Este documento apresenta os resultados preliminares da avaliação de progênies de macaúba cultivadas na região do Alto Paranaíba, Minas Gerais. Foram identificadas diferenças significativas entre as progênies para altura de planta e diâmetro do estipe. As estimativas indicaram maior variabilidade genética para diâmetro do estipe. A variabilidade genética entre indivíduos dentro das progênies foi maior do que entre as progênies.
Avaliação preliminar de progênies de macaúba para a região do alto paranaíba, minas gerais ronaldo
1. AVALIAÇÃO PRELIMINAR DE PROGÊNIES DE MACAÚBA PARA A REGIÃO DO1
ALTO PARANAÍBA, MINAS GERAIS2
3
RONALDO MACHADO JUNIOR1
, SYLAS CLEMENTE DE OLIVEIRA1
, MAKYSLANO4
REZENDEROCHA1
, CARLOS EDUARDO MAGALHÃES DOS SANTOS2
, ÉDER MATSUO1
e5
SÉRGIO YOSHIMITSU MOTOIKE2
6
7
INTRODUÇÃO8
9
A macaúba é uma palmeira nativa das florestas da América tropical e subtropical que10
ocorre do México e Antilhas até ao Paraguai e Argentina (Henderson et al., 1995 Apud Motta et al.,11
2002). Grandes populações de macaúba, apontadas como economicamente promissoras, ocorrem no12
Estado de Minas Gerais, e também nos Estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso e no Sul do13
Brasil (Motta et al., 2002). Possui elevado potencial de uso, desde o caule até à semente, sendo esta14
utilizada para fins alimentares, cosméticos e energéticos (Lorenzi, 1992).15
A utilização do óleo da macaúba como fonte de matéria prima para produção de biodiesel16
depende da domesticação da espécie (Motta et al., 2002).A domesticação inclui o pré-17
melhoramento, melhoramento genético e o desenvolvimento de tecnologias de plantio e manejo da18
cultura (Manfio, 2010). No pré-melhoramento são realizadas as atividade de exploração, coleta,19
implantação de bancos de germoplasma e a caracterização e conhecimento da diversidade genética20
existente na espécie, para introdução de genótipos promissores na etapa posterior de melhoramento21
(Manfio, 2010).Além disso, a estimação de parâmetros visando o conhecimento da variabilidade22
genética é essencial para o planejamento das várias etapas do programa de melhoramento (Manfio23
et al., 2012).Diante disto, objetivou-se avaliar progênies de macaúba cultivadas na região do Alto24
Paranaíba, Minas gerais, por meios de descritores morfológicos, e estimar parâmetros visando25
conhecimento da variabilidade genética.26
27
MATERIAL E MÉTODOS28
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Os trabalhos foram desenvolvidos na área experimental pertencente à Universidade Federal30
de Viçosa – Campus de Rio Paranaíba, localizado em Rio Paranaíba, Minas Gerais.Foram coletados31
frutos de 36 indivíduosdistribuídos ao acaso nos municípios de coleta (Luz/MG e Santa Luzia/MG32
1
Universidade Federal de Viçosa – Campus de Rio Paranaíba. E-mails: ronaldojr_agro@hotmail.com;
sylas.oliveira@ufv.br; makyslano.rocha@ufv.br; e edermatsuo@ufv.br
2
Universidade Federal de Viçosa – Campus de Viçosa. E-mails: carlos.magalhaes@ufv.br; e motoike@ufv.br
1
2. – 18 plantas de cada localidade), prezando pela seleção de indivíduos que apresentaram maior33
número de cachos por planta, maior número de frutos por cacho e fruto de tamanho elevado. Os34
dados referentes aos locais de coleta e das plantas matrizes foram anotados para constituir os dados35
de caracterização de progênies no experimento.36
Em laboratório, os frutos dos 36 indivíduos (plantas) frutos passaram pelo processo de37
germinação por meio da metodologia de Motoikeet al. (2007). Após obtenção das plântulas, as38
mudas permaneceram no viveiro por um período de 120 dias. Posteriormente, foram transplantadas39
a campo, na Universidade Federal de Viçosa/Campus de Rio Paranaíba em espaçamento de 5 x 5 m,40
de acordo com o delineamento em blocos casualizados com três repetições e 3 plantas por parcela41
experimental. Foram, portanto, analisadas 36 progênies (assumidos como indivíduos meios-irmãos),42
sendo que cada progênie foi proveniente de um indivíduo. As práticas de manejo para o bom43
desenvolvimento das plantas foram realizadas sempre que necessárias.44
As progênies foram caracterizadas por meio dos seguintes descritores: altura de plantas45
(em cm), diâmetro do estipe (em mm), projeção da copa (em cm) e número de folhas definitivas.46
Estes descritores foram avaliados ao 7º mês após o transplantio, com auxílio de trena e paquímetro47
digital.48
Os dados foram submetidos ao teste F na análise de variância, considerando modelo49
aleatório. As médias das características das progênies, desconsiderando a procedência, foram50
comparadas pelo teste de Tukey, ambos à 5% de probabilidade. Ademais, foram estimados51
parâmetros genéticos e ambientais para os descritores que apresentaram efeito de progênie52
significativo pelo teste F. As análisesestatísticas foram realizadas no Programa Genes (Cruz, 2013).53
54
RESULTADOS E DISCUSSÃO55
56
Foram identificadas diferenças significativas apenas para os descritores altura de plantas e57
diâmetro do estipe (Tabela 1).A significância observada indica que as progênies de macaúba58
apresentam diferenças entre si.59
A análise de comparação de médias pelo teste de Tukey, considerando 5% de60
probabilidade, não revelou diferenças significativas entre as progênies, desconsiderando a61
procedência, para os descritores altura de plantas e diâmetro do estipe. Salienta-se que para projeção62
da copa e número de folhas definitivas não se procedeu ao teste de Tukey em função do resultado63
de progênie não significativo pelo teste F na análise de variância.64
As estimativas de parâmetros genéticos e fenotípicos indicaram que existe maior65
variabilidade genética para o diâmetro do estipe comparado à da altura de planta. Para os dois66
descritores, os valores de herdabilidade foram de alta magnitude (Tabela 2).67
2
3. A variância genética encontrada entre indivíduos dentro das parcelas (progênies) foi maior68
quando comparada com a variância genética entre parcelas (progênies); consequentemente isto69
levou a um maior coeficiente de variação genético entre plantas dentro de progênies. Portanto, há70
uma grande variabilidade genética dos indivíduos de cada família, com melhores possibilidades de71
ganhos pela seleção entre e dentro do que somente entre as progênies.72
73
Tabela 1. Resumo da análise de variância para os descritores: altura de plantas (AP),
diâmetro de estipe (DE), projeção da copa (PC) e número de folíolos definitivos
(NFD), avaliados em progênies de macaúba conduzidos na UFV/Campus de Rio
Paranaíba, Rio Paranaíba, MG, 2013
F.V. G.L.
Quadrados Médios1
AP DE PC NFD
Blocos 2 489,5031 298,9616 260,2369 2,2870
Progênies 35 337,9029 ** 32,6596 ** 212,9886
ns
0,5548
ns
Entre parcela 70 170,6213 19,7175 216,9599 0,4299
Dentro parcela 216 98,7361 10,0673 91,1559 0,2346
Médias 36,54 11,05 36,37 1,80
C.V.e (%) 13,40 16,20 17,80 14,13
1
** e ns
: Efeitos de genótipos significativos à 1% de probabilidade e não
significativo, respectivamente, pelo teste F.
74
Tabela 2. Estimativas de parâmetros genéticos e fenotípicos de descritores (altura
de plantas - AP; e diâmetro do estipe – DE) avaliados em progênie (famílias de
meios irmãos) de macaúba conduzidos no Campus de Rio Paranaíba da UFV, Rio
Paranaíba, MG, 2013
Parâmetros AP DE
Mínimo (cm) 12,00 3,27
Máximo (cm) 97,00 27,40
Variância ambiental (entre blocos) 2,9526 2,5855
Variância ambiental (entre parcelas) 23,9617 3,2167
Variância genética (entre médias de progênies) 18,5868 1,4380
Variância genética (dentro de progênies) 55,7605 4,3140
Variância fenotípica (variações entre plantas dentro de parcelas) 98,7361 10,0673
Coeficiente de variação genético (entre progênies) 11,80 10,85
Coeficiente de variação genético (dentro de progênies) 20,43 18,79
Herdabilidade (US = Média de famílias) (%) 49,51 39,63
Herdabilidade (US = Dentro família) (%) 56,47 42,85
75
A macaúba possui um longo período juvenil (a espécie pode demorar até sete anos para o76
início da produção de frutos) (Teixeira, 2005). É importante salientar que as avaliações foram77
realizadas ao 7º meses após o transplantio. Portanto, as plantas, do presente estudos, podem ainda78
expressar seu potencial quanto aos descritores avaliados e,a variabilidade entre pode ainda ser79
captada nas próximas avaliações.80
3
4. O sucesso de um programa de melhoramento de espécies perenes depende também do81
conhecimento do germoplasma disponível para a obtenção do produto desejado, bem como, da82
variação biológica entre espécies no gênero, entre populações, dentro de espécies e indivíduos83
(Abreu et al., 2009). Desse modo, a estimação de parâmetros visando ao conhecimento da84
magnitude da variabilidade genética e a avaliação genética de indivíduos são essenciais nas várias85
etapas do programa de melhoramento, desde a fase de desenvolvimento inicial das mudas para86
efeito de seleção ao longo do programa (Manfio et al., 2012).87
88
CONCLUSÕES89
90
Em plantas avaliadas precocemente, identificou-se diferença significativa entre progênies91
para a altura de planta e o diâmetro de estipe; e maiores estimativas de variância genética e92
coeficiente de variação genético entre indivíduos dentro de progênies.93
94
AGRADECIMENTOS95
96
À Petrobrás, ao CNPq, à FAPEMIG e à CAPESpelo apoio financeiro.97
98
REFERÊNCIAS99
100
ABREU, B. F.; RESENDE, M. D. V. de; ANSELMO, J. L.; SATURNINO, H. M.; BRENHA, J. A.101
M.; FREITAS, F. B. Variabilidade Genética entre subamostras de pinhão-manso na fase juvenil.102
Magistra, n.21, p.36-40, 2009.103
CRUZ, C.D. GENES - a software package for analysis in experimental statistics and quantitative104
genetics. Acta Scientiarum. Agronomy, v.35, p.271-276, 2013.105
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do106
Brasil. v.1, Nova Odesa: Plantarum, 1992, 352p.107
MANFIO, C.E.; MOTOIKE, S.Y.; RESENDE, M.D.V. de; SANTOS, C.E.M; SATO, A.Y.108
Avaliação de progênies de macaúba na fase juvenil e estimativas de parâmetros genéticos e109
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MANFIO; C. E. Análise genética no melhoramento da macaúba. 52f. Tese (Doutorado em Genética111
e Melhoramento de Plantas) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2010.112
MOTOIKE, S. Y.; LOPES, F. A.; SÁ JÚNIOR, A. Q. de; CARVALHO, M.; OLIVEIRA, M. A. R.113
de. Processo de germinação e produção de sementes pré-germinadas de palmeiras do Gênero114
Acrocomia, 2007. Protocolo INPI 014070005335.115
MOTTA, P. E. F.; CURI, N.; OLIVEIRA FILHO, A. T.; GOMES, J. B. V. Ocorrência da macaúba116
em Minas Gerais: relação com tributos climáticos, pedológicos e vegetacionais. Pesquisa117
Agropecuária Brasileira, v.37, n.7, p.1023-1031, 2002.118
TEIXEIRA, L.C. Potencialidades de oleaginosas para produção de biodiesel. Informe119
Agropecuário, n. 26, p.18-27, 2005.120
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