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Características Borderlines (TPB)
Breve contribuição á abordagem clínica Borderline.
Uma característica que diferencia o Borderline do sujeito neurótico é a exagerada excitação do
corpo sem motivo aparente que a possa determinar.
A outra, que a meu ver é mais importante e definidora é a existência de um sentimento de
culpa acentuado, o que afasta o sujeito da psicose, muito embora episodicamente surjam
surtos psicóticos.
Esta definição serve apenas para identificar o paciente Borderline, o diferenciando do
neurótico e psicótico, mas não devemos ignorar que apresenta traços evidentes de ambos os
transtornos.
Também o afasta do transtorno bipolar, devido á permanência do transtorno que afeta seu
corpo, em que sua baixa auto estima é uma constante.
O Transtorno de Personalidade Borderline é um distúrbio comportamental ainda pouco
compreendido, que envolve alta reatividade e impulsividade emocional. Isto faz com que os
traços da personalidade se acentuem demais, tornando-se incoerentes, inflexíveis,
desadaptados à realidade habitual, prejudicando o bem-estar pessoal, familiar ou social da
pessoa.
O fato de se afastar do transtorno neurótico e psicótico, tal como são definidos, aquele que
padece carece de algum cuidado de análise, e saber psicanalítico, como forma de direcionar a
análise, dado que a confusão mental do paciente é exagerada, e parece apresentar uma
excitação que provoca um excessivo medo.
Primeira nota importante, quanto maior for a sensação de medo mais difícil será ao
psicanalista a sua ação, pelo que a primeira atitude será de maternagem, acolhimento, de
escuta atenta, para que possa ter êxito o processo de transferência, dado que o paciente
apresenta algum horror ao susto.
Não nos podemos esquecer que neste transtorno existe um grau de valorização, excitação
fora do comum, que confere uma característica de exagerada valorização do próprio EU
daquele que padece, que por incrível que possa parecer não deseja perder.
Assim, nos é dado a perceber que os aspectos valorativos prendem-se com o grau de
excitação, derivados de um EU, que apresentam como resultante um sentimento de posse,
também ele exagerado, que não deseja conhecer a perda, daí a sua relutância em lidar com a
frustração.
Desse modo parece esclarecida a exagerada impulsividade, como resposta a algo que o
atormenta tentando travar esse processo de destruição de si mesmo, que tende a refletir-se
na abordagem com os outros, que na impossibilidade vira-se contra o próprio indivíduo,
entendida como retorno de energia que não tem aplicação exterior em objetos. ( Freud - Luto
e melancolia ).
Referem alguns teóricos que a endorfina como poderoso analgésico que é liberado perante os
cortes na pele ameniza o sofrimento psíquico, ou até mesmo o anula, como se fosse essa a
causa do paciente se cortar.
A realidade é que o paciente nada sabe sobre isso quando pela primeira vez se corta, cuja
intenção é magoar-se, destruir a si mesmo, fazendo o cérebro, por via do corte, um desvio
psíquico relativamente às suas preocupações, provocando um deslocamento de energia, que
está de acordo com a forma de organização e função da mente.
Porém, os cortes na pele indiciam, devido ao seu poder de destruição, um sentido de morte,
um transtorno psicótico.
Não cortava meus braços para morrer, embora eu confesse que a vontade fosse grande:
cortava-me para que assim, conseguisse concentrar-me na minha dor física e esquecesse um
pouco a dor que eu trazia na alma. Meu alívio era quase que imediato.
Suas atitudes parecem incoerentes aos olhos daquele que observam tanta agitação sem
motivo aparente para que tal possa suceder, o que para alguns trata-se de teatro, próprio de
um indivíduo mimado, que por essa via deseja obter algo.
Neste caso particular será necessário estar atento na tentativa de perceber se é de fato teatro,
ou apenas se trata de uma energia acumulada no corpo que tende a provocar uma
intranquilidade exagerada, que será facilmente detectada perante a escuta de seus desejos.
Esse mundo interior feito de constante intranquilidade, de dor e sofrimento, que tem sua
organização própria, tende a ignorar o mundo exterior, dando ideia de uma alienação que na
realidade não existe, mas apenas uma adaptação a ela que não consegue.
Aquele que padece no seu estado normal reconhece a realidade exterior, pelo menos em
parte, deixando de o fazer quando as crises interiores se tornam proeminentes, em que estas
parecem aumentar as forças instintuais do próprio corpo, a que urge endereçar a culpa aos
outros num primeiro estágio, que na impossibilidade a dirige contra si mesmo.
O psicótico, em nenhuma circunstância, reconhece a realidade exterior.
Nem se trata de desadaptação à realidade, mas de um aumento exagerado de tensão, que
provoca no seio familiar a incompreensão de seu estado momentâneo de alteração, em que os
membros não parecem reconhecer o indivíduo que padece, e o tende a tratar como demente,
como louco.
Podem ocorrer episódios de autolesão (geralmente através de cortes na pele), na tentativa
de suplantar o extremo sofrimento emocional por uma dor física, liberando assim endorfinas,
que são o analgésico natural do corpo. Tentativas de suicídio também acontecem, quando o
mesmo é visto como uma avenida de fuga definitiva do sofrimento constante.
Este distúrbio tem um impacto doloroso nos mais próximos ao paciente, familiares, tornando
para eles a vida insuportável, como também para o indivíduo que padece.
Causas do Transtorno de Personalidade Borderline
Existe um intenso debate em andamento sobre os fatores que podem contribuir para o
surgimento dos sintomas do Transtorno de Personalidade Borderline (agora também conhecido
por transtorno de regulação emocional), sem que se tenha chegado ainda a um consenso.
Pesquisas recentes indicam cada vez mais que é uma série de fatores neurobiológicos (cuja
interrelação ainda não está clara) que predispõem a pessoa a apresentar sintomas do
transtorno de personalidade borderline, isto é, a reagir mais intensamente a níveis de estresse
inferiores em comparação com a maioria das pessoas, levando também mais tempo para voltar
ao prumo. Em outras palavras, parece provável que a pessoa já nasça com um certo conjunto
de vulnerabilidades, que podem (ou não) levar a uma manifestação do transtorno dependendo
das experiências pessoais a partir da infância.
Aqui, somos forçados a recorrer à Neurociência como tentativa de entender que já existe um
mapeamento de cérebro da criança, embora rudimentar, enquanto feto, derivado do próprio
mapeamento cerebral da mãe, que tende a representar a totalidade do corpo nas suas mais
diversas dimensões.
Porém, não devemos perder de vista que a repetição compulsiva por parte da mãe durante o
período de formação da criança parece ser mais determinante que a própria prédisposição
genética e biológica.
Ou seja, a irritabilidade deverá ser derivada de algo que a possa provocar, em que a
excitabilidade só por si não configura coisa alguma, pelo que deverá de existir um motivo, um
gatilho que a possa despoletar.
Esse gatilho estará no comportamento da mãe, que mediante suas atitudes tende a provocar
um estado de confusão mental na criança, em que esta não consegue, ou apresenta alguma
dificuldade de associar ao que lhe é conhecido, mantendo-se também ela dissociada de um
mundo de alegria e satisfação, passando a conhecer na maior parte do tempo a tristeza e a
angústia.
António Damásio, neurocientista, numa entrevista deixa transparecer o seguinte:
- O que se está a passar com o indivíduo tem a ver com certos condicionamentos biológicos 
genéticos, mas existem históricos familiares, que são heranças, que podem vincular o sujeito a
reações negativas ou positivas.
Foi difícil, pois minha mãe ficou sozinha, muito mal e eu não entendia direito o que estava
acontecendo. A partir daí, lembro-me de sentir muito medo do abandono.
É esta forma primária embutida, em que o mundo da tristeza e angústia lhe é oferecido, que
repetido o reconhece como seu, passando a constar de sua realidade interna, incorporada, não
como lei, mas como estado, que dará lugar ao seu mapeamento cerebral pós parto.
Aqui nos apercebemos de uma compulsão á repetição, que vem consolidar um mapeamento
anterior do cérebro, agora sentido com mais intensidade, dado a criança relacionar-se mais de
perto com sua realidade familiar e relacional.
Assim, as formas primárias de relação com os entes queridos tendem a provocar o aumento de
intensidade das forças instintuais do corpo (Instinto biológico), que lutam contra a própria
morte anunciada do corpo, criando mecanismos de defesa contra sua própria morte através da
afirmação, que mais não será que a expulsão de uma determinada quantidade de energia
acumulada, que provoca um mal estar geral.
O paciente, neste caso, não sabe do que padece, nem a origem de seu padecimento, muito
menos saberá compreender e verbalizar suas causas, que para ele são desconhecidas, porque
derivadas do instinto biológico.
Desse modo, nos apercebemos claramente da distinção entre instinto biológico e o instinto
Freudiano provocado pelo recalque, que neste caso não existe, mas apenas posturas,
comportamentos incompreendidos e observados como estranhos.
Às vezes, se as circunstâncias de vida não desencadearem as fortes e negativas reações
emocionais características do transtorno, a vulnerabilidade biológica pode permanecer
dormente por muito tempo ou mesmo latente para sempre, e/ou poderá manifestar-se de
forma relativamente branda, e/ou mais passageira. Além disso, à medida que a pessoa chega
aos quarenta, registra-se uma tendência à diminuição espontânea dos sintomas de
instabilidade e impulsividade, mesmo sem tratamento específico, principalmente se a pessoa
encontra um ambiente mais harmonioso, com mais aceitação e menos atrito.
Pelo que podemos perceber existe um conjunto de circunstâncias capazes de despertar os
instintos, como de os manter, mais ou menos aquietados, dependendo do ambiente em que o
sujeito vive. Por outro lado, o lidar no dia a dia com alegrias e algumas frustrações mediante as
relações sociais promove um aprendizado, que perante a impossibilidade tende o sujeito a
adaptar-se a esses incómodos, causando cada vez menos irritabilidade.
Só quando as circunstâncias são mais radicais a resposta do corpo não se faz esperar, pelo que
devemos perceber, que existe uma relação entre uma força exterior, que possui um
determinado quantum de energia, que passando alguns limites a resposta do indivíduo não se
faz esperar.
Esses limites são formas únicas de um sentir individual, e cada um tem o seu próprio limite de
tolerância, uma vez não observado tende a provocar a irritabilidade e a intolerância, pelo que
não pode ser mensurável, mas apenas observado.
Muitas pessoas com Borderline conseguem trabalhar, estudar, relacionar-se com outros de
forma eficaz e equilibrada (embora às vezes por períodos limitados) e demonstram grande
competência, eloquência e inteligência. Por conseguinte, os sintomas Borderline muitas vezes
não são facilmente percebidos por pessoas fora de seu círculo familiar.
O descarrego do estresse, da energia acumulada, contida, tem como finalidade a direção do
objeto de desejo, em que o afeto, o podemos perceber como energia que liga os corpos,
transferência, em que a comunicação é procurada, não só na alegria como na tristeza, como
se um corpo fizesse parte do outro, a que não devemos dar a conotação da existência, ou falta
de amor.
O que não transborda fora é liberado no seio familiar, como se os mais chegados tivessem
obrigação de servir de esponja à sua alma atormentada.
Na realidade não devemos falar de inteligência e competência no mundo do trabalho, mas
antes em associação emocional, porquanto outras emoções se dão nesse mundo, que são, ou
podem ser em tudo diferente do seu mundo interno emocional, ficando desse modo afastada
a imagem da morte interior, dado que se sente vivo e operante.
É o fazer coisas diferentes, a motricidade, o sentir-se útil, disponível, sem amarras emocionais,
que faz o borderline viver e desprender-se de seu mundo oculto e angustiante, que se dá mal
com o isolamento e a falta de objetos exteriores.
Tenho para mim, que toda a evolução psíquica depende da relação com objetos exteriores, ao
seu manuseamento, da observação e do imaginário, como forma de produzir e criar, em que a
mente uma vez ocupada, impede de lembrar outras coisas, desviando o corpo de sentir seus
próprios instintos que o possam conduzir ao tormento, como projeção para fora de si de seu
próprio EU.
É para isso que serve o intelecto, como teletransportador de desejos.
Não é muito comum uma pessoa com Borderline buscar ajuda psicoterápica por iniciativa
própria para o transtorno em si – e, também, muitas vezes, mesmo quando inicia terapia e a
mesma começa a focar o transtorno, ela a abandona.
Pois, considerando que a pessoa Borderline sofre intensamente com crítica e medo de rejeição,
vergonha de si mesma, e confusão quanto aos seus próprios sentimentos, uma abordagem que
não leva esses aspectos em conta provavelmente não terá muito sucesso. É importante
ressaltar que quando o terapeuta dá igual importância à aceitação e à mudança, as pessoas
mostram-se mais colaborativas e tendem menos a abandonar o tratamento.
A primeira abordagem da análise, para além da maternagem, do aconchego, que deve ser sempre feita,
serve para o psicanalista perceber quais são as forças operantes e a intensidade que o sujeito deixa
transparecer no discurso, para que mais tarde possa pontuar com alguma segurança, mas incidindo em
pontos laterais não colocando o dedo na ferida, em virtude do paciente ainda não estar preparado.
Ou seja, haverá uma maneira de ir aliviando a dor e o sofrimento através do rompimento de formas
laterais que possam conduzir o paciente a uma nova forma de enxergar as coisas, reduzindo aos poucos
a tensão interior, pelo que será esta que pode permitir abordar, ou entrar no núcleo do transtorno, de
outro modo ficará assustado e pode desistir da análise.
Tenhamos em conta que a posição instintiva é projetada como afirmação do EU, e que a sua negação
provoca o aumento exagerado dessa força instintual, deixando o princípio de racionalidade, aferrando-
se o sujeito aos seus próprios instintivos como preservação da vida.
O princípio de racionalidade confere um determinado sentido á vida.
Os instintos propõem-se defender a própria vida existencial.
Terapias tradicionais que partem do pressuposto de que os comportamentos de hoje são
causadas por experiências do passado muitas vezes não levam em conta os componentes
neurobiológicos do Borderline, limitando assim seu potencial de sucesso.
Minha mãe, que era minha cuidadora faleceu, pois já estava desgastada devido aos problemas
familiares e financeiros. Foi após esse incidente que eu acordei do pesadelo e pensei comigo
mesmo: “De agora em diante, seja seu próprio cuidador. Conte consigo. Não dependa somente
do apoio de familiares, amigos, terapeutas, psiquiatras e medicações. Ajude-se também. Lute”.
Entre o medo de perder e a perda efetiva, permanece um tempo de sofrimento derivado de
um sensação de abandono, que mais tarde ou mais cedo vai tornar-se realidade.
Sofrer por antecipação é uma das características humanas, por medo de ter medo de encarar o
futuro. Tal característica provém da insegurança formativa que é sentida com maior ou menor
intensidade, proveniente de uma confusão mental provocada pela intranquilidade do núcleo
familiar, em que algo parece estar sempre desajustado.
É a partir deste quadro de incompreensão, de confusão mental em virtude de ter sido
substituído o brincar pelos conflitos, dando lugar a uma irritabilidade exagerada, e a um medo
da criança em ser abandonada, das violações corporais e psíquicas, que todos os outros
sintomas parecem ser decorrentes.
- Sentimento de posse exaltado ao extremo.
- Complexos de inferioridade.
- Tristeza e angústia.
- Ansiedade intensa.
- Crises de pânico.
- Reações violentas.
De salientar, que muitos outros sintomas percebidos no Borderline podem ser observados em
outro tipo de transtorno, pelo que não serão definidores, mas apenas consequências de um
processo primário, este sim, deve ser examinado com cuidado, em que a questão da
intensidade das reações deve ser levada em conta.
Referências:
- Obra de Freud – Luto e melancolia
- Depoimentos compilados por Roberta Beline Maran. Uma iniciativa de Helena Polak.
João António Fernandes
Psicanalista Freudiano
ANALIZZARE – Centro de Estudo e Pesquisa em Psicologia e Psicanálise

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Características borderlines

  • 1. Características Borderlines (TPB) Breve contribuição á abordagem clínica Borderline. Uma característica que diferencia o Borderline do sujeito neurótico é a exagerada excitação do corpo sem motivo aparente que a possa determinar. A outra, que a meu ver é mais importante e definidora é a existência de um sentimento de culpa acentuado, o que afasta o sujeito da psicose, muito embora episodicamente surjam surtos psicóticos. Esta definição serve apenas para identificar o paciente Borderline, o diferenciando do neurótico e psicótico, mas não devemos ignorar que apresenta traços evidentes de ambos os transtornos. Também o afasta do transtorno bipolar, devido á permanência do transtorno que afeta seu corpo, em que sua baixa auto estima é uma constante. O Transtorno de Personalidade Borderline é um distúrbio comportamental ainda pouco compreendido, que envolve alta reatividade e impulsividade emocional. Isto faz com que os traços da personalidade se acentuem demais, tornando-se incoerentes, inflexíveis, desadaptados à realidade habitual, prejudicando o bem-estar pessoal, familiar ou social da pessoa. O fato de se afastar do transtorno neurótico e psicótico, tal como são definidos, aquele que padece carece de algum cuidado de análise, e saber psicanalítico, como forma de direcionar a análise, dado que a confusão mental do paciente é exagerada, e parece apresentar uma excitação que provoca um excessivo medo. Primeira nota importante, quanto maior for a sensação de medo mais difícil será ao psicanalista a sua ação, pelo que a primeira atitude será de maternagem, acolhimento, de escuta atenta, para que possa ter êxito o processo de transferência, dado que o paciente apresenta algum horror ao susto. Não nos podemos esquecer que neste transtorno existe um grau de valorização, excitação fora do comum, que confere uma característica de exagerada valorização do próprio EU daquele que padece, que por incrível que possa parecer não deseja perder. Assim, nos é dado a perceber que os aspectos valorativos prendem-se com o grau de excitação, derivados de um EU, que apresentam como resultante um sentimento de posse, também ele exagerado, que não deseja conhecer a perda, daí a sua relutância em lidar com a frustração. Desse modo parece esclarecida a exagerada impulsividade, como resposta a algo que o atormenta tentando travar esse processo de destruição de si mesmo, que tende a refletir-se na abordagem com os outros, que na impossibilidade vira-se contra o próprio indivíduo, entendida como retorno de energia que não tem aplicação exterior em objetos. ( Freud - Luto e melancolia ). Referem alguns teóricos que a endorfina como poderoso analgésico que é liberado perante os cortes na pele ameniza o sofrimento psíquico, ou até mesmo o anula, como se fosse essa a causa do paciente se cortar. A realidade é que o paciente nada sabe sobre isso quando pela primeira vez se corta, cuja intenção é magoar-se, destruir a si mesmo, fazendo o cérebro, por via do corte, um desvio psíquico relativamente às suas preocupações, provocando um deslocamento de energia, que está de acordo com a forma de organização e função da mente. Porém, os cortes na pele indiciam, devido ao seu poder de destruição, um sentido de morte, um transtorno psicótico.
  • 2. Não cortava meus braços para morrer, embora eu confesse que a vontade fosse grande: cortava-me para que assim, conseguisse concentrar-me na minha dor física e esquecesse um pouco a dor que eu trazia na alma. Meu alívio era quase que imediato. Suas atitudes parecem incoerentes aos olhos daquele que observam tanta agitação sem motivo aparente para que tal possa suceder, o que para alguns trata-se de teatro, próprio de um indivíduo mimado, que por essa via deseja obter algo. Neste caso particular será necessário estar atento na tentativa de perceber se é de fato teatro, ou apenas se trata de uma energia acumulada no corpo que tende a provocar uma intranquilidade exagerada, que será facilmente detectada perante a escuta de seus desejos. Esse mundo interior feito de constante intranquilidade, de dor e sofrimento, que tem sua organização própria, tende a ignorar o mundo exterior, dando ideia de uma alienação que na realidade não existe, mas apenas uma adaptação a ela que não consegue. Aquele que padece no seu estado normal reconhece a realidade exterior, pelo menos em parte, deixando de o fazer quando as crises interiores se tornam proeminentes, em que estas parecem aumentar as forças instintuais do próprio corpo, a que urge endereçar a culpa aos outros num primeiro estágio, que na impossibilidade a dirige contra si mesmo. O psicótico, em nenhuma circunstância, reconhece a realidade exterior. Nem se trata de desadaptação à realidade, mas de um aumento exagerado de tensão, que provoca no seio familiar a incompreensão de seu estado momentâneo de alteração, em que os membros não parecem reconhecer o indivíduo que padece, e o tende a tratar como demente, como louco. Podem ocorrer episódios de autolesão (geralmente através de cortes na pele), na tentativa de suplantar o extremo sofrimento emocional por uma dor física, liberando assim endorfinas, que são o analgésico natural do corpo. Tentativas de suicídio também acontecem, quando o mesmo é visto como uma avenida de fuga definitiva do sofrimento constante. Este distúrbio tem um impacto doloroso nos mais próximos ao paciente, familiares, tornando para eles a vida insuportável, como também para o indivíduo que padece. Causas do Transtorno de Personalidade Borderline Existe um intenso debate em andamento sobre os fatores que podem contribuir para o surgimento dos sintomas do Transtorno de Personalidade Borderline (agora também conhecido por transtorno de regulação emocional), sem que se tenha chegado ainda a um consenso. Pesquisas recentes indicam cada vez mais que é uma série de fatores neurobiológicos (cuja interrelação ainda não está clara) que predispõem a pessoa a apresentar sintomas do transtorno de personalidade borderline, isto é, a reagir mais intensamente a níveis de estresse inferiores em comparação com a maioria das pessoas, levando também mais tempo para voltar ao prumo. Em outras palavras, parece provável que a pessoa já nasça com um certo conjunto de vulnerabilidades, que podem (ou não) levar a uma manifestação do transtorno dependendo das experiências pessoais a partir da infância. Aqui, somos forçados a recorrer à Neurociência como tentativa de entender que já existe um mapeamento de cérebro da criança, embora rudimentar, enquanto feto, derivado do próprio mapeamento cerebral da mãe, que tende a representar a totalidade do corpo nas suas mais diversas dimensões. Porém, não devemos perder de vista que a repetição compulsiva por parte da mãe durante o período de formação da criança parece ser mais determinante que a própria prédisposição genética e biológica.
  • 3. Ou seja, a irritabilidade deverá ser derivada de algo que a possa provocar, em que a excitabilidade só por si não configura coisa alguma, pelo que deverá de existir um motivo, um gatilho que a possa despoletar. Esse gatilho estará no comportamento da mãe, que mediante suas atitudes tende a provocar um estado de confusão mental na criança, em que esta não consegue, ou apresenta alguma dificuldade de associar ao que lhe é conhecido, mantendo-se também ela dissociada de um mundo de alegria e satisfação, passando a conhecer na maior parte do tempo a tristeza e a angústia. António Damásio, neurocientista, numa entrevista deixa transparecer o seguinte: - O que se está a passar com o indivíduo tem a ver com certos condicionamentos biológicos genéticos, mas existem históricos familiares, que são heranças, que podem vincular o sujeito a reações negativas ou positivas. Foi difícil, pois minha mãe ficou sozinha, muito mal e eu não entendia direito o que estava acontecendo. A partir daí, lembro-me de sentir muito medo do abandono. É esta forma primária embutida, em que o mundo da tristeza e angústia lhe é oferecido, que repetido o reconhece como seu, passando a constar de sua realidade interna, incorporada, não como lei, mas como estado, que dará lugar ao seu mapeamento cerebral pós parto. Aqui nos apercebemos de uma compulsão á repetição, que vem consolidar um mapeamento anterior do cérebro, agora sentido com mais intensidade, dado a criança relacionar-se mais de perto com sua realidade familiar e relacional. Assim, as formas primárias de relação com os entes queridos tendem a provocar o aumento de intensidade das forças instintuais do corpo (Instinto biológico), que lutam contra a própria morte anunciada do corpo, criando mecanismos de defesa contra sua própria morte através da afirmação, que mais não será que a expulsão de uma determinada quantidade de energia acumulada, que provoca um mal estar geral. O paciente, neste caso, não sabe do que padece, nem a origem de seu padecimento, muito menos saberá compreender e verbalizar suas causas, que para ele são desconhecidas, porque derivadas do instinto biológico. Desse modo, nos apercebemos claramente da distinção entre instinto biológico e o instinto Freudiano provocado pelo recalque, que neste caso não existe, mas apenas posturas, comportamentos incompreendidos e observados como estranhos. Às vezes, se as circunstâncias de vida não desencadearem as fortes e negativas reações emocionais características do transtorno, a vulnerabilidade biológica pode permanecer dormente por muito tempo ou mesmo latente para sempre, e/ou poderá manifestar-se de forma relativamente branda, e/ou mais passageira. Além disso, à medida que a pessoa chega aos quarenta, registra-se uma tendência à diminuição espontânea dos sintomas de instabilidade e impulsividade, mesmo sem tratamento específico, principalmente se a pessoa encontra um ambiente mais harmonioso, com mais aceitação e menos atrito. Pelo que podemos perceber existe um conjunto de circunstâncias capazes de despertar os instintos, como de os manter, mais ou menos aquietados, dependendo do ambiente em que o sujeito vive. Por outro lado, o lidar no dia a dia com alegrias e algumas frustrações mediante as relações sociais promove um aprendizado, que perante a impossibilidade tende o sujeito a adaptar-se a esses incómodos, causando cada vez menos irritabilidade. Só quando as circunstâncias são mais radicais a resposta do corpo não se faz esperar, pelo que devemos perceber, que existe uma relação entre uma força exterior, que possui um determinado quantum de energia, que passando alguns limites a resposta do indivíduo não se faz esperar.
  • 4. Esses limites são formas únicas de um sentir individual, e cada um tem o seu próprio limite de tolerância, uma vez não observado tende a provocar a irritabilidade e a intolerância, pelo que não pode ser mensurável, mas apenas observado. Muitas pessoas com Borderline conseguem trabalhar, estudar, relacionar-se com outros de forma eficaz e equilibrada (embora às vezes por períodos limitados) e demonstram grande competência, eloquência e inteligência. Por conseguinte, os sintomas Borderline muitas vezes não são facilmente percebidos por pessoas fora de seu círculo familiar. O descarrego do estresse, da energia acumulada, contida, tem como finalidade a direção do objeto de desejo, em que o afeto, o podemos perceber como energia que liga os corpos, transferência, em que a comunicação é procurada, não só na alegria como na tristeza, como se um corpo fizesse parte do outro, a que não devemos dar a conotação da existência, ou falta de amor. O que não transborda fora é liberado no seio familiar, como se os mais chegados tivessem obrigação de servir de esponja à sua alma atormentada. Na realidade não devemos falar de inteligência e competência no mundo do trabalho, mas antes em associação emocional, porquanto outras emoções se dão nesse mundo, que são, ou podem ser em tudo diferente do seu mundo interno emocional, ficando desse modo afastada a imagem da morte interior, dado que se sente vivo e operante. É o fazer coisas diferentes, a motricidade, o sentir-se útil, disponível, sem amarras emocionais, que faz o borderline viver e desprender-se de seu mundo oculto e angustiante, que se dá mal com o isolamento e a falta de objetos exteriores. Tenho para mim, que toda a evolução psíquica depende da relação com objetos exteriores, ao seu manuseamento, da observação e do imaginário, como forma de produzir e criar, em que a mente uma vez ocupada, impede de lembrar outras coisas, desviando o corpo de sentir seus próprios instintos que o possam conduzir ao tormento, como projeção para fora de si de seu próprio EU. É para isso que serve o intelecto, como teletransportador de desejos. Não é muito comum uma pessoa com Borderline buscar ajuda psicoterápica por iniciativa própria para o transtorno em si – e, também, muitas vezes, mesmo quando inicia terapia e a mesma começa a focar o transtorno, ela a abandona. Pois, considerando que a pessoa Borderline sofre intensamente com crítica e medo de rejeição, vergonha de si mesma, e confusão quanto aos seus próprios sentimentos, uma abordagem que não leva esses aspectos em conta provavelmente não terá muito sucesso. É importante ressaltar que quando o terapeuta dá igual importância à aceitação e à mudança, as pessoas mostram-se mais colaborativas e tendem menos a abandonar o tratamento. A primeira abordagem da análise, para além da maternagem, do aconchego, que deve ser sempre feita, serve para o psicanalista perceber quais são as forças operantes e a intensidade que o sujeito deixa transparecer no discurso, para que mais tarde possa pontuar com alguma segurança, mas incidindo em pontos laterais não colocando o dedo na ferida, em virtude do paciente ainda não estar preparado. Ou seja, haverá uma maneira de ir aliviando a dor e o sofrimento através do rompimento de formas laterais que possam conduzir o paciente a uma nova forma de enxergar as coisas, reduzindo aos poucos a tensão interior, pelo que será esta que pode permitir abordar, ou entrar no núcleo do transtorno, de outro modo ficará assustado e pode desistir da análise. Tenhamos em conta que a posição instintiva é projetada como afirmação do EU, e que a sua negação provoca o aumento exagerado dessa força instintual, deixando o princípio de racionalidade, aferrando- se o sujeito aos seus próprios instintivos como preservação da vida. O princípio de racionalidade confere um determinado sentido á vida. Os instintos propõem-se defender a própria vida existencial.
  • 5. Terapias tradicionais que partem do pressuposto de que os comportamentos de hoje são causadas por experiências do passado muitas vezes não levam em conta os componentes neurobiológicos do Borderline, limitando assim seu potencial de sucesso. Minha mãe, que era minha cuidadora faleceu, pois já estava desgastada devido aos problemas familiares e financeiros. Foi após esse incidente que eu acordei do pesadelo e pensei comigo mesmo: “De agora em diante, seja seu próprio cuidador. Conte consigo. Não dependa somente do apoio de familiares, amigos, terapeutas, psiquiatras e medicações. Ajude-se também. Lute”. Entre o medo de perder e a perda efetiva, permanece um tempo de sofrimento derivado de um sensação de abandono, que mais tarde ou mais cedo vai tornar-se realidade. Sofrer por antecipação é uma das características humanas, por medo de ter medo de encarar o futuro. Tal característica provém da insegurança formativa que é sentida com maior ou menor intensidade, proveniente de uma confusão mental provocada pela intranquilidade do núcleo familiar, em que algo parece estar sempre desajustado. É a partir deste quadro de incompreensão, de confusão mental em virtude de ter sido substituído o brincar pelos conflitos, dando lugar a uma irritabilidade exagerada, e a um medo da criança em ser abandonada, das violações corporais e psíquicas, que todos os outros sintomas parecem ser decorrentes. - Sentimento de posse exaltado ao extremo. - Complexos de inferioridade. - Tristeza e angústia. - Ansiedade intensa. - Crises de pânico. - Reações violentas. De salientar, que muitos outros sintomas percebidos no Borderline podem ser observados em outro tipo de transtorno, pelo que não serão definidores, mas apenas consequências de um processo primário, este sim, deve ser examinado com cuidado, em que a questão da intensidade das reações deve ser levada em conta. Referências: - Obra de Freud – Luto e melancolia - Depoimentos compilados por Roberta Beline Maran. Uma iniciativa de Helena Polak. João António Fernandes Psicanalista Freudiano ANALIZZARE – Centro de Estudo e Pesquisa em Psicologia e Psicanálise