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Textos de Descartes
1. Filosofia
Ano Lectivo: ___/___ Ano: 11º Turma:
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Prof. Joaquim Melro
Unidade IV – Teorias explicativas do conhecim ento
O Racionalism o Cartesiano
Docum en to 1
Texto 1
OS SENTIDO S ENGANADORES
SENTIDOS ENGANADO RES
Numerosas experiências destruíram
sucessivamente toda a fé que eu depositara nos
sentidos. Com efeito, algumas vezes, mostravam-se
de perto como quadradas torres que de longe me
pareciam redondas, e enormes estátuas que se
elevam nos seus terraços não me pareciam
grandes vistas do rés-do-chão. E em inúmeras outras
coisas do género descobria que sou enganado pelos juízos fundados nos
sentidos externos. E não só os externos como também os internos: porque o
que pode ser mais íntimo que a dor? Ora, ouvi outrora, de homens a quem
foram cortados uma perna ou um braço, que ainda algumas vezes lhes
parecia sentirem dores na parte do corpo que faltava; e assim, também não
me parecia absolutamente certo que me doía um certo membro, embora
sentisse nele uma dor; causas de duvidar a quem juntei, ainda há pouco, duas
maximamente gerais: a primeira era que tudo o que acreditei sentir enquanto
estou acordado. A segunda era que, como ignorasse até agora o autor do
meu ser, ou, pelo menos, fingisse ignorá-lo, não via nada que obstasse a que
eu fosse de tal modo constituído pela natureza que me enganasse mesmo
naquelas coisas que me pareciam verdadeiras. E quanto às razões que
anteriormente me persuadiram da verdade das coisas sensíveis, não é difícil
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2. refutá-las: visto que me pareceu que fui impelido pela natureza a acreditar em
muitas coisas de que a razão me dissuadia.
Descartes, Meditações Metafísicas, quot;6ª Meditaçãoquot;, pp. 205-206.
Texto 2
Assim, porque os nossos sentidos nos enganam algumas vezes, quis
supor que não existe coisa alguma que seja tal como eles a fazem imaginar. E
porque há homens que se enganam a raciocinar, mesmo a propósito dos mais
simples temas da geometria (…) ao considerar que eu estava sujeito a
enganar-me, como qualquer outro, rejeitei como falsas todas as razões que
anteriormente me serviam de demonstrações. Finalmente, considerando que
todos os pensamentos que temos em estado de vigília nos podem também
ocorrer quando dormimos sem que, neste caso, algum seja verdadeiro, resolvi
supor que todas as coisas que até então tinham entrado no meu espírito não
eram mais verdadeiras que as ilusões dos meus sonhos. Mas, logo a seguir,
notei que, enquanto assim queria pensar que tudo era falso, era de todo
necessário que eu, que o pensava, fosse alguma coisa. E notando que era
verdade: penso, logo existo, era tão firme e tão certa que todas as
extravagantes suposições dos cépticos não eram capazes de abalar, julguei
que a podia aceitar, sem escrúpulo, para primeiro princípio da filosofia que
procurava.
Descartes, Discurso do Método, Lisboa, Edições 70, pp. 73-74.
Texto 3
A RAZÃO, FO NTE DE TODO O CONHECIM ENTO
RAZÃO , TO DO
(…) Considerando que aquele que pretende duvidar de tudo, não pode, no
entanto, duvidar que existe, enquanto duvida, e que, aqueles que assim
raciocina, não podendo duvidar de si próprio, duvidando todavia de tudo o
resto, não é o que nós dizemos ser um corpo, mas o que chamamos a nossa
alma ou o nosso pensamento, eu tomei o ser ou a existência deste
pensamento como o primeiro princípio, do qual deduzi muito claramente os
seguintes: que há Deus, que é o autor de tudo o que existe no mundo, e que
sendo a fonte de toda a verdade, não criou o nosso entendimento com uma
natureza tal que ele se possa enganar no juízo que faz acerca das coisas de
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3. que tem percepção muito clara e muito distinta. São esses todos os princípios
de que me sirvo no que respeita às coisas imateriais ou metafísicas, a partir dos
quais deduzo muito claramente os princípios das coisas corporais ou físicas:
que há corpos extensos em comprimento, largura e profundidade, que têm
diversas figuras e se movem de formas diversas. Eis, em suma, todos os
princípios a partir dos quais deduzo a verdade de outras coisas.
Descartes, Princípios da Filosofia, pp. 37-38.
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