Feridas e curativos: classificação, avaliação e cicatrização
1. Feridas e CurativosFeridas e Curativos
Professora: Adriana Rodrigues do Carmo
Graduada e licenciada em Biologia pela FEUDUC
Graduada e licenciada em Enfermagem pela FMP/FASE
2. A Pele
• Maior órgão do corpo humano
É composta pela:
Epiderme
Derme
Tecido subcutâneo
3.
4. Composição da pele: Epiderme
Camada mais externa
Composta de 4 estratos de epitélio escamoso:
Córneo (mais externo)
Granuloso
Espinhoso (mais espesso)
Basal (mais interno)
Queratinócitos
Espessura (varia com a localização, idade ou sexo)
Período de regeneração: + ou – 4 semanas.
6. Composição da pele: Derme
Camada Intermediária.
Também conhecida como cório ou pele verdadeira.
Composta de 2 estratos:
Papilar (mais próximo a epiderme)
Reticular
8. Composição da pele:
Tecido subcutâneo
Compõe-se de fibras de tecidos conjuntivos,
que sustentam o tecido adiposo.
É atravessada por vasos sanguíneos mais
calibrosos.
Ocorre o metabolismo dos carboidratos e a
lipogênese. (Síntese de ácidos graxos e triglicérides, que serão armazenados
subsequentemente no fígado e no tecido adiposo.)
É uma camada de ligação e isolante do frio e
calor exacerbados.
10. Funções da Pele
Manter a integridade do corpo;
Proteger o corpo contra infecções, lesões ou
traumas;
Absorver e excretar líquidos;
Manter a temperatura corpórea;
Sintetizar vit D com a exposição aos raios solares
Agir como órgão do sentido;
Exercer papel estético.
11. Introdução
O Tratamento de feridas se refere a proteção de
lesões contra a ação de agentes externos físicos,
mecânicos ou biológicos, tendo com objetivo
reduzir, prevenir e/ou minimizar os riscos de
complicações decorrentes. Antes da seleção e
aplicação de um curativo, é necessária uma
avaliação completa da ferida, do seu grau de
contaminação, da maneira como esta ferida foi
produzida, dos fatores locais e sistêmicos e da
presença de exsudato, como forma de agilizar o
processo de cicatrização e proteger a ferida.
13. Ferida e Úlcera
Ferida: Lesão do tecido em decorrência de trauma
mecânico, físico ou térmico ou que se desenvolva a partir de
uma condição patológica ou fisiológica, que deve se fechar
em até 2 semanas.
Úlcera: A Ferida se torna uma úlcera após seis semanas de
evolução sem intenção de cicatrizar.
14. Classificação de Feridas
1. Quanto a causa
3. Quanto a presença de infecção
2. Quanto a evolução
4. Quanto ao comprometimento tecidual
16. 1. Quanto a causa:
Patológicas
Ocorre como consequência de uma
patologia, (úlcera de pressão, neoplasia,
úlceras venosas e arteriais).
Classificação de Feridas
17. Classificação de Feridas
1. Quanto a causa:
Iatrogênicas
Resultantes de procedimentos ou
tratamentos (radioterapia).
21. Classificação de Feridas
2. Quanto a evolução:
Aguda
Crônica
Feridas de fácil resolução,há ruptura da
vascularização e desencadeamento
imediato de hemostasia (cortes ,
escoriações, queimaduras)
Feridas de longa duração (desvio do
processo cicatricial fisiológico.)
23. Classificação de Feridas
3. Quanto a presença de infecção:
Limpa Contaminada
Limpa Isenta de microrganismos.
Lesões com tempo inferior 6h
entre o trauma e o
atendimento inicial.
24. Classificação de Feridas
3. Quanto a presença de infecção:
Contaminada
Infectada
Feridas cujo tempo de atendimento foi
superior a 6h após o trauma
Presença de agente infeccioso local.
28. Classificação de Feridas
4. Quanto ao comprometimento tecidual:
Estágio I
Pele íntegra, com sinais de hiperemia,Pele íntegra, com sinais de hiperemia,
descoloração ou endurecimento.descoloração ou endurecimento.
29. Estágio II
Classificação de Feridas
4. Quanto ao comprometimento tecidual:
A epiderme e a derme estão rompidas,A epiderme e a derme estão rompidas,
podendo envolver tecido subcutâneo,podendo envolver tecido subcutâneo,
e com hiperemia , bolhas e cratera rasa.e com hiperemia , bolhas e cratera rasa.
30. Estágio III
Classificação de Feridas
4. Quanto ao comprometimento tecidual:
Perda total do tecido cutâneo, necrose
do tecido subcutâneo até a fáscia
muscular;
31. Estágio IV
Classificação de Feridas
4. Quanto ao comprometimento tecidual:
Grande destruição tecidual, com
necrose, atingindo músculos,tendões e
ossos
34. Quanto a causa
Quanto a presença
de infecção
Quanto a evolução
Quanto ao comprometimento
tecidual
Iatrogênicas
Cirúrgica ou traumática
Patológica
Aguda
Crônica
Limpa
Limpa Contaminada
Infectada
Contaminada Estágio I
Estágio II
Estágio III
Estágio IV
35. Exercícios
1. Qual é o maior órgão do corpo humano?
2. A pele é composta pela ___________,
______________ e ___________________.
3. Qual é a camada mais externa da pele e ela é
composta de que estratos?
4. Qual o período de regeneração da parte mais externa
da pele?
5. Qual é a camada intermediária da pele e ela é
composta de que estratos?
6. Qual é a camada mais interna da pele e como ele é
composto?
7. Onde é realizado o metabolismo dos carboidratos?
8. Diferencie ferida de úlcera.
36. 9. Como podem ser classificadas as feridas?
10. O que são feridas patológicas?
11. O que são feridas iatrogênicas?
12. Diferencie ferida aguda de ferida crônica.
13. O que são feridas limpas, contaminadas e
infectadas?
14. Fale de cada um dos 4 estágios das úlceras.
15. Faça um resumo do que aprendeu sem precisar ler a
matéria.
Exercícios
37. Classificação de Feridas
5. Outras:
A) Ferida asséptica: Não contaminada. Ex: Ferida
cirúrgica.
B) Ferida séptica: Contaminada. Ex: Feridas
laceradas.
38. Classificação de Feridas
5. Outras:
Denominamos de:
* Ferimento aberto - Solução de continuidade.
Ex: Incisão cirúrgica, laceração penetrante ou escoriação.
* Ferimento fechado - Não dá solução de continuidade. Ex:
Contusão ou equimose.
* Ferimento acidental - Ferimento devido a um infortúnio.
* Ferimento intencional - Causado por incisão cirúrgica (fins
terapêuticos).
41. Avaliando a ferida
Sadio Doente
Tecido de Granulação
Vermelho vivo
Brilhante
Não sangra facilmente
ou muito pouco
Vermelho escuro
Sem brilho ou ressecado
Sangra com abundância
42. Avaliando a ferida
Dificuldades na identificação
de feridas infectadas
Os sintomas de inflamação da fase inicial
podem ser confundidos com sintomas de
infecção;
Doentes imunossupressos podem não
apresentar sintomas clássicos de inflamação ou
sequer de infecção;
43. Avaliando a ferida
Dificuldades na identificação
de feridas infectadas
Uma ferida que não cicatriza pode ser o único
sintoma da presença de infecção;
Má interpretação ou desprezo de resultados
microbiológicos;
Desvalorizar ou super-valorizar presença ou
ausência de alguns sinais de exsudato purulento.
44. Avaliação do estado da ferida
Mensuração,
Extensão do tecido envolvido,
Localização anatômica,
Tipo de tecido no leito da ferida,
Cor da ferida,
Exsudato,
Borda da ferida,
Infecção.
46. Avaliação do estado da ferida
Extensão do tecido envolvido
Estruturas envolvidas
Estadiamento
47. Avaliação do estado da ferida
Localização anatômica
Potencial de contaminação
Documentação
48. Avaliação do estado da ferida
Tipo de tecido no leito da ferida
Tecidos viáveis
Tecidos inviáveis
Granulação e epitelização
Fibrina desvitalizada, tecidos necróticos
49. Avaliação do estado da ferida
Cor do tecido (Vermelho Amarelo Preto
Granulação
Fibrina
Rosa, vermelho pálido, vermelho vivo
Amarelo, marrom
Necrose Cinza, negra
51. Avaliação do estado da ferida
Exsudato
Sanguinolento: Fino, vermelho brilhante;
Serosanguinolento: Fino, aguado, de vermelho pálido
para róseo;
Seroso: Fino. Aguado, claro;
Purulento: Fino ou espesso, de marrom opaco para
amarelo;
Purulento pútrido: Espesso, de amarelo opaco para
verde, com forte odor.
52. Avaliação do estado da ferida
Bordas da ferida
Epitalização
Macerada
Necrose
Isquemia
Irregular
Contaminação
Infecção
Colonização
53. Avaliação do estado da ferida
Bordas da ferida
Indistinta, difusa: Não há possibilidade de distinguir
claramente o contorno da ferida;
Aderida: Plana / nivelada com o leito da ferida, sem
presença de paredes;
Não-aderida: Presença de paredes; o leito da ferida é
mais profundo que as bordas;
54. Avaliação do estado da ferida
Bordas da ferida
Indistinta, difusa Aderida Não-aderida
55. Enrolada para baixo, espessada / grossa: De macia
para firme e flexível ao toque;
Hiperqueratose: Formação de tecido caloso ao redor
da ferida e até as bordas
Fibrótica, com cicatriz: Dura, rígida ao toque.
Avaliação do estado da ferida
Bordas da ferida
56. Avaliação do estado da ferida
Bordas da ferida
Enrolada para baixo,
espessada / grossa
Hiperqueratose Fibrótica, com cicatriz
57. Avaliação do estado da ferida
Infecção
Sinais clínicos de infecção: dor, calor,
hiperemia, mudança na cor do exsudato, odor.
Cultura
Swab
Aspiração
Biópsia
58. Cicatrização
Após ocorrer a lesão a um tecido, imediatamente
iniciam-se fenômenos dinâmicos conhecidos como
cicatrização, com a finalidade de restaurar o tecido
lesado.
Cicatrização nada mais é do que uma cascata de
eventos celulares e moleculares, que envolvem processos
bioquímicos e fisiológicos, sendo estes dinâmicos e
simultâneos.
59. Processo de cicatrização
• Primeira intenção:
É o tipo de cicatrização que ocorre quando as bordas são
apostas ou aproximadas, havendo perda mínima de
tecido, ausência de infecção e mínimo edema. A
formação de tecido de granulação não é visível.
Exemplo: ferimento suturado
Tipos de cicatrização
60. • Segunda intenção:
Neste tipo de cicatrização ocorre perda excessiva de
tecido com a presença ou não de infecção. A
aproximação primária das bordas não é possível. As
feridas são deixadas abertas e se fecharão por meio de
contração e epitelização.
Tipos de cicatrização
Processo de cicatrização
61. • Terceira intenção:
Designa a aproximação das margens da ferida (pele e
subcutâneo) após o tratamento aberto inicial. Isto
ocorre principalmente quando há presença de
infecção na ferida, que deve ser tratada
primeiramente, para então ser suturada
posteriormente.
Tipos de cicatrização
Processo de cicatrização
62. Curativo
É um procedimento terapêutico que
consiste na limpeza, no qual toda
substância e soluções necessárias são
colocadas diretamente sobre um
ferimento.
63. Finalidade do Curativo
Evitar a contaminação de feridas limpas;
Facilitar a cicatrização;
Reduzir a infecção nas lesões contaminadas;
Absorver secreções;
Facilitar a drenagem de secreções;
Promover a hemostasia com os curativos
compressivos;
Manter o contato de medicamentos junto à ferida;
Promover conforto ao paciente;
64. Curativo Ideal
Mantém alta umidade
Nada de curativos secos em feridas abertas. Não há
necessidade de secar feridas abertas, somente a pele ao
redor dela.
65. Remove o excesso de exsudato
O curativo deve ter um pouco de absorvência.
Curativo Ideal
66. Isolador térmico
As feridas não devem ser limpas com loções frias. Os
curativos não devem permanecer removidos por
longos períodos de tempo (isso também permite que a
ferida resseque).
Curativo Ideal
67. Impermeável à bactérias
Os esparadrapos devem ser aplicados como uma
moldura de quadro e cobrir toda a gaze. Se ocorrer um
excesso de exsudato, deve-se trocar o curativo.
Curativo Ideal
68. Isento de partículas e de microorganismos
Não se deve usar lã de algodão ou qualquer gaze
desfiada.
Não se deve cortar a gaze, pois ela irá desfiar.
Só deve-se usar gaze estéril e não reutilizar um pacote
aberto.
Curativo Ideal
69. Retirado sem trauma
Irrigar antes de retirar o curativo para evitar traumas, e,
consequentemente a remoção de tecido viável.
Curativo Ideal
72. Tipos de Curativo
O Tipo de curativo a ser realizado varia de acordo
com a natureza, a localização e o tamanho da ferida. Em
alguns casos é necessária uma compressão, em outros
lavagem exaustiva com solução fisiológica e outros
exigem imobilização com ataduras. Nos curativos em
orifícios de drenagem de fístulas entéricas a proteção da
pele são em torno da lesão é o objetivo principal.
73. Tipos de Curativo
Curativo semi-oclusivo:
Este tipo de curativo é absorvente, e comumente
utilizado em feridas cirúrgicas, drenos, feridas
exsudativas, absorvendo o exsudato e isolando-o da pele
adjacente saudável.
Curativo oclusivo ou fechados:
Não permite a entrada de ar ou fluídos, atua como
barreira mecânica, impede a perda de fluídos, promove
isolamento térmico, veda a ferida, a fim de impedir
formação de crosta.
74. Tipos de Curativo
Curativo compressivo:
Utilizado para reduzir o fluxo sanguíneo, promover a
estase e ajudar na aproximação das extremidades da
lesão.
Curativos abertos:
São realizados em ferimentos que não há necessidade de
serem ocluídos. Feridas cirúrgicas limpas após 24 horas,
cortes pequenos, suturas, escoriações e etc, são exemplos
deste tipo de curativo.
75. Curativo grande:
Curativo realizado em ferida grande, variando de 36,5 a
80 cm2. (ex: Incisões contaminadas, grandes cirurgias –
incisões extensas (cirurgia torácica, cardíaca),
queimaduras (área e grau), toracotomia com drenagem,
úlceras infectadas, Outros especificar).
Curativo Extra Grande:
Curativo realizado em ferida grande, com mais de 80 cm2
(ex: Todas as ocorrências de curativos extragrandes
deverão obrigatoriamente constar de justificativa médica).
Tipos de Curativo
76. Tipos de Curativo
Ferida com fístula ou deiscência de paredes
Quando ocorre uma fistula ou deiscência de
parede ou túnel torna-se difícil a realização de limpeza
no interior da ferida proporcionando um ambiente ideal
para a colonização de patógenos. O ideal é realizar a
limpeza da ferida em todo o seu interior com jatos de
solução fisiológica.