Rojas; irina agostário-a poesia entre o poema e o video
Alves; flávia arruda alves personagens femininos
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E ARTE
CURSO DE ARTES VISUAIS
PERSONAGENS FEMININOS
Flávia Arruda Alves
Campo Grande – MS
2006
2. Flávia Arruda Alves
PERSONAGENS FEMININOS
Monografia apresentada como exigência
parcial para obtenção do grau de bacharel
em Artes Visuais à Banca Examinadora
da Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul, sob orientação do Professor
Darwin Antônio Longo de Oliveira.
Campo Grande- MS
2006
3. PERSONAGENS FEMININOS
Flávia Arruda Alves
Monografia apresentada como requisito para obtenção do grau de bacharel em Artes
Visuais à Banca Examinadora da Universidade Federal de Mato Grosso do sul.
COMISSÃO DE AVALIAÇÃO
__________________________________________________
Prof. Darwin Antônia Longo de Oliveira
(Orientador)
_________________________________________________
__________________________________________________
4. Dedico o presente trabalho a todos que contribuíram
para sua execução. Em especial, à minha mãe
Dhyvana, que tudo fez para que eu concluísse esta
fase da minha vida.
5. Agradeço à minha família.
Ao Profº Darwin Antônio Longo de
Oliveira .
Aos professores e técnicos.
Aos amigos:
Daniella Fernanda Pereira
Bruna Meldau Benites
Themis Riono Grosbelli Irie
Daniel
Jefferson Barros
Mariana Besteti Chiarello
Patricia
6. LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – MARIE...................................................................................................... 17
Figura 2 – CONSUELO............................................................................................. 18
Figura 3 – FLOR........................................................................................................ 19
Figura 4 – CAAPOTYRAGUÁ................................................................................... 20
Figura 5 – KOHANA.................................................................................................. 21
7. ALVES, Flávia Arruda. Personagens femininos. Campo Grande, 2006. 26f.
Monografia – Trabalho de Bacharelado (Bacharel em Artes Visuais) – Departamento
de Artes Visuais, CCHS/UFMS, 2006.
RESUMO
O presente relatório tem como objetivo mostrar o resultado de uma produção
artística para conclusão do Curso de Bacharelado em Artes Visuais. Optei pelo
relevo como linguagem pela sua característica bi e tridimensional, e pelo papel
maché como material escultórico, por sua estética, fácil manuseio, por ser
alternativo e por sua durabilidade. O uso do suporte foi indispensável para
concretização deste trabalho, pois as formas foram modeladas sobre ele. O tema
abordado foi escolhido através da observação do comportamento feminino, e pela
constatação do poder da mulher de se tornar um personagem. A série é composta
por cinco personagens femininos, mulheres distintas, foram modeladas e retratadas
através do relevo, cada uma com sua própria história de vida.
Palavras-chave: Artes visuais. Relevo. Técnicas. Obras.
8. SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
RESUMO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 8
CAPÍTULO I
1 PERSONAGENS FEMININOS............................................................................ 9
1.1AS PERSONAGENS ESCOLHIDAS.................................................................. 9
CAPÍTULO II
2 A LINGUAGEM................................................................................................... 12
2.1 RELEVO......................................................................................................... 12
2.2 A TÉCNICA..................................................................................................... 12
2.3 PAPEL MACHÉ.............................................................................................. 13
CAPÍTULO III
3 AS OBRAS.......................................................................................................... 14
3.1O PROCESSO TÉCNICO.................................................................................... 15
3.2CONCEITOS DA OBRA....................................................................................... 16
3.3MARIE.................................................................................................................. 17
3.4CONSUELO......................................................................................................... 18
3.5FLOR.................................................................................................................... 19
3.6CAAPOTYRAGUÁ............................................................................................... 20
3.7KOHANA.............................................................................................................. 21
CONSIDERAÇOES FINAIS...................................................................................... 23
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS........................................................................ 24
9. 8
INTRODUÇÃO
O trabalho realizado buscou no universo feminino , a capacidade da mulher
de incorporar personagens para vivenciar suas próprias histórias.
A partir deste tema foram feitas cinco obras de tamanhos 122X40, 122X59,
122X72, 122X60 e 122X45, utilizando a apropriação da técnica do relevo.
A escolha do relevo como linguagem artística deve-se a sua estética bi e
tridimensional, pois agreguei a ela o papel maché como material escultórico, usando
uma placa de compensado como suporte. Esta integração em uma só obra, provém
da busca pela originalidade, o que dá ao trabalho um caráter contemporâneo.
A tinta escolhida para dar vida aos personagens, foi à acrílica, devido seu
aspecto plástico e sua rápida secagem.
Durante a pesquisa teórica constatei a mulher retratada em diversos
estilos artísticos , cada uma representando sua época, uma versatilidade de
personagens exclusivamente feminina.
Este relatório está dividido em três capítulos subdivididos, relatando a
escolha do tema, dos personagens escolhidos, a linguagem e técnica utilizada.
No capitulo I é discutido o tema personagens femininos, e a razão da
escolha da figura da mulher como expressão artística. Neste mesmo capitulo
comento sobre a escolha das personagens.
Já no capitulo II, falo sobre a escolha do relevo como linguagem, da técnica
do papel maché e seus aspectos históricos.
Finalmente no capitulo III, descrevo sobre as obras, seu processo técnico e
conceitos.
10. 9
CAPÍTULO I
1 PERSONAGENS FEMININOS
A mulher vem ganhando espaço dentro do contexto histórico e ajuda a
valorizar a figura feminina e acabar com muitos preconceitos e tabus, como
Cleópatra, com sua beleza e astúcia no Egito antigo, Joana D’Arc de heroína
francesa a santa ou louca, princesa Isabel, que trocou a monarquia pelo final da
escravatura no Brasil, Madre Teresa ,um solitário exemplo de compaixão, ou até
mesmo Marlyn Monroe, a sex symbol que virou lenda ( COSTA, 2006).
Independente da cultura, ou posição social, a figura da mulher sempre
esteve em evidencia, pois vivem numa constante luta pela liberdade, sem perder a
força, o mistério, a interiorização e a sensibilidade, características únicas da
personalidade feminina.
1.1 AS PERSONAGENS ESCOLHIDAS
Hoje e sempre a figura feminina é usada como imagem de consumo.
Segundo Clarisse Lispector (apud COSTA, 2006):
[...] houve uma superação dos estereótipos fomentados pela sociedade
patriarcal nos sujeitos femininos. Analisando seus contos, percebemos a
desestabilização do imaginário que hierarquizou os valores masculinos e
inscreveu as mulheres, por boa parte da história ocidental, na passividade.
O tempo fez das mulheres, personagens lutadoras incansáveis, pois até
hoje lutam por seus direitos e enfrentam preconceitos da sociedade machista que
ainda sobrevive aos tempos modernos, de acordo com conhecimento empírico
cultural adquirido diante dos acontecimentos do mundo (ibidem).
11. 10
Deste modo escolhi as mulheres para criação das obras, analisando a
personalidade e história de vida de cada uma delas.
A dançarina de tango, mulher que encontra na dança um mundo paralelo,
aonde se entrega a musica sem se importar com preconceitos ainda existentes em
relação a sua profissão, pois muitas vezes por ser uma profissional da dança é
remetida ao estereótipo das antigas prostitutas que dançavam para seus clientes,
nem por isso abrem mão de sua escolha de vida (BALMACEDO, 2006).
Já a mulher japonesa, esposa do samurai não tem a vida com escolha e sim
escolhida, pois nasceu na cultura oriental, aonde:
[...] a família escolheu para ela um marido samurai, e com ele um estilo de vida
aonde ela ocupa importantes funções apesar de não possuir autoridade absoluta,
tem que cuidar da casa, educar os filhos, e incutir na cabeça deles todos os ideais
básicos da classe dos samurais e princípios básicos do budismo e confucionismo,
mas mesmo com tantas obrigações não perde sua feminilidade vaidade cuidando
com muito carinho de sua aparência, gosta de manter a pele clara, arrancar as
sobrancelhas e vestem-se com muito luxo (SOL, 2006, p.18).
Na personagem da mulher baiana encontramos um emaranhado cultural e
místico.
Para elas, ser livre era também reverenciar seus costumes e revive-los.
Foram eternizadas na glória real da corte negra. No novo continente, há o
despertar para o misticismo trazido do outro lado do Atlântico. A construção
da identidade africana no Brasil encontra nas celebrações e ritos toda uma
reverência à mulher como mediadora entre os deuses e a humanidade.
Assim, tornaram-se as grandes mães negras, sacerdotisas que tiveram
suprimido o poder real na África, mas que passaram a exercer o poder
espiritual no novo mundo (FREYRE,2003, p.180).
Podemos observar na mulher indígena , uma personagem que habitava a
costa brasileira e que após a colonização recebeu à influência dos costumes
europeus. Viviam de forma mais livremente ,mas com a chegada do homem branco,
foi tudo modificado, eles determinaram valores, mudando desde a vestimenta até
maneiras de se portarem, fato que despertou o interesse pela escolha da
personagem, tratando de resgatar na obra a pureza e a beleza da mulher indígena
(POTIGUARÁ, online, 2006).
A prostituta, mulher que se encontra na profissão mais antiga , e que
sobrevive até hoje usando seu próprio corpo como objeto sexual. Vida difícil,
algumas vezes escolhas, outras um modo de sobrevivência, optam por um estilo de
12. 11
vida aonde esquecem seus sentimentos pela conveniência da profissão e muitas
vezes, usam a droga como meio para esquecer deste mundo (COSTA, 2006).
13. 12
CAPÍTULO II
2 A LINGUAGEM
2.1 RELEVO
Segundo Hildebrand (1982, p. 34), “A profundidade existencial das coisas
em terceira dimensão, transforma-se num espaço dialético bidimensional, na
representação artística do relevo”. Somente enquanto a bidimensionalidade da
representação plástica tem condições de atingir coesão visual das linhas e
superfícies e desta maneira, oferecendo uma aparência completa, numa distância
prevista aos olhos do espectador (CAVALCANTI , 2006 , p. 115 ).
2.2 A TÉCNICA
Esta técnica surgiu na arte da pré-história, com os assírios um povo guerreiro
que na arte se dedicaram a glorificar seus reis e exércitos. “O tipo de trabalho mais
característico era uma seqüência de pedras esculpidas com baixos relevos
representando cenas militares ou de caça, pois o relevo tinha uma finalidade
narrativa” (ibidem).
A técnica do relevo se firma em um trabalho onde a forma se projeta na
diferença entre dois ou mais planos. Dependendo da profundidade, o relevo pode
ser chamado baixo relevo ou alto relevo, com bastante material removido e o
restante projetado do fundo plano quase como se fosse a parte visível de uma
escultura embutida na pedra (ibidem).
Esta, é um tipo de trabalho comum em todo o mundo, em especial na
decoração de edifícios monumentais, tais como templos. O friso no estilo coríntio
clássico freqüentemente enriquecido com baixos-relevos. Altos-relevos podem ser
vistos nos frontões de templos clássicos, como por exemplo no Partenon, que foi um
14. 13
templo da Deusa grega Atena, construído no século V a.C. na acrópole de Atenas
(ibidem).
O alto relevo trata-se de uma técnica de escultura onde a forma se projeta de
um fundo, normalmente um bloco do material utilizado, além do ponto onde seria
possível copiá-la totalmente com um só molde. Embora se mantenham presas ao
bloco de fundo em alguns pontos, possuem uma tridimensionalidade evidente, onde
as sombras ganham realce de acordo com o movimento do ângulo da iluminação
(ibidem).
2.3 PAPEL MACHÉ
O Papel Maché é uma técnica milenar, juntamente com o papel colado,
também chamado de papietagem ou papelagem. Já se conhecia o papel maché na
China de dois séculos antes de Cristo, praticamente na época em que nasceu o
papel. Os chineses fabricavam capacetes e recipientes para líquidos, depôs de
impermeabilizados .”Os chineses e outros povos orientais usaram largamente o
papel maché para a fabricação de utensílios diversos, como pratos, caixas e outros
objetos” (HAINES, 1992, p. 10).
Com o tempo e crescimento do comércio com os povos da Europa, a técnica
atingiu o ocidente e aí ganhou grande desenvolvimento e, principalmente, passou a
ser amplamente utilizado na fabricação de ornamentos e objetos de arte.
Na França, inicialmente, e depois na Inglaterra, a técnica do papel maché foi
usada para preparar objetos decorativos como candelabros, ornamentos de tetos,
portas jóias e bijuterias, Até mesmo biombos e divisórias na área da arquitetura,
barcos leves, foram feitos de papel maché (idem).
Na Itália, a ênfase maior se deu para o papel colado e os italianos dedicaram-se
a fazer máscaras que deram origem as máscaras do carnaval de Veneza. Nos
Estados Unidos foram construídas 10 casas de papel maché que duraram diversas
décadas. Na Noruega, na cidade de Berghen, foi construída uma igreja que durou 37
anos em ótima condição e foi depois demolida (ibidem).
15. 14
CAPÍTULO III
3 AS OBRAS
Partindo do pressuposto de que o corpo é um lugar privilegiado de
representações culturais e históricas, e considerando que a representação de
gênero é também sua construção (Lauretis), as formas femininas, juntamente com a
técnica do relevo, foram eleitas para elaboração das obras, mulheres com corpos
magros e alongados, sem intenção de perfeição.
O trabalho em questão possui características híbridas, pois trabalha com
formas em relevo utilizando o papel maché como material de modelagem,
agregando ainda a plasticidade da tinta acrílica às obras. Pode-se dizer que esta
mistura de elementos inclui a obra dentro da estética contemporânea, já que há uma
busca pela originalidade e possui corrente artística que diferem entre si, mas que
reagem à liberdade da técnica disseminada pela pintura de ação modernista
(CAVALCANTI,1978, p. 311).
O modernismo que começa no final do século XIX, início do século XX, e
representa mudanças e rupturas culturais e estéticas que pretende cada um a sua
maneira dar conta de um mundo em transformação, nos seus processos técnicos e
valores expressivos, estão refletindo e traduzindo, com maior ou menor fidelidade,
conforme o caos, as transformações que a industrialização trouxe a sociedade
contemporânea, com suas imediatas e revolucionárias conseqüências da produção,
do consumo e da comunicação em massa. Arte não mais entendida como ócio
intelectual, recreação ou ornamento do espírito, nem privilégio ou monopólio de
elites (idem).
Tudo isso porque a criação, percepção e fruição dos valores estéticos
perderam os processos e os conceitos consagrados pela tradição, vinham da
mentalidade e da sensibilidade pré- máquina. Agora, nestes últimos anos, estão
sendo os da mentalidade e sensibilidade da idade da eletricidade (ibidem).
Através do estudo do movimento Modernista, encontrei características que
contribuíram para minha obra, principalmente as figuras femininas retratadas pelo
artista moderno Di Cavalcanti (ibidem).
16. 15
Di Cavalcanti é membro privilegiado nas categorias estabelecidas pela
história e crítica da arte brasileira. Sua obra é comumente associada a
representações de figuras femininas , como mulatas de corpos sensuais, curvilíneos
e volumosos. No entanto, anteriormente a sua produção modernista, ele se
interessou pela representação da mulher aos moldes do simbolismo decadentista: a
mulher fatal. Sua produção gráfica é marcada pelo estilo e tema da art nouveau e,
só após retornar de Paris em 1925, que a mulher figura em suas telas sob o discurso
nacionalista figurativo dos modernistas (Costa, 2002: 142).
Observando as obras de Di Cavalcanti, obtive influência para criação das
personagens, pois ele retratava as mulheres dando a elas personalidade,
característica presente na série desenvolvida, aonde as mulheres vão além das
formas, elas tem histórias distintas dentro do contexto social.
3.1 O PROCESSO TÉCNICO
As mulheres da série, foram modeladas em papel maché, material reciclável
que requer muitas etapas para sua fabricação. Aonde usei aproximadamente
duzentas caixas de ovos picadas, três baldes de cinco litros de cola, dois pacotes
de farinha de trigo, seiscentos gramas de ácido bórico, e quatro litros de vinagre.
O processo de produção é lento, pois o papel fica de molho junto à água e o
vinagre, por aproximadamente uma semana, após o amolecimento do papel, ele é
levado ao liquidificador com pouca água e batido, resultando na polpa que será
coada para retirar o excesso de água.
Com o papel pronto, serão adicionados, o trigo, ácido bórico, e a cola,
sendo todos misturados e amassados para fazer uma massa homogênea
pronta para ser modelada.
A modelagem das formas femininas é feita sobre um suporte de
compensado que será usado com fundo para as obras. Com as formas já
modeladas, o tempo se secagem total, foi de aproximadamente quarenta e oito
horas, depois de secas as formas adquirem resistência.
17. 16
Para que haja o tratamento de cores é necessário que o relevo receba uma
demão de massa corrida, seja lixado, e logo após outra demão de tinta látex branco.
Finalmente pronta para ser pintada, foi aplicada tinta acrílica de várias cores,
dando as obras um aspecto plástico.
3.2 CONCEITOS DA OBRA
A convivência constante com universo feminino, fez com que me
apaixonasse por ele e descobrisse algum de seus mistérios, como o poder da
mulher de apropriação de personagens . Elas podem ser várias, como podem ser
apenas uma, no entanto a verdadeira personalidade fica contida dentro delas e só é
exteriorizada quando ela está frágil. Há uma unicidade feminina, referente a seu
sentimento, fertilidade, sensibilidade e intuição, no entanto, por mais que elas sejam
de raça, cultura ou posição social distintas, estão diretamente ligadas.
A partir da observação das atitudes femininas, decidi escolher a mulher
como tema das obras, aonde estudei sobre seu processo histórico, como elas foram
retratas pelos artistas, citadas em poesias e músicas, repudiadas através do
preconceito e reverenciadas pela beleza e força.
As formas femininas foram o ponto importante na produção dos relevos, pois
foi através delas que expressei, a visão artística perante a estética feminina, sem
preocupação com a perfeição, dando a elas formas magras e longas ,
caracterizando cada uma de acordo com sua história.
Para cada personagem criei um nome, uma história de vida, e uma posição
perante a sociedade. No entanto todas carregam consigo uma rosa, flor que
simboliza o amor, o que representa o encontro das almas femininas.
Foi através do relevo, técnica muito antiga, que desenvolvi o tema,
apropriando-me da estética bi e tridimensional desta técnica, pois nas obras em
questão o material escultórico se diferencia do material usado como fundo, o que na
técnica original não acontecia, pois as formas e o fundo eram feitos da mesma
matéria prima, geralmente bloco de pedra.
18. 17
Escolhi a massa de papel maché para modelar as formas, apesar de não
dominar a técnica, procurei aprendê-la e consegui desenvolver com muito sucesso.
O maché tem um processo de confecção muito trabalhoso, no entanto quando a
massa esta pronta para ser modelada se torna um material de fácil manuseio,
deste modo, facilitando a modelagem das formas , além disso este material tem a
propriedade de fixação, o que contribuiu para a junção das formas ao suporte de
compensado, dando unidade à obra.
Os relevos são esculpidos parcialmente, assim podem-se ver as mulheres
só de um ângulo, em algumas explorei a frontalidade, em outras o perfil, dando a
impressão de que elas saem do suporte, no mesmo instante fazem parte dele, pois
procurei trabalhar o fundo usando a pintura para compor o universo de cada uma.
Na pintura explorei a plasticidade da tinta acrílica e foi a partir dela que dei
vida às personagens na cor da pele, olhos, cabelos, roupas, maquiagem e ambiente
em que elas se encontram.
Finalmente consigo olhar para as personagens e imaginar em que mundo
elas vivem, uma mistura de realidade e fantasia, pois o aspecto é de bonecas, mas
alma é de verdadeiras mulheres.
A série é composta de cinco personagens distintas, mas com a feminilidade
em comum, seus nomes são: Mary, Consuelo, Flor, Caapotyraguá e Kohana.
3.3 MARIE
Marie é Maria em francês, nasceu em paris no dia quatro de outubro de
1930, foi abandonada na rua pela mãe quando tinha apenas dois anos de idade, e
encontrada por um homem de classe média, que a criou até os dezessete anos,
depois disso teve que procurar trabalho para se sustentar o que era muito difícil pra
mulher naquela época, foi quando uma senhora chamada Loreta, dona de um dos
mais famosos bordéis da cidade, a acolheu lhe oferecendo trabalho de cortesã .
Marie sem escolhas aceitou o emprego e começou a prostituir-se, no começo ficou
extasiada pelo luxo das roupas e maquiagens , mas com o passar do tempo, aquela
profissão se tornou insuportável para ela, tinha nojo dos homens, no entanto jogava
19. 18
charme para eles e os seduzia. Após sete anos trabalhando como profissional do
sexo, Marie que bebia muito, se suicida e deixa um pequeno bilhete aonde dizia que
o que ela mais sonhava era com o amor verdadeiro, e se matara porque sabia que
ali nunca o encontraria.
Na obra Marie esta encostada no bar do cabaré aonde trabalhava, usando
sua gargantilha de rosa, com uma cigarrilha na mão a espera do último cliente da
noite.
Figura 1 – Marie (técnica: tinta acrílica sobre relevo Material: papel maché)
Prostituta Marie: 1m e 22 cm X 40cm
3.4 CONSUELO
Seu nome é de origem espanhola, e significa quem consola, nasceu em
Mendonça na Argentina, no dia dois de maio de 1975. Consuelo teve uma vida
estável, fazia parte de uma família classe média, estudou em boas escolas, e
quando completou maioridade, quis estudar dança, foi quando seu pai interveio e a
20. 19
proibiu de realizar seu sonho, mas ela inconformada resolveu deixar a família e se
mudar para Buenos Aires, onde conseguiu um emprego de garçonete e começou a
estudar dança.
Começou a dançar tango na feira de San Telmo, logo foi chamada para
fazer shows nas melhores casas de espetáculos da cidade.
Na obra Consuelo se entrega a dança, ela está em êxtase dançando um
belo tango e carregando uma rosa na boca.
Figura 2 – Consuelo (técnica: tinta acrílica sobre relevo Material: papel maché)
Dançarina de tango consuelo: 1m e 22 cmX 60
3.5 FLOR
Flor nasceu em Salvador na Bahia no dia quatro de novembro de 1968,
tinha um elo muito forte com a arte e religião. Uma mãe de santo muito respeitada
na região, por sua sabedoria religiosa. Celebrava os orixás em cerimônias em sua
21. 20
própria casa, que sucediam festas regadas a muita música, batuques e quitutes. Um
misto de consagração da música e dos deuses afro-brasileiros.
Na obra , Flor está vestida para uma celebração e carregando nos braços
rosas vermelhas para jogar ao mar para deusa das águas, Iemanjá.
Figura 3 – Flor (técnica: tinta acrílica sobre relevo Material: papel maché)
Baiana: 1m e 22cmX 70cm
3.6 CAAPOTYRAGUÁ
Seu nome é indígena de origem tupi, e significa “flor das matas”,
Caapotyraguá nasceu na floresta amazônica, no dia 23 de abril de 1480.
Mulher indígena que fazia parte do grupo dos tupis, vivia livremente em sua
aldeia no meio da floresta, até a chegada dos Europeus às terras brasileiras. Era
uma índia virgem que sonhava com o amor de um grande guerreiro indígena.
22. 21
Na obra Caapotyguará está de joelhos oferecendo ao sol, uma rosa
desabrochada, em sinal de gratidão.
Figura 4 – Caapotyguará (técnica: tinta acrílica sobre relevo Material: papel
maché)
Índia:1m e 22cmx 59cm
3.7 KOHANA
Seu nome significa, pequena flor, Kohana nasceu em Kyoto, antiga capital
japonesa, no dia 13 de maio de 1960, seu pai era um samurai, deste modo sempre
viveu respeitando os costumes japoneses, casou-se com um também samurai e
dedicou sua vida a cuidar da casa e dos filhos, sempre preservando sua beleza e
feminilidade,usando maquiagem e vestes luxuosas.
Na obra Kohana está vestida com seu traje de passeio, usa rosas no cabelo
e na mão carrega um leque.
23. 22
Figura 5 – Kohana (técnica: tinta acrílica sobre relevo Material: papel maché)
Japonesa: 1m e 22cmX 45cm
24. 23
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao desenvolver a série apresentada conclui, que o artista deve ousar
sempre, pois é através de novas experimentações que aprimoramos e
desenvolvemos o olhar artístico.
Foi através do processo de experimentação e pesquisas que iniciei minhas
criações, obtendo um resultado satisfatório.
A partir de estudos sobre a mulher e seu comportamento, consegui
expressar a facilidade da mulher em incorporar personagens, através da técnica de
relevo com o papel maché.
Com este trabalho pude adquirir novos conhecimentos, como da fabricação
do papel maché, que juntamente com as demais técnicas que aprendi durante os
quatro anos de faculdade realizei o trabalho, no qual eu mesma produzi o material
escultórico, modelando e criando sua estética pictórica e deste modo descobrindo
minha linha artística.
25. 24
REFERÊNCIAS
ARTHUR, Michael. Arte Contemporânea. 1.ed. Rio de Janeiro: Martins Fontes,
2001.
CARAMELLA, Elaine. História da Arte. 1.ed. São Paulo: Edusc,1998.
CAVALCANTI, Carlos. História das Artes. 3.ed. Rio de Janeiro: Editora Rio, 1978.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande Senzala. 1.ed. São Paulo: Global, 2003.
COMPANHIA DAS ARTES. Disponível em: <www.companhiadasartes.com.br>
Acesso em 05 nov. 2006.
COSTA, Maria Cristina. A Imagem da Mulher. 1.ed. Rio de Janeiro: Senac, 2002.
OBRA PRIMA. Disponível em: <www.obraprima.net> Acesso em 12 nov. 2006.
OLHAR VIRTUAL. Disponível em: <www.olharvirtual.ufrj.br> Acesso em 20 out.
2006.
SOL, Vanessa. Mulher em Primeiro Lugar. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora Rio, 2006.
ZANINI, Walter. Tendências da Escultura Moderna. 2.ed. São Paulo:
Brasiliense,1982.
HAINES, Susanne. Papel maché . 1. ed. Barcelona: Editora Blume, 1992.
BALMACEDO, Antonio. Dançando um tango. 1 ed. Buenos Aires: Editora Carra,
1998.