1. Registo de Apresentação de Livros
Por Cláudia Nunes
Turma A do 12º Ano
Título: O Fogo e as Cinzas
Autor: Manuel da Fonseca
Editora: Caminho
Ano de Edição: [s.d.]
Local de Edição: [s.l.]
Ano de Publicação: 1951
Manuel Lopes Fonseca, mais
conhecido como Manuel da Fonseca nasceu
em Santiago do Cacém a 15 de Outubro de
1911. Foi poeta, contista, romancista e
cronista português.
Foi habitual colaborador em revistas
literárias, como O Pensamento, Vértice, Sol
Nascente e Seara Nova. Contestatário e
observador por natureza, a sua escrita era
seguida de perto pela censura.
Em sua homenagem, a escola
secundária de Santiago do Cacém chama-se
Escola Secundária Manuel da Fonseca.
Morreu a 11 de Março de 1993
em Lisboa.
2. Relatório de Leitura
Nota: O livro O Fogo e as Cinzas é constituído por vários contos. Optei por
escolher apenas um dos contos, análogo ao livro: O Fogo e as Cinzas.
Período de Leitura: Menos de uma semana.
Apresentação Geral do Livro: O Sr. Portela passa todos os dias da sua vida a
pensar no seu passado. Tem muitos acontecimentos que lhe vem á memória com uma
intensidade monstruosa. Sem ter necessidade de fazer um grande esforço, depois de
beber o seu café e de fumar o seu cigarro, os acontecimentos surgem na sua mente
como se as pessoas estivessem presentes.
Antoninha Das Dores, sua antiga noiva, é a sua maior mágoa. Vive numa
amargura diária ao lembrar-se que tinha sido um incêndio que lhe arrebatou o seu
grande amor. Ainda maior é a sua dor porque a sua amada não morreu nesse fogo,
mas sim porque tinha sido um bombeiro que ao socorrê-la, a trouxe para a rua só em
camisa de dormir. Esse facto foi determinante, pois, o Sr. Portela ainda hoje não
consegue viver com o facto de a sua noiva ter sido vista nua por toda a vila. Passados
trinta anos ainda chora o facto de ter sido um acontecimento tão diminuto que lhe
arruinou a vida: Antoninha Das Dores nos braços de Chico Biló (o bombeiro que a
socorreu), é esta a imagem que permanece na sua memória.
Todos os dias corre até ao café, pensando que Mestre Poupas bombeiro e
André Juliano estão à sua espera, mas estes não estão com ele, nem esperam por ele.
Mestre Poupas bombeiro já falecera e André Juliano está preso.
André Juliano era seu grande amigo de infância e colega de escola que vivia na
angústia do seu pai ser um homem rico e dar-lhe apenas uns míseros vinte e cinco
tostões e conheceu Mestre Poupas bombeiro quando este veio de Lisboa para
trabalhar na vila.
Os três amigos tinham por hábito encontrarem-se no café para conversarem. O
motivo destas conversas não podia deixar de ser o fogo. Mestre Poupas bombeiro
contava-lhes com pormenores como tinha ganho todas aquelas medalhas e
condecorações a apagar fogos e o Sr. Portela ouvia com muita atenção. Já André
Juliano detestava por completo o tema do qual os seus dois amigos passavam as tardes
a conversar.
Depois de muitas discussões do quanto André Juliano detestava fogos e de
como o seu pai era forreta, André deixou de dar pouca atenção aos amigos quando
estes conversavam acerca de fogo para passar a ser o seu tema preferido, mesmo não
admitindo. Ausentou-se durante dois dias e os seus amigos ficaram surpreendidos por
tal facto, mas André desculpou-se, dizendo apenas que teve uns assuntos a tratar.
Passadas umas noites ouviu-se o sino da igreja, que anunciava os incêndios e Sr.
Portela não podia deixar de correr para o local sendo o primeiro a lá chegar. Verificou
que as chamas vinham de casa de André Juliano.
Por entre toda a confusão, Sr. Portela encontra Mestre Poupas muito
assustado, gaguejando ordens aos outros bombeiros. Sr. Portela chegou à conclusão
que Mestre Poupas, apesar de todas as histórias que contara, com a sua idade
avançada, ganhara medo do fogo.
3. Olhou mais uma vez em direcção aos bombeiros e viu André Juliano. Este disse-
lhe que os incêndios podiam salvar homens. Sr. Portela apercebeu-se que o pai de
André estava dentro da casa e pediu ao seu amigo Mestre Poupas que lá fosse dentro
salvá-lo, ultrapassando o seu medo. Mestre Poupas, pensando em todas as suas acções
heróicas passadas, ganhou coragem e não querendo dar parte de fraco entrou dentro
da casa a arder.
Momentos depois saíam três bombeiros de dentro de casa transportando uma
cama de ferro com o corpo calcinado do pai de André Juliano com os pulsos e pernas
amarradas á cama. E quando o Sr. Portela já se preparava para se ir embora, outros
dois bombeiros traziam o corpo sem vida de Mestre Poupas com bocados de corda que
faltavam na cama ardida.
Hoje já não tem coragem de voltar a ver incêndios, por mais vontade que
tenha, mas isso pouca importância tem. Qualquer das maneiras consegue rever a sua
desgraça, em casa ou no Café senta-se puxa do seu cigarro e Antoninha Das Dores vem
novamente de camisa branca de dormir. E é assim que ela fica, horas a fio diante dos
seus olhos rasos de água.
Ultimamente quem trás a sua amada nos braços já não é Chico Biló. É Mestre
Poupas bombeiro e a seu lado vem André Juliano. E todos os dias Sr. Portela relembra
as três perdas da sua vida ali, numa memória tão viva.
Relação Título-Livro: A leitura do livro leva-nos a um Alentejo rústico, nos anos 40 e 50.
As personagens são crianças, velhos, camponeses, habitantes de pequenas vilas ou
cidades, alguns deles condenados à exclusão pela pobreza ou pelo esquecimento. O
conto O Fogo e as Cinzas fala-nos acerca da realidade dos incêndios e das memórias que
nos atormentam no dia-a-dia. De um certo modo o “fogo” pode representar os perigos e
os desgostos ao longo da vida e as “cinzas” as memórias que permanecem.
Frases Relevantes: “No entanto, estão tão presentes na minha memória que a todo o
momento me parece natural ir encontrá-los, ao voltar duma esquina.”
“E é tudo isto o que eu levo da vida!”
Opinião Pessoal: Gostei do livro O Fogo e as Cinzas pois ao falar acerca do Alentejo e das
pessoas das aldeias alentejanas relembra as tradições daquela época e todos os
problemas que as pessoas tão dificilmente ultrapassavam. A proximidade das pessoas
tornando tudo tão natural e familiar, sendo utilizadas as alcunhas.