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José Antônio Cunha e Silva

EM BUSCA
DA
CONSCIÊNCIA PERDIDA
(PORQUE MUDAR A LINGUAGEM ESPÍRITA)

Revisão e digitação
Luís Cavalcanti
Março de 2011

COLEÇÃO ITIQUIRA
Thesaurus
© 1993 by José Antônio Cunha e Silva
Capa: Maurício Júnior
Composição: Autor
Revisão: Cláudio Fontes Faria e Silva e autor
Editoração eletrônica: Marcelo Alegria
Montagem e arte-final: Maurício Júnior
Distribuição: Editora e Distribuidora Kópyon Ltda. (Cx. Postal: 6238)

S586e

SILVA, José Antônio Cunha e
Em busca da consciência perdida: por
que mudar a linguagem espírita/ José
Antônio Cunha e Silva. – Brasília:
Thesaurus, 1993.
108p.
1 – Metafísica da vida espiritual
1 – título
CDU 130.12

Todos os direitos reservados ao autor.
Composto e impresso no Brasil
Printed in Brazil
EM BUSCA
DA
CONSCIÊNCIA PERDIDA
(PORQUE MUDAR A LINGUAGEM ESPÍRITA)
“Dedico este livro a todos aqueles
que ousaram empreender a conquista
da autoconsciência e
que lutarão por isso,
enquanto forças tiverem.”
Jacs

“O corpo físico é o nosso templo.
A luz da consciência é o nosso guia.”
Jacs
Sumário
Nota do autor ............................................................................. 10
Preâmbulo .................................................................................. 11
Prefácio....................................................................................... 14
Introdução .................................................................................. 18

CAPÍTULO 1 – Fatos ocorridos antes do surgimento do
espiritismo .................................................................................. 21
Questões relativas ao tema .................................................... 25

CAPÍTULO 2 – O surgimento do espiritismo ............................... 32
Questões relativas ao tema .................................................... 37

CAPÍTULO 3 – O espiritismo no tempo ....................................... 41

CAPÍTULO 4 - Reencarnação ....................................................... 51
Questões relativas ao tema .................................................... 56

CAPÍTULO 5 – O carma ou lei de causa e efeito ......................... 75
Questões relativas ao tema .................................................... 85
CAPÍTULO 6 – O bem e o mal ..................................................... 89
Questões relativas ao tema .................................................... 94

CAPÍTULO 7 – A fé e o conhecimento ...................................... 114

Glossário ................................................................................... 121
EM BUSCA DA CONSCIÊNCIA PERDIDA não é
uma obra circunscrita aos atuais limites do espiritismo. Tem a
ousada pretensão de dar início às mudanças, necessárias, à
linguagem espírita.
Procura, também, não perder de vista o ponto fundamental da questão que é o despertar da consciência do Ser
Humano.
Traça um paralelo entre os princípios básicos constantes do LIVRO DOS ESPÍRITOS e os ensinamentos recebidos pelo autor, nos mundos físico e extrafísico, sobre o assunto. Revela notar que esse entendimento é, muitas vezes,
complementar e outras vezes divergente do disposto no LIVRO DOS ESPÍRIOS.
Entendemos que a grande obra chamada “ESPIRITISMO” precisa ser revista em seus fundamentos básicos,
para que possa retornar à sua trilha de origem. Esse desvio
deve ser creditado ao próprio homem que na sua ânsia de
saber muito acrescentou à ÁGUA PURA DA FONTE.
O fato que faz a diferença entre uma obra e outra é o
nível de contribuição para elevação da consciência do Ser
Humano em uso de matéria.
Para se chegar ao caminho da consciência é preciso estabelecer um divisor de águas, situando de um lado aquilo que
caracterize atividade secundária e do outro o somatório das
ações que efetivamente contribuem para elevar o entendimento do Ser Humano sobre o semelhante, sobre a vida que o
cerca e finalmente sobre o próprio Criador.
O passo seguinte é dar o justo valor a cada parte. Aí reside o grande segredo.
O autor
Nota do autor
Para facilitar a compreensão do fundamento desta obra,
achamos por bem colocar esta nota que nomeia as fontes e
esclarece ao leitor o tipo de leitura que ele tem pela frente.
Este livro tem a pretensão de trazer para o seio do espiritismo uma nova visão sobre seus princípios básicos, alterando a forma pela mudança da linguagem para que a essência
resplandeça com o brilho do novo entendimento. Esse caminho da mudança é rota obrigatória por onde precisa passar o
espiritismo, pois a inércia particular é estagnação quando todo
o conjunto avança.
O conteúdo do livro tem como fontes
•Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. São Paulo: Allan Kardec, 1957. 425p.
•M.A.O, Bianca. As Possibilidades do Infinito: de um Contato
de Terceiro Grau à Conquista da Autoconsciência. São Paulo:
Kopyin, 1987.119p.
•M.A.O, Bianca. A Vida Dentro da Vida. São Paulo: Kopyon,
1990.119p.
•O conjunto de ensinamentos ministrados tanto no mundo
físico como no mundo extrafísico que formam a própria base
filosófica da “TFCA – Técnica Física para a Conquista da
Autoconsciência”.
•A experiência vivenciada e os ensinamentos recebidos pelo
autor em mais de doze anos de aprendizagem no mundo espiritual durante as saídas do corpo físico.
•A participação nos trabalhos espíritas tanto no mundo material como no mundo espiritual.
10
Preâmbulo
Como tudo aconteceu
Pelos idos de 1979, após intensa procura de conhecimento sobre o mundo espiritual, tornei-me espírita. Antes,
porém, tive a oportunidade de ler muitos livros sobre o assunto. Filiei-me, inclusive, a várias organizações espiritualistas,
frequentei cursos de parapsicologia, viagem astral, enfim procurei conhecer tudo que se relacionasse ao espírito e ao mundo espiritual.
Sobre a doutrina espírita consegui ao longo dos anos
razoável conhecimento tanto pelo estudo das obras básicas
como também pelas experiências vividas nos trabalhos espiritistas de orientação Kardecista e umbandista.
Mesmo sendo espírita e ter conseguido obter a certeza
da continuidade da vida no mundo espiritual, dentro de mim
ainda havia ânsia e desejo de descobrir uma forma de acesso
ao mundo espiritual. Acreditava eu que, assim procedendo,
obteria todas as informações que desejasse sobre minha pessoa.
Foi com esse estado de espírito que, em fins de 1980,
tive contato com a “TÉCNICA FÍSICA PARA A CONQUISTA DA AUTOCONSCIÊNCIA”. Em pouco tempo de
prática dos exercícios ensinados, tive a oportunidade de comprovar a eficiência do método. Descobri que além de ser um
caminho objetivo e seguro para contato com o mundo espiritual, era também uma via de acesso à minha própria pessoa

11
Em Busca da Consciência Perdida

tanto na configuração atual, como também na de outras vidas
que vivi em outras eras, em corpos diferentes. Enfim, era a
minha história que se descortinava à minha frente e eu, como
um espectador solitário, podia reaprendê-la em todos seus
detalhes.
Transcorreram-se os anos e os ensinamentos e experiências do mundo espiritual foram se avolumando, trazendo,
por consequência, um maior entendimento sobre os mundos
material e espiritual. Ensinamentos nunca dantes imaginados
foram recebidos durante o período de repouso da minha matéria (corpo físico), formando novos registros em minha memória. Novo ângulo se abriu por onde eu podia ver a vida em
cores novas, convidando-me, de forma imperativa, a mudar.
Mudança essa, necessária do meu próprio conceito de passado, presente e futuro. Da mesma forma, a compreensão das
dimensões material e espiritual foi se tornando cristalina, afastando para longe as incômodas interrogações.
Esses ensinamentos que venho recebendo nos momentos em que saio de minha matéria e entro na dimensão espiritual, levaram-me a compreender que a vida é única e interpenetra dois mundos semelhantes, o material e o espiritual, que
se individualizam apenas pela frequência vibratória. É obedecendo a esse princípio que o Ser Humano se acopla, em essência, a uma matéria (corpo) de outra frequência (material),
cujo processo chamamos ENCARNAÇÃO.
É fácil imaginar que meu entendimento como espírita
fatalmente iria mudar. Isso ocorreu de uma forma muito
acentuada, pois tive a grata oportunidade de assistir, diretamente no mundo espiritual, a vários fenômenos descritos nos
livros da doutrina. Essas experiências e ensinamentos adquiridos nos momentos em que deixei meu corpo físico contribuí12
José Antônio

ram de maneira decisiva tanto para aumentar meus conhecimentos como também para alargar meus horizontes pessoais.
Em meados de 1988, em reunião no mundo espiritual,
fui convocado por um espírito que lidera o movimento espírita na Terra a cooperar com o espiritismo de forma mais direta
e objetiva. De início, deveria escrever sobre esse outro lado da
vida, enfocando pontos importantes dos ensinamentos espíritas, dentro do meu entendimento adquirido nas experiências
extracorpóreas. Em um segundo momento, deveria então dar
início aos trabalhos práticos dentro do espiritismo já utilizando uma nova linguagem. Essa nova forma de intercâmbio
com o mundo espiritual se processará de maneira bem diferente da atual. As pessoas que estão do outro lado da vida e
que irão atuar no mundo físico se apresentarão como elas
realmente são. Não haverá necessidade de representarem um
papel, usando inclusive nomes fictícios como, em geral, ocorre em nossos dias.
A convocação, sem aviso prévio, causou-me surpresa.
Tomei, no entanto, a resolução de aceitar o encargo, mesmo
sabendo que fico muito a dever a pessoal ideal para o trabalho. Procurei, por outro lado, encarar a questão como uma
tarefa que alguém teria que realizar. Assim, dentro dos meus
limites, propus-me cumprir esse compromisso, oferecendo o
de meus esforços.

13
Prefácio
Muitos anos, doze ao todo, vivo o que poderíamos
chamar de uma maravilhosa aventura de um caçador. Transformei-me, ao longo do tempo, em um caçador de mim
mesmo. Se antes eu era a caça assustada frente aos embates da
vida, sem destino certo, a caminhar por onde caminhassem as
outras pessoas, hoje sou o caçador que finalmente encontrou
sua caça. Mas, e o futuro? O futuro eu o tenho preso em minhas mãos.
Mas é de todo importante testemunhar o que ocorre
com a pessoa quando ela, conscientemente, tem a oportunidade de presenciar a chegada de consciência. São inúmeras as
mudanças de profundidade que vão acontecendo ao longo do
tempo, tanto no corpo físico como no próprio Ser Humano
que o possui. Pode-se distingui-las umas das outras de forma
perfeita.
Inicialmente quase tudo é imperceptível. É muito sutil
para que os sentidos bastante adormecidos possam perceber
tantas mudanças. Mas ao prosseguir na grande viagem da busca da consciência começa-se a perceber o imperceptível, a
sentir o insensível e a ver o que antes era invisível. Uma grande certeza de que realmente somos seres humanos paira sobre
nós. Um grande sentimento de conhecimento ao Criador se
aloja em nosso interior, trazendo uma vaga lembrança de que
o conhecíamos antes e que o tínhamos esquecido, mas que
agora novamente o encontramos.
Podemos representar a caminhada em direção à autoconsciência como uma estrada que circula ao redor de nós

14
José Antônio

mesmos. A cada volta que percorremos em vez de nos afastarmos de nós mais nos aproximamos e, por outro lado, passamos a enxergar mais longe.
Com isso nos sentimos melhores do que as demais pessoas que nos rodeiam? Não, mas passamos a entender com
maior profundidade a enormidade dos problemas que afligem
o Ser Humano. Dentre eles o mais terrível. A INCONSCIÊNCIA.
Mas atravessar o pântano da inconsciência para singrar
os mares da consciência plena não é tarefa fácil. É abrir as
próprias entranhas, é rasgar o livro da morte e reescrever o
livro da vida. É morrer e nascer de novo no mesmo corpo.
Nessa aventura temos que nos despir de todos os nossos agregados psicológicos, temos que expulsar os nossos
egos, retirar e lançar fora as nossas máscaras e extinguir a vida
de todas as nossas personagens para que vivamos somente
“nós”, seres humanos eternos.
É uma luta de David e Golias? Verdadeiramente é. A
vitória, no entanto, está ao alcance de todo aquele que ousar
querê-la.
Toda boa luta conduz a uma grande vitória, sabendo
onde nos levam os nossos passos, tudo fica mais fácil, as dificuldades naturais da caminhada se nos apresentam como contratempos de uma viagem que tem tempo para terminar.
Quando nos pomos a caminho ao nascer do sol a noite
jamais nos alcançará.
É o voo da águia que eternamente irá voar.
Verdadeiramente precisamos quebrar o ciclo do NASCE-RENASCE. E para isso mudar é preciso. A mudança
inicia quando o homem começa a conhecer a si mesmo, pois
nele está o conhecimento de seu semelhante, os mistérios da
vida e o possível entendimento do próprio Criador.
15
Em Busca da Consciência Perdida

Para o Planeta Terra só existe uma saída: A HUMANIDADE SE TORNAR CONSCIENTE.
Para a humanidade só existe uma saída: O HOMEM SE
TORNAR CONSCIENTE.
Para o homem só existe uma saída: ELE SE TORNAR
CONSCIENTE.
Essas três afirmações nos conduzem a uma conclusão:
Todos os desequilíbrios, as anormalidades, os desvios, as mazelas, o sofrimento e a dor que afligem o Ser Humano têm
uma única origem e um único responsável: A INCONSCIÊNCIA HUMANA. Tudo o mais que se atribui como causa e
como responsável por esses fatos que ocorrem com a nossa
humanidade é apenas uma tentativa de encontrar uma explicação para o que não se conhece e ao mesmo tempo responsabilizar alguém por uma culpa que não existe.
Essa afirmação derruba por Terra toda cultura humana
relacionada ao DESTINO, AO CARMA, À LEI DE CAUSA
E EFEITO, AO PECADO E AO CASTIGO.
Na escuridão da inconsciência não pode ser culpado
aquele que se desvia do caminho, ou que fere alguém por não
o reconhecer como irmão.
A luz da consciência não pode ser doada, mas sim conquistada. Isto porque a conquista significa aquisição de forma
paulatina e a consequente adaptação, enquanto a doação significa a mudança, de forma abrupta, da escuridão para a luz o
que levaria a pessoa à cegueira, ao desequilíbrio e provavelmente à loucura.
O espiritismo é um socorro que veio do “alto”. É um
caminho suave que permite ao mundo espiritual vir até ao
mundo físico, refazendo novamente a ligação entre o homem
e a sua origem, preparando-o para a chegada da consciência.
16
José Antônio

Quando o homem avança e sobe os degraus da consciência ele precisa voar e o espiritismo nesse momento deve
fornecer as asas que o conduzirão aos campos do verdadeiro
entendimento e da sabedoria maior.

17
Introdução
Uma triste realidade se apresenta ao homem no ocaso
da vida física e uma interrogação paira em sua mente: qual
será o seu destino após o fenômeno chamado morte? Mediante simples retrospecto ao passado ele conclui, de forma irremediável, que durante o estágio na matéria densa não obteve
o conhecimento e preparo para esse momento de tão grande
importância. Daí surgem dramas e tragédias, pois o desconhecido lhe causa medo, angústia e sofrimento. Nada mais aterrador do que perder a individualidade na estrutura íntima do
ser, expulsando para terras distantes o bom senso e a razão.
Nesse estado de quase desespero mental, procura agarrar-se às ideias antigas que sempre ouviu; ora o paraíso maravilhoso e indolente que se lhe apresenta; ora é Lúcifer, convidando-o para o resgate iminente de seus pecados nos caldeirões do inferno. De repente, de sua mente encurralada, surge
uma esperança salvadora: o sono eterno. Sim, como tantas
vezes ouvira falar, o sono eterno o conduzirá ao porto seguro
do juízo final, quando então – milagre dos milagres – mesmo
morto em matéria, erguerá seus andrajos humanos e voltará à
vida.
Apesar dessas ideias desfilarem por sua mente cansada e
sofrida, no mais íntimo do seu ser ecoa um pungente pedido
de socorro, pois o espírito imortal sabe que, assim como o
náufrago precisa de algo sólido para se apoiar, ele precisa da
verdade para se sustentar.
Toda essa conduta do homem perante a inevitável perda da vestimenta física foi analisada em profundidade pelos
líderes do mundo espiritual. A análise não se restringiu ao
18
José Antônio

crepúsculo da vida material, mas se estendeu ao comportamento do Ser Humano, enquanto encarnado, onde se verificou que a razão cedia lugar aos instintos e os sentimentos se
transformavam em paixões cegas, filhas diletas da matéria. Tal
atitude contrariava as leis naturais conferidas pelo Criador, ao
mesmo tempo em que prejudicava o próprio homem na sua
caminhada em direção ao CONHECIMENTO MAIOR.
Foi assim, que esses líderes do Mundo Espiritual decidiram criar um plano que pudesse constituir-se em um seguro
contra essa programação nefasta imposta ao Ser Humano
encarnado, ao mesmo tempo em que propiciaria a cura dos
seus efeitos perniciosos. Esses ensinamentos distorcidos e
distantes da grande realidade que permeia as dimensões material e espiritual são tão danosos, que além de afetar a vida física, se incorporam à pessoa humana, acompanhando-o até o
mundo espiritual após a perda do corpo físico, onde passam a
constituir verdadeiras prisões mentais. Chega-se ao ponto de
pessoas desencarnadas permanecerem “mortas” na dimensão
espiritual em virtude das “orientações” recebidas no mundo
físico. O despertar dessas pessoas é difícil e doloroso e só se
torna possível pela colaboração abnegada dos trabalhadores
do mundo espiritual, que não medem esforços para auxiliar o
homem a readquirir a sua consciência. A aceitação desses ensinamentos distorcidos só acontece devido ao estado de inconsciência humana, pois uma pessoa que tem consciência
plena não dá guarida a esse tipo de ensinamento.
Esse auxílio espiritual foi e ainda é necessário, “pois um
acidente planetário tornou o homem inconsciente” e a noite
da inconsciência roubou o seu passado e o seu conhecimento.(1) Urgia, desse modo, auxiliar-lhe a enfrentar o grande de(1) As Possibilidades do Infinito.

19
Em Busca da Consciência Perdida

safio de viver sem saber “QUEM ERA, O QUE ERA E POR
QUE” estava aqui na matéria, encarnado em um mundo
cheio de contradições onde a fragilidade da razão caminhava
ao lado de poderosos sentimentos e emoções doentios.(2)
Assim nasceu o espiritismo, movimento integrador do
Ser material e espiritual. Um consolador.
O espiritismo assim criado foi se constituindo em linha
de trabalhos com suas cores próprias, muitas vezes de difícil
aceitação pelo nosso pequeno entendimento, mas nem por
isso distante do objetivo primeiro que é a busca da consciência perdida.
A história da semente do espiritismo, no entanto, se
perde na noite dos tempos. “Das onze raças que iniciaram o
povoamento da Terra foi somente a raça negra, por suas características de bondade e passividade, que manteve o registro
do mundo espiritual. Foi através dessa raça que o nosso contato com a dimensão extrafísica pôde ser reiniciado e mais
tarde estruturado o próprio espiritismo com suas diversas
linhas de trabalho. O grupo de pessoas que tinha como objetivo o trabalho nos mundos físico e espiritual, ao mesmo
tempo, escolheu a matéria negra para suas encarnações, uma
vez que ela possuía aqueles atributos já mencionados”.(3)

(2) A Vida Dentro da Vida.
(3) Idem.

20
CAPÍTULO 1
Fatos ocorridos antes
do surgimento do espiritismo
Para todo fato ou efeito existe uma causa e para dar a
explicação do porquê do espiritismo, temos que retornar no
tempo, viajar ao passado, navegando o rio dos milênios até o
momento em que o homem habitava a Terra e era senhor do
seu destino porque era autoconsciente e tinha o CONHECIMENTO. “O Ser Humano dessa era provinha de onze raças
originárias de onze planetas diferentes”.(4) Tinha o corpo físico em perfeito funcionamento, o que lhe permitia manter
intactos os seus registros cerebrais quando realizava a troca de
matéria (morte e nascimento). Esse perfeito funcionamento
cerebral lhe permitia manter todo o conhecimento adquirido
nas encarnações passadas. Era, portanto, autoconsciente.
“No início, antes dessas raças se fixarem aqui, foram
trazidas primeiro as espécies da flora e fauna desses planetas,
que aqui prosperaram e se multiplicaram, complementando a
formação de nossos mundos vegetal e animal. Logo que aqui
chegaram, verificaram que já existia o mundo espiritual, mas
não existia a vida do homem na matéria. Iniciaram, a partir
desse momento, a produção de matéria, ou seja, corpos físicos para que os espíritos próprios do nosso planeta pudessem
iniciar as encarnações”.(5) Cabe aqui uma explicação do por
(4) A Vida Dentro da Vida.
(5) Idem.

21
Em Busca da Consciência Perdida

quê desse procedimento. Na formação dos planetas primeiro
forma-se o mundo espiritual e depois a massa material do
globo. Pronto o mundo físico, faltam, no entanto, corpos
materiais para que os espíritos que formam a população extrafísica possam iniciar suas romagens no mundo material. É
nesse momento que a colaboração dos habitantes de outros
planetas se faz necessária, oferecendo aos espíritos do orbe
iniciante corpos físicos para que através do nascimento tenham suas primeiras vivências no mundo material. Esse início
não seria possível sem a participação de outros mundos habitados pelo homem filho do mesmo CRIADOR.
Importante observar que “as onze raças que iniciaram o
povoamento da Terra foram distribuídas por diversas áreas
geográficas, observando-se a semelhança entre os diversos
fatores ambientais do nosso orbe tais como: clima, relevo e
vegetação aos de seus ambientes de origem”.(6) Assim se explica a razão de existirem tantas raças em nosso planeta com
diferenças tão marcantes entre elas.
Foi no decorrer dessa era que “o nosso planeta sofreu
um terrível acidente motivado por explosões solares que
romperam a camada atmosférica protetora da Terra”, fato que
é observado até os dias atuais e preocupa a comunidade científica de vários países.(7) Esse rompimento permitiu a passagem de grande quantidade de radiação, o que causou, e continua causando até os nossos dias, danos irreparáveis ao homem que aqui habitava a matéria. O corpo físico sofreu grandes prejuízos, mas os danos causados ao cérebro humano
foram incalculáveis. Todos os registros que formavam a memória foram apagados e o homem mergulhou na terrível era
(6) A Vida Dentro da Vida.
(7) As Possibilidades do Infinito.

22
José Antônio

da inconsciência. Não mais sabia sua origem e tampouco seu
passado. Todo seu conhecimento foi bloqueado. De todos os
registros de sua memória apenas um permaneceu, a lembrança
de que o socorro vinha do CÉU – princípio que até hoje norteia muitas religiões. Cabe uma explicação para o fato; naquela
época os diversos planetas que participaram da colonização da
Terra enviavam, de tempos em tempos, equipes para acompanhar o desenvolvimento dos que aqui permaneceram. As
naves que visitavam a Terra seguiam por rotas especiais de
navegação espacial e quando aqui chegavam desciam do alto,
ou seja, do céu. Assim ficou o registro, lembrando ao homem
que o auxílio vinha “DO ALTO”. Com o passar do tempo
passou-se a acreditar que esse “DO ALTO” ou “DO CÉU”
se referia a Deus.
Com o acidente ocorrido as naves ficaram impedidas de
vir até nosso planeta porque as “rotas especiais” de navegação
espacial que as conduziam até a Terra tinham sido bloqueadas
pelas explosões solares. Muito tempo transcorreu até que pudessem voltar ao nosso planeta. Quando aqui finalmente as
equipes retornaram encontraram o homem em estado deplorável: havia se tornado inconsciente e não mais se lembrava
do passado e de sua origem. Em razão disso, as pessoas que
compunham essas equipes foram adoradas como deuses. Por
mais que tentassem explicar o que tinha ocorrido, só conseguiram despertar a fúria daqueles que queriam adorá-las. A
consequência imediata desse comportamento foi a suspensão
necessária e por longo período, do envio de novas equipes à
Terra.(8)

(8) As Possibilidades do Infinito.

23
Em Busca da Consciência Perdida

QUESTÕES E RESPOSTAS
Ao final de cada capítulo foi adicionada uma série de questões
relativas ao tema ali desenvolvido. Essas perguntas foram extraídas do Livro dos Espíritos e as respostas originais foram assinaladas com “LE” (Livro dos Espíritos), seguidas de “comentários”
do autor, onde se procura mostrar, muitas vezes uma abordagem nova, utilizando uma linguagem atualizada e mais consentânea com o entendimento do homem de nossos dias. Essas
respostas estão calcadas no aprendizado espírita nos mundos
físico e espiritual, nos ensinamentos que norteiam a Técnica
Física para a Conquista da Autoconsciência, bem como no conteúdo das obras relacionadas, no início, na Nota do Autor.

24
Questões relativas ao tema
1. Quando a Terra começou a ser povoada?
LE: No começo tudo era o caos; os elementos estavam
fundidos. Pouco a pouco apareceram os seres vivos.
Comentário: A nossa Terra foi povoada por seres humanos de outros planetas. Assim que aqui chegaram encontraram o mundo espiritual já formado, mas não havia vida
humana na matéria. Iniciaram então a produção de corpos
físicos para que pudessem dar início às encarnações dos espíritos próprios do Planeta.(9)
2. De onde vieram os seres vivos para a Terra?
LE: A Terra continha os germes em estado latente. No
momento certo os seres de cada espécie se reuniram e multiplicaram.
Comentário: Boa parte dos seres vivos foi trazida de diversos planetas e colocada sobre a Terra para se multiplicarem. O próprio homem, vindo de fora, aqui deu início ao
povoamento de nosso orbe.
3. A espécie humana se achava entre os elementos orgânicos do globo
terrestre?
LE: Sim e veio a seu tempo.
Comentário: A espécie humana (matéria) não se achava
entre os elementos do globo e teve sua origem fora da Terra.
(9) A Vida Dentro da Vida.

25
Em Busca da Consciência Perdida

4. Se o germe da espécie humana se encontrava entre os elementos do
globo, por que os homens não mais se formam espontaneamente,
como em sua origem?
LE: Os homens absorveram em si mesmos os elementos necessários à sua formação, para transmiti-los segundo a
lei da reprodução.
Comentário: Como já afirmamos anteriormente o germe da matéria humana não se encontrava entre os elementos
formadores da Terra, mas foi iniciada aqui a formação dessa
matéria, por seres humanos provenientes de outros planetas.
5. De onde vêm as diferenças físicas e morais que distinguem as variedades de raças humanas na Terra?
LE: Do clima, da vida e dos hábitos.
Comentário: As diferenças raciais hoje existentes entre
os povos que habitam a Terra tiveram origem no fato de ela
ter sido povoada, no início, por onze raças provenientes de
onze planetas diferentes. Essas raças foram as formadoras das
características físicas atuais do nosso ser humano.
6. O homem apareceu em muitos pontos do globo?
LE: Sim, e em diversas épocas, e é essa uma das causas
da diversidade de raças.
Comentário: As onze raças que deram origem à população da Terra vieram de planetas que guardavam semelhanças
ambientais com certas regiões do globo terrestre. Obedecendo a essas semelhanças com seus planetas de origem as raças
foram distribuídas sobre a superfície da Terra. Dessa forma, a
raça negra, por exemplo, situou-se basicamente na região que
26
José Antônio

guardava semelhança com o seu planeta de origem, a raça
branca da mesma forma e assim por diante.
7. Essas diferenças representam espécies distintas?
LE: Não. Todos pertencem à mesma família.
Comentário: Representavam raças distintas provenientes de planetas distintos, com características próprias. Esse
fato, no entanto não pode nos conduzir à ideia de que a ocupação se deu de forma isolada. Tudo foi realizado dentro de
um plano maior onde o trabalho foi a tônica. Esse trabalho de
povoamento da Terra era muito importante para dar suporte
às viagens interplanetárias empreendidas pelos habitantes
desses planetas.
8. A alma dos animais conserva, após a morte, sua individualidade
e a consciência de si mesma?
LE: Sua individualidade, sim, mas não a consciência de
si mesma. A vida inteligente permanece em estado latente.
Comentário: Os animais foram criados perfeitos para
suas finalidades, mas suas vidas se iniciam com o nascimento
e se encerram com a cessação da vida orgânica. A energia que
sustenta a organização material se dissipa com a cessação da
vida. Após a morte nada restará de um animal em particular
porque a própria energia que se dissipa é assimilada por outros animais ou pela própria matéria do Ser Humano.
9. Pois se os animais têm uma inteligência que lhes dá certa liberdade de ação, há neles um princípio independente da matéria?
LE: Sim, e que sobrevive ao corpo.
27
Em Busca da Consciência Perdida

Comentário: O animal possui apenas o chamado instinto de sobrevivência e aptidão para aprender. Cessada a
atividade física também cessa a vida.
10. Os animais progridem como o homem, por sua própria vontade,
ou pela força das coisas?
LE: Pela força das coisas; e é por isso que, para eles,
não existe expiação.
Comentário: Os animais foram criados perfeitos para as
finalidades a que se destinam. Não há portanto progresso e
mesmo que houvesse seria perdido logo que o animal perdesse a vida. Isto dentro do princípio de que a existência do animal se inicia com o nascimento e se encerra definitivamente
com a morte física.
11. Ficou dito que a alma do homem, em sua origem, assemelha-se ao
estado de infância da vida corpórea, que a sua inteligência apenas
desponta, e que ela se ensaia para a vida. Onde cumpre o espírito
essa primeira fase?
LE: Numa série de existências que precedem o período
que chamais humanidade.
Comentário: O criador criou o Ser Humano perfeito,
distinguiu a uns com o “registro de matéria”, que seguem o
caminho da encarnação; e outros, sem esse registro, que os
distancia do uso da matéria.(10) Não fomos criados animais
para chegarmos a Ser Humano. Quando o Criador quis criar o
animal Ele o criou, quando quis criar o Ser Humano Ele assim o fez.

(10) A Vida Dentro da Vida.

28
José Antônio

12. Parece, assim, que a alma teria sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação?
LE: Não dissemos que tudo se encadeia na natureza e
tende à unidade? É nesses seres, que estais longe de conhecer
inteiramente, que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco, e se ensaia para a vida, como dissemos...
Comentário: A obra do Criador tem uma lógica suprema, mas não se encadeia da forma que muitas vezes ousamos
pensar. Desse modo, o Ser Humano não é um produto da
evolução dos reinos animal, vegetal e mineral, mas ao contrário ele é o guardião desses reinos, como participante da grande administração universal.
13. Esse período da humanidade começa sobre a nossa Terra?
LE: A Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana. O período de humanidade começa em geral, nos mundos inferiores. Essa entretanto, não é uma regra
absoluta, e poderia acontecer que um espírito, desde o início
humano, esteja apto a viver na Terra. Esse caso não é frequente, e seria antes uma exceção.
Comentário: Entendemos que dentro da obra do Criador não existem mundos com os atributos de superiores ou
inferiores, existe isto sim, mundos em formação, mundos não
habitados e mundos habitados pelo Ser Humano. Quanto ao
fato de um espírito habitar determinado planeta isto é antes
uma escolha voluntária e não um prêmio ou uma imposição.
Esse é o nosso caso em relação à Terra porque todos que hoje
a habitam foram voluntários e assumiram o planeta como sua
morada.
29
Em Busca da Consciência Perdida

14. O espírito tendo entrado no período da humanidade, conserva os
traços do que havia sido precedentemente, ou seja, do estado em
que se encontrava no período que se poderia chamar anti-humano?
LE: Isso depende da distância que separa os dois períodos e do progresso realizado. Durante algumas gerações ele
pode conservar um reflexo mais ou menos pronunciado do
estado primitivo, porque nada na natureza se faz por transição
brusca...
Comentário: Fomos criados como seres humanos e
assim permaneceremos. Nesse caso houve certa confusão
entre o Ser Humano e a matéria da qual esse se utiliza, pois o
espírito (Ser Humano) não passa por gerações, já que essa é
uma característica da matéria humana.
15. Do ponto de vista puramente físico, os corpos da raça atual são
uma criação especial, ou procedem dos corpos primitivos, por via
da reprodução?
LE: A origem das raças se perde na noite dos tempos,
mas, como todas pertencem à grande família humana, qualquer que seja o tronco primitivo de cada uma, puderam mesclar-se e produzir novos tipos.
Comentário: Das onze raças provenientes de onze planetas distintos que iniciaram a reprodução de corpos físicos
aqui na Terra, tiveram origem, através dos tempos, os nossos
corpos atuais.
16. Nos mundos onde a organização é mais apurada, os seres vivos
têm necessidade de alimentação?
LE: Sim, mas os seus alimentos estão em relação com a
sua natureza. Esse alimento não seria tão substancial para os
30
José Antônio

vossos estômagos grosseiros; da mesma maneira, eles não
poderiam digerir os vossos.
Comentário: A matéria (corpos físicos) que usamos na
Terra é a mesma matéria usada em outros planetas, excetuando-se apenas alguns atributos próprios de cada povo. Por
outro lado, devemos lembrar que os corpos físicos dos habitantes de outros planetas não têm os graves defeitos que têm
os nossos, defeitos esses originados pelo grande acidente planetário aqui ocorrido há vários milênios.(11)
No tocante à alimentação as pessoas de outros planetas
se utilizam, praticamente, de todos os nossos alimentos básicos. Não poderia ser de outra forma, pois os nossos alimentos
foram trazidos por eles dos seus planetas de origem, quando
aqui chegaram e iniciaram o processo de reprodução da matéria humana.
“O SER HUMANO É PERFEITO E O CRIADOR
NÃO VÊ DEFEITO EM SUA OBRA”.(12)

(11) As Possibilidades do Infinito.
(12) Idem.

31
CAPÍTULO 2
O surgimento do espiritismo
Após o acidente mencionado a roda do tempo girou incansavelmente, formando a corrente dos séculos até alcançar
o momento em que o homem teria que iniciar o aprendizado
novamente, já que ele tinha se tornado inconsciente devido a
um acidente planetário espontâneo e incontrolável. Passou, a
partir daí, a utilizar uma matéria defeituosa. Seguiu através dos
séculos a produzir matéria da mesma forma prejudicada. Em
outras palavras, todos os corpos de crianças que nasceram a
partir desse acidente herdaram esse defeito físico. Assim, a
matéria no seu automatismo não corrige seus próprios defeitos, pois esse trabalho só pode ser realizado pelo espírito
imortal. Esse bloqueio das matérias recém-nascidas não permitia que os espíritos reencarnantes permanecessem com seus
conhecimentos e lembranças de quando não tinham matéria.
Portanto, a cada nova reencarnação ou troca de matéria, o
homem tinha (e tem) de reaprender tudo novamente.
Convém nesse ponto abrir um parêntese para esclarecer
uma questão que incomoda o ser humano: é a razão por que
ele não se lembra dos fatos e acontecimentos de outras vidas.
A resposta é simplesmente uma: porque ele utiliza uma matéria com bloqueios, centralizados principalmente na região
cerebral, que não lhe permitem manter o conhecimento anteriormente adquirido.(13) Não se trata, portanto, de um “castigo”, e tampouco do benefício do esquecimento, pois melhor
(13) As Possibilidades do Infinito.

32
José Antônio

seria que se lembrasse de tudo, inclusive dos fatos desagradáveis, pois desta forma, seria mais fácil evitar a sua repetição.
Mas outras questões de foro íntimo afligiam ao homem,
principalmente aquelas que diziam respeito à sua origem e ao
seu destino futuro. No decorrer do tempo várias organizações
ocultas, esotéricas e religiosas criadas procuraram fornecer
resposta para esse tipo de indagação. A partir daí iniciou-se
um processo de programação do ser humano, que no seu
estado de inconsciência não teve o discernimento necessário
para saber se as respostas oferecidas atendiam às perguntas
formuladas. Muitos dos ensinamentos ministrados pelas organizações criavam, e ainda criam certos clichês mentais, dando
origem a novos registros que uma vez gravados na memória aí
permanecem além da vida física. Muitos desses novos registros em nada contribuíam para o despertar do homem, ao
contrário levava-o a identificar-se cada vez mais com a própria matéria, que em resumo é apenas uma parte dele e não
totalmente ele. Essa identidade com a matéria é a responsável
pela maior parte do sofrimento que o aflige. Com essa identificação, o corpo físico passou da condição de “parte” para ser
o “todo”. Deixou de ser instrumento para ser comando.
OS ANIMAIS FORAM CRIADOS PERFEITOS
PARA AS FINALIDADES A QUE SE DESTINAM. NÃO
EVOLUEM, MAS SUAS CARACTERÍSTICAS SÃO SUSCEPTÍVEIS DE SEREM ALTERADAS PELO SER HUMANO.
O homem quando era consciente tinha uma ponte que
o ligava diretamente ao mundo espiritual. Essa ponte foi destruída com o acidente e nos tempos que se seguiram foi criada, em seu lugar, uma muralha de inverdades que o aprisionou
33
Em Busca da Consciência Perdida

mais e mais à matéria.(14) Tanto que nos dias de hoje é clara
essa simbiose doentia do homem e a sua matéria, não admitindo aquele que esta não seja ele, mas apenas parte dele. O
Ser Humano assim “orientado”, mesmo após a morte física,
passou a se comportar de acordo com os ensinamentos recebidos. Muitas dessas organizações ensinavam, e ainda ensinam
que a vida espiritual e a reencarnação não existiam e que a
volta à matéria se daria através do próprio corpo que um dia
se ergueria do sepulcro e voltaria à vida. O homem assim
programado se recusava a despertar, após a morte física, para
sua nova condição de vida, não tomando conhecimento que o
seu estado de “ser vivo” continuava, apenas tinha mudado da
dimensão física para a dimensão espiritual, onde seus atos
eram também reais e concretos, porém pertencentes a uma
outra frequência vibratória.
Convém notar nesse ponto que muitos ensinamentos e
acontecimentos prejudiciais “registrados” na matéria só podem ser entendidos e desfeitos na própria matéria. Por aí se
vê que o caminho natural para se desfazer esses registros é a
reencarnação. Não se trata aqui da ação da lei de causa e efeito, mas de criar as mesmas condições de quando o registro foi
efetivado para que então se dê o entendimento. É importante
notar nessa explicação a mudança de linguagem, estamos descaracterizando a dívida e o resgate e mostrando a repetição da
experiência na matéria para buscar o ENTENDIMENTO. A
isso podemos chamar de AQUISIÇÃO DE CONSCIÊNCIA.
Assim, observando o comportamento do homem antes
e após a morte física, líderes do mundo espiritual julgaram por
bem elaborar um plano que viesse ao mesmo tempo confor(14) A Vida Dentro da Vida.

34
José Antônio

tar, orientar e conscientizar os seres humanos pertencentes ao
planeta Terra. Desse modo, foi criado o espiritismo, que
CONFORTA porque dá a certeza de que a vida continua e
que a morte do corpo físico é apenas e tão somente um acontecimento da vida na matéria; ORIENTA porque traz ensinamentos essenciais para o entendimento da vida nos mundos
material e espiritual; CONSCIENTIZA porque constrói novamente a ponte que liga o homem ao mundo espiritual, levando-o a reconhecer-se imortal e entender que “a matéria é
apenas parte dele e não totalmente ele”, e que já viveu antes e
viverá depois.(15)
O homem que passara a viver com os fatos e lembranças da vida material, começou a presenciar e a conhecer os
fenômenos que demonstravam uma outra realidade que estava por trás do mundo visível, realidade essa que mesmo invisível mostrava-se rica em detalhes reveladores capazes de desafiar os céticos mais renitentes e as inteligências mais avançadas. Dessa forma, em um processo ininterrupto o espiritismo foi se expandindo por cidades e países, buscando realizar
o despertamento do homem. A partir daí o Ser Humano encarnado passou a contar com a referência do mundo espiritual
para se posicionar frente à vida.
Com a propagação do espiritismo o homem tomou
contato com um mundo novo, pleno de realidades novas,
cheio de fenômenos incontestáveis, mas ao mesmo tempo
inexplicáveis pelo conhecimento científico.
Surgiu a medicina espiritual com as curas e cirurgias que
cumprem dois objetivos a um só tempo: em primeiro plano
atestar a existência do mundo espiritual e a sua interligação
com o mundo material; e em segundo lugar trazer benefícios
(15) As Possibilidades do Infinito.

35
Em Busca da Consciência Perdida

ao homem quando enfermo. Outras formas de intercâmbio
com a finalidade de conscientizar são utilizadas, a exemplo da
psicografia, a psicofonia, materializações, dentre outras, que
muito contribuem para melhorar o entendimento humano.
Importante observar, neste ponto, que o espiritismo
surgiu primeiro pelos fatos e depois pela doutrina, consolidando-se tanto pelo valor dos ensinamentos, como também
pelo caráter lógico e científico de seus pressupostos.
Convém observar que dentro do espiritismo tudo que
não passar pelo crivo da razão deve ser deixado de lado, mostrando assim que todo fato ou ensinamento deve primeiro ser
entendido e depois aceito em nosso mundo interno.
A diferença maior entre o espiritismo e outros grupos
religiosos é o caminho seguido. Enquanto muitas organizações buscam “O caminho da fé”, ele percorre “O caminho da
razão”, levando ao homem primeiro o entendimento e depois
a crença. Dessa forma, a crença proveniente do entendimento
se transforma na luz do saber, enquanto a crença filha da fé
permanece apenas como crença.
No espiritismo também deve haver a fé, mas a fé raciocinada, aquela que passa obrigatoriamente pela trilha da razão,
pois não sendo assim não é uma “fé espírita”, mas simplesmente fé. O homem que entende realmente sabe, ao passo
que o homem que tem fé simplesmente acredita.

36
Questões relativas ao tema
1. Por que o espírito encarnado perde a lembrança do seu passado?
LE: O homem nem pode nem deve tudo saber; Deus
assim o quer, na sua sabedoria. Sem o véu que lhe encobre
certas coisas, o homem ficaria ofuscado, como aquele que
passa sem transição da obscuridade para a luz. Pelo esquecimento do passado ele é mais ele mesmo.
Comentário: O homem deve saber tudo para melhor situar-se no grande concerto da criação. Entendemos que o
Criador na sua suprema sabedoria deve querer sempre o máximo e o melhor para seus filhos. Se o homem não se lembra
de seu passado, de sua origem e porque ocupa um corpo físico com defeito aqui na Terra, isso tem por causa um acidente
e não por que o Criador assim determinou. Comentamos anteriormente esse acidente planetário que causou grande dano
à organização física da população terrestre. Portanto, não
devemos confundir a escuridão da inconsciência acidental
com defeitos da obra divina do Criador. Não se trata assim de
uma inferioridade do espírito encarnado, mas sim de um defeito temporário do corpo físico.
2. Como pode o homem ser responsável por atos e resgatar faltas dos
quais não ser recorda? Como pode aproveitar-se da experiência
adquirida em existências que caíram no esquecimento? Seria concebível que as tribulações da vida fossem para ele uma lição, se
pudesse lembrar-se daquilo que as atraiu, mas desde que não se
recorda, cada existência é para ele como se fosse a primeira, e é assim que ele está sempre a recomeçar. Como conciliar isto com a
Justiça de Deus?
37
Em Busca da Consciência Perdida

LE: A cada nova existência, o homem tem mais inteligência e pode melhor distinguir o bem e o mal. Onde estaria
o seu mérito, se ele se recordasse de todo o passado? Quando
o espírito entra em sua vida primitiva (a vida espírita), toda a
sua vida passada se desenrola diante dele: vê as faltas que cometeu e que são caudas do seu sofrimento...
Comentário: Nesse caso em particular entendemos que
a pergunta devesse ser a resposta, pois ali está em essência, a
verdade. Reafirmamos que se o homem não se lembra de seu
passado de nada adianta atribuir-lhe castigos cujo efeito pode
ser a revolta por se sentir injustiçado, já que ele de nada se
recorda. Dessa forma, aos fatos relacionados à própria vida
material estão sendo atribuídas causas situadas em outras existências passadas. Comparamos a questão ao caso de um homem ao qual fosse atribuída uma tarefa a cumprir. Teria que
percorrer um longo caminho cheio de acidentes, tais como
montanhas, vales, rios e planícies. Cruzaria no caminho com
outros tantos homens e deveria guardar-lhes as feições, seus
trajes e todos os seus atributos físicos. No retorno de sua
jornada deveria esse homem relatar tudo o que viu, apesar de
ter feito o trajeto de olhos totalmente vendados.
3. Podemos ter algumas revelações sobre as nossas existências anteriores?
LE: Nem sempre. Muitos sabem, entretanto, o que foram e o que fizeram; e se lhes fossem permitido dizê-lo abertamente, fariam singulares revelações sobre o passado.
Comentário: Saber sobre nossas vidas anteriores significa saber “quem somos”. Em outras palavras significa ter acesso a nós mesmos tanto nos aspectos da vida atual, como também sobre os detalhes a respeito do que nós fomos em outras
38
José Antônio

vidas. Isto se consegue trabalhando a nossa condição cerebral
e o nosso nível energético geral.
4. Nas existências corpóreas de natureza mais elevada que a nossa,
a lembrança das existências anteriores é mais precisa?
LE: Sim, à medida que o corpo é menos material, recorda-se melhor. A lembrança do passado é mais clara para
aqueles que habitam os mundos de uma ordem superior;
Comentário: Nos mundos onde as pessoas usam corpos
físicos perfeitos, sem os bloqueios atuais de nossas matérias, a
lembrança das nossas vidas anteriores é fato comum. Nesses
mundos as pessoas em verdade não morrem como nós entendemos aqui, mas trocam de corpos, após se utilizarem deles por muitos e muitos séculos. Isso se dá não porque o
mundo é superior, mas porque não passou por um acidente
das proporções do que nós passamos. Se acaso passassem por
um acidente incontrolável como o ocorrido aqui, também
poderiam se tornar inconscientes e não mais se lembrarem de
suas vidas passadas. Dentro do que aprendemos a morte de
nossos corpos físicos por esgotamento de sua vitalidade é,
antes de tudo, uma doença curável e não uma fatalidade.
5. Por que não nos recordamos sempre dos sonhos?
LE: Nisso que chamas sono não há mais do que o repouso do corpo, porque o espírito está sempre em movimento. No sonho, ele recobra um pouco de sua liberdade e se
comunica com os que lhe são caros seja neste ou em outros
mundos.
Comentário: Não nos lembramos com nitidez de todos
os nossos chamados “sonhos” porque temos nosso “cérebro
39
Em Busca da Consciência Perdida

seriamente prejudicado, com poucos impulsos energéticos,
baixa frequência e pequena vibração”.(16) Durante a noite
quando nos deslocamos de nossos corpos físicos temos contatos com outras pessoas encarnadas ou não; recebemos informações e presenciamos muitos acontecimentos. Quando
retornamos aos nossos corpos a baixa vibração cerebral apaga
todas as nossas lembranças. Isso às vezes não ocorre e conseguimos lembrar muito do acontecido. Esse fenômeno só é
possível devido a certos picos de energia no cérebro que permitem o registro, no corpo físico, dos fatos ocorridos com a
pessoa na dimensão extrafísica.
NÃO NOS LEMBRAMOS DE NOSSAS VIDAS
PASSADAS PORQUE ESTAMOS UTILIZANDO UM
“CORPO FÍSICO COM GRAVES DEFEITOS NA REGIÃO CEREBRAL, QUE POR UM ACIDENTE PLANETÁRIO, PASSOU A FUNCIONAR COM POUCOS IMPULSOS, BAIXA FREQUÊNCIA E PEQUENA VIBRAÇÃO”.(17)

(16) As Possibilidades do Infinito.
(17) Idem.

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CAPÍTULO 3
O espiritismo no tempo
Devemos entender o espiritismo como um plano elaborado, visando o entendimento do homem e por consequência
trazer a sua autoconsciência. Não é objetivo do movimento
espírita manter o Ser Humano na ignorância, mas habilitá-lo a
tomar as rédeas de seu destino nas mãos e tornar-se senhor de
seus próprios passos. Isso ocorrendo, permite-lhe percorrer o
caminho de sua preferência, ditado apenas por sua vontade
soberana e não o caminho escolhido por outros. Todos nós
temos nossos objetivos pelos quais lutamos sempre; se outros
determinam nossos caminhos com certeza não trilharemos os
nossos, mas os deles.
É importante notar que o espiritismo possui uma estrutura espiritual de orientação e apoio, assim como todos os
grupos religiosos e espiritualistas possuem o seu grupo espiritual de onde emanam as orientações. Não importa se esse
grupo, que está na matéria, acredita ou não na existência do
espírito, sempre haverá o apoio do lado espiritual.
O espiritismo, por se tratar de uma doutrina calcada em
bases científicas e ter por fundamento o despertar do homem
para a realidade do mundo espiritual, sempre foi combatido
pela maioria das religiões. Nesse combate ao espiritismo sempre foram usadas todas as armas, mesmo aquelas que ferem
pela inverdade, com o fim específico de causar dano. A nossa
reação a respeito deve ser sempre a de estender o manto de
nossa compreensão sobre esses acontecimentos, mesmo por
41
Em Busca da Consciência Perdida

que, conforme já dissemos, as religiões têm seus ensinamentos e seus pressupostos, como se fossem frequências próprias,
que só podem ser entendidos pelas pessoas que possuem frequências cerebrais semelhantes. Assim, quando existe essa
compatibilidade de frequência há o entendimento, ocorrendo
então a aceitação. Dessa forma, a frequência do espiritismo
torna difícil o entendimento de seus ensinamentos por outros
grupos religiosos, pois eles se situam em frequências muito
diferentes.
Cabe frisar mais uma vez que o espiritismo tem por objetivo o despertar do homem e esse despertar só interessa a
ele próprio, vez que em boa verdade a ignorância do Ser Humano encarnado é fonte de poder para muitos.
Convém lembrar, nesse momento, a reação do homem
frente aos fenômenos desconhecidos. Reação às vezes insana
quando tem por suporte apenas a fé e não a razão. Foi assim
que muitos fenômenos espíritas foram tratados como “coisa
do Diabo”, e as pessoas neles envolvidas simplesmente eliminadas, tudo em nome de Deus “infinitamente bom e justo”.
Isso mostra de maneira insofismável que a inconsciência do
homem era tamanha que sua razão tornara-se falha e lamentavelmente pobre. O espiritismo tinha que iniciar o seu trabalho junto à humanidade e para que isso se desse nada melhor
que a ocorrência do fato incontestável para que o homem
despertasse para a existência do mundo espiritual. Assim foram surgindo os fenômenos espirituais nos mais diversos lugares como forma de chamar a atenção para o desconhecido,
mas que em síntese faz parte de todos nós. De início os acontecimentos foram negados e tentadas todas as formas para
justificá-los ou mesmo classificá-los como fenômenos ligados
ao próprio mundo físico. Tudo em vão. As evidências eram
tão claras e inusitadas que negar os fatos era impossível. Mes42
José Antônio

mo sobre rigoroso controle científico os fatos ocorriam de
maneira perfeita. Com o tempo foi surgindo a literatura espírita com a linguagem e conceitos muito ao nível do entendimento do homem da época. Foi observada nesse momento a
capacidade de compreender que o Ser Humano possuía. Essa
capacidade de entender é o ponto fundamental no tocante às
religiões. É de todo providencial e oportuno que afirmemos a
importância de cada religião, mas elas só existem devido ao
estado de inconsciência do homem. A capacidade de entender
é dada pela condição da matéria, principalmente a energia
cerebral. Como mencionamos anteriormente, os impulsos
cerebrais formam a frequência e esta a vibração cerebral que
vai delinear um campo maior ou menor de entendimento de
acordo com a sua intensidade. Daí a afirmação de que as religiões reúnem os homens por faixa vibratória, ou seja, na exata
capacidade de entender.
Quando se iniciou a mensagem espírita houve a preocupação em dosar a essência, para que houvesse a absorção
necessária, e utilizar uma forma de linguagem que se adequasse à capacidade de compreensão que possuía a humanidade
naquele momento. Mas o espiritismo não é obra pronta e acabada, e por isso precisa redimensionar a essência e atualizar a
forma, para que muitos ensinamentos possam ser levados ao
homem de maneira mais objetiva e racional. Isto sempre dentro do pressuposto de que a capacidade de entender do homem de hoje é muito maior do que a de antes. Dentro do
movimento espírita ainda existe muito misticismo que precisa
ser expurgado para que a doutrina possa ser clara e inteligível
para todos. É neste ponto que os espíritos mais insistem, pois
pretendem eles trabalhar junto aos encarnados de maneira
natural, sem rituais e encenações desnecessários, usando, inclusive, seus próprios nomes. No tocante à linguagem eles
43
Em Busca da Consciência Perdida

informam que está na hora de abandonar certas formas pitorescas de falar que não são mais necessárias e hoje só atrapalham a comunicação entre o mundo físico e o espiritual. É
bom lembrar que se essas formas existem até os dias de hoje a
responsabilidade é exclusiva do homem encarnado que não
soube se desfazer de mecanismos utilizados quando o seu
entendimento era ainda muito precário. Tornou-se assim dependente dessas formas antigas e já desnecessárias, pois só
assim se sente confiante na real presença da pessoa desencarnada. Desse modo, as pessoas que estão no mundo espiritual
querem essas mudanças, pois acreditam que o homem precisa
ser conscientizado da realidade da outra vida, e não receber
informações veladas que causam maiores interrogações e falta
de entendimento. Em resumo, precisa-se adequar o espiritismo de ontem ao homem de hoje. É bom ressaltar que quando
falamos no espiritismo de ontem não estamos querendo dizer
que o GRANDE PLANO elaborado pelo mundo espiritual
contenha falhas ou erros. Queremos, sim, afirmar que o homem na sua inconsciência muito acresceu de impureza à
“ÁGUA PURA DO CÂNTARO”, direcionando os ensinamentos de acordo com sua vontade e seu entendimento restrito.
A respeito dessa necessidade de mudar é bom ressaltar
que a maioria das religiões já promoveu profundas reformas
tanto de caráter interno como externo, para se adaptar aos
novos anseios da humanidade do presente. O homem dos
tempos atuais busca com maior intensidade respostas novas
para perguntas velhas. Demonstra desse modo que seu interior continua insatisfeito com o nível e a qualidade das informações sobre as questões transcendentais da vida. Nesse ponto o espiritismo precisa relançar-se como um caminho mais
aberto e claro para que o homem atinja o seu despertamento
44
José Antônio

espiritual. É preciso que as pessoas deixem de ver o espiritismo como uma prática espiritual onde predomina o mistério e
passem a perceber que esse intercâmbio entre os mundos
material e espiritual é uma atividade natural e deve ser visto
como um prolongamento de nosso aprendizado na matéria.
O natural para o Ser Humano é tudo aquilo que ele,
através da sua estrutura mental, consegue entender. O sobrenatural, ao contrário, foge ao seu entendimento por mais que
acione o seu mecanismo de raciocínio. Não entendendo o
fato, mas ocorrendo a sensibilização de seu mundo emocional
há então a aceitação, a submissão e o devotamento, instalando-se aí o domínio da fé.
Mas o espiritismo, como já dissemos, não busca a crença pela fé mas a crença pelo entendimento. A verdadeira liberdade é aquela que tem como lastro a capacidade de entender. É de todo oportuno lembrar aquela sábia inscrição
“CONHEÇA A VERDADE E ELA TE LIBERTARÁ”.
Isso significa que devemos conhecer e não apenas acreditar,
pois quem verdadeiramente conhece entende independentemente de qualquer ensinamento doutrinário que tenha recebido. O homem do terceiro milênio precisa entender que o verdadeiro caminho que conduz a todos os pontos desejados, o
livro que contém todas as lições necessárias e o mago capaz
de realizar todos os seus sonhos se encontram reunidos no
seu mundo interno. Para o Ser Humano só existe um segredo:
ele próprio. Desvendando esse grande segredo tudo o mais se
torna simples e de fácil entendimento.
Devemos, como espíritas, meditar profundamente sobre tudo que já foi dito, escrito e aprendido sobre a doutrina
até o momento, lembrando sempre que a razão, muito mais
que nossos sentimentos, deve ter a última palavra. Nesse balanço de tudo que aprendemos não vale acreditar mas enten45
Em Busca da Consciência Perdida

der. O verdadeiro conhecimento vem do entendimento e não
da crença. É dessa análise retrospectiva que surgirão os frutos
que o espiritismo precisa. O espiritismo foi criado perfeito
por líderes do mundo espiritual, mas para chegar até o homem teve que passar pelo juízo do próprio homem. Nesse
momento houve a mistura do joio ao trigo, agregando-se aos
princípios muitas práticas e conhecimentos alheios ao espiritismo. Essa incorporação de regras e ensinamentos estranhos
aos princípios espíritas é extremamente prejudicial às pessoas
que buscam o amparo no espiritismo. A exemplo disso podemos citar casos de pessoas de nosso conhecimento que
após ingressarem em certos grupos espíritas se sentiram de tal
forma tolhidas por tantos “ensinamentos” cerceadores de sua
liberdade individual que culminaram no afastamento delas do
espiritismo. Após se afastarem essas pessoas argumentavam
que “agora se sentiam mais livres para pensar, escolherem seu
modo de vida e os objetivos que queriam alcançar”; desse
modo, abandonando o espiritismo voltavam a ter uma vida
normal. Dentre esses agregados ao espiritismo podemos citar
a chamada “LEI DE CAUSA E EFEITO” ou “CARMA”,
que em síntese é uma camisa de força colocada no homem
que de forma mansa e passiva se deixa guiar como um cordeiro, sempre na direção que os outros querem. Repetimos, não
foi para isso que o espiritismo foi criado. Não foi para restabelecer o reinado do lobo sobre o cordeiro, nem do senhor
sobre o escravo. Foi criado sim para trazer luz à escuridão de
nossa inconsciência, construindo de novo a “ponte luminosa
que liga o MUNDO DA MATÉRIA AO MUNDO DO ESPÍRITO”.(18) É bem verdade que muito tem feito o espiritismo em benefício da humanidade, não se nega isso. Pessoas
(18) A Vida Dentro da Vida.

46
José Antônio

abnegadas têm dedicado suas vidas, tanto aqui como no
mundo espiritual, a essa nobre causa. Mas por que não atender ao chamamento desses dedicados guardiões das leis do
CRIADOR? Por que não permitir que o espiritismo leve
avante sua obra conforme foi planejado? Por que não corrigir
o que está incorreto? Por que não permitir que o espiritismo
traga consolo e auxílio a todos que necessitam, mas respeitando acima de tudo o direito à liberdade de escolherem seus
próprios caminhos, seus modos de vida, suas maneiras de ser,
enfim seus próprios destinos? A esse respeito afirmamos:
“nenhum homem pode dizer a outro o que deve fazer”. Cada
um deve seguir seu caminho guiado apenas pela sua consciência. É verdadeiramente importante observar o paralelo que
existe entre a maioria dos grupos religiosos no tocante às ideias de culpa e pecado, dívida e regate. Pairando sobre tudo isso
e completando o esquema de dominação do homem, muitos
grupos adotaram ainda a figura do Diabo, Deus do mal, vingativo impiedoso com os pecadores. Essa ideia do Diabo foi
tão longamente inculcada na mente do Ser Humano que se
transformou em um registro perene, aprisionando grande
parte da humanidade a essa imagem criada por poucos para
ter o domínio de muitos. Nesse ponto o espiritismo precisa
mudar o seu enfoque quando tratar do comportamento do
homem. Quando se referir à culpa ou dívida deve substituir
por EXPERIÊNCIA NO MUNDO FÍSICO, ao mesmo
tempo quando tratar do chamado resgate utilizar o termo
BUSCA DE ENTENDIMENTO, que é a expressão mais
adequada ao processo de conscientização do Ser Humano.
O movimento espírita deve ser varrido e limpo de todo
ensinamento ou conceito que subjugue, amedronte ou pressione o homem para agir ou pensar de modo determinado, sem
que isso seja de sua livre escolha. É bom lembrar mais uma
47
Em Busca da Consciência Perdida

vez que o espiritismo foi criado justamente para auxiliar o
homem a se livrar desses tipos de ensinamentos errôneos que
nada têm a ver com a realidade da vida.
O ESPIRITISMO FOI CRIADO PARA ACORDAR
OS “MORTOS VIVOS” QUE DORMEM O “SONO
ETERNO”, CRIADO PELO PRÓPRIO HOMEM INCONSCIENTE.(19)
Reputamos de grande importância o espiritismo se desincorporar desses conceitos de ontem que não servem para o
homem de hoje. Como dissemos alhures ouve um tempo em
que o Ser Humano tinha sua matéria tão prejudicada que seu
comportamento muito se aproximou do animal bruto. Nesse
momento esses conceitos subjugadores e restritivos da liberdade foram utilizados e até permitidos pelos nossos líderes
espirituais, mas porque no final se convertiam em benefícios
para o próprio Ser Humano encarnado. Hoje, no entanto, a
moeda tem outro valor, o homem outro comportamento,
outro nível de consciência. Dessa forma, as figuras da culpa,
da dívida e do resgate e similares não contribuem para aproximar as pessoas do mundo espiritual, tampouco para aumentar o nível de consciência. Por outro lado, impedem e direcionam as experiências na matéria, levando os homens a agirem
de acordo com a vontade alheia, e não conforme seus próprios livre arbítrios. Por aí se vê que esses conceitos não podem fazer parte de um conjunto de ensinamentos que pretendem cooperar na conscientização da humanidade.
Existem no seio do espiritismo outras duas figuras que
carecem de uma análise acurada. Referimos à dor e ao sofri(19) A Vida Dentro da Vida.

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José Antônio

mento. Existe um ensinamento que afirma ser a dor e o sofrimento importantes para nossa evolução. Contrariamente
entendemos que essa afirmação não resiste ao menor argumento, senão vejamos: por que algo que nos maltrata e nos
prejudica é importante para o nosso crescimento espiritual?
Será que fomos criados para percorrermos tão dolorosos caminhos, sem que o nosso livre arbítrio possa alterar o curso
dos acontecimentos? Será que temos que sofrer para aprender
ou será que temos a capacidade para aprender de forma natural sem sofrermos castigos atrozes?
Temos a convicção de que esse conceito apológico da
dor não tem agasalho dentro da lógica. Se porventura sofremos não devemos creditar esse fato a uma necessidade de
sofrer, mas simplesmente por termos perdido a nossa autoconsciência e consequentemente o domínio da matéria. Assim, o sofrimento e a dor não fazem parte da programação de
nosso aprendizado.
Objetivando clarear melhor o assunto recorramos ao
seguinte exemplo: um espírito no momento de reencarnar, ou
seja, assumir um corpo material, verifica que esse corpo contém um grave defeito congênito; mesmo assim ele acredita
que poderá resolver esse contratempo. Ao assumir o corpo,
no entanto, constata que nada pode fazer a não ser amargar o
seu sofrimento até o fim daquela matéria. Isto porque estando
dentro dela, ele não sabe mais resolver os problemas que ela
possui devido à escuridão da inconsciência. Como já foi citado anteriormente o corpo físico utilizado atualmente pelo
homem da Terra não oferece condições para que o Ser Humano, ao encarnar, faça uso de seus conhecimentos adquiridos ao longo de suas vidas pretéritas.
Dessa forma, ao assumir uma nova matéria o conhecimento anteriormente adquirido é isolado e não é utilizado de
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Em Busca da Consciência Perdida

forma consciente devido ao bloqueio energético do cérebro
humano.

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CAPÍTULO 4
Reencarnação
Um dos pressupostos básicos do espiritismo é a reencarnação. Aprendemos que o homem reencarna para resgatar
suas dívidas pretéritas, aprender e evoluir.
A esse respeito, podemos dizer que a humanidade pode
ser dividida em dois grandes grupos. “Um que desde o início
recebe o “registro de matéria” e percorre o caminho do crescimento, utilizando a encarnação em vidas sucessivas. Esse
grupo com “registro de matéria” sempre voltará à vivência no
meio físico. O segundo grupo constitui-se daquelas pessoas
(espíritos) que foram criadas sem “registro de matéria” e não
têm como caminho natural a reencarnação, ou seja, a participação direta da vida na matéria”.(20) Essa parte da humanidade, não tendo “registro de matéria” permanece sempre no
mundo espiritual e constitui os guardiões do conhecimento
humano. É a esse grupo que pertencem os ORIXÁS, portadores do CONHECIMENTO. Essa classe de Seres Humanos, pelo grande conhecimento que possui é habilitada a melhor entender as leis emanadas do CRIADOR.
Mas o que nos interessa no momento é o primeiro grupo, aquele que utiliza um corpo físico para suas experiências
no mundo material. A reencarnação, portanto é uma forma de
fixar o espírito, que pertence à dimensão espiritual, a um corpo físico da dimensão material. Por outro lado, não é pelo
(20) A Vida Dentro da Vida.

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Em Busca da Consciência Perdida

simples fato de ocorrer um nascimento de um corpo físico
que houve uma reencarnação. Para que ela se dê é necessário
que um espírito assuma essa matéria, mesmo porque em certas condições existem corpos vivos que não foram assumidos
por alguém, sendo ainda assim aparentemente pessoas como
as demais. A assunção de matéria se dá de forma paulatina,
pois quando ocorre o nascimento de um corpo “a ligação do
espírito se dá de forma lenta e gradual, de maneira que o processo só se encerra por volta dos 14 anos”.(21) Nessa idade
cronológica da matéria o espírito tem então todas as condições para assumi-la por completo. Dessa forma, somente
após essa idade é que a matéria passa a fazer parte efetiva do
Ser Humano. Observando a criança quando se aproxima da
idade de 14 anos verificam-se grandes mudanças tanto no
aspecto físico como principalmente alterações de ordem psicológica, sendo evidente assim que antes não havia a total
investidura na matéria. A esse respeito cabe a seguinte interrogação: por que essas transformações só ocorrem, via de
regra, próximo aos 14 anos de idade, por que não aparecem
aos cinco, ou aos dez ou mesmo aos 18 anos, por exemplo? A
resposta é aquela que colocamos anteriormente: porque a
partir dos 14 anos de idade material é que o espírito reencarnante, assumindo por completo o corpo físico, imprime com
maior firmeza e profundidade os seus caracteres particulares,
tais como: preferências de toda natureza, comportamento e
principalmente os aspectos da personalidade.
Dissemos anteriormente que a reencarnação, além ser
UM CAMINHO DE RETORNO À NOSSA CASA, é solução para muitos problemas da pessoa humana. Existem muitos acontecimentos perturbadores que permanecem registra(21) A Vida Dentro da Vida.

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José Antônio

dos na memória do homem e que somente através da reencarnação podem ser resolvidos. A solução se dá pelo entendimento. Uma vez entendido o porquê da ocorrência daquele
fato deixa de haver a perturbação porque a causa foi eliminada. Voltamos a afirmar que se o fato ocorrido na matéria for
de grande relevo, no mundo espiritual torna-se muito difícil o
entendimento, porque a ocorrência do fato se deu em outra
dimensão, sob as leis que regem a matéria. Desta forma, há
que se restabelecerem as mesmas condições de antes, ou seja,
de quando o espírito habitava a matéria para se dar o devido
esclarecimento e consequentemente o entendimento do fato
ocorrido. Essas condições são então restabelecidas com a
reencarnação e os acontecimentos traumáticos têm solução
pela via do entendimento, ocorrendo assim o aprendizado
pela vivência no meio físico.
Existe, por outro lado, outra maneira de resolver ou
amenizar muitos traumas adquiridos pelo Ser Humano na
vida física. Referimo-nos aos trabalhos espíritas, que utilizando médiuns fornecedores de energia física proveniente de
seus próprios corpos, permitem aos desencarnados, por meio
de um choque energético, despertar e entender sua condição
de espírito imortal. Nesses casos traumáticos está incluído o
problema do sono após a morte do corpo físico. Muitas pessoas após perderem seus corpos materiais simplesmente dormem e não acordam por si mesmas. Isso em virtude dos ensinamentos recebidos quando estavam encarnadas. Essas mensagens são tão engenhosamente ministradas às pessoas que
permanecem surtindo seus efeitos deletérios mesmo no mundo espiritual. “Ao ingressarem na pátria do espírito essas pessoas inconscientemente seguem a programação recebida no
mundo material, como é o caso típico do sono eterno, em que
as pessoas desencarnadas permanecem dormindo. Formam
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Em Busca da Consciência Perdida

estranha população de mortos vivos a habitar região própria
da dimensão espiritual. Esses mortos vivos, na condição de
SONO ETERNO são despertados pelos abnegados trabalhadores espíritas tanto do mundo material como do espiritual.
O espiritismo, como já foi dito anteriormente, teve como
razão principal de sua criação servir de instrumento para o
despertamento dessas pessoas que mesmo após a perda do
corpo material permanecem inconscientes no plano espiritual”.(22)
Retomamos neste ponto à discussão do porquê da reencarnação. Afirmam muitos que reencarnamos para resgatar
dívidas passadas. Isso a nosso ver não combina com a racionalidade do espiritismo. No caso de haver dívidas passadas a
pagar em vidas futuras o indivíduo nunca saberia a quem pagar e nem o que pagar, pois o homem está inconsciente há
milênios, e como tal ele não se lembra de quem era, nem por
que e para que está aqui reencarnado. Na hipótese de estarmos pagando dívidas isso de nada valeria para o nosso crescimento espiritual ou mesmo para nossa conscientização, pois
nem mesmo sabemos se estamos pagando alguma dívida. De
outra forma, também entendemos que dentro da inconsciência não há devedor nem credor. Já os atos praticados de forma consciente, apesar de não gerar dívidas a resgatar, se situam dentro do campo da responsabilidade individual de cada
um. Julgamos de todo importante esclarecer alguns pontos
para que as pessoas possam melhor entender a questão do
pecado, do carma e do chamado resgate de dívidas. Primeiro
não é só pelo fato da pessoa deixar o corpo físico e ingressar
no mundo espiritual que ela passa a entender a grande realidade da vida. Tanto é que existem na dimensão espiritual mui(22) A Vida Dentro da Vida.

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José Antônio

tos grupos de pessoas que ensinam e defendem a existência
do carma, da dívida e do resgate, bem como a necessidade da
dor e do sofrimento para a evolução espiritual. Acreditam
ainda que esses INSTRUMENTOS foram criados pelo Criador para nos tornar seres evoluídos. Esquecem, no entanto,
que esses conceitos foram originados aqui na matéria e vieram
todos da mesma fonte: A INCONSCIÊNCIA HUMANA.
Assim, ao sermos atingidos pelo acidente planetário e tornados inconscientes, tentamos criar explicações para tudo o que
nos acontecia. Nessa busca de explicações, os mais inteligentes inventaram o véu e o conto. Enquanto o véu esconde da
multidão o que lhe é conveniente ver, o conto fornece a explicação julgada, por eles, mais adequada. Assim criou-se, ao
longo do tempo, o teatro da vida onde os homens permanecem imobilizados na inconsciência no decorrer das vidas sucessivas e não encontram a luz que ilumina o caminho que
conduz à autoconsciência, onde o véu é rasgado e o conto
calado.
A reencarnação, ou seja, o uso de matéria é um caminho para o crescimento integral do Ser Humano. Significa que
do rebanho total do Criador fomos apontados desde a criação
para seguirmos a jornada material, na grande escalada em direção ao infinito.

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Questões relativas ao tema
1. Qual a finalidade da encarnação dos espíritos?
LE: Deus a impõe com o fim de levá-los à perfeição:
para uns é uma expiação; para outros, uma missão. Mas, para
chegar à perfeição, eles devem sofrer todas as vicissitudes da
existência corpórea: nisto é que está a expiação.
Comentário: O homem encarna, ou seja, assume um
corpo físico primeiro porque é uma contingência do próprio
Ser Humano que foi criado com “registro de matéria”; segundo porque no mundo físico aprendemos sentindo a matéria,
comungando uma união estreita entre as dimensões física e
extrafísica; e terceiro porque temos necessidade de um corpo
físico e isso independe do conhecimento, sabedoria ou outro
atributo que se dê ao Ser Humano. “Ele sempre sentirá necessidade da matéria e só estará completo com ela”.(23) Como se
vê não encarnamos em um corpo físico para sofrer ou para
expiar qualquer culpa. Encarnamos em um corpo físico porque esse é o caminha natural e desejado por todos nós que
temos “registro de matéria”.
2. Os espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do bem,
têm necessidade de encarnação?
LE: Todos são criados simples e ignorantes e se instruem através das lutas e tribulações da vida corporal. Deus, que
é justo, não podia fazer felizes a uns, sem penas e sem trabalhos e por conseguinte sem mérito.
(23) A Vida Dentro da Vida.

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José Antônio

Comentários: “Os espíritos são criados perfeitos e o
Criador não vê defeitos em sua obra”.(24) Crescem em conhecimento através de experiências adquiridas, nas suas vidas
sucessivas em contato com o mundo físico. Não são penas,
expiações, dor e sofrimento o que aumentará o mérito de suas
conquistas. Até mesmo para os nossos animais está caindo em
desuso a utilização de castigos e maus tratos no processo de
amansamento, substituindo-se com grande vantagem a violência da chibata pela força da paciência e do afago. Daí se
conclui que o homem que também possui, em essência, a
mesma matéria animal também aprende melhor na escola da
compreensão, da alegria e do carinho.
3. Que dizer da teoria segundo a qual, na criança, a alma vai se
completando a cada período da vida?
LE: O espírito é apenas um, inteiro na criança, como no
adulto; são os órgãos os instrumentos de manifestação da
alma, que se desenvolvem e se completam;
Comentário: O fato puro e simples do nascimento de
um corpo de criança não significa que houve uma encarnação
ou reencarnação. É preciso que uma pessoa (espírito) sem um
corpo físico assuma esse novo corpo. Isto se dá por meio de
um processo gradativo que se inicia com o nascimento e se
completa por volta dos quatorze anos de idade.
4. A alma não leva nada deste mundo?
LE: Nada mais que a lembrança e o desejo de ir para
um mundo melhor.

(24) As Possibilidades do Infinito.

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Em Busca da Consciência Perdida

Essa lembrança é cheia de doçura ou amargor, segundo
o emprego que tenha dado à vida. Quanto mais pura for, mais
compreenderá a futilidade daquilo que deixou na Terra.
Comentário: A pessoa ao desencarnar e deixar o mundo
material leva consigo primeiro o pesar de deixar o corpo físico
que lhe era tão caro; segundo leva todas as sensações da matéria o que lhe causa uma série de necessidades físicas como se
nela ainda estivesse e terceiro incorpora ao arquivo próprio
do Ser Humano tudo o que apreendeu em sua experiência na
matéria.
5. Todos os espíritos experimentam, no mesmo grau e pelo mesmo
tempo, a perturbação da alma e do corpo?
LE: Não, pois isso depende da sua elevação. Aquele que
já está depurado se reconhece quase imediatamente, porque se
desprendeu da matéria durante a vida corpórea, enquanto o
homem carnal, cuja consciência não é pura, conserva por
muito mais tempo a impressão da matéria.
Comentário: O estado de consciência da pessoa que
deixa o corpo em definitivo depende do tipo de morte que
deu causa ao desencarne. Certos tipos de doença que causam
o esgotamento físico de forma lenta e gradual torna o transe
pós-morte menos profundo e de mais curta duração. Ao contrário, os desencarnes por acidentes ou por outros tipos de
morte súbita podem levar a pessoa a um estado de inconsciência mais longo e profundo.
6. Como pode a alma, que não atingiu a perfeição durante a vida
corpórea, acabar de se depurar?
LE: Submetendo-se à prova de uma nova existência.
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José Antônio

Comentário: Depurar significa “tornar puro, limpar,
purificar”. O homem encarna para participar da vida na matéria e continuar aprendendo sempre. Para a humanidade que
habita o planeta Terra ela reencarna também para buscar a
autoconsciência, pois somente ela é capaz de mostrar o caminho que leva à perfeição. No sentido moral ninguém encarna
para se depurar, pois se isso fosse verdade teríamos que colocar em dúvida a capacidade criadora do Criador que teria criado uma obra tão imperfeita que necessita de reparos, ou seja,
de limpeza e purificação.
7. Qual a finalidade da reencarnação?
dade.

LE: Expiação, melhoramento progressivo da humani-

Comentário: A reencarnação, ou seja, a vivência no
meio físico é inerente a todo Ser Humano que tem “registro
de matéria”. No momento da criação o Criador atribuiu a uns
o “registro de matéria”, significando que para essas pessoas a
eterna caminhada se fará de braços dados com a matéria; para
os outros o nascimento na matéria densa não é regra geral,
mas a exceção. Isso não por privilégios especiais, mas por não
possuírem o “registro de matéria”. A reencarnação assim
ocorre por um desígnio da criação e tem por finalidade o nosso infinito aprendizado através das vidas sucessivas na matéria.
8. O número de existências corpóreas é limitado, ou o espírito se reencarna perpetuamente?
LE: A cada nova existência, o espírito dá um passo na
senda do progresso; quando se despojou de todas suas impurezas, não precisa mais das provas da vida corpórea.
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Em Busca da Consciência Perdida

Comentário: O número de existências corpóreas do
espírito é ilimitado, mas nem uma única é destinada a lavar
impurezas, ou seja, para purificar. Se isso fosse verdade, seria
tempo perdido, pois teríamos que sempre vir limpar impurezas, assim como ocorre no banho nosso de cada dia, isso porque sempre nos envolvemos em experiências na matéria passíveis de ser entendidas, erroneamente, como carreadoras de
impurezas para nossa organização espiritual.
9. Em que se transforma o espírito depois de sua última encarnação?
LE: Em espírito bem-aventurado; um espírito puro.
Comentário: Como já foi dito anteriormente, não existe
a última encarnação. Sempre haverá outra.
10. Sobre o que se funda o dogma da reencarnação?
LE: Sobre a justiça de Deus e a revelação, pois não nos
cansamos de vos repetir: um bom pai deixa sempre aos seus
filhos uma porta aberta ao arrependimento... O homem tem
consciência de sua inferioridade...
Comentário: Todo aquele que tem sede se utiliza do
líquido. Todo aquele que tem “registro de matéria” usa a reencarnação. O homem não é inferior e afirmar o contrário é
não reconhecer a grandeza do próprio Criador. Somos perfeitos, como tudo que Ele criou, apenas estamos, temporariamente, utilizando um corpo físico com graves defeitos.
11. A reencarnação é, portanto, uma necessidade da vida espírita,
como a morte é uma necessidade da vida corpórea?
LE: Seguramente, assim é.
Comentário: A reencarnação é em verdade uma necessidade de todo aquele que tem “registro de matéria”. A morte,
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José Antônio

ao contrário, não é uma necessidade da vida corpórea, mas é
antes uma doença, isso dentro do que se chama morte natural.
Excetuando, portanto, a morte acidental ou provocada.
12. Nossas existências corpóreas se passam todas na Terra?
LE: Não, mas nos diferentes mundos. As deste globo
não são as primeiras nem as últimas, mas as mais materiais e
distanciadas da perfeição.
Comentário: Antes da criação do mundo físico se dá a
formação do mundo espiritual, onde seres humanos aguardam
o momento propício para o início das encarnações. Quanto
ao estado de perfeição, não são atributos do planeta que o
determinam, mas do estado de consciência do Ser Humano
que o habita. No tocante ao aspecto de ser mais ou menos
material, todo mundo físico assim o é simplesmente, não cabendo portanto a graduação de mais ou menos material.
NENHUM ESPÍRITO REENCARNA PARA RESGATAR DÍVIDAS, MAS PORQUE TEM “REGISTRO
DE MATÉRIA E SÓ NA MATÉRIA ELE ESTÁ COMPLETO”.(25)
13. A cada nova existência corpórea a alma passa de um mundo a
outro, ou pode ela viver muitas vidas num mesmo globo?
LE: Ela pode viver muitas vezes num mesmo globo, se
não estiver bastante adiantada para passar a um mundo superior.
Comentário: Os mundos não são superiores uns aos
outros, mas apenas diferentes dentro do grande concerto da
(25) A Vida Dentro da Vida.

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Em Busca da Consciência Perdida

criação. Os homens no entanto podem ter entendimento diferenciado sobre a vida e tudo que o rodeia, como é o nosso
caso e que foi motivado por um acidente.
14. É uma necessidade reviver na Terra?
LE: Não, mas se não progredirdes, podeis ir par outro
mundo que não seja melhor, e que pode mesmo ser pior.
Comentário: O Ser Humano só é completo quando encarnado na matéria. Assim, entendido, temos necessidade da
matéria. No caso específico da Terra, para aqui viemos como
voluntários e aqui ficaremos até conseguirmos livrar a matéria
do globo terrestre de toda anormalidade. Isso também é nossa
responsabilidade e como seres eternos pesa sobre todos nós
essa obrigação.
15. Há vantagem em voltar a viver na Terra?
LE: Nenhuma vantagem particular, a não ser que se
venha em missão, pois então se progride, como em qualquer
outro mundo.
Comentário: A Terra é o nosso mundo, que abraçamos
por vontade própria e com ele temos um pacto de torná-lo
perfeito como era antes. Por outro lado, o celeiro físico é o
depositário das experiências terrenas e somente nele adentrando temos a benéfica ousadia de vivenciá-las.
16. Não seria melhor continuar como espírito?
LE: Não, não! Ficar-se-ia estacionário, e o que se quer é
avançar para Deus.
Comentário: Mesmo como espíritos temos condições e
oportunidades de aprender sempre, mas continuamos sedentos da matéria, pois é nela que se desenrola a nossa grande
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José Antônio

batalha para a aquisição do conhecimento do Criador e da
criatura.
17. Os seres que habitam os diferentes mundos têm corpos semelhantes
aos nossos?
LE: Sem dúvida que eles têm corpos, porque é necessário que o espírito se revista de matéria para agir sobre ela; mas
esse envoltório é mais ou menos material, segundo o grau de
pureza a que chegaram os espíritos, e é isso que determina as
diferenças entre os mundos que temos de percorrer...
Comentário: “Semelhantes” é bem a palavra, mas não
iguais. Muitas pessoas de outros planetas possuem corpos
semelhantes aos nossos, mas com certos atributos que o homem que habita a Terra não possui. Além disso, a humanidade terrestre está atípica com relação a outros seres humanos,
pois está utilizando um organismo físico com problemas extremamente graves. Quanto ao aspecto moral de pureza esse
conceito não se aplica aos mundos onde o Ser Humano é
consciente na matéria, mas prospera entre nós onde o homem
confunde inconsciência na matéria com inferioridade espiritual, ou seja, confunde a lâmpada que ilumina com a energia que
produz a luz. Se a lâmpada está queimada, a energia por mais
forte que seja não produz luz.
18. Passando de um mundo para outro, o espírito passa por nova infância?
LE: A infância é por toda parte uma transição necessária, mas não é sempre tão estúpida como entre vós.
Comentário: Em todos os mundos físicos habitados o
processo natural da reencarnação ou troca de matéria é sem63
Em Busca da Consciência Perdida

pre o mesmo. Com isso não estamos afirmando que o processo é rigorosamente o mesmo que se conhece aqui.
19. O estado físico e moral dos seres vivos é perpetuamente o mesmo
em cada globo?
LE: Não; os mundos também estão submetidos à lei de
progresso. Todos começaram como o vosso, por um estado
inferior, e a Terra mesma sofrerá uma transformação semelhante, tornando-se um paraíso terrestre, quando os homens
se fizerem bons. É assim que as raças que hoje povoam a
Terra desaparecerão um dia e serão substituídas por seres
mais perfeitos. Essas raças transformadas sucederão a atual,
como esta sucedeu a outras que eram mais grosseiras.
Comentário: O corpo físico dos seres humanos recebem cuidados especiais nos mundos onde predomina a consciência plena. O próprio deperecimento acelerado da matéria
já foi equacionado. No tocante à nossa moral ela só existe
onde existe o estado de inconsciência. A moral faz parte dos
mecanismos desenvolvidos aqui ao longo dos tempos, objetivando direcionar o comportamento do homem, limitando o
campo de suas ações de modo a satisfazer certas regras de
conduta criadas no meio social.
20. Por que a vida se interrompe com frequência na infância?
LE: A duração da vida da criança pode ser, para seu
espírito, o complemento de uma vida interrompida antes do
termo devido, e sua morte é frequentemente uma prova ou
uma expiação para os pais.
Comentário: O grande aproveitamento da reencarnação
se dá após o período da infância quando o espírito que assumiu aquele corpo efetivamente se liga a ele. Tal fato se dá por
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José Antônio

volta dos quatorze anos de idade. Assim, podemos afirmar
que acontece grande número de mortes na infância devido a
pouca resistência da matéria frente aos fatores adversos, como
também pelo fato de que o dono da matéria quase não tem
condição de prover a sua segurança, pois ELE NÃO ESTÁ
NELA, MAS PRÓXIMO DELA.
21. Os espíritos têm sexo?
LE: Não como o entendeis, porque os sexos dependem
da constituição orgânica. Há entre eles amor e simpatia, mas
baseados na afinidade de sentimentos.
Comentário: Os seres humanos são criados com os
sexos definidos. O espírito é o molde e o corpo físico é dotado de todos os elementos que já fazem parte da organização
espiritual.
22. O espírito que animou o corpo de um homem pode animar o de
uma mulher, numa nova existência, e vice-versa?
LE: Sim, pois são os mesmos espíritos que animam os
homens e as mulheres.
Comentário: Não é regra geral, mas o espírito pode
assumir um corpo de sexo diferente do seu. Isso acontece
quando o espírito vê a importância do seu trabalho a ser desenvolvido, acima do atributo sexual. Existem várias características que são do espírito, como é o caso do sexo.
23. Quando somos espíritos, preferimos encarnar num corpo de homem ou de mulher?
LE: Isso pouco importa ao espírito; depende das provas
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Em Busca da Consciência Perdida

que ele tiver de sofrer.
Comentário: Preferimos sempre seguir a harmonia da
vida, encarnando em um corpo que possamos usar na sua
plenitude.
24. Por que é que pais bons e virtuosos têm filhos perversos? Ou seja,
por que as boas qualidades dos pais não atraem sempre, por simpatia, bons espíritos como filhos?
LE: Um mau espírito pode pedir bons pais, na esperança de que os seus conselhos o dirijam por uma senda melhor,
e muitas vezes Deus o atende.
Comentário: No grande concerto da vida não existe o
mau e o perverso, existe isto sim, o desequilíbrio que mancha
a realidade.
25. Qual é a origem das faculdades extraordinária dos indivíduos,
que, sem estudo prévio, parecem ter a intuição de certos conhecimentos, como as línguas, cálculos, etec.?
LE: Lembrança do passado; progresso anterior da alma,
mas do qual ela mesma não tem consciência.
Comentário: As aptidões de certos indivíduos para certas atividades aqui no mundo físico vêm da combinação das
matérias do pai e da mãe que lhe propiciam um corpo físico
com áreas cerebrais favoráveis à lembrança daqueles conhecimentos adquiridos em outras vidas. Não existe gênio em
assunto para ele desconhecido.
26. Com a mudança dos corpos, podem perder-se certas faculdades intelectuais, deixando-se de ter, por exemplo, o gosto pelas artes?
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José Antônio

LE: Sim, desde que se tenha desonrado essa faculdade,
empregando-a mal.
Comentário: Perder não é o caso, mas esquecer temporariamente. Mas, por outro lado, temos sempre a sensação de
que sabemos fazer ou realizar aquela atividade.
27. Como a alma é recebida, na sua volta ao mundo dos espíritos?
LE: A do justo, como um irmão bem-amado e longamente esperado; a do mau, como um ser que se despreza.
Comentário: A pessoa após a perda da matéria é recebida na dimensão extrafísica como o viajante que regressa, depois de longa viagem, ao seio de seus amigos e familiares.
28. As almas que devem unir-se estão predestinadas a essa união,
desde a sua origem, e cada um de nós tem, em alguma parte do
universo, a sua metade, à qual algum dia se unirá fatalmente?
LE: Não; não existe união particular e fatal entre duas
almas. A união existe entre todos os espíritos, mas em graus
diferentes, segundo a ordem que ocupam...
Comentário: Trata-se de assunto de extrema complexidade, mas pode-se dizer que todos nós desde a criação somos
dois em um. Temos a nossa alma gêmea, que é tudo que nós
somos, guardando porém polaridade contrária à nossa.
29. Poderia acontecer que uma criança, que deve nascer não encontrasse espírito que quisesse encarnar-se nela?
LE: Deus proveria isso. A criança, quando deve nascer
para viver, tem sempre uma alma predestinada: nada é criado
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Em Busca da Consciência Perdida

sem um desígnio.
Comentário: Já dissemos anteriormente que o simples
nascimento de um corpo não caracteriza uma reencarnação.
Existem mesmo muitos corpos que sobrevivem por muito
tempo sem que um espírito esteja nele encarnado. Esse fato
não é notado pelas pessoas que convivem com essas matérias
que têm apenas vida física. No entanto, quando é gerado o
corpo para uma criança e que ainda não foi assumido por
alguém, normalmente um voluntário o assume, isso em respeito à matéria humana.
30. O momento da encarnação é seguido de perturbação semelhante ao
que se verifica na desencarnação?
LE: Muito maior, e sobretudo mais longa. Na morte, o
espírito sai da escravidão; no nascimento, entra nela.
Comentário: À medida que o corpo físico da criança vai
atingindo a idade que permite ao espírito assumi-lo, vai ocorrendo um esquecimento do mundo espiritual e, ao mesmo
tempo, uma conscientização da matéria. É como se o espírito
“apagasse” no mundo espiritual e “acendesse” no mundo
físico.
31. Em que momento a alma se une ao corpo?
LE: A união começa na concepção, mas não se completa senão no momento do nascimento.
Comentário: A união do espírito à matéria não ocorre
com a concepção e tampouco com o nascimento. Essa união
só se completa quando o corpo físico atinge os quatorze anos.
É justamente nesse período que ocorrem as grandes trans68
José Antônio

formações de ordem psicológica. Enquanto não se dá essa
união o espírito apenas assiste à matéria, ligado energeticamente a ela. Essa tarefa inclusive pode ser delegada a outro
espírito se o dono do corpo físico precisar se afastar temporariamente por algum motivo.
32. A união entre o espírito e o corpo é definitiva desde o momento da
concepção? Durante esse primeiro período o espírito poderia renunciar a tomar o corpo que lhe foi designado?
LE: A união é definitiva, no sentido de que outro espírito não poderia substituir o que foi designado para o corpo...
Comentário: Como foi dito anteriormente o espírito
apenas exerce uma “vigilância” sobre a matéria, enquanto não
se completa a sua total formação, o que se dá por volta dos
quatorze anos. Nesse intervalo de tempo, se houver necessidade, o próprio espírito reencarnante pode ser substituído por
outro sem nenhum prejuízo para a matéria.
33. No intervalo da concepção ao nascimento, o espírito goza de todas
suas faculdades?
LE: Mais ou menos, segundo a época, porque não está
ainda encarnado, mas ligado ao corpo.
Comentário: No lapso de tempo que medeia a concepção e o nascimento o espírito reencarnante tem total liberdade, pois é apenas um observador atento ao processo de formação de sua futura matéria.
34. Há, como indica a ciência, crianças que desde o ventre da mãe
não tem possibilidade de viver? E com que fim isso acontece?
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Em Busca da Consciência Perdida

LE: Isso acontece frequentemente, e Deus o permite
como prova, seja para os pais, seja para o espírito destinado a
encarnar.
Comentário: A natureza de forma inexorável segue seu
curso independentemente de nossos desejos. Existem certas
anomalias ou doenças hereditárias, já devidamente caracterizadas pela nossa ciência médica, que não permitem o prosseguimento normal do processo de gestação. Esse fato é também observado no processo reprodutivo dos animais. Não
podemos assim creditar esses acontecimentos naturais a um
procedimento de apenação de alguém, mesmo porque muitos
desses casos quando submetidos a um tratamento criterioso
são sanados e a gestação é coroada de êxito.
35. Há crianças natimortas, que não foram destinadas à encarnação
de um espírito?
LE: Sim, há as que jamais tiveram um espírito destinado
aos seus corpos: Nada devia cumprir-se nelas. É então somente pelos pais que essa criança nasce.
Comentário: A morte intrauterina ocorre, via de regra,
por problemas de ordem material ou mesmo por acidente e
não por falta de designação de um espírito para ocupar o corpo. A bem da verdade, o corpo pode nascer com vida e assim
permanecer por muito tempo sem que haja um espírito designado para ocupá-lo.
36. Toda criança que sobrevive tem, portanto, necessariamente, um
espírito encarnado em si?
LE: Que seria ela sem o espírito? Não seria um ser humano.
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José Antônio

Comentário: Em todos os casos em que o corpo físico
sobrevive sem que haja uma pessoa para assumi-lo, aí não
existe o Ser Humano, mas apenas matéria animal.
37. O aborto provocado é um crime, qualquer que seja a época da
concepção?
LE: Há sempre crime, no momento em que se transgride a lei de Deus. A mãe, ou qualquer outro, cometerá sempre
um crime, ao tirar a vida à criança, antes do seu nascimento,
porque isso é impedir a alma de passar pelas provas de que o
corpo devia ser instrumento.
Comentário: O aborto se situa no campo da moral e,
em segundo plano, nos campos econômico e político. Sob o
manto da moral muitas nações definem o aborto como crime
e criam as penas correspondentes ao delito. Enquanto isso
outras nações fronteiriças admitem a prática do aborto. Uma
observação mais criteriosa vai revelar que as nações com
grandes espaços vazios a serem ocupados proíbem o aborto,
enquanto que as nações com excesso de população quase
sempre o admitem. Presentes esses fatos pergunta-se onde
está o certo e o errado? Estaria por acaso na inspiração dos
legisladores ou na vontade dos governantes? Acima disso tudo paira uma verdade: todo o processo de concepção e gestação é ato voluntário e nunca uma obrigação. Em um estado
em que a pessoa esteja consciente de seus atos, ninguém deve
dizer a ela o que deve ou não deve fazer.
38. Qual o caráter dos indivíduos em que se encarnam os espíritos
brejeiros e levianos?
LE: São estouvados, espertos, e algumas vezes, seres
71
Em Busca da Consciência Perdida

malfazejos.
Comentário: Entendemos que tanto as pessoas sem matéria, ou seja, que estão temporariamente no mundo espiritual
como também aquelas que estão ocupando um corpo físico
não devem ser rotuladas. Ao proceder-se desta forma, sujeita-se a cometer sérios enganos, pois como bem se vê trata-se de
um julgamento exterior da pessoa. A análise em profundidade
das causas e razões do seu comportamento revelaria uma realidade totalmente diversa do julgamento inicial.
39. É o mesmo espírito que dá ao homem as qualidades morais e as
da inteligência?
LE: Seguramente que é o mesmo, e na razão do grau a
que tenha chegado. O homem não tem em si dois espíritos.
Comentário: as chamadas “qualidades morais” como já
dissemos depende tanto das últimas encarnações como da
presente vida na matéria. Se, por acaso, viveu em um meio
ambiente - espaço e tempo - em que havia costumes baseados
em uma moral severa, o espírito ira levar para a vida futura
esses princípios como “registros” adquiridos no caminho
percorrido. Esses registros não devem ser classificados como
bons ou ruins, mas apenas “registros” de experiências vividas.
A criança, criada dentro de padrões rígidos de comportamento, via de regra irá se pautar, na idade adulta, dentro daqueles
padrões gravados em sua memória. Dessa forma, as “qualidades morais” não são do espírito, mas foram agregadas a ele. O
ser humano em estado de consciência desperta não necessita
de nossos ensinamentos morais, pois ele tem gravado no
âmago do seu ser todo o ideal divino no ato da criação.
Quanto à inteligência, que não devemos confundir com
conhecimento, ela é atributo de todo espírito, mas para ex72
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  • 2.
  • 3. José Antônio Cunha e Silva EM BUSCA DA CONSCIÊNCIA PERDIDA (PORQUE MUDAR A LINGUAGEM ESPÍRITA) Revisão e digitação Luís Cavalcanti Março de 2011 COLEÇÃO ITIQUIRA Thesaurus
  • 4. © 1993 by José Antônio Cunha e Silva Capa: Maurício Júnior Composição: Autor Revisão: Cláudio Fontes Faria e Silva e autor Editoração eletrônica: Marcelo Alegria Montagem e arte-final: Maurício Júnior Distribuição: Editora e Distribuidora Kópyon Ltda. (Cx. Postal: 6238) S586e SILVA, José Antônio Cunha e Em busca da consciência perdida: por que mudar a linguagem espírita/ José Antônio Cunha e Silva. – Brasília: Thesaurus, 1993. 108p. 1 – Metafísica da vida espiritual 1 – título CDU 130.12 Todos os direitos reservados ao autor. Composto e impresso no Brasil Printed in Brazil
  • 5. EM BUSCA DA CONSCIÊNCIA PERDIDA (PORQUE MUDAR A LINGUAGEM ESPÍRITA)
  • 6. “Dedico este livro a todos aqueles que ousaram empreender a conquista da autoconsciência e que lutarão por isso, enquanto forças tiverem.” Jacs “O corpo físico é o nosso templo. A luz da consciência é o nosso guia.” Jacs
  • 7. Sumário Nota do autor ............................................................................. 10 Preâmbulo .................................................................................. 11 Prefácio....................................................................................... 14 Introdução .................................................................................. 18 CAPÍTULO 1 – Fatos ocorridos antes do surgimento do espiritismo .................................................................................. 21 Questões relativas ao tema .................................................... 25 CAPÍTULO 2 – O surgimento do espiritismo ............................... 32 Questões relativas ao tema .................................................... 37 CAPÍTULO 3 – O espiritismo no tempo ....................................... 41 CAPÍTULO 4 - Reencarnação ....................................................... 51 Questões relativas ao tema .................................................... 56 CAPÍTULO 5 – O carma ou lei de causa e efeito ......................... 75
  • 8. Questões relativas ao tema .................................................... 85 CAPÍTULO 6 – O bem e o mal ..................................................... 89 Questões relativas ao tema .................................................... 94 CAPÍTULO 7 – A fé e o conhecimento ...................................... 114 Glossário ................................................................................... 121
  • 9. EM BUSCA DA CONSCIÊNCIA PERDIDA não é uma obra circunscrita aos atuais limites do espiritismo. Tem a ousada pretensão de dar início às mudanças, necessárias, à linguagem espírita. Procura, também, não perder de vista o ponto fundamental da questão que é o despertar da consciência do Ser Humano. Traça um paralelo entre os princípios básicos constantes do LIVRO DOS ESPÍRITOS e os ensinamentos recebidos pelo autor, nos mundos físico e extrafísico, sobre o assunto. Revela notar que esse entendimento é, muitas vezes, complementar e outras vezes divergente do disposto no LIVRO DOS ESPÍRIOS. Entendemos que a grande obra chamada “ESPIRITISMO” precisa ser revista em seus fundamentos básicos, para que possa retornar à sua trilha de origem. Esse desvio deve ser creditado ao próprio homem que na sua ânsia de saber muito acrescentou à ÁGUA PURA DA FONTE. O fato que faz a diferença entre uma obra e outra é o nível de contribuição para elevação da consciência do Ser Humano em uso de matéria. Para se chegar ao caminho da consciência é preciso estabelecer um divisor de águas, situando de um lado aquilo que caracterize atividade secundária e do outro o somatório das ações que efetivamente contribuem para elevar o entendimento do Ser Humano sobre o semelhante, sobre a vida que o cerca e finalmente sobre o próprio Criador. O passo seguinte é dar o justo valor a cada parte. Aí reside o grande segredo. O autor
  • 10. Nota do autor Para facilitar a compreensão do fundamento desta obra, achamos por bem colocar esta nota que nomeia as fontes e esclarece ao leitor o tipo de leitura que ele tem pela frente. Este livro tem a pretensão de trazer para o seio do espiritismo uma nova visão sobre seus princípios básicos, alterando a forma pela mudança da linguagem para que a essência resplandeça com o brilho do novo entendimento. Esse caminho da mudança é rota obrigatória por onde precisa passar o espiritismo, pois a inércia particular é estagnação quando todo o conjunto avança. O conteúdo do livro tem como fontes •Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. São Paulo: Allan Kardec, 1957. 425p. •M.A.O, Bianca. As Possibilidades do Infinito: de um Contato de Terceiro Grau à Conquista da Autoconsciência. São Paulo: Kopyin, 1987.119p. •M.A.O, Bianca. A Vida Dentro da Vida. São Paulo: Kopyon, 1990.119p. •O conjunto de ensinamentos ministrados tanto no mundo físico como no mundo extrafísico que formam a própria base filosófica da “TFCA – Técnica Física para a Conquista da Autoconsciência”. •A experiência vivenciada e os ensinamentos recebidos pelo autor em mais de doze anos de aprendizagem no mundo espiritual durante as saídas do corpo físico. •A participação nos trabalhos espíritas tanto no mundo material como no mundo espiritual. 10
  • 11. Preâmbulo Como tudo aconteceu Pelos idos de 1979, após intensa procura de conhecimento sobre o mundo espiritual, tornei-me espírita. Antes, porém, tive a oportunidade de ler muitos livros sobre o assunto. Filiei-me, inclusive, a várias organizações espiritualistas, frequentei cursos de parapsicologia, viagem astral, enfim procurei conhecer tudo que se relacionasse ao espírito e ao mundo espiritual. Sobre a doutrina espírita consegui ao longo dos anos razoável conhecimento tanto pelo estudo das obras básicas como também pelas experiências vividas nos trabalhos espiritistas de orientação Kardecista e umbandista. Mesmo sendo espírita e ter conseguido obter a certeza da continuidade da vida no mundo espiritual, dentro de mim ainda havia ânsia e desejo de descobrir uma forma de acesso ao mundo espiritual. Acreditava eu que, assim procedendo, obteria todas as informações que desejasse sobre minha pessoa. Foi com esse estado de espírito que, em fins de 1980, tive contato com a “TÉCNICA FÍSICA PARA A CONQUISTA DA AUTOCONSCIÊNCIA”. Em pouco tempo de prática dos exercícios ensinados, tive a oportunidade de comprovar a eficiência do método. Descobri que além de ser um caminho objetivo e seguro para contato com o mundo espiritual, era também uma via de acesso à minha própria pessoa 11
  • 12. Em Busca da Consciência Perdida tanto na configuração atual, como também na de outras vidas que vivi em outras eras, em corpos diferentes. Enfim, era a minha história que se descortinava à minha frente e eu, como um espectador solitário, podia reaprendê-la em todos seus detalhes. Transcorreram-se os anos e os ensinamentos e experiências do mundo espiritual foram se avolumando, trazendo, por consequência, um maior entendimento sobre os mundos material e espiritual. Ensinamentos nunca dantes imaginados foram recebidos durante o período de repouso da minha matéria (corpo físico), formando novos registros em minha memória. Novo ângulo se abriu por onde eu podia ver a vida em cores novas, convidando-me, de forma imperativa, a mudar. Mudança essa, necessária do meu próprio conceito de passado, presente e futuro. Da mesma forma, a compreensão das dimensões material e espiritual foi se tornando cristalina, afastando para longe as incômodas interrogações. Esses ensinamentos que venho recebendo nos momentos em que saio de minha matéria e entro na dimensão espiritual, levaram-me a compreender que a vida é única e interpenetra dois mundos semelhantes, o material e o espiritual, que se individualizam apenas pela frequência vibratória. É obedecendo a esse princípio que o Ser Humano se acopla, em essência, a uma matéria (corpo) de outra frequência (material), cujo processo chamamos ENCARNAÇÃO. É fácil imaginar que meu entendimento como espírita fatalmente iria mudar. Isso ocorreu de uma forma muito acentuada, pois tive a grata oportunidade de assistir, diretamente no mundo espiritual, a vários fenômenos descritos nos livros da doutrina. Essas experiências e ensinamentos adquiridos nos momentos em que deixei meu corpo físico contribuí12
  • 13. José Antônio ram de maneira decisiva tanto para aumentar meus conhecimentos como também para alargar meus horizontes pessoais. Em meados de 1988, em reunião no mundo espiritual, fui convocado por um espírito que lidera o movimento espírita na Terra a cooperar com o espiritismo de forma mais direta e objetiva. De início, deveria escrever sobre esse outro lado da vida, enfocando pontos importantes dos ensinamentos espíritas, dentro do meu entendimento adquirido nas experiências extracorpóreas. Em um segundo momento, deveria então dar início aos trabalhos práticos dentro do espiritismo já utilizando uma nova linguagem. Essa nova forma de intercâmbio com o mundo espiritual se processará de maneira bem diferente da atual. As pessoas que estão do outro lado da vida e que irão atuar no mundo físico se apresentarão como elas realmente são. Não haverá necessidade de representarem um papel, usando inclusive nomes fictícios como, em geral, ocorre em nossos dias. A convocação, sem aviso prévio, causou-me surpresa. Tomei, no entanto, a resolução de aceitar o encargo, mesmo sabendo que fico muito a dever a pessoal ideal para o trabalho. Procurei, por outro lado, encarar a questão como uma tarefa que alguém teria que realizar. Assim, dentro dos meus limites, propus-me cumprir esse compromisso, oferecendo o de meus esforços. 13
  • 14. Prefácio Muitos anos, doze ao todo, vivo o que poderíamos chamar de uma maravilhosa aventura de um caçador. Transformei-me, ao longo do tempo, em um caçador de mim mesmo. Se antes eu era a caça assustada frente aos embates da vida, sem destino certo, a caminhar por onde caminhassem as outras pessoas, hoje sou o caçador que finalmente encontrou sua caça. Mas, e o futuro? O futuro eu o tenho preso em minhas mãos. Mas é de todo importante testemunhar o que ocorre com a pessoa quando ela, conscientemente, tem a oportunidade de presenciar a chegada de consciência. São inúmeras as mudanças de profundidade que vão acontecendo ao longo do tempo, tanto no corpo físico como no próprio Ser Humano que o possui. Pode-se distingui-las umas das outras de forma perfeita. Inicialmente quase tudo é imperceptível. É muito sutil para que os sentidos bastante adormecidos possam perceber tantas mudanças. Mas ao prosseguir na grande viagem da busca da consciência começa-se a perceber o imperceptível, a sentir o insensível e a ver o que antes era invisível. Uma grande certeza de que realmente somos seres humanos paira sobre nós. Um grande sentimento de conhecimento ao Criador se aloja em nosso interior, trazendo uma vaga lembrança de que o conhecíamos antes e que o tínhamos esquecido, mas que agora novamente o encontramos. Podemos representar a caminhada em direção à autoconsciência como uma estrada que circula ao redor de nós 14
  • 15. José Antônio mesmos. A cada volta que percorremos em vez de nos afastarmos de nós mais nos aproximamos e, por outro lado, passamos a enxergar mais longe. Com isso nos sentimos melhores do que as demais pessoas que nos rodeiam? Não, mas passamos a entender com maior profundidade a enormidade dos problemas que afligem o Ser Humano. Dentre eles o mais terrível. A INCONSCIÊNCIA. Mas atravessar o pântano da inconsciência para singrar os mares da consciência plena não é tarefa fácil. É abrir as próprias entranhas, é rasgar o livro da morte e reescrever o livro da vida. É morrer e nascer de novo no mesmo corpo. Nessa aventura temos que nos despir de todos os nossos agregados psicológicos, temos que expulsar os nossos egos, retirar e lançar fora as nossas máscaras e extinguir a vida de todas as nossas personagens para que vivamos somente “nós”, seres humanos eternos. É uma luta de David e Golias? Verdadeiramente é. A vitória, no entanto, está ao alcance de todo aquele que ousar querê-la. Toda boa luta conduz a uma grande vitória, sabendo onde nos levam os nossos passos, tudo fica mais fácil, as dificuldades naturais da caminhada se nos apresentam como contratempos de uma viagem que tem tempo para terminar. Quando nos pomos a caminho ao nascer do sol a noite jamais nos alcançará. É o voo da águia que eternamente irá voar. Verdadeiramente precisamos quebrar o ciclo do NASCE-RENASCE. E para isso mudar é preciso. A mudança inicia quando o homem começa a conhecer a si mesmo, pois nele está o conhecimento de seu semelhante, os mistérios da vida e o possível entendimento do próprio Criador. 15
  • 16. Em Busca da Consciência Perdida Para o Planeta Terra só existe uma saída: A HUMANIDADE SE TORNAR CONSCIENTE. Para a humanidade só existe uma saída: O HOMEM SE TORNAR CONSCIENTE. Para o homem só existe uma saída: ELE SE TORNAR CONSCIENTE. Essas três afirmações nos conduzem a uma conclusão: Todos os desequilíbrios, as anormalidades, os desvios, as mazelas, o sofrimento e a dor que afligem o Ser Humano têm uma única origem e um único responsável: A INCONSCIÊNCIA HUMANA. Tudo o mais que se atribui como causa e como responsável por esses fatos que ocorrem com a nossa humanidade é apenas uma tentativa de encontrar uma explicação para o que não se conhece e ao mesmo tempo responsabilizar alguém por uma culpa que não existe. Essa afirmação derruba por Terra toda cultura humana relacionada ao DESTINO, AO CARMA, À LEI DE CAUSA E EFEITO, AO PECADO E AO CASTIGO. Na escuridão da inconsciência não pode ser culpado aquele que se desvia do caminho, ou que fere alguém por não o reconhecer como irmão. A luz da consciência não pode ser doada, mas sim conquistada. Isto porque a conquista significa aquisição de forma paulatina e a consequente adaptação, enquanto a doação significa a mudança, de forma abrupta, da escuridão para a luz o que levaria a pessoa à cegueira, ao desequilíbrio e provavelmente à loucura. O espiritismo é um socorro que veio do “alto”. É um caminho suave que permite ao mundo espiritual vir até ao mundo físico, refazendo novamente a ligação entre o homem e a sua origem, preparando-o para a chegada da consciência. 16
  • 17. José Antônio Quando o homem avança e sobe os degraus da consciência ele precisa voar e o espiritismo nesse momento deve fornecer as asas que o conduzirão aos campos do verdadeiro entendimento e da sabedoria maior. 17
  • 18. Introdução Uma triste realidade se apresenta ao homem no ocaso da vida física e uma interrogação paira em sua mente: qual será o seu destino após o fenômeno chamado morte? Mediante simples retrospecto ao passado ele conclui, de forma irremediável, que durante o estágio na matéria densa não obteve o conhecimento e preparo para esse momento de tão grande importância. Daí surgem dramas e tragédias, pois o desconhecido lhe causa medo, angústia e sofrimento. Nada mais aterrador do que perder a individualidade na estrutura íntima do ser, expulsando para terras distantes o bom senso e a razão. Nesse estado de quase desespero mental, procura agarrar-se às ideias antigas que sempre ouviu; ora o paraíso maravilhoso e indolente que se lhe apresenta; ora é Lúcifer, convidando-o para o resgate iminente de seus pecados nos caldeirões do inferno. De repente, de sua mente encurralada, surge uma esperança salvadora: o sono eterno. Sim, como tantas vezes ouvira falar, o sono eterno o conduzirá ao porto seguro do juízo final, quando então – milagre dos milagres – mesmo morto em matéria, erguerá seus andrajos humanos e voltará à vida. Apesar dessas ideias desfilarem por sua mente cansada e sofrida, no mais íntimo do seu ser ecoa um pungente pedido de socorro, pois o espírito imortal sabe que, assim como o náufrago precisa de algo sólido para se apoiar, ele precisa da verdade para se sustentar. Toda essa conduta do homem perante a inevitável perda da vestimenta física foi analisada em profundidade pelos líderes do mundo espiritual. A análise não se restringiu ao 18
  • 19. José Antônio crepúsculo da vida material, mas se estendeu ao comportamento do Ser Humano, enquanto encarnado, onde se verificou que a razão cedia lugar aos instintos e os sentimentos se transformavam em paixões cegas, filhas diletas da matéria. Tal atitude contrariava as leis naturais conferidas pelo Criador, ao mesmo tempo em que prejudicava o próprio homem na sua caminhada em direção ao CONHECIMENTO MAIOR. Foi assim, que esses líderes do Mundo Espiritual decidiram criar um plano que pudesse constituir-se em um seguro contra essa programação nefasta imposta ao Ser Humano encarnado, ao mesmo tempo em que propiciaria a cura dos seus efeitos perniciosos. Esses ensinamentos distorcidos e distantes da grande realidade que permeia as dimensões material e espiritual são tão danosos, que além de afetar a vida física, se incorporam à pessoa humana, acompanhando-o até o mundo espiritual após a perda do corpo físico, onde passam a constituir verdadeiras prisões mentais. Chega-se ao ponto de pessoas desencarnadas permanecerem “mortas” na dimensão espiritual em virtude das “orientações” recebidas no mundo físico. O despertar dessas pessoas é difícil e doloroso e só se torna possível pela colaboração abnegada dos trabalhadores do mundo espiritual, que não medem esforços para auxiliar o homem a readquirir a sua consciência. A aceitação desses ensinamentos distorcidos só acontece devido ao estado de inconsciência humana, pois uma pessoa que tem consciência plena não dá guarida a esse tipo de ensinamento. Esse auxílio espiritual foi e ainda é necessário, “pois um acidente planetário tornou o homem inconsciente” e a noite da inconsciência roubou o seu passado e o seu conhecimento.(1) Urgia, desse modo, auxiliar-lhe a enfrentar o grande de(1) As Possibilidades do Infinito. 19
  • 20. Em Busca da Consciência Perdida safio de viver sem saber “QUEM ERA, O QUE ERA E POR QUE” estava aqui na matéria, encarnado em um mundo cheio de contradições onde a fragilidade da razão caminhava ao lado de poderosos sentimentos e emoções doentios.(2) Assim nasceu o espiritismo, movimento integrador do Ser material e espiritual. Um consolador. O espiritismo assim criado foi se constituindo em linha de trabalhos com suas cores próprias, muitas vezes de difícil aceitação pelo nosso pequeno entendimento, mas nem por isso distante do objetivo primeiro que é a busca da consciência perdida. A história da semente do espiritismo, no entanto, se perde na noite dos tempos. “Das onze raças que iniciaram o povoamento da Terra foi somente a raça negra, por suas características de bondade e passividade, que manteve o registro do mundo espiritual. Foi através dessa raça que o nosso contato com a dimensão extrafísica pôde ser reiniciado e mais tarde estruturado o próprio espiritismo com suas diversas linhas de trabalho. O grupo de pessoas que tinha como objetivo o trabalho nos mundos físico e espiritual, ao mesmo tempo, escolheu a matéria negra para suas encarnações, uma vez que ela possuía aqueles atributos já mencionados”.(3) (2) A Vida Dentro da Vida. (3) Idem. 20
  • 21. CAPÍTULO 1 Fatos ocorridos antes do surgimento do espiritismo Para todo fato ou efeito existe uma causa e para dar a explicação do porquê do espiritismo, temos que retornar no tempo, viajar ao passado, navegando o rio dos milênios até o momento em que o homem habitava a Terra e era senhor do seu destino porque era autoconsciente e tinha o CONHECIMENTO. “O Ser Humano dessa era provinha de onze raças originárias de onze planetas diferentes”.(4) Tinha o corpo físico em perfeito funcionamento, o que lhe permitia manter intactos os seus registros cerebrais quando realizava a troca de matéria (morte e nascimento). Esse perfeito funcionamento cerebral lhe permitia manter todo o conhecimento adquirido nas encarnações passadas. Era, portanto, autoconsciente. “No início, antes dessas raças se fixarem aqui, foram trazidas primeiro as espécies da flora e fauna desses planetas, que aqui prosperaram e se multiplicaram, complementando a formação de nossos mundos vegetal e animal. Logo que aqui chegaram, verificaram que já existia o mundo espiritual, mas não existia a vida do homem na matéria. Iniciaram, a partir desse momento, a produção de matéria, ou seja, corpos físicos para que os espíritos próprios do nosso planeta pudessem iniciar as encarnações”.(5) Cabe aqui uma explicação do por (4) A Vida Dentro da Vida. (5) Idem. 21
  • 22. Em Busca da Consciência Perdida quê desse procedimento. Na formação dos planetas primeiro forma-se o mundo espiritual e depois a massa material do globo. Pronto o mundo físico, faltam, no entanto, corpos materiais para que os espíritos que formam a população extrafísica possam iniciar suas romagens no mundo material. É nesse momento que a colaboração dos habitantes de outros planetas se faz necessária, oferecendo aos espíritos do orbe iniciante corpos físicos para que através do nascimento tenham suas primeiras vivências no mundo material. Esse início não seria possível sem a participação de outros mundos habitados pelo homem filho do mesmo CRIADOR. Importante observar que “as onze raças que iniciaram o povoamento da Terra foram distribuídas por diversas áreas geográficas, observando-se a semelhança entre os diversos fatores ambientais do nosso orbe tais como: clima, relevo e vegetação aos de seus ambientes de origem”.(6) Assim se explica a razão de existirem tantas raças em nosso planeta com diferenças tão marcantes entre elas. Foi no decorrer dessa era que “o nosso planeta sofreu um terrível acidente motivado por explosões solares que romperam a camada atmosférica protetora da Terra”, fato que é observado até os dias atuais e preocupa a comunidade científica de vários países.(7) Esse rompimento permitiu a passagem de grande quantidade de radiação, o que causou, e continua causando até os nossos dias, danos irreparáveis ao homem que aqui habitava a matéria. O corpo físico sofreu grandes prejuízos, mas os danos causados ao cérebro humano foram incalculáveis. Todos os registros que formavam a memória foram apagados e o homem mergulhou na terrível era (6) A Vida Dentro da Vida. (7) As Possibilidades do Infinito. 22
  • 23. José Antônio da inconsciência. Não mais sabia sua origem e tampouco seu passado. Todo seu conhecimento foi bloqueado. De todos os registros de sua memória apenas um permaneceu, a lembrança de que o socorro vinha do CÉU – princípio que até hoje norteia muitas religiões. Cabe uma explicação para o fato; naquela época os diversos planetas que participaram da colonização da Terra enviavam, de tempos em tempos, equipes para acompanhar o desenvolvimento dos que aqui permaneceram. As naves que visitavam a Terra seguiam por rotas especiais de navegação espacial e quando aqui chegavam desciam do alto, ou seja, do céu. Assim ficou o registro, lembrando ao homem que o auxílio vinha “DO ALTO”. Com o passar do tempo passou-se a acreditar que esse “DO ALTO” ou “DO CÉU” se referia a Deus. Com o acidente ocorrido as naves ficaram impedidas de vir até nosso planeta porque as “rotas especiais” de navegação espacial que as conduziam até a Terra tinham sido bloqueadas pelas explosões solares. Muito tempo transcorreu até que pudessem voltar ao nosso planeta. Quando aqui finalmente as equipes retornaram encontraram o homem em estado deplorável: havia se tornado inconsciente e não mais se lembrava do passado e de sua origem. Em razão disso, as pessoas que compunham essas equipes foram adoradas como deuses. Por mais que tentassem explicar o que tinha ocorrido, só conseguiram despertar a fúria daqueles que queriam adorá-las. A consequência imediata desse comportamento foi a suspensão necessária e por longo período, do envio de novas equipes à Terra.(8) (8) As Possibilidades do Infinito. 23
  • 24. Em Busca da Consciência Perdida QUESTÕES E RESPOSTAS Ao final de cada capítulo foi adicionada uma série de questões relativas ao tema ali desenvolvido. Essas perguntas foram extraídas do Livro dos Espíritos e as respostas originais foram assinaladas com “LE” (Livro dos Espíritos), seguidas de “comentários” do autor, onde se procura mostrar, muitas vezes uma abordagem nova, utilizando uma linguagem atualizada e mais consentânea com o entendimento do homem de nossos dias. Essas respostas estão calcadas no aprendizado espírita nos mundos físico e espiritual, nos ensinamentos que norteiam a Técnica Física para a Conquista da Autoconsciência, bem como no conteúdo das obras relacionadas, no início, na Nota do Autor. 24
  • 25. Questões relativas ao tema 1. Quando a Terra começou a ser povoada? LE: No começo tudo era o caos; os elementos estavam fundidos. Pouco a pouco apareceram os seres vivos. Comentário: A nossa Terra foi povoada por seres humanos de outros planetas. Assim que aqui chegaram encontraram o mundo espiritual já formado, mas não havia vida humana na matéria. Iniciaram então a produção de corpos físicos para que pudessem dar início às encarnações dos espíritos próprios do Planeta.(9) 2. De onde vieram os seres vivos para a Terra? LE: A Terra continha os germes em estado latente. No momento certo os seres de cada espécie se reuniram e multiplicaram. Comentário: Boa parte dos seres vivos foi trazida de diversos planetas e colocada sobre a Terra para se multiplicarem. O próprio homem, vindo de fora, aqui deu início ao povoamento de nosso orbe. 3. A espécie humana se achava entre os elementos orgânicos do globo terrestre? LE: Sim e veio a seu tempo. Comentário: A espécie humana (matéria) não se achava entre os elementos do globo e teve sua origem fora da Terra. (9) A Vida Dentro da Vida. 25
  • 26. Em Busca da Consciência Perdida 4. Se o germe da espécie humana se encontrava entre os elementos do globo, por que os homens não mais se formam espontaneamente, como em sua origem? LE: Os homens absorveram em si mesmos os elementos necessários à sua formação, para transmiti-los segundo a lei da reprodução. Comentário: Como já afirmamos anteriormente o germe da matéria humana não se encontrava entre os elementos formadores da Terra, mas foi iniciada aqui a formação dessa matéria, por seres humanos provenientes de outros planetas. 5. De onde vêm as diferenças físicas e morais que distinguem as variedades de raças humanas na Terra? LE: Do clima, da vida e dos hábitos. Comentário: As diferenças raciais hoje existentes entre os povos que habitam a Terra tiveram origem no fato de ela ter sido povoada, no início, por onze raças provenientes de onze planetas diferentes. Essas raças foram as formadoras das características físicas atuais do nosso ser humano. 6. O homem apareceu em muitos pontos do globo? LE: Sim, e em diversas épocas, e é essa uma das causas da diversidade de raças. Comentário: As onze raças que deram origem à população da Terra vieram de planetas que guardavam semelhanças ambientais com certas regiões do globo terrestre. Obedecendo a essas semelhanças com seus planetas de origem as raças foram distribuídas sobre a superfície da Terra. Dessa forma, a raça negra, por exemplo, situou-se basicamente na região que 26
  • 27. José Antônio guardava semelhança com o seu planeta de origem, a raça branca da mesma forma e assim por diante. 7. Essas diferenças representam espécies distintas? LE: Não. Todos pertencem à mesma família. Comentário: Representavam raças distintas provenientes de planetas distintos, com características próprias. Esse fato, no entanto não pode nos conduzir à ideia de que a ocupação se deu de forma isolada. Tudo foi realizado dentro de um plano maior onde o trabalho foi a tônica. Esse trabalho de povoamento da Terra era muito importante para dar suporte às viagens interplanetárias empreendidas pelos habitantes desses planetas. 8. A alma dos animais conserva, após a morte, sua individualidade e a consciência de si mesma? LE: Sua individualidade, sim, mas não a consciência de si mesma. A vida inteligente permanece em estado latente. Comentário: Os animais foram criados perfeitos para suas finalidades, mas suas vidas se iniciam com o nascimento e se encerram com a cessação da vida orgânica. A energia que sustenta a organização material se dissipa com a cessação da vida. Após a morte nada restará de um animal em particular porque a própria energia que se dissipa é assimilada por outros animais ou pela própria matéria do Ser Humano. 9. Pois se os animais têm uma inteligência que lhes dá certa liberdade de ação, há neles um princípio independente da matéria? LE: Sim, e que sobrevive ao corpo. 27
  • 28. Em Busca da Consciência Perdida Comentário: O animal possui apenas o chamado instinto de sobrevivência e aptidão para aprender. Cessada a atividade física também cessa a vida. 10. Os animais progridem como o homem, por sua própria vontade, ou pela força das coisas? LE: Pela força das coisas; e é por isso que, para eles, não existe expiação. Comentário: Os animais foram criados perfeitos para as finalidades a que se destinam. Não há portanto progresso e mesmo que houvesse seria perdido logo que o animal perdesse a vida. Isto dentro do princípio de que a existência do animal se inicia com o nascimento e se encerra definitivamente com a morte física. 11. Ficou dito que a alma do homem, em sua origem, assemelha-se ao estado de infância da vida corpórea, que a sua inteligência apenas desponta, e que ela se ensaia para a vida. Onde cumpre o espírito essa primeira fase? LE: Numa série de existências que precedem o período que chamais humanidade. Comentário: O criador criou o Ser Humano perfeito, distinguiu a uns com o “registro de matéria”, que seguem o caminho da encarnação; e outros, sem esse registro, que os distancia do uso da matéria.(10) Não fomos criados animais para chegarmos a Ser Humano. Quando o Criador quis criar o animal Ele o criou, quando quis criar o Ser Humano Ele assim o fez. (10) A Vida Dentro da Vida. 28
  • 29. José Antônio 12. Parece, assim, que a alma teria sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação? LE: Não dissemos que tudo se encadeia na natureza e tende à unidade? É nesses seres, que estais longe de conhecer inteiramente, que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco, e se ensaia para a vida, como dissemos... Comentário: A obra do Criador tem uma lógica suprema, mas não se encadeia da forma que muitas vezes ousamos pensar. Desse modo, o Ser Humano não é um produto da evolução dos reinos animal, vegetal e mineral, mas ao contrário ele é o guardião desses reinos, como participante da grande administração universal. 13. Esse período da humanidade começa sobre a nossa Terra? LE: A Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana. O período de humanidade começa em geral, nos mundos inferiores. Essa entretanto, não é uma regra absoluta, e poderia acontecer que um espírito, desde o início humano, esteja apto a viver na Terra. Esse caso não é frequente, e seria antes uma exceção. Comentário: Entendemos que dentro da obra do Criador não existem mundos com os atributos de superiores ou inferiores, existe isto sim, mundos em formação, mundos não habitados e mundos habitados pelo Ser Humano. Quanto ao fato de um espírito habitar determinado planeta isto é antes uma escolha voluntária e não um prêmio ou uma imposição. Esse é o nosso caso em relação à Terra porque todos que hoje a habitam foram voluntários e assumiram o planeta como sua morada. 29
  • 30. Em Busca da Consciência Perdida 14. O espírito tendo entrado no período da humanidade, conserva os traços do que havia sido precedentemente, ou seja, do estado em que se encontrava no período que se poderia chamar anti-humano? LE: Isso depende da distância que separa os dois períodos e do progresso realizado. Durante algumas gerações ele pode conservar um reflexo mais ou menos pronunciado do estado primitivo, porque nada na natureza se faz por transição brusca... Comentário: Fomos criados como seres humanos e assim permaneceremos. Nesse caso houve certa confusão entre o Ser Humano e a matéria da qual esse se utiliza, pois o espírito (Ser Humano) não passa por gerações, já que essa é uma característica da matéria humana. 15. Do ponto de vista puramente físico, os corpos da raça atual são uma criação especial, ou procedem dos corpos primitivos, por via da reprodução? LE: A origem das raças se perde na noite dos tempos, mas, como todas pertencem à grande família humana, qualquer que seja o tronco primitivo de cada uma, puderam mesclar-se e produzir novos tipos. Comentário: Das onze raças provenientes de onze planetas distintos que iniciaram a reprodução de corpos físicos aqui na Terra, tiveram origem, através dos tempos, os nossos corpos atuais. 16. Nos mundos onde a organização é mais apurada, os seres vivos têm necessidade de alimentação? LE: Sim, mas os seus alimentos estão em relação com a sua natureza. Esse alimento não seria tão substancial para os 30
  • 31. José Antônio vossos estômagos grosseiros; da mesma maneira, eles não poderiam digerir os vossos. Comentário: A matéria (corpos físicos) que usamos na Terra é a mesma matéria usada em outros planetas, excetuando-se apenas alguns atributos próprios de cada povo. Por outro lado, devemos lembrar que os corpos físicos dos habitantes de outros planetas não têm os graves defeitos que têm os nossos, defeitos esses originados pelo grande acidente planetário aqui ocorrido há vários milênios.(11) No tocante à alimentação as pessoas de outros planetas se utilizam, praticamente, de todos os nossos alimentos básicos. Não poderia ser de outra forma, pois os nossos alimentos foram trazidos por eles dos seus planetas de origem, quando aqui chegaram e iniciaram o processo de reprodução da matéria humana. “O SER HUMANO É PERFEITO E O CRIADOR NÃO VÊ DEFEITO EM SUA OBRA”.(12) (11) As Possibilidades do Infinito. (12) Idem. 31
  • 32. CAPÍTULO 2 O surgimento do espiritismo Após o acidente mencionado a roda do tempo girou incansavelmente, formando a corrente dos séculos até alcançar o momento em que o homem teria que iniciar o aprendizado novamente, já que ele tinha se tornado inconsciente devido a um acidente planetário espontâneo e incontrolável. Passou, a partir daí, a utilizar uma matéria defeituosa. Seguiu através dos séculos a produzir matéria da mesma forma prejudicada. Em outras palavras, todos os corpos de crianças que nasceram a partir desse acidente herdaram esse defeito físico. Assim, a matéria no seu automatismo não corrige seus próprios defeitos, pois esse trabalho só pode ser realizado pelo espírito imortal. Esse bloqueio das matérias recém-nascidas não permitia que os espíritos reencarnantes permanecessem com seus conhecimentos e lembranças de quando não tinham matéria. Portanto, a cada nova reencarnação ou troca de matéria, o homem tinha (e tem) de reaprender tudo novamente. Convém nesse ponto abrir um parêntese para esclarecer uma questão que incomoda o ser humano: é a razão por que ele não se lembra dos fatos e acontecimentos de outras vidas. A resposta é simplesmente uma: porque ele utiliza uma matéria com bloqueios, centralizados principalmente na região cerebral, que não lhe permitem manter o conhecimento anteriormente adquirido.(13) Não se trata, portanto, de um “castigo”, e tampouco do benefício do esquecimento, pois melhor (13) As Possibilidades do Infinito. 32
  • 33. José Antônio seria que se lembrasse de tudo, inclusive dos fatos desagradáveis, pois desta forma, seria mais fácil evitar a sua repetição. Mas outras questões de foro íntimo afligiam ao homem, principalmente aquelas que diziam respeito à sua origem e ao seu destino futuro. No decorrer do tempo várias organizações ocultas, esotéricas e religiosas criadas procuraram fornecer resposta para esse tipo de indagação. A partir daí iniciou-se um processo de programação do ser humano, que no seu estado de inconsciência não teve o discernimento necessário para saber se as respostas oferecidas atendiam às perguntas formuladas. Muitos dos ensinamentos ministrados pelas organizações criavam, e ainda criam certos clichês mentais, dando origem a novos registros que uma vez gravados na memória aí permanecem além da vida física. Muitos desses novos registros em nada contribuíam para o despertar do homem, ao contrário levava-o a identificar-se cada vez mais com a própria matéria, que em resumo é apenas uma parte dele e não totalmente ele. Essa identidade com a matéria é a responsável pela maior parte do sofrimento que o aflige. Com essa identificação, o corpo físico passou da condição de “parte” para ser o “todo”. Deixou de ser instrumento para ser comando. OS ANIMAIS FORAM CRIADOS PERFEITOS PARA AS FINALIDADES A QUE SE DESTINAM. NÃO EVOLUEM, MAS SUAS CARACTERÍSTICAS SÃO SUSCEPTÍVEIS DE SEREM ALTERADAS PELO SER HUMANO. O homem quando era consciente tinha uma ponte que o ligava diretamente ao mundo espiritual. Essa ponte foi destruída com o acidente e nos tempos que se seguiram foi criada, em seu lugar, uma muralha de inverdades que o aprisionou 33
  • 34. Em Busca da Consciência Perdida mais e mais à matéria.(14) Tanto que nos dias de hoje é clara essa simbiose doentia do homem e a sua matéria, não admitindo aquele que esta não seja ele, mas apenas parte dele. O Ser Humano assim “orientado”, mesmo após a morte física, passou a se comportar de acordo com os ensinamentos recebidos. Muitas dessas organizações ensinavam, e ainda ensinam que a vida espiritual e a reencarnação não existiam e que a volta à matéria se daria através do próprio corpo que um dia se ergueria do sepulcro e voltaria à vida. O homem assim programado se recusava a despertar, após a morte física, para sua nova condição de vida, não tomando conhecimento que o seu estado de “ser vivo” continuava, apenas tinha mudado da dimensão física para a dimensão espiritual, onde seus atos eram também reais e concretos, porém pertencentes a uma outra frequência vibratória. Convém notar nesse ponto que muitos ensinamentos e acontecimentos prejudiciais “registrados” na matéria só podem ser entendidos e desfeitos na própria matéria. Por aí se vê que o caminho natural para se desfazer esses registros é a reencarnação. Não se trata aqui da ação da lei de causa e efeito, mas de criar as mesmas condições de quando o registro foi efetivado para que então se dê o entendimento. É importante notar nessa explicação a mudança de linguagem, estamos descaracterizando a dívida e o resgate e mostrando a repetição da experiência na matéria para buscar o ENTENDIMENTO. A isso podemos chamar de AQUISIÇÃO DE CONSCIÊNCIA. Assim, observando o comportamento do homem antes e após a morte física, líderes do mundo espiritual julgaram por bem elaborar um plano que viesse ao mesmo tempo confor(14) A Vida Dentro da Vida. 34
  • 35. José Antônio tar, orientar e conscientizar os seres humanos pertencentes ao planeta Terra. Desse modo, foi criado o espiritismo, que CONFORTA porque dá a certeza de que a vida continua e que a morte do corpo físico é apenas e tão somente um acontecimento da vida na matéria; ORIENTA porque traz ensinamentos essenciais para o entendimento da vida nos mundos material e espiritual; CONSCIENTIZA porque constrói novamente a ponte que liga o homem ao mundo espiritual, levando-o a reconhecer-se imortal e entender que “a matéria é apenas parte dele e não totalmente ele”, e que já viveu antes e viverá depois.(15) O homem que passara a viver com os fatos e lembranças da vida material, começou a presenciar e a conhecer os fenômenos que demonstravam uma outra realidade que estava por trás do mundo visível, realidade essa que mesmo invisível mostrava-se rica em detalhes reveladores capazes de desafiar os céticos mais renitentes e as inteligências mais avançadas. Dessa forma, em um processo ininterrupto o espiritismo foi se expandindo por cidades e países, buscando realizar o despertamento do homem. A partir daí o Ser Humano encarnado passou a contar com a referência do mundo espiritual para se posicionar frente à vida. Com a propagação do espiritismo o homem tomou contato com um mundo novo, pleno de realidades novas, cheio de fenômenos incontestáveis, mas ao mesmo tempo inexplicáveis pelo conhecimento científico. Surgiu a medicina espiritual com as curas e cirurgias que cumprem dois objetivos a um só tempo: em primeiro plano atestar a existência do mundo espiritual e a sua interligação com o mundo material; e em segundo lugar trazer benefícios (15) As Possibilidades do Infinito. 35
  • 36. Em Busca da Consciência Perdida ao homem quando enfermo. Outras formas de intercâmbio com a finalidade de conscientizar são utilizadas, a exemplo da psicografia, a psicofonia, materializações, dentre outras, que muito contribuem para melhorar o entendimento humano. Importante observar, neste ponto, que o espiritismo surgiu primeiro pelos fatos e depois pela doutrina, consolidando-se tanto pelo valor dos ensinamentos, como também pelo caráter lógico e científico de seus pressupostos. Convém observar que dentro do espiritismo tudo que não passar pelo crivo da razão deve ser deixado de lado, mostrando assim que todo fato ou ensinamento deve primeiro ser entendido e depois aceito em nosso mundo interno. A diferença maior entre o espiritismo e outros grupos religiosos é o caminho seguido. Enquanto muitas organizações buscam “O caminho da fé”, ele percorre “O caminho da razão”, levando ao homem primeiro o entendimento e depois a crença. Dessa forma, a crença proveniente do entendimento se transforma na luz do saber, enquanto a crença filha da fé permanece apenas como crença. No espiritismo também deve haver a fé, mas a fé raciocinada, aquela que passa obrigatoriamente pela trilha da razão, pois não sendo assim não é uma “fé espírita”, mas simplesmente fé. O homem que entende realmente sabe, ao passo que o homem que tem fé simplesmente acredita. 36
  • 37. Questões relativas ao tema 1. Por que o espírito encarnado perde a lembrança do seu passado? LE: O homem nem pode nem deve tudo saber; Deus assim o quer, na sua sabedoria. Sem o véu que lhe encobre certas coisas, o homem ficaria ofuscado, como aquele que passa sem transição da obscuridade para a luz. Pelo esquecimento do passado ele é mais ele mesmo. Comentário: O homem deve saber tudo para melhor situar-se no grande concerto da criação. Entendemos que o Criador na sua suprema sabedoria deve querer sempre o máximo e o melhor para seus filhos. Se o homem não se lembra de seu passado, de sua origem e porque ocupa um corpo físico com defeito aqui na Terra, isso tem por causa um acidente e não por que o Criador assim determinou. Comentamos anteriormente esse acidente planetário que causou grande dano à organização física da população terrestre. Portanto, não devemos confundir a escuridão da inconsciência acidental com defeitos da obra divina do Criador. Não se trata assim de uma inferioridade do espírito encarnado, mas sim de um defeito temporário do corpo físico. 2. Como pode o homem ser responsável por atos e resgatar faltas dos quais não ser recorda? Como pode aproveitar-se da experiência adquirida em existências que caíram no esquecimento? Seria concebível que as tribulações da vida fossem para ele uma lição, se pudesse lembrar-se daquilo que as atraiu, mas desde que não se recorda, cada existência é para ele como se fosse a primeira, e é assim que ele está sempre a recomeçar. Como conciliar isto com a Justiça de Deus? 37
  • 38. Em Busca da Consciência Perdida LE: A cada nova existência, o homem tem mais inteligência e pode melhor distinguir o bem e o mal. Onde estaria o seu mérito, se ele se recordasse de todo o passado? Quando o espírito entra em sua vida primitiva (a vida espírita), toda a sua vida passada se desenrola diante dele: vê as faltas que cometeu e que são caudas do seu sofrimento... Comentário: Nesse caso em particular entendemos que a pergunta devesse ser a resposta, pois ali está em essência, a verdade. Reafirmamos que se o homem não se lembra de seu passado de nada adianta atribuir-lhe castigos cujo efeito pode ser a revolta por se sentir injustiçado, já que ele de nada se recorda. Dessa forma, aos fatos relacionados à própria vida material estão sendo atribuídas causas situadas em outras existências passadas. Comparamos a questão ao caso de um homem ao qual fosse atribuída uma tarefa a cumprir. Teria que percorrer um longo caminho cheio de acidentes, tais como montanhas, vales, rios e planícies. Cruzaria no caminho com outros tantos homens e deveria guardar-lhes as feições, seus trajes e todos os seus atributos físicos. No retorno de sua jornada deveria esse homem relatar tudo o que viu, apesar de ter feito o trajeto de olhos totalmente vendados. 3. Podemos ter algumas revelações sobre as nossas existências anteriores? LE: Nem sempre. Muitos sabem, entretanto, o que foram e o que fizeram; e se lhes fossem permitido dizê-lo abertamente, fariam singulares revelações sobre o passado. Comentário: Saber sobre nossas vidas anteriores significa saber “quem somos”. Em outras palavras significa ter acesso a nós mesmos tanto nos aspectos da vida atual, como também sobre os detalhes a respeito do que nós fomos em outras 38
  • 39. José Antônio vidas. Isto se consegue trabalhando a nossa condição cerebral e o nosso nível energético geral. 4. Nas existências corpóreas de natureza mais elevada que a nossa, a lembrança das existências anteriores é mais precisa? LE: Sim, à medida que o corpo é menos material, recorda-se melhor. A lembrança do passado é mais clara para aqueles que habitam os mundos de uma ordem superior; Comentário: Nos mundos onde as pessoas usam corpos físicos perfeitos, sem os bloqueios atuais de nossas matérias, a lembrança das nossas vidas anteriores é fato comum. Nesses mundos as pessoas em verdade não morrem como nós entendemos aqui, mas trocam de corpos, após se utilizarem deles por muitos e muitos séculos. Isso se dá não porque o mundo é superior, mas porque não passou por um acidente das proporções do que nós passamos. Se acaso passassem por um acidente incontrolável como o ocorrido aqui, também poderiam se tornar inconscientes e não mais se lembrarem de suas vidas passadas. Dentro do que aprendemos a morte de nossos corpos físicos por esgotamento de sua vitalidade é, antes de tudo, uma doença curável e não uma fatalidade. 5. Por que não nos recordamos sempre dos sonhos? LE: Nisso que chamas sono não há mais do que o repouso do corpo, porque o espírito está sempre em movimento. No sonho, ele recobra um pouco de sua liberdade e se comunica com os que lhe são caros seja neste ou em outros mundos. Comentário: Não nos lembramos com nitidez de todos os nossos chamados “sonhos” porque temos nosso “cérebro 39
  • 40. Em Busca da Consciência Perdida seriamente prejudicado, com poucos impulsos energéticos, baixa frequência e pequena vibração”.(16) Durante a noite quando nos deslocamos de nossos corpos físicos temos contatos com outras pessoas encarnadas ou não; recebemos informações e presenciamos muitos acontecimentos. Quando retornamos aos nossos corpos a baixa vibração cerebral apaga todas as nossas lembranças. Isso às vezes não ocorre e conseguimos lembrar muito do acontecido. Esse fenômeno só é possível devido a certos picos de energia no cérebro que permitem o registro, no corpo físico, dos fatos ocorridos com a pessoa na dimensão extrafísica. NÃO NOS LEMBRAMOS DE NOSSAS VIDAS PASSADAS PORQUE ESTAMOS UTILIZANDO UM “CORPO FÍSICO COM GRAVES DEFEITOS NA REGIÃO CEREBRAL, QUE POR UM ACIDENTE PLANETÁRIO, PASSOU A FUNCIONAR COM POUCOS IMPULSOS, BAIXA FREQUÊNCIA E PEQUENA VIBRAÇÃO”.(17) (16) As Possibilidades do Infinito. (17) Idem. 40
  • 41. CAPÍTULO 3 O espiritismo no tempo Devemos entender o espiritismo como um plano elaborado, visando o entendimento do homem e por consequência trazer a sua autoconsciência. Não é objetivo do movimento espírita manter o Ser Humano na ignorância, mas habilitá-lo a tomar as rédeas de seu destino nas mãos e tornar-se senhor de seus próprios passos. Isso ocorrendo, permite-lhe percorrer o caminho de sua preferência, ditado apenas por sua vontade soberana e não o caminho escolhido por outros. Todos nós temos nossos objetivos pelos quais lutamos sempre; se outros determinam nossos caminhos com certeza não trilharemos os nossos, mas os deles. É importante notar que o espiritismo possui uma estrutura espiritual de orientação e apoio, assim como todos os grupos religiosos e espiritualistas possuem o seu grupo espiritual de onde emanam as orientações. Não importa se esse grupo, que está na matéria, acredita ou não na existência do espírito, sempre haverá o apoio do lado espiritual. O espiritismo, por se tratar de uma doutrina calcada em bases científicas e ter por fundamento o despertar do homem para a realidade do mundo espiritual, sempre foi combatido pela maioria das religiões. Nesse combate ao espiritismo sempre foram usadas todas as armas, mesmo aquelas que ferem pela inverdade, com o fim específico de causar dano. A nossa reação a respeito deve ser sempre a de estender o manto de nossa compreensão sobre esses acontecimentos, mesmo por 41
  • 42. Em Busca da Consciência Perdida que, conforme já dissemos, as religiões têm seus ensinamentos e seus pressupostos, como se fossem frequências próprias, que só podem ser entendidos pelas pessoas que possuem frequências cerebrais semelhantes. Assim, quando existe essa compatibilidade de frequência há o entendimento, ocorrendo então a aceitação. Dessa forma, a frequência do espiritismo torna difícil o entendimento de seus ensinamentos por outros grupos religiosos, pois eles se situam em frequências muito diferentes. Cabe frisar mais uma vez que o espiritismo tem por objetivo o despertar do homem e esse despertar só interessa a ele próprio, vez que em boa verdade a ignorância do Ser Humano encarnado é fonte de poder para muitos. Convém lembrar, nesse momento, a reação do homem frente aos fenômenos desconhecidos. Reação às vezes insana quando tem por suporte apenas a fé e não a razão. Foi assim que muitos fenômenos espíritas foram tratados como “coisa do Diabo”, e as pessoas neles envolvidas simplesmente eliminadas, tudo em nome de Deus “infinitamente bom e justo”. Isso mostra de maneira insofismável que a inconsciência do homem era tamanha que sua razão tornara-se falha e lamentavelmente pobre. O espiritismo tinha que iniciar o seu trabalho junto à humanidade e para que isso se desse nada melhor que a ocorrência do fato incontestável para que o homem despertasse para a existência do mundo espiritual. Assim foram surgindo os fenômenos espirituais nos mais diversos lugares como forma de chamar a atenção para o desconhecido, mas que em síntese faz parte de todos nós. De início os acontecimentos foram negados e tentadas todas as formas para justificá-los ou mesmo classificá-los como fenômenos ligados ao próprio mundo físico. Tudo em vão. As evidências eram tão claras e inusitadas que negar os fatos era impossível. Mes42
  • 43. José Antônio mo sobre rigoroso controle científico os fatos ocorriam de maneira perfeita. Com o tempo foi surgindo a literatura espírita com a linguagem e conceitos muito ao nível do entendimento do homem da época. Foi observada nesse momento a capacidade de compreender que o Ser Humano possuía. Essa capacidade de entender é o ponto fundamental no tocante às religiões. É de todo providencial e oportuno que afirmemos a importância de cada religião, mas elas só existem devido ao estado de inconsciência do homem. A capacidade de entender é dada pela condição da matéria, principalmente a energia cerebral. Como mencionamos anteriormente, os impulsos cerebrais formam a frequência e esta a vibração cerebral que vai delinear um campo maior ou menor de entendimento de acordo com a sua intensidade. Daí a afirmação de que as religiões reúnem os homens por faixa vibratória, ou seja, na exata capacidade de entender. Quando se iniciou a mensagem espírita houve a preocupação em dosar a essência, para que houvesse a absorção necessária, e utilizar uma forma de linguagem que se adequasse à capacidade de compreensão que possuía a humanidade naquele momento. Mas o espiritismo não é obra pronta e acabada, e por isso precisa redimensionar a essência e atualizar a forma, para que muitos ensinamentos possam ser levados ao homem de maneira mais objetiva e racional. Isto sempre dentro do pressuposto de que a capacidade de entender do homem de hoje é muito maior do que a de antes. Dentro do movimento espírita ainda existe muito misticismo que precisa ser expurgado para que a doutrina possa ser clara e inteligível para todos. É neste ponto que os espíritos mais insistem, pois pretendem eles trabalhar junto aos encarnados de maneira natural, sem rituais e encenações desnecessários, usando, inclusive, seus próprios nomes. No tocante à linguagem eles 43
  • 44. Em Busca da Consciência Perdida informam que está na hora de abandonar certas formas pitorescas de falar que não são mais necessárias e hoje só atrapalham a comunicação entre o mundo físico e o espiritual. É bom lembrar que se essas formas existem até os dias de hoje a responsabilidade é exclusiva do homem encarnado que não soube se desfazer de mecanismos utilizados quando o seu entendimento era ainda muito precário. Tornou-se assim dependente dessas formas antigas e já desnecessárias, pois só assim se sente confiante na real presença da pessoa desencarnada. Desse modo, as pessoas que estão no mundo espiritual querem essas mudanças, pois acreditam que o homem precisa ser conscientizado da realidade da outra vida, e não receber informações veladas que causam maiores interrogações e falta de entendimento. Em resumo, precisa-se adequar o espiritismo de ontem ao homem de hoje. É bom ressaltar que quando falamos no espiritismo de ontem não estamos querendo dizer que o GRANDE PLANO elaborado pelo mundo espiritual contenha falhas ou erros. Queremos, sim, afirmar que o homem na sua inconsciência muito acresceu de impureza à “ÁGUA PURA DO CÂNTARO”, direcionando os ensinamentos de acordo com sua vontade e seu entendimento restrito. A respeito dessa necessidade de mudar é bom ressaltar que a maioria das religiões já promoveu profundas reformas tanto de caráter interno como externo, para se adaptar aos novos anseios da humanidade do presente. O homem dos tempos atuais busca com maior intensidade respostas novas para perguntas velhas. Demonstra desse modo que seu interior continua insatisfeito com o nível e a qualidade das informações sobre as questões transcendentais da vida. Nesse ponto o espiritismo precisa relançar-se como um caminho mais aberto e claro para que o homem atinja o seu despertamento 44
  • 45. José Antônio espiritual. É preciso que as pessoas deixem de ver o espiritismo como uma prática espiritual onde predomina o mistério e passem a perceber que esse intercâmbio entre os mundos material e espiritual é uma atividade natural e deve ser visto como um prolongamento de nosso aprendizado na matéria. O natural para o Ser Humano é tudo aquilo que ele, através da sua estrutura mental, consegue entender. O sobrenatural, ao contrário, foge ao seu entendimento por mais que acione o seu mecanismo de raciocínio. Não entendendo o fato, mas ocorrendo a sensibilização de seu mundo emocional há então a aceitação, a submissão e o devotamento, instalando-se aí o domínio da fé. Mas o espiritismo, como já dissemos, não busca a crença pela fé mas a crença pelo entendimento. A verdadeira liberdade é aquela que tem como lastro a capacidade de entender. É de todo oportuno lembrar aquela sábia inscrição “CONHEÇA A VERDADE E ELA TE LIBERTARÁ”. Isso significa que devemos conhecer e não apenas acreditar, pois quem verdadeiramente conhece entende independentemente de qualquer ensinamento doutrinário que tenha recebido. O homem do terceiro milênio precisa entender que o verdadeiro caminho que conduz a todos os pontos desejados, o livro que contém todas as lições necessárias e o mago capaz de realizar todos os seus sonhos se encontram reunidos no seu mundo interno. Para o Ser Humano só existe um segredo: ele próprio. Desvendando esse grande segredo tudo o mais se torna simples e de fácil entendimento. Devemos, como espíritas, meditar profundamente sobre tudo que já foi dito, escrito e aprendido sobre a doutrina até o momento, lembrando sempre que a razão, muito mais que nossos sentimentos, deve ter a última palavra. Nesse balanço de tudo que aprendemos não vale acreditar mas enten45
  • 46. Em Busca da Consciência Perdida der. O verdadeiro conhecimento vem do entendimento e não da crença. É dessa análise retrospectiva que surgirão os frutos que o espiritismo precisa. O espiritismo foi criado perfeito por líderes do mundo espiritual, mas para chegar até o homem teve que passar pelo juízo do próprio homem. Nesse momento houve a mistura do joio ao trigo, agregando-se aos princípios muitas práticas e conhecimentos alheios ao espiritismo. Essa incorporação de regras e ensinamentos estranhos aos princípios espíritas é extremamente prejudicial às pessoas que buscam o amparo no espiritismo. A exemplo disso podemos citar casos de pessoas de nosso conhecimento que após ingressarem em certos grupos espíritas se sentiram de tal forma tolhidas por tantos “ensinamentos” cerceadores de sua liberdade individual que culminaram no afastamento delas do espiritismo. Após se afastarem essas pessoas argumentavam que “agora se sentiam mais livres para pensar, escolherem seu modo de vida e os objetivos que queriam alcançar”; desse modo, abandonando o espiritismo voltavam a ter uma vida normal. Dentre esses agregados ao espiritismo podemos citar a chamada “LEI DE CAUSA E EFEITO” ou “CARMA”, que em síntese é uma camisa de força colocada no homem que de forma mansa e passiva se deixa guiar como um cordeiro, sempre na direção que os outros querem. Repetimos, não foi para isso que o espiritismo foi criado. Não foi para restabelecer o reinado do lobo sobre o cordeiro, nem do senhor sobre o escravo. Foi criado sim para trazer luz à escuridão de nossa inconsciência, construindo de novo a “ponte luminosa que liga o MUNDO DA MATÉRIA AO MUNDO DO ESPÍRITO”.(18) É bem verdade que muito tem feito o espiritismo em benefício da humanidade, não se nega isso. Pessoas (18) A Vida Dentro da Vida. 46
  • 47. José Antônio abnegadas têm dedicado suas vidas, tanto aqui como no mundo espiritual, a essa nobre causa. Mas por que não atender ao chamamento desses dedicados guardiões das leis do CRIADOR? Por que não permitir que o espiritismo leve avante sua obra conforme foi planejado? Por que não corrigir o que está incorreto? Por que não permitir que o espiritismo traga consolo e auxílio a todos que necessitam, mas respeitando acima de tudo o direito à liberdade de escolherem seus próprios caminhos, seus modos de vida, suas maneiras de ser, enfim seus próprios destinos? A esse respeito afirmamos: “nenhum homem pode dizer a outro o que deve fazer”. Cada um deve seguir seu caminho guiado apenas pela sua consciência. É verdadeiramente importante observar o paralelo que existe entre a maioria dos grupos religiosos no tocante às ideias de culpa e pecado, dívida e regate. Pairando sobre tudo isso e completando o esquema de dominação do homem, muitos grupos adotaram ainda a figura do Diabo, Deus do mal, vingativo impiedoso com os pecadores. Essa ideia do Diabo foi tão longamente inculcada na mente do Ser Humano que se transformou em um registro perene, aprisionando grande parte da humanidade a essa imagem criada por poucos para ter o domínio de muitos. Nesse ponto o espiritismo precisa mudar o seu enfoque quando tratar do comportamento do homem. Quando se referir à culpa ou dívida deve substituir por EXPERIÊNCIA NO MUNDO FÍSICO, ao mesmo tempo quando tratar do chamado resgate utilizar o termo BUSCA DE ENTENDIMENTO, que é a expressão mais adequada ao processo de conscientização do Ser Humano. O movimento espírita deve ser varrido e limpo de todo ensinamento ou conceito que subjugue, amedronte ou pressione o homem para agir ou pensar de modo determinado, sem que isso seja de sua livre escolha. É bom lembrar mais uma 47
  • 48. Em Busca da Consciência Perdida vez que o espiritismo foi criado justamente para auxiliar o homem a se livrar desses tipos de ensinamentos errôneos que nada têm a ver com a realidade da vida. O ESPIRITISMO FOI CRIADO PARA ACORDAR OS “MORTOS VIVOS” QUE DORMEM O “SONO ETERNO”, CRIADO PELO PRÓPRIO HOMEM INCONSCIENTE.(19) Reputamos de grande importância o espiritismo se desincorporar desses conceitos de ontem que não servem para o homem de hoje. Como dissemos alhures ouve um tempo em que o Ser Humano tinha sua matéria tão prejudicada que seu comportamento muito se aproximou do animal bruto. Nesse momento esses conceitos subjugadores e restritivos da liberdade foram utilizados e até permitidos pelos nossos líderes espirituais, mas porque no final se convertiam em benefícios para o próprio Ser Humano encarnado. Hoje, no entanto, a moeda tem outro valor, o homem outro comportamento, outro nível de consciência. Dessa forma, as figuras da culpa, da dívida e do resgate e similares não contribuem para aproximar as pessoas do mundo espiritual, tampouco para aumentar o nível de consciência. Por outro lado, impedem e direcionam as experiências na matéria, levando os homens a agirem de acordo com a vontade alheia, e não conforme seus próprios livre arbítrios. Por aí se vê que esses conceitos não podem fazer parte de um conjunto de ensinamentos que pretendem cooperar na conscientização da humanidade. Existem no seio do espiritismo outras duas figuras que carecem de uma análise acurada. Referimos à dor e ao sofri(19) A Vida Dentro da Vida. 48
  • 49. José Antônio mento. Existe um ensinamento que afirma ser a dor e o sofrimento importantes para nossa evolução. Contrariamente entendemos que essa afirmação não resiste ao menor argumento, senão vejamos: por que algo que nos maltrata e nos prejudica é importante para o nosso crescimento espiritual? Será que fomos criados para percorrermos tão dolorosos caminhos, sem que o nosso livre arbítrio possa alterar o curso dos acontecimentos? Será que temos que sofrer para aprender ou será que temos a capacidade para aprender de forma natural sem sofrermos castigos atrozes? Temos a convicção de que esse conceito apológico da dor não tem agasalho dentro da lógica. Se porventura sofremos não devemos creditar esse fato a uma necessidade de sofrer, mas simplesmente por termos perdido a nossa autoconsciência e consequentemente o domínio da matéria. Assim, o sofrimento e a dor não fazem parte da programação de nosso aprendizado. Objetivando clarear melhor o assunto recorramos ao seguinte exemplo: um espírito no momento de reencarnar, ou seja, assumir um corpo material, verifica que esse corpo contém um grave defeito congênito; mesmo assim ele acredita que poderá resolver esse contratempo. Ao assumir o corpo, no entanto, constata que nada pode fazer a não ser amargar o seu sofrimento até o fim daquela matéria. Isto porque estando dentro dela, ele não sabe mais resolver os problemas que ela possui devido à escuridão da inconsciência. Como já foi citado anteriormente o corpo físico utilizado atualmente pelo homem da Terra não oferece condições para que o Ser Humano, ao encarnar, faça uso de seus conhecimentos adquiridos ao longo de suas vidas pretéritas. Dessa forma, ao assumir uma nova matéria o conhecimento anteriormente adquirido é isolado e não é utilizado de 49
  • 50. Em Busca da Consciência Perdida forma consciente devido ao bloqueio energético do cérebro humano. 50
  • 51. CAPÍTULO 4 Reencarnação Um dos pressupostos básicos do espiritismo é a reencarnação. Aprendemos que o homem reencarna para resgatar suas dívidas pretéritas, aprender e evoluir. A esse respeito, podemos dizer que a humanidade pode ser dividida em dois grandes grupos. “Um que desde o início recebe o “registro de matéria” e percorre o caminho do crescimento, utilizando a encarnação em vidas sucessivas. Esse grupo com “registro de matéria” sempre voltará à vivência no meio físico. O segundo grupo constitui-se daquelas pessoas (espíritos) que foram criadas sem “registro de matéria” e não têm como caminho natural a reencarnação, ou seja, a participação direta da vida na matéria”.(20) Essa parte da humanidade, não tendo “registro de matéria” permanece sempre no mundo espiritual e constitui os guardiões do conhecimento humano. É a esse grupo que pertencem os ORIXÁS, portadores do CONHECIMENTO. Essa classe de Seres Humanos, pelo grande conhecimento que possui é habilitada a melhor entender as leis emanadas do CRIADOR. Mas o que nos interessa no momento é o primeiro grupo, aquele que utiliza um corpo físico para suas experiências no mundo material. A reencarnação, portanto é uma forma de fixar o espírito, que pertence à dimensão espiritual, a um corpo físico da dimensão material. Por outro lado, não é pelo (20) A Vida Dentro da Vida. 51
  • 52. Em Busca da Consciência Perdida simples fato de ocorrer um nascimento de um corpo físico que houve uma reencarnação. Para que ela se dê é necessário que um espírito assuma essa matéria, mesmo porque em certas condições existem corpos vivos que não foram assumidos por alguém, sendo ainda assim aparentemente pessoas como as demais. A assunção de matéria se dá de forma paulatina, pois quando ocorre o nascimento de um corpo “a ligação do espírito se dá de forma lenta e gradual, de maneira que o processo só se encerra por volta dos 14 anos”.(21) Nessa idade cronológica da matéria o espírito tem então todas as condições para assumi-la por completo. Dessa forma, somente após essa idade é que a matéria passa a fazer parte efetiva do Ser Humano. Observando a criança quando se aproxima da idade de 14 anos verificam-se grandes mudanças tanto no aspecto físico como principalmente alterações de ordem psicológica, sendo evidente assim que antes não havia a total investidura na matéria. A esse respeito cabe a seguinte interrogação: por que essas transformações só ocorrem, via de regra, próximo aos 14 anos de idade, por que não aparecem aos cinco, ou aos dez ou mesmo aos 18 anos, por exemplo? A resposta é aquela que colocamos anteriormente: porque a partir dos 14 anos de idade material é que o espírito reencarnante, assumindo por completo o corpo físico, imprime com maior firmeza e profundidade os seus caracteres particulares, tais como: preferências de toda natureza, comportamento e principalmente os aspectos da personalidade. Dissemos anteriormente que a reencarnação, além ser UM CAMINHO DE RETORNO À NOSSA CASA, é solução para muitos problemas da pessoa humana. Existem muitos acontecimentos perturbadores que permanecem registra(21) A Vida Dentro da Vida. 52
  • 53. José Antônio dos na memória do homem e que somente através da reencarnação podem ser resolvidos. A solução se dá pelo entendimento. Uma vez entendido o porquê da ocorrência daquele fato deixa de haver a perturbação porque a causa foi eliminada. Voltamos a afirmar que se o fato ocorrido na matéria for de grande relevo, no mundo espiritual torna-se muito difícil o entendimento, porque a ocorrência do fato se deu em outra dimensão, sob as leis que regem a matéria. Desta forma, há que se restabelecerem as mesmas condições de antes, ou seja, de quando o espírito habitava a matéria para se dar o devido esclarecimento e consequentemente o entendimento do fato ocorrido. Essas condições são então restabelecidas com a reencarnação e os acontecimentos traumáticos têm solução pela via do entendimento, ocorrendo assim o aprendizado pela vivência no meio físico. Existe, por outro lado, outra maneira de resolver ou amenizar muitos traumas adquiridos pelo Ser Humano na vida física. Referimo-nos aos trabalhos espíritas, que utilizando médiuns fornecedores de energia física proveniente de seus próprios corpos, permitem aos desencarnados, por meio de um choque energético, despertar e entender sua condição de espírito imortal. Nesses casos traumáticos está incluído o problema do sono após a morte do corpo físico. Muitas pessoas após perderem seus corpos materiais simplesmente dormem e não acordam por si mesmas. Isso em virtude dos ensinamentos recebidos quando estavam encarnadas. Essas mensagens são tão engenhosamente ministradas às pessoas que permanecem surtindo seus efeitos deletérios mesmo no mundo espiritual. “Ao ingressarem na pátria do espírito essas pessoas inconscientemente seguem a programação recebida no mundo material, como é o caso típico do sono eterno, em que as pessoas desencarnadas permanecem dormindo. Formam 53
  • 54. Em Busca da Consciência Perdida estranha população de mortos vivos a habitar região própria da dimensão espiritual. Esses mortos vivos, na condição de SONO ETERNO são despertados pelos abnegados trabalhadores espíritas tanto do mundo material como do espiritual. O espiritismo, como já foi dito anteriormente, teve como razão principal de sua criação servir de instrumento para o despertamento dessas pessoas que mesmo após a perda do corpo material permanecem inconscientes no plano espiritual”.(22) Retomamos neste ponto à discussão do porquê da reencarnação. Afirmam muitos que reencarnamos para resgatar dívidas passadas. Isso a nosso ver não combina com a racionalidade do espiritismo. No caso de haver dívidas passadas a pagar em vidas futuras o indivíduo nunca saberia a quem pagar e nem o que pagar, pois o homem está inconsciente há milênios, e como tal ele não se lembra de quem era, nem por que e para que está aqui reencarnado. Na hipótese de estarmos pagando dívidas isso de nada valeria para o nosso crescimento espiritual ou mesmo para nossa conscientização, pois nem mesmo sabemos se estamos pagando alguma dívida. De outra forma, também entendemos que dentro da inconsciência não há devedor nem credor. Já os atos praticados de forma consciente, apesar de não gerar dívidas a resgatar, se situam dentro do campo da responsabilidade individual de cada um. Julgamos de todo importante esclarecer alguns pontos para que as pessoas possam melhor entender a questão do pecado, do carma e do chamado resgate de dívidas. Primeiro não é só pelo fato da pessoa deixar o corpo físico e ingressar no mundo espiritual que ela passa a entender a grande realidade da vida. Tanto é que existem na dimensão espiritual mui(22) A Vida Dentro da Vida. 54
  • 55. José Antônio tos grupos de pessoas que ensinam e defendem a existência do carma, da dívida e do resgate, bem como a necessidade da dor e do sofrimento para a evolução espiritual. Acreditam ainda que esses INSTRUMENTOS foram criados pelo Criador para nos tornar seres evoluídos. Esquecem, no entanto, que esses conceitos foram originados aqui na matéria e vieram todos da mesma fonte: A INCONSCIÊNCIA HUMANA. Assim, ao sermos atingidos pelo acidente planetário e tornados inconscientes, tentamos criar explicações para tudo o que nos acontecia. Nessa busca de explicações, os mais inteligentes inventaram o véu e o conto. Enquanto o véu esconde da multidão o que lhe é conveniente ver, o conto fornece a explicação julgada, por eles, mais adequada. Assim criou-se, ao longo do tempo, o teatro da vida onde os homens permanecem imobilizados na inconsciência no decorrer das vidas sucessivas e não encontram a luz que ilumina o caminho que conduz à autoconsciência, onde o véu é rasgado e o conto calado. A reencarnação, ou seja, o uso de matéria é um caminho para o crescimento integral do Ser Humano. Significa que do rebanho total do Criador fomos apontados desde a criação para seguirmos a jornada material, na grande escalada em direção ao infinito. 55
  • 56. Questões relativas ao tema 1. Qual a finalidade da encarnação dos espíritos? LE: Deus a impõe com o fim de levá-los à perfeição: para uns é uma expiação; para outros, uma missão. Mas, para chegar à perfeição, eles devem sofrer todas as vicissitudes da existência corpórea: nisto é que está a expiação. Comentário: O homem encarna, ou seja, assume um corpo físico primeiro porque é uma contingência do próprio Ser Humano que foi criado com “registro de matéria”; segundo porque no mundo físico aprendemos sentindo a matéria, comungando uma união estreita entre as dimensões física e extrafísica; e terceiro porque temos necessidade de um corpo físico e isso independe do conhecimento, sabedoria ou outro atributo que se dê ao Ser Humano. “Ele sempre sentirá necessidade da matéria e só estará completo com ela”.(23) Como se vê não encarnamos em um corpo físico para sofrer ou para expiar qualquer culpa. Encarnamos em um corpo físico porque esse é o caminha natural e desejado por todos nós que temos “registro de matéria”. 2. Os espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do bem, têm necessidade de encarnação? LE: Todos são criados simples e ignorantes e se instruem através das lutas e tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer felizes a uns, sem penas e sem trabalhos e por conseguinte sem mérito. (23) A Vida Dentro da Vida. 56
  • 57. José Antônio Comentários: “Os espíritos são criados perfeitos e o Criador não vê defeitos em sua obra”.(24) Crescem em conhecimento através de experiências adquiridas, nas suas vidas sucessivas em contato com o mundo físico. Não são penas, expiações, dor e sofrimento o que aumentará o mérito de suas conquistas. Até mesmo para os nossos animais está caindo em desuso a utilização de castigos e maus tratos no processo de amansamento, substituindo-se com grande vantagem a violência da chibata pela força da paciência e do afago. Daí se conclui que o homem que também possui, em essência, a mesma matéria animal também aprende melhor na escola da compreensão, da alegria e do carinho. 3. Que dizer da teoria segundo a qual, na criança, a alma vai se completando a cada período da vida? LE: O espírito é apenas um, inteiro na criança, como no adulto; são os órgãos os instrumentos de manifestação da alma, que se desenvolvem e se completam; Comentário: O fato puro e simples do nascimento de um corpo de criança não significa que houve uma encarnação ou reencarnação. É preciso que uma pessoa (espírito) sem um corpo físico assuma esse novo corpo. Isto se dá por meio de um processo gradativo que se inicia com o nascimento e se completa por volta dos quatorze anos de idade. 4. A alma não leva nada deste mundo? LE: Nada mais que a lembrança e o desejo de ir para um mundo melhor. (24) As Possibilidades do Infinito. 57
  • 58. Em Busca da Consciência Perdida Essa lembrança é cheia de doçura ou amargor, segundo o emprego que tenha dado à vida. Quanto mais pura for, mais compreenderá a futilidade daquilo que deixou na Terra. Comentário: A pessoa ao desencarnar e deixar o mundo material leva consigo primeiro o pesar de deixar o corpo físico que lhe era tão caro; segundo leva todas as sensações da matéria o que lhe causa uma série de necessidades físicas como se nela ainda estivesse e terceiro incorpora ao arquivo próprio do Ser Humano tudo o que apreendeu em sua experiência na matéria. 5. Todos os espíritos experimentam, no mesmo grau e pelo mesmo tempo, a perturbação da alma e do corpo? LE: Não, pois isso depende da sua elevação. Aquele que já está depurado se reconhece quase imediatamente, porque se desprendeu da matéria durante a vida corpórea, enquanto o homem carnal, cuja consciência não é pura, conserva por muito mais tempo a impressão da matéria. Comentário: O estado de consciência da pessoa que deixa o corpo em definitivo depende do tipo de morte que deu causa ao desencarne. Certos tipos de doença que causam o esgotamento físico de forma lenta e gradual torna o transe pós-morte menos profundo e de mais curta duração. Ao contrário, os desencarnes por acidentes ou por outros tipos de morte súbita podem levar a pessoa a um estado de inconsciência mais longo e profundo. 6. Como pode a alma, que não atingiu a perfeição durante a vida corpórea, acabar de se depurar? LE: Submetendo-se à prova de uma nova existência. 58
  • 59. José Antônio Comentário: Depurar significa “tornar puro, limpar, purificar”. O homem encarna para participar da vida na matéria e continuar aprendendo sempre. Para a humanidade que habita o planeta Terra ela reencarna também para buscar a autoconsciência, pois somente ela é capaz de mostrar o caminho que leva à perfeição. No sentido moral ninguém encarna para se depurar, pois se isso fosse verdade teríamos que colocar em dúvida a capacidade criadora do Criador que teria criado uma obra tão imperfeita que necessita de reparos, ou seja, de limpeza e purificação. 7. Qual a finalidade da reencarnação? dade. LE: Expiação, melhoramento progressivo da humani- Comentário: A reencarnação, ou seja, a vivência no meio físico é inerente a todo Ser Humano que tem “registro de matéria”. No momento da criação o Criador atribuiu a uns o “registro de matéria”, significando que para essas pessoas a eterna caminhada se fará de braços dados com a matéria; para os outros o nascimento na matéria densa não é regra geral, mas a exceção. Isso não por privilégios especiais, mas por não possuírem o “registro de matéria”. A reencarnação assim ocorre por um desígnio da criação e tem por finalidade o nosso infinito aprendizado através das vidas sucessivas na matéria. 8. O número de existências corpóreas é limitado, ou o espírito se reencarna perpetuamente? LE: A cada nova existência, o espírito dá um passo na senda do progresso; quando se despojou de todas suas impurezas, não precisa mais das provas da vida corpórea. 59
  • 60. Em Busca da Consciência Perdida Comentário: O número de existências corpóreas do espírito é ilimitado, mas nem uma única é destinada a lavar impurezas, ou seja, para purificar. Se isso fosse verdade, seria tempo perdido, pois teríamos que sempre vir limpar impurezas, assim como ocorre no banho nosso de cada dia, isso porque sempre nos envolvemos em experiências na matéria passíveis de ser entendidas, erroneamente, como carreadoras de impurezas para nossa organização espiritual. 9. Em que se transforma o espírito depois de sua última encarnação? LE: Em espírito bem-aventurado; um espírito puro. Comentário: Como já foi dito anteriormente, não existe a última encarnação. Sempre haverá outra. 10. Sobre o que se funda o dogma da reencarnação? LE: Sobre a justiça de Deus e a revelação, pois não nos cansamos de vos repetir: um bom pai deixa sempre aos seus filhos uma porta aberta ao arrependimento... O homem tem consciência de sua inferioridade... Comentário: Todo aquele que tem sede se utiliza do líquido. Todo aquele que tem “registro de matéria” usa a reencarnação. O homem não é inferior e afirmar o contrário é não reconhecer a grandeza do próprio Criador. Somos perfeitos, como tudo que Ele criou, apenas estamos, temporariamente, utilizando um corpo físico com graves defeitos. 11. A reencarnação é, portanto, uma necessidade da vida espírita, como a morte é uma necessidade da vida corpórea? LE: Seguramente, assim é. Comentário: A reencarnação é em verdade uma necessidade de todo aquele que tem “registro de matéria”. A morte, 60
  • 61. José Antônio ao contrário, não é uma necessidade da vida corpórea, mas é antes uma doença, isso dentro do que se chama morte natural. Excetuando, portanto, a morte acidental ou provocada. 12. Nossas existências corpóreas se passam todas na Terra? LE: Não, mas nos diferentes mundos. As deste globo não são as primeiras nem as últimas, mas as mais materiais e distanciadas da perfeição. Comentário: Antes da criação do mundo físico se dá a formação do mundo espiritual, onde seres humanos aguardam o momento propício para o início das encarnações. Quanto ao estado de perfeição, não são atributos do planeta que o determinam, mas do estado de consciência do Ser Humano que o habita. No tocante ao aspecto de ser mais ou menos material, todo mundo físico assim o é simplesmente, não cabendo portanto a graduação de mais ou menos material. NENHUM ESPÍRITO REENCARNA PARA RESGATAR DÍVIDAS, MAS PORQUE TEM “REGISTRO DE MATÉRIA E SÓ NA MATÉRIA ELE ESTÁ COMPLETO”.(25) 13. A cada nova existência corpórea a alma passa de um mundo a outro, ou pode ela viver muitas vidas num mesmo globo? LE: Ela pode viver muitas vezes num mesmo globo, se não estiver bastante adiantada para passar a um mundo superior. Comentário: Os mundos não são superiores uns aos outros, mas apenas diferentes dentro do grande concerto da (25) A Vida Dentro da Vida. 61
  • 62. Em Busca da Consciência Perdida criação. Os homens no entanto podem ter entendimento diferenciado sobre a vida e tudo que o rodeia, como é o nosso caso e que foi motivado por um acidente. 14. É uma necessidade reviver na Terra? LE: Não, mas se não progredirdes, podeis ir par outro mundo que não seja melhor, e que pode mesmo ser pior. Comentário: O Ser Humano só é completo quando encarnado na matéria. Assim, entendido, temos necessidade da matéria. No caso específico da Terra, para aqui viemos como voluntários e aqui ficaremos até conseguirmos livrar a matéria do globo terrestre de toda anormalidade. Isso também é nossa responsabilidade e como seres eternos pesa sobre todos nós essa obrigação. 15. Há vantagem em voltar a viver na Terra? LE: Nenhuma vantagem particular, a não ser que se venha em missão, pois então se progride, como em qualquer outro mundo. Comentário: A Terra é o nosso mundo, que abraçamos por vontade própria e com ele temos um pacto de torná-lo perfeito como era antes. Por outro lado, o celeiro físico é o depositário das experiências terrenas e somente nele adentrando temos a benéfica ousadia de vivenciá-las. 16. Não seria melhor continuar como espírito? LE: Não, não! Ficar-se-ia estacionário, e o que se quer é avançar para Deus. Comentário: Mesmo como espíritos temos condições e oportunidades de aprender sempre, mas continuamos sedentos da matéria, pois é nela que se desenrola a nossa grande 62
  • 63. José Antônio batalha para a aquisição do conhecimento do Criador e da criatura. 17. Os seres que habitam os diferentes mundos têm corpos semelhantes aos nossos? LE: Sem dúvida que eles têm corpos, porque é necessário que o espírito se revista de matéria para agir sobre ela; mas esse envoltório é mais ou menos material, segundo o grau de pureza a que chegaram os espíritos, e é isso que determina as diferenças entre os mundos que temos de percorrer... Comentário: “Semelhantes” é bem a palavra, mas não iguais. Muitas pessoas de outros planetas possuem corpos semelhantes aos nossos, mas com certos atributos que o homem que habita a Terra não possui. Além disso, a humanidade terrestre está atípica com relação a outros seres humanos, pois está utilizando um organismo físico com problemas extremamente graves. Quanto ao aspecto moral de pureza esse conceito não se aplica aos mundos onde o Ser Humano é consciente na matéria, mas prospera entre nós onde o homem confunde inconsciência na matéria com inferioridade espiritual, ou seja, confunde a lâmpada que ilumina com a energia que produz a luz. Se a lâmpada está queimada, a energia por mais forte que seja não produz luz. 18. Passando de um mundo para outro, o espírito passa por nova infância? LE: A infância é por toda parte uma transição necessária, mas não é sempre tão estúpida como entre vós. Comentário: Em todos os mundos físicos habitados o processo natural da reencarnação ou troca de matéria é sem63
  • 64. Em Busca da Consciência Perdida pre o mesmo. Com isso não estamos afirmando que o processo é rigorosamente o mesmo que se conhece aqui. 19. O estado físico e moral dos seres vivos é perpetuamente o mesmo em cada globo? LE: Não; os mundos também estão submetidos à lei de progresso. Todos começaram como o vosso, por um estado inferior, e a Terra mesma sofrerá uma transformação semelhante, tornando-se um paraíso terrestre, quando os homens se fizerem bons. É assim que as raças que hoje povoam a Terra desaparecerão um dia e serão substituídas por seres mais perfeitos. Essas raças transformadas sucederão a atual, como esta sucedeu a outras que eram mais grosseiras. Comentário: O corpo físico dos seres humanos recebem cuidados especiais nos mundos onde predomina a consciência plena. O próprio deperecimento acelerado da matéria já foi equacionado. No tocante à nossa moral ela só existe onde existe o estado de inconsciência. A moral faz parte dos mecanismos desenvolvidos aqui ao longo dos tempos, objetivando direcionar o comportamento do homem, limitando o campo de suas ações de modo a satisfazer certas regras de conduta criadas no meio social. 20. Por que a vida se interrompe com frequência na infância? LE: A duração da vida da criança pode ser, para seu espírito, o complemento de uma vida interrompida antes do termo devido, e sua morte é frequentemente uma prova ou uma expiação para os pais. Comentário: O grande aproveitamento da reencarnação se dá após o período da infância quando o espírito que assumiu aquele corpo efetivamente se liga a ele. Tal fato se dá por 64
  • 65. José Antônio volta dos quatorze anos de idade. Assim, podemos afirmar que acontece grande número de mortes na infância devido a pouca resistência da matéria frente aos fatores adversos, como também pelo fato de que o dono da matéria quase não tem condição de prover a sua segurança, pois ELE NÃO ESTÁ NELA, MAS PRÓXIMO DELA. 21. Os espíritos têm sexo? LE: Não como o entendeis, porque os sexos dependem da constituição orgânica. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na afinidade de sentimentos. Comentário: Os seres humanos são criados com os sexos definidos. O espírito é o molde e o corpo físico é dotado de todos os elementos que já fazem parte da organização espiritual. 22. O espírito que animou o corpo de um homem pode animar o de uma mulher, numa nova existência, e vice-versa? LE: Sim, pois são os mesmos espíritos que animam os homens e as mulheres. Comentário: Não é regra geral, mas o espírito pode assumir um corpo de sexo diferente do seu. Isso acontece quando o espírito vê a importância do seu trabalho a ser desenvolvido, acima do atributo sexual. Existem várias características que são do espírito, como é o caso do sexo. 23. Quando somos espíritos, preferimos encarnar num corpo de homem ou de mulher? LE: Isso pouco importa ao espírito; depende das provas 65
  • 66. Em Busca da Consciência Perdida que ele tiver de sofrer. Comentário: Preferimos sempre seguir a harmonia da vida, encarnando em um corpo que possamos usar na sua plenitude. 24. Por que é que pais bons e virtuosos têm filhos perversos? Ou seja, por que as boas qualidades dos pais não atraem sempre, por simpatia, bons espíritos como filhos? LE: Um mau espírito pode pedir bons pais, na esperança de que os seus conselhos o dirijam por uma senda melhor, e muitas vezes Deus o atende. Comentário: No grande concerto da vida não existe o mau e o perverso, existe isto sim, o desequilíbrio que mancha a realidade. 25. Qual é a origem das faculdades extraordinária dos indivíduos, que, sem estudo prévio, parecem ter a intuição de certos conhecimentos, como as línguas, cálculos, etec.? LE: Lembrança do passado; progresso anterior da alma, mas do qual ela mesma não tem consciência. Comentário: As aptidões de certos indivíduos para certas atividades aqui no mundo físico vêm da combinação das matérias do pai e da mãe que lhe propiciam um corpo físico com áreas cerebrais favoráveis à lembrança daqueles conhecimentos adquiridos em outras vidas. Não existe gênio em assunto para ele desconhecido. 26. Com a mudança dos corpos, podem perder-se certas faculdades intelectuais, deixando-se de ter, por exemplo, o gosto pelas artes? 66
  • 67. José Antônio LE: Sim, desde que se tenha desonrado essa faculdade, empregando-a mal. Comentário: Perder não é o caso, mas esquecer temporariamente. Mas, por outro lado, temos sempre a sensação de que sabemos fazer ou realizar aquela atividade. 27. Como a alma é recebida, na sua volta ao mundo dos espíritos? LE: A do justo, como um irmão bem-amado e longamente esperado; a do mau, como um ser que se despreza. Comentário: A pessoa após a perda da matéria é recebida na dimensão extrafísica como o viajante que regressa, depois de longa viagem, ao seio de seus amigos e familiares. 28. As almas que devem unir-se estão predestinadas a essa união, desde a sua origem, e cada um de nós tem, em alguma parte do universo, a sua metade, à qual algum dia se unirá fatalmente? LE: Não; não existe união particular e fatal entre duas almas. A união existe entre todos os espíritos, mas em graus diferentes, segundo a ordem que ocupam... Comentário: Trata-se de assunto de extrema complexidade, mas pode-se dizer que todos nós desde a criação somos dois em um. Temos a nossa alma gêmea, que é tudo que nós somos, guardando porém polaridade contrária à nossa. 29. Poderia acontecer que uma criança, que deve nascer não encontrasse espírito que quisesse encarnar-se nela? LE: Deus proveria isso. A criança, quando deve nascer para viver, tem sempre uma alma predestinada: nada é criado 67
  • 68. Em Busca da Consciência Perdida sem um desígnio. Comentário: Já dissemos anteriormente que o simples nascimento de um corpo não caracteriza uma reencarnação. Existem mesmo muitos corpos que sobrevivem por muito tempo sem que um espírito esteja nele encarnado. Esse fato não é notado pelas pessoas que convivem com essas matérias que têm apenas vida física. No entanto, quando é gerado o corpo para uma criança e que ainda não foi assumido por alguém, normalmente um voluntário o assume, isso em respeito à matéria humana. 30. O momento da encarnação é seguido de perturbação semelhante ao que se verifica na desencarnação? LE: Muito maior, e sobretudo mais longa. Na morte, o espírito sai da escravidão; no nascimento, entra nela. Comentário: À medida que o corpo físico da criança vai atingindo a idade que permite ao espírito assumi-lo, vai ocorrendo um esquecimento do mundo espiritual e, ao mesmo tempo, uma conscientização da matéria. É como se o espírito “apagasse” no mundo espiritual e “acendesse” no mundo físico. 31. Em que momento a alma se une ao corpo? LE: A união começa na concepção, mas não se completa senão no momento do nascimento. Comentário: A união do espírito à matéria não ocorre com a concepção e tampouco com o nascimento. Essa união só se completa quando o corpo físico atinge os quatorze anos. É justamente nesse período que ocorrem as grandes trans68
  • 69. José Antônio formações de ordem psicológica. Enquanto não se dá essa união o espírito apenas assiste à matéria, ligado energeticamente a ela. Essa tarefa inclusive pode ser delegada a outro espírito se o dono do corpo físico precisar se afastar temporariamente por algum motivo. 32. A união entre o espírito e o corpo é definitiva desde o momento da concepção? Durante esse primeiro período o espírito poderia renunciar a tomar o corpo que lhe foi designado? LE: A união é definitiva, no sentido de que outro espírito não poderia substituir o que foi designado para o corpo... Comentário: Como foi dito anteriormente o espírito apenas exerce uma “vigilância” sobre a matéria, enquanto não se completa a sua total formação, o que se dá por volta dos quatorze anos. Nesse intervalo de tempo, se houver necessidade, o próprio espírito reencarnante pode ser substituído por outro sem nenhum prejuízo para a matéria. 33. No intervalo da concepção ao nascimento, o espírito goza de todas suas faculdades? LE: Mais ou menos, segundo a época, porque não está ainda encarnado, mas ligado ao corpo. Comentário: No lapso de tempo que medeia a concepção e o nascimento o espírito reencarnante tem total liberdade, pois é apenas um observador atento ao processo de formação de sua futura matéria. 34. Há, como indica a ciência, crianças que desde o ventre da mãe não tem possibilidade de viver? E com que fim isso acontece? 69
  • 70. Em Busca da Consciência Perdida LE: Isso acontece frequentemente, e Deus o permite como prova, seja para os pais, seja para o espírito destinado a encarnar. Comentário: A natureza de forma inexorável segue seu curso independentemente de nossos desejos. Existem certas anomalias ou doenças hereditárias, já devidamente caracterizadas pela nossa ciência médica, que não permitem o prosseguimento normal do processo de gestação. Esse fato é também observado no processo reprodutivo dos animais. Não podemos assim creditar esses acontecimentos naturais a um procedimento de apenação de alguém, mesmo porque muitos desses casos quando submetidos a um tratamento criterioso são sanados e a gestação é coroada de êxito. 35. Há crianças natimortas, que não foram destinadas à encarnação de um espírito? LE: Sim, há as que jamais tiveram um espírito destinado aos seus corpos: Nada devia cumprir-se nelas. É então somente pelos pais que essa criança nasce. Comentário: A morte intrauterina ocorre, via de regra, por problemas de ordem material ou mesmo por acidente e não por falta de designação de um espírito para ocupar o corpo. A bem da verdade, o corpo pode nascer com vida e assim permanecer por muito tempo sem que haja um espírito designado para ocupá-lo. 36. Toda criança que sobrevive tem, portanto, necessariamente, um espírito encarnado em si? LE: Que seria ela sem o espírito? Não seria um ser humano. 70
  • 71. José Antônio Comentário: Em todos os casos em que o corpo físico sobrevive sem que haja uma pessoa para assumi-lo, aí não existe o Ser Humano, mas apenas matéria animal. 37. O aborto provocado é um crime, qualquer que seja a época da concepção? LE: Há sempre crime, no momento em que se transgride a lei de Deus. A mãe, ou qualquer outro, cometerá sempre um crime, ao tirar a vida à criança, antes do seu nascimento, porque isso é impedir a alma de passar pelas provas de que o corpo devia ser instrumento. Comentário: O aborto se situa no campo da moral e, em segundo plano, nos campos econômico e político. Sob o manto da moral muitas nações definem o aborto como crime e criam as penas correspondentes ao delito. Enquanto isso outras nações fronteiriças admitem a prática do aborto. Uma observação mais criteriosa vai revelar que as nações com grandes espaços vazios a serem ocupados proíbem o aborto, enquanto que as nações com excesso de população quase sempre o admitem. Presentes esses fatos pergunta-se onde está o certo e o errado? Estaria por acaso na inspiração dos legisladores ou na vontade dos governantes? Acima disso tudo paira uma verdade: todo o processo de concepção e gestação é ato voluntário e nunca uma obrigação. Em um estado em que a pessoa esteja consciente de seus atos, ninguém deve dizer a ela o que deve ou não deve fazer. 38. Qual o caráter dos indivíduos em que se encarnam os espíritos brejeiros e levianos? LE: São estouvados, espertos, e algumas vezes, seres 71
  • 72. Em Busca da Consciência Perdida malfazejos. Comentário: Entendemos que tanto as pessoas sem matéria, ou seja, que estão temporariamente no mundo espiritual como também aquelas que estão ocupando um corpo físico não devem ser rotuladas. Ao proceder-se desta forma, sujeita-se a cometer sérios enganos, pois como bem se vê trata-se de um julgamento exterior da pessoa. A análise em profundidade das causas e razões do seu comportamento revelaria uma realidade totalmente diversa do julgamento inicial. 39. É o mesmo espírito que dá ao homem as qualidades morais e as da inteligência? LE: Seguramente que é o mesmo, e na razão do grau a que tenha chegado. O homem não tem em si dois espíritos. Comentário: as chamadas “qualidades morais” como já dissemos depende tanto das últimas encarnações como da presente vida na matéria. Se, por acaso, viveu em um meio ambiente - espaço e tempo - em que havia costumes baseados em uma moral severa, o espírito ira levar para a vida futura esses princípios como “registros” adquiridos no caminho percorrido. Esses registros não devem ser classificados como bons ou ruins, mas apenas “registros” de experiências vividas. A criança, criada dentro de padrões rígidos de comportamento, via de regra irá se pautar, na idade adulta, dentro daqueles padrões gravados em sua memória. Dessa forma, as “qualidades morais” não são do espírito, mas foram agregadas a ele. O ser humano em estado de consciência desperta não necessita de nossos ensinamentos morais, pois ele tem gravado no âmago do seu ser todo o ideal divino no ato da criação. Quanto à inteligência, que não devemos confundir com conhecimento, ela é atributo de todo espírito, mas para ex72