NORMAS PARA PRODUCAO E PUBLICACAO UNIROVUMA - CAPACITACAO DOCENTE II SEMESTRE...
Caracteres morfológicos em macaúba irrigada
1. CARACTERES MORFOLÓGICOS EM MACAÚBA IRRIGADA1
LEANDRO DE SOUSA BRANDÃO1
, JULIANA FERREIRA DE ASSIS1
, PRISCILA2
RODRIGUES DE CASTRO2
, NATHALIA PEREIRA DA SILVA2
, CLEBER DO3
NASCIMENTO2
, VILMA PEREIRA GOMES3
, WATHINA LIMA SOUZA3
, RENATA4
SANTARÉM MATOS3
, MARCELO FIDELES BRAGA4
, NILTON TADEU VILELA5
JUNQUEIRA4
e LÉO DUC HAA CARSON SCHWARTZHAUPT DA CONCEIÇÃO4
.6
7
INTRODUÇÃO8
A macaúba (Acrocomia aculeata) é uma palmeira nativa do cerrado. Apresenta elevado9
potencial para produção de óleo, comparável ao dendê (Elaeis guineensis), com estimativas de até 510
ton/ha (LLERAS & CORADIN, 1985). Além disso, esta espécie é adaptada a ambientes mais secos11
do que o dendê pode suportar. Este aspecto será importante frente a cenários futuros de mudanças12
climáticas com aumento da temperatura terrestre, e consequentemente aumento da deficiência13
hídrica. Desta forma, a macaúba, poderá tornar-se uma alternativa viável em áreas de maior risco14
climático para produção de biodiesel. Contudo, é necessário avaliar os efeitos da irrigação em15
macaúba, prevendo a alternativa por cultivos de elevado nível tecnológico, assim como verificar o16
custo benefício do uso de sistemas irrigados frente a possíveis respostas positivas da espécie. Neste17
contexto, o objetivo do trabalho foi avaliar os efeitos do uso de irrigação em caracteres18
morfológicos no desenvolvimento inicial em dois acessos de macaúba.19
20
MATERIAL E MÉTODOS21
Foram utilizadas no experimento progênies de plantas de dois locais, a saber: Núcleo Rural22
Buriti Vermelho localizado no Distrito Federal (DF) e município de Igarapava, estado de São Paulo.23
O plantio foi realizado em dezembro de 2008 na área experimental da Embrapa Cerrados em24
Planaltina-DF. O delineamento utilizado foi em blocos ao acaso, com quatro repetições em esquema25
fatorial 2 X 2, com parcelas constituídas contendo seis plantas em 25m lineares espaçadas por 5m.26
A área útil considerada foi àquela ocupada pelas cinco plantas centrais. O fator acesso foi avaliado27
em dois níveis (acesso DF e acesso SP), e o mesmo número de níveis foi avaliado para o fator28
irrigação (sem irrigação e com irrigação). Para irrigação foi utilizado sistema de gotejamento, com29
dois gotejadores/planta, acionados 2 vezes por semana durante 4 h, com vazão de 4L/h por30
gotejador. Foram realizadas a correção da acidez do solo em toda a área, adubação de base na cova,31
1
Estagiários da Embrapa Cerrados, e-mails: lsousabrandao@gmail.com, juferr.assis@gmail.com.
2
Estagiários da Embrapa Cerrados do curso de Agronomia da UPIS/Planaltina-DF, emails: priscila_ggf@hotmail.com;
nathaliamimi@gmail.com; clebernascimento@gmail.com.
3
Estagiárias da Embrapa Cerrados do IFB/Planaltina-DF, emails: vilma.amorimm@gmail.com;
wathinnalima@gmail.com; renata.santaremm@gmail.com.
4
Pesquisadores da Embrapa Cerrados, emails: marcelo.fideles@embrapa.br; nilton.junqueira@embrapa.br;
leo.carson@embrapa.br.
1
2. adubação de cobertura 60 e 120 dias após o plantio. Após o 1ºano de cultivo, realizou-se adubação32
de manutenção no período chuvoso parcelada em quatro aplicações, espaçada de 45 em 45 dias.33
Foram avaliadas as seguintes variáveis: número de folhas total (NFOL) aos cinco anos34
(considerando aproximadamente 8 meses para formação da muda), taxa de emissão de folhas a35
partir do décimo mês de plantio (TAEF), comprimento da folha (CFOL), largura da folha (LFOL),36
número de folíolos (NFOLI), altura do estipe aos cinco anos (AEST), taxa anual de crescimento do37
estipe a partir do décimo mês de plantio (TACE), diâmetro do estipe (DEST) e distância entre38
inserções de folhas (DEIF). Para análise estatística foi considerada como unidade de observação a39
média da parcela. As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o aplicativo computacional40
SAS, versão 8.1 (SAS, 2000).41
42
RESULTADOS E DISCUSSÃO43
A análise de variância detectou efeitos significativos nas variáveis NFOL, TAEF, AEST e44
TACE para o uso de irrigação e origem dos acessos. As variáveis CFOL, LFOL e DEIF45
apresentaram diferenças devido ao efeito de acesso, porém o uso da irrigação não presentou46
diferença estatística nestas variáveis. Provavelmente estes caracteres são pouco afetados pelo47
ambiente e suas diferenças observadas são devido a diferenças genéticas entre os acessos avaliados.48
Foi detectada interação significativa apenas para o caráter TAEF (Tabelas 1 e 2). Não foram49
detectadas diferenças significativas para NFOLI, DEST.50
A média dos tratamentos irrigados foram superiores aos não irrigados para as variáveis51
NFOL, TAEF, AEST e TACE, pelo teste Tukey, indicando que o uso de irrigação favoreceu a52
formação e renovação das folhas e o desenvolvimento do estipe (Tabela 3). Trabalhos com cultivos53
de macaúba são escassos e recentes, não existem informações sobre as vantagens do uso da54
irrigação relacionadas a produtividade e viabilidade e nem referências sobre o manejo a ser55
aplicado. Em outras palmáceas, como a pupunha, em regiões onde há déficit hídrico, o uso da56
irrigação passa a ser praticamente obrigatório para obtenção de ganhos econômicos em cultivos57
(HERNANDEZ et al., 2001). Em dendê, Villalobos et al. (1992) observaram diferenças em plantas58
submetidas a dois regimes hídricos, em que as palmeiras não-irrigadas sofreram enrolamento59
prematuro das folhas inferiores, alto percentual de folhas fechadas e baixa condutividade60
estomática, quando comparadas às plantas dos tratamentos com irrigação. Contudo, a macaúba61
possui vantagens adaptativas as condições de clima seco quando comparada as referidas espécies de62
palmáceas. Neste sentido, será necessária a continuidade deste estudo com a observação de63
caracteres relacionados ao período reprodutivo e avaliação dos componentes de produção. Desta64
forma, será possível concluir se o maior desenvolvimento no período vegetativo será convertido em65
maior produção de frutos e qual será o custo benefício do uso desta tecnologia.66
2
3. Tabela 1. Resumo da análise de variância contendo fontes de variação, graus de liberdade (GL),67
quadrados médios e coeficiente de variação (CV) das variáveis relacionadas ao desenvolvimento68
foliar para os 4 tratamentos avaliados no experimento fatorial 2 x 2.69
*significativo a 5% de probabilidade pelo teste F. NFOL: número de folhas total aos cinco anos.70
TAEF: taxa de emissão de folhas a partir do décimo mês de plantio. CFOL: comprimento da folha.71
LFOL: largura da folha. NFOLI: número de folíolos.72
73
Tabela 2. Resumo da análise de variância contendo fontes de variação, graus de liberdade (GL),74
quadrados médios e coeficiente de variação (CV) das variáveis relacionadas ao desenvolvimento do75
estipe para os 4 tratamentos avaliados no experimento fatorial 2 x 2.76
* significativo a 5% de probabilidade pelo teste F. AEST: altura do estipe aos cinco anos. TACE:77
taxa anual de crescimento do estipe a partir do décimo mês de plantio. DEST: diâmetro do estipe.78
DEIF: distância entre inserções de folhas.79
80
Tabela 3 - Comparação de médias das variáveis avaliadas para dois níveis de irrigação (com81
irrigação e sem irrigação), pelo teste Tukey, envolvendo dois acessos de macaúba (São Paulo e82
Distrito Federal).83
Caracteres Acessos
Níveis de Irrigação
Média
Com irrigação Sem irrigação
NFOL
São Paulo 51,5 42,9 47,2 b
Distrito Federal 53,8 48,4 51,1 a
Média 52,7 a 45,6 b
TAEF
São Paulo 13,0 10,3 11,6 b
Distrito Federal 13,2 12,1 12,7 a
Média 13,1 a 11,2 b
CFOL
São Paulo 223,8 234,2 229,0 a
Distrito Federal 197,0 202,3 199,7 b
Média 210,4 a 218,3 a
LFOL
São Paulo 136,8 136,5 136,6 a
Distrito Federal 119,9 126,9 123,4 b
Média 128,3 a 131,7 a
NFOLI São Paulo 224,5 223,3 223,9 a
Fontes de
Variação
GL
Quadrado Médio
NFOL TAEF CFOL LFOL NFOLI
Acesso (Ac) 1 60,0625* 4,2908* 3443,2446* 702,4686* 30,3417
Irrigação (Irr) 1 197,4025* 14,9879* 249,5083 44,4889 289,2834
Ac x Irr 1 10,4006* 2,6755* 26,3083* 52,6948* 209,0434
Resíduo 9 7,1974* 0,3761* 261,5431* 18,0257* 149,5439
CV (%) 5,46 5,05 7,54 3,26 5,49
Fontes de
Variação
GL
Quadrado Médio
AEST TACE DEST DEIF
Acesso (Ac) 1 64283,3767* 9573,6440* 26,8237 58,2677*
Irrigação (Irr) 1 26555,4184* 3782,0450* 2,4154 2,5069
Ac x Irr 1 233,8350 138,1017 0,9425 2,9184
Resíduo 9 1373,7008 185.6185 5,6433 8,8440
CV (%) 9,12 9,93 6,47 8,12
3
4. Distrito Federal 229,0 213,3 221,1 a
Média 226,8 a 218,3 a
AEST
São Paulo 387,4 298,3 342,8 b
Distrito Federal 506,5 432,7 429,6 a
Média 446,9 a 365,5 b
TACE
São Paulo 131,0 94,4 112,7 b
Distrito Federal 174,1 149,2 161,6 a
Média 152,6 a 121,8 b
DEST
São Paulo 38,6 37,4 38,0 a
Distrito Federal 35,6 35,3 35,4 a
Média 37,1 a 36,3 a
DEIF
São Paulo 34,7 34,7 34,7 b
Distrito Federal 37,7 39,3 38,5 a
Média 36,2 a 37,0 a
Médias seguidas de mesma letra na linha/coluna não diferem entre si pelo teste Tukey a 5%. NFOL:84
número de folhas total aos cinco anos. TAEF: taxa de emissão de folhas a partir do décimo mês de85
plantio. CFOL: comprimento da folha. LFOL: largura da folha. NFOLI: número de folíolos. AEST:86
altura do estipe aos cinco anos. TACE: taxa anual de crescimento do estipe a partir do décimo mês87
de plantio. DEST: diâmetro do estipe. DEIF: distância entre inserções de folhas.88
89
CONCLUSÕES90
O uso da irrigação favoreceu o crescimento do estipe e o desenvolvimento foliar, com maior91
área fotossintética e renovação de folhas. O maior vigor apresentado pelas plantas irrigadas em92
relação as não-irrigadas poderá ser benéfico para produção de frutos, mas precisa ser avaliado ao93
longo da fase reprodutiva da cultura.94
95
AGRADECIMENTOS96
À Finep, CNPq e Petrobrás pelos financiamentos e concessão de bolsas à alunos de97
graduação e pós-graduação.98
99
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS100
HERNANDEZ, F.B.T.; ALVES JÚNIOR, J.; LOPES, A.S. Irrigação na cultura da pupunha. In:101
Curso sobre Cultivo Processamento e Comercialização de Palmito Pupunha, 2001, Londrina,102
IAPAR, p.107-126.103
LLERAS, E.; CORADIN, L. Palmeras nativas como oleoginosas: situación actual y perspectivas104
para América Latina. In: Taller sobre Oleoginosas Promissoras, 1985, Bogotá. Resumos... Bogotá:105
ACAC, p.91-143.106
SAS Institute. The SAS system for windows v.8e. Cary, NC, 2000.107
VILLALOBOS, E.; UMAÑA, C. H.; CHINCHILLA, C. M. Estado de Hidratación de la palma108
aceitera, en respuesta a la sequía en Costa Rica. Oléagineux, Paris, v.47, n.5, p.217-223, 1992.109
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