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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
CURSO DE ARTES VISUAIS – LICENCIATURA
THIAGO SILVA DE MORAES
ARTE CORPO VIDA
ART BODY LIFE
ART CORP VIE
CAMPO GRANDE
2013
THIAGO SILVA DE MORAES
ARTE CORPO VIDA
ART BODY LIFE
ART CORP VIE
Trabalho de Conclusão de Curso subme-
tido à apreciação de banca examinadora
como exigência parcial para a obtenção
do grau de licenciado em Artes Visuais,
elaborado sob a orientação da Prof.ª Drª
Eluiza Bortolotto Ghizzi.
CAMPO GRANDE
2013
3
THIAGO SILVA DE MORAES
ARTE CORPO VIDA
ART BODY LIFE
ART CORP VIE
Trabalho de Conclusão de Curso subme-
tido à apreciação de banca examinadora
como exigência parcial para a obtenção
do grau de licenciado em Artes Visuais.
Campo Grande - MS, _____ de ______________ de 2013
COMISSÃO EXAMINADORA
_____________________________________________
Profª. Drª. Eluiza Bortolotto Ghizzi
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
_____________________________________________
Prof. Dr. Paulo Cesar Duarte Paes
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
_____________________________________________
Prof. Dr. Hélio Augusto Godoy de Souza
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
CAMPO GRANDE
2013
4
AGRADECIMENTOS
5
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Site museu louvre.......................................................................... 25
Figura 02 – Site Lygia Clark............................................................................. 25
Figura 03 – Canal MOCA no Youtube............................................................. 26
Figura 04 – Site Google Art Project. ............................................................... 27
Figura 05 – Site Chicago Insitute...................................................................... 27
Figura 06 – Página no facebook pessoal do artista Frederic Fonteney.............. 27
Figura 07 – Página no Facebook pessoal da artista Priscilla Pessoa.................. 27
Figura 08 – Blog da artista Priscilla Pessoa....................................................... 28
Figura 09- Site do Blender 3D em inglês........................................................... 28
Figura 10 – Site do Blender 3D em português. ................................................. 28
Figura 11- Site do GIMP em inglês................................................................... 29
Figura 12 – Site do GIMP em português........................................................... 29
Figura 13 – Tela do programa Windows Movie Maker..................................... 29
Figura 14 – Site do Encontro de Professores de Arte de MS........................... 30
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................................ 05
1. ARTE ART ART............................................................................................................ 08
1.1 Ensino e arte.....................................................................................................11
2. CORPO BODY CORP.................................................................................................. 13
2.1 corpo e o sistema nervoso............................................................................... 13
2.2 corpo, arte e identidade.................................................................................. 15
2.3 corpo pós-humano.......................................................................................... 17
3. VIDA LIFE VIE........................................................................................................... 20
3.1 Apreciação....................................................................................................... 25
3.2 Contextualização............................................................................................. 26
3.3 Produção.......................................................................................................... 28
4. NAJON: PRODUTO MULTIMIDIATICO............................................................... 31
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 33
PLANO DE CURSO........................................................................................................ 34
ANEXO I........................................................................................................................... 43
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................. 49
7
RESUMO
O presente trabalho é uma reflexão sobre o ensino de artes inserido dentro da cibercultura, da
indústria cultural e a sociedade dos espetáculos1
. A indústria cultural apropria-se dos discursos
artísticos promovendo assim comportamentos e ideologias dentro da sociedade dos
espetáculos, refletindo no corpo do individuo de várias formas, cabe ao professor de artes
estimular uma visão crítica sobre essa produção. Dentro da cibercultura o individuo já não é
apenas um agente passivo assume um lugar de produtor de conteúdo, dialogando diretamente
com a indústria cultural. Assim através das mídias o ensino de artes pode contribuir com uma
visão crítica sobre o consumo de produtos da indústria cultural na sociedade dos espetáculos.
Palavras-chave: Ensino de artes. Cibercultura. Indústria cultural. Sociedade dos espetáculos.
Mídias
1 1
DEBORD, Guy. A sociedade dos espetáculos. 2003
8
INTRODUÇÃO
Durante a realização do estágio nos Ensinos Infantil e Médio e, também, ministrando
aulas na Oficina de Animação do Instituto Mirim de Campo Grande, durante três anos (2°
semestres de 2011, 2012 e 2013), obtive contato com estudantes das redes Estadual e
Municipal de Ensino de Campo Grande. Nesse contato, percebi que há nos alunos sempre
uma curiosidade sobre técnicas e materiais, mas também a crença em mitos, como o de que
artistas são gênios e necessitam de algum talento especial, além de que arte é uma coisa de
elite. Sendo assim, a aproximação desses alunos com o mundo midiático (TV aberta, filmes,
música, internet), com o qual eles estão familiarizados, mostrou-se eficiente para uma
abordagem básica da arte.
O projeto desenvolvido com os alunos do Ensino Médio (2012) e do Instituto Mirim
de Campo Grande (IMCG) por meio das técnicas supracitadas (produção de um vídeo de
animação), mostrou que eles são capazes de trabalhar com temas diversos – incluindo as
questões artísticas – para além daqueles que são mais comumente abordados nessa etapa da
vida, como sexualidade, drogas e passagem para o mundo adulto. No entanto, percebi que não
se apropriavam da arte enquanto um conteúdo em si, mas como acessório de outros,
conteúdos, principalmente dentro do IMCG, que é voltado para a entrada de jovens no
mercado de trabalho.
Com essa reflexão, desenvolvi um plano didático propondo que a arte seja promovida
por meio de um canal multimidiático2
e, assim, estimulando sua vivência como disciplina
autônoma, lembrando que ela deve ter a liberdade de desenvolver um caráter transdisciplinar,
capaz de dialogar com qualquer outro tipo de conhecimento, dentro e fora do currículo e,
principalmente, dentro do cotidiano dos alunos. A intenção é a de que o aluno esteja preparado
para lidar com a arte em suas diversas formas no mundo ao seu redor.
Em entrevista para a Carta Maior, a professora de artes Ana Mae Barbosa (2006)
ressalta que o papel do ensino de artes é estimular diferentes formas de inteligência através do
uso de diversos processos cognitivos, tanto racionais quanto afetivos e emocionais, incluindo,
também, a função de auxiliar no ensino de outras disciplinas. Ainda segundo a autora, na
história do ensino de arte, é possível notar as fortes influências das práticas jesuítas, das ideias
do positivismo e do liberalismo e das “escolinhas” de artes (desde a expressão sem
2
Site Najon ver pg.
9
(interferências, reflexão, orientação e análise, até o “auxílio” do professor da disciplina de arte
em decoração de festas), colocando dificuldades para que a disciplina apresente-se como
autônoma, como parte do conhecimento humano. A apropriação do conhecimento sobre arte, e
para o exercício de arte, é necessária para a compreensão e transformação do ambiente em
que atua o sujeito, a sociedade.
A sociedade atual é bombardeada por um excesso de informações com variados graus
de relevância e diversidade temática, por meio das quais se repassa e consolida
ideologicamente um sistema, em que se inserem as manifestações artístico-culturais. É a
chamada indústria cultural. Grandes grupos de comunicação ditam às massas populacionais,
em campanhas publicitárias de grande investimento mercadológico, o que deve ser
consumido. Isso, mesmo agora, em tempos da internet, que coloca à disposição de todos uma
enorme diversidade de fontes de informação, sendo apenas necessária uma interface para
acessá-las. Vivendo sob a cultura midiática, a sociedade dos espetáculos, o humano pós-
humano, ao mesmo tempo permite experimentações com o corpo de diversas maneiras e
também o encouraça (REICH, apud LELIS, 2006), determinando comportamentos.
A artista Marina Abramovic, reconhecida por seu trabalho em performances de
exaustão do corpo, recentemente ganhou reconhecimento pelo conjunto da sua obra em uma
exposição no MOMA – Museu de Arte Contemporânea de Nova York. A exposição
apresentava, além da própria artista, outros 30 artistas revivendo performances dela e ganhou
destaque entre jovens e na cultura pop depois que a cantora/performer Lady Gaga colocou em
seu espaço no twitter comentário sobre o evento. Com isto, adolescentes e adultos
conheceram a obra, Marina e o museu.
O exemplo citado mostra que é possível, através de grandes veículos de informação,
como mídias sociais, TV, rádio, internet e diversos meios, propor novas experiências estéticas
às pessoas levando-as a vivenciá-las. Nossa sociedade atual é uma sociedade de
consumidores, em que a individualidade e posições políticas são representadas pela
mercadoria consumida, movida pela indústria cultural e pelo corpo adentrando o ciberespaço.
Nesse exemplo, as duas artistas, Marina e Gaga, por meio do diálogo e do hibridismo de
linguagens (fotografia, cinema, música, performance) presentes na cultura do pós-humano,
mostram que através do próprio produto pode haver um estímulo ao conhecimento de arte.
Assim, o professor de arte, aproximando-se dos conceitos da cultura midiática e dos meios
circundantes atualmente, pode propor reflexões maiores, caminhos de pesquisa e indagações
10
sobre artes por meio das linguagens e ideologias presentes no mundo midiático, questionando
suas ideologias.
Para propor uma reflexão sobre o tema apresentado, cultura midiática e arte, utilizo
pensamentos sobre o ensino de artes na sociedade do espetáculo e dos consumidores, os
conceitos de cultura midiática, de ciberespaço e de corpo pós-humano apresentados por Lúcia
Santaella no livro Culturas e artes do pós-humano, além da aproximação com outros autores
da crítica à indústria cultural (ADORNO, 2002; DEBORD, 2003), mídia (KELLNER,
MCLUHAN) e teoria da arte (GOMBRICH, 2012; JANSON, 1999; DANTO, 2006). Alerto
para o texto em primeira pessoa, uma vez que a arte é inerente à vida e o conhecimento, seja
do que for, se faz no humano, no indivíduo.
Este trabalho é dividido nos capítulos Arte, Corpo e Vida respectivamente. O primeiro
capítulo aborda o ensino de arte e os questionamentos propostos na arte contemporânea,
relatando experiências no fazer e ensinar arte. Alguns conceitos sobre corpo, identidade e
cognição abordados no segundo capítulo. O último capítulo apresenta questionamentos sobre
a cultura midiática e o ensino de artes utilizando a internet e dispositivos midiáticos.
11
1. ARTE ART ART
A década de 1970 é marcada no Brasil pela ditadura militar e, no âmbito do ensino, a
partir dessa década há uma luta para o reconhecimento do ensino de arte como disciplina para
a formação de um cidadão pleno. Desde 1971, o ensino de arte é obrigatório dentro do
currículo escolar. Porém, de lá pra cá houve muitas mudanças na estrutura curricular dos
cursos superiores de formação de professores de arte, que eram formados, antes, em
licenciatura em Educação Artística. Conforme Barbosa:
Licenciatura em Educação Artística na universidade pretende preparar um
professor de arte em apenas dois anos, que seja capaz de lecionar música,
teatro, artes visuais, desenho, dança e desenho geométrico, tudo ao mesmo
tempo, da lª à 8ª séries e, em alguns casos, até o 2º grau.
(1989, p.170)
Tendo que abarcar temas diversos e sob a influência das escolinhas de Arte, o
professor de Educação Artística considerava sua formação voltada apenas para o estímulo da
criatividade (BARBOSA, 1989), não como uma área do conhecimento humano. Com a
redemocratização do país e a politização dos professores a partir da década de 1980, o ensino
de arte passou por mudanças até conseguir a garantia de estar, de fato, no currículo escolar
obrigatório na década de 1990.
Mesmo com todo o esforço da categoria profissional para reconhecimento da arte
como disciplina curricular e autônoma, ainda não foi possível promover uma mudança no
modo como as escolas e os outros professores veem o professor de arte; dentro de sala de aula
o professor de arte é visto como um meio de promover decorações para datas específicas, um
passatempo ou uma aula complementar. Ana Mae Barbosa, em entrevista para a revista Carta
Capital, ressalta que o ensino de arte é:
Para trabalhar construção e cognição. Na construção da Arte utilizamos
todos os processos mentais envolvidos na cognição. Existem pesquisas que
apontam que a Arte desenvolve a capacidade cognitiva da criança e do
adolescente de maneira que ele possa ser melhor aluno em outras disciplinas.
YODA. Carta Maior (2006).
12
Além disso, o ensino de arte no mundo atual se depara com embates entre formas,
tipos, materiais usados, meios de distribuição, tipos de público, rompendo a tradição do
quadro e das belas artes, de arte apenas como objeto material e, voltando-se ainda mais para o
corpo, para os conceitos. Para compreender melhor como a arte incorporou modos de fazer
arte que não tem objeto físico e, principalmente, tirando foco central de produção do objeto
pergunta-se: o que é arte? E quando ela começa?
Definir o que é arte é uma questão difícil, uma vez que a gama de respostas para tal
pergunta apresenta diferentes versões3
, e hoje a arte é cada vez mais abstrata e filosófica. Para
abordar o presente estudo apoio-me na linha cronológica narrativa apresentada pelos autores
Gombrich (2012) e H. Janson (1996), até a ruptura com a história da arte de que fala Danto:
“Mas agora que o invólucro foi rompido, e que pelo menos se chegou a um
vislumbre de autoconsciência, aquela história terminou, libertando-se de um
fardo que agora poderia ser transferido para os filósofos, para que o
carregassem. E os artistas, liberados do peso da história, ficavam livres para
fazer arte da maneira que desejassem ou mesmo sem nenhuma finalidade.
Essa é a marca da arte contemporânea, e não é para menos que, em contraste
com o modernismo, não existe essa coisa de estilo contemporâneo.”
(p.18 2006)
Nesse contexto, o ensino de artes torna-se cada vez mais complexo, não se limitando à
simples apropriação de uma técnica, mas construindo um pensamento e uma reflexão sobre
arte e sobre o fazer artístico (BARBOSA, 2008). Algumas das características da arte
contemporânea são sua efemeridade, a imersão do corpo, participação do espectador, ideia de
arte conceitual, não produzindo produtos diretos, arte não comercializável, multiculturalismo,
linguagens, suportes híbridos etc. Resultantes das contribuições filosóficas da década de 1960,
essas obras “podem ser imaginadas, ou produzidas, sem nenhum limite do que possam
parecer, assumindo a aparência de qualquer coisa” (DANTO, 2006).
Em um mundo onde a educação tem a pretensão de formar mão-de-obra para um
mercado em busca de lucro, onde a arte é relegada a espaços institucionais de pouco ou
nenhum destaque dentro dos centros urbanos e à livre apropriação pelo mercado publicitário e
cultura industrial, o ensino de artes é a possibilidade de sensibilizar (no sentido de estar apto a
3
Vigostski (1999) apresenta várias definições segundo alguns filósofos p. 306. Em outros autores pesquisados
aparecem mais de uma visão sobre arte.
13
receber as informações, estímulo e despertar uma compreensão crítica4
) o indivíduo em
relação à arte e ao mundo ao seu redor. Com a proliferação de novos meios para reprodução e
divulgação, algumas obras produzidas hoje e em outras épocas podem ser visitadas na
internet, e vivenciadas de alguma forma (SANTAELLA, p.58). Ao mesmo tempo em que a
arte serve à indústria cultural, cedendo seus conhecimentos da “forma” para a emoção, a arte
também é promovida por ela. Na sociedade do consumo e na indústria cultural, tudo pode ser
coisificado, transformado em produto (ADORNO, 2002).
Nessa perspectiva, destaco alguns artistas cujos trabalhos apresentam características
como o trabalho com o corpo, o pensamento conceitual e a relação com a cultura das mídias:
Lygia Clark, Hélio Oiticica, Marina Abramovic e Lady Gaga. Os quatro artistas apresentam
obras que dialogam com o corpo de algum modo; entretanto, enquanto os três primeiros
utilizam sua arte, de certa forma, para questionar o corpo dentro da sociedade do espetáculo,
Gaga é “produto” – diretamente inserida na indústria cultural – e vende sua arte por meio da
cultura midiática.
O corpo é o primeiro meio de se ter contato com o mundo, através dos sentidos
(VIGOSTKI, 1999). Lygia Clark relaciona-se com esse conceito para construção de propostas
diversas que buscam estimular o sensorial do corpo do espectador/participante/autor da obra.
“O objeto não estava mais fora do corpo, mas era o próprio ‘corpo’ que interessava a Lygia”
(http://www.lygiaclark.org.br/biografiaPT). Sua obra coloca o participante imerso. Em A Casa é
o Corpo (1968) ele é convidado a passar por instalações que representam a penetração,
germinação, ovulação e expulsão do corpo. Por meio da representação, em tamanho gigante,
do aparelho reprodutor feminino, o espectador/participante percorria o caminho compondo
sua própria obra. A relação com corpo, presente no trabalho de Lygia, não é apenas objeto de
referência para criação de suas instalações, mas muito mais importante é a reação do corpo do
espectador participante para onde sua atenção é dirigida. (SANTAELLA, p. 275)
Hélio Oiticica utiliza elementos presentes nos ambientes da periferia para propor ao
corpo outras vivências. Seus “Parangóles” (década de 1960) são objetos feitos de vários
tecidos propondo ao espectador/participante uma vivência em que ele, espectador, cria a
performance. Tropicália (1967) apresentava diversos elementos das favelas do Rio de Janeiro
e influenciou o advento do movimento tropicalista. Frederico Moraes, ao escrever sobre a
4
Ver BARBOSA, p.99 (2008)
14
ação do artista, diz que “o artista não é o que realiza obras dadas à contemplação, mas o que
propõe situações”.
Marina Abramovic é uma artista contemporânea que apresenta performances em que o
corpo é colocado à exaustão. Seus trabalhos durante a década de 1970 apresentam temas
políticos e relacionados a questionamentos de sua identidade e da própria arte. Em 2010, a
exposição no MOMA, The Artist is Present, apresentou uma retrospectiva de sua obra.
Quando a cantora Lady Gaga postou comentários em seu espaço no Twitter sobre a
exposição no MOMA – Museum Of Modern Art, The Artist is Present, levou para a exposição
uma parcela da população que desconhecia tanto aquela forma de arte quanto Marina
Abromovic, principalmente por se tratar de uma artista que desenvolve um trabalho desde a
década de 1970, época em que a maioria do público da cantora não era nascida. Gaga, ao
utilizar o meio que propaga sua arte, considerada de massa e da cultura industrial, promove
estímulo e apreciação de outras experiências, aproxima-se com essa atitude do discurso
encontrado em Hélio Oiticica e Lygia Clark.
O corpo do indivíduo pós-moderno está cada vez mais criando extensão para o mundo
virtual, o ciberespaço, através de variadas formas; interfaces5
e dispositivos, gerando novas
formas de interação entre o meio e o indivíduo. Estamos conectados com outros corpos no
ambiente virtual e, por isso, podemos ter acesso a um grande número de informações de nosso
interesse. Mesmo para cidades onde não há instituições ou qualquer circuito artístico, com
esses meios é possível, a vivência artística contemporânea. (SANTAELLA, 2008)
Com o advento das novas tecnologias, o homem desenvolve novas formas, fazendo-se
presente no mundo real ou digital. Através de suas conexões, conhece novas culturas, meios
de comunicação e, principalmente, formas de interação com o meio. A capacidade tecnológica
da cultura midiática consegue transformar toda informação em uma mesma linguagem
universal, característica do pós-moderno. (SANTAELLA, pg.59)
Enquanto pesquisador/professor de artes apresento no texto abaixo uma breve
exposição de reflexões advindas da minha vivência pessoal, no ensino e na produção de arte,
os quais levaram-me a querer aproximar os conceitos apresentados à educação, ao fazer
artístico e à vivência do e com o meu corpo.
5
Ver SANTAELLA pg. 91
15
1.1Ensino e arte: reflexões
No Instituto Mirim, ministrando oficina de desenho animado (2011,2012 e 2013),
percebi que muitos alunos têm algum tipo de interface de comunicação (celulares e afins) com
acesso a internet, assim como no estágio. Mesmo com a possibilidade de procura por outras
referências, acabavam por buscar conteúdo (imagens, temas, músicas, nomes, artistas, etc.)
nas grandes redes de mídias tradicionais (Globo, MTV). No ensino infantil (2012 e 2013), os
alunos não detinham tais interfaces, porém a influência de outros meios de comunicação
tradicionais, a TV aberta no caso, era bem nítida em seus materiais escolares – estojos,
cadernos e mochilas com personagens de desenhos animados e/ou seriados infantis.
Atualmente esses jovens e crianças, através de mídias sociais, colocam seu corpo, por
meio de avatares6
com imagens do próprio corpo e/ou um corpo inventado, dentro da internet
e criam essas imagens sem nenhuma ou pouca reflexão sobre imagens. Tanto que produzem
e/ou consomem.
Também participo de um projeto de extensão chamado Coli$ão – poéticas
contemporâneas (UFMS), no qual são desenvolvidas obras utilizando como suporte, fim e
meio, principalmente o corpo e todas as tecnologias disponíveis ao grupo. Como projeto de
extensão, o grupo é aberto a qualquer pessoa, e todos os integrantes são estimulados a
participar da criação, produção, montagem/apresentação da obra.
Muitas pessoas que por ali passaram relatam que, durante o processo de pesquisa para
obras, sua percepção do ambiente/meio ao redor mudou (durante conversa informal). Falam
que, de um jeito diferente, algo havia mudado na relação do seu corpo e dele com o
ambiente/meio. Tomando por base essa vivência no ensino e na produção de arte, percebo
como objeto central desse estudo o corpo humano; por meio de suas interações com o mundo
ao redor, o indivíduo posiciona-se no mundo econômica, social e politicamente. Esse
posicionamento se dá por variadas formas, desde colocar no corpo (ou colocar o corpo em)
imagens, roupas, acessórios, até participar de eventos reais ou digitais. Para ir adiante nesta
reflexão, apresento algumas considerações sobre o que é esse corpo pós-humano no próximo
capítulo.
6
Figuras gráficas que habitam o ciberespaço. SANTAELLA pg. 290
16
2. CORPO BODY CORP
Neste capítulo tratamos do corpo na arte, concentrando-nos no que Santaella (2010)
chama de corpo pós- humano. Para apresentar o corpo pós-humano dentro da arte é
necessário, antes, conhecer os vários significados da relação do corpo com a arte e as
distinções compreendidas sobre o que é o corpo. Glusberg lembra que:
O discurso do corpo é, talvez, o mais complexo modo de discursar, derivante
da multiplicidade de sistemas semióticos desenvolvidos pela sociedade. Isso
explica as dificuldades em reter sua dinâmica e seu desenvolvimento
característicos (2009).
Como sugerem as palavras de Glusberg, as diversas formas de ver, sentir, olhar, tocar e
experimentar o corpo podem variar para infinitas percepções, discursos, linguagens etc.
Perante as múltiplas visões de diversos teóricos sobre o corpo e sua aproximação com o
campo da semiótica, apresento algumas considerações sobre o corpo com ênfase para a
chamada cultura e arte do pós-humano7
.
2.1 Corpo biológico
O corpo é apresentado, dentro do currículo escolar, através do estudo da biologia. Carl
Sagan diz que:
A biologia assemelha-se mais à história do que à física; os acidentes, os er-
ros e circunstâncias felizes do passado determinam poderosamente o presen-
te. Ao abordamos problemas biológicos tão difíceis, quais sejam a natureza e
a evolução da inteligência humana, parece-me pelo menos prudente conferir
razoável peso aos argumentos derivados da evolução do cérebro.
Minha premissa fundamental acerca do cérebro é que suas atividades – aqui-
lo que às vezes chamamos de “mente” – representam uma consequência de
sua anatomia e de sua fisiologia e nada mais. A “mente” pode ser uma con-
sequência de ação dos componentes do cérebro de forma individual ou cole-
tiva. Alguns processos podem constituir uma função do cérebro como um
todo. (1980, p.12)
7
Título do livro de Santaella (2010)
17
Além da colocação de Sagan, é necessário lembrar que o conhecimento sobre biologia,
ou outro conhecimento humano, se faz pelos códigos e sistemas de comunicação criados
(UEXKÜLL, 2004). Neste contexto o conhecimento sobre o corpo pode ser aberto e
continuo8
. Pela relação que Mcluhan (1964) faz do corpo com os meios, dizendo que as
tecnologias humanas são extensões do corpo e o advento da energia elétrica coloca o sistema
nervoso para fora do corpo, e, também, o processo de cognição e apreensão de mundo através
do corpo, a apresentação dos sentidos e, respectivamente, de seus órgãos responsáveis sejam
válidos para algumas considerações. Essas considerações são feitas para que esteja aberta a
discussão sobre as múltiplas linguagens e informações sobre o corpo.
Os órgãos sensoriais dentro do campo da arte estiveram restritos aos olhos e ouvidos,
muito vagamente ao tato e, a partir do final de século XIX e começo do século XX, os outros
sentidos, gustação e olfato, foram contemplados, cada vez com mais ênfase (GLUSBERG,
2009). São cinco conjuntos de órgãos que desempenham os sentidos da visão, audição,
paladar, olfato e tato.
Visão
Formada pelo globo ocular e por células fotossensíveis, é responsável pela captação da
luz e transformação em impulsos elétricos.
Audição
Formada pelo ouvido externo, médio e interno, responsáveis pela captação de ondas
sonoras até os nervos auditivos.
Paladar
Localizadas na língua e palato, as papilas gustativas recebem informações químicas
responsáveis pelo sabor. Atua conjuntamente com o olfato.
Olfato
Realizado por um epitélio secretor de muco, que é a mucosa que forra a parte superior
das fossas nasais.
Tato
8
Ver A teoria da Umwelt de Jakob von Uexküll (UEXKÜLL, 2004).
18
Realizado pelo maior órgão humano, a pele, responde pelas sensações térmicas e
mecânicas.
2.2. Corpo, arte e identidade.
A constituição do sujeito humano se faz quando ele se apropria da cultura e de tudo
que a espécie humana desenvolveu. O trabalho é o que humaniza e possibilita o
desenvolvimento da cultura. O sujeito humano cria necessidades que não apenas satisfaçam
sua existência biológica, mas, e principalmente, garantam sua existência cultural. Assim:
Ao agir intencionalmente sobre a natureza, visando transformá-la de modo a
satisfazer suas necessidades, produzindo o que deseja e quando deseja, o
homem, ao mesmo tempo em que deixa sobre a natureza as marcas da
atividade humana, também transforma a si próprio constituindo-se humano.
(RIGON. ASBAHR. MORETTI. 2010).
No mundo contemporâneo, o corpo é “fonte de prazer e alvo da disciplina”
(MATESCO. COCCHIARARALE. 2005) e, por meio de suas extensões, apresenta uma
profusão de informações oriundas de diversas fontes formadas por várias ideologias. Vivemos
a revolução das mídias: qualquer pessoa com internet, em tese, teria acesso a toda informação
ali disponível, incluindo liberdade para produção de material. Ao tornar a informação digital,
a cultura multimidiática promove uma profusão de imagens e conteúdo, sendo o corpo objeto
para reflexão, produção e consumo dessas imagens (SANTAELLA, 2010).
Nesse contexto, o trabalho com o corpo nas artes apresenta-se de diferentes maneiras e
com diferentes discursos. No trabalho de artistas regionais, que cito abaixo, relacionando-os
com os artistas citados anteriormente neste texto, o corpo é utilizado na arte e na
identificação9
do indivíduo com o mundo. São artistas jovens do Estado de Mato Grosso do
Sul que apresentaram obras em instituições com reconhecida atuação na área de ensino e
apresentação de arte. Produzem imagens através de dispositivos midiáticos, utilizam-se do
corpo na produção e apresentação das obras.
O grupo Coli$ão surge no curso de Artes Visuais- Licenciatura, pela disciplina de
poéticas contemporâneas e propõe ao corpo situações de conflito com a ordem vigente. Nesse
sentido, o grupo abarca as questões de caráter comportamental nos corpos dos indivíduos na
9
Ver Hall, Stuart. Identidade Cultural na pós-modernidade.
19
sociedade em que vivem. Por exemplo, na intervenção Feminista (2012), duas pessoas soltam
perguntas, aleatórias, sobre condições de relações sociais e finalizam com um poema
feminista durante o percurso de um ônibus (horário de “ida ao trabalho”); e uma terceira filma
sem ser notada. Essa atividade é do tipo intervenções urbanas10
, que colocam obras híbridas
(action painting, poemas de autores diversos, mistura de mídias, etc.) em praças públicas, em
instituições públicas e privadas, aproximando-se, assim, das manifestações da arte presentes
em Oiticica, Lygia e Marina Abramovic e inserindo no contexto regional indagações sobre o
corpo local.
Cicero Rodrigues11
, em Sentidos e Sensações, trabalha com os cinco sentidos em
instalação apresentada no 10° Salão de Artes de Mato Grosso do Sul. Diretamente ligada ao
tropicalismo, a obra convida a experimentação de sabores, odores, texturas, sons e imagens
através de elementos simples tirados do cotidiano do artista. A referência em Oiticica é
certamente algo que norteia sua produção. Sua última obra mistura elementos audiovisuais,
teatrais, pictóricos e simbólicos retirados da identidade e da cultura que o rodeiam.
José Yura12
trabalha com a imagem de seu corpo em diversos suportes e, pelo próprio
corpo, na relação com o outro, nas questões de gênero e no cotidiano:
Esse ‘ser arte’ foi a mim dado já no primeiro ano do curso de Artes
Visuais em 2008, onde muitos amigos me diziam: ‘você é muito performáti-
co’, ‘sua imagem é muito destoante’ etc. Eu, nascido e criado no interior do
estado MS, Aparecida do Taboado- pra ser mais exato- mal sabia o que era
arte nos dias de hoje; ouvir de outrem ‘performático’ foi uma dúvida com-
pleta e ao mesmo tempo um fascínio. O que pra mim era algo, simplesmen-
te, “natural” do meu ser (inconsciente até, um desejo puro e ingênuo) na
universidade se transformou no meu maior objeto artístico. (YURA,
2013)
Esses três artistas apresentam em sua obra indagações referentes à arte contemporânea,
ao corpo, à profusão de mídias e à visão crítica da sociedade em que vivem. Também trazem
no processo de criação e pesquisa em arte a referência direta a Lygia Clark, Hélio Oiticica,
10
Fotos e vídeo do grupo em http://colisao-poeticascontemporaneas.blogspot.com.br/
11
Artista de Campo Grande, formado pelo curso de Artes Visuais – Bacharelado pela UFMS. Premiado no 10°
Salão de Artes de MS.
12
Artista de Aparecida do Taboado, formado pelo curso de Artes Visuais-Bacharelado. Participou nos salões de
Artes do Estado de Mato Grosso do Sul nos anos de 2010 e 2012
20
Marina Abramovic e, indiretamente, Lady Gaga, colocando em sua obra uma identidade
própria. A relação que criam com a obra e o corpo é um desdobramento da cultura midiática
mundial em que vivem, com imagens, vídeo, textos, músicas e pensadores/artistas diversos, e
o encontro com questões de gênero, de religião e econômico-sociais.
2.3 Corpos pós-humano
Santaella (2010) apresenta alguns modos de como o corpo se transforma, para adquirir
outra forma, a partir de modelos, sugestões ou mesmo a ideia original do próprio sujeito que
transforma seu corpo. Para ela o corpo apresenta múltiplas realidades surgidas “de
descorporificações, recorporificações e novas expansões não carnais da mente”.
O corpo remodelado seria a aquisição de novas formas para o corpo através de
técnicas de aprimoramento físico: ginástica, musculação, bodybuilding indo até pequenas
cirurgias estéticas.
O corpo protético trata-se de um corpo “ciborg, híbrido, corrigido e expandido através
de próteses, construções artificiais ou amplificação de funções orgânicas”.
O corpo esquadrinhado é referência para a vigilância das máquinas de diagnóstico
médico. Sendo o corpo “virado pelo avesso, perscrutado e devolvido como imagem”.
O corpo plugado é exemplo do ciborg, interfaceado no ciberespaço: usuário conectado
ao computador que se move pelo mundo virtual com ou sem avatares como seu corpo. Ainda
é possível outra divisão deste corpo pela forma de imersão no mundo virtual: por conexão,
através de avatares, imersão híbrida, ambientes virtuais e telepresença.
O corpo simulado seria um corpo reportado por algoritmos, um corpo completamente
desencarnado. Exemplo deste corpo é a Realidad Virtual, a que o corpo carnal ficaria ligado,
enquanto um corpo tridimensional virtual realiza ações dentro da RV.
O corpo digitalizado reporta-se ao corpo representado tridimensionalmente como no
caso do projeto The visible human, em que corpos carnais são transformados em informação
digital.
21
O corpo molecular vai desde o estudo do genoma humano até as manipulações
genéticas até a clonagem humana.
Todos13
os corpos possibilitam ao indivíduo a projeção de um corpo idealizado, que
busca ser aceito socialmente, adquirir qualidades e diversas outras querências somadas aos
modelos de aceitação oriundos de um ambiente midiático dominado pelo consumo.
O corpo estendido ao campo digital, através de interfaces diversas, remodela os modos
de recepção, interação e produção do sujeito. Ao colocar o sujeito diretamente ligado a toda
produção midiática e ao todo global, transforma-o em produtor de conhecimento:
Mudanças profundas foram provocadas pela extensão e desenvolvimento das
hiper-redes multimídia de comunicação interpessoal. Cada um pode tornar-
se produtor, criador, compositor, montador, apresentador, difusor de seus
próprios produtos. Com isso, uma sociedade de distribuição piramidal
começou a sofrer a concorrência de uma sociedade reticular de integração
em tempo real. Isso significa que estamos entrando numa terceira era
midiática, a cibercultura. (SANTAELLA, p.82)
Esse corpo “plugado” e o indivíduo transformado em agente produtor dentro da
cibercultura colocam sua participação direta na sociedade do espetáculo e na indústria
cultural. Antes, a indústria cultural fabricava os modelos de entretenimento; agora, ela busca
nessa produção diversa aqueles que produzem seus modelos de referências. Em seu livro Os
meios de comunicação como extensões do homem, Mcluhan discorre sobre as transformações
provocadas pelos meios:
O que estou querendo dizer é que os meios, como extensões de nossos
sentidos, estabelecem novos índices relacionais, não apenas entre os nossos
sentidos particulares, como também entre si, na medida em que se inter-
relacionam. O rádio alterou a forma das estórias noticiosas, bem como a
imagem fílmica, como o advento do sonoro. A televisão provocou mudanças
drásticas na programação do rádio e na forma das telenovelas. (1964, p. 72)
Diante dessa pluralidade de conceitos envolvidos na cultura midiática, indústria cultural e na
cibercultura emergente, esse corpo mediado por interfaces14
leva a arte até uma realidade
aumentada15
. Nessa pluralidade de conceitos sobre corpos e sobre a própria arte o professor
de artes tem a tarefa de compreender, além das questões pedagógicas, de formação e
crescimento cognitivo de seus alunos, compreender a pluralidade de linguagens que
atualmente existem no ensino e pesquisa de arte. Essa realidade híbrida que nos cerca
13
O corpo digitalizado é uma experiência onde o corpo carnal após processo de digitalização é
descartado. Ver Santaella, p.205.
14
Dispositivo que troca informações entre sistemas. No caso referência o corpo da artista e o vídeo.
15
Hamdam, Camila Opened Body http://www.youtube.com/watch?v=5TZao2mTXnA
22
apresenta um ambiente propicio para um currículo transdisciplinar fomentando a troca de
conhecimento em diversos conteúdos. Conteúdos que aparecem em todos esses corpos do
indivíduo na sua vida.
23
3. VIDA LIFE VIE
Para refletir sobre o ensino de artes na contemporaneidade é necessário compreender
que a indústria cultural, também, determina comportamentos e politicas públicas
indiretamente, apropriando-se da arte (ADORNO, 2008). Douglas Kellner apresenta uma
leitura das mídias norte-americanas durante as décadas de 1970, 1980 e 1990; quando jornal,
rádio, TV e cinema tornam possível a ideia de mídia de massa, justificando ações e políticas
de Estado, tornando-as aceitáveis. Ao fazer uma análise da obra da popstar Madonna,
considerada uma ativista das causas de movimentos sociais, percebe-se um discurso de
dominação branca sobre o negro abrindo espaço para a contradição no discurso que a artista
apresenta.
De qualquer forma a complexidade e a sensibilidade das questões raciais,
sexuais, de preferencia sexual e de classe que Madonna desafia demonstra a
coragem de desafiar temas controversos que poucos artistas famosos do
cenário musical atacam com sua constância e provocação. (Madonna) Tem
sido acusado de se apoderar de imagens e fenômenos da cultura.
(KELLNER, 2001.).
Quando perguntado sobre o desenho Beavis and Butthead, à época um fenômeno da
MTV, Kellner demonstrou que essa identificação da juventude norte-americana com um
desenho em que dois adultos passam o dia inteiro diante da TV – assistindo a clipes da própria
MTV enquanto os julgam sem qualquer critério – e trabalham em estabelecimentos de fast
food, onde constantemente cospem no lanche dos clientes, era o reflexo de uma juventude
sem perspectiva e nenhum pensamento crítico.
É necessário ressaltar o momento histórico dos países latino-americanos durante essas
décadas que, diferentemente do EUA, foram governados por ditaduras civis-militares. O que
contribui drasticamente para o enfraquecimento da pesquisa na área de educação (in. TEMER,
2011). Assim o “american way of life” teve livre acesso aos meios comandados pela ordem
vigente e a todo o momento vendido pela indústria cultural.
Santaella ressalta que:
O poder real da televisão, acrescenta Castells com base em Eco e Postman,
“é que ela arma o palco para todos os processos que se pretendem comunicar
à sociedade em geral, de política a negócios, inclusive esportes e artes. A
televisão modela a linguagem de comunicação societal” (Santaella, 2008)
24
Ainda que durante o período de 1970 e 1980 a profusão de novas máquinas,
equipamentos e produtos midiáticos como máquinas copiadoras, distribuição universal de
aparelhos de fac-símile, videocassete, videogames, segmentação das revistas, TV a cabo etc. –
a que a autora chama de cultura das mídias – tenha aberto novos processos comunicacionais, a
TV tornou-se mais comercializada e oligopolista.
Tais fatos resultam em uma grande massa consumindo modos de comportamento,
vestimenta e diversas facetas da construção humana direcionada por apenas algumas formas
de discurso dominantes. Kellner relata a existência de um shopping center onde todas as
jovens vestem-se para ser Madonna. Aqui no Brasil um exemplo disso foram as polainas
coloridas em todas as esquinas após o sucesso da novela Dancing Days.
A sociedade apresenta, já construídos culturalmente, os papéis que cada indivíduo
deve representar, ditando conceitos e ideologias e os reverberando em diversos segmentos
como comportamento, vestuário, práticas esportivas, transporte, vida pública, vida privada
etc. Sendo os comportamentos “aceitos” veiculados e promovidos através da indústria
cultural.
Os homens “primitivos” usavam o corpo em seus rituais, esculpiam-no ou o
desenhavam com o objetivo, supõe-se, de serem agraciados por ações divinas através dos seus
objetos. Não é por menos que tais objetos constroem imagens representando corpos
humanoides caçando, no intuito de conseguir a caça, ou esculturas com partes do corpo mais
volumosas como os seios e o falo, querendo seus autores, talvez, serem abençoados pela
fertilidade (GOMBRICH, 2001).
Nesse pequeno recorte da arte pré-história já é possível inferir que o homem sempre
buscou um corpo ideal, seja ele simbólico como nas cavernas ou como é utilizado pelas
campanhas publicitárias atualmente. Durante a Idade Média, esse corpo resignou-se às trevas,
pois tudo que se referisse a ele era carregado de pecado. Fato notório são as figuras humanas
apresentadas pelas pinturas do período, com gestos, posturas e formas predefinidas pela igreja
(ECO, p.240) .
Esse corpo ideal definido pelos preceitos cristão só foi questionado com o advento do
Renascimento, que, em sua referência direta às artes romana e grega, voltou seu olhar para o
desenho do corpo natural. A observação do homem sobre a natureza permitiu novamente que
25
se pudesse visionar um corpo humano idealizado, observado dentro da natureza, porém
idealizado nas referências greco-romanas.
Do Barroco passando pelo Rococó até chegar ao Modernismo, manteve-se a imagem
do corpo renascentista (mesmo que com outras temáticas ou suportes) idealizado na cultura
greco-romana. Advinda da era industrial, a fotografia mudou o modo de lidar com a imagem
real de algo, e a partir de então o corpo desprendeu-se de uma representação figurativo-
naturalista. Nota-se também que não é somente nessa época que há registros de outros tipos
de corpos, como a representação maneirista, mas é só a partir da modernidade que a
representação do corpo tem maior liberdade.
A idealização desses corpos sempre esteve sujeita à mão de quem podia manter artistas
para sua produção. Durante a Idade Média, por exemplo, a religião católica e seus dogmas
através de vários concílios foram rígidos ao controlar a produção das imagens, construindo
assim um repertório de significados sacros, propagando tais significados pela população
(ECO, 2008).
Observa-se em Eco (2008) que atitude de obter uma imagem de algo, um signo, não
difere da utilização nas criações artísticas do homem primitivo com o jogo de imagens com
que lida a publicidade atual:
Se o bisonte desenhando na parede da caverna pré-histórica se identificava
com o bisonte real, garantindo, assim, ao pintor, a posse do animal através da
posse da imagem, e envolvendo, assim a imagem numa aura sagrada, não é
muito diferente o que hoje acontece quando um novo automóvel, construído
o mais possível segundo modelos formais escorados numa sensibilidade
arquetípica, torna-se a tal ponto signo de um status econômico que ele se
identifica. (ECO, 2008)
A ideia de que podemos nos tornar outro a partir do que somos, adquirindo bens
materiais ou mesmo intervenções no corpo, é extremamente exacerbada no mundo
contemporâneo e capitalista em que vivemos. E a indústria cultural apropria-se do vasto
campo artístico para sua produção fomentando no seu consumo a prática ideológica
dominante.
Entretanto na cultura do pós-humano (SANTAELLA, 2010), a produção do
conhecimento não se faz só no indivíduo, mas o indivíduo o constrói coletivamente, isto é, a
convergência das mídias e a mobilidade dos dispositivos de comunicação fornecem um
espaço onde textos, vídeos e imagens podem ser armazenados, trocados e manipulados.
26
Através de sítios específicos as mídias podem ser compartilhadas e difundidas. Assim na
cibercultura a indústria cultural e a sociedade dos espetáculos também são construídos pelos
indivíduos através de vários campos digitais.
E nesse campo multimidiático o professor/pesquisador em arte pode inserir-se através
de vários programas virtuais de comunicação, compondo com o ensino em sala uma didática e
projeto de curso que promovam a reflexão do professor, e consequentemente de seus alunos,
nas relações pertinentes a tecnologias, às múltiplas linguagens e ao corpo do aluno, ou seja
numa formação que preze por uma olhar não só crítico mas também dialético com o mundo
(BARBOSA, 2008) Pois:
[...] quando pensamos em imagens ou problemas complexos, mudamos
nosso pensamento de um meio para o outro, dependendo do contexto e do
conteúdo, sem restrição nem perda de significado. De fato, à medida que
fazemos isso, enriquecemos nossa compreensão e aprofundamos o
significado, porque existem nuances que podemos ver, mas não dizer, e
outras que podemos dizer, mas não ver. (in: BARBOSA; PARSONS, 2008
p.306)
Barbosa aponta vários caminhos que o ensino de artes percorreu nas instituições de
ensino e nas propostas das linguagens de novas tecnologias. E destaca o uso equivocado
(BARBOSA p.108) das novas linguagens tecnológicas (computador e dispositivos de mídia),
a relação dos museus com novas propostas de apresentação de obras e o uso de sites para
exposição com conteúdo relevante; porém o mal uso de diagramação digital prejudicava a
visualização. Sobre tecnologia Barbosa diz:
Para ampliar os limites da tecnologia e de seu uso, é preciso pensar as
relações entre tecnologia e de seu uso, é preciso pensar as relações entre
tecnologia e processo de conhecimento; tecnologia e processo criador.
A tecnologia não apenas transformou as práticas cotidianas, mas também os
modos de produção intelectual e dilui os limites entre compreensão e
certeza.
Percepção, memória, mimeses, história, politica, identidade, experiência,
cognição são hoje mediadas pela tecnologia.
A tecnologia é assimilada pelo indivíduode modo a reforçar sua autoridade,
mas pode também mascarar estratégias de dominação exercida de fora. O
fator diferencial dessas duas hipóteses é a consciência crítica.
A cultura contemporânea, ao inter-relacionar a identidade e expressão, criou
o ambiente propício para integração da Inteligência, da emoção e da
tecnologia transformando a cognição em uma forma de consumo que
estimula a imaginação.
27
Participação, representação, desejo, criação, expressão são conceitos
transformados pela tecnologia [...]
A interdisciplinaridade é a condição epistemológica da pós-modernidade, e a
interculturalidade, a condição politica da democracia. A aliança entre essas
duas condições basilares da vida , contemporâneas ás tecnologias flexíveis e
multiplicadoras, garantirá um humanismo em constante reconstrução para
responder às imponderáveis e permanentes mudanças sociais.
Com a atenção que a educação vem dando às novas tecnologias na sala de
aula, torna-se necessário não só aprender a ensiná-las, inserindo-as na
produção cultural dos alunos, mas também educar para a recepção, o
entendimento e a construção de valores das artes tecnologizadas, formando
um público consciente (2008 p.111).
Outros autores, também, apresentam questionamentos sobre as formas de
conhecimento na cibercultura, onde o conhecimento individual torna coletivo através de uma
rede infinita de saberes (SANTAELLA, p.107) e o advento de novas constituições na
formação do saber e do ensino (LEVY, 1999).
A abordagem triangular, ao dialogar com várias propostas pedagógicas de ensino
construtivistas (libertária, libertadora e histórico-critica) apresenta uma proposta didática que
contempla as indagações referentes ao ensino de arte contemporâneo (BARBOSA, 2008).
Compõe-se de leitura de obra: leituras mediadas pelo professor e leitura advindas da própria
experiência do aluno; contextualização da obra, através da história da arte e o contexto
econômico-social em que a obra foi criada; e releitura da obra. Este último item deve ser
pensado com atenção uma vez que a proposta de releitura da obra não deve ser encarada como
uma simples reprodução da técnica ou obra do artista, seja uma pintura ou outra linguagem,
mas uma consciente reflexão e utilização dos conteúdos apresentados em aula.
Para o pensamento de uma proposta num currículo escolar, no ensino fundamental e
médio, que seja multidisciplinar, multicultural e, juntamente, com a abordagem triangular
apresento algumas propostas de interação com o mundo multimidiático. Os campos
apresentados não atuam sozinho, a apreciação, contextualização e produção acontecem
mutuamente.
28
3.1 Apreciação
Através de canais de mídia (youtube, vimeo, deviantart, museus online, sites de
artistas etc) o professor/pesquisador obtém acesso a um enorme campo de informações para
buscar referências para as aulas, tanto de imagens de obras diversas quanto de vídeos com os
próprios artistas. Canais como youtube, vimeo e deviantart propiciam a troca de imagens e
informações, agregando valor à produção do aluno, auxiliando na facilidade de difusão de sua
produção. Sites de museus apresentam texto e imagens sobre artistas ou movimentos
específicos, como o site do Louvre16
(fig. 01), auxiliando nas questões em relação ao ensino
de artes. Sites de artistas, além da reflexão do artista e sua biografia, apresentam propostas de
trabalho em sala de aula, como o site de Lygia Clark (fig. 02), onde há uma sessão especifica
para trabalhar as propostas da artista de forma lúdica e reflexiva. O canal Moca (fig. 03)
apresenta um conteúdo diversificado sobre artes
Figura 01 – Site museu Louvre.
Fonte: http://www.louvre.fr/ (print da tela)
16
http://www.louvre.fr/questions-enfants/aphrodite-accroupie o site está em francês.
29
Figura 02 – Site Lygia Clark.
Fonte: http://www.lygiaclark.org.br/defaultpt.asp (print da tela)
Figura 03 – Canal MOCA no Youtube.
Fonte: http://www.youtube.com/channel/UC1V4WWR5O9DAQVvfYLlhPPQ (print da tela)
3.2 Contextualização
Mídias sociais como Orkut, Facebook, Istamgram, Twitter etc. colocam o artista e suas
obras em contato direto com o professor, de forma que através do dialogo com o artista, ele
possa relacionar o artista e a obra em sala, por exemplo a utilização de uma entrevista sobre o
processo de criação de uma obra, o professor indagando os alunos sobre o processo de criação
do artista e seus próprios processos propõe uma reflexão sobre o processo criativo ou mesmo
coloca seus alunos para passar por um processo semelhante ao do artista . Museus (fig. 04 e
05) que disponibilizam seu acervo online também estão disponíveis e ainda oferecem textos
30
críticos sobre obras e artistas. Algumas mídias como o Facebook oferecem um contato direto
(fig. 06 e 07) com o artista, mas é necessário usar o bom senso, para não acontecer uma
intromissão na vida da pessoa. Ao professor/mediador cabe a tarefa de realizar o dialogo entre
o artista e a realidade dos alunos. Muitos sites estão em outras línguas; para esses casos a
internet oferece ferramentas de tradução17
porém o professor deve ter conhecimento da língua
para não acontecer equívocos. Além de que muitos outros produtores de conteúdo na internet
traduzem filmes, vídeos e textos, difundindo o pensamento dos sites e artistas. Muitos artistas
possuem blog (fig. 08) onde compartilham suas indagações e sua produção em arte.
Figura 04 – Site Google Art Project.
Fonte: http://www.google.com/culturalinstitute/project/art-project?hl=pt-br
Figura 05 – Site Chicago Insitute.
Fonte: http://www.artic.edu/
17
https://translate.google.com.br/?hl=pt-BR; http://www.priberam.pt/dlpo/
31
Figura 06 – página no facebook pessoal do artista Frederic Fonteney.
Fonte: https://www.facebook.com/frederic.fontenoy?ref=ts&fref=ts
Figura 07 – Página no Facebook pessoal da artista Priscilla Pessoa.
Fonte: https://www.facebook.com/priscilla.pessoa.12?ref=ts&fref=ts
Figura 08 – Blog da artista Priscilla Pessoa.
Fonte: http://atelieppp.blogspot.com.br/
3.3 Produção
Softwares (programas digitais) livres são disponíveis para a produção audiovisual.
Muitas formas e técnicas artísticas são disseminadas por tutoriais em vídeos e blogs. A
produção de arte não precisa apenas trabalhar com essas linguagens “midiáticas”, o
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professor/mediador deve estar atento para que o conteúdo de arte não fique dependente de
apenas uma linguagem. A internet apresenta técnicas artísticas em diversos segmentos, sendo
necessário a apropriação e adaptação ao contexto da sala. Alguns exemplos de programas
livres são: Blender 3D (fig. 09 e 10), GIMP (fig. 11 e 12) e Windows Movie Maker (fig. 13).
Figura 09- Site do Blender 3D em inglês.
Fonte: http://www.blender.org/
Figura 10 – Site do Blender 3D em português.
Fonte: http://www.blender.com.br/
Figura 11- Site do GIMP em inglês.
Fonte: http://www.gimp.org/
Figura 12 - Site do GIMP em português.
33
Fonte: http://www.gimpbrasil.org/
Figura 13 - Tela do programa Windows Movie Maker.
Fonte: http://windows7helpdesk.com/wp-content/uploads/2011/09/windows-live-movie-
maker.png
Consciente das possibilidades de aproximação da arte contemporânea e da cibercultura
multimídia, o ensino de artes se coloca de forma multidisciplinar e abrangente. Outro ponto
importante que se faz é a avaliação, uma forma de comprovar o conteúdo apreendido. Mas
como fazer uma avaliação do conteúdo apreendido nas aulas de arte? Ainda mais num
ambiente digital onde as barreiras de tempo e espaço são diluídas e os conteúdos da arte estão
presente o tempo todo ao nosso redor?
Em uma conversa informal com a professora de artes e artista plástica Priscilla Pessoa,
que utiliza blogs para a difusão de suas obras e outro blog para o compartilhamento de textos,
imagens e informações sobre artistas contemporâneos com seus alunos, essa lembrou que essa
modalidade de compartilhamento de informação não é considerada como ensino, uma vez que
o professor não tem controle e nem pode obrigar o aluno a entrar no site. Entretanto os
sistemas de educação à distância (EAD) têm sido um modo de formalizar a relação aluno-
professor mediado por aparatos tecnológicos de comunicação à distância e propõe uma
experiência que difere da simples produção em blogs, pois o aluno tem o compromisso de
cumprir metas e apresentar suas reflexão na forma de texto e participação em fóruns online.
34
Nesse sentido o professor/mediador que pretende trabalhar com esses meios de
comunicação deve ter em mente uma proposta de avaliação não convencional, que no caso
,como exposto, poderá ser distribuída por metas de produção (texto, imagem, vídeo etc.) e
consequente reflexão em sala de aula.
Outra forma de avaliação pode ser também a participação em congressos de arte (fig.
14) e/ou editais de fomento artístico que o professor em conjunto com os alunos pode
participar. Cada edital, prêmio ou concurso apresenta características próprias e requisitos
prévios, cabe ao professor adequar à série, seu planejamento ou dar suporte aos alunos para
uma efetiva participação no concurso.
Figura 14 – Site do Encontro de Professores de Arte de MS.
Fonte: http://professorpesquisadoremartes.blogspot.com.br/
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4. NAJON: PRODUTO MULTIMIDIÁTICO
Através da produção de hipermidiatica com conteúdo sobre a produção de artes,
entrevistas com artistas e tutorias referente às linguagens artísticas o site www.najon.com.br é
um portal de artes onde artistas, professores e consumidores de arte em geral, podem trocar
informação e aumentar o conhecimento coletivo.
O compromisso da Najon com a arte é através de uma equipe multidisciplinar, envolvendo a
reflexão sobre a arte. Neste sentido a presença de um professor/pesquisador em arte é preciso
para propor nos conteúdos produzidos sempre uma reflexão sobre o ensino de artes através
dos produtos midiáticos. O portal apresentará sempre um link com sugestão para trabalhar
com o produto em sala.
O portal da Najon apresenta quatro norteamentos: Artistas (hiperlinks para o contato
direto dos canais de comunicação com os artistas); Blog (noticias sobre exposições e editais
diversos); Entretenimento (vídeo, publicações de textos, quadrinhos, reflexões dobre arte) e
Loja (produtos feitos por artistas diversos).
Dentro do contexto deste trabalho a Najon é um produto da indústria cultural, um
canal multimidiático, e sua missão é a promoção da arte e dos artistas. Uma abordagem mais
profunda do portal é proposta para um trabalho de aprofundamento maior nas questão de
cibercultura e conhecimento de artes, que não será possível neste trabalho, sendo apresentado
aqui apenas como uma referencia na produção de conhecimento através das mídias.
Para exemplificar o trabalho com os produtos da Najon segue uma sugestão de
planejamento de aula com uma entrevista com a artista Priscilla Pessoa (anexo I) realizada no
ano de 2012. Além da contextualização das obras junto entrevista da artista, a aula pode ser
complementada com visitas aos locais de exibição da obra. No exemplo abaixo, à época da
entrevista, a artista Priscilla Pessoa estava com obra exposta no MARCO – Museu de Arte
contemporânea de Mato Grosso do Sul.
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Planejamento de aula
Ano: primeiro ano do ensino médio; 2 HORAS SEMANAIS; 08 aulas
Conteúdo:
Arte regional e contemporânea
Objetivo Geral:
compreender as relações de arte regional e arte contemporânea.
Objetivos específicos:
Realizar uma pintura conceitual
Pesquisar fonte de imagens
Conteúdo:
Arte regional;
Arte contemporânea
Metodologia:
Leitura de entrevista e exposição de obras da artista. Contextualização das técnicas que a
artista utiliza. Pesquisa de imagens e produção de pintura conceitual. As duas primeiras aulas
devem gerar uma discussão sobre apropriação de imagens coletadas em mídias sociais e a
modificação das mesmas pela artista. As outras duas devem ser usadas para a pesquisa de
imagens em mídia digitais ou outras mídias para produção da pintura.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Compreendendo que o indivíduo se faz culturalmente e que seu corpo reflete seu
conhecimento, sua apreensão de mundo e cultura, diante das novas tecnologias presentes na
cibercultura o professor/pesquisador em arte pode trabalhar em sala de diversos modos. Além
de apresentar aos alunos os modos e linguagens presentes neste meio de forma crítica e
apreensiva, para que o aluno possa apropriar-se de toda uma gama de conhecimento de arte,
demonstrar sua aplicação na construção de sua identidade e interação com o mundo.
Na sociedade capitalista atual o envolvimento e as plataformas digitais permitem que o
indivíduo não seja um agente passivo na construção de sua identidade, e detenha um olhar
critico sobre o mundo a sua volta, permitindo o desenvolvimento da cognição e o trabalho
junto a outras linguagens. Neste contexto professor e aluno também são produtores de cultura
e de arte.
Nossas crianças já nascem imersos dentro da cibercultura e os dispositivos
tecnológicos cada vez mais apresentam uma interatividade intuitiva em suas funcionalidades.
Com isso, essas crianças praticamente já colocam, desde muito cedo, seus corpos na rede
digital, por meio de avatares, muita vezes construídos com imagens de seu corpo ou um ideal
de imagem. Ao mesmo tempo publicidade, indústria cultural e a sociedade dos espetáculos
produzem cada vez mais imagens contendo intenções e ideologias que através de
conhecimentos artísticos seduzem apelando a simples reação emotiva primária.
Nesse cenário cabe ao professor de arte proporcionar um ambiente criativo e reflexivo
na produção e utilização dessas imagens.
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PROJETO DE CURSO
Para abordar a proposta de ensino de artes dentro do TCC, será usado o 1° bimestre
para o 3° ano de Ensino Médio.
Dentro dos referenciais do Estado de MS, o conteúdo referente às Artes Visuais
abrange as expressões musicais, teatrais e visuais, buscando uma compreensão da arte como
saber cultural e estético gerador de significados, reconhecendo valores da diversidade artística
e inter-relações de elementos sociais e étnicos, sendo que o estudo da contemporaneidade
pretendido dentro do bimestre selecionado acorda com a proposta de pesquisa baseada no
corpo “plugado” apresentado pelo TCC.
O conceito de corpo “plugado” é apresentado por Santaella em Culturas e artes do
pós-humano, referindo-se ao uso de um ambiente virtual através de uma interface, como um
computador, ou outro dispositivo de mídia, que permite ao aluno ser não só consumidor, mas
produtor de informação, no caso, a produção sobre/de arte. Pela sua característica multimídia,
atemporal e sem definição de espaço, tal meio permite uma maior hibridização de conteúdos
abordados durante o percurso do plano e, por estar presente em um ambiente digital,
configura-se para além da sala de aula. Michael Parsons (BARBOSA, 2008) diz que, ao
pensar em imagens, mudando o pensamento, de um meio para outro, sem perda de
significado, aumenta-se a compreensão e aprofunda-se o conhecimento.
Na cultura midiática em que vivemos atualmente, a todo o momento as investidas do
mundo publicitário colocam à venda produtos culturais de diversas formas e apresentam seu
discurso consumista. O ciberespaço também apresenta as relações de mercado da sociedade
capitalista e, por isso, as veiculações publicitárias em sua grande maioria são mantidas por
grandes marcas da indústria. Mesmo que a liberdade de produção de conteúdo também exista,
são grandes blocos que financiam grandes campanhas de marketing.
Parsons (BARBOSA, 2006) discorre sobre o currículo integrado de artes e apresenta
experiências em Ohio, nos EUA, onde o trabalho feito a partir de um tema, durante todo o ano
letivo e realizado em conjunto com várias disciplinas, resultou em produções diversas, sendo
que ao final de um ano, além das várias obras apresentadas, o processo apresentou
39
questionamentos sobre o ambiente cultural e a produção contemporânea de arte. A produção
hibrida e transdisciplinar apresenta grande produção de conhecimento, sendo esta uma
proposta que dialoga com as tendências pedagógicas para a formação de um indivíduo capaz
de estar no mundo criticamente.
A proposta tem por base a abordagem triangular apresentada por Ana Mae Barbosa,
pretendendo um ensino que toma o professor como um agente mediador capaz de instigar no
aluno sua capacidade e curiosidade perante seu espaço e tempo sócio/cultural, sua
comunidade, acesso a novas tecnologias e seu olhar crítico promovendo sua conscientização e
ação no sentido de transformar sua realidade.
Para tanto, fazer, apreciar e contextualizar serão as ferramentas que guiarão a
metodologia apresentada nas aulas, uma vez que o fazer desenvolve a relação entre
experiência e a prática e a apreciação estimula o desenvolvimento do senso crítico e estético,
a capacidade de olhar. Leitura, percepção, processo de criação e a contextualização colocam a
sua prática criativa dentro das discussões pertinentes aos diferentes contextos da história da
arte, questões culturais, outros eixos de ação e sua própria realidade.
O professor/facilitador/mediador é, também, um agente de construção de
conhecimento, assim como o aluno. A abordagem triangular é uma proposta de intervenção
pedagógica que permite a troca de experiências, conhecimentos e vivências entre professor e
aluno de forma aberta e questionadora, fazendo uma leitura crítica do mundo e propondo
conflitos relacionados com a sociedade em que vivem e/ou as imaginadas. O projeto de curso
apresenta aulas diversificadas, sempre com princípios da abordagem triangular permeando
suas propostas do fazer, apreciar e contextualizar.
40
EMBASAMENTO DIDÁTICO
Mediada por equipamentos eletrônicos, do computador e da sala de aula e com
utilização de vídeos, textos, fotos e o que mais o aluno trouxer para o dialogo entre aluno e
professor, a proposta didática tem como uma referência, os princípios da pedagogia
libertadora de Paulo Freire, onde a didática e o material é construído dialeticamente com o
aluno durante o percurso de construção do conhecimento.
A internet e o corpo plugado pelo computador são os meios que o professor/mediador
e o aluno têm para a leitura de obras, contextualização e produção sendo que para isso contam
com sítios específicos de arte, para contextualização e leitura de obras, como
www.portacurtas.org.br, www.itaucultural.org.br, e para a produção, os programas livres de edição
de imagens, Windows Movie Maker e GIMP.
41
PROPOSTA PEDAGÓGICA DE INTERVENÇÃO
A utilização dos meios de comunicação se faz necessária ao pensar o novo ambiente
da cibercultura onde o aluno está rodeado de imagens advindas dos mais variados campos,
principalmente da publicidade contida em todo tipo de produto, e variados pensamentos que
surgem sobre o mundo. Ao compreender o uso do computador como mais uma ferramenta na
formação de sua consciência crítica, o aluno apodera-se do seu fazer e existir no mundo.
Para essa percepção e formação cognitiva sobre o conhecimento de artes a abordagem
triangular é o campo norteador deste projeto de curso, ao permitir uma maleabilidade em
relação ao conteúdo e a sua aplicação em aula. A proposta triangular consiste em leitura da
obra, contextualização e produção.
Ler a obra significa leituras que o aluno faz da obra, através do seu próprio
conhecimento do mundo e, pela intervenção do professor/mediador, as leituras que ele pode
fazer sobre a obra. Contextualizar é no sentido de aproximar a obra, não só pela história do
artista e seu tempo histórico, mas também relacionar esse contexto ao mundo do aluno. A
produção é baseada na releitura da obra, releitura no sentido de apropriação dos conceitos,
materiais ou suportes apresentados para a confecção de uma nova obra.
Ressaltado esses pontos este projeto de curso pretende ser um guia durante o percurso
de aprendizagem do aluno, não algo fixo ou estritamente planejado, mas um caminho aberto e
livre para a produção de um conhecimento coletivo, numa relação horizontal entre aluno e
professor/mediador.
42
SEQUENCIA DIDÁTICA
Ano: 3°
Tempo Estimado: um bimestre : 16 horas/aula :2horas/ semanais
Objetivo Geral:
• Participar do processo de elaboração de uma obra audiovisual
Objetivos específicos:
• Apresentação de uma obra-audiovisual
• Registrar processo através de vídeos, fotos, gravações
• Escrever um texto sobre a obra.
Conteúdo:
• Cinema;
• Vídeo;
• História do Cinema;
• Produção de rádio e TV;
• Planejamento de produção;
• Planejamento visual;
• Edição e Montagem.
Metodologia:
Produção (de uma ou várias obras), trabalhada em quatro etapas (reflexão, preparação,
produção, exibição-contextualização) de quatro horas presenciais cada e metas de discussão
em fórum on-line durante a semana. Os assuntos abordados dentro do fórum serão sempre
discutidos (reflexão) nos primeiros 10 minutos de aula.
43
Reflexão: consiste na apresentação dos conteúdos que serão abordados durante a produção.
Linguagens, técnicas e meios disponíveis de produção da arte. A escolha de tema, técnica e
meio será feita no decorrer das aulas.
Preparação: a partir das propostas apresentadas, decidir um plano de elaboração da obra,
pesquisar conceitos sobre a linguagem e técnicas utilizadas, montar uma logística de
produção, viabilizar equipamentos e material necessários, sempre visando à adequação do
projeto ao que seja possível.
Produção: a viabilização da obra nessa etapa coloca em confronto o planejamento com a
capacidade real da obra pensada; o mediador deve ficar atento às possibilidades criativas e,
talvez, até fomentar tais possibilidades.
Exibição-Contextualização: a exibição levará em conta o tipo de linguagem e suporte
utilizado para as obras apresentadas, observando a reflexão da exposição da obra e disposição
para o espectador.
Referências:
DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Tradução: Angélica Coutinho
e Adriana Kramer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
ANG, Tom. Vídeo digital uma introdução. Tradução: Assef Kfouri e Silvana Vieira. São
Paulo: Senac, 2007
EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro s.a,
LUCENA, Alberto Jr. Arte da animação. São Paulo: Senac, 2005
Aula 01
Tempo Estimado: 2 horas/aula
Objetivo:
• Conhecer o cronograma de aulas;
• Ler texto sobre o início do cinema;
44
• Conhecer os participantes.
Conteúdo:
Introdução à história do cinema; jogos teatrais do Teatro do Oprimido.
Metodologia:
Apresentação de conteúdo e cronograma de atividades. Leitura de parte do texto Primeiro
Cinema, de Flávia Cesarino Costa. Em conversa com os participantes, em formação de roda,
perceber o que sabem sobre arte e suas habilidades técnicas. Propor jogos teatrais que
trabalhem com o ambiente físico e a mediação e/ou hibridismo de linguagem. É interessante a
indagação e reflexão sobre o conteúdo e o que se produz atualmente, com poucos
equipamentos.
Materiais:
Data show, computador, papel, câmeras de celulares, revistas, jornais, ambiente amplo e
espaçado.
Avaliação: Feita a partir da participação do aluno em sala.
Referências:
DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Tradução: Angélica Coutinho
e Adriana Kramer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
ANG, Tom. Vídeo digital uma introdução. Tradução: Assef Kfouri e Silvana Vieira. São
Paulo: Senac, 2007
EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro s.a,
LUCENA, Alberto Jr. Arte da animação. São Paulo: Senac, 2005
Aula 02
Objetivo:
• Leitura de obras contemporâneas: Nam June Paik;
45
• Troca de referências artísticas
• Contextualizar arte de século XXI.
Conteúdo:
• Arte no século XX e XXI;
• Nam June Paik.
Metodologia:
Os alunos devem pesquisar e trazer para sala suas próprias referências artísticas, advindas de
qualquer meio ou linguagem. Em formação de roda, os alunos apresentam suas obras
pesquisadas e, após apresentação, é aberta discussão sobre os artistas citados pelos alunos,
comparando-os aos artistas do começo do século XXI. Uma resenha sobre a discussão deve
ser apresentada por cada aluno individualmente.
Materiais:
• Computador, projetor, caneta e papel.
Avaliação:
Feita a partir da participação do aluno em sala.
Referências:
DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Tradução: Angélica Coutinho
e Adriana Kramer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
ANG, Tom. Vídeo digital uma introdução. Tradução: Assef Kfouri e Silvana Vieira. São
Paulo: Senac, 2007
EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro s.a,
LUCENA, Alberto Jr. Arte da animação. São Paulo: Senac, 2005
Aula 03
Objetivo:
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• Pesquisar material, suporte e conceitos;
• Planejamento de produção;
• Apresentar fórum de discussão on-line.
Conteúdo:
Planejamento e pesquisa de material; introdução à linguagem audiovisual.
Método:
Apresentação e treinamento de fórum on-line. A partir das discussões anteriores, os alunos,
em grupos, devem desenvolver uma proposta a partir de uma temática decidida anteriormente.
Com a utilização da internet, pesquisarão materiais, suporte e conceito utilizados nas obras
observadas e outras que porventura achem interessantes. Após prévia pesquisa, os grupos
devem definir uma linha de produção e desenvolver um planejamento para a produção da
obra. Um cronograma deve ser apresentado ao final da aula. Texto sobre a linguagem
audiovisual postado no fórum para leitura em casa.
Material:
• Computador, projetor, caneta e papel; sala multimídia.
Avaliação:
Feita a partir da participação do aluno em sala.
Referências:
DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Tradução: Angélica Coutinho
e Adriana Kramer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
ANG, Tom. Vídeo digital uma introdução. Tradução: Assef Kfouri e Silvana Vieira. São
Paulo: Senac, 2007
EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro s.a,
LUCENA, Alberto Jr. Arte da animação. São Paulo: Senac, 2005
47
Aula 04
Objetivo:
• Pesquisar material, suporte e conceitos;
• Planejamento de produção;
• Definir cronograma de produção.
Conteúdo:
• Planejamento e pesquisa de material;
• Experimentação;
• Introdução à linguagem audiovisual.
Método:
Discussão sobre o texto de Linguagem Audiovisual. Dando continuidade às discussões
anteriores, os alunos, em grupos, devem terminar de desenvolver uma proposta de obra a
partir de uma temática decidida anteriormente. Com a utilização da internet, continuar a
pesquisar sobre materiais, suporte e conceito utilizados nas obras observadas e outras que
porventura achem interessantes. Ao final da aula, cada grupo apresenta a proposta para toda a
sala.
Material:
• Computador, projetor, caneta e papel.; sala multimídia
Avaliação:
Feita a partir da participação do aluno em sala.
Referências:
DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Tradução: Angélica Coutinho
e Adriana Kramer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
ANG, Tom. Vídeo digital uma introdução. Tradução: Assef Kfouri e Silvana Vieira. São
48
Paulo: Senac, 2007
EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro s.a,
LUCENA, Alberto Jr. Arte da animação. São Paulo: Senac, 2005
AVALIAÇÃO: será feita a partir da apresentação da proposta de obra, observando como o
grupo desenvolveu o trabalho e sua compreensão dos conteúdos apresentados.
Aula 05
Objetivo:
• Produção de material.
Conteúdo:
• Introdução à história do cinema;
• Pesquisa em arte;
Método:
Cada grupo deve, a partir da sua proposta, iniciar a produção da obra (as limitações de
infraestrutura da escola devem ser pensadas antes da produção). Ao final da aula em roda, os
alunos e professor devem discutir sobre as possibilidades, reais, de a obra ser feita. Texto no
fórum: 2° parte do texto Primeiro Cinema de Flávia Cesarino Costa.
Material:
• Computador, projetor, caneta, lápis, papel, câmeras de foto e vídeo.
Avaliação:
Feita a partir da participação do aluno em sala.
Referências:
DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Tradução: Angélica Coutinho
49
e Adriana Kramer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
ANG, Tom. Vídeo digital uma introdução. Tradução: Assef Kfouri e Silvana Vieira. São
Paulo: Senac, 2007
EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro s.a,
LUCENA, Alberto Jr. Arte da animação. São Paulo: Senac, 2005
Aula 06
Objetivo:
• Produção de obra.
Conteúdo:
• Introdução à História do Cinema;
• Produção.
Método:
Inicio da aula com discussão sobre texto do fórum. Continuidade e finalização da obra. Texto
no fórum: Montagem e edição.
Material:
• Computador, projetor, caneta, lápis, papel, câmeras de foto e vídeo.
Avaliação:
Feita a partir da participação do aluno em sala.
Referências:
DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Tradução: Angélica Coutinho
e Adriana Kramer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
ANG, Tom. Vídeo digital uma introdução. Tradução: Assef Kfouri e Silvana Vieira. São
Paulo: Senac, 2007
50
EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro s.a,
LUCENA, Alberto Jr. Arte da animação. São Paulo: Senac, 2005
Aula 07
Objetivo:
• Editar e montar material;
• Definir modos de exibição.
Conteúdo:
• Edição e montagem no audiovisual;
• Modos de exibição.
Método:
Os alunos serão apresentados aos programas de edição de imagens. Com a produção do
audiovisual pronta, os alunos utilizarão o computador e softwares livres para edição e
montagem da obra. Ao final da aula, haverá discussão do texto sobre montagem e edição de
vídeo para compreensão do fazer audiovisual. Texto para leitura no fórum: 3° parte do texto
Primeiro Cinema, de Flávia Cesarino Costa
Material:
• Computador, projetor, caneta, lápis, papel, câmeras de foto e vídeo.
Avaliação:
Feita a partir da participação do aluno em sala.
Referências:
DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Tradução: Angélica Coutinho
e Adriana Kramer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
ANG, Tom. Vídeo digital uma introdução. Tradução: Assef Kfouri e Silvana Vieira. São
Paulo: Senac, 2007
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EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro s.a,
LUCENA, Alberto Jr. Arte da animação. São Paulo: Senac, 2005
Avaliação:
Feita a partir da participação do aluno em sala.
Referências:
DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Tradução: Angélica Coutinho
e Adriana Kramer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
ANG, Tom. Vídeo digital uma introdução. Tradução: Assef Kfouri e Silvana Vieira. São
Paulo: Senac, 2007
EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro s.a,
LUCENA, Alberto Jr. Arte da animação. São Paulo: Senac, 2005
Aula 08
Objetivo:
• Finalizar obra audiovisual;
• Avaliar os alunos;
• Exibir obra para escola e comunidade.
Conteúdo:
• Modos de exibição;
• Introdução à história do cinema.
Método:
O texto do fórum será discutido no começo da aula. As formas de exibição de obra
audiovisual são diversas e por isso os alunos devem, através de reflexão e conversas, decidir
quais os meios utilizados para exibição, desde canais como youtube e vimeo até a projeção
52
para a comunidade. A sugestão é a utilização de plataformas visuais e, também, em diálogo
com a direção e estrutura do colégio, para propor exibições à comunidade escolar.
Materiais:
Computador, projetor, (devido as diversas possibilidades de apresentação e difusão do
trabalho este campo fica indefinido.)
Avaliação:
Feita a partir da participação do aluno em sala.
Referências:
DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Tradução: Angélica Coutinho
e Adriana Kramer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
ANG, Tom. Vídeo digital uma introdução. Tradução: Assef Kfouri e Silvana Vieira. São
Paulo: Senac, 2007
EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro s.a,
LUCENA, Alberto Jr. Arte da animação. São Paulo: Senac, 2005
AVALIAÇÃO:
A avaliação será feita através da observação da participação no fórum, pelo diálogo com os
alunos em sala e pela produção de um texto sobre o conteúdo apresentado durante o bimestre.
53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADORNO, Theodor. Indústria Cultural e Sociedade. Tradução Julia Elisabeth Levy...[et
al.]. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
ANG, Tom. Vídeo digital uma introdução. Tradução: Assef Kfouri e Silvana Vieira. São
Paulo: Senac, 2007
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BAHIA, Sara. Considerações sobre a educação
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BARBOSA, Ana Mae. Arte/Educação Contemporânea: Consonâncias Internacionais. 2ª
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YODA, C. G. CARVALHO ,E. Entrevista Ana Mae Barbosa.
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COCCHIARALE, F. MATESCO, V. et ali. Corpo. São Paulo: Itaú Cultural, 2005
COUCHOUT, Edmond. TRAMUS, Marie-Helene. BRET, Michel. A segunda
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Tecnologia, ciência e criatividade. Org. Diana Rodrigues. São Paulo: Editora UNESP, 2003.
DANTO, Artur C. Após o fim da arte: A arte contemporânea e os limites da história.
Tradução: Saulo Krieger. São Paulo: Odysseus editora, 2006
DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Tradução: Angélica Coutinho
e Adriana Kramer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
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LELIS, Maria Terezinha Carrara. O corpo no processo de aprendizagem: contribuições de
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MCCLOUD, Scott. Desenhando quadrinhos. São Paulo: M.brooks do brasil, 2008
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MCLUHAN, Marshal. Os meios de comunicação como extensões do homem. Tradução
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RIGON, A. J.; ASBAHR, F. S. F.; MORETTI, V. D. Sobre o processo de humanização. In:
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RIGON, A. J.; ASBAHR, F. S. F.; MORETTI, V. D. Sobre o processo de humanização. In:
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SILVA, Patrícia Simone. http://www.slideshare.net/Vis-UAB/tccpatriciasimonesilva
SANTAELLA, Lúcia. Cultura e artes do pós-humano. São Paulo: Paulus. 4ª edição. 2010
SAYEL, Nadja. De penetra no jantar da Marina Abramovic
<http://www.vice.com/pt_br/read/de-bicao-no-jantar-da-marina-abramovic>
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TEMER, Ana Carolina Rocha Pessoa. Mídia, cidadania e poder. Goiânia:
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YURA, José Henrique Silveira. Com e Sem? Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-
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<http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=artistas_
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ANEXO I
DivadaUFMSpremiadaduasvezes!
Posted by Triage Moraes on nov 16, 2012 in Arte Agora!, Entrevistas | 0 comments
Priscilla Paula Pessoa uma das selecionadas para o Salão de Artes de Mato Grosso do Sul tem
dois motivos para comemorar. Um deles é a premiação dentro do Salão de Artes do MS 2012.
O outro, muito mais aguardado, é a chegada do primogênito Raul que nasceu um dia depois
desta entrevista! Artista plástica e professora mestra do curso de Artes Visuais da UFMS,
considerada no meio discente uma das divas da Universidade, falou sobre carreira artística,
academia, portfólios, exposições, arte-contemporânea, produção de obras-de-arte dentro do
estado e trabalhar com arte.
De onde veio a vocação para uma carreira artística e a decisão como profissão?
Ter feito curso de artes visuais foi fundamental para entender a Arte como profissão. Quando
resolvi fazer o curso era para ser um complemento para minha formação. Fiz ao mesmo tem-
po faculdade de Direito e Artes Visuais, minha ideia era ter uma profissão na área de Direito
ou advogar focando em algum concurso. Artes eu já era apaixonada porém não conseguia ver
arte e profissão em conjunto. Tinha uma visão muito de artista vendendo seu trabalho numa
feira da 15 de novembro. A figura do retratista. Uma coisa difícil de ganhar dinheiro. Cursei
as duas faculdades em paralelo fazendo as matérias que gostava mais: História da Arte e De-
senho, tanto que no primeiro ano não fiz todas as matérias. No entanto percebi que o Direito
não tinha nada a ver comigo. Seria uma pessoa absurdamente frustrada e infeliz enquanto Ar-
tes, apesar de não ser uma carreira fácil, detinha muitas possibilidades. Não era tão filosófico
quanto pensava. Terminei os dois optando por trabalhar com artes. Formei em bacharel que-
rendo ser Artista: trabalhar só para produção mas por muitos anos desenvolvi coisas paralelas.
No meu caso ficava quase como Mr. Jack e Mr. Hide: um tem que sustentar o outro.
57
Me formei em 99 com minha primeira exposição neste mesmo ano, um pouco antes da forma-
tura. O que foi bem legal por que foi uma tomada de consciência do que era uma exposição,
do que é colocar o seu trabalho a mostra, seus erros e acertos. E a partir daquele ano me pro-
pus a fazer uma produção de arte por ano, ou pelo menos de dois em dois anos, na maioria das
vezes de tendência mais contemporânea. Sem compromisso comercial. Essa é a carreira que
considero como artista contemporânea. São obras que exponho, mando para salões, concursos
e programas.
Em paralelo fiz várias coisas: trabalhos em parceria com um arquiteto-decorador, encomen-
das, ilustração, etc. Trabalhos que fui eliminando a medida que eu consegui conciliar a carrei-
ra de professora com a de artista. Hoje sou uma professora e artista.
Se descobrir como artista e conseguir sobreviver de arte/mercado?
Acho que tudo é produção artística. Cada vez mais deixo de ver barreiras que já vi entre as
duas coisas. A única separação que fazia era que tinha uma produção comercial por demanda
e outra livre voltada para o circuito de artes independente de ser vendida ou não. Às vezes era,
às vezes não. As encomendas eram livros que ilustrava, trabalhava em parceria alguns arquite-
tos. Já participei de CASACOR, fiz pintura de parede em muita casa. Muita coisa por que a
profissão de artista tem essa peculiaridade: não é um emprego. Pelo menos, no começo, é di-
fícil algum artista que não tem que ter algum subsidio paralelo. Logo que sai da faculdade tive
ajuda da minha mãe com um espaço. Ela me ajudou por que o espaço era dela; pagava só o
condomínio me livrando do aluguel. Dava aulas para crianças e tinha até um computador, não
muito comum na época, que usava pra ilustração além da minha produção. Por que é utópico
achar que alguém irá te descobrir, que você se inscreve nos concursos e todos os lugares vão
te aceitar, até por que o trabalho não deve nem estar perto de algo maduro. Não tem vivência,
coerência, comparação, experiência e tudo isso faz com que você olhe um trabalho meu, ou de
qualquer artista, com uns dez anos de carreira hoje, e olhe o trabalho de uns 10 anos atrás,
percebe o refinamento dele. Já tive algo que não é exatamente uma vergonha mas trabalhando
em separado: “isso eu faço mas o que quero mostrar é isso”. Hoje vejo que foi uma forma de
concluir, me manter com arte, não necessariamente com o que queria mas coisas que me da-
vam muito prazer. É muito gostoso entrar num ateliê e trabalhar com crianças. Desenvolver
uma ilustração para um livro. Agradeço muito ao curso, não por ter aprendido todas as técni-
cas, por exemplo a fazer uma ilustração mas conhecimentos básicos sobre composição, cores,
a própria História da Arte. Se souber usar depois que sair, souber onde encaixar, encontra
muito mais por que apesar de sair daqui sem uma profissão sai com uma formação. Era o que
eu procurava.
Agora como artista contemporânea aqui em MS, já expus minhas obras em vário lugares. E
não é fácil: sair com portfólio na mão e enfim a gente acostuma. Aqui tem um nicho pequeno,
são poucos lugares para expor, de espaço que pode ser conquistado então agora, de uns cinco
anos pra cá, considero que tenho amadurecimento para ir para fora. Não por que aqui não seja
bom mas para conquistar um espaço maior. Entrar em lugares desconhecidos.
Uma artista contemporânea que utiliza a pintura…
58
Eu tenho só um trabalho que não é bidimensional: uma instalação que fiz no MARCO que
também que utiliza a parede mas não é pintura e todo o resto do meu trabalho é desenho ou é
pintura. Vejo como extremamente pós-moderno trabalhar com desenho ou pintura. Hoje. É
uma possibilidade. Essa total novidade dos meios, bem típica da década de 60, faz parte de
um encantamento, de uma empolgação, como se todo o resto fosse ultrapassado, que é bem
datada. Já surgiu tantos meios. Tantas formas de arte. Desde uma xerox à projeção em 4D.
Percebo que, mesmo dentro desses meios, os fundamentos: o que será feito, a questão da poé-
tica, o conceito, se tem potencial para ser belo, para ser grotesco, tudo isso faz parte da coisa.
Tem de ser pensado. Fazer uma pintura, um trabalho hiper tecnológico ou com o corpo. Não
vejo muitos limites. A pintura e o desenho são as técnicas que me saio melhor. Gosto muito
do fazer. A produção que inclui o artesanal. Me vejo tão contemporânea quanto um Tubarão
Dulixo.
Portfólio de baixo do braço. O que é um portfólio? Por onde começar?
O portfólio é a apresentação inicial do artista que, sem ele, não vai pra nenhum outro lugar.
Qualquer lugar que você vai como artista a primeira coisa que você deve levar é o portfólio
para quem quiser ver seu trabalho ou conhecer seu ateliê e reconhecer seu trabalho fisicamen-
te. Ele é essencial para tudo. E não existe um só portfólio. O ideal é pensar em um para cada
situação. O básico é com as principais séries e obras pra quando perguntarem o que você faz.
Hoje a maioria dos artistas tem um portfólio virtual que fica muito mais simples você andar
com um cartão por que todo mundo tem acesso a internet. Praticamente todo mundo mesmo.
Muito melhor que andar por ai com pasta debaixo do braço e ninguém mais faz isso. É fun-
damental para um artista ter um portfólio que ele possa apresentar virtualmente. Quanto mais
simples melhor. Mais selecionado, não põe tudo o que tem. Coloque o que realmente repre-
senta seu trabalho neste portfólio básico. Fora isso, tudo que desejar ingressar precisa de um
portfólio que geralmente é mais especifico. Edital para salão já traz todas as informações so-
bre categoria, página, tamanho então é bem didático de fazer. Tem portfólio que faz para ex-
por em algum lugar. Um trabalho novo que queira mostrar. Para cada caso é um. O fundamen-
tal é que esse portfólio traduza o melhor possível seu trabalho. O que for preciso: uma ótima
fotografia, vídeo, o que for com a melhor qualidade possível. É um investimento que você
faz: se não sabe fotografar pede a alguém que saiba, pode ser um amigo, levar para imprimir
em um bom lugar, tratar as fotos. Isso é fundamental. Também em relação ao portfólio quanto
menos elementos conter considero um portfólio mais eficiente. Ele não é uma obra de arte. É
uma apresentação de obras de arte então quanto “mais branco e arial melhor”. Letra tamanho
12. Tudo para o seu trabalho aparecer.
Formada em 99 e agora professora do curso. Como você analisa a produção do curso e as di-
ferenças entre licenciatura e bacharel?
59
Primeiro que entre a licenciatura e bacharelado existe uma diferenciação bem clara: quem faz
licenciatura entra num curso que forma professores em artes. Se talvez ele desenvolva, o que
acontece muito, e queira assumir outra coisa dentro da arte como artista mesmo ou produtor
cultural, artesanal é algo que acontece depois. A intenção de quem entra no curso é para ser
professor. Creio que a grande maioria acaba sendo professor, uma escolha que acho bem ba-
cana e, dentro do contexto atual, bem inteligente por que se gostar disso e tiver uma passagem
legal por aqui muito dificilmente ficará desempregado nos próximos dez anos. Ter todas as
condições para exercer a profissão. Agora o bacharel não. Ele entra no curso de artes para ter
uma formação em artes, para possibilitar que ele siga uma carreira artística ou continuar estu-
do acadêmico em instituições, ir para o design, o curso também dá uma formação básica para
isso. São cursos bem distintos. Pode até entrar um na carreira do outro mas são separados. Há
até uma “briga”, nossa, interna para que o curso tenha duas coordenações por que nós temos
dois cursos funcionando e cada vez mais a tendência é separar mesmo.
E a produção dos alunos o que acontece muito é que quando sai daqui até quem tem uma pre-
tensão de seguir uma carreira artística acaba desistindo disso no primeiro ou no segundo ano
de formado. Voltando aquele historia: qualquer carreira de profissional liberal, que é o caso
de um artista, o começo é sem base, sem pé mesmo. Para continuar na carreira tem que ter
uma forma manter-se e, de preferencia, continuar trabalhando com a arte. E perseverar. A não
ser que você tenha muita sorte ou seja muito bom, é um processo longo. Acontece isso: muita
gente sai daqui e tem um trabalho de conclusão interessante, consegue fazer uma exposição
ou outra e nunca mais trabalha com aquilo. Trabalha com algo ligado a arte mas como artista
acaba desistindo e temos uma quantidade de artistas, colocando-se como tal por mais de cinco
anos que é um tempo para falar de uma carreira, pequena. Como qualquer outra carreira.
Odontologia, exemplo, de 40 formandos todos vão ser dentistas. Agora um dentista com des-
taque que continuou estudando, tem uma técnica diferente, é alguém importante dentro da
odontologia vai ser um que sai por turma. É complicado exigir que cada turma do bacharelado
forme 30 artistas. Não acontecerá. Ao mesmo tempo em que gostaria que fossem mais, tam-
bém há muitos que no decorrer do curso descobrem que área deles é outra. E o curso tenta
melhorar esta orientação profissional através de uma disciplina, acontece muito esta desilusão.
Sair daqui com o TCC, com aquele monte de tela, não tem nem onde guardar isso, começa a
dar para os amigos, etc. Falta um pouco dessa visão mais realista da carreira de artista que não
é só no MS. Se for para São Paulo pode até ter mais campo e consequentemente mais concor-
rência. Não será simples em lugar nenhum, nem nunca foi e nem será agora. Também há falta
de um pouquinho de confiança e crença pessoal. Perseverar se for isso que quer. A gente tem
em 30 anos de curso uns 15 artistas que saíram daqui. Dá para melhorar esse número. Ainda é
baixo.
No Festival de Arte e Tecnologia houve uma discussão sobre a produção contemporânea aqui
no estado. Existe uma produção contemporânea em Mato Grosso do Sul?
Depende. De um forma geral engloba muita gente desde artesanato que é vendido na casa do
artesão até os trabalhos que se colocam como arte contemporânea. O que é complicado naque-
la discussão não foi a opinião do acadêmico do IESF sobre os trabalhos. Via-se claramente
que eram trabalhos que apoiavam ele. O que me preocupa é um professor simplesmente colo-
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Arte, corpo e mídia na educação

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE ARTES VISUAIS – LICENCIATURA THIAGO SILVA DE MORAES ARTE CORPO VIDA ART BODY LIFE ART CORP VIE CAMPO GRANDE 2013
  • 2. THIAGO SILVA DE MORAES ARTE CORPO VIDA ART BODY LIFE ART CORP VIE Trabalho de Conclusão de Curso subme- tido à apreciação de banca examinadora como exigência parcial para a obtenção do grau de licenciado em Artes Visuais, elaborado sob a orientação da Prof.ª Drª Eluiza Bortolotto Ghizzi. CAMPO GRANDE 2013
  • 3. 3 THIAGO SILVA DE MORAES ARTE CORPO VIDA ART BODY LIFE ART CORP VIE Trabalho de Conclusão de Curso subme- tido à apreciação de banca examinadora como exigência parcial para a obtenção do grau de licenciado em Artes Visuais. Campo Grande - MS, _____ de ______________ de 2013 COMISSÃO EXAMINADORA _____________________________________________ Profª. Drª. Eluiza Bortolotto Ghizzi Universidade Federal de Mato Grosso do Sul _____________________________________________ Prof. Dr. Paulo Cesar Duarte Paes Universidade Federal de Mato Grosso do Sul _____________________________________________ Prof. Dr. Hélio Augusto Godoy de Souza Universidade Federal de Mato Grosso do Sul CAMPO GRANDE 2013
  • 5. 5 LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Site museu louvre.......................................................................... 25 Figura 02 – Site Lygia Clark............................................................................. 25 Figura 03 – Canal MOCA no Youtube............................................................. 26 Figura 04 – Site Google Art Project. ............................................................... 27 Figura 05 – Site Chicago Insitute...................................................................... 27 Figura 06 – Página no facebook pessoal do artista Frederic Fonteney.............. 27 Figura 07 – Página no Facebook pessoal da artista Priscilla Pessoa.................. 27 Figura 08 – Blog da artista Priscilla Pessoa....................................................... 28 Figura 09- Site do Blender 3D em inglês........................................................... 28 Figura 10 – Site do Blender 3D em português. ................................................. 28 Figura 11- Site do GIMP em inglês................................................................... 29 Figura 12 – Site do GIMP em português........................................................... 29 Figura 13 – Tela do programa Windows Movie Maker..................................... 29 Figura 14 – Site do Encontro de Professores de Arte de MS........................... 30
  • 6. 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................................ 05 1. ARTE ART ART............................................................................................................ 08 1.1 Ensino e arte.....................................................................................................11 2. CORPO BODY CORP.................................................................................................. 13 2.1 corpo e o sistema nervoso............................................................................... 13 2.2 corpo, arte e identidade.................................................................................. 15 2.3 corpo pós-humano.......................................................................................... 17 3. VIDA LIFE VIE........................................................................................................... 20 3.1 Apreciação....................................................................................................... 25 3.2 Contextualização............................................................................................. 26 3.3 Produção.......................................................................................................... 28 4. NAJON: PRODUTO MULTIMIDIATICO............................................................... 31 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 33 PLANO DE CURSO........................................................................................................ 34 ANEXO I........................................................................................................................... 43 BIBLIOGRAFIA............................................................................................................. 49
  • 7. 7 RESUMO O presente trabalho é uma reflexão sobre o ensino de artes inserido dentro da cibercultura, da indústria cultural e a sociedade dos espetáculos1 . A indústria cultural apropria-se dos discursos artísticos promovendo assim comportamentos e ideologias dentro da sociedade dos espetáculos, refletindo no corpo do individuo de várias formas, cabe ao professor de artes estimular uma visão crítica sobre essa produção. Dentro da cibercultura o individuo já não é apenas um agente passivo assume um lugar de produtor de conteúdo, dialogando diretamente com a indústria cultural. Assim através das mídias o ensino de artes pode contribuir com uma visão crítica sobre o consumo de produtos da indústria cultural na sociedade dos espetáculos. Palavras-chave: Ensino de artes. Cibercultura. Indústria cultural. Sociedade dos espetáculos. Mídias 1 1 DEBORD, Guy. A sociedade dos espetáculos. 2003
  • 8. 8 INTRODUÇÃO Durante a realização do estágio nos Ensinos Infantil e Médio e, também, ministrando aulas na Oficina de Animação do Instituto Mirim de Campo Grande, durante três anos (2° semestres de 2011, 2012 e 2013), obtive contato com estudantes das redes Estadual e Municipal de Ensino de Campo Grande. Nesse contato, percebi que há nos alunos sempre uma curiosidade sobre técnicas e materiais, mas também a crença em mitos, como o de que artistas são gênios e necessitam de algum talento especial, além de que arte é uma coisa de elite. Sendo assim, a aproximação desses alunos com o mundo midiático (TV aberta, filmes, música, internet), com o qual eles estão familiarizados, mostrou-se eficiente para uma abordagem básica da arte. O projeto desenvolvido com os alunos do Ensino Médio (2012) e do Instituto Mirim de Campo Grande (IMCG) por meio das técnicas supracitadas (produção de um vídeo de animação), mostrou que eles são capazes de trabalhar com temas diversos – incluindo as questões artísticas – para além daqueles que são mais comumente abordados nessa etapa da vida, como sexualidade, drogas e passagem para o mundo adulto. No entanto, percebi que não se apropriavam da arte enquanto um conteúdo em si, mas como acessório de outros, conteúdos, principalmente dentro do IMCG, que é voltado para a entrada de jovens no mercado de trabalho. Com essa reflexão, desenvolvi um plano didático propondo que a arte seja promovida por meio de um canal multimidiático2 e, assim, estimulando sua vivência como disciplina autônoma, lembrando que ela deve ter a liberdade de desenvolver um caráter transdisciplinar, capaz de dialogar com qualquer outro tipo de conhecimento, dentro e fora do currículo e, principalmente, dentro do cotidiano dos alunos. A intenção é a de que o aluno esteja preparado para lidar com a arte em suas diversas formas no mundo ao seu redor. Em entrevista para a Carta Maior, a professora de artes Ana Mae Barbosa (2006) ressalta que o papel do ensino de artes é estimular diferentes formas de inteligência através do uso de diversos processos cognitivos, tanto racionais quanto afetivos e emocionais, incluindo, também, a função de auxiliar no ensino de outras disciplinas. Ainda segundo a autora, na história do ensino de arte, é possível notar as fortes influências das práticas jesuítas, das ideias do positivismo e do liberalismo e das “escolinhas” de artes (desde a expressão sem 2 Site Najon ver pg.
  • 9. 9 (interferências, reflexão, orientação e análise, até o “auxílio” do professor da disciplina de arte em decoração de festas), colocando dificuldades para que a disciplina apresente-se como autônoma, como parte do conhecimento humano. A apropriação do conhecimento sobre arte, e para o exercício de arte, é necessária para a compreensão e transformação do ambiente em que atua o sujeito, a sociedade. A sociedade atual é bombardeada por um excesso de informações com variados graus de relevância e diversidade temática, por meio das quais se repassa e consolida ideologicamente um sistema, em que se inserem as manifestações artístico-culturais. É a chamada indústria cultural. Grandes grupos de comunicação ditam às massas populacionais, em campanhas publicitárias de grande investimento mercadológico, o que deve ser consumido. Isso, mesmo agora, em tempos da internet, que coloca à disposição de todos uma enorme diversidade de fontes de informação, sendo apenas necessária uma interface para acessá-las. Vivendo sob a cultura midiática, a sociedade dos espetáculos, o humano pós- humano, ao mesmo tempo permite experimentações com o corpo de diversas maneiras e também o encouraça (REICH, apud LELIS, 2006), determinando comportamentos. A artista Marina Abramovic, reconhecida por seu trabalho em performances de exaustão do corpo, recentemente ganhou reconhecimento pelo conjunto da sua obra em uma exposição no MOMA – Museu de Arte Contemporânea de Nova York. A exposição apresentava, além da própria artista, outros 30 artistas revivendo performances dela e ganhou destaque entre jovens e na cultura pop depois que a cantora/performer Lady Gaga colocou em seu espaço no twitter comentário sobre o evento. Com isto, adolescentes e adultos conheceram a obra, Marina e o museu. O exemplo citado mostra que é possível, através de grandes veículos de informação, como mídias sociais, TV, rádio, internet e diversos meios, propor novas experiências estéticas às pessoas levando-as a vivenciá-las. Nossa sociedade atual é uma sociedade de consumidores, em que a individualidade e posições políticas são representadas pela mercadoria consumida, movida pela indústria cultural e pelo corpo adentrando o ciberespaço. Nesse exemplo, as duas artistas, Marina e Gaga, por meio do diálogo e do hibridismo de linguagens (fotografia, cinema, música, performance) presentes na cultura do pós-humano, mostram que através do próprio produto pode haver um estímulo ao conhecimento de arte. Assim, o professor de arte, aproximando-se dos conceitos da cultura midiática e dos meios circundantes atualmente, pode propor reflexões maiores, caminhos de pesquisa e indagações
  • 10. 10 sobre artes por meio das linguagens e ideologias presentes no mundo midiático, questionando suas ideologias. Para propor uma reflexão sobre o tema apresentado, cultura midiática e arte, utilizo pensamentos sobre o ensino de artes na sociedade do espetáculo e dos consumidores, os conceitos de cultura midiática, de ciberespaço e de corpo pós-humano apresentados por Lúcia Santaella no livro Culturas e artes do pós-humano, além da aproximação com outros autores da crítica à indústria cultural (ADORNO, 2002; DEBORD, 2003), mídia (KELLNER, MCLUHAN) e teoria da arte (GOMBRICH, 2012; JANSON, 1999; DANTO, 2006). Alerto para o texto em primeira pessoa, uma vez que a arte é inerente à vida e o conhecimento, seja do que for, se faz no humano, no indivíduo. Este trabalho é dividido nos capítulos Arte, Corpo e Vida respectivamente. O primeiro capítulo aborda o ensino de arte e os questionamentos propostos na arte contemporânea, relatando experiências no fazer e ensinar arte. Alguns conceitos sobre corpo, identidade e cognição abordados no segundo capítulo. O último capítulo apresenta questionamentos sobre a cultura midiática e o ensino de artes utilizando a internet e dispositivos midiáticos.
  • 11. 11 1. ARTE ART ART A década de 1970 é marcada no Brasil pela ditadura militar e, no âmbito do ensino, a partir dessa década há uma luta para o reconhecimento do ensino de arte como disciplina para a formação de um cidadão pleno. Desde 1971, o ensino de arte é obrigatório dentro do currículo escolar. Porém, de lá pra cá houve muitas mudanças na estrutura curricular dos cursos superiores de formação de professores de arte, que eram formados, antes, em licenciatura em Educação Artística. Conforme Barbosa: Licenciatura em Educação Artística na universidade pretende preparar um professor de arte em apenas dois anos, que seja capaz de lecionar música, teatro, artes visuais, desenho, dança e desenho geométrico, tudo ao mesmo tempo, da lª à 8ª séries e, em alguns casos, até o 2º grau. (1989, p.170) Tendo que abarcar temas diversos e sob a influência das escolinhas de Arte, o professor de Educação Artística considerava sua formação voltada apenas para o estímulo da criatividade (BARBOSA, 1989), não como uma área do conhecimento humano. Com a redemocratização do país e a politização dos professores a partir da década de 1980, o ensino de arte passou por mudanças até conseguir a garantia de estar, de fato, no currículo escolar obrigatório na década de 1990. Mesmo com todo o esforço da categoria profissional para reconhecimento da arte como disciplina curricular e autônoma, ainda não foi possível promover uma mudança no modo como as escolas e os outros professores veem o professor de arte; dentro de sala de aula o professor de arte é visto como um meio de promover decorações para datas específicas, um passatempo ou uma aula complementar. Ana Mae Barbosa, em entrevista para a revista Carta Capital, ressalta que o ensino de arte é: Para trabalhar construção e cognição. Na construção da Arte utilizamos todos os processos mentais envolvidos na cognição. Existem pesquisas que apontam que a Arte desenvolve a capacidade cognitiva da criança e do adolescente de maneira que ele possa ser melhor aluno em outras disciplinas. YODA. Carta Maior (2006).
  • 12. 12 Além disso, o ensino de arte no mundo atual se depara com embates entre formas, tipos, materiais usados, meios de distribuição, tipos de público, rompendo a tradição do quadro e das belas artes, de arte apenas como objeto material e, voltando-se ainda mais para o corpo, para os conceitos. Para compreender melhor como a arte incorporou modos de fazer arte que não tem objeto físico e, principalmente, tirando foco central de produção do objeto pergunta-se: o que é arte? E quando ela começa? Definir o que é arte é uma questão difícil, uma vez que a gama de respostas para tal pergunta apresenta diferentes versões3 , e hoje a arte é cada vez mais abstrata e filosófica. Para abordar o presente estudo apoio-me na linha cronológica narrativa apresentada pelos autores Gombrich (2012) e H. Janson (1996), até a ruptura com a história da arte de que fala Danto: “Mas agora que o invólucro foi rompido, e que pelo menos se chegou a um vislumbre de autoconsciência, aquela história terminou, libertando-se de um fardo que agora poderia ser transferido para os filósofos, para que o carregassem. E os artistas, liberados do peso da história, ficavam livres para fazer arte da maneira que desejassem ou mesmo sem nenhuma finalidade. Essa é a marca da arte contemporânea, e não é para menos que, em contraste com o modernismo, não existe essa coisa de estilo contemporâneo.” (p.18 2006) Nesse contexto, o ensino de artes torna-se cada vez mais complexo, não se limitando à simples apropriação de uma técnica, mas construindo um pensamento e uma reflexão sobre arte e sobre o fazer artístico (BARBOSA, 2008). Algumas das características da arte contemporânea são sua efemeridade, a imersão do corpo, participação do espectador, ideia de arte conceitual, não produzindo produtos diretos, arte não comercializável, multiculturalismo, linguagens, suportes híbridos etc. Resultantes das contribuições filosóficas da década de 1960, essas obras “podem ser imaginadas, ou produzidas, sem nenhum limite do que possam parecer, assumindo a aparência de qualquer coisa” (DANTO, 2006). Em um mundo onde a educação tem a pretensão de formar mão-de-obra para um mercado em busca de lucro, onde a arte é relegada a espaços institucionais de pouco ou nenhum destaque dentro dos centros urbanos e à livre apropriação pelo mercado publicitário e cultura industrial, o ensino de artes é a possibilidade de sensibilizar (no sentido de estar apto a 3 Vigostski (1999) apresenta várias definições segundo alguns filósofos p. 306. Em outros autores pesquisados aparecem mais de uma visão sobre arte.
  • 13. 13 receber as informações, estímulo e despertar uma compreensão crítica4 ) o indivíduo em relação à arte e ao mundo ao seu redor. Com a proliferação de novos meios para reprodução e divulgação, algumas obras produzidas hoje e em outras épocas podem ser visitadas na internet, e vivenciadas de alguma forma (SANTAELLA, p.58). Ao mesmo tempo em que a arte serve à indústria cultural, cedendo seus conhecimentos da “forma” para a emoção, a arte também é promovida por ela. Na sociedade do consumo e na indústria cultural, tudo pode ser coisificado, transformado em produto (ADORNO, 2002). Nessa perspectiva, destaco alguns artistas cujos trabalhos apresentam características como o trabalho com o corpo, o pensamento conceitual e a relação com a cultura das mídias: Lygia Clark, Hélio Oiticica, Marina Abramovic e Lady Gaga. Os quatro artistas apresentam obras que dialogam com o corpo de algum modo; entretanto, enquanto os três primeiros utilizam sua arte, de certa forma, para questionar o corpo dentro da sociedade do espetáculo, Gaga é “produto” – diretamente inserida na indústria cultural – e vende sua arte por meio da cultura midiática. O corpo é o primeiro meio de se ter contato com o mundo, através dos sentidos (VIGOSTKI, 1999). Lygia Clark relaciona-se com esse conceito para construção de propostas diversas que buscam estimular o sensorial do corpo do espectador/participante/autor da obra. “O objeto não estava mais fora do corpo, mas era o próprio ‘corpo’ que interessava a Lygia” (http://www.lygiaclark.org.br/biografiaPT). Sua obra coloca o participante imerso. Em A Casa é o Corpo (1968) ele é convidado a passar por instalações que representam a penetração, germinação, ovulação e expulsão do corpo. Por meio da representação, em tamanho gigante, do aparelho reprodutor feminino, o espectador/participante percorria o caminho compondo sua própria obra. A relação com corpo, presente no trabalho de Lygia, não é apenas objeto de referência para criação de suas instalações, mas muito mais importante é a reação do corpo do espectador participante para onde sua atenção é dirigida. (SANTAELLA, p. 275) Hélio Oiticica utiliza elementos presentes nos ambientes da periferia para propor ao corpo outras vivências. Seus “Parangóles” (década de 1960) são objetos feitos de vários tecidos propondo ao espectador/participante uma vivência em que ele, espectador, cria a performance. Tropicália (1967) apresentava diversos elementos das favelas do Rio de Janeiro e influenciou o advento do movimento tropicalista. Frederico Moraes, ao escrever sobre a 4 Ver BARBOSA, p.99 (2008)
  • 14. 14 ação do artista, diz que “o artista não é o que realiza obras dadas à contemplação, mas o que propõe situações”. Marina Abramovic é uma artista contemporânea que apresenta performances em que o corpo é colocado à exaustão. Seus trabalhos durante a década de 1970 apresentam temas políticos e relacionados a questionamentos de sua identidade e da própria arte. Em 2010, a exposição no MOMA, The Artist is Present, apresentou uma retrospectiva de sua obra. Quando a cantora Lady Gaga postou comentários em seu espaço no Twitter sobre a exposição no MOMA – Museum Of Modern Art, The Artist is Present, levou para a exposição uma parcela da população que desconhecia tanto aquela forma de arte quanto Marina Abromovic, principalmente por se tratar de uma artista que desenvolve um trabalho desde a década de 1970, época em que a maioria do público da cantora não era nascida. Gaga, ao utilizar o meio que propaga sua arte, considerada de massa e da cultura industrial, promove estímulo e apreciação de outras experiências, aproxima-se com essa atitude do discurso encontrado em Hélio Oiticica e Lygia Clark. O corpo do indivíduo pós-moderno está cada vez mais criando extensão para o mundo virtual, o ciberespaço, através de variadas formas; interfaces5 e dispositivos, gerando novas formas de interação entre o meio e o indivíduo. Estamos conectados com outros corpos no ambiente virtual e, por isso, podemos ter acesso a um grande número de informações de nosso interesse. Mesmo para cidades onde não há instituições ou qualquer circuito artístico, com esses meios é possível, a vivência artística contemporânea. (SANTAELLA, 2008) Com o advento das novas tecnologias, o homem desenvolve novas formas, fazendo-se presente no mundo real ou digital. Através de suas conexões, conhece novas culturas, meios de comunicação e, principalmente, formas de interação com o meio. A capacidade tecnológica da cultura midiática consegue transformar toda informação em uma mesma linguagem universal, característica do pós-moderno. (SANTAELLA, pg.59) Enquanto pesquisador/professor de artes apresento no texto abaixo uma breve exposição de reflexões advindas da minha vivência pessoal, no ensino e na produção de arte, os quais levaram-me a querer aproximar os conceitos apresentados à educação, ao fazer artístico e à vivência do e com o meu corpo. 5 Ver SANTAELLA pg. 91
  • 15. 15 1.1Ensino e arte: reflexões No Instituto Mirim, ministrando oficina de desenho animado (2011,2012 e 2013), percebi que muitos alunos têm algum tipo de interface de comunicação (celulares e afins) com acesso a internet, assim como no estágio. Mesmo com a possibilidade de procura por outras referências, acabavam por buscar conteúdo (imagens, temas, músicas, nomes, artistas, etc.) nas grandes redes de mídias tradicionais (Globo, MTV). No ensino infantil (2012 e 2013), os alunos não detinham tais interfaces, porém a influência de outros meios de comunicação tradicionais, a TV aberta no caso, era bem nítida em seus materiais escolares – estojos, cadernos e mochilas com personagens de desenhos animados e/ou seriados infantis. Atualmente esses jovens e crianças, através de mídias sociais, colocam seu corpo, por meio de avatares6 com imagens do próprio corpo e/ou um corpo inventado, dentro da internet e criam essas imagens sem nenhuma ou pouca reflexão sobre imagens. Tanto que produzem e/ou consomem. Também participo de um projeto de extensão chamado Coli$ão – poéticas contemporâneas (UFMS), no qual são desenvolvidas obras utilizando como suporte, fim e meio, principalmente o corpo e todas as tecnologias disponíveis ao grupo. Como projeto de extensão, o grupo é aberto a qualquer pessoa, e todos os integrantes são estimulados a participar da criação, produção, montagem/apresentação da obra. Muitas pessoas que por ali passaram relatam que, durante o processo de pesquisa para obras, sua percepção do ambiente/meio ao redor mudou (durante conversa informal). Falam que, de um jeito diferente, algo havia mudado na relação do seu corpo e dele com o ambiente/meio. Tomando por base essa vivência no ensino e na produção de arte, percebo como objeto central desse estudo o corpo humano; por meio de suas interações com o mundo ao redor, o indivíduo posiciona-se no mundo econômica, social e politicamente. Esse posicionamento se dá por variadas formas, desde colocar no corpo (ou colocar o corpo em) imagens, roupas, acessórios, até participar de eventos reais ou digitais. Para ir adiante nesta reflexão, apresento algumas considerações sobre o que é esse corpo pós-humano no próximo capítulo. 6 Figuras gráficas que habitam o ciberespaço. SANTAELLA pg. 290
  • 16. 16 2. CORPO BODY CORP Neste capítulo tratamos do corpo na arte, concentrando-nos no que Santaella (2010) chama de corpo pós- humano. Para apresentar o corpo pós-humano dentro da arte é necessário, antes, conhecer os vários significados da relação do corpo com a arte e as distinções compreendidas sobre o que é o corpo. Glusberg lembra que: O discurso do corpo é, talvez, o mais complexo modo de discursar, derivante da multiplicidade de sistemas semióticos desenvolvidos pela sociedade. Isso explica as dificuldades em reter sua dinâmica e seu desenvolvimento característicos (2009). Como sugerem as palavras de Glusberg, as diversas formas de ver, sentir, olhar, tocar e experimentar o corpo podem variar para infinitas percepções, discursos, linguagens etc. Perante as múltiplas visões de diversos teóricos sobre o corpo e sua aproximação com o campo da semiótica, apresento algumas considerações sobre o corpo com ênfase para a chamada cultura e arte do pós-humano7 . 2.1 Corpo biológico O corpo é apresentado, dentro do currículo escolar, através do estudo da biologia. Carl Sagan diz que: A biologia assemelha-se mais à história do que à física; os acidentes, os er- ros e circunstâncias felizes do passado determinam poderosamente o presen- te. Ao abordamos problemas biológicos tão difíceis, quais sejam a natureza e a evolução da inteligência humana, parece-me pelo menos prudente conferir razoável peso aos argumentos derivados da evolução do cérebro. Minha premissa fundamental acerca do cérebro é que suas atividades – aqui- lo que às vezes chamamos de “mente” – representam uma consequência de sua anatomia e de sua fisiologia e nada mais. A “mente” pode ser uma con- sequência de ação dos componentes do cérebro de forma individual ou cole- tiva. Alguns processos podem constituir uma função do cérebro como um todo. (1980, p.12) 7 Título do livro de Santaella (2010)
  • 17. 17 Além da colocação de Sagan, é necessário lembrar que o conhecimento sobre biologia, ou outro conhecimento humano, se faz pelos códigos e sistemas de comunicação criados (UEXKÜLL, 2004). Neste contexto o conhecimento sobre o corpo pode ser aberto e continuo8 . Pela relação que Mcluhan (1964) faz do corpo com os meios, dizendo que as tecnologias humanas são extensões do corpo e o advento da energia elétrica coloca o sistema nervoso para fora do corpo, e, também, o processo de cognição e apreensão de mundo através do corpo, a apresentação dos sentidos e, respectivamente, de seus órgãos responsáveis sejam válidos para algumas considerações. Essas considerações são feitas para que esteja aberta a discussão sobre as múltiplas linguagens e informações sobre o corpo. Os órgãos sensoriais dentro do campo da arte estiveram restritos aos olhos e ouvidos, muito vagamente ao tato e, a partir do final de século XIX e começo do século XX, os outros sentidos, gustação e olfato, foram contemplados, cada vez com mais ênfase (GLUSBERG, 2009). São cinco conjuntos de órgãos que desempenham os sentidos da visão, audição, paladar, olfato e tato. Visão Formada pelo globo ocular e por células fotossensíveis, é responsável pela captação da luz e transformação em impulsos elétricos. Audição Formada pelo ouvido externo, médio e interno, responsáveis pela captação de ondas sonoras até os nervos auditivos. Paladar Localizadas na língua e palato, as papilas gustativas recebem informações químicas responsáveis pelo sabor. Atua conjuntamente com o olfato. Olfato Realizado por um epitélio secretor de muco, que é a mucosa que forra a parte superior das fossas nasais. Tato 8 Ver A teoria da Umwelt de Jakob von Uexküll (UEXKÜLL, 2004).
  • 18. 18 Realizado pelo maior órgão humano, a pele, responde pelas sensações térmicas e mecânicas. 2.2. Corpo, arte e identidade. A constituição do sujeito humano se faz quando ele se apropria da cultura e de tudo que a espécie humana desenvolveu. O trabalho é o que humaniza e possibilita o desenvolvimento da cultura. O sujeito humano cria necessidades que não apenas satisfaçam sua existência biológica, mas, e principalmente, garantam sua existência cultural. Assim: Ao agir intencionalmente sobre a natureza, visando transformá-la de modo a satisfazer suas necessidades, produzindo o que deseja e quando deseja, o homem, ao mesmo tempo em que deixa sobre a natureza as marcas da atividade humana, também transforma a si próprio constituindo-se humano. (RIGON. ASBAHR. MORETTI. 2010). No mundo contemporâneo, o corpo é “fonte de prazer e alvo da disciplina” (MATESCO. COCCHIARARALE. 2005) e, por meio de suas extensões, apresenta uma profusão de informações oriundas de diversas fontes formadas por várias ideologias. Vivemos a revolução das mídias: qualquer pessoa com internet, em tese, teria acesso a toda informação ali disponível, incluindo liberdade para produção de material. Ao tornar a informação digital, a cultura multimidiática promove uma profusão de imagens e conteúdo, sendo o corpo objeto para reflexão, produção e consumo dessas imagens (SANTAELLA, 2010). Nesse contexto, o trabalho com o corpo nas artes apresenta-se de diferentes maneiras e com diferentes discursos. No trabalho de artistas regionais, que cito abaixo, relacionando-os com os artistas citados anteriormente neste texto, o corpo é utilizado na arte e na identificação9 do indivíduo com o mundo. São artistas jovens do Estado de Mato Grosso do Sul que apresentaram obras em instituições com reconhecida atuação na área de ensino e apresentação de arte. Produzem imagens através de dispositivos midiáticos, utilizam-se do corpo na produção e apresentação das obras. O grupo Coli$ão surge no curso de Artes Visuais- Licenciatura, pela disciplina de poéticas contemporâneas e propõe ao corpo situações de conflito com a ordem vigente. Nesse sentido, o grupo abarca as questões de caráter comportamental nos corpos dos indivíduos na 9 Ver Hall, Stuart. Identidade Cultural na pós-modernidade.
  • 19. 19 sociedade em que vivem. Por exemplo, na intervenção Feminista (2012), duas pessoas soltam perguntas, aleatórias, sobre condições de relações sociais e finalizam com um poema feminista durante o percurso de um ônibus (horário de “ida ao trabalho”); e uma terceira filma sem ser notada. Essa atividade é do tipo intervenções urbanas10 , que colocam obras híbridas (action painting, poemas de autores diversos, mistura de mídias, etc.) em praças públicas, em instituições públicas e privadas, aproximando-se, assim, das manifestações da arte presentes em Oiticica, Lygia e Marina Abramovic e inserindo no contexto regional indagações sobre o corpo local. Cicero Rodrigues11 , em Sentidos e Sensações, trabalha com os cinco sentidos em instalação apresentada no 10° Salão de Artes de Mato Grosso do Sul. Diretamente ligada ao tropicalismo, a obra convida a experimentação de sabores, odores, texturas, sons e imagens através de elementos simples tirados do cotidiano do artista. A referência em Oiticica é certamente algo que norteia sua produção. Sua última obra mistura elementos audiovisuais, teatrais, pictóricos e simbólicos retirados da identidade e da cultura que o rodeiam. José Yura12 trabalha com a imagem de seu corpo em diversos suportes e, pelo próprio corpo, na relação com o outro, nas questões de gênero e no cotidiano: Esse ‘ser arte’ foi a mim dado já no primeiro ano do curso de Artes Visuais em 2008, onde muitos amigos me diziam: ‘você é muito performáti- co’, ‘sua imagem é muito destoante’ etc. Eu, nascido e criado no interior do estado MS, Aparecida do Taboado- pra ser mais exato- mal sabia o que era arte nos dias de hoje; ouvir de outrem ‘performático’ foi uma dúvida com- pleta e ao mesmo tempo um fascínio. O que pra mim era algo, simplesmen- te, “natural” do meu ser (inconsciente até, um desejo puro e ingênuo) na universidade se transformou no meu maior objeto artístico. (YURA, 2013) Esses três artistas apresentam em sua obra indagações referentes à arte contemporânea, ao corpo, à profusão de mídias e à visão crítica da sociedade em que vivem. Também trazem no processo de criação e pesquisa em arte a referência direta a Lygia Clark, Hélio Oiticica, 10 Fotos e vídeo do grupo em http://colisao-poeticascontemporaneas.blogspot.com.br/ 11 Artista de Campo Grande, formado pelo curso de Artes Visuais – Bacharelado pela UFMS. Premiado no 10° Salão de Artes de MS. 12 Artista de Aparecida do Taboado, formado pelo curso de Artes Visuais-Bacharelado. Participou nos salões de Artes do Estado de Mato Grosso do Sul nos anos de 2010 e 2012
  • 20. 20 Marina Abramovic e, indiretamente, Lady Gaga, colocando em sua obra uma identidade própria. A relação que criam com a obra e o corpo é um desdobramento da cultura midiática mundial em que vivem, com imagens, vídeo, textos, músicas e pensadores/artistas diversos, e o encontro com questões de gênero, de religião e econômico-sociais. 2.3 Corpos pós-humano Santaella (2010) apresenta alguns modos de como o corpo se transforma, para adquirir outra forma, a partir de modelos, sugestões ou mesmo a ideia original do próprio sujeito que transforma seu corpo. Para ela o corpo apresenta múltiplas realidades surgidas “de descorporificações, recorporificações e novas expansões não carnais da mente”. O corpo remodelado seria a aquisição de novas formas para o corpo através de técnicas de aprimoramento físico: ginástica, musculação, bodybuilding indo até pequenas cirurgias estéticas. O corpo protético trata-se de um corpo “ciborg, híbrido, corrigido e expandido através de próteses, construções artificiais ou amplificação de funções orgânicas”. O corpo esquadrinhado é referência para a vigilância das máquinas de diagnóstico médico. Sendo o corpo “virado pelo avesso, perscrutado e devolvido como imagem”. O corpo plugado é exemplo do ciborg, interfaceado no ciberespaço: usuário conectado ao computador que se move pelo mundo virtual com ou sem avatares como seu corpo. Ainda é possível outra divisão deste corpo pela forma de imersão no mundo virtual: por conexão, através de avatares, imersão híbrida, ambientes virtuais e telepresença. O corpo simulado seria um corpo reportado por algoritmos, um corpo completamente desencarnado. Exemplo deste corpo é a Realidad Virtual, a que o corpo carnal ficaria ligado, enquanto um corpo tridimensional virtual realiza ações dentro da RV. O corpo digitalizado reporta-se ao corpo representado tridimensionalmente como no caso do projeto The visible human, em que corpos carnais são transformados em informação digital.
  • 21. 21 O corpo molecular vai desde o estudo do genoma humano até as manipulações genéticas até a clonagem humana. Todos13 os corpos possibilitam ao indivíduo a projeção de um corpo idealizado, que busca ser aceito socialmente, adquirir qualidades e diversas outras querências somadas aos modelos de aceitação oriundos de um ambiente midiático dominado pelo consumo. O corpo estendido ao campo digital, através de interfaces diversas, remodela os modos de recepção, interação e produção do sujeito. Ao colocar o sujeito diretamente ligado a toda produção midiática e ao todo global, transforma-o em produtor de conhecimento: Mudanças profundas foram provocadas pela extensão e desenvolvimento das hiper-redes multimídia de comunicação interpessoal. Cada um pode tornar- se produtor, criador, compositor, montador, apresentador, difusor de seus próprios produtos. Com isso, uma sociedade de distribuição piramidal começou a sofrer a concorrência de uma sociedade reticular de integração em tempo real. Isso significa que estamos entrando numa terceira era midiática, a cibercultura. (SANTAELLA, p.82) Esse corpo “plugado” e o indivíduo transformado em agente produtor dentro da cibercultura colocam sua participação direta na sociedade do espetáculo e na indústria cultural. Antes, a indústria cultural fabricava os modelos de entretenimento; agora, ela busca nessa produção diversa aqueles que produzem seus modelos de referências. Em seu livro Os meios de comunicação como extensões do homem, Mcluhan discorre sobre as transformações provocadas pelos meios: O que estou querendo dizer é que os meios, como extensões de nossos sentidos, estabelecem novos índices relacionais, não apenas entre os nossos sentidos particulares, como também entre si, na medida em que se inter- relacionam. O rádio alterou a forma das estórias noticiosas, bem como a imagem fílmica, como o advento do sonoro. A televisão provocou mudanças drásticas na programação do rádio e na forma das telenovelas. (1964, p. 72) Diante dessa pluralidade de conceitos envolvidos na cultura midiática, indústria cultural e na cibercultura emergente, esse corpo mediado por interfaces14 leva a arte até uma realidade aumentada15 . Nessa pluralidade de conceitos sobre corpos e sobre a própria arte o professor de artes tem a tarefa de compreender, além das questões pedagógicas, de formação e crescimento cognitivo de seus alunos, compreender a pluralidade de linguagens que atualmente existem no ensino e pesquisa de arte. Essa realidade híbrida que nos cerca 13 O corpo digitalizado é uma experiência onde o corpo carnal após processo de digitalização é descartado. Ver Santaella, p.205. 14 Dispositivo que troca informações entre sistemas. No caso referência o corpo da artista e o vídeo. 15 Hamdam, Camila Opened Body http://www.youtube.com/watch?v=5TZao2mTXnA
  • 22. 22 apresenta um ambiente propicio para um currículo transdisciplinar fomentando a troca de conhecimento em diversos conteúdos. Conteúdos que aparecem em todos esses corpos do indivíduo na sua vida.
  • 23. 23 3. VIDA LIFE VIE Para refletir sobre o ensino de artes na contemporaneidade é necessário compreender que a indústria cultural, também, determina comportamentos e politicas públicas indiretamente, apropriando-se da arte (ADORNO, 2008). Douglas Kellner apresenta uma leitura das mídias norte-americanas durante as décadas de 1970, 1980 e 1990; quando jornal, rádio, TV e cinema tornam possível a ideia de mídia de massa, justificando ações e políticas de Estado, tornando-as aceitáveis. Ao fazer uma análise da obra da popstar Madonna, considerada uma ativista das causas de movimentos sociais, percebe-se um discurso de dominação branca sobre o negro abrindo espaço para a contradição no discurso que a artista apresenta. De qualquer forma a complexidade e a sensibilidade das questões raciais, sexuais, de preferencia sexual e de classe que Madonna desafia demonstra a coragem de desafiar temas controversos que poucos artistas famosos do cenário musical atacam com sua constância e provocação. (Madonna) Tem sido acusado de se apoderar de imagens e fenômenos da cultura. (KELLNER, 2001.). Quando perguntado sobre o desenho Beavis and Butthead, à época um fenômeno da MTV, Kellner demonstrou que essa identificação da juventude norte-americana com um desenho em que dois adultos passam o dia inteiro diante da TV – assistindo a clipes da própria MTV enquanto os julgam sem qualquer critério – e trabalham em estabelecimentos de fast food, onde constantemente cospem no lanche dos clientes, era o reflexo de uma juventude sem perspectiva e nenhum pensamento crítico. É necessário ressaltar o momento histórico dos países latino-americanos durante essas décadas que, diferentemente do EUA, foram governados por ditaduras civis-militares. O que contribui drasticamente para o enfraquecimento da pesquisa na área de educação (in. TEMER, 2011). Assim o “american way of life” teve livre acesso aos meios comandados pela ordem vigente e a todo o momento vendido pela indústria cultural. Santaella ressalta que: O poder real da televisão, acrescenta Castells com base em Eco e Postman, “é que ela arma o palco para todos os processos que se pretendem comunicar à sociedade em geral, de política a negócios, inclusive esportes e artes. A televisão modela a linguagem de comunicação societal” (Santaella, 2008)
  • 24. 24 Ainda que durante o período de 1970 e 1980 a profusão de novas máquinas, equipamentos e produtos midiáticos como máquinas copiadoras, distribuição universal de aparelhos de fac-símile, videocassete, videogames, segmentação das revistas, TV a cabo etc. – a que a autora chama de cultura das mídias – tenha aberto novos processos comunicacionais, a TV tornou-se mais comercializada e oligopolista. Tais fatos resultam em uma grande massa consumindo modos de comportamento, vestimenta e diversas facetas da construção humana direcionada por apenas algumas formas de discurso dominantes. Kellner relata a existência de um shopping center onde todas as jovens vestem-se para ser Madonna. Aqui no Brasil um exemplo disso foram as polainas coloridas em todas as esquinas após o sucesso da novela Dancing Days. A sociedade apresenta, já construídos culturalmente, os papéis que cada indivíduo deve representar, ditando conceitos e ideologias e os reverberando em diversos segmentos como comportamento, vestuário, práticas esportivas, transporte, vida pública, vida privada etc. Sendo os comportamentos “aceitos” veiculados e promovidos através da indústria cultural. Os homens “primitivos” usavam o corpo em seus rituais, esculpiam-no ou o desenhavam com o objetivo, supõe-se, de serem agraciados por ações divinas através dos seus objetos. Não é por menos que tais objetos constroem imagens representando corpos humanoides caçando, no intuito de conseguir a caça, ou esculturas com partes do corpo mais volumosas como os seios e o falo, querendo seus autores, talvez, serem abençoados pela fertilidade (GOMBRICH, 2001). Nesse pequeno recorte da arte pré-história já é possível inferir que o homem sempre buscou um corpo ideal, seja ele simbólico como nas cavernas ou como é utilizado pelas campanhas publicitárias atualmente. Durante a Idade Média, esse corpo resignou-se às trevas, pois tudo que se referisse a ele era carregado de pecado. Fato notório são as figuras humanas apresentadas pelas pinturas do período, com gestos, posturas e formas predefinidas pela igreja (ECO, p.240) . Esse corpo ideal definido pelos preceitos cristão só foi questionado com o advento do Renascimento, que, em sua referência direta às artes romana e grega, voltou seu olhar para o desenho do corpo natural. A observação do homem sobre a natureza permitiu novamente que
  • 25. 25 se pudesse visionar um corpo humano idealizado, observado dentro da natureza, porém idealizado nas referências greco-romanas. Do Barroco passando pelo Rococó até chegar ao Modernismo, manteve-se a imagem do corpo renascentista (mesmo que com outras temáticas ou suportes) idealizado na cultura greco-romana. Advinda da era industrial, a fotografia mudou o modo de lidar com a imagem real de algo, e a partir de então o corpo desprendeu-se de uma representação figurativo- naturalista. Nota-se também que não é somente nessa época que há registros de outros tipos de corpos, como a representação maneirista, mas é só a partir da modernidade que a representação do corpo tem maior liberdade. A idealização desses corpos sempre esteve sujeita à mão de quem podia manter artistas para sua produção. Durante a Idade Média, por exemplo, a religião católica e seus dogmas através de vários concílios foram rígidos ao controlar a produção das imagens, construindo assim um repertório de significados sacros, propagando tais significados pela população (ECO, 2008). Observa-se em Eco (2008) que atitude de obter uma imagem de algo, um signo, não difere da utilização nas criações artísticas do homem primitivo com o jogo de imagens com que lida a publicidade atual: Se o bisonte desenhando na parede da caverna pré-histórica se identificava com o bisonte real, garantindo, assim, ao pintor, a posse do animal através da posse da imagem, e envolvendo, assim a imagem numa aura sagrada, não é muito diferente o que hoje acontece quando um novo automóvel, construído o mais possível segundo modelos formais escorados numa sensibilidade arquetípica, torna-se a tal ponto signo de um status econômico que ele se identifica. (ECO, 2008) A ideia de que podemos nos tornar outro a partir do que somos, adquirindo bens materiais ou mesmo intervenções no corpo, é extremamente exacerbada no mundo contemporâneo e capitalista em que vivemos. E a indústria cultural apropria-se do vasto campo artístico para sua produção fomentando no seu consumo a prática ideológica dominante. Entretanto na cultura do pós-humano (SANTAELLA, 2010), a produção do conhecimento não se faz só no indivíduo, mas o indivíduo o constrói coletivamente, isto é, a convergência das mídias e a mobilidade dos dispositivos de comunicação fornecem um espaço onde textos, vídeos e imagens podem ser armazenados, trocados e manipulados.
  • 26. 26 Através de sítios específicos as mídias podem ser compartilhadas e difundidas. Assim na cibercultura a indústria cultural e a sociedade dos espetáculos também são construídos pelos indivíduos através de vários campos digitais. E nesse campo multimidiático o professor/pesquisador em arte pode inserir-se através de vários programas virtuais de comunicação, compondo com o ensino em sala uma didática e projeto de curso que promovam a reflexão do professor, e consequentemente de seus alunos, nas relações pertinentes a tecnologias, às múltiplas linguagens e ao corpo do aluno, ou seja numa formação que preze por uma olhar não só crítico mas também dialético com o mundo (BARBOSA, 2008) Pois: [...] quando pensamos em imagens ou problemas complexos, mudamos nosso pensamento de um meio para o outro, dependendo do contexto e do conteúdo, sem restrição nem perda de significado. De fato, à medida que fazemos isso, enriquecemos nossa compreensão e aprofundamos o significado, porque existem nuances que podemos ver, mas não dizer, e outras que podemos dizer, mas não ver. (in: BARBOSA; PARSONS, 2008 p.306) Barbosa aponta vários caminhos que o ensino de artes percorreu nas instituições de ensino e nas propostas das linguagens de novas tecnologias. E destaca o uso equivocado (BARBOSA p.108) das novas linguagens tecnológicas (computador e dispositivos de mídia), a relação dos museus com novas propostas de apresentação de obras e o uso de sites para exposição com conteúdo relevante; porém o mal uso de diagramação digital prejudicava a visualização. Sobre tecnologia Barbosa diz: Para ampliar os limites da tecnologia e de seu uso, é preciso pensar as relações entre tecnologia e de seu uso, é preciso pensar as relações entre tecnologia e processo de conhecimento; tecnologia e processo criador. A tecnologia não apenas transformou as práticas cotidianas, mas também os modos de produção intelectual e dilui os limites entre compreensão e certeza. Percepção, memória, mimeses, história, politica, identidade, experiência, cognição são hoje mediadas pela tecnologia. A tecnologia é assimilada pelo indivíduode modo a reforçar sua autoridade, mas pode também mascarar estratégias de dominação exercida de fora. O fator diferencial dessas duas hipóteses é a consciência crítica. A cultura contemporânea, ao inter-relacionar a identidade e expressão, criou o ambiente propício para integração da Inteligência, da emoção e da tecnologia transformando a cognição em uma forma de consumo que estimula a imaginação.
  • 27. 27 Participação, representação, desejo, criação, expressão são conceitos transformados pela tecnologia [...] A interdisciplinaridade é a condição epistemológica da pós-modernidade, e a interculturalidade, a condição politica da democracia. A aliança entre essas duas condições basilares da vida , contemporâneas ás tecnologias flexíveis e multiplicadoras, garantirá um humanismo em constante reconstrução para responder às imponderáveis e permanentes mudanças sociais. Com a atenção que a educação vem dando às novas tecnologias na sala de aula, torna-se necessário não só aprender a ensiná-las, inserindo-as na produção cultural dos alunos, mas também educar para a recepção, o entendimento e a construção de valores das artes tecnologizadas, formando um público consciente (2008 p.111). Outros autores, também, apresentam questionamentos sobre as formas de conhecimento na cibercultura, onde o conhecimento individual torna coletivo através de uma rede infinita de saberes (SANTAELLA, p.107) e o advento de novas constituições na formação do saber e do ensino (LEVY, 1999). A abordagem triangular, ao dialogar com várias propostas pedagógicas de ensino construtivistas (libertária, libertadora e histórico-critica) apresenta uma proposta didática que contempla as indagações referentes ao ensino de arte contemporâneo (BARBOSA, 2008). Compõe-se de leitura de obra: leituras mediadas pelo professor e leitura advindas da própria experiência do aluno; contextualização da obra, através da história da arte e o contexto econômico-social em que a obra foi criada; e releitura da obra. Este último item deve ser pensado com atenção uma vez que a proposta de releitura da obra não deve ser encarada como uma simples reprodução da técnica ou obra do artista, seja uma pintura ou outra linguagem, mas uma consciente reflexão e utilização dos conteúdos apresentados em aula. Para o pensamento de uma proposta num currículo escolar, no ensino fundamental e médio, que seja multidisciplinar, multicultural e, juntamente, com a abordagem triangular apresento algumas propostas de interação com o mundo multimidiático. Os campos apresentados não atuam sozinho, a apreciação, contextualização e produção acontecem mutuamente.
  • 28. 28 3.1 Apreciação Através de canais de mídia (youtube, vimeo, deviantart, museus online, sites de artistas etc) o professor/pesquisador obtém acesso a um enorme campo de informações para buscar referências para as aulas, tanto de imagens de obras diversas quanto de vídeos com os próprios artistas. Canais como youtube, vimeo e deviantart propiciam a troca de imagens e informações, agregando valor à produção do aluno, auxiliando na facilidade de difusão de sua produção. Sites de museus apresentam texto e imagens sobre artistas ou movimentos específicos, como o site do Louvre16 (fig. 01), auxiliando nas questões em relação ao ensino de artes. Sites de artistas, além da reflexão do artista e sua biografia, apresentam propostas de trabalho em sala de aula, como o site de Lygia Clark (fig. 02), onde há uma sessão especifica para trabalhar as propostas da artista de forma lúdica e reflexiva. O canal Moca (fig. 03) apresenta um conteúdo diversificado sobre artes Figura 01 – Site museu Louvre. Fonte: http://www.louvre.fr/ (print da tela) 16 http://www.louvre.fr/questions-enfants/aphrodite-accroupie o site está em francês.
  • 29. 29 Figura 02 – Site Lygia Clark. Fonte: http://www.lygiaclark.org.br/defaultpt.asp (print da tela) Figura 03 – Canal MOCA no Youtube. Fonte: http://www.youtube.com/channel/UC1V4WWR5O9DAQVvfYLlhPPQ (print da tela) 3.2 Contextualização Mídias sociais como Orkut, Facebook, Istamgram, Twitter etc. colocam o artista e suas obras em contato direto com o professor, de forma que através do dialogo com o artista, ele possa relacionar o artista e a obra em sala, por exemplo a utilização de uma entrevista sobre o processo de criação de uma obra, o professor indagando os alunos sobre o processo de criação do artista e seus próprios processos propõe uma reflexão sobre o processo criativo ou mesmo coloca seus alunos para passar por um processo semelhante ao do artista . Museus (fig. 04 e 05) que disponibilizam seu acervo online também estão disponíveis e ainda oferecem textos
  • 30. 30 críticos sobre obras e artistas. Algumas mídias como o Facebook oferecem um contato direto (fig. 06 e 07) com o artista, mas é necessário usar o bom senso, para não acontecer uma intromissão na vida da pessoa. Ao professor/mediador cabe a tarefa de realizar o dialogo entre o artista e a realidade dos alunos. Muitos sites estão em outras línguas; para esses casos a internet oferece ferramentas de tradução17 porém o professor deve ter conhecimento da língua para não acontecer equívocos. Além de que muitos outros produtores de conteúdo na internet traduzem filmes, vídeos e textos, difundindo o pensamento dos sites e artistas. Muitos artistas possuem blog (fig. 08) onde compartilham suas indagações e sua produção em arte. Figura 04 – Site Google Art Project. Fonte: http://www.google.com/culturalinstitute/project/art-project?hl=pt-br Figura 05 – Site Chicago Insitute. Fonte: http://www.artic.edu/ 17 https://translate.google.com.br/?hl=pt-BR; http://www.priberam.pt/dlpo/
  • 31. 31 Figura 06 – página no facebook pessoal do artista Frederic Fonteney. Fonte: https://www.facebook.com/frederic.fontenoy?ref=ts&fref=ts Figura 07 – Página no Facebook pessoal da artista Priscilla Pessoa. Fonte: https://www.facebook.com/priscilla.pessoa.12?ref=ts&fref=ts Figura 08 – Blog da artista Priscilla Pessoa. Fonte: http://atelieppp.blogspot.com.br/ 3.3 Produção Softwares (programas digitais) livres são disponíveis para a produção audiovisual. Muitas formas e técnicas artísticas são disseminadas por tutoriais em vídeos e blogs. A produção de arte não precisa apenas trabalhar com essas linguagens “midiáticas”, o
  • 32. 32 professor/mediador deve estar atento para que o conteúdo de arte não fique dependente de apenas uma linguagem. A internet apresenta técnicas artísticas em diversos segmentos, sendo necessário a apropriação e adaptação ao contexto da sala. Alguns exemplos de programas livres são: Blender 3D (fig. 09 e 10), GIMP (fig. 11 e 12) e Windows Movie Maker (fig. 13). Figura 09- Site do Blender 3D em inglês. Fonte: http://www.blender.org/ Figura 10 – Site do Blender 3D em português. Fonte: http://www.blender.com.br/ Figura 11- Site do GIMP em inglês. Fonte: http://www.gimp.org/ Figura 12 - Site do GIMP em português.
  • 33. 33 Fonte: http://www.gimpbrasil.org/ Figura 13 - Tela do programa Windows Movie Maker. Fonte: http://windows7helpdesk.com/wp-content/uploads/2011/09/windows-live-movie- maker.png Consciente das possibilidades de aproximação da arte contemporânea e da cibercultura multimídia, o ensino de artes se coloca de forma multidisciplinar e abrangente. Outro ponto importante que se faz é a avaliação, uma forma de comprovar o conteúdo apreendido. Mas como fazer uma avaliação do conteúdo apreendido nas aulas de arte? Ainda mais num ambiente digital onde as barreiras de tempo e espaço são diluídas e os conteúdos da arte estão presente o tempo todo ao nosso redor? Em uma conversa informal com a professora de artes e artista plástica Priscilla Pessoa, que utiliza blogs para a difusão de suas obras e outro blog para o compartilhamento de textos, imagens e informações sobre artistas contemporâneos com seus alunos, essa lembrou que essa modalidade de compartilhamento de informação não é considerada como ensino, uma vez que o professor não tem controle e nem pode obrigar o aluno a entrar no site. Entretanto os sistemas de educação à distância (EAD) têm sido um modo de formalizar a relação aluno- professor mediado por aparatos tecnológicos de comunicação à distância e propõe uma experiência que difere da simples produção em blogs, pois o aluno tem o compromisso de cumprir metas e apresentar suas reflexão na forma de texto e participação em fóruns online.
  • 34. 34 Nesse sentido o professor/mediador que pretende trabalhar com esses meios de comunicação deve ter em mente uma proposta de avaliação não convencional, que no caso ,como exposto, poderá ser distribuída por metas de produção (texto, imagem, vídeo etc.) e consequente reflexão em sala de aula. Outra forma de avaliação pode ser também a participação em congressos de arte (fig. 14) e/ou editais de fomento artístico que o professor em conjunto com os alunos pode participar. Cada edital, prêmio ou concurso apresenta características próprias e requisitos prévios, cabe ao professor adequar à série, seu planejamento ou dar suporte aos alunos para uma efetiva participação no concurso. Figura 14 – Site do Encontro de Professores de Arte de MS. Fonte: http://professorpesquisadoremartes.blogspot.com.br/
  • 35. 35 4. NAJON: PRODUTO MULTIMIDIÁTICO Através da produção de hipermidiatica com conteúdo sobre a produção de artes, entrevistas com artistas e tutorias referente às linguagens artísticas o site www.najon.com.br é um portal de artes onde artistas, professores e consumidores de arte em geral, podem trocar informação e aumentar o conhecimento coletivo. O compromisso da Najon com a arte é através de uma equipe multidisciplinar, envolvendo a reflexão sobre a arte. Neste sentido a presença de um professor/pesquisador em arte é preciso para propor nos conteúdos produzidos sempre uma reflexão sobre o ensino de artes através dos produtos midiáticos. O portal apresentará sempre um link com sugestão para trabalhar com o produto em sala. O portal da Najon apresenta quatro norteamentos: Artistas (hiperlinks para o contato direto dos canais de comunicação com os artistas); Blog (noticias sobre exposições e editais diversos); Entretenimento (vídeo, publicações de textos, quadrinhos, reflexões dobre arte) e Loja (produtos feitos por artistas diversos). Dentro do contexto deste trabalho a Najon é um produto da indústria cultural, um canal multimidiático, e sua missão é a promoção da arte e dos artistas. Uma abordagem mais profunda do portal é proposta para um trabalho de aprofundamento maior nas questão de cibercultura e conhecimento de artes, que não será possível neste trabalho, sendo apresentado aqui apenas como uma referencia na produção de conhecimento através das mídias. Para exemplificar o trabalho com os produtos da Najon segue uma sugestão de planejamento de aula com uma entrevista com a artista Priscilla Pessoa (anexo I) realizada no ano de 2012. Além da contextualização das obras junto entrevista da artista, a aula pode ser complementada com visitas aos locais de exibição da obra. No exemplo abaixo, à época da entrevista, a artista Priscilla Pessoa estava com obra exposta no MARCO – Museu de Arte contemporânea de Mato Grosso do Sul.
  • 36. 36 Planejamento de aula Ano: primeiro ano do ensino médio; 2 HORAS SEMANAIS; 08 aulas Conteúdo: Arte regional e contemporânea Objetivo Geral: compreender as relações de arte regional e arte contemporânea. Objetivos específicos: Realizar uma pintura conceitual Pesquisar fonte de imagens Conteúdo: Arte regional; Arte contemporânea Metodologia: Leitura de entrevista e exposição de obras da artista. Contextualização das técnicas que a artista utiliza. Pesquisa de imagens e produção de pintura conceitual. As duas primeiras aulas devem gerar uma discussão sobre apropriação de imagens coletadas em mídias sociais e a modificação das mesmas pela artista. As outras duas devem ser usadas para a pesquisa de imagens em mídia digitais ou outras mídias para produção da pintura.
  • 37. 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS Compreendendo que o indivíduo se faz culturalmente e que seu corpo reflete seu conhecimento, sua apreensão de mundo e cultura, diante das novas tecnologias presentes na cibercultura o professor/pesquisador em arte pode trabalhar em sala de diversos modos. Além de apresentar aos alunos os modos e linguagens presentes neste meio de forma crítica e apreensiva, para que o aluno possa apropriar-se de toda uma gama de conhecimento de arte, demonstrar sua aplicação na construção de sua identidade e interação com o mundo. Na sociedade capitalista atual o envolvimento e as plataformas digitais permitem que o indivíduo não seja um agente passivo na construção de sua identidade, e detenha um olhar critico sobre o mundo a sua volta, permitindo o desenvolvimento da cognição e o trabalho junto a outras linguagens. Neste contexto professor e aluno também são produtores de cultura e de arte. Nossas crianças já nascem imersos dentro da cibercultura e os dispositivos tecnológicos cada vez mais apresentam uma interatividade intuitiva em suas funcionalidades. Com isso, essas crianças praticamente já colocam, desde muito cedo, seus corpos na rede digital, por meio de avatares, muita vezes construídos com imagens de seu corpo ou um ideal de imagem. Ao mesmo tempo publicidade, indústria cultural e a sociedade dos espetáculos produzem cada vez mais imagens contendo intenções e ideologias que através de conhecimentos artísticos seduzem apelando a simples reação emotiva primária. Nesse cenário cabe ao professor de arte proporcionar um ambiente criativo e reflexivo na produção e utilização dessas imagens.
  • 38. 38 PROJETO DE CURSO Para abordar a proposta de ensino de artes dentro do TCC, será usado o 1° bimestre para o 3° ano de Ensino Médio. Dentro dos referenciais do Estado de MS, o conteúdo referente às Artes Visuais abrange as expressões musicais, teatrais e visuais, buscando uma compreensão da arte como saber cultural e estético gerador de significados, reconhecendo valores da diversidade artística e inter-relações de elementos sociais e étnicos, sendo que o estudo da contemporaneidade pretendido dentro do bimestre selecionado acorda com a proposta de pesquisa baseada no corpo “plugado” apresentado pelo TCC. O conceito de corpo “plugado” é apresentado por Santaella em Culturas e artes do pós-humano, referindo-se ao uso de um ambiente virtual através de uma interface, como um computador, ou outro dispositivo de mídia, que permite ao aluno ser não só consumidor, mas produtor de informação, no caso, a produção sobre/de arte. Pela sua característica multimídia, atemporal e sem definição de espaço, tal meio permite uma maior hibridização de conteúdos abordados durante o percurso do plano e, por estar presente em um ambiente digital, configura-se para além da sala de aula. Michael Parsons (BARBOSA, 2008) diz que, ao pensar em imagens, mudando o pensamento, de um meio para outro, sem perda de significado, aumenta-se a compreensão e aprofunda-se o conhecimento. Na cultura midiática em que vivemos atualmente, a todo o momento as investidas do mundo publicitário colocam à venda produtos culturais de diversas formas e apresentam seu discurso consumista. O ciberespaço também apresenta as relações de mercado da sociedade capitalista e, por isso, as veiculações publicitárias em sua grande maioria são mantidas por grandes marcas da indústria. Mesmo que a liberdade de produção de conteúdo também exista, são grandes blocos que financiam grandes campanhas de marketing. Parsons (BARBOSA, 2006) discorre sobre o currículo integrado de artes e apresenta experiências em Ohio, nos EUA, onde o trabalho feito a partir de um tema, durante todo o ano letivo e realizado em conjunto com várias disciplinas, resultou em produções diversas, sendo que ao final de um ano, além das várias obras apresentadas, o processo apresentou
  • 39. 39 questionamentos sobre o ambiente cultural e a produção contemporânea de arte. A produção hibrida e transdisciplinar apresenta grande produção de conhecimento, sendo esta uma proposta que dialoga com as tendências pedagógicas para a formação de um indivíduo capaz de estar no mundo criticamente. A proposta tem por base a abordagem triangular apresentada por Ana Mae Barbosa, pretendendo um ensino que toma o professor como um agente mediador capaz de instigar no aluno sua capacidade e curiosidade perante seu espaço e tempo sócio/cultural, sua comunidade, acesso a novas tecnologias e seu olhar crítico promovendo sua conscientização e ação no sentido de transformar sua realidade. Para tanto, fazer, apreciar e contextualizar serão as ferramentas que guiarão a metodologia apresentada nas aulas, uma vez que o fazer desenvolve a relação entre experiência e a prática e a apreciação estimula o desenvolvimento do senso crítico e estético, a capacidade de olhar. Leitura, percepção, processo de criação e a contextualização colocam a sua prática criativa dentro das discussões pertinentes aos diferentes contextos da história da arte, questões culturais, outros eixos de ação e sua própria realidade. O professor/facilitador/mediador é, também, um agente de construção de conhecimento, assim como o aluno. A abordagem triangular é uma proposta de intervenção pedagógica que permite a troca de experiências, conhecimentos e vivências entre professor e aluno de forma aberta e questionadora, fazendo uma leitura crítica do mundo e propondo conflitos relacionados com a sociedade em que vivem e/ou as imaginadas. O projeto de curso apresenta aulas diversificadas, sempre com princípios da abordagem triangular permeando suas propostas do fazer, apreciar e contextualizar.
  • 40. 40 EMBASAMENTO DIDÁTICO Mediada por equipamentos eletrônicos, do computador e da sala de aula e com utilização de vídeos, textos, fotos e o que mais o aluno trouxer para o dialogo entre aluno e professor, a proposta didática tem como uma referência, os princípios da pedagogia libertadora de Paulo Freire, onde a didática e o material é construído dialeticamente com o aluno durante o percurso de construção do conhecimento. A internet e o corpo plugado pelo computador são os meios que o professor/mediador e o aluno têm para a leitura de obras, contextualização e produção sendo que para isso contam com sítios específicos de arte, para contextualização e leitura de obras, como www.portacurtas.org.br, www.itaucultural.org.br, e para a produção, os programas livres de edição de imagens, Windows Movie Maker e GIMP.
  • 41. 41 PROPOSTA PEDAGÓGICA DE INTERVENÇÃO A utilização dos meios de comunicação se faz necessária ao pensar o novo ambiente da cibercultura onde o aluno está rodeado de imagens advindas dos mais variados campos, principalmente da publicidade contida em todo tipo de produto, e variados pensamentos que surgem sobre o mundo. Ao compreender o uso do computador como mais uma ferramenta na formação de sua consciência crítica, o aluno apodera-se do seu fazer e existir no mundo. Para essa percepção e formação cognitiva sobre o conhecimento de artes a abordagem triangular é o campo norteador deste projeto de curso, ao permitir uma maleabilidade em relação ao conteúdo e a sua aplicação em aula. A proposta triangular consiste em leitura da obra, contextualização e produção. Ler a obra significa leituras que o aluno faz da obra, através do seu próprio conhecimento do mundo e, pela intervenção do professor/mediador, as leituras que ele pode fazer sobre a obra. Contextualizar é no sentido de aproximar a obra, não só pela história do artista e seu tempo histórico, mas também relacionar esse contexto ao mundo do aluno. A produção é baseada na releitura da obra, releitura no sentido de apropriação dos conceitos, materiais ou suportes apresentados para a confecção de uma nova obra. Ressaltado esses pontos este projeto de curso pretende ser um guia durante o percurso de aprendizagem do aluno, não algo fixo ou estritamente planejado, mas um caminho aberto e livre para a produção de um conhecimento coletivo, numa relação horizontal entre aluno e professor/mediador.
  • 42. 42 SEQUENCIA DIDÁTICA Ano: 3° Tempo Estimado: um bimestre : 16 horas/aula :2horas/ semanais Objetivo Geral: • Participar do processo de elaboração de uma obra audiovisual Objetivos específicos: • Apresentação de uma obra-audiovisual • Registrar processo através de vídeos, fotos, gravações • Escrever um texto sobre a obra. Conteúdo: • Cinema; • Vídeo; • História do Cinema; • Produção de rádio e TV; • Planejamento de produção; • Planejamento visual; • Edição e Montagem. Metodologia: Produção (de uma ou várias obras), trabalhada em quatro etapas (reflexão, preparação, produção, exibição-contextualização) de quatro horas presenciais cada e metas de discussão em fórum on-line durante a semana. Os assuntos abordados dentro do fórum serão sempre discutidos (reflexão) nos primeiros 10 minutos de aula.
  • 43. 43 Reflexão: consiste na apresentação dos conteúdos que serão abordados durante a produção. Linguagens, técnicas e meios disponíveis de produção da arte. A escolha de tema, técnica e meio será feita no decorrer das aulas. Preparação: a partir das propostas apresentadas, decidir um plano de elaboração da obra, pesquisar conceitos sobre a linguagem e técnicas utilizadas, montar uma logística de produção, viabilizar equipamentos e material necessários, sempre visando à adequação do projeto ao que seja possível. Produção: a viabilização da obra nessa etapa coloca em confronto o planejamento com a capacidade real da obra pensada; o mediador deve ficar atento às possibilidades criativas e, talvez, até fomentar tais possibilidades. Exibição-Contextualização: a exibição levará em conta o tipo de linguagem e suporte utilizado para as obras apresentadas, observando a reflexão da exposição da obra e disposição para o espectador. Referências: DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Tradução: Angélica Coutinho e Adriana Kramer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007 ANG, Tom. Vídeo digital uma introdução. Tradução: Assef Kfouri e Silvana Vieira. São Paulo: Senac, 2007 EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro s.a, LUCENA, Alberto Jr. Arte da animação. São Paulo: Senac, 2005 Aula 01 Tempo Estimado: 2 horas/aula Objetivo: • Conhecer o cronograma de aulas; • Ler texto sobre o início do cinema;
  • 44. 44 • Conhecer os participantes. Conteúdo: Introdução à história do cinema; jogos teatrais do Teatro do Oprimido. Metodologia: Apresentação de conteúdo e cronograma de atividades. Leitura de parte do texto Primeiro Cinema, de Flávia Cesarino Costa. Em conversa com os participantes, em formação de roda, perceber o que sabem sobre arte e suas habilidades técnicas. Propor jogos teatrais que trabalhem com o ambiente físico e a mediação e/ou hibridismo de linguagem. É interessante a indagação e reflexão sobre o conteúdo e o que se produz atualmente, com poucos equipamentos. Materiais: Data show, computador, papel, câmeras de celulares, revistas, jornais, ambiente amplo e espaçado. Avaliação: Feita a partir da participação do aluno em sala. Referências: DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Tradução: Angélica Coutinho e Adriana Kramer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007 ANG, Tom. Vídeo digital uma introdução. Tradução: Assef Kfouri e Silvana Vieira. São Paulo: Senac, 2007 EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro s.a, LUCENA, Alberto Jr. Arte da animação. São Paulo: Senac, 2005 Aula 02 Objetivo: • Leitura de obras contemporâneas: Nam June Paik;
  • 45. 45 • Troca de referências artísticas • Contextualizar arte de século XXI. Conteúdo: • Arte no século XX e XXI; • Nam June Paik. Metodologia: Os alunos devem pesquisar e trazer para sala suas próprias referências artísticas, advindas de qualquer meio ou linguagem. Em formação de roda, os alunos apresentam suas obras pesquisadas e, após apresentação, é aberta discussão sobre os artistas citados pelos alunos, comparando-os aos artistas do começo do século XXI. Uma resenha sobre a discussão deve ser apresentada por cada aluno individualmente. Materiais: • Computador, projetor, caneta e papel. Avaliação: Feita a partir da participação do aluno em sala. Referências: DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Tradução: Angélica Coutinho e Adriana Kramer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007 ANG, Tom. Vídeo digital uma introdução. Tradução: Assef Kfouri e Silvana Vieira. São Paulo: Senac, 2007 EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro s.a, LUCENA, Alberto Jr. Arte da animação. São Paulo: Senac, 2005 Aula 03 Objetivo:
  • 46. 46 • Pesquisar material, suporte e conceitos; • Planejamento de produção; • Apresentar fórum de discussão on-line. Conteúdo: Planejamento e pesquisa de material; introdução à linguagem audiovisual. Método: Apresentação e treinamento de fórum on-line. A partir das discussões anteriores, os alunos, em grupos, devem desenvolver uma proposta a partir de uma temática decidida anteriormente. Com a utilização da internet, pesquisarão materiais, suporte e conceito utilizados nas obras observadas e outras que porventura achem interessantes. Após prévia pesquisa, os grupos devem definir uma linha de produção e desenvolver um planejamento para a produção da obra. Um cronograma deve ser apresentado ao final da aula. Texto sobre a linguagem audiovisual postado no fórum para leitura em casa. Material: • Computador, projetor, caneta e papel; sala multimídia. Avaliação: Feita a partir da participação do aluno em sala. Referências: DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Tradução: Angélica Coutinho e Adriana Kramer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007 ANG, Tom. Vídeo digital uma introdução. Tradução: Assef Kfouri e Silvana Vieira. São Paulo: Senac, 2007 EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro s.a, LUCENA, Alberto Jr. Arte da animação. São Paulo: Senac, 2005
  • 47. 47 Aula 04 Objetivo: • Pesquisar material, suporte e conceitos; • Planejamento de produção; • Definir cronograma de produção. Conteúdo: • Planejamento e pesquisa de material; • Experimentação; • Introdução à linguagem audiovisual. Método: Discussão sobre o texto de Linguagem Audiovisual. Dando continuidade às discussões anteriores, os alunos, em grupos, devem terminar de desenvolver uma proposta de obra a partir de uma temática decidida anteriormente. Com a utilização da internet, continuar a pesquisar sobre materiais, suporte e conceito utilizados nas obras observadas e outras que porventura achem interessantes. Ao final da aula, cada grupo apresenta a proposta para toda a sala. Material: • Computador, projetor, caneta e papel.; sala multimídia Avaliação: Feita a partir da participação do aluno em sala. Referências: DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Tradução: Angélica Coutinho e Adriana Kramer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007 ANG, Tom. Vídeo digital uma introdução. Tradução: Assef Kfouri e Silvana Vieira. São
  • 48. 48 Paulo: Senac, 2007 EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro s.a, LUCENA, Alberto Jr. Arte da animação. São Paulo: Senac, 2005 AVALIAÇÃO: será feita a partir da apresentação da proposta de obra, observando como o grupo desenvolveu o trabalho e sua compreensão dos conteúdos apresentados. Aula 05 Objetivo: • Produção de material. Conteúdo: • Introdução à história do cinema; • Pesquisa em arte; Método: Cada grupo deve, a partir da sua proposta, iniciar a produção da obra (as limitações de infraestrutura da escola devem ser pensadas antes da produção). Ao final da aula em roda, os alunos e professor devem discutir sobre as possibilidades, reais, de a obra ser feita. Texto no fórum: 2° parte do texto Primeiro Cinema de Flávia Cesarino Costa. Material: • Computador, projetor, caneta, lápis, papel, câmeras de foto e vídeo. Avaliação: Feita a partir da participação do aluno em sala. Referências: DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Tradução: Angélica Coutinho
  • 49. 49 e Adriana Kramer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007 ANG, Tom. Vídeo digital uma introdução. Tradução: Assef Kfouri e Silvana Vieira. São Paulo: Senac, 2007 EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro s.a, LUCENA, Alberto Jr. Arte da animação. São Paulo: Senac, 2005 Aula 06 Objetivo: • Produção de obra. Conteúdo: • Introdução à História do Cinema; • Produção. Método: Inicio da aula com discussão sobre texto do fórum. Continuidade e finalização da obra. Texto no fórum: Montagem e edição. Material: • Computador, projetor, caneta, lápis, papel, câmeras de foto e vídeo. Avaliação: Feita a partir da participação do aluno em sala. Referências: DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Tradução: Angélica Coutinho e Adriana Kramer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007 ANG, Tom. Vídeo digital uma introdução. Tradução: Assef Kfouri e Silvana Vieira. São Paulo: Senac, 2007
  • 50. 50 EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro s.a, LUCENA, Alberto Jr. Arte da animação. São Paulo: Senac, 2005 Aula 07 Objetivo: • Editar e montar material; • Definir modos de exibição. Conteúdo: • Edição e montagem no audiovisual; • Modos de exibição. Método: Os alunos serão apresentados aos programas de edição de imagens. Com a produção do audiovisual pronta, os alunos utilizarão o computador e softwares livres para edição e montagem da obra. Ao final da aula, haverá discussão do texto sobre montagem e edição de vídeo para compreensão do fazer audiovisual. Texto para leitura no fórum: 3° parte do texto Primeiro Cinema, de Flávia Cesarino Costa Material: • Computador, projetor, caneta, lápis, papel, câmeras de foto e vídeo. Avaliação: Feita a partir da participação do aluno em sala. Referências: DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Tradução: Angélica Coutinho e Adriana Kramer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007 ANG, Tom. Vídeo digital uma introdução. Tradução: Assef Kfouri e Silvana Vieira. São Paulo: Senac, 2007
  • 51. 51 EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro s.a, LUCENA, Alberto Jr. Arte da animação. São Paulo: Senac, 2005 Avaliação: Feita a partir da participação do aluno em sala. Referências: DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Tradução: Angélica Coutinho e Adriana Kramer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007 ANG, Tom. Vídeo digital uma introdução. Tradução: Assef Kfouri e Silvana Vieira. São Paulo: Senac, 2007 EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro s.a, LUCENA, Alberto Jr. Arte da animação. São Paulo: Senac, 2005 Aula 08 Objetivo: • Finalizar obra audiovisual; • Avaliar os alunos; • Exibir obra para escola e comunidade. Conteúdo: • Modos de exibição; • Introdução à história do cinema. Método: O texto do fórum será discutido no começo da aula. As formas de exibição de obra audiovisual são diversas e por isso os alunos devem, através de reflexão e conversas, decidir quais os meios utilizados para exibição, desde canais como youtube e vimeo até a projeção
  • 52. 52 para a comunidade. A sugestão é a utilização de plataformas visuais e, também, em diálogo com a direção e estrutura do colégio, para propor exibições à comunidade escolar. Materiais: Computador, projetor, (devido as diversas possibilidades de apresentação e difusão do trabalho este campo fica indefinido.) Avaliação: Feita a partir da participação do aluno em sala. Referências: DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Tradução: Angélica Coutinho e Adriana Kramer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007 ANG, Tom. Vídeo digital uma introdução. Tradução: Assef Kfouri e Silvana Vieira. São Paulo: Senac, 2007 EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro s.a, LUCENA, Alberto Jr. Arte da animação. São Paulo: Senac, 2005 AVALIAÇÃO: A avaliação será feita através da observação da participação no fórum, pelo diálogo com os alunos em sala e pela produção de um texto sobre o conteúdo apresentado durante o bimestre.
  • 53. 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADORNO, Theodor. Indústria Cultural e Sociedade. Tradução Julia Elisabeth Levy...[et al.]. São Paulo: Paz e Terra, 2002. ANG, Tom. Vídeo digital uma introdução. Tradução: Assef Kfouri e Silvana Vieira. São Paulo: Senac, 2007 ARANTES, Priscila. Arte e mídia no Brasil: perspectivas da estética digital BAHIA, Sara. Considerações sobre a educação para a arte e para a cultura, ou “como levar Clio à escola”. revista lusófona de educação, nº 16, 2010. p. 47-58 BARBOSA, Ana Mae. Arte/Educação Contemporânea: Consonâncias Internacionais. 2ª edição. São Paulo: Cortez, 2008. ______. Arte Educação no Brasil-Realidade hoje e perspectivas futuras <http://www.scielo.br/pdf/ea/v3n7/v3n7a10.pdf> acesso em 15 de Março de 2013. YODA, C. G. CARVALHO ,E. Entrevista Ana Mae Barbosa. <http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=11489> acesso em 15 de Março de 2013. CÀMARA, Sergi. O desenho animado. Barcelona: Estampa, 2005 CARDOS, Ivan. HO<http://www.youtube.com/watch?v=slNZmpnFQvs> acesso em 15 de Março de 2013. COCCHIARALE, F. MATESCO, V. et ali. Corpo. São Paulo: Itaú Cultural, 2005 COUCHOUT, Edmond. TRAMUS, Marie-Helene. BRET, Michel. A segunda interatividade. Em direção a novas práticas artísticas. Arte e vida no século XXI. Tecnologia, ciência e criatividade. Org. Diana Rodrigues. São Paulo: Editora UNESP, 2003. DANTO, Artur C. Após o fim da arte: A arte contemporânea e os limites da história. Tradução: Saulo Krieger. São Paulo: Odysseus editora, 2006 DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Tradução: Angélica Coutinho e Adriana Kramer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007
  • 54. 54 DEBORD, Guy. A Sociedade dos espetáculos. Tradução : www.terravista.pt/ilhadomel/1540. Ebooksbrasil.com, digitalização do original em pdf de www.geocities.com/projetoperiferia, 2003. ECO, Umberto. Apocalípticos e integrados. Tradução Perola de carvalho. São Paulo: Perspectiva, 2008. ______. Tratado Geral de Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 1991. EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro s.a, 1979. GOMBRICH, E. H. A história da arte. Tradução Álvaro Cabral. – [Reimpr.]. – Rio de Janeiro : LTC, 2012. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução Tomaz Tadeu da Silva, Guaracira Lopes Louro. 11º edição. Rio de Janeiro: DP&A, 2006. <http://www.heliooiticica.org.br/biografia/bioho1970.htm> acesso em 15 de Março de 2013. JANSON, H. W. Iniciação à história da arte. Tradução : Jefferson Luis Camargo. 2º ed. São Paulo : Martins Fontes, 1996 JUSTINO, M. Lygia Clark, A vivência dos paradoxos. In: Cultura Visual, n. 15, maio/2011, Salvador <http://www.lygiaclark.org.br/biografiaPT.asp>, acesso em 15 de Março de 2013. KELLNER, Douglas. A cultura das mídias – estudos culturais: identidade e politica entre o moderno e pós-moderno. Tradução de Ivone de Castilho Benedetti. São Paulo: EDUSC, 2001. LEE, Stan. How to draw comics. New York: Dynamite, 2010 LELIS, Maria Terezinha Carrara. O corpo no processo de aprendizagem: contribuições de W. Reich e Alicia Fernandez. Dissertação de tese apresentada LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Ed. 34, 1999. LUCENA, Alberto Jr. Arte da animação. São Paulo: Senac, 2005 MCCLOUD, Scott. Desenhando quadrinhos. São Paulo: M.brooks do brasil, 2008
  • 55. 55 MCLUHAN, Marshal. Os meios de comunicação como extensões do homem. Tradução Décio Pignatari São Paulo: Cultrix, 1964. RIGON, A. J.; ASBAHR, F. S. F.; MORETTI, V. D. Sobre o processo de humanização. In: MOURA, M. O. (Org.). A atividade pedagógica na teoria histórico-cultural. Brasília: Liber Livro, 2010. RIGON, A. J.; ASBAHR, F. S. F.; MORETTI, V. D. Sobre o processo de humanização. In: MOURA, M. O. (Org.). A atividade pedagógica na teoria histórico-cultural. Brasília: Liber Livro, 2010. p. 13-44. SILVA, Patrícia Simone. http://www.slideshare.net/Vis-UAB/tccpatriciasimonesilva SANTAELLA, Lúcia. Cultura e artes do pós-humano. São Paulo: Paulus. 4ª edição. 2010 SAYEL, Nadja. De penetra no jantar da Marina Abramovic <http://www.vice.com/pt_br/read/de-bicao-no-jantar-da-marina-abramovic> acesso em 13 de Dezembro de 2013. TEMER, Ana Carolina Rocha Pessoa. Mídia, cidadania e poder. Goiânia: FACOMB/FUNAPE, 2011. UEXKÜLL, Thure Von. A teoria da Umwelt de Jakob von Uexküll. Revista galáxia. n. 7. Abril 2004. < http://revistas.pucsp.br/index.php/galaxia/article/viewFile/1369/852> acesso em 12 de dezembro de 2013 VYGOTSKY, Lev Semenovitch. Psicologia da Arte. Tradução Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 1999. YURA, José Henrique Silveira. Com e Sem? Trabalho de Conclusão de Curso de Pós- Graduação a Distância (Especialização em Artes Visuais : Cultura e Criação) – SENAC/MS, 2013. José Henrique Silveira Yura. Campo Grande, MS, 2013. OITICICA, Hélio <http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=artistas_ biografia&cd_verbete=2020> acesso em 25de novembro de 2013
  • 56. 56 ANEXO I DivadaUFMSpremiadaduasvezes! Posted by Triage Moraes on nov 16, 2012 in Arte Agora!, Entrevistas | 0 comments Priscilla Paula Pessoa uma das selecionadas para o Salão de Artes de Mato Grosso do Sul tem dois motivos para comemorar. Um deles é a premiação dentro do Salão de Artes do MS 2012. O outro, muito mais aguardado, é a chegada do primogênito Raul que nasceu um dia depois desta entrevista! Artista plástica e professora mestra do curso de Artes Visuais da UFMS, considerada no meio discente uma das divas da Universidade, falou sobre carreira artística, academia, portfólios, exposições, arte-contemporânea, produção de obras-de-arte dentro do estado e trabalhar com arte. De onde veio a vocação para uma carreira artística e a decisão como profissão? Ter feito curso de artes visuais foi fundamental para entender a Arte como profissão. Quando resolvi fazer o curso era para ser um complemento para minha formação. Fiz ao mesmo tem- po faculdade de Direito e Artes Visuais, minha ideia era ter uma profissão na área de Direito ou advogar focando em algum concurso. Artes eu já era apaixonada porém não conseguia ver arte e profissão em conjunto. Tinha uma visão muito de artista vendendo seu trabalho numa feira da 15 de novembro. A figura do retratista. Uma coisa difícil de ganhar dinheiro. Cursei as duas faculdades em paralelo fazendo as matérias que gostava mais: História da Arte e De- senho, tanto que no primeiro ano não fiz todas as matérias. No entanto percebi que o Direito não tinha nada a ver comigo. Seria uma pessoa absurdamente frustrada e infeliz enquanto Ar- tes, apesar de não ser uma carreira fácil, detinha muitas possibilidades. Não era tão filosófico quanto pensava. Terminei os dois optando por trabalhar com artes. Formei em bacharel que- rendo ser Artista: trabalhar só para produção mas por muitos anos desenvolvi coisas paralelas. No meu caso ficava quase como Mr. Jack e Mr. Hide: um tem que sustentar o outro.
  • 57. 57 Me formei em 99 com minha primeira exposição neste mesmo ano, um pouco antes da forma- tura. O que foi bem legal por que foi uma tomada de consciência do que era uma exposição, do que é colocar o seu trabalho a mostra, seus erros e acertos. E a partir daquele ano me pro- pus a fazer uma produção de arte por ano, ou pelo menos de dois em dois anos, na maioria das vezes de tendência mais contemporânea. Sem compromisso comercial. Essa é a carreira que considero como artista contemporânea. São obras que exponho, mando para salões, concursos e programas. Em paralelo fiz várias coisas: trabalhos em parceria com um arquiteto-decorador, encomen- das, ilustração, etc. Trabalhos que fui eliminando a medida que eu consegui conciliar a carrei- ra de professora com a de artista. Hoje sou uma professora e artista. Se descobrir como artista e conseguir sobreviver de arte/mercado? Acho que tudo é produção artística. Cada vez mais deixo de ver barreiras que já vi entre as duas coisas. A única separação que fazia era que tinha uma produção comercial por demanda e outra livre voltada para o circuito de artes independente de ser vendida ou não. Às vezes era, às vezes não. As encomendas eram livros que ilustrava, trabalhava em parceria alguns arquite- tos. Já participei de CASACOR, fiz pintura de parede em muita casa. Muita coisa por que a profissão de artista tem essa peculiaridade: não é um emprego. Pelo menos, no começo, é di- fícil algum artista que não tem que ter algum subsidio paralelo. Logo que sai da faculdade tive ajuda da minha mãe com um espaço. Ela me ajudou por que o espaço era dela; pagava só o condomínio me livrando do aluguel. Dava aulas para crianças e tinha até um computador, não muito comum na época, que usava pra ilustração além da minha produção. Por que é utópico achar que alguém irá te descobrir, que você se inscreve nos concursos e todos os lugares vão te aceitar, até por que o trabalho não deve nem estar perto de algo maduro. Não tem vivência, coerência, comparação, experiência e tudo isso faz com que você olhe um trabalho meu, ou de qualquer artista, com uns dez anos de carreira hoje, e olhe o trabalho de uns 10 anos atrás, percebe o refinamento dele. Já tive algo que não é exatamente uma vergonha mas trabalhando em separado: “isso eu faço mas o que quero mostrar é isso”. Hoje vejo que foi uma forma de concluir, me manter com arte, não necessariamente com o que queria mas coisas que me da- vam muito prazer. É muito gostoso entrar num ateliê e trabalhar com crianças. Desenvolver uma ilustração para um livro. Agradeço muito ao curso, não por ter aprendido todas as técni- cas, por exemplo a fazer uma ilustração mas conhecimentos básicos sobre composição, cores, a própria História da Arte. Se souber usar depois que sair, souber onde encaixar, encontra muito mais por que apesar de sair daqui sem uma profissão sai com uma formação. Era o que eu procurava. Agora como artista contemporânea aqui em MS, já expus minhas obras em vário lugares. E não é fácil: sair com portfólio na mão e enfim a gente acostuma. Aqui tem um nicho pequeno, são poucos lugares para expor, de espaço que pode ser conquistado então agora, de uns cinco anos pra cá, considero que tenho amadurecimento para ir para fora. Não por que aqui não seja bom mas para conquistar um espaço maior. Entrar em lugares desconhecidos. Uma artista contemporânea que utiliza a pintura…
  • 58. 58 Eu tenho só um trabalho que não é bidimensional: uma instalação que fiz no MARCO que também que utiliza a parede mas não é pintura e todo o resto do meu trabalho é desenho ou é pintura. Vejo como extremamente pós-moderno trabalhar com desenho ou pintura. Hoje. É uma possibilidade. Essa total novidade dos meios, bem típica da década de 60, faz parte de um encantamento, de uma empolgação, como se todo o resto fosse ultrapassado, que é bem datada. Já surgiu tantos meios. Tantas formas de arte. Desde uma xerox à projeção em 4D. Percebo que, mesmo dentro desses meios, os fundamentos: o que será feito, a questão da poé- tica, o conceito, se tem potencial para ser belo, para ser grotesco, tudo isso faz parte da coisa. Tem de ser pensado. Fazer uma pintura, um trabalho hiper tecnológico ou com o corpo. Não vejo muitos limites. A pintura e o desenho são as técnicas que me saio melhor. Gosto muito do fazer. A produção que inclui o artesanal. Me vejo tão contemporânea quanto um Tubarão Dulixo. Portfólio de baixo do braço. O que é um portfólio? Por onde começar? O portfólio é a apresentação inicial do artista que, sem ele, não vai pra nenhum outro lugar. Qualquer lugar que você vai como artista a primeira coisa que você deve levar é o portfólio para quem quiser ver seu trabalho ou conhecer seu ateliê e reconhecer seu trabalho fisicamen- te. Ele é essencial para tudo. E não existe um só portfólio. O ideal é pensar em um para cada situação. O básico é com as principais séries e obras pra quando perguntarem o que você faz. Hoje a maioria dos artistas tem um portfólio virtual que fica muito mais simples você andar com um cartão por que todo mundo tem acesso a internet. Praticamente todo mundo mesmo. Muito melhor que andar por ai com pasta debaixo do braço e ninguém mais faz isso. É fun- damental para um artista ter um portfólio que ele possa apresentar virtualmente. Quanto mais simples melhor. Mais selecionado, não põe tudo o que tem. Coloque o que realmente repre- senta seu trabalho neste portfólio básico. Fora isso, tudo que desejar ingressar precisa de um portfólio que geralmente é mais especifico. Edital para salão já traz todas as informações so- bre categoria, página, tamanho então é bem didático de fazer. Tem portfólio que faz para ex- por em algum lugar. Um trabalho novo que queira mostrar. Para cada caso é um. O fundamen- tal é que esse portfólio traduza o melhor possível seu trabalho. O que for preciso: uma ótima fotografia, vídeo, o que for com a melhor qualidade possível. É um investimento que você faz: se não sabe fotografar pede a alguém que saiba, pode ser um amigo, levar para imprimir em um bom lugar, tratar as fotos. Isso é fundamental. Também em relação ao portfólio quanto menos elementos conter considero um portfólio mais eficiente. Ele não é uma obra de arte. É uma apresentação de obras de arte então quanto “mais branco e arial melhor”. Letra tamanho 12. Tudo para o seu trabalho aparecer. Formada em 99 e agora professora do curso. Como você analisa a produção do curso e as di- ferenças entre licenciatura e bacharel?
  • 59. 59 Primeiro que entre a licenciatura e bacharelado existe uma diferenciação bem clara: quem faz licenciatura entra num curso que forma professores em artes. Se talvez ele desenvolva, o que acontece muito, e queira assumir outra coisa dentro da arte como artista mesmo ou produtor cultural, artesanal é algo que acontece depois. A intenção de quem entra no curso é para ser professor. Creio que a grande maioria acaba sendo professor, uma escolha que acho bem ba- cana e, dentro do contexto atual, bem inteligente por que se gostar disso e tiver uma passagem legal por aqui muito dificilmente ficará desempregado nos próximos dez anos. Ter todas as condições para exercer a profissão. Agora o bacharel não. Ele entra no curso de artes para ter uma formação em artes, para possibilitar que ele siga uma carreira artística ou continuar estu- do acadêmico em instituições, ir para o design, o curso também dá uma formação básica para isso. São cursos bem distintos. Pode até entrar um na carreira do outro mas são separados. Há até uma “briga”, nossa, interna para que o curso tenha duas coordenações por que nós temos dois cursos funcionando e cada vez mais a tendência é separar mesmo. E a produção dos alunos o que acontece muito é que quando sai daqui até quem tem uma pre- tensão de seguir uma carreira artística acaba desistindo disso no primeiro ou no segundo ano de formado. Voltando aquele historia: qualquer carreira de profissional liberal, que é o caso de um artista, o começo é sem base, sem pé mesmo. Para continuar na carreira tem que ter uma forma manter-se e, de preferencia, continuar trabalhando com a arte. E perseverar. A não ser que você tenha muita sorte ou seja muito bom, é um processo longo. Acontece isso: muita gente sai daqui e tem um trabalho de conclusão interessante, consegue fazer uma exposição ou outra e nunca mais trabalha com aquilo. Trabalha com algo ligado a arte mas como artista acaba desistindo e temos uma quantidade de artistas, colocando-se como tal por mais de cinco anos que é um tempo para falar de uma carreira, pequena. Como qualquer outra carreira. Odontologia, exemplo, de 40 formandos todos vão ser dentistas. Agora um dentista com des- taque que continuou estudando, tem uma técnica diferente, é alguém importante dentro da odontologia vai ser um que sai por turma. É complicado exigir que cada turma do bacharelado forme 30 artistas. Não acontecerá. Ao mesmo tempo em que gostaria que fossem mais, tam- bém há muitos que no decorrer do curso descobrem que área deles é outra. E o curso tenta melhorar esta orientação profissional através de uma disciplina, acontece muito esta desilusão. Sair daqui com o TCC, com aquele monte de tela, não tem nem onde guardar isso, começa a dar para os amigos, etc. Falta um pouco dessa visão mais realista da carreira de artista que não é só no MS. Se for para São Paulo pode até ter mais campo e consequentemente mais concor- rência. Não será simples em lugar nenhum, nem nunca foi e nem será agora. Também há falta de um pouquinho de confiança e crença pessoal. Perseverar se for isso que quer. A gente tem em 30 anos de curso uns 15 artistas que saíram daqui. Dá para melhorar esse número. Ainda é baixo. No Festival de Arte e Tecnologia houve uma discussão sobre a produção contemporânea aqui no estado. Existe uma produção contemporânea em Mato Grosso do Sul? Depende. De um forma geral engloba muita gente desde artesanato que é vendido na casa do artesão até os trabalhos que se colocam como arte contemporânea. O que é complicado naque- la discussão não foi a opinião do acadêmico do IESF sobre os trabalhos. Via-se claramente que eram trabalhos que apoiavam ele. O que me preocupa é um professor simplesmente colo-