1. Jornal Valor --- Página 9 da edição "13/11/2013 1a CAD B" ---- Impressa por ivsilva às 12/11/2013@21:11:32
Jornal Valor Econômico - CAD B - EMPRESAS - 13/11/2013 (21:11) - Página 9- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW
Enxerto
Quarta-feira, 13 de novembro de 2013
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Valor
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B9
Empresas | Tecnologia&Comunicações
Serviços Com aparelho móvel, vendedor conclui o negócio, faz a cobrança e transmite a nota
NF eletrônica chega ao consumidor
guros, por exemplo”, disse Gervásio Scheibel, gerente de sistemas
de Informação da Paquetá.
Ao mudar para o novo sistema,
o varejista poderá contar com uma
economia de 30% a 50% dos custos
que envolvem a emissão da nota
hoje (impressora fiscal, papel e
softwares de homologação). Além
disso, há a burocracia do atual sistema: para funcionar, cada caixa
precisa receber uma certificação
de uma empresa terceirizada, indicada pelo Fisco. Isso impede, por
exemplo, que um lojista abra mais
caixas em determinado momento
da semana ou do mês com maior
fluxo de público. “O lojista precisa
do aval desse terceiro para operar
um caixa que já está instalado”,
disse Júlio Brandine, diretor da Tax
Audit, especializada em softwares
de venda para empresas e consumidores e no relacionamento digital com o Fisco.
A Tax Audit atende empresas como Pão de Açúcar e Riachuelo, que
desde agosto de 2012 integram alguns dos projetos-piloto de implantação da NFC-e liderados pelo
Fisco em sete Estados: Rio Grande
do Sul, Mato Grosso, Acre, Amazonas, Maranhão, Rio Grande do
Norte e Sergipe). A partir do ano
que vem, alguns Estados, como
Amazonas e São Paulo, vão adotar
oficialmente a NFC-e, que já entrou em vigor em 1º de outubro no
Mato Grosso. O Estado é livre para
aderir ao modelo, mas se o adota,
todo o varejo é obrigado a seguir.
A mudança será gradativa para
os negócios em operação, a partir
de critérios como faturamento.
Com isso, o Fisco pretende aumentar a arrecadação, atingindo até as
microempresas, uma vez que vai
receber informações on-line sobre
Daniele Madureira
De São Paulo
A partir de janeiro, os consumidores que visitarem uma das 180
lojas da varejista de calçados Paquetá no país serão surpreendidos
com um novo tipo de atendimento. Não será preciso esperar na fila
do caixa para pagar pelo produto;
o vendedor vai resolver tudo com
um iPod ou outro dispositivo móvel. Por meio de um aplicativo instalado no aparelho, o vendedor
também poderá sugerir opções caso não exista o produto no estoque, além de indicar bolsas e cintos para acompanhar a escolha. O
consumidor entrega o cartão ao
vendedor, que conclui a compra e
entrega o produto. Para o consumidor, a nota fiscal chega por email. Já o fisco é avisado on-line sobre a venda. Simples assim.
A mudança nas lojas da Paquetá
— uma das maiores varejistas de
calçados do país, com faturamento anual de R$ 1,1 bilhão — vai consumir investimentos de R$ 5 milhões e só será possível por conta
da adoção da nota fiscal ao consumidor eletrônica (NFC-e), que promete uma revolução no varejo do
país a partir do ano que vem. A
NFC-e é a versão, para o consumidor, da Nota Fiscal Eletrônica (NFe) já adotada nas operações de
venda entre empresas (B2B).
Com a NFC-e, o lojista poderá
emitir a nota fiscal a partir de qualquer dispositivo móvel, e não só
em impressoras fiscais, como é hoje, o que elimina a figura do caixa.
“Vamos transformar o layout das
lojas e fazer com que os atuais caixas [funcionários] passem a atuar
como uma central de atendimento, para abrir crediário e vender se-
as vendas. No sistema atual, as informações ficam armazenadas no
aparelho, o que dificulta o controle. Além disso, por conta da sua limitação de memória, a impressora
fiscal (que custa cerca de R$ 2 mil)
precisa ser substituída a cada cinco
anos, em média.
A adoção da NFC-e também terá
impacto no setor de automação
comercial, que movimenta cerca
de R$ 3 bilhões ao ano. Em 2014,
estima-se que o varejo invista R$ 1
bilhão para se adequar aos novos
sistemas fiscais, segundo informou a Associação Brasileira de Automação Comercial (Afrac). O valor é baseado em levantamento do
IHL Group, voltado a pesquisas em
varejo e tecnologia. A expectativa é
que 400 mil pontos de venda passem a emitir a NFC-e no ano que
vem em todo o país — ao todo,
existem 2,2 milhões de estabelecimentos formais no Brasil.
“A NFC-e ainda vai conviver
durante um bom tempo com as
impressoras fiscais tradicionais”,
disse o vice-presidente da Afrac,
Paulo Eduardo Guimarães. A instituição promove hoje, em São
Paulo, um evento com os varejistas para esclarecer as mudanças
provocadas pela NFC-e.
A Linx, fornecedora de tecnologia de gestão empresarial para o
varejo, vê grandes oportunidades
para a introdução de softwares
que permitam o pagamento móvel nas lojas. “Todo estabelecimento estará conectado com rede WiFi para permitir a venda por smartphones e tablets”, disse Jean Carlo
Klaumann, vice-presidente de
operações da Linx.
A empresa criou um software de
monitoramento em mensageria.
Se, por algum motivo, cai a cone-
ANA PAULA PAIVA/VALOR
Klaumann, da Linx: oportunidade para softwares de pagamento móvel
xão à internet da loja, o varejista
precisa garantir que as notas cheguem ao Fisco. O software da Linx
administra a “fila de cupons” até o
momento de a conexão ser restabelecida, encaminha os documentos para a Secretaria da Fazenda do
Estado, onde os arquivos são validados e retornam ao varejista.
Eros Jantsch, diretor de hardware da Bematech, fornecedora de
impressoras fiscais, disse acreditar
que o novo sistema não é tão seguro quanto o atual. “Com a impressora fiscal, a informação fica guardada no hardware assim que ocorre uma venda mas, na NFC-e, a comunicação da transação e a tran-
sação em si podem acontecer em
momentos diferentes, o que facilita a evasão fiscal”, disse o executivo, referindo-se à possibilidade de
queda na conexão que invalide a
transmissão on-line.
A NCR deixou de produzir as
impressoras fiscais, que eram o
carro-chefe da empresa, desde o
ano passado. “Com a NFC-e, estamos apostando nas impressoras
não fiscais que serão usadas pelos
estabelecimentos”, disse Antônio
Castilho, diretor da unidade de varejo NCR. A empresa também
aposta nos aparelhos que permitem ao consumidor fazer a própria
compra, o “self-checkout”.
Sem consenso,
SP poderá ter
três sistemas
De São Paulo
Grandes redes de varejo que
atuam no Estado de São Paulo precisarão conviver com três tecnologias diferentes para emissão da
nota fiscal no ano que vem. Além
da tradicional impressora fiscal,
passarão a adotar a Nota Fiscal ao
Consumidor Eletrônica (NFC-e) e o
SAT — uma tecnologia desenvolvida especificamente para o mercado paulista. O projeto do SAT foi
lançado em 2009, antes, portanto,
da NFC-e, cujos projetos-pilotos
começaram no ano passado.
O SAT é um aparelho, semelhante a um modem, que faz a leitura
do caixa e envia as informações online para o Fisco. Caso a conexão
com a internet caia, o SAT armazena os dados na memória e os envia
depois. “Mas o varejo não se interessa por essa tecnologia, que envolve o custo do aparelho”, afirmou o vice-presidente da Linx,
Jean Carlo Klaumann. Estima-se
que o custo do aparelho fique em
torno de R$ 500 e seja necessário
um SAT por loja. A Bematech, que
fabrica impressoras fiscais, tem
um projeto-piloto de produção de
SAT. “Há uma grande discussão em
São Paulo para abandonar essa
ideia do SAT”, disse Klaumann.
O Estado coordenou os projetos-piloto da NFC-e. O Fisco paulista considera a NFC-e uma evolução
e trata do assunto na Portaria CAT
37, publicada neste ano, que estabelece que o varejo poderá emitir a
NFC-e a partir de abril. “Mas quando a internet falhar, o plano de
contingência para o estabelecimento é armazenar o documento
no SAT”, disse Júlio Brandine, diretor da Tax Audit. Nos outros Estados, a contingência é offline. (DM)
Ações da Positivo caem 6% após divulgação de resultados
Mercado
Positivo e Ibovespa
Variações acumuladas, em % (base: 11/10/13)
Positivo ON
8
6
Ibovespa
3,62
4
2
-2,53
0
-2
-1,86
-4
-6,91
-6
-8
11/Out
2013
Fonte: BM&Bovespa e Valor PRO. Elaboração: Valor Data.
28/Out
12/Nov
2013
Daniela Meibak e
Gustavo Brigatto
De São Paulo
As ações da fabricante de computadores Positivo Informática registraram uma queda de 6,17%, cotadas a R$ 3,50 no pregão de ontem da BM&FBovespa. O recuo foi
ocasionado pelo fraco desempenho apresentado no 3 o trimestre.
No balanço divulgado segundafeira após o fechamento do merca-
do, a companhia apresentou um
prejuízo de R$ 18,9 milhões. No
mesmo período do ano passado, a
Positivo havia registrado um lucro
de R$ 7,5 milhões. O resultado do
3 o trimestre de 2013 foi pior que as
projeções de analistas, que já eram
bastante pessimistas. O banco Credit Suisse, por exemplo, estimava
um prejuízo de R$ 1,7 milhão. Já o
Bradesco modelava perdas de
R$ 9,5 milhões.
Em teleconferência com analistas ontem pela manhã, o executivo-chefe da Positivo, Hélio Ro-
tenberg, disse que a variação do
dólar no período fez com que a
fabricante elevasse os preços de
seus produtos. Isso fez com que o
varejo reduzisse a demanda pelos
produtos da Positivo, já que outras companhias mantiveram os
preços em patamares menores.
A chinesa Lenovo foi a que mais
levou vantagem com a estratégia.
Ao manter preços mais baixos,
conseguiu aumentar sua participação de mercado e assumiu a liderança do mercado brasileiro de
PCs. Segundo executivos consulta-
dos pelo Valor, a empresa conseguiu 18% das vendas no trimestre,
ante 13% da Positivo (eram 7% e
13%, respectivamente, em 2012). O
desempenho da Lenovo foi impulsionado pela marca CCE, para consumidores de renda mais baixa.
Segundo Rotenberg, a liderança
da Lenovo resultou de uma atitude
“arrojada” e será temporária. “A Lenovo é a maior fabricante de PCs
do mundo e quer a colocação no
Brasil. Estamos bem posicionados
com as vendas no quarto trimestre”, disse o executivo.