno autonomia na realização de suas atividades, como a ampliação de textos, softweres, cadernos com pautas ampliadas, enfim adaptações em materiais e recursos especiais. 16
  • 16. “Ah! Não consigo entender nada do que ele fala, parece um deficiente mental”. “Tive que repetir mais de três vezes para que o colega entendesse, dá vontade de desistir”. A partir dessas falas foi dada a consigna: “como podemos ajudar na comunicação e aprendizagem dos alunos com paralisia cerebral”. Mostramos alguns slides (APÊNDICE A) com exemplos de Ajudas Técnicas para os grupos e foram eleitas as pranchas de comunicação e suas múltiplas possibilidades em diferente níveis de uso, desde a comunicação de atividades diárias, até a produção de pequenos textos e reflexão sobre a língua (classes gramaticais). Partimos para a ação! Material disposto sobre as mesas e cada grupo confeccionou uma prancha tamanho “size” e articularam entre eles uma apresentação para que pudessem ser discutidas as possibilidades concretas de uso. Concomitante com essa ação, os cursistas desenvolveram um plano de aula (com práticas inclusivas) para que a apresentação assumisse o corpus de uma simulação. Algumas dúvidas surgiram e a mediação do formador foi necessária. Entretanto, o resultado do trabalho possibilitou a reflexão sobre a criatividade e comprometimento do educador no desenvolvimento de Ajudas Técnicas para a inclusão dos alunos com deficiências neuromotoras. 17
  • 17. 4.2.2. A comunicação através da linguagem, não importa qual seja! Os processos de desenvolvimento do pensamento e da linguagem incluem o conjunto de interações entre a criança e o ambiente, podendo os fatores externos afetar esses processos, positiva ou negativamente. Torna-se, pois, necessário desenvolver alternativas que possibilitem às crianças com necessidades especiais, meios de comunicação que as habilitem a desenvolver o seu potencial lingüístico. Pessoas surdas podem adquirir linguagem, comprovando assim seu potencial lingüístico. Já está comprovado cientificamente que o ser humano possui dois sistemas para a produção e reconhecimento da linguagem: o sistema sensorial, que faz uso da anatomia visual/auditiva e vocal (línguas orais) e o sistema motor, que faz uso da anatomia visual e da anatomia da mão e do braço (língua de sinais). Essa é considerada a língua natural dos surdos, emitida através de gestos e com estrutura sintática própria. Na aquisição da linguagem, as pessoas surdas utilizam o segundo sistema porque apresentam o primeiro sistema seriamente prejudicado. Várias pesquisas já comprovaram que crianças surdas procuram criar e desenvolver alguma forma de linguagem, mesmo não sendo expostas à língua de sinais. Essas crianças desenvolvem espontaneamente um sistema de gesticulação manual que tem semelhança com outros sistemas desenvolvidos por outros surdos que nunca tiveram contato entre si e com as línguas de sinais já conhecidas. Existem estudos que demonstram as características morfológicas desses sistemas. A oficina teve início com a distribuição de tampões auriculares, favorecendo condições para que cada professor vivencie a simulação da surdez, através do impedimento da percepção auditiva. Houve certa resistência por parte de alguns componentes dos grupos para a sua utilização. No entanto, os formadores conseguiram mediar a situação com um diálogo franco sobre a proposta e o comprometimento com a aprendizagem significativa. Foi proposta uma atividade de sensibilização, a qual tinha como objetivo principal a percepção do ambiente sem o sentido da audição. Após a colocação dos tampões a consigna foi dada, entretanto, o tom de voz utilizado pelos formadores, 18
  • 18. propositalmente, poderia ser comparado a um sussurro. A compreensão das ações de comando ficou prejudicada, mas as instruções eram claras: em hipótese alguma os tampões poderiam ser retirados e alternativas de comunicação deveriam ser criadas para que conseguíssemos promover a interação através da linguagem, quer sinestésica quer lingüística. Sem o conhecimento da turma, solicitamos um intérprete de LIBRAS que fizesse tradução simultânea. Foi um alvoroço! Alguns cursistas perceberam a intenção inicial e desenvolveram a comunicação através de gestos e Ajudas Técnicas, buscaram meios de interação com os demais componentes dos grupos, outros ficaram apenas observando e tentando compreender o que acontecia a sua volta. O comando para a retirada dos tampões foi dado através de gestos e a articulação natural dos lábios, sem a emissão de voz, uma grande porcentagem dos participantes não compreendeu. Apenas quando perceberam as ações de outros é que tomaram a iniciativa e retiraram os tampões. O intento foi alcançado com êxito. Explicamos o intento e abrimos espaço para relatos da experiência vivida naquele momento. 19 Intérprete realizando a tradução simultânea. Formadoras comentando sobre a consigna apenas com articulação labial, previamente combinada. Cursistas treinando a articulação do alfabeto manual.
  • 19. As oficinas tiveram caráter dinâmico e participativo, nas quais os cursistas demonstraram grande interesse. Foram realizadas atividades práticas e escritas, dentre elas estava a comunicação através do alfabeto manual (ANEXO 2). Alguns cursistas comentaram sobre a dificuldade da articulação dos gestos representativos do alfabeto manual. “Eu não consigo dobrar meus dedos, isso dói.” “Como será que eles (pessoas com deficiência auditiva) conseguem se comunicar através de gestos com tanta rapidez?” “Eu não consigo coordenar tanta coisa de uma vez, não vou conseguir.” Após a atividade de articulação dos gestos correspondentes ao alfabeto manual, exercitamos o conhecimento anteriormente adquirido ao realizarmos uma atividade de caça-palavras, representadas pelo alfabeto manual. “O principal modelo para identificação lingüística na infância, acabam por desenvolver um sistema híbrido de comunicação e crescem acreditando ser esse sistema de signos legítimo. Ao produzir “sinais na fala”, ou a “fala sinalizada”, crêem dominar uma única língua combinada e não duas (português e libras), o que lhes oportunizaria a reflexão sobre sua condição bilíngüe e os desdobramentos dela decorrentes. Não se julgariam deficientes, incapazes, ou limitados, mas sujeitos que, semelhante a estrangeiros, estão em um processo de aprendizado de L2 que demanda tempo, dedicação e esforço, porém que pode ser bem sucedido”. Convidamos a professora Aline Cruz, especialista em LIBRAS e pesquisadora de Língua Portuguesa como L2, para presidir as oficinas de leitura e escrita. Ela principiou o estudo da Língua de Sinais e proporcionou aos grupos contato com o dicionário de LIBRAS (INES) e acesso a Legislação que garante o direito de pessoas com deficiência 20 Cursistas realizando atividade escrita.
  • 20. auditiva. As oficinas de leitura e escrita tiveram como objetivo a explicitação de estratégias que favoreçam o acesso do aluno à leitura através do contato com diferentes materiais escritos; Incentivando o aluno a identificar o livro como instrumento que favorece a expansão de seus conhecimentos, além de constituir-se em fonte de entretenimento. A formadora apresentou alguns exemplos de atividades de leitura e produção escrita, discutindo com os participantes as adaptações necessárias ao trabalho com o aluno surdo no contexto de uma sala inclusiva. Acreditamos que depois de ter desenvolvido algumas dessas atividades, seria uma boa idéia convidar pessoas adultas, com deficiência, para conversar com a comunidade escolar sobre sua vivência, suas dificuldades e as soluções que encontraram para problemas enfrentados na vida. Assim convidamos o aluno do Centro Comunitário Ressurreição para interagir conosco. Geralmente, os alunos aproveitam muito bem essas oportunidades para fazer todo tipo de pergunta e satisfazer sua curiosidade natural. E as pessoas com deficiência, na sua maioria, têm muito prazer neste contato e sentem-se gratificadas em participar dessas atividades e poder conversar com a comunidade sobre suas necessidades especiais, bem como sobre os suportes que lhes permitem viver na comunidade. Também as pessoas sem deficiência se beneficiam desta convivência, aprendendo o quanto podemos crescer num ambiente permeado pela diversidade humana. 21 Cursistas na oficina de leitura e escrita
  • 21. 5. REFLEXÕES DO FORMADOR 5.1. Condições O enfoque da formação foi colocado na sala de aula. O objetivo deste trabalho foi encontrar abordagens que, no contexto do currículo comum, resultam em classes inclusivas. Não teve como objetivo apresentar detalhadamente as condições necessárias à implementação da educação inclusiva nem descrever as etapas necessárias à construção de uma escola inclusiva. Foi nossa intenção focar a necessidade de uma nova práxis e o desenvolvimento de estratégias para a promoção da inclusão, assim como as características de um currículo facilitador da inclusão e apresentá-las a um vasto público. Mas, a educação inclusiva não acontece no vácuo e o estudo recolheu informações sobre os pré-requisitos da educação inclusiva. A literatura estudada e, sobretudo, os exemplos de boas práticas e os debates entre especialistas, revelaram que devem ser respeitadas um conjunto de condições claras. Apresentam-se, seguidamente, alguns exemplos dessas condições: 5.2. Professores Obviamente que a inclusão depende largamente da atitude dos professores face aos alunos com necessidades especiais, das suas percepções sobre as diferenças na sala de aula e da sua vontade de lidar, eficazmente, com essas diferenças. A atitude dos professores foi indicada como um fator decisivo na construção de escolas inclusivas. Se os professores não aceitarem a educação de todos os alunos como parte integrante do seu trabalho, tentarão que alguém (muitas vezes o professor especialista) assuma a responsabilidade pelos alunos com NEE e organize uma segregação “dissimulada” na escola (por exemplo, classe especial). “Para garantir uma atitude positiva por parte do professor, é preciso que este aceite receber um aluno com uma deficiência severa na sua classe”. (G. B. O. cursista) 22
  • 22. Os estudos de caso revelaram que os professores envolvidos na inclusão referem, muitas vezes, os alunos com necessidades educativas severas, mais como recursos positivos para a classe do que como “um problema a superar”. “As atitudes positivas não são suficientes para a gestão das diferenças na sala de aula. Os professores necessitam também de métodos, de materiais adequados, de competências e de tempo para adquirir conhecimentos através da formação contínua e da própria experiência, elementos essenciais para a gestão das diferenças na sala de aula”. (A.P. F. Cursista) A educação de alunos com necessidades educativas especiais na classe regular implica uma adaptação do currículo comum. Os professores questionaram o confronto com o “como ensinar estes alunos”. Os alunos com necessidades especiais precisam de mais tempo de ensino e de outros métodos bem como, de outros conhecimentos por parte dos profissionais. Assim a inclusão de alunos com NEE envolve um aumento de recursos (mais tempo atribuído aos professores) ou uma reorganização dos mesmos (diferente utilização do tempo disponível). Essa questão gerou polemica, pois muitos professores resistiram a necessidade da demanda de tempo para a auto-formação. “Como posso estudar se trabalho o dia inteiro e tenho que dar conta da minha vida pessoal” (L. M. P. A. Cursista) “A busca por iniciativa pessoal sobrecarrega o professor e deixa sem suporte. O professor que não tem essa iniciativa acaba prejudicando seus alunos”. (I. M. A.L. Cursista) A heterogeneidade da turma permitiu a divergência de opiniões, assim após as discussões e reflexões os cursistas inferiram que o aumento do tempo disponível (utilizando, por exemplo, os auxiliares de educação) ou a melhoria dos conhecimentos profissionais dos professores (através da formação contínua, suporte dos colegas ou das equipas de apoio) constituem maneiras diferentes de aumentar os recursos necessários à educação inclusiva. 23
  • 23. “Os professores podem encorajar os outros alunos a trabalhar de forma mais independente, a trabalhar com os computadores e a entre ajudarem-se (trabalho a pares ou tutoria) de forma a que os alunos com necessidades especiais possam beneficiar de mais tempo de ensino”. (L. M. M. cursista) Uma última questão importante relaciona-se com a sensibilidade e as competências do professor para incrementar relações sociais significativas entre os alunos. Para os alunos com NEE (e seus pais) as interações significativas com os pares ditos “normais” são da maior importância. Não só é importante que o professor adote uma atitude correta, como possua conhecimentos que possibilitem o desenvolvimento de interações sociais significativas na sala de aula. 5.3. Escola É claro que a resposta aos alunos com necessidades educativas especiais não é apenas uma questão de recursos para sala de aula. Importa reconhecer que a organização da escola determina, igualmente, a quantidade e o tipo dos recursos que os professores podem usar no ensino de alunos com NEE. Deve ser dada uma especial atenção ao papel do diretor da escola, não apenas como figura determinante no processo de afetação de recursos de apoio; mas também atendendo a que a sua liderança constitui um fator decisivo na educação inclusiva. O gestor é a pessoa-chave que pode implementar mudanças no interior das escolas e iniciar novos projetos. A organização dos recursos, no seio da escola, deve corresponder ao princípio da flexibilidade. É necessário um apoio flexível dos colegas, do diretor e do professor especializado. Essa prática é perceptível em uma das Escolas do Município, Padre Luis Palmeira, na qual o comprometimento e superação dos limites é característica primordial da sua gestora, Mônica Queiroz de Oliveira, que busca dialogar a prática do 24
  • 24. Centro Referencial de Apoio, Ressurreição, com a sua realidade, o “Acolhimento sem Habilitação” buscando a adequação e a capacitação do seu corpo docente. 5.4. Práticas eficazes É claro que a mobilização de forças, o conhecimento e a especialização, bem como, os recursos de escolas agrupadas são superiores aos de uma única escola, e esse é o objetivo da Secretaria de Educação de Simões Filho. Formar e capacitar seus professores, fator essencial para a inclusão de alunos com NEE nas escolas regulares. A SEDUC proporciona apoio aos alunos com necessidades especiais, implementando atendimento paralelo por grupo de especialistas, profissionais habilitados a desenvolver trabalho de suporte fonológico e psicopedagógico para auxiliar os alunos com NEE, sem retirá-los da sala de aula, para sessões de trabalho que permitem que os alunos não sejam excluídos da classe regular. Dentre os especialistas são citados terapeutas ocupacionais, psicólogos, psiquiatras, fonoaudiólogos, assistentes sociais, entre outros. Estes profissionais ajudam o professor a descobrir os caminhos possíveis para facilitar a aprendizagem do aluno. O trabalho cooperativo entre o professor da classe regular e o professor especialista em educação especial de discutir criticamente sobre sua prática pedagógica ou mesmo sobre as necessidades educacionais especiais desse aluno. O professor especialista em educação especial, por outro lado, tem ampliado seu campo de atuação apoiando o professor da classe regular. A interface da equipe pedagógica (professor do ensino regular e especialista em educação especial) com a rede de apoio da área da saúde e assistência complementam entre si, tanto nas políticas de atendimento quanto na organização dos saberes. 25
  • 25. 5.5. Síntese dos resultados Acreditamos que para Cumprir o(s) objetivo(s) desta formação, em primeiro lugar, é preciso tratar os participantes como professores, isto é, como “mestres do seu fazer pedagógico” e não como “nossos alunos”, pois como diz Richard Bach (“Ilusões”): “Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto quanto você”. Dessa ótica, a “crise de confiança” no conhecimento profissional do professor constitui um dos principais “empecilhos” na concretização de um trabalho de formação reflexiva, uma vez que essa “crise” é o resultado de um tipo de racionalidade cuja epistemologia expropria o professor da oportunidade de refletir e gerenciar sua própria prática profissional. Assim, é sempre uma “grata surpresa” perceber como, em sendo oferecidas as condições adequadas, os professores assumem efetivamente a condição de a(u)tores da sua prática, refletindo e instituindo uma nova forma de compreender seu próprio papel de educador. Podemos afirmar tranqüilamente que os professores de Simões Filho começaram a adentrar um novo território, onde a formação continuada foi vista, sobretudo, como um processo de melhoramento do “humano professor” que habita em cada um de nós. Ao refletir seus reflexos identitários foi possível romper alguns dos pressupostos que ancoravam a compreensão da formação como transmissão e instaurar o desejo pelo aprendizado contínuo de sua própria formação. Isso é fundamental, pois os profissionais do ensino lidam frequentemente com a incerteza, com a singularidade e com o conflito. Ao que nós acrescentaríamos: lidam também com a subjetividade e com o imaginário social dos participantes de um determinado grupo. Com isso, seus esforços terminam por provocar resultados inesperados. Dessa forma, para além dos resultados alcançados e registrados no Relatório; gostaríamos de ressaltar que o grupo produziu concretamente uma experiência autônoma de “práticas inclusivas em sala de aula”. Apesar da “confusão e do mistério nas fases teóricas iniciais” da Formação, ao tentar agir sobre o que viram e ouviram, os professores em pouco tempo apreenderam o sentido das “práticas inclusivas em sala 26
  • 26. de aula”. O diálogo mantido com o grupo e a postura de não considerá-los como “alunos”, mas como “intelectuais” possibilitou uma ação recíproca com resultados positivos para o grupo. Desejamos, portanto, encerrar este Relatório afirmando que boa parte do “sucesso” e dos resultados efetivamente obtidos resultaram da postura assumida logo no início do trabalho entre o formador e o grupo, através de um “contrato” que trouxe como questão central a pergunta: O que cada um trouxe? O que cada um levará como resultado desta Formação? Quais são as responsabilidades mútuas de cada membro do grupo? Eliminando de nossa pauta diagnósticos banais e comuns sobre a “falta de preparo”, a “inabilidade dos professores” ou “mau entrosamento do grupo”, que dizem mais da incapacidade do formador em promover e vivenciar um trabalho de reflexão coletiva. Isso, obviamente exige não só uma habilidade técnica e conhecimentos teórico-conceituais específicos, mas uma disposição para dialogar francamente e lidar com as dimensões afetivas (prazerosas e conflitivas) que toda prática pedagógica comporta e implica. Ou seja, ensinamos melhor aquilo de que mais precisamos (todos nós) aprender “(Freud) 27
  • 27. 6. CONCLUSÕES O pouco que se pode observar da relação entre os professores e a Secretaria de Educação foi revelado por suas próprias falas e pelas questões de encaminhamento. O município tem avançado na valorização do professor (salários, horário para estudo coletivo). O que pode ser um indicativo de que as coisas possam caminhar. Além disso, gostaria de destacar a competência revelada pela Secretária de Educação de Simões Filho, Mariza Pimentel Mota Bomfim, assim como toda a equipe de coordenação pedagógica, na organização desta formação (em termos de estrutura física, equipamentos, material didático e xérox). Coisa rara de se encontrar, com tanta eficácia, nos nossos trabalhos. Mas, sobretudo, é importante ressaltar a disponibilidade da Secretária, aliada à prioridade dada ao Evento. O professor transforma-se num “agente de mudança”, comprometido com as transformações que a realidade exige, ou seja, assume tanto a sua prática pedagógica como também, a tarefa de construir conhecimentos sobre as novas tecnologias, entender porquê e como interagir estas na sua prática pedagógica e ser capaz de superar entraves administrativos e pedagógicos, de um sistema fragmentado de ensino, como era o tradicional, para uma abordagem integradora de conteúdo, voltada para a resolução de problemas específicos do interesse de cada aluno. Diante do exposto, o professor adquire uma postura que o coloca num âmbito mais amplo da sociedade, no sentido de criar soluções visando a solucionar os desafios, possibilitando discussão em grupo do problema, das hipóteses e avaliação da melhor solução proposta para um problema, por exemplo. O perfil do professor a ser formado é alguém, aberto ao diálogo e às mudanças, à ação cooperativa num ambiente em que o aluno é sujeito da aprendizagem e o professor atua como mediador; com cultura sólida que lhe possibilite uma prática interdisciplinar e contextualizadas, dominando novas tecnologias educacionais; com atitudes de buscas e de experimentação e de crítica de interesses e trabalho solidário. Imbuído de uma formação crítica, ele não pode deixar de ser exigente e sensível, por eu essas qualidades lhe permitem melhorar seus métodos no sentido de poder conquistar junto com o aluno, uma relação de 28
  • 28. reciprocidade e cooperação, no qual, ambos realizam uma interação promovendo a educação integral, de qualidade, na qual, o aluno desenvolve-se em todas as dimensões: cognitiva, afetiva, social, moral, física e estética. 29