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INTERLAGOS<br />O LUTADOR<br />De <br />Carlos Drummond de Andrade<br />Oficina Literária<br />Grupo: Beatriz Cristina da Silva, Geovana Batista, Karina Avori Galan, Luciana Vieira e Marisa Romão Pires <br />Grupo: Beatriz Cristina da Silva, Geovana Batista, Karina Avori Galan, Luciana Vieira e Marisa Romão Pires <br />O Lutador<br />De <br />Carlos Drummond de Andrade<br />Letras – Licenciatura em Português e Inglês / Noturno<br />São Paulo<br />2011<br />SUMÁRIO<br />INTRODUÇÃO                                                   página...............03<br />1. MODERNISMO........................................................................04<br />2. CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE......................................06<br />3. O LUTADOR – POEMA............................................................09  <br />4. O LUTADOR – ANALISE DA ESTRUTURA..............................12  <br />5. BIBLIOGRAFIA.......................................................................16<br />INTRODUÇÃO<br />Esse trabalho tem a intenção de mostrar a estrutura do poema “O lutador” de Carlos Drummond de Andrade. <br />Para entender o poema “O lutador” foi decidido pelo grupo que era necessário, primeiramente, pesquisar um pouco sobre a vida do poeta Carlos Drummond de Andrade, que escreveu essa poesia, e a Segunda Fase do Modernismo, fase na qual o poema foi criado. <br />O resultado da pesquisa e da tentativa de analisar a estrutura do poema “O lutador” está agora impressa nas próximas páginas.<br />MODERNISMO<br />O modernismo foi um movimento literário  e artístico do início do séc. XX, cujo objetivo era o rompimento com o tradicionalismo (parnasianismo, simbolismo e a arte acadêmica), a libertação estética com a mistura dos gêneros já existentes, a experimentação constante e, principalmente, a independência cultural do país. <br />No Brasil, este movimento possui como marco simbólico a Semana de Arte Moderna, realizada em 1922, na cidade de São Paulo.<br />Cartaz anunciando o último dia da Semana de Arte Moderna<br />O Modernismo foi dividido em três fases: <br />A Primeira Fase ou Fase Heroica  (1922-1930), foi mais radical e fortemente oposta a tudo que existia anteriormente, cheia de irreverência e escândalo; <br />A Segunda Fase ou Fase de Consolidação (1930-1945) foi mais amena,  caracterizada pelo predomínio da prosa de ficção e formou grandes romancistas e poetas; <br />A Terceira Fase (1945-1960), com tendências contemporânea e considerada por alguns estudiosos como Pós-Modernista.<br />O modernismo não foi dominante desde o início, mas com o tempo suplantou os estilos anteriores, sobretudo por sua liberdade de estilo - abolição de todas as regras anteriores -, aproximação com a linguagem falada e o desejo de fazer uma arte voltada às singularidades culturais brasileiras.<br />Foi no período da Segunda Fase do Modernismo  que os ideais difundidos em 1922 se espalharam com maior força e se normalizaram. Os esforços anteriores para redefinir a linguagem artística se unem a um forte interesse pelas temáticas nacionalistas, percebe-se um amadurecimento nas obras dos autores da primeira fase, que continuam produzindo, e também o surgimento de novos poetas, entre eles Carlos Drummond de Andrade.<br />CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE<br />Nasceu em ltabira, Minas Gerais, em 31 de outubro de 1902 e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 17 de agosto de 1987 aos 84 anos. <br />Drummond foi um grande poeta, contista e cronista da Segunda Fase do Modernismo, que desde cedo mostrou interesse pela literatura e habilidade com a palavra, ingressando aos 13 anos no Grêmio Dramático e Literário Artur Azevedo, da escola onde estudava. Com 20 anos tem trabalhos publicados no jornal “Diário de Minas” e nas revistas “Para Todos” e “Ilustração Brasileira”.<br />Foi diplomado na Escola de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte, porém fez da literatura sua profissão. Em 1925, já influenciado pelos poetas modernistas de São Paulo, fundou “A Revista”, que venho a se tornar o porta-voz do modernismo mineiro. <br />Ao longo de sua vida, Drummond recebeu diversos prêmios por suas obras, tem suas obras traduzidas em vários países, colaborou em inúmeros jornais e revistas, participou de antologias (Coleção de trechos literários escolhidos), marcou sua presença no programa “Quadrante” e em uma série de programas da Rádio Ministério da Educação de entrevistas.<br />Mesmo após sua morte, Drummond continua vivo e sempre presente no meio literário e também fora dele, suas obras são motivo de vários estudos e o próprio poeta foi imortalizado em: estátuas; memorial; estampou as notas de 50 cruzados novos entre 1988 e 1990; foi interpretado em minisséries; publicaram um CD onde Drummond declama seus poemas; teve um centenário; etc.<br /> Capa do CD: Carlos Drummond de Andrade por Paulo Autran.<br />Carlo<br />Estátuas Dois poetas, na cidade de Porto Alegre. Em pé, Carlos Drummond de Andrade. Sentado, Mário Quintana. O livro original foi roubado então as pessoas colocam um livro nas mãos do poeta. Na foto, o livro é quot;
Diário de um Ladrãoquot;
, do Jean Genet. <br />Escultura do poeta Carlos Drummond de Andrade, criada pelo artista mineiro Leo Santana. Instalada em Copacabana – em frente à rua em que o poeta morou – no dia 31 de outubro de 2003 – Ano do Centenário do Poeta. Curiosamente a estátua é monitorada noite e dia para evitar um novo roubo de seus óculos, registrando muitas vezes pessoas que simplesmente param para tirar uma foto ou conversar com a estátua. Frase: “No mar estava escrita uma cidade”<br />Sua poesia possui o desejo de mudanças político-sociais, questionamento filosófico da vida, do homem e do mundo, constituindo uma lírica densa, ampla e inesgotável. Seguindo a libertação proposta por Mário e Oswald de Andrade com a instituição do verso livre, mostrando que este não depende de um metro fixo, Drummond sempre buscou em sua poesia refletir o seu tempo presente sem abandonar o contexto maior da humanidade. <br />Foi mestre na poesia metalinguística, usando como tema o próprio fazer poético, sobre a função da poesia, como é possível se notar no poema “O lutador” publicado no livro “José” de 1942.<br />O LUTADOR – POEMA<br />Carlos Drummond de Andrade<br />Lutar com palavras é a luta mais vã.Entanto lutamosmal rompe a manhã.São muitas, eu pouco.Algumas, tão fortescomo o javali.Não me julgo louco.Se o fosse, teriapoder de encantá-las.Mas lúcido e frio,apareço e tentoapanhar algumaspara meu sustento num dia de vida.Deixam-se enlaçar,tontas à caríciae súbito fogeme não há ameaçae nem 3 há sevíciaque as traga de novoao centro da praça.Insisto, solerte.Busco persuadi-las.Ser-lhes-ei escravode rara humildade.Guardarei sigilode nosso comércio.Na voz, nenhum travode zanga ou desgosto.Sem me ouvir deslizam,perpassam levíssimase viram-me o rosto.Lutar com palavrasparece sem fruto.Não têm carne e sangue…Entretanto, luto.Palavra, palavra(digo exasperado),se me desafias,aceito o combate.Quisera possuir-teneste descampado, sem roteiro de unha ou marca de dentenessa pele clara. Preferes o amorde uma posse impurae que venha o gozoda maior tortura.Luto corpo a corpo,luto todo o tempo, sem maior proveitoque o da caça ao vento.Não encontro vestes,não seguro formas,é fluido inimigoque me dobra os músculose ri-se das normasda boa peleja.Iludo-me às vezes,pressinto que a entregase consumará.Já vejo palavrasem coro submisso,esta me ofertandoseu velho calor,aquela sua glóriafeita de mistério,outra seu desdém,outra seu ciúme,e um sapiente amorme ensina a fruirde cada palavraa essência captada,o sutil queixume.Mas ai! é o instantede entreabrir os olhos:entre beijo e boca, tudo se evapora.O ciclo do diaora se conclui 8e o inútil duelojamais se resolve. O teu rosto belo,ó palavra, esplendena curva da noiteque toda me envolve. Tamanha paixãoe nenhum pecúlio.Cerradas as portas,a luta prosseguenas ruas do sono.<br />O LUTADOR – ANALISE DA ESTRUTURA<br />Em um primeiro olhar o poema parece seguir o padrão do soneto, por ser dividido em 6 versos, que o caracterizaria como uma sextilha, porém ao olhar o poema mais atentamente logo notamos que há um rompimento em relação a tradicional forma de se fazer poesia. <br />“O lutador” trata da luta do poeta ao fazer uma poesia, da arte de fazer poesia, em uma linguagem claramente metalinguística. O poema tem liberdade formal evidente na utilização do verso livre, no abandono da métrica e do esquema de rimas, além da mistura de gêneros ao longo de todo o poema.<br />Vejamos a seguir como isso ocorre:<br />Logo no inicio do poema, na primeira estrofe que relata a impotência do poeta diante das palavras, há uma rima e um lirismo que, de certa forma, lembra o esquema do soneto, seguindo até o padrão de cinco sílabas poéticas com acentos na segunda e na quinta:<br />Lutar com palavras é a luta mais vã.Entanto lutamosmal rompe a manhã.<br />Porém, logo esse padrão perde o ritmo lírico, rimado e parnasiano com a quebra do esquema do soneto no trecho seguinte:<br />São muitas, eu pouco.Algumas, tão fortescomo o javali.<br />E passa a seguir uma narrativa, característica até então do romance, mas mantendo um eu-lírico:<br />Não me julgo louco. / Se o fosse, teria / poder de encantá-las. / Mas lúcido e frio, / apareço e tento / apanhar algumas / para meu sustento / num dia de vida. / Deixam-se enlaçar, / tontas à carícia / e súbito fogem / e não há ameaça e nem 3 há sevícia / que as traga de novo / ao centro da praça.<br />Essa narrativa se segue ao longo de vários trechos do poema, algumas vezes mais forte e em outras perdendo a força para outro estilo literário.<br />Na segunda estrofe o poeta continua com a tentativa infrutífera do eu-lírico subjugar as palavras e é possível se perceber o tom dramático: <br />Insisto, solerte.Busco persuadi-las.Ser-lhes-ei escravode rara humildade.Guardarei sigilode nosso comércio.Na voz, nenhum travode zanga ou desgosto.Sem me ouvir deslizam,perpassam levíssimase viram-me o rosto.<br />E, ocasionalmente, há alguma rima:<br />Lutar com palavrasparece sem fruto.Não têm carne e sangue…Entretanto, luto.<br />Na terceira estrofe o eu-lírico começa a diminuir de força, e adquire certa forma descritiva, característica do parnasianismo:<br />Palavra, palavra(digo exasperado),se me desafias,aceito o combate.Quisera possuir-teneste descampado, sem roteiro de unha ou marca de dentenessa pele clara. Preferes o amorde uma posse impurae que venha o gozoda maior tortura.<br />Na quarta estrofe, a relação de embate com o verbo adquire um caráter erótico, as palavras ganham forma, corpo, para mostrar a importância delas para o poeta, e segue com o padrão descritivo para mostrar como trava essa luta com as palavras. <br />Luto corpo a corpo,luto todo o tempo, sem maior proveitoque o da caça ao vento.Não encontro vestes,não seguro formas,é fluido inimigoque me dobra os músculos<br />e ri-se das normasda boa peleja.<br />Na quinta estrofe, há a retomada do eu-lírico:<br />Iludo-me às vezes, pressinto que a entregase consumará. Já vejo palavrasem coro submisso,esta me ofertandoseu velho calor,aquela sua glóriafeita de mistério,outra seu desdém,outra seu ciúme,e um sapiente amorme ensina a fruirde cada palavraa essência captada,o sutil queixume.<br />Podemos notar mais nitidamente a fala característica do brasileiro na seguinte parte:<br />Mas ai! é o instantede entreabrir os olhos:entre beijo e boca, tudo se evapora.<br />Na sexta estrofe, o eu-lírico entrega-se a devaneios e vislumbra seu triunfo sobre as palavras para, no final, perceber tudo não passa de uma ilusão, e continua a travar sua luta no mundo dos sonhos. <br />O ciclo do diaora se conclui 8e o inútil duelojamais se resolve. O teu rosto belo,ó palavra, esplendena curva da noiteque toda me envolve. Tamanha paixãoe nenhum pecúlio.Cerradas as portas,a luta prosseguenas ruas do sono.<br />A mistura de gêneros, o abandono das regras dos estilos anteriores e a linguagem cotidiana que vimos ao longo do poema “O lutador” correspondem às características do Modernismo.<br />BIBLIOGRAFIA<br />http://sites.google.com/site/solpoesiador/biografia-e-poemas/carlos-drummond-de-andrade<br />http://pt.shvoong.com/books/biography/370298-carlos-drummond-andrade/#ixzz1LhgNnipC<br />http://www.eeagorajose.kit.net/autores/drumond.htm<br />http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Drummond_de_Andrade<br />http://pt.wikipedia.org/wiki/Modernismo_no_Brasil<br />http://www.eca.usp.br/cap/ars8/otsuka.pdf<br />
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Os esforços anteriores para redefinir a linguagem artística se unem a um forte interesse pelas temáticas nacionalistas, percebe-se um amadurecimento nas obras dos autores da primeira fase, que continuam produzindo, e também o surgimento de novos poetas, entre eles Carlos Drummond de Andrade.<br />CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE<br />Nasceu em ltabira, Minas Gerais, em 31 de outubro de 1902 e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 17 de agosto de 1987 aos 84 anos. <br />Drummond foi um grande poeta, contista e cronista da Segunda Fase do Modernismo, que desde cedo mostrou interesse pela literatura e habilidade com a palavra, ingressando aos 13 anos no Grêmio Dramático e Literário Artur Azevedo, da escola onde estudava. Com 20 anos tem trabalhos publicados no jornal “Diário de Minas” e nas revistas “Para Todos” e “Ilustração Brasileira”.<br />Foi diplomado na Escola de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte, porém fez da literatura sua profissão. Em 1925, já influenciado pelos poetas modernistas de São Paulo, fundou “A Revista”, que venho a se tornar o porta-voz do modernismo mineiro. <br />Ao longo de sua vida, Drummond recebeu diversos prêmios por suas obras, tem suas obras traduzidas em vários países, colaborou em inúmeros jornais e revistas, participou de antologias (Coleção de trechos literários escolhidos), marcou sua presença no programa “Quadrante” e em uma série de programas da Rádio Ministério da Educação de entrevistas.<br />Mesmo após sua morte, Drummond continua vivo e sempre presente no meio literário e também fora dele, suas obras são motivo de vários estudos e o próprio poeta foi imortalizado em: estátuas; memorial; estampou as notas de 50 cruzados novos entre 1988 e 1990; foi interpretado em minisséries; publicaram um CD onde Drummond declama seus poemas; teve um centenário; etc.<br /> Capa do CD: Carlos Drummond de Andrade por Paulo Autran.<br />Carlo<br />Estátuas Dois poetas, na cidade de Porto Alegre. Em pé, Carlos Drummond de Andrade. Sentado, Mário Quintana. O livro original foi roubado então as pessoas colocam um livro nas mãos do poeta. Na foto, o livro é quot; Diário de um Ladrãoquot; , do Jean Genet. <br />Escultura do poeta Carlos Drummond de Andrade, criada pelo artista mineiro Leo Santana. Instalada em Copacabana – em frente à rua em que o poeta morou – no dia 31 de outubro de 2003 – Ano do Centenário do Poeta. Curiosamente a estátua é monitorada noite e dia para evitar um novo roubo de seus óculos, registrando muitas vezes pessoas que simplesmente param para tirar uma foto ou conversar com a estátua. Frase: “No mar estava escrita uma cidade”<br />Sua poesia possui o desejo de mudanças político-sociais, questionamento filosófico da vida, do homem e do mundo, constituindo uma lírica densa, ampla e inesgotável. Seguindo a libertação proposta por Mário e Oswald de Andrade com a instituição do verso livre, mostrando que este não depende de um metro fixo, Drummond sempre buscou em sua poesia refletir o seu tempo presente sem abandonar o contexto maior da humanidade. <br />Foi mestre na poesia metalinguística, usando como tema o próprio fazer poético, sobre a função da poesia, como é possível se notar no poema “O lutador” publicado no livro “José” de 1942.<br />O LUTADOR – POEMA<br />Carlos Drummond de Andrade<br />Lutar com palavras é a luta mais vã.Entanto lutamosmal rompe a manhã.São muitas, eu pouco.Algumas, tão fortescomo o javali.Não me julgo louco.Se o fosse, teriapoder de encantá-las.Mas lúcido e frio,apareço e tentoapanhar algumaspara meu sustento num dia de vida.Deixam-se enlaçar,tontas à caríciae súbito fogeme não há ameaçae nem 3 há sevíciaque as traga de novoao centro da praça.Insisto, solerte.Busco persuadi-las.Ser-lhes-ei escravode rara humildade.Guardarei sigilode nosso comércio.Na voz, nenhum travode zanga ou desgosto.Sem me ouvir deslizam,perpassam levíssimase viram-me o rosto.Lutar com palavrasparece sem fruto.Não têm carne e sangue…Entretanto, luto.Palavra, palavra(digo exasperado),se me desafias,aceito o combate.Quisera possuir-teneste descampado, sem roteiro de unha ou marca de dentenessa pele clara. Preferes o amorde uma posse impurae que venha o gozoda maior tortura.Luto corpo a corpo,luto todo o tempo, sem maior proveitoque o da caça ao vento.Não encontro vestes,não seguro formas,é fluido inimigoque me dobra os músculose ri-se das normasda boa peleja.Iludo-me às vezes,pressinto que a entregase consumará.Já vejo palavrasem coro submisso,esta me ofertandoseu velho calor,aquela sua glóriafeita de mistério,outra seu desdém,outra seu ciúme,e um sapiente amorme ensina a fruirde cada palavraa essência captada,o sutil queixume.Mas ai! é o instantede entreabrir os olhos:entre beijo e boca, tudo se evapora.O ciclo do diaora se conclui 8e o inútil duelojamais se resolve. O teu rosto belo,ó palavra, esplendena curva da noiteque toda me envolve. Tamanha paixãoe nenhum pecúlio.Cerradas as portas,a luta prosseguenas ruas do sono.<br />O LUTADOR – ANALISE DA ESTRUTURA<br />Em um primeiro olhar o poema parece seguir o padrão do soneto, por ser dividido em 6 versos, que o caracterizaria como uma sextilha, porém ao olhar o poema mais atentamente logo notamos que há um rompimento em relação a tradicional forma de se fazer poesia. <br />“O lutador” trata da luta do poeta ao fazer uma poesia, da arte de fazer poesia, em uma linguagem claramente metalinguística. O poema tem liberdade formal evidente na utilização do verso livre, no abandono da métrica e do esquema de rimas, além da mistura de gêneros ao longo de todo o poema.<br />Vejamos a seguir como isso ocorre:<br />Logo no inicio do poema, na primeira estrofe que relata a impotência do poeta diante das palavras, há uma rima e um lirismo que, de certa forma, lembra o esquema do soneto, seguindo até o padrão de cinco sílabas poéticas com acentos na segunda e na quinta:<br />Lutar com palavras é a luta mais vã.Entanto lutamosmal rompe a manhã.<br />Porém, logo esse padrão perde o ritmo lírico, rimado e parnasiano com a quebra do esquema do soneto no trecho seguinte:<br />São muitas, eu pouco.Algumas, tão fortescomo o javali.<br />E passa a seguir uma narrativa, característica até então do romance, mas mantendo um eu-lírico:<br />Não me julgo louco. / Se o fosse, teria / poder de encantá-las. / Mas lúcido e frio, / apareço e tento / apanhar algumas / para meu sustento / num dia de vida. / Deixam-se enlaçar, / tontas à carícia / e súbito fogem / e não há ameaça e nem 3 há sevícia / que as traga de novo / ao centro da praça.<br />Essa narrativa se segue ao longo de vários trechos do poema, algumas vezes mais forte e em outras perdendo a força para outro estilo literário.<br />Na segunda estrofe o poeta continua com a tentativa infrutífera do eu-lírico subjugar as palavras e é possível se perceber o tom dramático: <br />Insisto, solerte.Busco persuadi-las.Ser-lhes-ei escravode rara humildade.Guardarei sigilode nosso comércio.Na voz, nenhum travode zanga ou desgosto.Sem me ouvir deslizam,perpassam levíssimase viram-me o rosto.<br />E, ocasionalmente, há alguma rima:<br />Lutar com palavrasparece sem fruto.Não têm carne e sangue…Entretanto, luto.<br />Na terceira estrofe o eu-lírico começa a diminuir de força, e adquire certa forma descritiva, característica do parnasianismo:<br />Palavra, palavra(digo exasperado),se me desafias,aceito o combate.Quisera possuir-teneste descampado, sem roteiro de unha ou marca de dentenessa pele clara. Preferes o amorde uma posse impurae que venha o gozoda maior tortura.<br />Na quarta estrofe, a relação de embate com o verbo adquire um caráter erótico, as palavras ganham forma, corpo, para mostrar a importância delas para o poeta, e segue com o padrão descritivo para mostrar como trava essa luta com as palavras. <br />Luto corpo a corpo,luto todo o tempo, sem maior proveitoque o da caça ao vento.Não encontro vestes,não seguro formas,é fluido inimigoque me dobra os músculos<br />e ri-se das normasda boa peleja.<br />Na quinta estrofe, há a retomada do eu-lírico:<br />Iludo-me às vezes, pressinto que a entregase consumará. Já vejo palavrasem coro submisso,esta me ofertandoseu velho calor,aquela sua glóriafeita de mistério,outra seu desdém,outra seu ciúme,e um sapiente amorme ensina a fruirde cada palavraa essência captada,o sutil queixume.<br />Podemos notar mais nitidamente a fala característica do brasileiro na seguinte parte:<br />Mas ai! é o instantede entreabrir os olhos:entre beijo e boca, tudo se evapora.<br />Na sexta estrofe, o eu-lírico entrega-se a devaneios e vislumbra seu triunfo sobre as palavras para, no final, perceber tudo não passa de uma ilusão, e continua a travar sua luta no mundo dos sonhos. <br />O ciclo do diaora se conclui 8e o inútil duelojamais se resolve. O teu rosto belo,ó palavra, esplendena curva da noiteque toda me envolve. Tamanha paixãoe nenhum pecúlio.Cerradas as portas,a luta prosseguenas ruas do sono.<br />A mistura de gêneros, o abandono das regras dos estilos anteriores e a linguagem cotidiana que vimos ao longo do poema “O lutador” correspondem às características do Modernismo.<br />BIBLIOGRAFIA<br />http://sites.google.com/site/solpoesiador/biografia-e-poemas/carlos-drummond-de-andrade<br />http://pt.shvoong.com/books/biography/370298-carlos-drummond-andrade/#ixzz1LhgNnipC<br />http://www.eeagorajose.kit.net/autores/drumond.htm<br />http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Drummond_de_Andrade<br />http://pt.wikipedia.org/wiki/Modernismo_no_Brasil<br />http://www.eca.usp.br/cap/ars8/otsuka.pdf<br />