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Laís Pereira Khoury Maria Cristina Triguero Veloz Teixeira
Luiz Renato Rodrigues Carreiro José Salomão Schwartzman
Adriana de Fátima Ribeiro Carla Nunes Cantieri
Manejo comportamental
de crianças com
Transtornos do Espectro do Autismo
em condição de inclusão escolar
Guia de orientação a professores
São Paulo, 2014.
© Programa de Pós-graduação em Distúrbios de Desenvolvimento da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, SP, 2014.
ISBN 978-85-7954-053-0
Supervisão editorial: Silvana Santos
Projeto gráfico e editoração: Catarina Ricci
Capa: Sérgio Braganti
Revisão gráfica: Silvia Cristina Rosas
Patrocínio:
Centro de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior /
Programa de Apoio à Educação Especial (CAPES / PRO-
ESP).
Apoio:
Programa de Pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvi-
mento e Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Uni-
versidade Presbiteriana Mackenzie.
Secretaria de Educação da Prefeitura de Barueri.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Manejo comportamental de crianças com Transtornos do Espectro do
Autismo em condição de inclusão escolar : guia de orientação a
professores [livro eletrônico]. -- São Paulo : Memnon, 2014.
1.004,23 Kb ; PDF
Vários colaboradores.
Bibliografia.
ISBN 978-85-7954-053-0
1. Crianças autistas 2. Crianças autistas - educação 3. Educa-
ção inclusiva 4. Educação – Finalidade e objetivos 5. Síndrome de
Asperger.
14-00708 CDD-371.94
Índices para catálogo sistemático:
1. Crianças autistas : Educação especial 371.94
2. Crianças com Transtorno do Espectro do Autismo : Educação
especial 371.94
As informações contidas neste guia são recomendações
baseadas em evidências científicas de estudos sobre cri-
anças e adolescentes com Transtornos do Espectro do
Autismo. Para outros aspectos, psicológicos e pedagógi-
cos, particulares de crianças com alguns desses trans-
tornos, pais e/ou cuidadores deverão procurar profissio-
nais devidamente qualificados.
Nossos agradecimentos especiais ao Programa de Edu-
cação Especial da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pes-
soal de Nível Superior – CAPES / PROESP. A realização
deste livro faz parte do Projeto de Pesquisa financiado pela
CAPES/PROESP intitulado “Políticas Públicas e Educação
Especial no Município de Barueri da Grande São Paulo:
diagnóstico da realidade do atendimento educacional às
crianças e propostas de intervenção”, coordenado pela Pro-
fessora Doutora Maria Eloisa Famá D’Antino, do Programa
de Pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvimento.
Agradecemos aos alunos e aos professores de pós-
graduação do Programa de Pós-graduação em Distúrbios do
Desenvolvimento (PPG-DD) da Universidade Presbiteriana
Mackenzie.
Agradecemos aos alunos de graduação do curso de Psi-
cologia (bolsistas do Programa de Iniciação Científica – PI-
BIC) da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Agradecemos aos profissionais das equipes educacio-
nais da Secretaria Municipal de Barueri que têm contribuí-
do com a realização de diversos estudos científicos condu-
zidos pelos grupos de pesquisa do Programa de Pós-
graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da Universi-
dade Presbiteriana Mackenzie (PPGD).
5
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO .................................................................... 6
TRANSTORNOS DO ESPECTRO DO AUTISMO ........................ 8
1. Definição e caracterização .............................................. 8
2. Problemas de comunicação, de interação social e de
comportamento .................................................................. 12
3. Dificuldades em habilidades cognitivas ........................... 19
4. Dificuldades em habilidades de teoria da mente ............. 20
5. Síntese do capítulo ......................................................... 23
ORIENTAÇÕES A PROFESSORES SOBRE A INCLUSÃO ES-
COLAR E OS TRANSTORNOS DO ESPECTRO DO AUTISMO ... 25
1. Como a Análise Aplicada do Comportamento pode ajudar
o professor na avaliação e no manejo de problemas de
comportamento nos TEA? .................................................. 27
2. Tipos de comportamentos inadequados de maior preva-
lência em crianças e adolescentes com TEA ........................ 39
3. Orientações a professores para manejo comportamental
em sala de aula baseadas na Análise do Comportamento ... 43
REFERÊNCIAS ....................................................................... 51
6
APRESENTAÇÃO
Crianças e adolescentes com um dos Transtornos do
Espectro do Autismo (TEA) têm sido identificados com mai-
or frequência do que ocorria até poucos anos atrás. Estima-
se, atualmente, que a prevalência seja de um indivíduo afe-
tado em cada 100 pessoas, aumento significativo em rela-
ção às taxas observadas há algumas décadas. O aumento
da identificação ocorre, possivelmente, porque essas condi-
ções são mais conhecidas atualmente e porque os critérios
diagnósticos são mais abrangentes.
É necessário lembrar a grande variabilidade na apre-
sentação dos TEA, no que diz respeito tanto aos prejuízos
em interação social, comportamento e comunicação quanto
ao grau de eventual comprometimento intelectual. Estima-
se que cerca de 50% das pessoas com TEA apresentem al-
gum grau de deficiência intelectual.
Em um momento em que as políticas públicas no Bra-
sil têm evidente viés “inclusivista”, ou seja, se orientam no
sentido de que todos, ou ao menos a maior parte das pes-
soas com algum tipo de deficiência (incluídas aqui as com
TEA), estejam incluídos em escolas regulares de ensino,
faz-se mais do que necessário instrumentalizar os professo-
res no sentido de que tenham informações básicas sobre
como lidar com essas pessoas em sala de aula, no que diz
respeito aos procedimentos pedagógicos e a como conduzir-
7
se frente aos problemas comportamentais frequentemente
presentes.
O trabalho aqui apresentado pretende ser um passo
inicial de auxílio aos professores que necessitam de infor-
mações confiáveis e orientações possíveis de serem imple-
mentadas no ambiente escolar. É claro que não se pretende
aqui esgotar esse complexo assunto, mas, sim, possibilitar
o mínimo de conhecimento necessário.
Os leitores encontrarão a descrição dos quadros que
compõem os TEA, bem como conhecimentos básicos sobre
a Análise Aplicada do Comportamento (ABA) que podem ser
utilizados no ambiente de salas de aula.
É necessário colocar aqui, no entanto, que, nos casos
em que os prejuízos presentes são acentuados, nem sempre
a inclusão em sala de aula regular será a melhor solução,
e, para esses indivíduos, classes ou mesmo escolas especi-
ais ainda devem ser preferidas.
Prof. Dr. José Salomão Schwartzman
Programa de Pós-graduação em
Distúrbios do Desenvolvimento
Universidade Presbiteriana Mackenzie.
8
TRANSTORNOS DO
ESPECTRO DO AUTISMO
1. DEFINIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO
Até o começo de 2013, os manuais em que os profissio-
nais se baseavam para diagnosticar esse tipo de transtorno
eram o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM-IV-TR) e a Classificação Internacional de Do-
enças (CID-10). Esses manuais de classificação diagnóstica
utilizam os termos Transtorno Global do Desenvolvimento
(TGD) e Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID).
A versão para o Português brasileiro da CID-10 descre-
ve oito tipos de TGD: “Autismo Infantil, Autismo Atípico,
Síndrome de Rett, Transtorno Desintegrativo da Infância,
Transtorno com Hipercinesia associada a Retardo Mental e
Movimentos Estereotipados, Síndrome de Asperger, Outros
Transtornos Globais do Desenvolvimento e Transtornos
Globais do Desenvolvimento Não Especificados”1. Já a ver-
são para o Português brasileiro do DSM-IV-TR apresenta
cinco tipos clínicos na categoria TID: “Transtorno Autista,
Transtorno de Rett, Transtorno Desintegrativo da Infância,
Transtorno de Asperger e Transtorno Invasivo do Desenvol-
vimento sem Outra Especificação”2.
9
Embora os manuais de classificação diagnóstica ante-
riormente citados utilizem os termos TGD e TID, há mais de
20 anos que os estudos sobre o autismo utilizam o termo
Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) para se refe-
rir a apenas três transtornos relacionados aos TGD ou aos
TID, que são o Transtorno Autista, o Transtorno de Asper-
ger e o Transtorno Global ou Invasivo do Desenvolvimento
Sem Outra Especificação3-7. Ou seja, nem todos os trans-
tornos classificados como TGD ou TID no DSM-IV e na
CID-10 são considerados na categoria diagnóstica dos TEA.
Assim, o Transtorno de Rett e o Transtorno Desintegrativo
da Infância não fazem parte desse espectro.
De acordo com o DSM-IV-TR, o Transtorno Autista
(TA) se caracteriza por um quadro clínico em que prevale-
cem prejuízos na interação social, nos comportamentos não
verbais (como contato visual, postura e expressão facial) e
na comunicação (verbal e não verbal), podendo existir atra-
so ou mesmo ausência da linguagem. Pode haver, também,
ecolalia e uso de linguagem estereotipada. As pessoas com
o TA apresentam dificuldades no estabelecimento de rela-
ções sociais, preferindo atividades mais solitárias. Também
apresentam dificuldades sociais para compartilhar interes-
ses, iniciar ou manter interações sociais; possuem dificul-
dades em compreender expressões faciais de sentimentos e
afetos. Comportamentos estereotipados são observados
(como bater palmas ou flapping – movimentar os braços
como que batendo asas), os interesses são limitados, e há
dificuldade em mudar rotinas, dentre outras alterações2.
Os primeiros sinais do transtorno podem ser identificados
antes dos 3 anos de idade. É importante relatar que há ris-
co maior de ocorrência desse transtorno entre irmãos de
pessoas afetadas8.
10
Também de acordo com o DSM-IV-TR2, o Transtorno
de Asperger é apresentado como um transtorno que ocasi-
ona de leves a graves prejuízos na interação social, restri-
ção de interesses e atividades, adesão aparentemente infle-
xível a rotinas e rituais, alteração da prosódia (entonação
da fala) e comportamentos repetitivos. Uma diferença clíni-
ca que existe entre o Transtorno de Asperger e o Transtorno
Autista é que, nesse último, geralmente têm sido identifica-
dos atrasos de linguagem e atrasos expressivos nas habili-
dades cognitivas e de autocuidado, diferentemente do que
ocorre em pessoas com Transtorno de Asperger4,9.
O DSM-IV-TR2 considera como classificação diagnóstica
de Transtorno Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra
Especificação (TID-SOE) o quadro clínico caracterizado
por prejuízos severos na interação social e na comunicação
verbal e não verbal e por comportamentos estereotipados
que não satisfazem o critério de TA devido ao seu início
tardio. De acordo com Klin4, para esse diagnóstico ser ado-
tado o critério deve ser o de exclusão de TA. Essa condição
pode ser considerada mesmo se a pessoa apresentar menos
do que seis sintomas no total, que é o mínimo requerido
pelo DSM-IV-TR, e/ou apresentar idade de início maior do
que 36 meses, também requerido pelo DSM-IV-TR. Contu-
do, autores destacam que o diagnóstico de TID-SOE é mais
complexo que o diagnóstico das outras categorias4.
Em maio de 2013, a quinta edição do Manual Diagnós-
tico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5* foi pu-
blicada incluindo mudanças expressivas nos critérios diag-
nósticos de autismo e adotando, finalmente, o termo TEA
como categoria diagnóstica.
* Acesso: http://www.dsm5.org/Documents/AutismSpectrumDisorder.
11
O DSM-5 agrupou e incluiu quatro das cinco categorias
dos TID do DSM-IV na condição de Transtorno do Espectro
do Autismo (TEA). Foram elas: Transtorno Autista, Trans-
torno Desintegrativo da Infância, Transtorno de Asperger e
Transtorno Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra Espe-
cificação. De acordo com o DSM-5, esses transtornos não
terão mais validade em termos de condições diagnósticas
distintas. Assim, passarão a ser considerados no mesmo
espectro do autismo. O transtorno de Rett, no DSM-5, tam-
pouco foi considerado como um dos TEA e, sim, como uma
doença distinta.
ATENÇÃO
--------------------------------------------------------------------------
Não há mais subcategorias como Transtorno de As-
perger, Transtorno Autista, entre outros; todos ago-
ra são tratados como Transtorno do Espectro do Au-
tismo (TEA).
12
2. PROBLEMAS DE COMUNICAÇÃO,
DE INTERAÇÃO SOCIAL E DE COMPORTAMENTO
ÁREAS DE MAIOR COMPROMETIMENTO NO
TRANSTORNO AUTISTA, CONFORME O DSM-IV-TR E A CID-10
2.1 Área da interação social
Os seres humanos são essencialmente sociais, ou seja,
vivem e pertencem a vários grupos, relacionam-se com dife-
rentes pessoas o tempo todo. Por meio dessa socialização
são passadas as regras da sociedade e, assim, são aprendi-
das as maneiras adequadas de comunicar-se, de aprender
e de desenvolver-se.
Interação Social
ComportamentoComunicação
13
Para interagir efetivamente com as pessoas, são neces-
sárias habilidades sociais que englobam a capacidade de
dividir espaços com outros de maneira adequada, de adap-
tar-se a diferentes contextos e de interpretar pensamentos
e desejos dos outros. Dessa maneira, percebe-se o quanto
essa habilidade é essencial para a interação, mas também
para comportar-se adequadamente em diferentes contextos
como a sala de aula e o ambiente de trabalho, entre outros.
As crianças com TEA apresentam dificuldades em soci-
alização em diferentes níveis de gravidade10:
- Crianças que apresentam problemas mais graves
Essas crianças se encontram, na grande maioria do
tempo, sozinhas e isoladas, balançam-se e podem balbuciar
de maneira estereotipada durante períodos longos de tem-
po.
- Crianças que são, muitas vezes, descritas e até
confundidas como quietas, estranhas, esquisitas e/ou
nerds
São crianças que transitam entre as pessoas, mas en-
contram dificuldades em interagir socialmente, não conse-
guindo estreitar os relaciona-
mentos.
Exemplo 1
Márcio não conseguia conversar
sobre diversos assuntos com os
amigos. Quando eles falavam, Márcio só queria e
só sabia falar o tempo inteiro sobre dinossauros,
fazendo com que as crianças o chamassem de
chato e, muitas vezes, o excluíssem.
14
O contato social é sempre prejudicado. Não
necessariamente porque estão desinteressados,
mas porque não sabem e não aprenderam a arte de
interagir e manter vínculos.10
Essa falta de habilidade social as mantém distantes de
outras crianças, já que elas não sabem o que fazer para
manter relacionamentos. Muitas vezes, “podem até chamar
os amigos para irem a suas casas, mas as brincadeiras não
costumam demorar muito tempo, eles acabam deixando o
grupo de lado para brincar sozinhos”10.
Exemplo 2
Jaime chamou dois coleguinhas para pas-
sar o dia com ele em sua casa. Começa-
ram brincando jun-
tos de videogame e,
de repente, Jaime
saiu e se isolou no seu quarto, brin-
cando de enfileirar carrinhos, deixan-
do os amigos sozinhos.
Dessa maneira, podemos perceber que crianças com
TEA apresentam dificuldades nas seguintes áreas:
- Dificuldades em interpretar sinais (expressões faci-
ais, expressões verbais).
Exemplo: Quando Márcio não para de falar sobre di-
nossauros, as crianças falam: “aaaafzz”, reviram os olhos, e
dão outros sinais de que não aguentam mais aquele assun-
to; mas Márcio não consegue captar esses sinais e, inde-
15
pendentemente de todos os sinais e expressões dos amigos,
Márcio continua falando sobre os dinossauros.
- Dificuldades em interpretar e entender as inten-
ções dos outros.
Essas dificuldades impedem que eles consigam perce-
ber corretamente algumas situações importantes e essenci-
ais no ambiente onde vivem.
Crianças com TEA:
- Apresentam prejuízos na qualidade da interação so-
cial. Exemplo: Aninha foi apresentar seu irmão João
para uns amigos; eles falaram “Oi!”, mas João passou
direto sem cumprimentá-los.
- Não conseguem estabelecer contato visual direto ou,
quando olham, não mantêm o olhar.
- Têm dificuldade em compartilhar momentos e situa-
ções com os outros.
- Preferem objetos e animais às pessoas.
- Podem usar pessoas como ferramentas e/ou instru-
mentos para demonstrar o que desejam. Exemplo: Ri-
cardo queria ir para a área de lazer. Então, pegou o
braço de sua mãe e o colocou na porta para que ela pu-
desse abrir e ele pudesse sair para brincar.
- Apresentam risos inadequados e/ou fora de contexto.
2.2 Área da comunicação
A comunicação não verbal é uma das habilidades que o
ser humano desenvolve antes mesmo de desenvolver reper-
16
tórios verbais. A linguagem é necessária para as relações
sociais e para a aprendizagem, assim como ajuda a inter-
pretar expressões faciais.
Crianças com TEA apresentam prejuízos na comunica-
ção, tanto na linguagem verbal quanto na não verbal. Mui-
tas vezes, não conseguem entender expressões emocionais,
gestos, símbolos e metáforas.
Algumas crianças com autismo podem ter um
excelente desenvolvimento de linguagem falada e,
por vezes, emitem palavras perfeitinhas. Em outros
casos, os pais percebem que, com um ano de ida-
de, sobrinhos ou coleguinhas já articulam as pri-
meiras palavras, mas seu filho ainda não [...] às
vezes seus pequenos nem parecem ouvir quando
são chamados.10
Crianças com TEA, muitas vezes, emitem palavras e/ou
frases sem a intenção de se comunicar. Por exemplo, repe-
tem diálogos de filmes, ecoam palavras faladas por profes-
sores, colegas, pais etc. (ecolalia).
Exemplo: João, em uma conversa sobre água-viva com
a psicóloga, disse: “Eu rio da cara das águas-vivas, haha-
ha” – fala estereotipada do Rei Leão, desenho que João as-
siste muito.
As ecolalias, presentes em muitas crianças com TEA,
podem ser:
- Ecolalias imediatas: repetição de frases que acabam
de ouvir.
17
Exemplo: A professora diz: “Turma, vamos copiar a li-
ção!” e Leonardo fala: “Lição, lição”.
- Ecolalias tardias: repetição de frases antigas guar-
dadas na memória.
Exemplo: João estava fazendo lição e não sabia como
fazer; então, repetiu várias vezes frases de um filme que ele
adorava e que não tinha relação nenhuma com o contexto.
Outra dificuldade e outro prejuízo presentes em crian-
ças com TEA se referem à fala na terceira pessoa.
Exemplo: “Mãe, dá brinquedo para Leonardo?” [Leo-
nardo falando].
Muitas crianças têm um discurso monotônico,
como se fossem robozinhos programados. Não há
alteração de tons ou volume no seu jeito de falar.
Não enfatizam questionamentos ou ressaltam tre-
chos mais importantes da frase. Elas têm dificul-
dade de colocar emoções no seu discurso. Também
costumam falar apenas de coisas do seu interesse,
tornando assim a fala monotemática.10
Outra característica que muitas crianças com TEA
apresentam é a pouca curiosidade social; não relatam como
foi seu dia espontaneamente nem perguntam sobre o dia
dos outros. Desse modo, não conseguem manter uma con-
versa coerente e, muitas vezes, retornam ao assunto do seu
interesse10.
Exemplo: A criança que fala o tempo todo sobre dinos-
sauro.
18
Crianças com TEA gostam de monologar (falar só para
si) e, muitas vezes, não permitem que os outros entrem na
conversa; muitas vezes, também, não entendem ironias
nem metáforas, assim como respondem monossilabicamen-
te àquilo que foi perguntado6,10.
Exemplo: A professora disse: “Poxa, Luís,
você fala pelos cotovelos, hein?” Augusto sol-
tou uma gargalhada enorme na sala de aula
porque ele imaginou o cotovelo do coleguinha
falando.
2.3 Área do comportamento
Crianças com TEA podem apresentar problemas de
comportamento. Listamos alguns a seguir:
- Comportamentos motores estereoti-
pados e repetitivos.
Exemplo: Pular, balançar, fazer movi-
mentos com os dedos e/ou mãos, fazer care-
ta, bater palmas, entre outros.
- Comportamentos disruptivos, como
rituais e rotinas, interesses restritos, ade-
rência rígida a uma regra, entre outros.
Exemplo 1
João gosta das “Crônicas de Nárnia”, então ele só fala
disso, só brinca disso e só desenha isso.
19
Exemplo 2
Segunda-feira é dia de aula de Educação Física, mas o
professor faltou, e André só soube na hora. Ele ficou
desesperado e agitado sem entender por que, naquele
dia, não teria Educação Física, já que é o dia da aula.
3. DIFICULDADES EM HABILIDADES COGNITIVAS
Crianças com TEA podem apresentar graus variados de
deficiência intelectual (leve, moderado e severo). Geralmen-
te as crianças não verbais apresentam indicadores de defi-
ciência intelectual moderada a severa.
Há indivíduos com TEA sem deficiência intelectual que
podem apresentar habilidades cognitivas preservadas, co-
mo, por exemplo, habilidades visuoespaciais11. Por outro
lado, pessoas na mesma condição apresentam dificuldades
ou déficits em habilidades de memória de trabalho, dificul-
dade para organizar e processar informações e para estabe-
lecer prioridades para a execução de tarefas12,13.
Muitos desses prejuízos cognitivos associados a pro-
blemas de comportamento e de comunicação interferem
consideravelmente na adaptação de uma criança à escola e
a contextos sociais e familiares em geral. Elas apresentam
dificuldades para resolver problemas da vida diária, para
comunicar-se de maneira eficaz, para manter relaciona-
mentos sociais e para lidar com imprevistos e dificuldades
diárias.
Em nível variado, as crianças podem ter dificuldades em:
- segmentar tarefas;
20
- organizar o tempo de trabalho durante longos perío-
dos de tempo até uma meta final;
- compreender a informação / instruções relacionadas
a uma tarefa;
- planejar e organizar e, quando necessário, solicitar
ajuda ao professor.
Exemplo:
A mãe de João pede para ele ir ao mercado comprar
bananas e trazer o troco. João pode ficar confuso por
ter dificuldade em planejar e executar o que a mãe pe-
diu. Parece uma tarefa simples? Ir ao mercado e com-
prar bananas! Entretanto não é, pois é necessário que
a criança: a) planeje o caminho até o mercado; b) che-
gue ao local e procure pelo que foi pedido, no caso ba-
nana; c) olhe o preço; d) vá para o caixa; e) pague pelas
bananas; f) confira o troco; g) volte para casa.
Dessa maneira, crianças com TEA precisam que essas
habilidades sejam ensinadas diretamente a elas.
4. DIFICULDADES EM HABILIDADES DE
TEORIA DA MENTE
Outras habilidades afetadas nos TEA, que são alvos de
estudo mais recentes, incluem: Teoria da mente; Atenção
compartilhada; Iniciação de respostas sociais e compor-
tamento de solicitação.
21
4.1 Teoria da mente
Teoria da mente se refere à habilidade de:
- colocar-se no lugar do outro;
- fazer suposições precisas sobre o que os outros pen-
sam ou sentem;
- ser capaz de prever o que os outros farão, como se
comportarão.
Crianças com TEA têm dificuldades em representar as-
suntos do ponto de vista de outras pessoas e em se colocar
no lugar do outro.
Exemplo: Amanda falou com uma expressão facial tris-
te para Marcos: “Marcos, eu queria muito uma boneca no
Natal, mas Papai Noel me trouxe uma bola. Como você
acha que me senti?” Marcos respondeu: “Feliz! Eu gostaria
de ganhar uma bola.”
Crianças com TEA têm dificuldades em compreender
intenções, pensamentos ou comportamentos de outras pes-
soas e/ou de se colocar no lugar delas.
Prejuízos em habilidades de teoria da mente podem afe-
tar as relações interpessoais e a aprendizagem, pois interfe-
rem na compreensão e na interpretação de textos, no en-
tendimento de comportamentos sociais, assim como na in-
terpretação de instruções dadas por professores.
Por apresentarem prejuízos relacionados à teoria da men-
te, essas crianças costumam apresentar dificuldades em:
- apontar coisas para outros;
- estabelecer contato visual;
22
- seguir o olhar de outro indivíduo quando ele fala so-
bre algum objeto que estão olhando;
- usar gestos de maneira social;
- entender emoções em rostos alheios;
- usar variação normal de expressões emocionais no
próprio rosto;
- mostrar interesses em outras crianças;
- saber como envolver-se com outras crianças;
- manter-se calma quando se sente frustrada;
- entender que alguém pode ajudá-la;
- entender como os outros se sentem em algumas situ-
ações.
Ou seja, teoria da mente está relacionada com intera-
ção social, comunicação e mesmo com habilidades acadê-
micas; portanto, o prejuízo nessa habilidade prejudica o
funcionamento adaptativo da criança com TEA28.
4.2 Atenção compartilhada
Atenção compartilhada significa dividir a experiência
em relação a objetos ou eventos com o outro. Para Butter-
worth e Jarret14, o olhar é uma dimensão especial do com-
portamento social na medida em que se torna um indicador
de interesse e de atenção para um observador (assim como
apontar e gesticular), ou seja, é uma forma de o indivíduo
relacionar-se e comunicar-se com os outros. Crianças com
TEA apresentam prejuízos na atenção compartilhada, difi-
cultando, assim, a reciprocidade e a interação.
23
Os resultados de vários estudos experimentais15-17 têm
mostrado comprometimento tanto na produção quanto na
compreensão de atos de atenção compartilhada. Ou seja,
tanto em utilizar visão, gestos, fala, com o objetivo de co-
municação, quanto em entender gestos, visão e fala de ou-
tros.
Outro comportamento que se encontra prejudicado em
crianças com TEA é o “comportamento de solicitação” que,
por exemplo, em contexto escolar, pode ser importante para
tirar dúvidas, pedir algo e até suprir necessidades. Muitas
crianças com TEA não conseguem expressar suas necessi-
dades.
5. SÍNTESE DO CAPÍTULO
Crianças com TEA apresentam, em níveis que variam
de uma criança para outra:
- interesses restritos;
- pouco ou nenhum contato visual;
- ecolalia (repetição de elementos da fala);
- frequentemente não respondem quando são chama-
das;
- dificuldades para expressar necessidades;
- apego a rotinas (rejeição às mudanças);
- movimentos estereotipados e repetitivos;
- frequentemente não gostam do toque físico, sentem-
se incomodadas;
- podem andar nas pontas dos pés;
24
- autoagressão (podem morder-se, bater-se);
- preferem brincadeiras de giros ou balanços;
- podem ter habilidades específicas bem desenvolvidas
ou ilhotas de habilidades;
- aversão a barulhos altos;
- dificuldades em manter e em sustentar a atenção por
longos períodos de tempo;
- instabilidade de humor;
- limiares de dor elevados;
- preferências por brincadeiras relacionadas a enfilei-
rar ou empilhar coisas;
- dificuldades em coordenação motora fina.
25
ORIENTAÇÕES A
PROFESSORES SOBRE A
INCLUSÃO ESCOLAR E OS
TRANSTORNOS DO
ESPECTRO DO AUTISMO
Assim como em outros transtornos do desenvolvimento,
crianças com TEA possuem necessidades educacionais es-
peciais devido às condições clínicas, comportamentais,
cognitivas, de linguagem e de adaptação social que apre-
sentam18-20. Precisam, muitas vezes, de adaptações curri-
culares e de estratégias de manejo adequadas.
Quando as necessidades educacionais de crianças com
TEA são atendidas, respeitando a condição espectral do
transtorno, ações educacionais poderão garantir que alcan-
cem o nível universitário (especialmente aquelas que não
apresentam deficiência intelectual importante), assim como
qualidade de vida individual e familiar e inserção social no
mercado de trabalho, sempre que as condições fenotípicas
da doença possibilitem.
26
Quando há prejuízos cognitivos e comportamentais
graves, a adaptação de um aluno com TEA em contextos de
sala de aula regular inclusiva se torna, muitas vezes, inviá-
vel. Por esse fator, dentre outros, a inclusão de muitas cri-
anças com TEA no contexto escolar brasileiro tem ocasio-
nado mais prejuízos do que benefícios tanto ao aluno quan-
to às equipes educacionais. Essas dificuldades também têm
sido verificadas em outros países21.
Estudos baseados em evidências mostram que crianças
com TEA, na grande maioria dos casos, não aprendem pe-
los métodos de ensino tradicionais22-24. Estudos anteriores,
quando ainda não era discutida com tanta veemência a
prática escolar inclusiva, já alertavam que crianças diag-
nosticadas com TEA não conseguiam manter a atenção,
responder a instruções complexas nem manter e focar a
atenção em diferentes tipos de estímulos simultâneos (por
exemplo, visual e auditivo), e que, desse modo, precisavam
de estratégias específicas e diferenciadas de intervenção de
ensino22.
Uma abordagem que contribuiu expressivamente com a
melhora de problemas de comportamento de crianças e
adolescentes com TEA e, consequentemente, com a adapta-
ção psicossocial é a Análise Aplicada do Comportamento
(Applied Behavior Analysis – ABA), e mais especificamente o
método de instrução programada da Análise do Comporta-
mento25.
Dois princípios básicos da Análise Aplicada do Compor-
tamento são:
- Entender comportamentos como uma relação entre
eventos: o comportamento propriamente dito e os eventos
ambientais denominados de estímulos antecedentes (que
27
antecedem o comportamento) e eventos consequentes (que
seguem o comportamento e que mantêm uma relação fun-
cional com o comportamento).
- Para que ocorra a modificação de comportamento é
necessário que haja intervenção e alteração no ambiente
em que o indivíduo está inserido (os estímulos anteceden-
tes e consequentes)26.
1. COMO A ANÁLISE APLICADA DO COMPORTAMENTO
PODE AJUDAR O PROFESSOR NA AVALIAÇÃO E NO
MANEJO DE PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO NOS
TEA?
1.1 Comportamento
O que é um comportamento?
- É qualquer ação que uma pessoa faz ou diz.
- Não é uma característica da pessoa.
Exemplo: Um comportamento é vestir-se, cantar uma
música, conversar na sala de aula, brincar, fazer a tarefa,
sentar na cadeira, entre outros.
Cuidado 1:
É errado definir como comportamento os seguintes
exemplos: Rafaela é tímida, Amanda é bagunceira, en-
tre outros.
Comportamento não é característica!
28
Cuidado 2:
a) Tirar nota 10 em uma prova é um comportamento?
b) Engordar é um comportamento?
Resposta: Não são comportamentos! Esses são os re-
sultados do comportamento! No exemplo (a), para tirar
nota 10 na prova, é preciso estudar (esse é o compor-
tamento). No exemplo (b), é preciso comer exagerada-
mente (esse é o comportamento) para engordar, que é a
consequência do comportamento.
O comportamento depende do que acontece antes e de-
pois dele mesmo, e as consequências oriundas do com-
portamento tendem a alterar a probabilidade de ocor-
rência futura do mesmo comportamento. Desse modo:
Boas consequências tendem a aumentar a fre-
quência de ocorrências do comportamento.
Consequências aversivas tendem a diminuir a fre-
quência de ocorrências do comportamento.
ATENÇÃO
----------------------------------------------------------------------------
Alguns eventos aversivos, como gritar com a crian-
ça, podem não diminuir comportamentos-problema,
mas aumentá-los e propiciar a emissão de outros
problemas de comportamento.
29
O antecedente é aquilo que acontece logo
antes do comportamento. O comportamento é a
resposta ao antecedente e a consequência é o
que ocorre logo depois do comportamento. Isso
é conhecido como os ABC’s do Behaviorismo.27
Ou seja:
A = Antecedente
B = Comportamento ou resposta
C = Consequência
Exemplo 1
Exemplo 2
Antecedente:
Professora deu a
instrução para Juca
fazer uma tarefa
Comportamento:
Juca fez a lição
Consequência:
A professora deu
parabéns para Juca
e deixou ele brincar
com a massinha.
Antecedente:
Professora deu a
instrução para
Mateus fazer uma
tarefa
Comportamento:
Mateus não fez a
lição
Consequência:
A professora deve
ensinar a Mateus
que isso é errado e
mostrar o
comportamento
adequado.
30
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
----------------------------------------------------------------------------
- Devem-se reforçar positivamente os comportamentos
adequados e NÃO se devem reforçar os comportamen-
tos inadequados. Quando ocorrer um comportamento
inadequado, deve-se ensinar o comportamento adequa-
do que é esperado. Repete-se o ensino todas as vezes
que sejam necessárias e controla-se o ambiente para
evitar que eventos do ambiente determinem, propiciem
ou favoreçam a emissão de problemas de comporta-
mento ou comportamentos inadequados.
- As recompensas só devem ser dadas à criança se ela
apresentar um comportamento adequado, pois ela po-
derá aprender que não precisa respeitar e cumprir a
instrução / regra dada pelo professor porque, mesmo
assim, haverá uma consequência positiva.
- Deve-se prestar atenção para o tipo de estímulo que a
criança gosta ou prefere para usá-lo como reforçador.
Crianças com TEA possuem tendência a não ser tão
sensíveis a qualquer tipo de recompensa26.
Assim, é importante observar e associar:
o que acontece (comportamento),
as circunstâncias em que acontece (antecedente),
e os resultados que esse comportamento produz
(consequência).
31
Aprendemos, desse modo, duas regras essenciais:
Regra 1
Reforce o comportamento adequado imediata-
mente depois do comportamento desejado.
Regra 2
Cuidado para não reforçar acidentalmente com-
portamentos inadequados.
O quadro abaixo, baseado no trabalho de Lear27, auxi-
lia o professor a organizar informações sobre o comporta-
mento, seus antecedentes e suas consequências para en-
tender possíveis fatores associados a comportamentos tan-
to adequados quanto inadequados:
Horário em que
o comportamen-
to ocorreu
Comportamento Eventos que
antecedem ao
comportamento
Eventos que
seguem ao com-
portamento
(descreva aqui o
comportamento)
(descreva aqui o
que ocorreu logo
antes do com-
portamento)
(descreva aqui o
que aconteceu
logo após o com-
portamento)
Exemplo:
Veja, na página a seguir, um quadro com informações
sobre comportamentos hipotéticos. Você pode realizá-lo da
mesma forma ou enfatizando um comportamento-alvo por
vez.
32
Horário em que o
comportamento
ocorreu
Comportamento Eventos que
antecedem ao
comportamento
Eventos que se
seguem ao com-
portamento
8h05 Gustavo fala alto
em hora incon-
veniente
A professora lê
um texto em voz
alta
A professora
para de ler para
ouvir Gustavo
falar
8h15 Gustavo inter-
rompe inconve-
nientemente
Um aluno fez
uma pergunta
para o professor
O aluno inter-
rompe a pergun-
ta dele e permite
que Gustavo fale
8h45 Gustavo fala em
hora inconveni-
ente
Professora pas-
sou uma instru-
ção para os alu-
nos
Todos param de
fazer a lição e
olham para Gus-
tavo
9h10 Gustavo se ba-
lança repetida-
mente na cadeira
Quatro alunos
estavam tocando
em Gustavo e
falando em voz
alta perto dele
A professora
grita e solicita
aos alunos para
saírem
O que se pode perceber no quadro acima?
Os comportamentos “falar alto”, “interromper conver-
sas”, “falar de maneira inconveniente” são antecedidos por
diferentes situações. O que acontece quando ele emite es-
ses comportamentos? Ele consegue atenção.
A partir daí pode-se montar um modelo de modificação
de comportamento. Gustavo está conseguindo atenção, ou
seja, reforço positivo com um comportamento inadequado.
Pode-se, então, mudar o ambiente. Na próxima vez em que
Gustavo interromper, a professora deve pedir para que ele
espere um pouco, pois não pode falar com ele naquele mo-
mento, e continuar a sua fala. Quando acabar, a professora
33
deve dar a vez para Gustavo e elogiá-lo pelo comportamento
adequado de esperar a sua vez. Na maioria dos casos, o
aluno não vai respeitar na primeira vez e, por vezes, vai re-
petir o comportamento inadequado; mas é preciso ir até o
final com a regra, para que o aluno consiga desenvolver o
comportamento adequado. Caso o professor volte a abrir
exceção, o aluno vai entender que o comportamento inade-
quado pode ocorrer.
Aprendemos, aqui, a reconhecer um comportamento e
que, para analisá-lo, é necessário entender o que acontece
antes e depois. O que acontece depois, a consequência, po-
de ser reforçadora ou não. Em seguida, portanto, analisa-
remos com mais detalhes o que é uma consequência refor-
çadora.
1.2 Reforçamento
O que é reforçamento?
Reforçamento é um processo no qual um
comportamento é fortalecido por uma consequên-
cia imediata que regularmente segue a sua ocor-
rência.27
O reforçador pode ser positivo ou negativo:
Reforçador Positivo
É a adição de algo que resulte no fortalecimento do
34
comportamento pelas consequências positivas (recompen-
sas) que o próprio comportamento produz.
Exemplos:
- Você se apresenta em uma peça de teatro e todos
aplaudem.
- Você trabalha todos os dias e recebe seu salário no
fim do mês.
- A criança aprende a falar uma palavra, os pais sorri-
em e parabenizam a criança.
- Você segue uma dieta passada pela nutricionista e vê
resultados positivos.
- A criança espera sua vez para falar na sala de aula e
recebe “parabéns” pelo seu comportamento.
Logo, é provável que esses comportamentos se repitam,
pois foram seguidos de reforçadores positivos.
No quadro que se encontra na página seguinte são
apresentadas sugestões de Reforçadores Positivos27.
Reforçador Negativo
É a remoção de algo desagradável com a emissão de de-
terminados comportamentos e que, quando conseguida es-
sa remoção, resulta no fortalecimento do comportamento.
Exemplos:
- O chapéu está esquentando sua cabeça e incomodan-
do; logo, você tira o chapéu e se sente melhor.
- Você entra no carro e soa um alarme irritante pedindo
para você colocar o cinto; então, você o coloca e o alarme
para de tocar27.
35
SUGESTÕES DE REFORÇADORES POSITIVOS
Reforçadores sociais
Fazer elogios entusiasmados (muito
bem, parabéns, viva, que lindo, uau,
bom trabalho), sorrir, aplaudir, ade-
sivos, fingir surpresa, beijar, rir, pis-
cadelas, dar atenção.
Reforçadores com
uso de atividades
Jogar cartas, quebra-cabeça, jogos de
memória, massinha, pintar, dese-
nhar, encher as bochechas de ar e
deixar a criança apertar, jogos de
tabuleiro, brincar de esconde-
esconde, de pega-pega, dançar, fazer
bolhas de sabão, caminhar.
Reforçadores com uso
de brinquedos e brindes
Figurinhas, carrinhos, balões, livros,
flores, colar, pulseiras, adesivos, mas-
sinha, brinquedos.
Reforçadores com uso de
contato físico
Abraçar, fazer cócegas, beijar, bater
as mãos.
O reforçamento positivo é essencial para a aprendiza-
gem de novos comportamentos. Contudo é preciso seguir
algumas regras25,27.
Primeira:
Selecione / escolha o comportamento que deseja refor-
çar. Reforce algo específico. Deixe claro o comportamento
que você estiver reforçando, pois isso vai ajudar a criança a
36
entender por que ela está ganhando um elogio (o que ela
está fazendo, que merece “parabéns”?).
Exemplo: Zequinha guardou seu material na mochila.
Ao reforçar esse comportamento, você deve descrever o
comportamento adequado: “Muito bem Zequinha, você ar-
rumou seu material. Parabéns!”.
Segunda:
O reforço positivo deve ser utilizado IMEDIATAMENTE
após o comportamento ocorrer.
Exemplo: Zequinha sentou na cadeira certa. A profes-
sora imediatamente elogiou Zequinha: “Muito bem Zequi-
nha, você sentou na sua cadeira. Parabéns!”.
Ou: “Nossa Luís, como você está calmo hoje! Adoro
quando está assim quieto e sentado bonitinho na sua ca-
deira. Sabe o que você merece? Brincar com seu quebra-
cabeça”.
Terceira:
Fique atento para saber quais são os reforçadores mais
adequados e preferidos pela criança.
Quarta:
A voz deve ser consistente com a mensagem. Se você
estiver elogiando a criança, tenha certeza de que o faz com
um tom de voz entusiasmado. Se pedir para a criança ten-
tar de novo, mantenha o tom de voz neutro.
37
Quinta:
Varie as frases, o tom de voz e os reforçadores. Não uti-
lize a mesma frase inúmeras vezes.
Exemplo: Não fale somente “parabéns”, mas também
utilize “muito bem”, “ótimo trabalho”, “gostei de ver”, entre
outros. Varie também os reforçadores: utilize, se possível,
outros brindes simples.
Sexta:
Associe recompensa com elogios; isso vai fazer com que
seus elogios sejam tão poderosos quanto as recompensas.
Sétima:
Não é necessário esperar que a criança faça algo “gran-
de” ou apenas faça algo que você pediu; observe-a emitindo
comportamentos adequados e reforce também positivamen-
te esses comportamentos.
ATENÇÃO: Muitas vezes, espera-se que a criança fique
muito calma ou faça algo 100% certo, mas isso pode demo-
rar muito tempo. Não espere que todos os comportamentos
disruptivos sejam eliminados ou que o comportamento
adequado seja perfeito. Reforce pequenas reduções de com-
portamento-problema, assim como reforce também peque-
nas melhoras em comportamentos adequados.
Oitava:
Tome muito cuidado e preste atenção! O reforçamento
positivo pode ajudar a criança a aprender comportamentos
38
adequados, mas você pode estar reforçando comportamen-
tos inadequados também.
Exemplo: Zequinha fica chamando você o tempo todo,
e você diz para ele esperar, mas ele continua chamando.
Você pede mais uma vez que espere, diz que você está ocu-
pada e que, logo que acabar de passar a lição no quadro,
você vai conversar com ele. Ele não desiste e você vai à car-
teira dele. Quais as chances de Zequinha esperar por você
nos próximos dias?
Nona:
A criança só deve ter acesso ao reforçador se cumprir o
objetivo. Vamos supor que Zequinha ame brincar com
massinha, mas você o deixa brincar a qualquer momento:
se ele fez atividade, ele brinca; se ele não fez, ele brinca
também. Se ele fica quieto, ele brinca; se ele faz bagunça,
ele brinca. O poder do reforçador vai diminuir porque ele
está acessível a qualquer momento, mesmo quando Zequi-
nha não está se comportando ou obedecendo às instruções.
Décima:
Temos que reforçar comportamentos adequados, mas
também reforçar a ausência de comportamentos inadequa-
dos e disruptivos.
Exemplo: Zequinha adora levantar na sala e atrapalhar
todo mundo. No dia em que Zequinha ficar comportado na
cadeira, isso deve ser reforçado. Se Zequinha ficar sentado
e ainda fizer a lição, ele deve receber algo muito bacana.
ATENÇÃO: Como dissemos acima, não é preciso espe-
rar que Zequinha fique calmo o dia inteiro, pois talvez nes-
39
se momento isso seja muito para ele. Reforce qualquer au-
mento de comportamento adequado e qualquer redução de
comportamento inadequado.
ATENÇÃO
----------------------------------------------------------------------------
Ao elogiar, elogie exatamente o comportamento
adequado que deseja fortalecer no repertório com-
portamental da criança.
2. TIPOS DE COMPORTAMENTOS INADEQUADOS
DE MAIOR PREVALÊNCIA EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES COM TEA
Estereotipias comportamentais (flapping, balançar-se,
entre outros) e comportamentos agressivos e autoagressi-
vos são problemas comportamentais muito comuns em cri-
anças com TEA27. Muitos desses comportamentos podem
ser fugas de demandas ambientais que são excessivas ou
aversivas para a criança, ou são respostas a ambientes po-
bres do ponto de vista de estimulação (ambientes entedian-
tes, por exemplo).
O que é um comportamento de fuga?
Para atrasar ou evitar o cumprimento de uma ativida-
de, a criança emite um comportamento denominado fuga27.
40
Exemplo 1
A criança vê a professora segurando uma massinha e
pede para a professora entregar a ela, pois ela quer
brincar de massinha. A professora diz que só entregará
depois que ela fizer a atividade, mas a criança começa a
berrar, e a professora dá a massinha para a criança.
Exemplo 2
A professora faz uma solicitação à criança e ela começa
a gritar e a balançar o corpo. A professora, então, ofere-
ce um descanso da atividade. Assim, a criança tem mai-
or probabilidade de gritar quando a professora pedir ati-
vidades para ela. Ou seja, o comportamento de gritar ou
balançar o corpo é mantido porque produz consequên-
cias que, em ambos os casos, foi se livrar da tarefa.
Para lidar com comportamentos inadequados e indese-
jados, podem ser utilizadas as seguintes estratégias de re-
forçamento.
DRL
Reforçamento diferencial de resposta limitado
Significa que o comportamento inadequado emitido pe-
la criança pode ser tolerado, desde que seja emitido poucas
vezes. Ou seja, em uma frequência baixa, o comportamento
da criança consegue ser tolerável. É preferível que ocorra
em frequência menor que a que vem ocorrendo no presente.
Exemplo: Mateus é uma criança que grita muito na sa-
la de aula, e a professora não está conseguindo diminuir ou
41
extinguir esse comportamento. Em todas as aulas, Mateus
grita umas dez vezes. A professora queria que esse compor-
tamento não ocorresse, mas ela não quis impor a Mateus
um nível de exigência exagerado; então ela estipulou e avi-
sou Mateus que ele poderia brincar com seu brinquedo pre-
ferido se, naquele período de aula (50 minutos), ele emitisse
três, dois, um ou zero comportamentos de gritar.
DRO
Reforçamento diferencial de resposta zero
Significa identificar um comportamento inadequado
e/ou indesejado e reforçar a criança quando esse compor-
tamento não ocorrer por um determinado período. Primeiro
é preciso definir qual comportamento inadequado se quer
extinguir; depois, quanto tempo é possível que a criança
não emita o comportamento indesejado e, gradualmente,
aumentar o tempo.
Exemplo: Pedro levanta-se muito na sala de aula. Sua
professora estipulou que, se Pedro ficar sentado por dez
minutos, ele vai ser elogiado e terá o direito de brincar de
pintar a figura, o que ele adora. Depois de um tempo,
quando Pedro conseguir ficar sentado por pelo menos 10
minutos, aumenta-se o tempo para 20 minutos sentado na
cadeira, e assim por diante. Caso a criança se levante antes
dos 10 minutos, a contagem começa de novo.
Vários estudos mostram que utilizar o DRO em sala de
aula foi muito eficaz para diminuir comportamentos-
problema26.
42
DRI
Reforçamento diferencial de resposta incompatível
Significa que você deve possibilitar que a criança emita
algum comportamento que seja incompatível em relação ao
comportamento inadequado.
Exemplo: Se você está tentando reduzir o comporta-
mento de Pedro caminhar na sala de aula, você vai reforçá-
lo quando ele estiver sentado, já que estar sentado e em pé
ao mesmo tempo é impossível. Ou, ainda, é melhor reforçar
a realização de atividades escolares.
IMPORTANTE: Não lembre à criança do comportamen-
to indesejado / inadequado. Não diga: ”Parabéns por não
bater em Ricardo!” ou “Parabéns por não levantar da cadei-
ra!”. Em vez disso, foque no comportamento adequado, re-
compense apenas o comportamento adequado.
DRA
Reforçamento diferencial de resposta alternativo
Pode ser chamado também de substituição apropriada.
Primeiro selecione qual comportamento quer eliminar. De-
fina, em seguida, qual comportamento alternativo será re-
forçado. Observação: tem que ser um comportamento que
já esteja ocorrendo.
Lear27 traz alguns exemplos interessantes, como:
- A criança que belisca os coleguinhas é reforçada
quando usa massinha de modelar (uma atividade apropria-
da para beliscar).
- Crianças que batem em outras crianças são reforça-
das quando dão socos em um boneco inflável, ou um brin-
43
quedo apropriado para bater, em vez de bater nos colegui-
nhas.
Extinguir um comportamento-problema é mais eficaz
quando as crianças são ensinadas a apresentar um com-
portamento desejado. Note que, nos exemplos acima, não é
apenas ensinado à criança qual comportamento é inade-
quado, mas, ao mesmo tempo, é ensinado qual é o compor-
tamento adequado.
3. ORIENTAÇÕES A PROFESSORES PARA MANEJO
COMPORTAMENTAL EM SALA DE AULA BASEADAS NA
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
1) Uso de instruções claras, diretas e simples para cada
tarefa orientada
Vejamos o seguinte exemplo: Quando a professora diz
aos alunos: “Abram o caderno, copiem o que estou escre-
vendo na lousa, leiam o enunciado e realizem as seguintes
questões”, crianças com desenvolvimento típico podem não
apresentar, em sua maioria, problemas para entender e
realizar várias instruções simultâneas, mas uma criança
com autismo pode ainda estar tentando entender a primei-
ra ou a segunda parte do que a professora
disse, não realizando com sucesso o que foi
pedido. Logo, é importante que se
divida uma instrução complexa
em várias instruções simples.
44
2) Uso de estímulos visuais para o es-
tabelecimento de rotina e instruções
Utilize cartazes e figuras que orientem a
criança em relação às tarefas e às atividades
que ela precisa realizar ou a determinados
tipos de comportamento em que ela deve se
envolver, como, por exemplo, permanecer sen-
tada.
3) Ensino de comportamentos de obediên-
cia a regras
Crianças com desenvolvimento atípico, co-
mo no caso dos TEA, também entendem instruções e regras.
Muitas vezes, profissionais, pais e cuidadores não exi-
gem nem se organizam para que crianças com TEA cum-
pram regras. Muitas vezes, acreditam que, pelo fato de uma
criança ter autismo, ela não precisa seguir regras como as
outras crianças, e deixam que decida o que quer fazer.
Crianças com TEA devem ser treinadas para o cumpri-
mento de regras.
Exemplo: Marcos era uma criança com TEA que fre-
quentava a sala de aula do ensino regular. Interrompia a
professora a todo o momento, falando alto, emi-
tindo gritos, levantando e até pegando o giz de
cera da mão da professora para desenhar na
lousa, atrapalhando a aula. Entretanto, como
Marcos tinha TEA, a professora o deixava fazer o
que quisesse, transformando a sala de aula em
um ambiente desorganizado. Depois de a profes-
sora ter entendido que, assim como outras cri-
anças, Marcos também poderia aprender e se-
45
guir regras, ela conseguiu modificar esses com-
portamentos inadequados. Hoje em dia, Marcos
anda pela sala muito menos do que antes, espe-
ra sua vez para falar e grita muito pouco, em
comparação a como fazia anteriormente.
4) Ensino de comportamentos de solicitação
Muitas vezes, crianças com TEA não sabem solicitar e
pedir ajuda, agindo de forma inadequada. É muito impor-
tante ensinar às crianças quais são os comportamentos
adequados para pedir o que precisam (verbal ou não ver-
bal).
Exemplo: Marcos, quando queria borracha ou lápis, le-
vantava da cadeira e pegava o objeto do colega mais próxi-
mo sem pedir. A professora ensinou a Marcos que esse
comportamento era errado, que ele precisaria pedir para o
coleguinha antes de pegar. Marcos começou a pedir em-
prestado o material e a ser reforçado pelos coleguinhas e
pela professora.
5) Estímulo ao desenvolvimento da autonomia e da in-
dependência
Exemplo: Felipe comia na escola somente quando lhe
davam comida na boca, e somente subia para sala de aula
com acompanhamento de uma assistente, antes de todos os
outros alunos. Felipe foi incentivado a comer
sozinho (já que apresentava esse comportamen-
to em casa) e a se deslocar até a sala de aula
com a professora e seus colegas.
46
6) Controle de estímulos antecedentes e consequentes
para facilitar a emissão de comportamentos adequados
Exemplo: O professor e/ou o cuidador devem conhecer
e manejar eventos que antecedem os comportamentos, de
maneira tal que facilitem e aumentem a probabilidade de
emissão de comportamentos adequados. Ao mesmo tempo,
devem fornecer, imediatamente após o comportamento ter
ocorrido, estímulos e recompensas verbais positivas pelo
bom desempenho da criança.
7) Uso de avaliação da funcionalidade do comportamento
Sempre que um comportamento inadequado ocorrer, é
importante entender, observar e analisar qual a função
desse comportamento, o que ocorreu antes e logo depois
dele. Desse modo, é possível entender por que o comporta-
mento ocorre e modificar o ambiente para propiciar a emis-
são de outros comportamentos mais adequados.
8) Utilização de reforçamento positivo para modificação
de comportamento
Utilize elogios, recompensas e agrados, por exemplo,
sempre após a emissão de comportamentos adequados.
9) Na presença de comportamentos inadequados é ne-
cessário fornecer feedback
É necessário ensinar para a criança o que pode (o que é
legal fazer) e o que não pode (o que não é legal fazer).
Exemplo: Quando Marcos pegava a borracha do cole-
guinha sem pedir, ele não sabia que não podia. Quando a
47
professora ensinou que não é assim, ele começou a emitir
comportamentos adequados (que podem ser realizados, que
são legais).
IMPORTANTE: Muitos acreditam que, se o comporta-
mento da criança for ignorado, ele deixa de existir, o que
não é de todo verdade.
10) Alunos com TEA que têm deficiência intelectual
precisam de currículos adaptados (sobrepostos)
Nesses currículos devem ser contempladas as metas da
escola para a idade e para o ano escolar da criança, em
congruência com manejo comportamental adequado que
possibilite a adaptação desse aluno ao currículo. Nos currí-
culos adaptados é essencial o uso de dicas textuais (pala-
vras escritas), auditivas (falas) e gestuais (físicas)26.
Nos quadros seguintes, estão relacionadas outras re-
comendações gerais para manejo de dificuldades compor-
tamentais28.
Tipo de déficit
Humor oscilante e dificuldade de relacionamentos
Como isso afeta a interação social?
Dificuldade em interagir com outros.
Como isso afeta o funcionamento na sala de aula?
A criança pode tentar ser engraçada ou chamar atenção na sala
de aula.
O que fazer?
1) Ensine que brincadeiras têm hora e lugar.
2) Ensine o aluno a seguir regras.
48
Tipo de déficit
Não apresenta contato visual e apresenta prejuízo na atenção
Como isso afeta a interação social?
1) Não observa a interação social entre outros.
2) Não processa ou entende o significado das mensagens e si-
nais dos outros
3) Apresenta pobre contato visual.
Como isso afeta o funcionamento na sala de aula?
1) Não processa facilmente o significado de mensagens verbais.
2) Não consegue prever planos.
4) Apresenta pobre contato visual, o que diminui e prejudica a
comunicação.
5) Apresenta dificuldades para funcionar em grupos; a criança
precisa de instruções mais diretas.
O que fazer?
1) Fragmente a instrução ou informação em partes menores
para aumentar a atenção.
2) Use estratégias visuais para ajudar a criança a obter atenção
e entendimento.
3) Ensine como usar os olhos e o corpo para ouvir.
Tipo de déficit
Dificuldade em entender o “todo”
Como isso afeta a interação social?
Não consegue entender, muitas vezes, o tópico de uma conversa.
Como isso afeta o funcionamento na sala de aula?
1) A criança se prende a detalhes e perde o principal conceito /
tema.
2) Ao escrever ou ler, pode negligenciar aspectos essenciais.
O que fazer?
1) Fragmente as informações em pequenas partes (visuais).
2) Fragmente as informações e conceitos e ajude o aluno a en-
caixá-los para, assim, ver o todo.
3) Ensine como ele pode entender a ideia principal.
49
Tipo de déficit
Dificuldade em abstração e inferência
Como isso afeta a interação social?
Não consegue interpretar o significado de algumas palavras.
Como isso afeta o funcionamento na sala de aula?
1) Apresenta limitações para inferir e interpretar o significado
de textos, livros ou conversação.
2) É literal nas suas interpretações e comunicação.
O que fazer?
1) Tenha consciência de que os alunos poderão apresentar res-
postas esquisitas quando não conseguirem interpretar.
2) Trabalhe o entendimento e a interpretação do aluno com
relação aos colegas e com historinhas e estímulos visuais,
3) Apresente um quadro com o nome e a representação ilustra-
tiva de emoções para que a criança as associe à expressão da
emoção.
Tipo de déficit
Pobre compreensão acerca dos outros (teoria da mente)
Como isso afeta a interação social?
Dificuldade em se colocar no lugar do outro ou em entender a
perspectiva do outro.
Como isso afeta o funcionamento na sala de aula?
1) Dificuldade em entender e compreender textos.
2) Dificuldade em se comportar na sala de aula.
3) Dificuldade em trabalhar em grupos.
O que fazer?
1) Estimule o aluno a entender o conceito de se colocar no lugar
do outro e estimule-o a se colocar no lugar dos coleguinhas.
2) Entenda que existirão muitas dificuldades de compreensão e
de interpretação por conta deste déficit.
3) Ajude com estímulos visuais.
50
Tipo de déficit
Pobre iniciação de comunicação ou ação
Como isso afeta a interação social?
A criança não inicia interação social apropriada e não começa a
trabalhar em uma atividade.
Como isso afeta o funcionamento na sala de aula?
1) Não pede ajuda.
2) Enquanto outros alunos fazem e cumprem a instrução, a
criança com TEA não faz o que foi pedido.
3) Em grupo, a criança provavelmente não participe ou não
saiba como se dirigir aos outros.
O que fazer?
1) Ensine uma resposta clara de iniciação.
2) Recompense sucessos.
3) Ajude o aluno a ter acesso a novas informações e a novos
comportamentos.
4) Demonstre para a criança que, quando ela diz uma palavra
inteira (ou frase, a depender da criança), de forma clara, ela
consegue mais rapidamente o que quer do que quando faz ges-
tos ou diz outras palavras não relacionadas ao que quer.
5) Combine o interesse da criança com a atividade. Faça carta-
zes com o nome, desenhos e/ou figura das atividades; deixe a
criança escolher qual ela quer realizar ou a ajude na escolha;
realizem a atividade juntos. Quando a criança estiver motivada,
tente fazê-la dizer a palavra.
51
REFERÊNCIAS
1. Organização Mundial da Saúde (OMS). Classificação Internacional de Do-
enças e Problemas Relacionados à Saúde – 10ª Revisão (CID-10). OMS; 2000.
Disponível em: http://www.datasus.gov.br/cid10/v2008/webhelp/cid10.htm.
2. American Psychiatric Association (APA). Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais – 4ª Edição Revisada (DSM-IV-TR). Porto Alegre: Art-
med; 2002.
3. Klin A, Jones W, Schultz R, Volkmar F, Cohen D. Defining and quantifying
the social phenotype in autism. Am J Psychiatry 2004; 159(6):895-908.
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  • 1.
  • 2.
  • 3. Laís Pereira Khoury Maria Cristina Triguero Veloz Teixeira Luiz Renato Rodrigues Carreiro José Salomão Schwartzman Adriana de Fátima Ribeiro Carla Nunes Cantieri Manejo comportamental de crianças com Transtornos do Espectro do Autismo em condição de inclusão escolar Guia de orientação a professores São Paulo, 2014.
  • 4. © Programa de Pós-graduação em Distúrbios de Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, SP, 2014. ISBN 978-85-7954-053-0 Supervisão editorial: Silvana Santos Projeto gráfico e editoração: Catarina Ricci Capa: Sérgio Braganti Revisão gráfica: Silvia Cristina Rosas Patrocínio: Centro de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Programa de Apoio à Educação Especial (CAPES / PRO- ESP). Apoio: Programa de Pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvi- mento e Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Uni- versidade Presbiteriana Mackenzie. Secretaria de Educação da Prefeitura de Barueri. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Manejo comportamental de crianças com Transtornos do Espectro do Autismo em condição de inclusão escolar : guia de orientação a professores [livro eletrônico]. -- São Paulo : Memnon, 2014. 1.004,23 Kb ; PDF Vários colaboradores. Bibliografia. ISBN 978-85-7954-053-0 1. Crianças autistas 2. Crianças autistas - educação 3. Educa- ção inclusiva 4. Educação – Finalidade e objetivos 5. Síndrome de Asperger. 14-00708 CDD-371.94 Índices para catálogo sistemático: 1. Crianças autistas : Educação especial 371.94 2. Crianças com Transtorno do Espectro do Autismo : Educação especial 371.94
  • 5. As informações contidas neste guia são recomendações baseadas em evidências científicas de estudos sobre cri- anças e adolescentes com Transtornos do Espectro do Autismo. Para outros aspectos, psicológicos e pedagógi- cos, particulares de crianças com alguns desses trans- tornos, pais e/ou cuidadores deverão procurar profissio- nais devidamente qualificados.
  • 6. Nossos agradecimentos especiais ao Programa de Edu- cação Especial da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pes- soal de Nível Superior – CAPES / PROESP. A realização deste livro faz parte do Projeto de Pesquisa financiado pela CAPES/PROESP intitulado “Políticas Públicas e Educação Especial no Município de Barueri da Grande São Paulo: diagnóstico da realidade do atendimento educacional às crianças e propostas de intervenção”, coordenado pela Pro- fessora Doutora Maria Eloisa Famá D’Antino, do Programa de Pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvimento. Agradecemos aos alunos e aos professores de pós- graduação do Programa de Pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvimento (PPG-DD) da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Agradecemos aos alunos de graduação do curso de Psi- cologia (bolsistas do Programa de Iniciação Científica – PI- BIC) da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Agradecemos aos profissionais das equipes educacio- nais da Secretaria Municipal de Barueri que têm contribuí- do com a realização de diversos estudos científicos condu- zidos pelos grupos de pesquisa do Programa de Pós- graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da Universi- dade Presbiteriana Mackenzie (PPGD).
  • 7. 5 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO .................................................................... 6 TRANSTORNOS DO ESPECTRO DO AUTISMO ........................ 8 1. Definição e caracterização .............................................. 8 2. Problemas de comunicação, de interação social e de comportamento .................................................................. 12 3. Dificuldades em habilidades cognitivas ........................... 19 4. Dificuldades em habilidades de teoria da mente ............. 20 5. Síntese do capítulo ......................................................... 23 ORIENTAÇÕES A PROFESSORES SOBRE A INCLUSÃO ES- COLAR E OS TRANSTORNOS DO ESPECTRO DO AUTISMO ... 25 1. Como a Análise Aplicada do Comportamento pode ajudar o professor na avaliação e no manejo de problemas de comportamento nos TEA? .................................................. 27 2. Tipos de comportamentos inadequados de maior preva- lência em crianças e adolescentes com TEA ........................ 39 3. Orientações a professores para manejo comportamental em sala de aula baseadas na Análise do Comportamento ... 43 REFERÊNCIAS ....................................................................... 51
  • 8. 6 APRESENTAÇÃO Crianças e adolescentes com um dos Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) têm sido identificados com mai- or frequência do que ocorria até poucos anos atrás. Estima- se, atualmente, que a prevalência seja de um indivíduo afe- tado em cada 100 pessoas, aumento significativo em rela- ção às taxas observadas há algumas décadas. O aumento da identificação ocorre, possivelmente, porque essas condi- ções são mais conhecidas atualmente e porque os critérios diagnósticos são mais abrangentes. É necessário lembrar a grande variabilidade na apre- sentação dos TEA, no que diz respeito tanto aos prejuízos em interação social, comportamento e comunicação quanto ao grau de eventual comprometimento intelectual. Estima- se que cerca de 50% das pessoas com TEA apresentem al- gum grau de deficiência intelectual. Em um momento em que as políticas públicas no Bra- sil têm evidente viés “inclusivista”, ou seja, se orientam no sentido de que todos, ou ao menos a maior parte das pes- soas com algum tipo de deficiência (incluídas aqui as com TEA), estejam incluídos em escolas regulares de ensino, faz-se mais do que necessário instrumentalizar os professo- res no sentido de que tenham informações básicas sobre como lidar com essas pessoas em sala de aula, no que diz respeito aos procedimentos pedagógicos e a como conduzir-
  • 9. 7 se frente aos problemas comportamentais frequentemente presentes. O trabalho aqui apresentado pretende ser um passo inicial de auxílio aos professores que necessitam de infor- mações confiáveis e orientações possíveis de serem imple- mentadas no ambiente escolar. É claro que não se pretende aqui esgotar esse complexo assunto, mas, sim, possibilitar o mínimo de conhecimento necessário. Os leitores encontrarão a descrição dos quadros que compõem os TEA, bem como conhecimentos básicos sobre a Análise Aplicada do Comportamento (ABA) que podem ser utilizados no ambiente de salas de aula. É necessário colocar aqui, no entanto, que, nos casos em que os prejuízos presentes são acentuados, nem sempre a inclusão em sala de aula regular será a melhor solução, e, para esses indivíduos, classes ou mesmo escolas especi- ais ainda devem ser preferidas. Prof. Dr. José Salomão Schwartzman Programa de Pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvimento Universidade Presbiteriana Mackenzie.
  • 10. 8 TRANSTORNOS DO ESPECTRO DO AUTISMO 1. DEFINIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO Até o começo de 2013, os manuais em que os profissio- nais se baseavam para diagnosticar esse tipo de transtorno eram o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR) e a Classificação Internacional de Do- enças (CID-10). Esses manuais de classificação diagnóstica utilizam os termos Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) e Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID). A versão para o Português brasileiro da CID-10 descre- ve oito tipos de TGD: “Autismo Infantil, Autismo Atípico, Síndrome de Rett, Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno com Hipercinesia associada a Retardo Mental e Movimentos Estereotipados, Síndrome de Asperger, Outros Transtornos Globais do Desenvolvimento e Transtornos Globais do Desenvolvimento Não Especificados”1. Já a ver- são para o Português brasileiro do DSM-IV-TR apresenta cinco tipos clínicos na categoria TID: “Transtorno Autista, Transtorno de Rett, Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno de Asperger e Transtorno Invasivo do Desenvol- vimento sem Outra Especificação”2.
  • 11. 9 Embora os manuais de classificação diagnóstica ante- riormente citados utilizem os termos TGD e TID, há mais de 20 anos que os estudos sobre o autismo utilizam o termo Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) para se refe- rir a apenas três transtornos relacionados aos TGD ou aos TID, que são o Transtorno Autista, o Transtorno de Asper- ger e o Transtorno Global ou Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra Especificação3-7. Ou seja, nem todos os trans- tornos classificados como TGD ou TID no DSM-IV e na CID-10 são considerados na categoria diagnóstica dos TEA. Assim, o Transtorno de Rett e o Transtorno Desintegrativo da Infância não fazem parte desse espectro. De acordo com o DSM-IV-TR, o Transtorno Autista (TA) se caracteriza por um quadro clínico em que prevale- cem prejuízos na interação social, nos comportamentos não verbais (como contato visual, postura e expressão facial) e na comunicação (verbal e não verbal), podendo existir atra- so ou mesmo ausência da linguagem. Pode haver, também, ecolalia e uso de linguagem estereotipada. As pessoas com o TA apresentam dificuldades no estabelecimento de rela- ções sociais, preferindo atividades mais solitárias. Também apresentam dificuldades sociais para compartilhar interes- ses, iniciar ou manter interações sociais; possuem dificul- dades em compreender expressões faciais de sentimentos e afetos. Comportamentos estereotipados são observados (como bater palmas ou flapping – movimentar os braços como que batendo asas), os interesses são limitados, e há dificuldade em mudar rotinas, dentre outras alterações2. Os primeiros sinais do transtorno podem ser identificados antes dos 3 anos de idade. É importante relatar que há ris- co maior de ocorrência desse transtorno entre irmãos de pessoas afetadas8.
  • 12. 10 Também de acordo com o DSM-IV-TR2, o Transtorno de Asperger é apresentado como um transtorno que ocasi- ona de leves a graves prejuízos na interação social, restri- ção de interesses e atividades, adesão aparentemente infle- xível a rotinas e rituais, alteração da prosódia (entonação da fala) e comportamentos repetitivos. Uma diferença clíni- ca que existe entre o Transtorno de Asperger e o Transtorno Autista é que, nesse último, geralmente têm sido identifica- dos atrasos de linguagem e atrasos expressivos nas habili- dades cognitivas e de autocuidado, diferentemente do que ocorre em pessoas com Transtorno de Asperger4,9. O DSM-IV-TR2 considera como classificação diagnóstica de Transtorno Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra Especificação (TID-SOE) o quadro clínico caracterizado por prejuízos severos na interação social e na comunicação verbal e não verbal e por comportamentos estereotipados que não satisfazem o critério de TA devido ao seu início tardio. De acordo com Klin4, para esse diagnóstico ser ado- tado o critério deve ser o de exclusão de TA. Essa condição pode ser considerada mesmo se a pessoa apresentar menos do que seis sintomas no total, que é o mínimo requerido pelo DSM-IV-TR, e/ou apresentar idade de início maior do que 36 meses, também requerido pelo DSM-IV-TR. Contu- do, autores destacam que o diagnóstico de TID-SOE é mais complexo que o diagnóstico das outras categorias4. Em maio de 2013, a quinta edição do Manual Diagnós- tico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5* foi pu- blicada incluindo mudanças expressivas nos critérios diag- nósticos de autismo e adotando, finalmente, o termo TEA como categoria diagnóstica. * Acesso: http://www.dsm5.org/Documents/AutismSpectrumDisorder.
  • 13. 11 O DSM-5 agrupou e incluiu quatro das cinco categorias dos TID do DSM-IV na condição de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Foram elas: Transtorno Autista, Trans- torno Desintegrativo da Infância, Transtorno de Asperger e Transtorno Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra Espe- cificação. De acordo com o DSM-5, esses transtornos não terão mais validade em termos de condições diagnósticas distintas. Assim, passarão a ser considerados no mesmo espectro do autismo. O transtorno de Rett, no DSM-5, tam- pouco foi considerado como um dos TEA e, sim, como uma doença distinta. ATENÇÃO -------------------------------------------------------------------------- Não há mais subcategorias como Transtorno de As- perger, Transtorno Autista, entre outros; todos ago- ra são tratados como Transtorno do Espectro do Au- tismo (TEA).
  • 14. 12 2. PROBLEMAS DE COMUNICAÇÃO, DE INTERAÇÃO SOCIAL E DE COMPORTAMENTO ÁREAS DE MAIOR COMPROMETIMENTO NO TRANSTORNO AUTISTA, CONFORME O DSM-IV-TR E A CID-10 2.1 Área da interação social Os seres humanos são essencialmente sociais, ou seja, vivem e pertencem a vários grupos, relacionam-se com dife- rentes pessoas o tempo todo. Por meio dessa socialização são passadas as regras da sociedade e, assim, são aprendi- das as maneiras adequadas de comunicar-se, de aprender e de desenvolver-se. Interação Social ComportamentoComunicação
  • 15. 13 Para interagir efetivamente com as pessoas, são neces- sárias habilidades sociais que englobam a capacidade de dividir espaços com outros de maneira adequada, de adap- tar-se a diferentes contextos e de interpretar pensamentos e desejos dos outros. Dessa maneira, percebe-se o quanto essa habilidade é essencial para a interação, mas também para comportar-se adequadamente em diferentes contextos como a sala de aula e o ambiente de trabalho, entre outros. As crianças com TEA apresentam dificuldades em soci- alização em diferentes níveis de gravidade10: - Crianças que apresentam problemas mais graves Essas crianças se encontram, na grande maioria do tempo, sozinhas e isoladas, balançam-se e podem balbuciar de maneira estereotipada durante períodos longos de tem- po. - Crianças que são, muitas vezes, descritas e até confundidas como quietas, estranhas, esquisitas e/ou nerds São crianças que transitam entre as pessoas, mas en- contram dificuldades em interagir socialmente, não conse- guindo estreitar os relaciona- mentos. Exemplo 1 Márcio não conseguia conversar sobre diversos assuntos com os amigos. Quando eles falavam, Márcio só queria e só sabia falar o tempo inteiro sobre dinossauros, fazendo com que as crianças o chamassem de chato e, muitas vezes, o excluíssem.
  • 16. 14 O contato social é sempre prejudicado. Não necessariamente porque estão desinteressados, mas porque não sabem e não aprenderam a arte de interagir e manter vínculos.10 Essa falta de habilidade social as mantém distantes de outras crianças, já que elas não sabem o que fazer para manter relacionamentos. Muitas vezes, “podem até chamar os amigos para irem a suas casas, mas as brincadeiras não costumam demorar muito tempo, eles acabam deixando o grupo de lado para brincar sozinhos”10. Exemplo 2 Jaime chamou dois coleguinhas para pas- sar o dia com ele em sua casa. Começa- ram brincando jun- tos de videogame e, de repente, Jaime saiu e se isolou no seu quarto, brin- cando de enfileirar carrinhos, deixan- do os amigos sozinhos. Dessa maneira, podemos perceber que crianças com TEA apresentam dificuldades nas seguintes áreas: - Dificuldades em interpretar sinais (expressões faci- ais, expressões verbais). Exemplo: Quando Márcio não para de falar sobre di- nossauros, as crianças falam: “aaaafzz”, reviram os olhos, e dão outros sinais de que não aguentam mais aquele assun- to; mas Márcio não consegue captar esses sinais e, inde-
  • 17. 15 pendentemente de todos os sinais e expressões dos amigos, Márcio continua falando sobre os dinossauros. - Dificuldades em interpretar e entender as inten- ções dos outros. Essas dificuldades impedem que eles consigam perce- ber corretamente algumas situações importantes e essenci- ais no ambiente onde vivem. Crianças com TEA: - Apresentam prejuízos na qualidade da interação so- cial. Exemplo: Aninha foi apresentar seu irmão João para uns amigos; eles falaram “Oi!”, mas João passou direto sem cumprimentá-los. - Não conseguem estabelecer contato visual direto ou, quando olham, não mantêm o olhar. - Têm dificuldade em compartilhar momentos e situa- ções com os outros. - Preferem objetos e animais às pessoas. - Podem usar pessoas como ferramentas e/ou instru- mentos para demonstrar o que desejam. Exemplo: Ri- cardo queria ir para a área de lazer. Então, pegou o braço de sua mãe e o colocou na porta para que ela pu- desse abrir e ele pudesse sair para brincar. - Apresentam risos inadequados e/ou fora de contexto. 2.2 Área da comunicação A comunicação não verbal é uma das habilidades que o ser humano desenvolve antes mesmo de desenvolver reper-
  • 18. 16 tórios verbais. A linguagem é necessária para as relações sociais e para a aprendizagem, assim como ajuda a inter- pretar expressões faciais. Crianças com TEA apresentam prejuízos na comunica- ção, tanto na linguagem verbal quanto na não verbal. Mui- tas vezes, não conseguem entender expressões emocionais, gestos, símbolos e metáforas. Algumas crianças com autismo podem ter um excelente desenvolvimento de linguagem falada e, por vezes, emitem palavras perfeitinhas. Em outros casos, os pais percebem que, com um ano de ida- de, sobrinhos ou coleguinhas já articulam as pri- meiras palavras, mas seu filho ainda não [...] às vezes seus pequenos nem parecem ouvir quando são chamados.10 Crianças com TEA, muitas vezes, emitem palavras e/ou frases sem a intenção de se comunicar. Por exemplo, repe- tem diálogos de filmes, ecoam palavras faladas por profes- sores, colegas, pais etc. (ecolalia). Exemplo: João, em uma conversa sobre água-viva com a psicóloga, disse: “Eu rio da cara das águas-vivas, haha- ha” – fala estereotipada do Rei Leão, desenho que João as- siste muito. As ecolalias, presentes em muitas crianças com TEA, podem ser: - Ecolalias imediatas: repetição de frases que acabam de ouvir.
  • 19. 17 Exemplo: A professora diz: “Turma, vamos copiar a li- ção!” e Leonardo fala: “Lição, lição”. - Ecolalias tardias: repetição de frases antigas guar- dadas na memória. Exemplo: João estava fazendo lição e não sabia como fazer; então, repetiu várias vezes frases de um filme que ele adorava e que não tinha relação nenhuma com o contexto. Outra dificuldade e outro prejuízo presentes em crian- ças com TEA se referem à fala na terceira pessoa. Exemplo: “Mãe, dá brinquedo para Leonardo?” [Leo- nardo falando]. Muitas crianças têm um discurso monotônico, como se fossem robozinhos programados. Não há alteração de tons ou volume no seu jeito de falar. Não enfatizam questionamentos ou ressaltam tre- chos mais importantes da frase. Elas têm dificul- dade de colocar emoções no seu discurso. Também costumam falar apenas de coisas do seu interesse, tornando assim a fala monotemática.10 Outra característica que muitas crianças com TEA apresentam é a pouca curiosidade social; não relatam como foi seu dia espontaneamente nem perguntam sobre o dia dos outros. Desse modo, não conseguem manter uma con- versa coerente e, muitas vezes, retornam ao assunto do seu interesse10. Exemplo: A criança que fala o tempo todo sobre dinos- sauro.
  • 20. 18 Crianças com TEA gostam de monologar (falar só para si) e, muitas vezes, não permitem que os outros entrem na conversa; muitas vezes, também, não entendem ironias nem metáforas, assim como respondem monossilabicamen- te àquilo que foi perguntado6,10. Exemplo: A professora disse: “Poxa, Luís, você fala pelos cotovelos, hein?” Augusto sol- tou uma gargalhada enorme na sala de aula porque ele imaginou o cotovelo do coleguinha falando. 2.3 Área do comportamento Crianças com TEA podem apresentar problemas de comportamento. Listamos alguns a seguir: - Comportamentos motores estereoti- pados e repetitivos. Exemplo: Pular, balançar, fazer movi- mentos com os dedos e/ou mãos, fazer care- ta, bater palmas, entre outros. - Comportamentos disruptivos, como rituais e rotinas, interesses restritos, ade- rência rígida a uma regra, entre outros. Exemplo 1 João gosta das “Crônicas de Nárnia”, então ele só fala disso, só brinca disso e só desenha isso.
  • 21. 19 Exemplo 2 Segunda-feira é dia de aula de Educação Física, mas o professor faltou, e André só soube na hora. Ele ficou desesperado e agitado sem entender por que, naquele dia, não teria Educação Física, já que é o dia da aula. 3. DIFICULDADES EM HABILIDADES COGNITIVAS Crianças com TEA podem apresentar graus variados de deficiência intelectual (leve, moderado e severo). Geralmen- te as crianças não verbais apresentam indicadores de defi- ciência intelectual moderada a severa. Há indivíduos com TEA sem deficiência intelectual que podem apresentar habilidades cognitivas preservadas, co- mo, por exemplo, habilidades visuoespaciais11. Por outro lado, pessoas na mesma condição apresentam dificuldades ou déficits em habilidades de memória de trabalho, dificul- dade para organizar e processar informações e para estabe- lecer prioridades para a execução de tarefas12,13. Muitos desses prejuízos cognitivos associados a pro- blemas de comportamento e de comunicação interferem consideravelmente na adaptação de uma criança à escola e a contextos sociais e familiares em geral. Elas apresentam dificuldades para resolver problemas da vida diária, para comunicar-se de maneira eficaz, para manter relaciona- mentos sociais e para lidar com imprevistos e dificuldades diárias. Em nível variado, as crianças podem ter dificuldades em: - segmentar tarefas;
  • 22. 20 - organizar o tempo de trabalho durante longos perío- dos de tempo até uma meta final; - compreender a informação / instruções relacionadas a uma tarefa; - planejar e organizar e, quando necessário, solicitar ajuda ao professor. Exemplo: A mãe de João pede para ele ir ao mercado comprar bananas e trazer o troco. João pode ficar confuso por ter dificuldade em planejar e executar o que a mãe pe- diu. Parece uma tarefa simples? Ir ao mercado e com- prar bananas! Entretanto não é, pois é necessário que a criança: a) planeje o caminho até o mercado; b) che- gue ao local e procure pelo que foi pedido, no caso ba- nana; c) olhe o preço; d) vá para o caixa; e) pague pelas bananas; f) confira o troco; g) volte para casa. Dessa maneira, crianças com TEA precisam que essas habilidades sejam ensinadas diretamente a elas. 4. DIFICULDADES EM HABILIDADES DE TEORIA DA MENTE Outras habilidades afetadas nos TEA, que são alvos de estudo mais recentes, incluem: Teoria da mente; Atenção compartilhada; Iniciação de respostas sociais e compor- tamento de solicitação.
  • 23. 21 4.1 Teoria da mente Teoria da mente se refere à habilidade de: - colocar-se no lugar do outro; - fazer suposições precisas sobre o que os outros pen- sam ou sentem; - ser capaz de prever o que os outros farão, como se comportarão. Crianças com TEA têm dificuldades em representar as- suntos do ponto de vista de outras pessoas e em se colocar no lugar do outro. Exemplo: Amanda falou com uma expressão facial tris- te para Marcos: “Marcos, eu queria muito uma boneca no Natal, mas Papai Noel me trouxe uma bola. Como você acha que me senti?” Marcos respondeu: “Feliz! Eu gostaria de ganhar uma bola.” Crianças com TEA têm dificuldades em compreender intenções, pensamentos ou comportamentos de outras pes- soas e/ou de se colocar no lugar delas. Prejuízos em habilidades de teoria da mente podem afe- tar as relações interpessoais e a aprendizagem, pois interfe- rem na compreensão e na interpretação de textos, no en- tendimento de comportamentos sociais, assim como na in- terpretação de instruções dadas por professores. Por apresentarem prejuízos relacionados à teoria da men- te, essas crianças costumam apresentar dificuldades em: - apontar coisas para outros; - estabelecer contato visual;
  • 24. 22 - seguir o olhar de outro indivíduo quando ele fala so- bre algum objeto que estão olhando; - usar gestos de maneira social; - entender emoções em rostos alheios; - usar variação normal de expressões emocionais no próprio rosto; - mostrar interesses em outras crianças; - saber como envolver-se com outras crianças; - manter-se calma quando se sente frustrada; - entender que alguém pode ajudá-la; - entender como os outros se sentem em algumas situ- ações. Ou seja, teoria da mente está relacionada com intera- ção social, comunicação e mesmo com habilidades acadê- micas; portanto, o prejuízo nessa habilidade prejudica o funcionamento adaptativo da criança com TEA28. 4.2 Atenção compartilhada Atenção compartilhada significa dividir a experiência em relação a objetos ou eventos com o outro. Para Butter- worth e Jarret14, o olhar é uma dimensão especial do com- portamento social na medida em que se torna um indicador de interesse e de atenção para um observador (assim como apontar e gesticular), ou seja, é uma forma de o indivíduo relacionar-se e comunicar-se com os outros. Crianças com TEA apresentam prejuízos na atenção compartilhada, difi- cultando, assim, a reciprocidade e a interação.
  • 25. 23 Os resultados de vários estudos experimentais15-17 têm mostrado comprometimento tanto na produção quanto na compreensão de atos de atenção compartilhada. Ou seja, tanto em utilizar visão, gestos, fala, com o objetivo de co- municação, quanto em entender gestos, visão e fala de ou- tros. Outro comportamento que se encontra prejudicado em crianças com TEA é o “comportamento de solicitação” que, por exemplo, em contexto escolar, pode ser importante para tirar dúvidas, pedir algo e até suprir necessidades. Muitas crianças com TEA não conseguem expressar suas necessi- dades. 5. SÍNTESE DO CAPÍTULO Crianças com TEA apresentam, em níveis que variam de uma criança para outra: - interesses restritos; - pouco ou nenhum contato visual; - ecolalia (repetição de elementos da fala); - frequentemente não respondem quando são chama- das; - dificuldades para expressar necessidades; - apego a rotinas (rejeição às mudanças); - movimentos estereotipados e repetitivos; - frequentemente não gostam do toque físico, sentem- se incomodadas; - podem andar nas pontas dos pés;
  • 26. 24 - autoagressão (podem morder-se, bater-se); - preferem brincadeiras de giros ou balanços; - podem ter habilidades específicas bem desenvolvidas ou ilhotas de habilidades; - aversão a barulhos altos; - dificuldades em manter e em sustentar a atenção por longos períodos de tempo; - instabilidade de humor; - limiares de dor elevados; - preferências por brincadeiras relacionadas a enfilei- rar ou empilhar coisas; - dificuldades em coordenação motora fina.
  • 27. 25 ORIENTAÇÕES A PROFESSORES SOBRE A INCLUSÃO ESCOLAR E OS TRANSTORNOS DO ESPECTRO DO AUTISMO Assim como em outros transtornos do desenvolvimento, crianças com TEA possuem necessidades educacionais es- peciais devido às condições clínicas, comportamentais, cognitivas, de linguagem e de adaptação social que apre- sentam18-20. Precisam, muitas vezes, de adaptações curri- culares e de estratégias de manejo adequadas. Quando as necessidades educacionais de crianças com TEA são atendidas, respeitando a condição espectral do transtorno, ações educacionais poderão garantir que alcan- cem o nível universitário (especialmente aquelas que não apresentam deficiência intelectual importante), assim como qualidade de vida individual e familiar e inserção social no mercado de trabalho, sempre que as condições fenotípicas da doença possibilitem.
  • 28. 26 Quando há prejuízos cognitivos e comportamentais graves, a adaptação de um aluno com TEA em contextos de sala de aula regular inclusiva se torna, muitas vezes, inviá- vel. Por esse fator, dentre outros, a inclusão de muitas cri- anças com TEA no contexto escolar brasileiro tem ocasio- nado mais prejuízos do que benefícios tanto ao aluno quan- to às equipes educacionais. Essas dificuldades também têm sido verificadas em outros países21. Estudos baseados em evidências mostram que crianças com TEA, na grande maioria dos casos, não aprendem pe- los métodos de ensino tradicionais22-24. Estudos anteriores, quando ainda não era discutida com tanta veemência a prática escolar inclusiva, já alertavam que crianças diag- nosticadas com TEA não conseguiam manter a atenção, responder a instruções complexas nem manter e focar a atenção em diferentes tipos de estímulos simultâneos (por exemplo, visual e auditivo), e que, desse modo, precisavam de estratégias específicas e diferenciadas de intervenção de ensino22. Uma abordagem que contribuiu expressivamente com a melhora de problemas de comportamento de crianças e adolescentes com TEA e, consequentemente, com a adapta- ção psicossocial é a Análise Aplicada do Comportamento (Applied Behavior Analysis – ABA), e mais especificamente o método de instrução programada da Análise do Comporta- mento25. Dois princípios básicos da Análise Aplicada do Compor- tamento são: - Entender comportamentos como uma relação entre eventos: o comportamento propriamente dito e os eventos ambientais denominados de estímulos antecedentes (que
  • 29. 27 antecedem o comportamento) e eventos consequentes (que seguem o comportamento e que mantêm uma relação fun- cional com o comportamento). - Para que ocorra a modificação de comportamento é necessário que haja intervenção e alteração no ambiente em que o indivíduo está inserido (os estímulos anteceden- tes e consequentes)26. 1. COMO A ANÁLISE APLICADA DO COMPORTAMENTO PODE AJUDAR O PROFESSOR NA AVALIAÇÃO E NO MANEJO DE PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO NOS TEA? 1.1 Comportamento O que é um comportamento? - É qualquer ação que uma pessoa faz ou diz. - Não é uma característica da pessoa. Exemplo: Um comportamento é vestir-se, cantar uma música, conversar na sala de aula, brincar, fazer a tarefa, sentar na cadeira, entre outros. Cuidado 1: É errado definir como comportamento os seguintes exemplos: Rafaela é tímida, Amanda é bagunceira, en- tre outros. Comportamento não é característica!
  • 30. 28 Cuidado 2: a) Tirar nota 10 em uma prova é um comportamento? b) Engordar é um comportamento? Resposta: Não são comportamentos! Esses são os re- sultados do comportamento! No exemplo (a), para tirar nota 10 na prova, é preciso estudar (esse é o compor- tamento). No exemplo (b), é preciso comer exagerada- mente (esse é o comportamento) para engordar, que é a consequência do comportamento. O comportamento depende do que acontece antes e de- pois dele mesmo, e as consequências oriundas do com- portamento tendem a alterar a probabilidade de ocor- rência futura do mesmo comportamento. Desse modo: Boas consequências tendem a aumentar a fre- quência de ocorrências do comportamento. Consequências aversivas tendem a diminuir a fre- quência de ocorrências do comportamento. ATENÇÃO ---------------------------------------------------------------------------- Alguns eventos aversivos, como gritar com a crian- ça, podem não diminuir comportamentos-problema, mas aumentá-los e propiciar a emissão de outros problemas de comportamento.
  • 31. 29 O antecedente é aquilo que acontece logo antes do comportamento. O comportamento é a resposta ao antecedente e a consequência é o que ocorre logo depois do comportamento. Isso é conhecido como os ABC’s do Behaviorismo.27 Ou seja: A = Antecedente B = Comportamento ou resposta C = Consequência Exemplo 1 Exemplo 2 Antecedente: Professora deu a instrução para Juca fazer uma tarefa Comportamento: Juca fez a lição Consequência: A professora deu parabéns para Juca e deixou ele brincar com a massinha. Antecedente: Professora deu a instrução para Mateus fazer uma tarefa Comportamento: Mateus não fez a lição Consequência: A professora deve ensinar a Mateus que isso é errado e mostrar o comportamento adequado.
  • 32. 30 OBSERVAÇÕES IMPORTANTES ---------------------------------------------------------------------------- - Devem-se reforçar positivamente os comportamentos adequados e NÃO se devem reforçar os comportamen- tos inadequados. Quando ocorrer um comportamento inadequado, deve-se ensinar o comportamento adequa- do que é esperado. Repete-se o ensino todas as vezes que sejam necessárias e controla-se o ambiente para evitar que eventos do ambiente determinem, propiciem ou favoreçam a emissão de problemas de comporta- mento ou comportamentos inadequados. - As recompensas só devem ser dadas à criança se ela apresentar um comportamento adequado, pois ela po- derá aprender que não precisa respeitar e cumprir a instrução / regra dada pelo professor porque, mesmo assim, haverá uma consequência positiva. - Deve-se prestar atenção para o tipo de estímulo que a criança gosta ou prefere para usá-lo como reforçador. Crianças com TEA possuem tendência a não ser tão sensíveis a qualquer tipo de recompensa26. Assim, é importante observar e associar: o que acontece (comportamento), as circunstâncias em que acontece (antecedente), e os resultados que esse comportamento produz (consequência).
  • 33. 31 Aprendemos, desse modo, duas regras essenciais: Regra 1 Reforce o comportamento adequado imediata- mente depois do comportamento desejado. Regra 2 Cuidado para não reforçar acidentalmente com- portamentos inadequados. O quadro abaixo, baseado no trabalho de Lear27, auxi- lia o professor a organizar informações sobre o comporta- mento, seus antecedentes e suas consequências para en- tender possíveis fatores associados a comportamentos tan- to adequados quanto inadequados: Horário em que o comportamen- to ocorreu Comportamento Eventos que antecedem ao comportamento Eventos que seguem ao com- portamento (descreva aqui o comportamento) (descreva aqui o que ocorreu logo antes do com- portamento) (descreva aqui o que aconteceu logo após o com- portamento) Exemplo: Veja, na página a seguir, um quadro com informações sobre comportamentos hipotéticos. Você pode realizá-lo da mesma forma ou enfatizando um comportamento-alvo por vez.
  • 34. 32 Horário em que o comportamento ocorreu Comportamento Eventos que antecedem ao comportamento Eventos que se seguem ao com- portamento 8h05 Gustavo fala alto em hora incon- veniente A professora lê um texto em voz alta A professora para de ler para ouvir Gustavo falar 8h15 Gustavo inter- rompe inconve- nientemente Um aluno fez uma pergunta para o professor O aluno inter- rompe a pergun- ta dele e permite que Gustavo fale 8h45 Gustavo fala em hora inconveni- ente Professora pas- sou uma instru- ção para os alu- nos Todos param de fazer a lição e olham para Gus- tavo 9h10 Gustavo se ba- lança repetida- mente na cadeira Quatro alunos estavam tocando em Gustavo e falando em voz alta perto dele A professora grita e solicita aos alunos para saírem O que se pode perceber no quadro acima? Os comportamentos “falar alto”, “interromper conver- sas”, “falar de maneira inconveniente” são antecedidos por diferentes situações. O que acontece quando ele emite es- ses comportamentos? Ele consegue atenção. A partir daí pode-se montar um modelo de modificação de comportamento. Gustavo está conseguindo atenção, ou seja, reforço positivo com um comportamento inadequado. Pode-se, então, mudar o ambiente. Na próxima vez em que Gustavo interromper, a professora deve pedir para que ele espere um pouco, pois não pode falar com ele naquele mo- mento, e continuar a sua fala. Quando acabar, a professora
  • 35. 33 deve dar a vez para Gustavo e elogiá-lo pelo comportamento adequado de esperar a sua vez. Na maioria dos casos, o aluno não vai respeitar na primeira vez e, por vezes, vai re- petir o comportamento inadequado; mas é preciso ir até o final com a regra, para que o aluno consiga desenvolver o comportamento adequado. Caso o professor volte a abrir exceção, o aluno vai entender que o comportamento inade- quado pode ocorrer. Aprendemos, aqui, a reconhecer um comportamento e que, para analisá-lo, é necessário entender o que acontece antes e depois. O que acontece depois, a consequência, po- de ser reforçadora ou não. Em seguida, portanto, analisa- remos com mais detalhes o que é uma consequência refor- çadora. 1.2 Reforçamento O que é reforçamento? Reforçamento é um processo no qual um comportamento é fortalecido por uma consequên- cia imediata que regularmente segue a sua ocor- rência.27 O reforçador pode ser positivo ou negativo: Reforçador Positivo É a adição de algo que resulte no fortalecimento do
  • 36. 34 comportamento pelas consequências positivas (recompen- sas) que o próprio comportamento produz. Exemplos: - Você se apresenta em uma peça de teatro e todos aplaudem. - Você trabalha todos os dias e recebe seu salário no fim do mês. - A criança aprende a falar uma palavra, os pais sorri- em e parabenizam a criança. - Você segue uma dieta passada pela nutricionista e vê resultados positivos. - A criança espera sua vez para falar na sala de aula e recebe “parabéns” pelo seu comportamento. Logo, é provável que esses comportamentos se repitam, pois foram seguidos de reforçadores positivos. No quadro que se encontra na página seguinte são apresentadas sugestões de Reforçadores Positivos27. Reforçador Negativo É a remoção de algo desagradável com a emissão de de- terminados comportamentos e que, quando conseguida es- sa remoção, resulta no fortalecimento do comportamento. Exemplos: - O chapéu está esquentando sua cabeça e incomodan- do; logo, você tira o chapéu e se sente melhor. - Você entra no carro e soa um alarme irritante pedindo para você colocar o cinto; então, você o coloca e o alarme para de tocar27.
  • 37. 35 SUGESTÕES DE REFORÇADORES POSITIVOS Reforçadores sociais Fazer elogios entusiasmados (muito bem, parabéns, viva, que lindo, uau, bom trabalho), sorrir, aplaudir, ade- sivos, fingir surpresa, beijar, rir, pis- cadelas, dar atenção. Reforçadores com uso de atividades Jogar cartas, quebra-cabeça, jogos de memória, massinha, pintar, dese- nhar, encher as bochechas de ar e deixar a criança apertar, jogos de tabuleiro, brincar de esconde- esconde, de pega-pega, dançar, fazer bolhas de sabão, caminhar. Reforçadores com uso de brinquedos e brindes Figurinhas, carrinhos, balões, livros, flores, colar, pulseiras, adesivos, mas- sinha, brinquedos. Reforçadores com uso de contato físico Abraçar, fazer cócegas, beijar, bater as mãos. O reforçamento positivo é essencial para a aprendiza- gem de novos comportamentos. Contudo é preciso seguir algumas regras25,27. Primeira: Selecione / escolha o comportamento que deseja refor- çar. Reforce algo específico. Deixe claro o comportamento que você estiver reforçando, pois isso vai ajudar a criança a
  • 38. 36 entender por que ela está ganhando um elogio (o que ela está fazendo, que merece “parabéns”?). Exemplo: Zequinha guardou seu material na mochila. Ao reforçar esse comportamento, você deve descrever o comportamento adequado: “Muito bem Zequinha, você ar- rumou seu material. Parabéns!”. Segunda: O reforço positivo deve ser utilizado IMEDIATAMENTE após o comportamento ocorrer. Exemplo: Zequinha sentou na cadeira certa. A profes- sora imediatamente elogiou Zequinha: “Muito bem Zequi- nha, você sentou na sua cadeira. Parabéns!”. Ou: “Nossa Luís, como você está calmo hoje! Adoro quando está assim quieto e sentado bonitinho na sua ca- deira. Sabe o que você merece? Brincar com seu quebra- cabeça”. Terceira: Fique atento para saber quais são os reforçadores mais adequados e preferidos pela criança. Quarta: A voz deve ser consistente com a mensagem. Se você estiver elogiando a criança, tenha certeza de que o faz com um tom de voz entusiasmado. Se pedir para a criança ten- tar de novo, mantenha o tom de voz neutro.
  • 39. 37 Quinta: Varie as frases, o tom de voz e os reforçadores. Não uti- lize a mesma frase inúmeras vezes. Exemplo: Não fale somente “parabéns”, mas também utilize “muito bem”, “ótimo trabalho”, “gostei de ver”, entre outros. Varie também os reforçadores: utilize, se possível, outros brindes simples. Sexta: Associe recompensa com elogios; isso vai fazer com que seus elogios sejam tão poderosos quanto as recompensas. Sétima: Não é necessário esperar que a criança faça algo “gran- de” ou apenas faça algo que você pediu; observe-a emitindo comportamentos adequados e reforce também positivamen- te esses comportamentos. ATENÇÃO: Muitas vezes, espera-se que a criança fique muito calma ou faça algo 100% certo, mas isso pode demo- rar muito tempo. Não espere que todos os comportamentos disruptivos sejam eliminados ou que o comportamento adequado seja perfeito. Reforce pequenas reduções de com- portamento-problema, assim como reforce também peque- nas melhoras em comportamentos adequados. Oitava: Tome muito cuidado e preste atenção! O reforçamento positivo pode ajudar a criança a aprender comportamentos
  • 40. 38 adequados, mas você pode estar reforçando comportamen- tos inadequados também. Exemplo: Zequinha fica chamando você o tempo todo, e você diz para ele esperar, mas ele continua chamando. Você pede mais uma vez que espere, diz que você está ocu- pada e que, logo que acabar de passar a lição no quadro, você vai conversar com ele. Ele não desiste e você vai à car- teira dele. Quais as chances de Zequinha esperar por você nos próximos dias? Nona: A criança só deve ter acesso ao reforçador se cumprir o objetivo. Vamos supor que Zequinha ame brincar com massinha, mas você o deixa brincar a qualquer momento: se ele fez atividade, ele brinca; se ele não fez, ele brinca também. Se ele fica quieto, ele brinca; se ele faz bagunça, ele brinca. O poder do reforçador vai diminuir porque ele está acessível a qualquer momento, mesmo quando Zequi- nha não está se comportando ou obedecendo às instruções. Décima: Temos que reforçar comportamentos adequados, mas também reforçar a ausência de comportamentos inadequa- dos e disruptivos. Exemplo: Zequinha adora levantar na sala e atrapalhar todo mundo. No dia em que Zequinha ficar comportado na cadeira, isso deve ser reforçado. Se Zequinha ficar sentado e ainda fizer a lição, ele deve receber algo muito bacana. ATENÇÃO: Como dissemos acima, não é preciso espe- rar que Zequinha fique calmo o dia inteiro, pois talvez nes-
  • 41. 39 se momento isso seja muito para ele. Reforce qualquer au- mento de comportamento adequado e qualquer redução de comportamento inadequado. ATENÇÃO ---------------------------------------------------------------------------- Ao elogiar, elogie exatamente o comportamento adequado que deseja fortalecer no repertório com- portamental da criança. 2. TIPOS DE COMPORTAMENTOS INADEQUADOS DE MAIOR PREVALÊNCIA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TEA Estereotipias comportamentais (flapping, balançar-se, entre outros) e comportamentos agressivos e autoagressi- vos são problemas comportamentais muito comuns em cri- anças com TEA27. Muitos desses comportamentos podem ser fugas de demandas ambientais que são excessivas ou aversivas para a criança, ou são respostas a ambientes po- bres do ponto de vista de estimulação (ambientes entedian- tes, por exemplo). O que é um comportamento de fuga? Para atrasar ou evitar o cumprimento de uma ativida- de, a criança emite um comportamento denominado fuga27.
  • 42. 40 Exemplo 1 A criança vê a professora segurando uma massinha e pede para a professora entregar a ela, pois ela quer brincar de massinha. A professora diz que só entregará depois que ela fizer a atividade, mas a criança começa a berrar, e a professora dá a massinha para a criança. Exemplo 2 A professora faz uma solicitação à criança e ela começa a gritar e a balançar o corpo. A professora, então, ofere- ce um descanso da atividade. Assim, a criança tem mai- or probabilidade de gritar quando a professora pedir ati- vidades para ela. Ou seja, o comportamento de gritar ou balançar o corpo é mantido porque produz consequên- cias que, em ambos os casos, foi se livrar da tarefa. Para lidar com comportamentos inadequados e indese- jados, podem ser utilizadas as seguintes estratégias de re- forçamento. DRL Reforçamento diferencial de resposta limitado Significa que o comportamento inadequado emitido pe- la criança pode ser tolerado, desde que seja emitido poucas vezes. Ou seja, em uma frequência baixa, o comportamento da criança consegue ser tolerável. É preferível que ocorra em frequência menor que a que vem ocorrendo no presente. Exemplo: Mateus é uma criança que grita muito na sa- la de aula, e a professora não está conseguindo diminuir ou
  • 43. 41 extinguir esse comportamento. Em todas as aulas, Mateus grita umas dez vezes. A professora queria que esse compor- tamento não ocorresse, mas ela não quis impor a Mateus um nível de exigência exagerado; então ela estipulou e avi- sou Mateus que ele poderia brincar com seu brinquedo pre- ferido se, naquele período de aula (50 minutos), ele emitisse três, dois, um ou zero comportamentos de gritar. DRO Reforçamento diferencial de resposta zero Significa identificar um comportamento inadequado e/ou indesejado e reforçar a criança quando esse compor- tamento não ocorrer por um determinado período. Primeiro é preciso definir qual comportamento inadequado se quer extinguir; depois, quanto tempo é possível que a criança não emita o comportamento indesejado e, gradualmente, aumentar o tempo. Exemplo: Pedro levanta-se muito na sala de aula. Sua professora estipulou que, se Pedro ficar sentado por dez minutos, ele vai ser elogiado e terá o direito de brincar de pintar a figura, o que ele adora. Depois de um tempo, quando Pedro conseguir ficar sentado por pelo menos 10 minutos, aumenta-se o tempo para 20 minutos sentado na cadeira, e assim por diante. Caso a criança se levante antes dos 10 minutos, a contagem começa de novo. Vários estudos mostram que utilizar o DRO em sala de aula foi muito eficaz para diminuir comportamentos- problema26.
  • 44. 42 DRI Reforçamento diferencial de resposta incompatível Significa que você deve possibilitar que a criança emita algum comportamento que seja incompatível em relação ao comportamento inadequado. Exemplo: Se você está tentando reduzir o comporta- mento de Pedro caminhar na sala de aula, você vai reforçá- lo quando ele estiver sentado, já que estar sentado e em pé ao mesmo tempo é impossível. Ou, ainda, é melhor reforçar a realização de atividades escolares. IMPORTANTE: Não lembre à criança do comportamen- to indesejado / inadequado. Não diga: ”Parabéns por não bater em Ricardo!” ou “Parabéns por não levantar da cadei- ra!”. Em vez disso, foque no comportamento adequado, re- compense apenas o comportamento adequado. DRA Reforçamento diferencial de resposta alternativo Pode ser chamado também de substituição apropriada. Primeiro selecione qual comportamento quer eliminar. De- fina, em seguida, qual comportamento alternativo será re- forçado. Observação: tem que ser um comportamento que já esteja ocorrendo. Lear27 traz alguns exemplos interessantes, como: - A criança que belisca os coleguinhas é reforçada quando usa massinha de modelar (uma atividade apropria- da para beliscar). - Crianças que batem em outras crianças são reforça- das quando dão socos em um boneco inflável, ou um brin-
  • 45. 43 quedo apropriado para bater, em vez de bater nos colegui- nhas. Extinguir um comportamento-problema é mais eficaz quando as crianças são ensinadas a apresentar um com- portamento desejado. Note que, nos exemplos acima, não é apenas ensinado à criança qual comportamento é inade- quado, mas, ao mesmo tempo, é ensinado qual é o compor- tamento adequado. 3. ORIENTAÇÕES A PROFESSORES PARA MANEJO COMPORTAMENTAL EM SALA DE AULA BASEADAS NA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO 1) Uso de instruções claras, diretas e simples para cada tarefa orientada Vejamos o seguinte exemplo: Quando a professora diz aos alunos: “Abram o caderno, copiem o que estou escre- vendo na lousa, leiam o enunciado e realizem as seguintes questões”, crianças com desenvolvimento típico podem não apresentar, em sua maioria, problemas para entender e realizar várias instruções simultâneas, mas uma criança com autismo pode ainda estar tentando entender a primei- ra ou a segunda parte do que a professora disse, não realizando com sucesso o que foi pedido. Logo, é importante que se divida uma instrução complexa em várias instruções simples.
  • 46. 44 2) Uso de estímulos visuais para o es- tabelecimento de rotina e instruções Utilize cartazes e figuras que orientem a criança em relação às tarefas e às atividades que ela precisa realizar ou a determinados tipos de comportamento em que ela deve se envolver, como, por exemplo, permanecer sen- tada. 3) Ensino de comportamentos de obediên- cia a regras Crianças com desenvolvimento atípico, co- mo no caso dos TEA, também entendem instruções e regras. Muitas vezes, profissionais, pais e cuidadores não exi- gem nem se organizam para que crianças com TEA cum- pram regras. Muitas vezes, acreditam que, pelo fato de uma criança ter autismo, ela não precisa seguir regras como as outras crianças, e deixam que decida o que quer fazer. Crianças com TEA devem ser treinadas para o cumpri- mento de regras. Exemplo: Marcos era uma criança com TEA que fre- quentava a sala de aula do ensino regular. Interrompia a professora a todo o momento, falando alto, emi- tindo gritos, levantando e até pegando o giz de cera da mão da professora para desenhar na lousa, atrapalhando a aula. Entretanto, como Marcos tinha TEA, a professora o deixava fazer o que quisesse, transformando a sala de aula em um ambiente desorganizado. Depois de a profes- sora ter entendido que, assim como outras cri- anças, Marcos também poderia aprender e se-
  • 47. 45 guir regras, ela conseguiu modificar esses com- portamentos inadequados. Hoje em dia, Marcos anda pela sala muito menos do que antes, espe- ra sua vez para falar e grita muito pouco, em comparação a como fazia anteriormente. 4) Ensino de comportamentos de solicitação Muitas vezes, crianças com TEA não sabem solicitar e pedir ajuda, agindo de forma inadequada. É muito impor- tante ensinar às crianças quais são os comportamentos adequados para pedir o que precisam (verbal ou não ver- bal). Exemplo: Marcos, quando queria borracha ou lápis, le- vantava da cadeira e pegava o objeto do colega mais próxi- mo sem pedir. A professora ensinou a Marcos que esse comportamento era errado, que ele precisaria pedir para o coleguinha antes de pegar. Marcos começou a pedir em- prestado o material e a ser reforçado pelos coleguinhas e pela professora. 5) Estímulo ao desenvolvimento da autonomia e da in- dependência Exemplo: Felipe comia na escola somente quando lhe davam comida na boca, e somente subia para sala de aula com acompanhamento de uma assistente, antes de todos os outros alunos. Felipe foi incentivado a comer sozinho (já que apresentava esse comportamen- to em casa) e a se deslocar até a sala de aula com a professora e seus colegas.
  • 48. 46 6) Controle de estímulos antecedentes e consequentes para facilitar a emissão de comportamentos adequados Exemplo: O professor e/ou o cuidador devem conhecer e manejar eventos que antecedem os comportamentos, de maneira tal que facilitem e aumentem a probabilidade de emissão de comportamentos adequados. Ao mesmo tempo, devem fornecer, imediatamente após o comportamento ter ocorrido, estímulos e recompensas verbais positivas pelo bom desempenho da criança. 7) Uso de avaliação da funcionalidade do comportamento Sempre que um comportamento inadequado ocorrer, é importante entender, observar e analisar qual a função desse comportamento, o que ocorreu antes e logo depois dele. Desse modo, é possível entender por que o comporta- mento ocorre e modificar o ambiente para propiciar a emis- são de outros comportamentos mais adequados. 8) Utilização de reforçamento positivo para modificação de comportamento Utilize elogios, recompensas e agrados, por exemplo, sempre após a emissão de comportamentos adequados. 9) Na presença de comportamentos inadequados é ne- cessário fornecer feedback É necessário ensinar para a criança o que pode (o que é legal fazer) e o que não pode (o que não é legal fazer). Exemplo: Quando Marcos pegava a borracha do cole- guinha sem pedir, ele não sabia que não podia. Quando a
  • 49. 47 professora ensinou que não é assim, ele começou a emitir comportamentos adequados (que podem ser realizados, que são legais). IMPORTANTE: Muitos acreditam que, se o comporta- mento da criança for ignorado, ele deixa de existir, o que não é de todo verdade. 10) Alunos com TEA que têm deficiência intelectual precisam de currículos adaptados (sobrepostos) Nesses currículos devem ser contempladas as metas da escola para a idade e para o ano escolar da criança, em congruência com manejo comportamental adequado que possibilite a adaptação desse aluno ao currículo. Nos currí- culos adaptados é essencial o uso de dicas textuais (pala- vras escritas), auditivas (falas) e gestuais (físicas)26. Nos quadros seguintes, estão relacionadas outras re- comendações gerais para manejo de dificuldades compor- tamentais28. Tipo de déficit Humor oscilante e dificuldade de relacionamentos Como isso afeta a interação social? Dificuldade em interagir com outros. Como isso afeta o funcionamento na sala de aula? A criança pode tentar ser engraçada ou chamar atenção na sala de aula. O que fazer? 1) Ensine que brincadeiras têm hora e lugar. 2) Ensine o aluno a seguir regras.
  • 50. 48 Tipo de déficit Não apresenta contato visual e apresenta prejuízo na atenção Como isso afeta a interação social? 1) Não observa a interação social entre outros. 2) Não processa ou entende o significado das mensagens e si- nais dos outros 3) Apresenta pobre contato visual. Como isso afeta o funcionamento na sala de aula? 1) Não processa facilmente o significado de mensagens verbais. 2) Não consegue prever planos. 4) Apresenta pobre contato visual, o que diminui e prejudica a comunicação. 5) Apresenta dificuldades para funcionar em grupos; a criança precisa de instruções mais diretas. O que fazer? 1) Fragmente a instrução ou informação em partes menores para aumentar a atenção. 2) Use estratégias visuais para ajudar a criança a obter atenção e entendimento. 3) Ensine como usar os olhos e o corpo para ouvir. Tipo de déficit Dificuldade em entender o “todo” Como isso afeta a interação social? Não consegue entender, muitas vezes, o tópico de uma conversa. Como isso afeta o funcionamento na sala de aula? 1) A criança se prende a detalhes e perde o principal conceito / tema. 2) Ao escrever ou ler, pode negligenciar aspectos essenciais. O que fazer? 1) Fragmente as informações em pequenas partes (visuais). 2) Fragmente as informações e conceitos e ajude o aluno a en- caixá-los para, assim, ver o todo. 3) Ensine como ele pode entender a ideia principal.
  • 51. 49 Tipo de déficit Dificuldade em abstração e inferência Como isso afeta a interação social? Não consegue interpretar o significado de algumas palavras. Como isso afeta o funcionamento na sala de aula? 1) Apresenta limitações para inferir e interpretar o significado de textos, livros ou conversação. 2) É literal nas suas interpretações e comunicação. O que fazer? 1) Tenha consciência de que os alunos poderão apresentar res- postas esquisitas quando não conseguirem interpretar. 2) Trabalhe o entendimento e a interpretação do aluno com relação aos colegas e com historinhas e estímulos visuais, 3) Apresente um quadro com o nome e a representação ilustra- tiva de emoções para que a criança as associe à expressão da emoção. Tipo de déficit Pobre compreensão acerca dos outros (teoria da mente) Como isso afeta a interação social? Dificuldade em se colocar no lugar do outro ou em entender a perspectiva do outro. Como isso afeta o funcionamento na sala de aula? 1) Dificuldade em entender e compreender textos. 2) Dificuldade em se comportar na sala de aula. 3) Dificuldade em trabalhar em grupos. O que fazer? 1) Estimule o aluno a entender o conceito de se colocar no lugar do outro e estimule-o a se colocar no lugar dos coleguinhas. 2) Entenda que existirão muitas dificuldades de compreensão e de interpretação por conta deste déficit. 3) Ajude com estímulos visuais.
  • 52. 50 Tipo de déficit Pobre iniciação de comunicação ou ação Como isso afeta a interação social? A criança não inicia interação social apropriada e não começa a trabalhar em uma atividade. Como isso afeta o funcionamento na sala de aula? 1) Não pede ajuda. 2) Enquanto outros alunos fazem e cumprem a instrução, a criança com TEA não faz o que foi pedido. 3) Em grupo, a criança provavelmente não participe ou não saiba como se dirigir aos outros. O que fazer? 1) Ensine uma resposta clara de iniciação. 2) Recompense sucessos. 3) Ajude o aluno a ter acesso a novas informações e a novos comportamentos. 4) Demonstre para a criança que, quando ela diz uma palavra inteira (ou frase, a depender da criança), de forma clara, ela consegue mais rapidamente o que quer do que quando faz ges- tos ou diz outras palavras não relacionadas ao que quer. 5) Combine o interesse da criança com a atividade. Faça carta- zes com o nome, desenhos e/ou figura das atividades; deixe a criança escolher qual ela quer realizar ou a ajude na escolha; realizem a atividade juntos. Quando a criança estiver motivada, tente fazê-la dizer a palavra.
  • 53. 51 REFERÊNCIAS 1. Organização Mundial da Saúde (OMS). Classificação Internacional de Do- enças e Problemas Relacionados à Saúde – 10ª Revisão (CID-10). OMS; 2000. Disponível em: http://www.datasus.gov.br/cid10/v2008/webhelp/cid10.htm. 2. American Psychiatric Association (APA). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 4ª Edição Revisada (DSM-IV-TR). Porto Alegre: Art- med; 2002. 3. Klin A, Jones W, Schultz R, Volkmar F, Cohen D. Defining and quantifying the social phenotype in autism. Am J Psychiatry 2004; 159(6):895-908. 4. Klin A. Autismo e síndrome de Asperger: Uma visão geral. Rev Bras Psiqui- atr 2006: 28(Supl 1):S3-S11. 5. Mercadante MT, Van Der Gaag RJ, Schwartzman JS. Transtornos invasivos do desenvolvimento não-autísticos: síndrome de Rett, transtorno desintegrati- vo da infância e transtornos invasivos do desenvolvimento sem outra especifi- cação. Rev Bras Psiquiatr 2006; 28(Supl 1):512-20. 6. Schwartzman JS, Araújo CA. Transtornos do Espectro do Autismo: Concei- to e eneralidades. In: Schwartzman JS, Araújo CA. Transtornos do Espectro do Autismo. São Paulo: Memnon; 2011. 7. Wing L, Gould J, Gillberg C. Autism Spectrum Disorders in the DSM-V: Better or worse than the DSM-IV? Res Dev Disabil 2011; 32(2):768-73. 8. Mecca TP, Bravo RB, Velloso RL, Schwartzman S, Brunoni D, Teixeira MCTV. Rastreamento de sinais e sintomas de Transtornos do Espectro do Autismo em irmãos. Rev Psiquiatr Rio Gd Sul 2011; 33(2):116-20. 9. Tamanaha AC, Perissinoto J, Chiari BM. Uma breve revisão histórica sobre a construção dos conceitos do Autismo Infantil e da síndrome de Asperger. Rev Soc Bras Fonoaudiol 2008; 13(3):296-9. 10. Silva ABB, Gaiato MB, Reveles LT. Mundo singular: Entenda o autismo. Rio de Janeiro: Objetiva; 2012. 11. Edgin JO, Pennington BF. Spatial cognition in autism spectrum disorders: Superior, impaired, or just intact? J Autism Dev Disord 2005; 35(6):729-45. 12. Ozonoff S, Rogers SF, Pennington BF. Asperger's syndrome: Evidence of an empirical distinction from high-functioning autism. J Child Psychol Psy- chiatry 1991; 32(7):1107-22. 13. Golan O, Baron-Cohen S, Wheelwright S, Hill JJ. Systemizing empathy:
  • 54. 52 Teaching adults with Asperger syndrome and high functioning autism to rec- ognize complex emotions using interactive multimedia. Dev Psychopathol 2006; 18(2):591-617. 14. Butterworth G, Jarrett N. What minds have in common is space: Spacial mechanisms serving joint visual attention in infancy. Brit J Dev Psychol 1991; 9:55–72. 15. Whalen C, Schereibman L. Join attention training for children with au- tism using behavior modification procedures. J Child Psychol Psychiatry 2003; 44(3):456-68. 16. Bruinsma Y, Koegel RL, Koegel LK. Joint attention and children with au- tism: A review of the literature. Ment Retard Dev Disabil Res Rev 2004; 10(3):169-75. 17. Bosa C. Atenção compartilhada e identificação precoce do autismo. Psicol Reflex Crít 2002; 15(1):77-88. 18. Gomes CGS. Autismo e ensino de habilidades acadêmicas: Adição e sub- tração. Rev Bras Educ Esp 2007; 13(3):345-64. 19. Camargo SPH, Bosa CA. Competência social, inclusão escolar e autismo: Revisão crítica da literatura. Psicol Soc 2009; 2(1):65-74. 20. Gomes CGS, Mendes EG. Escolarização inclusiva de alunos com autismo na Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte. Rev Bras Educ Esp 2010; 16(3):375-96. 21. Syriopoulou-Delli CK, Cassimos DC, Tripsianis GI, Polychronopoulou SA. Teachers’ perceptions regarding the management of children with autism spectrum disorders. J Autism Dev Disord 2012; 42(5):755-68. 22. Lovaas OI, Schreibman L, Koegel R, Rehm R. Selective responding by autistic children to multiple sensory input. J Abnorm Psychol 1971; 77(3):211-221. 23. Lovaas OI. Behavioral treatment and normal educational and intellectual functioning in young autistic children. J Consult Clin Psychol 1987; 55(1):3- 9. 24. Lovaas I. The development of a treatment-research project for develop- mentally disabled and autistic children. J Appl Behav Anal 1993; 26(4):617- 30. 25. Bagaiolo L, Guilhardi C, Romano C. Análise Aplicada do Comportamento. In: Schwartzman JS, Araújo CA. Transtornos do Espectro do Autismo. São Paulo: Memnon; 2011. 26. Martin G, Pear J. Modificação do comportamento: O que fazer e como fazer. São Paulo: Roca; 2009. 27. Lear K. Help us learn: A self-paced training program for ABA. Part I: Training manual. 2. ed. Toronto: Publisher K. Lear; 2004. 28. Winner MG. Thinking about you, thinking about me. 2. ed. London / New York: Jessica Kingsley Publishers; 2007.